terça-feira, 15 de junho de 2010

36841 até 36860

1

E resta!

É fato corriqueiro desta vida,
A lida, o descanso de quem luta
Involuta ou evoluta sorte olvida...
Em tantos desafios, esta permuta.
Ou puta ou tanto faz se deputada
Nas guinadas da vida, Rei, Recruta
E a disputa segue acirrada...
A batuta perdeu o tom, tá biruta.
Mas temos a TV, desenhos, jogos
Afogo meus marasmos nos jornais
E nos finais das novelas tomo uns tragos.
Amargo ou doce, meus cafés nas matinais.
Enquanto o fato corriqueiro vem e passa
Eu jogo dominó ali na praça.
Josérobertopalácio

O tempo traz as suas armadilhas
E a vida se mostrando em tal tocaia
Enquanto o coração teima e se espraia
Eu busco na verdade novas trilhas,
No quanto em poesia tu polvilhas
Minha alma na verdade inda lacaia
Arranha-se em temores e a lacraia
Reproduzindo em fartas, tantas filhas.
Eu bebo deste sonho e que me dane
Se eu tenho ou se não tenho medo e pane
Às vezes eu aprendo em desprazer,
Mas quanto mais se toma novo rumo
Aos novos entranhares me acostumo,
E volto neste instante a renascer.


2

Que poderei fazer?
Somente prosseguir
No todo a pressentir
O medo eu passo a ver
Enquanto o bem querer
Urdindo este elixir
Ou mesmo além bramir
Dourando o amanhecer
Das meras ilusões
Aonde nada expões
Senão velhos clichês
Eu teimo contra a sorte
Embora me conforte
Aquilo que não vês.

3

Meu mundo se resume
No verso ou pasmaceira
Aonde nada inteira
Ou quanto tenho rume
Buscando outro perfume
Ausente da roseira
E queira ou mais não queira
Dos sonhos vira estrume.
A par do que inda levo
Pudesse ser longevo
O vento em calmaria,
Mas toda a sutileza
Não tendo esta certeza
Em fúria se explodia.

4

Nos músculos está
O tempo mais escasso,
E quanto mais eu traço
Buscando aqui ou lá
O quanto negará
O peito estando lasso
Gestando passo a passo
O nada que virá.
Resumo de uma história
Aonde sem vanglória
Eu pude perceber
As cenas repetidas
Tocando velhas vidas
Nas teimas do querer.


5

Torrente caudalosa
Entranho em sua fúria
Sem traço de penúria
O todo assim se goza,
Se a vida é caprichosa
E trama outra lamúria
No quanto desta injúria
Pudesse prazerosa,
Mas dolosa loucura
No quanto não perdura
Expressa este cenário
Vagando sem destino
O pouco que dominho
Jamais é necessário.

6

Que me faça acordar
Somente e nada mais,
Encontro os desiguais
Caminhos rumo ao mar,
E tento navegar,
Porém sem ter jamais
Em dias sempre iguais
Vontade de entranhar
Medonha a garatuja
E nela a dita cuja
A morte, não me engana
E sendo assim se acorda
Funâmbulo na corda,
A natureza humana.

7

A tarde emoldurada
Bebendo deste sol
Dominando arrebol
A senda desenhada
Aonde houvera nada
Agora em raro escol
Traçando este farol
Na estrada desenhada
Pudesse ser assim
E do começo ao fim
Sem nada a perguntar
Vivendo claramente
O quando se apresente
Em nós, depois, luar.

8

O lume não te serve
Nem mesmo como guia
E quanto mais queria
Usando toda verve
No pouco que conserve
A velha poesia,
Ou mesmo a fantasia
Aqui não mais preserve,
O passo rumo ao tanto
Depois se teimo e canto
Encantos não conheço,
Vendendo o que proponho
Aos poucos novo sonho
Esquece este endereço.

9

Nesta beleza incerta
As sombras domam cada
Ausência decorada
Na essência onde deserta
A porta estando aberta
A noite iluminada
A sorte desejada
Ou mesmo ora desperta
Permite que se creia
Porquanto siga alheia
Nas tramas mais sutis,
E assim tendo o que eu quis
A messe me rodeia
E posso ser feliz.

