sábado, 12 de junho de 2010

36341 até 36350

1

Amor não é nenhuma
Fonte de esperança
Enquanto o tempo avança
Apenas mera espuma
A vida já se esfuma
E resta na lembrança
O quanto em confiança
Uma alma não se apruma,
E bebo deste amargo
Caminho aonde eu largo
A luz que poderia
Traçar novo horizonte,
Mas nada mais se aponte
Tomando a cercania.

2

Não creio em sentimento
Que mostre em face escusa
A sorte mais confusa
Aquém do que ora tento,
Buscando em pensamento
O todo onde se cruza
A paz da qual se abusa
A cada esquecimento.
Restando quase nada
Da imensa e desejada
Manhã que se perdeu,
Apenas rota imagem
Passado? Uma miragem
Grotesco engano meu.

3

Aos ventos e tempestas
Os olhos se perdendo
Sem nada em dividendo
Das luas, meras frestas
E quanto mais te prestas
Ao novo percebendo
O antigo já morrendo
Engodos nestas festas,
Ausenta-se de ti
O quanto mereci
E nada me trouxeste,
O solo onde cevaste
Agora em vil desgaste
Em aridez, agreste.

4

A noite de meus sonhos
Jamais se perpetua
Olhando para a lua
Apenas enfadonhos
Os raios mais medonhos,
A sorte não atua
A morte continua
Reinando em vãos bisonhos,
Adentro os temporais,
Procelas, e sem cais
Jamais pude encontrar
A paz que procurara
A noite bela e clara,
Sem brumas, meu luar.

5

Encontra nos teus olhos
Reflexo do que um dia
Pensara em poesia,
Mas vira vis abrolhos,
Resumos deste nada
Aonde se tentara
Enquanto fosse clara
Alçar nova alvorada,
Mas sei que ora me canso
E tento novo rumo,
Aos poucos me consumo
Na busca de um remanso
E sem ter mais sossego,
À vida perco o apego.

6

Seu brilho transformando
A noite em plenitude
Por mais que inda se ilude
Num céu suave e brando
A vida se moldando
Permite esta atitude
E nela a juventude
De novo retomando,
Ao menos num momento
O quanto ainda alento
Somente lenitivo?
Mas sei que mesmo assim
Há sol dentro de mim
E por instantes, vivo.


7

O canto desta noite
Em ritos mais diversos
Momentos onde imersos
Meus olhos, sem açoite
Adentram no futuro
E beijam meu passado,
O quanto fora errado
Agora eu te asseguro
Alheio aos vãos tormentos
Bebendo esta alegria
No quanto poderia
Entregue aos mansos ventos
Seguir além do cais
Sonhando muito mais.

8

A lua não pretende
O quanto poderia
Embora tão sombria
A noite não desvende
Olhar que além se estende
Procura pelo dia
E enfrenta em harmonia
Ou mesmo desentende,
Só sei que tendo em ti
O quanto em mim perdi
Eu posso reviver
A sorte incomparável
De um tempo mais amável
Imerso em teu prazer.

9

Nos olhos dos cometas,
Nas ânsias siderais
Querendo muito mais
Do quanto me prometas
Além quando arremetas
Os passos por astrais
Caminhos divinais
Ou erros que cometas,
Eu possa te trazer
A paz do bem querer
O riso em cada olhar,
Depois de tantas dores,
Seguindo aonde fores
Eu aprendi a amar.

10

Minha alma, em desalento,
Meu mundo não se cansa
Do quanto em esperança
A vida dita o vento,
E quanto mais eu tento
Menor a confiança
Ausenta-se a mudança
E bebo este tormento.
Amar e ser feliz
É tudo o quanto eu quis
E nada se mostrara,
O mundo não perdoa,
Uma alma segue à toa
Sem rumo e nunca pára.

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