terça-feira, 8 de junho de 2010

35871 até 35880

1

Caminhando contra o grande
Desejar onde pudera
Desenhar a tola fera
Que deveras já desande
Meu caminho onde desmande
A certeza, esta quimera
Onde nada mais tempera
Ou decerto ainda abrande
O meu mundo não se vê
Noutra face sem por que
E talvez nada mais veja
Nem sequer o que pudesse
Ter a sorte em rara messe,
Muito aquém do quanto almeja.

2

Procurando sem adeus
Outro rumo aonde eu possa
Caminhar em lua nossa
Mesmo em dias vãos e ateus,
Ao me render ao teu Deus
No que tange ou mesmo adoça
A verdade não diz troça
Nem destroça em tolos breus,
Vago em lumes discordantes
Bebo então raros brilhantes
Entre corvos e rapinas,
Quando vejo em cada passo
Teu olhar deveras traço
Noutras sendas mais ladinas.

3

Tantas vezes quis ao menos
Procurar, porém sabendo
Do que tanto em estupendo
Negarias com acenos
E deveras mais serenos
Outros dias percebendo
Quem se fez um mero adendo
E sorvera teus venenos,
Sendo assim nada me impede
De viver o que concede
O passeio rumo ao farto,
Beijo a sombra da pantera
Onde tudo não espera
E decerto não reparto.

4

Olhos torpes, vis promessas
De momentos mais dispersos
E se tento noutros versos
Onde mesmo recomeças
Ou talvez não mais expressas
As verdades em diversos
Malquereres ou perversos
Universos onde versas
As versões mais conhecidas
As palavras envolvidas
Vidas mortes, corte e adaga,
O temor em cada espaço
Sendo assim quando me traço
A mortalha o passo alaga.

5


Santidade; aonde eu creio
No caminho mais sutil,
Teu olhar já não me viu
Precedendo o passo alheio,
E se ainda em vão rodeio
O que outrora não previu
Ou deveras ser servil
Num vil canto em tolo veio,
Vendo assim o quanto pude
Ter além da juventude
Plenitude em tom sombrio,
Demarcando cada engano
Vou puindo o velho pano
E meus sonhos; já desfio.

6

Num satânico caminho
Entre pedras tão somente
O que fora uma semente
Hoje sei ser grão daninho,
Mergulhando em cada espinho
Ou talvez não mais se sente
O que tanto se aparente
Na mordaça em que me alinho,
Visto a roupa do passado
Trapo tanto desfiado
Verso feito em tom menor,
O medonho caminhar
Entre sendas sem luar
Eu já sei e até de cor.

7

Para tantos ou bem poucos
Dias fartos noites frias,
O que tanto poderias
Se meus olhos seguem loucos,

Onde encanto à noite eu tento
Bebo as horas, morro infausto
Procurando este holocausto
Vivo em pleno e imenso vento.

Realçando cada passo
Neste resto que me sobra,
Desvendando em cada dobra
O que outrora já não traço.

Orgulhosamente mente
Desafia a tola mente.

8

Não pudera ver além
Desta curva no caminho,
Comungando em sangue e vinho
Na procura de outro bem
Que talvez trace em desdém
Meu cenário em rosa e espinho
Jardineiro mais mesquinho,
Coração nada contém,
Cevo as flores do abandono
E se tanto assim me adono
Do que fosse bem diverso,
Sobre as tantas heresias
Onde matas poesias
Eu deveras teimo e verso.

9

Nas orgias costumeiras
Nas entranhas deste porto
Onde vivo ou semimorto
Procurando por roseiras
Sem saber das jardineiras
Neste encanto, sem conforto,
O meu barco gera aborto
Entre várias vis bandeiras,
Ouço apenas o que tento
E se vejo este tormento
Arrebento e não contenho
Nada passa do vazio
Onde bebo e sigo o frio
Num temível desempenho.


10

Lavo os olhos neste pranto
Onde tanto poderia
Acreditar numa utopia
Quando em verso fútil canto,
Mas se teimo ou se me espanto
Não suporto a hipocrisia,
Levo além o que traria
Noutra face o desencanto,
Resultando no que sou
Ou talvez quando sonhou
Meramente com futuro,
Sou escasso e trago em mim
Podridão em mar sem fim,
Num caminho torpe e escuro.

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