terça-feira, 8 de junho de 2010

35851 até 35860

1

Abrindo esta cortina
Vislumbro tal cenário
Aonde temerário
O tempo me fascina,
E quanto mais domina
O meu itinerário
Além do imaginário
O corte tanto ensina,
A peça continua
E bebo farta lua
Desnuda sobre mim,
Aplausos na platéia
Cevando a vaga idéia
Do amor morto e sem fim.

2

A sorte quis eterna
Distante desta quando
O mundo se moldando
Procura uma lanterna
E quando a dor externa
Morrendo ou me matando
No porte renegando
Apenas quando inverna
Esta aparente luz
Infausto em corpos nus
Errático cometa
E vendo sem defesas
As mãos em ti já presas
No vago se prometa.


3

Demônios que concebo
E beijo com carinho
E quando ali me aninho
Do néctar raro eu bebo,
O amor já não percebo
Espúrio e podre vinho,
No corte deste espinho
O fim atroz recebo
Num passo rumo ao nada
Aonde quis eterno,
Ou mesmo em vão inferno
A sorte destinada,
Restando apenas isso,
O fim que mais cobiço.

4

Tritão imenso eu sou
E vago por teus mares,
E quando mal notares
O quanto te tomou
Do verme se mostrou
Diversos vis altares
Procuro em tais lugares
O que a morte legou
Ao velho caminheiro
Antigo jardineiro,
Há tanto aposentado,
Nos olhos carcomidos
Os dias esquecidos
O céu torpe e nublado.

5

Imenso continente
Aonde se vislumbra
Além desta penumbra
O quanto ainda vente,
Descubro quem alumbra
O passo ou mesmo tente
E quando pertinente
O tempo não deslumbra
O olhar de quem se fez
Em tanta insensatez
Satânico porvir,
E nele arisco verme
Um corpo vago e inerme,
Enfim a se sentir.

6

O meu olhar desperta
Ao vê-la em tal nudez
E quando amor se fez
A vida estando alerta
A porta sempre aberta
Intensa insensatez
No quanto queres, crês,
A sorte não deserta
A vida de quem ama
E tendo em fúria a chama
Deveras se imagina
Além do que pudera
Vencendo medo e fera,
Gerando em gozo a mina.

7

Diverso este concerto
Aonde não se ouvia
Sequer a melodia
E neste vago aperto
O quanto desconcerto
Ou tento em alegria
Escassa fantasia
Olhando além ou perto.
Resumo neste verso
E tento estar imerso
Embora deprecies
Assim quando puder
Além do que vier
Teus sonhos; não adies.

8

Um bem universal
O sonho não se traça
Além desta fumaça
E vendo este banal
Caminho ritual
E nele sem a graça
De quem tanto se passa
Por mero ou magistral,
Acossam-me mentiras
E quanto mais prefiras
As piras apagadas,
As lâmpadas acesas
Falenas viram presas
Espúrias desgraçadas.

9

Dispersos oceanos
Em sonhos mais falazes
A lua em suas fases
Os dias, desenganos
Tivesse novos planos
E neles outras frases
Diversas das que trazes
Em olhos soberanos,
Eu beberia enfim
O quanto quero em mim
Do todo que não dás
Restando muito aquém
Do tanto onde convém
A vida feita em paz.

10

O passo segue a tropa
De tantos verdadeiros
Caminhos corriqueiros
Aonde nada topa
Senão corcel galopa
Vencendo os derradeiros
Luares garimpeiros
Da chuva que me ensopa.
Extinguindo este pranto
Ainda mesmo enquanto
O tanto não diz todo,
Seqüestro os meus venenos
Em dias mais serenos
Ou mesmo em pleno lodo.

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