sábado, 12 de junho de 2010

36351 até 36360

1

Silêncio nos amantes,
A noite segue fria
Enquanto silencia
Os olhos mais distantes
Ainda me garantes
Do amor que inda teria
Quem tanto em fantasia
Vivera além bem antes.
Agora o que se vê
Um mundo sem por que
O tempo se esvaindo
O fim se aproximando
Esperanças em bando
Matando o que foi lindo.

2

A noite vai morrendo
Depois do quanto eu quis
E sei quanto infeliz
Apenas me perdendo,
Em dores me envolvendo
A sorte, esta aprendiz
Gestando a cicatriz,
Terrível dividendo
Do todo quanto em nada
A vida desolada
A estrada não se via,
Amar e ter a messe
Assim o tempo esquece
E renasce outro dia.

3

Embora tão distante
Do quanto quis outrora
O tempo não ancora
O barco delirante
No quanto se adiante
A fera já devora
O nada me decora
O mundo, um vil farsante.
Alheio ao quanto pude
A ausente juventude
No olhar que mira o espelho,
Nos ermos de minha alma
Sem nada que me acalma,
Em vão, eu me aconselho.

4

O canto que se escuta
Na noite inesperada
Traduz a velha estada
Na sorte amarga e bruta,
O quanto se reluta
E sigo noutra estrada
A sorte desejada
O sonho não desfruta.
E assim sem ter apoio
Perdido o velho arroio
Procurando a nascente,
Mas sabe da cascata
E nada mais resgata
Enquanto a foz pressente.

5


Teu rosto nos espaços
Qual fosse a estrela guia
O tanto que me magia
Procuro por teus braços,
Meus dias, velhos, lassos
Apenas saberia
Viver a fantasia
Perdida em toscos laços,
Resumo cada verso
No quanto estive imerso
Nas sendas da ilusão
O vento noutro rumo,
Aos poucos me acostumo
E a paz, olhos verão.

6

Coretos alegrando
A banda marcial
O tempo é desigual
Se outrora fora brando
Agora transformando
O todo em ar venal,
A sorte marginal
Em mim sempre nevando,
Acossa-me a saudade
E quanto mais invade
Mais perco este horizonte,
Da juventude além
O sonho ainda tem
Da mocidade a fonte.

7

Em gracioso desejo
O tempo poderia
Trazer esta alegria
Que ainda e em vão almejo,
O quanto do azulejo
Traduz o belo dia,
Mas quando em cor sombria
Apenas tudo eu vejo,
Mergulho neste insano
Caminho e se me dano
Enganos costumeiros,
As horas vão e sei
Do quanto procurei
Meus sonhos, garimpeiros.

8

Celestiais delírios
Em atos, ritos, riscos
Os passos mais ariscos
Desviam os martírios
E beijo com carinho
Aquela que sei bem
O quanto me contém
E nela se eu me aninho
Deveras sou feliz
E sinto a plenitude
No quanto amor ilude
E traz o que se quis,
Embora mentiroso
Transformo em raro gozo.

9

Compostos de ilusão
Os dias podem ter
Além do bem querer
As horas que virão
Negando esta estação
E nela posso ver
Ausente amanhecer
Na imensa solidão,
Passando pelo nada
Ao menos desejada
A sorte não se via,
O todo quando ausente
Apenas se pressente
Frágil raiar de um dia.

10

A vida se perdendo
Aonde quis bem mais,
Não tendo além o cais
O tempo não desvendo,
Recebo em contraluz
A imensa tempestade,
E quando tudo invade
Enchente em vão produz,
Marcando em cicatriz
O quanto desejara
Da vida bem mais clara
E o tempo contradiz,
Resumo o meu vazio
No dia amargo e frio.

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