quinta-feira, 10 de junho de 2010

36081 até 36090

1


Não quero ser apenas o que não sou,
Não sendo quero ser o que seria,
Se ser mais do que posso é heresia,
Ao passado que não volta eu não vou.

Seria sim talvez o que não fosse,
De volta pro futuro, quero ir...
Passado não me trouxe o porvir,
Presente vou moldando com minha foice.

Viajo em outro astral, assim vou vendo
Em naves tripuladas, novas culturas,
Caminhos siderais, eras futuras...

É fato! Sendo ou não sendo, estão aí,
Milhões de anos luz de lá aqui.
Enquanto não aportam, vamos perdendo...

Josérobertopalácio

O tempo não se mostra desigual
Nem mesmo se apresenta mais diverso
E quando vasculhando este universo
Imagem que bem sei transcendental
A vida não seria acidental
Nem mesmo outro caminho em que disperso
O passo quando vejo assim imerso
Buscando algum sentido original.
Ao propagar-se em luz a liberdade
E quando noutra face se degrade
A vida sem defesas, tão somente
Por ser assim um rito inalcançável
O mundo em seu tormento lamentável
Apenas o final deseja e sente.

2


O quanto não mais posso
Ou mesmo que quisesse
Saber de rumo e messe
Aonde fora nossa
E quando não endosso
O passo se obedece
O quanto já se esquece
No fundo não adoça
A mãe gerando o feto
No quanto me completo
Também gestando o verso,
Assim noutro caminho
Embora mais mesquinho
Do todo não disperso.

3

Resumo a frase feita
Em tantas outras quando
O corte se moldando
Na farsa se deleita
E o quanto não rejeita
Do sonho atroz ou brando
O medo me guiando
Enquanto o sol se deita,
Lacustres calmarias
Em tantas heresias
São coisas incomuns,
Dos dias que busquei
O quanto imaginei
Encontrei só alguns.

4

Percebo que talvez
A ingratidão domine
O quanto determine
O passo em lucidez
No todo se desfez
E mesmo se fascine
Revejo o velho cine
Aonde amor se fez.
Não posso censurar
Quem tenta devagar
Vagar sobre as estrelas
Apenas não se vê
O quanto sem por que
A vida sem contê-las.

5

Jogado pelas ruas
Em sujas companhias
O quanto me trarias
Ou mesmo continuas
Bebendo estradas nuas
E nelas me dirias
O quanto medirias
Em faces bem mais cruas,
Cruzadas do passado
Cruzadas do presente,
No quanto amor ausente
O fardo e degradado
Caminho se fizera
Ausente primavera.


6


Tristeza não põe mesa
Tampouco a festa doma
O quanto deste coma
Não fora uma surpresa
Enfrento a correnteza
E busco noutra soma
Enquanto o tempo toma
Ao fim a sobremesa
Expresso com verdades
Os passos que degrades
As grades que não vês
E todo o privilégio
Não sabe deste régio
Delírio em altivez.

7

Chamando para a festa
Quem tanto quis saber
Do mundo sem prazer
Ou mesmo o que não presta,
O certo não se empresta
Nem posso recolher
Ausente florescer
Presença mais funesta.
Clamando pelo vento
Enquanto me atormento
Não vejo outro cenário,
Amor? Leda mentira
E quanto mais retira
Mais sei quanto é lendário.

8

Prenunciando o fato
Da queda deste abismo
Enquanto em cataclismo
Eu sei que me retrato
O meu caminho eu trato
E se inda à toa eu cismo
O passo gera o sismo
Bebendo este regato,
Marcando com a foice
O encanto aonde foi-se
O manto já puído
Do verso se exaltara
A noite que escancara
Apenas tal ruído.

9


Restando este bagaço
Do quanto poderia
Saber outra sangria
E nela nenhum traço
Enquanto ocupo o espaço
E rendo em fantasia
O corte centraria
A fúria deste laço.
Resisto enquanto luto
E sei que sendo astuto
O tempo nunca pára
Gerando novamente
O quanto se descrente
A vida nunca é clara.

10

Lavando em conta-gotas
Os olhos indiscretos
Em pratos prediletos
Ou roupas semi-rotas
Enquanto são remotas
As horas em concretos
Momentos mais diletos
Ou quando não me notas
Esqueço o que se vê
E sei do seu por que
No parto em luz sombria,
Mergulho em tal profunda
E quanto mais me inunda
A sorte mais se adia.

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