domingo, 13 de junho de 2010

36601 ATÉ 36620

1
No meu espelho só os teus reflexos,
Procuro então por mim e não me encontro
E nem nas letras mais, eu vejo nexos...
Última forma! Estou ficando tonto.
Eu quis o amor, assim, de bate pronto!
Só pensava em beijo, em amplexo,
Ser ter a poesia quis o canto...
Amor não tem acento circunflexo!
Eu quis passar na via teus sinais,
Eu não sabia, enfim, dos temporais,
Que te encarando, a iris não mostrou.
Somente a poesia é o que restou,
E nela tento a sílaba mais forte,
Pra ver se arranco a senha do teu norte.
Josérobertopalácio
O amor que se entranhara dentro em nós
Razão para uma vida mais feliz
Embora fantasia em mim desfiz
Ainda existem traços, laços, nós
Ao termos na verdade a mesma foz
Deixando no passado a cicatriz
E o céu mesmo que esteja em tom mais gris
O verso não seria nosso algoz.
Aprendo a ter somente esta emoção
E vejo quantos dias se farão
Na redenção em sonho e em tal promessa,
Sabendo deste fato, não me calo
E quando me percebo amo ou vassalo
A dita neste fardo se tropeça.

2

Invernaram-se inteiros,
Os sonhos onde um dia
Pudesse em sintonia
Aguar nossos canteiros
Os dias passageiros
A luz quando se via
Transporta em fantasia
Momentos derradeiros,
Mas tanto faz ou fiz
E sei que sou feliz
Não importa a atitude,
O verso em consonância
A vida em concordância
E nada mais nos mude.

3

Soledades, tristezas,
Vencidas pelo sonho
Ao quanto me proponho
E sei das correntezas
E nelas meras presas
No tanto que enfadonho
Ou mesmo até risonho
Caminho em sutilezas,
Restando do que possa
Além do quanto é nossa
A sorte noutra face
O gesto mais sombrio
Permite o desafio
E nega o que se trace.


4

Em guerra corações
Vagando pelo nada
E quando vejo a estrada
Aonde recompões
Dispersas direções
Ditando esta alvorada
A senda desejada
Ou mesmo enganações,
Resumo cada passo
No todo que ora traço
Em verso ou fantasia,
Mas sei quando podia
Galgando imenso espaço
Matar esta agonia...

5

Distante do castelo
Dos sonhos entre os cantos
E neles os quebrantos
Dominam meu rastelo,
Porquanto fora belo
O tempo em tais encantos
E agora em rotos mantos
O nada te revelo;
Bisonha caminhada
Por velha e torpe estrada
Estrelas não contêm,
Do todo que pensara
A vida nunca é clara
Ausente qualquer bem...

6

Uma bela mulher
Deitada na varanda
O coração desanda
E sabe o que bem quer,
No todo se aprouver
O olhar dita a ciranda
A sorte anda de banda
Não tem sonho sequer,
Mas sei quanto resvale
Na sombra, imenso vale,
Alheia cordilheira,
E longe no horizonte
O sol já não aponte
Nem mesmo o amor que eu queira.


7

Em volta da tapera,
Apenas solidão,
E sei sem direção
O nada que me espera,
Vagando destempera
O quanto sei do não
E vivo a sensação
Da imensa dor, tão fera.
Resumo o meu caminho
Em tanto desalinho
E nada me provê
Somente esta incerteza
Domando a correnteza
Na vida sem por que.

8

Toda simplicidade
Gerada em mansidão
E nela a direção
Moldada quando invade
E trama a realidade
Diversa do porão
Aonde em negação
A vida se degrade.
Espero qualquer luz
E quando me conduz
Ao vago caminhar
O tempo se demora
A messe vai embora
Ausente este lugar.

9

És última esperança
De quem pudesse crer
Ainda no prazer
E em nada vê mudança
O olhar ao longe alcança
O torpe amanhecer
E quanto mais se ver
Menor a confiança
De quem tenta a certeza
Da vida sobre a mesa
Bebida com fartura,
Porém se nada tem
O quanto do desdém
Aos poucos me amargura.

