sexta-feira, 11 de junho de 2010

36281 até 36290

1

Refaz a nossa vida
A sorte passageira
E quanto mais se queira
Ou menos se duvida
Estando de partida
Bebendo a derradeira
Vontade costumeira
E nela não se acida
O quanto pude crer
Nas fontes do prazer
Em ti já descobertas
Veiculando ao fato
De ter onde reato
Estradas sempre abertas;

2

Para os noturnos medos,
Anseios de quem ama
Mantendo acesa a chama
Diversos desenredos
Não podem com enredos
Enquanto o sonho clama
E deixa além o drama
Em dias torpes, ledos,
Resido no que tento
E sem pressentimento
Adentro novo rumo
Enquanto fosse assim
Amor jamais no fim
Ausente eu me consumo.

3

Abrindo a porta, fecha
Malditas heresias
E quanto mais podias
Ser seta ou mesmo flecha
No quanto se refaz
Regaço após o vão
Mera transformação
Num toque mais audaz,
Assim o peso pende
A quem não mais pudera
Sentir além da espera
E disto se independe
A vida como fora,
Sutil e sonhadora...

4

Há tanta coisa mais
Além do quanto pude
E nada que se mude
Enfrenta vendavais
Os dias desiguais
Ausente juventude
Do quanto se amiúde
Os velhos temporais
Não posso ver a sina
Diversa que domina
O verso de quem ama,
Vibrando em sintonia
O todo não se adia
Mantendo antigo drama.

5

Que acompanha os solares
Caminhos de onde vens
E sei dos quantos bens
Assim que me tocares,
E vendo em tais luares
As vidas sem desdéns
Percebo que ora tens
Ou tanto me inundares
Do sonho feito em lança
Por mais que o tempo avança
Ao ter esta certeza
Não deixo de sonhar
Vagando céu e mar
Conforme a correnteza.

6

As libélulas voam
Em plena liberdade
Sem saber de uma grade
E mesmo assim escoam
Enquanto além ecoam
Os versos de saudade
E tudo volve e invade
Ainda em mim ressoam.
Recebo como outrora
O sonho que se aflora
Em cada melodia
Assim ao me entregar
Sabendo do luar
Espero um novo dia.

7

Nossa vida passando
Em luzes e tristezas
Conforme as correntezas
Em ar duro ou nefando
O medo sonegando
E nada das belezas
Aonde são surpresas
As horas neste bando
Vagando sem destino
Ainda não domino
Meu mundo noutra senda,
Sem ter teu telefone
A vida não ressone
E nada mais se entenda.


8


A tristeza anestésica,
O tempo que entorpece
A sorte de outra messe
Palavra que analgésica
Teria sem provento
Qualquer momento enquanto
Ainda tento e canto
Vencendo e me alimento
Do todo quanto pouco
Do muito quanto nada
A sorte se arriscada
O passo deste louco
Enfrenta o mesmo mar
Aonde quis te amar.

9

A manhã vem trazendo
Nos brilhos deste sol,
O sonho em arrebol
Diverso dividendo
O tanto se contendo
Aonde quis farol
E sei que sempre em prol
O gesto se perdendo
Na busca pelo fato
Enquanto desacato
O passo que não dei,
Pudesse acreditar
No quanto este solar
Dourasse a turva grei.

10

Que tantas vezes tive
Aquém do quanto pude
Mudando de atitude
O nada em mim retive,
Percebo se me prive
Do verso quando ilude
E marca em plenitude
O que jamais cative,
O tanto caridoso
Amor maravilhoso?
Apenas fantasia.
Assim ao ver a sombra
Que ainda chega e assombra
Espero um novo dia.

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