terça-feira, 8 de junho de 2010

35861 até 35870

1

Enquanto a vida conceda
Este sonho mais audaz
No caminho em que se faz
O viver noutra vereda
Um papel leve de seda
Desenhando em mim a paz
Ou deveras satisfaz
Quem se perde em não proceda
Da maneira mais sutil
Revivendo o que se viu
Noutra face desta vida,
O resumo deste sonho
Bem diverso do que oponho
Talvez mostre uma saída...


2


Nos meus braços levantados
Nos meus olhos horizontes
E deveras tanto apontes
Noutro tempos desolados
Riscos tantos disfarçados
E sem ter sequer as pontes
Onde nelas tu despontes
Quaisquer sombras dos passados
Caminhares entre pedras
E se tanto ou não tu medras
Resoluto não desvio
O meu passo rumo ao quanto
E se teimo enquanto canto
Nova sorte desafio.

3

Os meus olhos apontando
Para além do que pudesse
O caminho em que tropece
Quem deveras fora brando
Noutro fardo acumulando
O mergulho em tola messe,
E gerando o que se tece
Neste olhar vago rumando
Para além da noite clara
Onde o todo desampara
E outra queda se anuncia,
Vendo assim a face exposta
De quem tanto nega e gosta
Sofrimento dita o dia.

4

Entre as artes, poesia
Poderia pelo menos
Em momentos mais serenos
Proclamar a fantasia,
Mas a sorte não me guia
E bebendo teus venenos
Onde quis bem mais amenos
Cataclismo geraria
E o mergulho neste caos
Noutra ausência de degraus
Tanta queda tão somente,
Renegando algum futuro
Muito aquém do que procuro
A verdade me desmente.

5

Neste olhar petrificado
Neste tanto sem caminho,
Quando em vão ainda aninho
Meu amor ledo e passado
Noutro tanto ultrapassado
Envergando a flor e o espinho,
Resoluto, mas mesquinho
Bebo o estrago proclamado,
Ermos tantos dentro em mim,
O caminho já sem fim
Comungado em todo verso
Neste pouco ou quase tanto
Se deveras eu me encanto
Neste inferno sigo imerso.

6

Procurando na amplidão
Outro dia, nada vejo
E se quando em meu desejo
Não encontro a solução
Expirando a negação
Coração se é tanto andejo
Bebe o velho realejo
Adivinha a direção,
E nos ermos que carrego
Adentrando assim meu ego
Um beócio e nada além,
Resumindo noutro tanto
O que gera mero espanto
E decerto nunca vem.

7

O caminho procurando
Onde tantas vezes vira
Outro olhar, dispersa mira,
Alegrias? Torpe bando,
Coração em contrabando
Sem juízo algum atira,
E se bebe o que prefira
Gera em mim louco desmando.
Resultando disto tudo
O que tanto ainda iludo
E não posso reclamar,
Carrosséis dizem do passo
Quando alheio ainda traço
Nos meus dias; novo mar.

8

Quando em torno da fogueira
Olhos claros de menino
Na verdade não domino
A saudade quando esgueira
E tombando esta ladeira
Gera em tolo desatino
O caminho mais ladino
Ou talvez velha bandeira
Tanto rota quanto suja
Meu olhar diz garatuja
Coração dita outra senda
Onde nada mais existe
E somente a lua em riste
Com certeza inda me entenda.

9

O meu canto gera o brado
Onde nada mais se ouvindo
Nem tampouco raro e lindo
O caminho desolado,
Mas mergulho neste enfado
Com fastio teimo e brindo
E se tanto quero infindo
O mergulho noutro prado
Bebo a flórea solidão
Risco os fósforos do sonho
E deveras me componho
Na certeza em solução
Do soluço e do abandono,
Pelo menos lá me abono.

10

A minha alma marcha além
Do que pode um breve dia,
E teimando em agonia
Quando nada mais convém
Beija a sombra deste alguém
Que jamais preferiria
Compartilhar a alegria
E me olhara com desdém,
Do passado ou no presente
No caminho que apresente
Frágeis cenas de uma vida
O degredo continua
E procuro em toda rua
Mesmo a sorte apodrecida.

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