10

Nos céus e nas montanhas
Nos olhos do passado
O tempo derrotado
As sortes noutras sanhas
Partidas que tu ganhas
São faces de um legado
Já tanto abandonado
E nele ainda arranhas
Quem tanto te queria
Em mera fantasia
Agora nada tendo,
Apenas esta inglória
Transcende a uma vitória,
Se existe, eu não desvendo...

11

Nas palavras, no vento,
No tanto que pudera
Vencer a dura fera
Que em mim eu alimento,
Resumo em provimento
A morte quando espera
O fim, tosca cratera
E nela mergulhando
O tempo se mostrando
Além do quanto pude,
Viver etereamente
O todo que pressente
Mudando de atitude.

12

Um sendeiro fantástico
Caminho aonde eu pude
Viver a juventude
E agora morro espástico
O sonho fora drástico
O tempo em atitude
O tanto que se ilude
Um tom quase sarcástico.
O medo do abandono,
Do quanto não me adono
Apenas gera o frio.
O nada em mim se vê
Procuro, mas cadê?
É mero desafio?

13

Marinhos caracóis
Desejos muito além
Do quanto me contém
Em raios ou faróis
Pudesse nos atóis
O todo que não tem
O amor quando vai sem
Morrendo os arrebóis
Não passo do vazio
E quando desafio
Eu erro a direção,
O vento me derruba
Cortando garra e juba
Matando este leão.

14

As ondas se rebentam
Em praias tão distantes
E quando mais constantes
Olhares me atormentam,
E negam quando inventam
Dispersos diamantes
E deles me garantes
O quanto profanaram
Altares da incerteza
E pondo sobre a mesa
Os restos do banquete
A vida, este foguete
Perdendo qualquer rumo
E nela em vão me espumo...

15

Espumas, calmaria
A praia em mansidão
O olhar sem direção
Procura além do dia,
A vida não teria
Sequer mais solução
E vivo a solidão
Imerso em agonia.
Meu verso se aproxima
Do quanto em duro clima
O tempo não pudesse
Tramar senão a dor
E nela se propor
A sorte em medo e prece.

16


A lua se deslinda
Na paz deste horizonte
E quando além desponte
Porquanto nela ainda
A sorte se prescinda
Do quanto não aponte
Secando então a fonte
Vazia em que se brinda
O todo costumeiro
O dia mensageiro
Dos passos mais audazes
E neles o cenário
Disperso ou temerário
Que agora tu me trazes.

17

Uma nova sereia
Vagando sem destino
Enquanto não domino
Invade a calma areia,
Do quanto me clareia
A luz em desatino
Também se me alucino
A vida não me anseia
E busca noutro rumo
O quanto me consumo
Em sonhos e delírios
Restando tão somente
O passo mais descrente
Garantindo martírios...

18

Os cavalos marinhos,
Os sonhos de algum mar
Distante a me tocar
Em dias tão mesquinhos,
Pudesse, mas daninhos
Os rumos a tomar
O tempo a se mostrar
Em dias mais sozinhos.
Resulto do que tanto
Buscara e se me espanto
Ainda por não ter
Pudesse ao fim, no cais
Momentos divinais
Nas glórias do prazer.

19

As águas transparentes,
Os olhos de quem ama
E bebe cada chama
Na qual tu me apresentes
Os dias envolventes
A sorte noutra trama
O corte não reclama
Nem mesmo em evidentes
Dispersos caminhares
Por onde maltratares
Os cantos, sintonias,
Diversas das que busca
E sendo a vida brusca
Conforme tu querias.

20

Estrelas desfilando
Nos céus que ainda enfrento
Bebendo o sofrimento
Num ar turvo e nefando,
Vagando em torpe bando
Levadas pelo vento
Ainda sem provento
Do quanto em mim nevando.
Arranco cada farsa
E nela a sorte esparsa
Traduz a ventania
Porquanto eu tanto quis
Um dia ser feliz
E nada enfim se via...

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