10

Porém, toda a candura
Apenas caricata
No quanto não retrata
Também já me tortura,
Vestir a formosura
Da imensa e bela mata,
Depois tudo desata
Na mesma caradura.
Ousando ser assim
Começo pelo fim
Renasço nos teus braços,
Mas logo vem a vida
E toda a senda urdida
Não deixa sequer traços.

11

A forma delicada
Da moça em tal nudez
Aonde se desfez
A história mal contada,
E quando busco o nada
Nem pouco nem talvez
Da plena lucidez,
De novo a derrocada.
Assim negando o fato
Do quanto me maltrato
Em verso, vício e gozo,
O passo recomeça
E agora sem mais pressa,
Deveras prazeroso.

12

Ternura que carregas
Nos olhos e nãos mãos
Os dias mais pagãos
Em falsas vãs entregas
Agora já sonegas
E ceva nos meus chãos
Transcende aos ritos vãos
E em mim teimas, navegas.
Ousando acreditar
No quando pude amar
E mesmo ter além
O medo ou mesmo a luta
E sei que já reluta
Quem nada mais contém

13

No canto mais feliz
Ou mesmo na alvorada
A sorte desejada
Bem mais do que eu já fiz
Vivendo por um triz
Depois não resta nada
Senão velha calçada
Na lua sem ter bis.
Bisonho sonho trago
E nele sem afago
A chaga se aprofunda,
A casa destruída
Traduz a minha vida
Agora mais imunda.

14

Delícia de saber
O quanto pude e posso
No tempo teu e nosso
Aonde quis prazer
Bebendo do querer
E nele quando aposso
O passo que ora endosso
Adoço o meu viver
Carpindo a cada instante
Aonde já se espante
O pouco que inda resta,
Fechando qualquer fresta
A vida não garante
Sequer ao que se presta.

15

Por certo teus sorrisos
São belos, mas decerto
Enquanto eu te deserto
Em passos imprecisos
Aumentam prejuízos
E tento estando aberto
O rumo em que me alerto
E rondo os paraísos.
Não posso ou mesmo pude
Viver a juventude
Se agrisalhado outono,
Dos ermos mais sombrios
Em dias turvos frios
Aos poucos eu me adono.

16

Demonstram feminino
Caminho rumo ao tanto
E sei que quando canto
Deveras me ilumino
Das sendas, do destino
E trago o manso manto
Aonde eu me garanto
Ainda qual menino.
Pudesse acreditar
No quanto quis amar
E nada se faria
Somente o mesmo fato
Traçando o que desato
Em rara confraria.


17

Carinhos e desejos,
Alívios para uma alma
Que agora quando acalma
Procura por sobejos
Delírios entre os tantos
Por onde poderia
Saber desta alegria
E nelas risos, cantos.
Deixando para trás
O quanto pude e não
Encontra a direção
Que o tempo não mais traz.
Somando o quanto ao nada,
A vida enfim me enfada.


18

No olor e maciez
Do corpo sobre o senso
No quanto ainda eu penso
Ou mesmo já desfez
O passo em lucidez
Caminho mais intenso
E nele me convenço
Do quanto mais não crês.
Jogado pelos cantos
Ainda sem encantos
Meu verso vaga só
Do todo que pudera
Ausente primavera
Não resta nem o pó.


19

A vida se transborda
A cada instante quando
O todo se formando
Adentra além da borda
Rompendo a velha corda
O tanto se moldando
No peso em contrabando
A sorte enfim se acorda.
Mereço alguma chance
Aonde nada alcance
Somente o medo e o frio,
Num ritmo mais audaz
A vida se desfaz
E o tempo eu desafio.

20

Dos olhos deste amor
Aonde um horizonte
Aos poucos desaponte
E gere este pavor
E sem qualquer pudor
Secando cada fonte
No peso onde aponte
O rumo a se propor.
Restando meramente
O quanto se desmente
E gera um velho caos,
Olhares tolos, maus
Momento que inclemente
Naufraga minhas naus.

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