sábado, 12 de junho de 2010

36371 até 36380

1

Sossegam meus tormentos,
Os dias onde estás
Gerando em mim a paz
Matando os sofrimentos
E quanto mais atentos
Olhares tu me traz
O vento mais audaz
Adentra os pensamentos,
Vivendo a imensidão
E tendo desde então
A clara intensidade
Do encanto que me guia
E nele a poesia
Aos poucos já me invade.

2

Não trouxe nem sequer
Momento que alentasse
E quando neste impasse
Distante do que quer
O sonho sem qualquer
Caminho que inda trace
Ou mesmo aonde grasse
Vagando onde puder.
Descanso o meu olhar
Ausente no horizonte
E nada mais desponte
Talvez reste o luar,
Porém noite brumosa
O sonho logo glosa.

3


Saudade que senti,
De quem tanto buscara
Em noite mansa e clara
Distante inda daqui,
E quanto percebi
Em ti eu encontrara
O todo que sonhara
E outrora em vão perdi,
Recebo em plenitude
O amor que tudo mude
E mostre novo dia
A quem tanto soubera
Da vida amarga fera
E agora em paz se guia.

4

Nas asas desse amor,
Liberto e sem fronteiras
As horas corriqueiras
São feitas sem pudor,
E venço o dissabor
Em tudo o quanto queiras
Erguendo tais bandeiras
Distando enfim da dor.
Vagando em céu imenso
Enquanto eu ti eu penso
Eu sei, serei feliz,
Mas quando tu te ausentas
Enfrento tais tormentas
E o nada contradiz.

5

Carrego o muito pouco
Do todo que eu quisera
O tempo em vaga espera
O grito quase rouco
E o medo se sentir
De novo a solidão
Aonde a solução
Diversa do porvir
Traria tão somente
A dor e nada mais,
No quanto em vendavais
Espalha-se a semente
E nada mais se vê
Na vida sem por que.

6


A dor, o medo, a ponta
Da pedra maltratando
Quem tanto quis em bando
A sorte que se apronta
E nada mais desponta
Somente este ar nefando
E quanto sonegando
A vida faz de conta.
Resisto e tento ainda
O amor que a tempo brinda
E gera a paz em mim,
Buscando esta fatia
Da vida que seria
Um mar farto e sem fim.

7


A dúvida feroz
Adentrando o meu sonho
E quando me proponho
Ninguém ouvindo a voz,
O quanto houvera em nós
Ainda em tom risonho
Agora se me oponho
Já morto em fria foz,
Algozes dias vejo
E quanto mais almejo
Maior a queda, eu sei,
No templo que criara
A vida bem mais rara
Deveras não achei.

8

Não posso perseguir
O sonho em que não creio
Alimento o receio
Do quanto inda há por vir,
E gero sem sentir
Apenas este alheio
Caminho sem que o veio
Garanta o persistir
No passo mais audaz
E quanto mais desfaz
O mundo se tomara
Por sorte inusitada
Do todo apenas nada,
Ausente esta seara.

9


A rosa que deixaste
Morrendo no canteiro
Sem cor, brilho nem cheiro
Aos poucos num contraste
Com tudo o que tomaste
Do amor mais verdadeiro
Não tendo ou tão ligeiro
Somente em vão desgaste,
Resisto, mas sei bem
Que nada ainda vem
Somente a tempestade,
Assim sem ter a paz
Meu mundo se desfaz
Por mais que, tolo, eu brade.

10


Perdoe se não posso
Falar do quanto sinto
Do amor há tanto extinto
Do nada em que me aposso,
O mundo este destroço
Gerado em vago instinto
Morrendo enquanto eu minto
No quanto fora nosso,
E agora se pudera
Gestar a primavera,
Porém só resta inverno,
Nas sombras do que fomos
Diversos cortes, gomos,
Apenas vão, hiberno.

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