domingo, 13 de junho de 2010

36561 até 36580


1

Idílico caminho
Por onde procurava
Em meio à pedra e trava
O rumo, mas sozinho.
Aonde não me aninho
Em fúria gero a lava
O tempo só agrava
E mata qualquer ninho,
Assumo cada engano
E sei que se me dano
O problema é só meu,
Meu mundo em contra mão
A vida em negação
Há tanto se perdeu.

2


O tempo derramou
As lágrimas que eu tinha
Cevando esta daninha
E nela se mostrou
O quanto agora sou
E a dor já se avizinha
A sorte esta avezinha
Há muito abandonou
O quanto poderia
Haver de fantasia
No verso que ora faço,
Seguindo para além
Ausência me contém
Não deixa algum espaço.

3

A noite que nos viu
Deixando para trás
O amor em santa paz
Em passo mais gentil
Agora em tom tão vil
O todo se desfaz
E vejo mais mordaz
Aonde era sutil,
Resumo verso a verso
O tanto do perverso
Delírio que me enfronha,
Percebo este vazio
E desço em desvario
Em senda vã, medonha.

4

Em loucos sentimentos,
Deliciosamente
No quanto me apresente
Após saber dos ventos
E sendo tais lamentos
Domínio em minha mente,
Do quanto fora crente
E agora em sofrimentos
Bebendo deste infausto
Renego este holocausto
E tento uma saída,
Mas sei quanto me perco
A morte fecha o cerco
Esvai-se em pouco a vida...

5

Saudades do teu brilho
E quanto poderia
Traçar um novo dia
No sonho onde palmilho
E quando em vão polvilho
A fútil poesia
Gerando esta sangria
E nela nego o trilho
Resumo o passo em nada
E sei da falsa estrada
Em ritos mais sombrios,
Pudesse navegar
Vencendo céu e mar,
Porém mal sai dos rios...

6

Meus versos em total
E duro desalento
Ainda quando eu tento
Um rito magistral
Voltando bem ou mal
A beber deste vento
Aonde me alimento
Em trágico, venal.
Restando dentro em mim
A ausência de jardim
E outono quase inverno,
Vagando sem destino
Enquanto me alucino
Por dentro eu sei que hiberno.

7

Um coração morrendo
Aos poucos, solitário
Aonde quis corsário
Agora mero adendo,
Resolvo me contendo
Guardando num armário
O amor tão temerário
E nada mais colhendo
Senão a solidão
E nela vejo então
O todo que pudera
Vencer este temor
Do farto e louco amor,
Mas nada, eu sei, me espera.

8

Espera enfim, nascer
O sonho quando pude
Viver em atitude
O falso de um prazer
E somente após ter
O tanto desilude
E gera esta amplitude
Da vida em mal querer.
Dicotomias; vejo
Num passo em vão, andejo
Resumo o meu caminho,
Não posso contra a sorte
E sem saber suporte
Do fim já me avizinho...

9

Meu velho paletó
Há tanto já puído
A vida sem ruído
O coração tão só
Dos sonhos? Nem o pó
O todo destruído
E nada percebido
Tampouco imploro dó,
Só sei que nada resta
E tento alguma fresta,
Mas nada se apresenta
Caminho para o fim
E sei de onde eu vim
Resíduos de tormenta.

10

A chuva no meu peito
O tempo em contrapé
O quanto cria em fé
Depois quando me deito
O todo já desfeito
Não tendo mais quem é
A sorte da galé
Por fim, teimando, aceito.
E sei que nada tive
O pouco onde contive
O resto de esperança
Jogado pelas ruas
Aonde tu flutuas
E o olhar vago se lança.

11

No meu canto em desvario
Minha velha melodia
Do passado se recria
E transborda qualquer rio,
Coração em desafio
Gera farta poesia,
Mas se tanto se queria
Desta senda um mero fio
Nada resta dentro em mim,
E o vazio dita o fim
Pelo qual já reconheço
Cada passo e cada senda
Neste pouco que me atenda
Num anseio outro tropeço.

12

Calada, adormecida,
A voz de quem se fez
Em tanta insensatez
Durante a curta vida,
Não tendo merecida
A sorte em lucidez
O pouco ainda vês
E nele decidida
A história de quem tenta
Embora tão sedenta
A vida em paz e luz,
Aos poucos me perdera
O tempo se esquecera
E nada em mim reluz.

13

Cinzentas brumas, mares
Diversos do que eu quero
E tendo um passo austero
Por onde navegares
Não sei destes lugares
O coração mais fero
E nele se inda gero
Por vezes meus altares,
São meras ilusões
E nelas os timões
Não sabem do destino,
Assim quando me vejo
Ausente do desejo
Em dor, mal me domino.

14

Derrotado procuro
Algum momento em paz,
O todo se desfaz
E deixa sempre escuro
O tempo em que amarguro
Num passo tão mordaz,
Porém se tanto faz
Do resto eu me asseguro.
Não tive nova história
No passo aonde a glória
Pudesse ser prevista,
A sorte me abandona
A dor volvendo à tona
Porquanto em sonho insista...

15

Um dia fomos isto
O mar em curto espaço
E tanto não desfaço
Do sonho quanto insisto
E sei que não previsto
Além de vago traço
O resto quando caço
Ao longe, sei que avisto,
Mas tanta fantasia
Não pode me conter,
Além do meu querer
O querer que se cria
Gerando novamente
O renascer se sente.

16

O tempo tão cruel
A vida não soubera
Além do quanto espera
Vagar em novo céu,
Desvendo em torpe véu
A face da pantera
E nela se tempera
O tempo roto e ao léu,
Resumo noutro fato
O passo onde retrato
A dor do dia a dia,
Decerto tenho em mim
Além deste jardim
Mais viva a poesia.


17

Altos céus mergulhei,
Depois de ter somente
O olhar aonde crente
Pudesse ver a lei
E nela me moldei
Cevando tal semente
No quanto se pressente
Ou tanto poderei
Ousar em verso ou prosa,
A sorte imaginosa
A glória que não veio,
Mas tanto faz ou não
O mundo em amplidão
Meu verso, um mero meio...

18

Tu és vitoriosa
No quanto desejava
E nunca sendo escrava
Cevando em ti a rosa,
Mulher maravilhosa
Aonde o mundo lava
O olhar além desbrava
E sabe caprichosa
A vida em vários tons
Momentos vagos, bons
Porém és tão constante.
Enquanto sou poeta
E nada me completa,
Em ti, sei-me bastante.

19

Procuro meus quintais,
Lembranças do passado
Aonde mesmo errado
Queria muito mais,
No quanto em sensuais
Palavras dito o prado,
O vaso já quebrado
Responde-me: jamais.
Eu tive dentro em mim
O amor que não tem fim
E sabe do horizonte
Onde lendária lua
Por vezes continua,
Embora desaponte...

20

Meu bem, a vida queda
E traz junto consigo
A face do perigo
O vão desta moeda
E tanto o passo veda,
Porém teimo e prossigo
E quanto mais persigo
No nada se envereda.
Resulto do que tanto
Quisera enquanto canto
E sei que nada vem,
Mas tudo se reflete
No amor quando compete
O sonho noutro alguém...
Marcos Loures FILHO

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