terça-feira, 15 de junho de 2010

36901 até 36920

1

Ao ver e dar passagem
Aos gritos do passado
E vendo o meu herdado
Caminho em vã viagem
No quanto esta miragem
Ditara este legado,
O verso desolado
Abrindo esta barragem
Enfeito o meu pavão
E busco a direção
Depois do desencanto
Comum e corriqueiro
E quando mais eu canto
Esqueço este luzeiro.

2

O nada que legaras
A quem se fez bastante
No passo que agigante
As noites nunca claras
As horas e as aparas
O vento deslumbrante
No todo que garante
Ou mesmo nas escaras
As caras entre risos
Os olhos, prejuízos
Precisos caminhares
Buscando dentro em mim
O quanto sei do fim
E neles vãos altares.

3

Do todo que se fez
Em faca foice e adaga
A boca dita a praga
E nela a sensatez,
Gerando o que não crês
Nem mesmo o quanto alaga
O gesto impera a plaga
E nela a estupidez.
Mandando no destino
O tempo não domino
E gero outra corrente
No parto sonegado
No barco naufragado
O olhar se faz ausente.

4

Aonde eu quis roseira
Floradas nunca vi,
O amor pensara em ti
A sorte é traiçoeira
E foge mais ligeira
Do quanto pressenti
Bebendo o que sorvi
Na boca já se esgueira
Pulseiras e correntes
Olhares mais descrentes
Cativo deste sonho
Aonde não me oponho
Apenas me arrebentes
E nisto eu me componho.


5

O mundo vai rodando
E gira em carrossel
Vagando cada céu
Ou mesmo me pesando
Não quero se negando
O tanto deste véu
E nele se cruel
O peso me tombando,
Resquício do que fora
Nefasta e tentadora
Verdade em corte e fúria
Construo o meu vazio
E quando desafio
O tempo dita a injúria.

6

O passo rumo ao pão
A certidão sonegada
A vida noutra estada
Momentos não virão
Nem mesmo se verão
O rumo desta estrada
A porta escancarada
A velha negação,
Reparo muito bem
E sei quanto contém
Do nada que carrego
E beijo a tempestade
No quanto mais me agrade
Saber que sigo cego.

7

O corte se aproxima
Do todo que prefiro
E quanto bebo o tiro
Encontro a fina rima,
O gozo não suprima
O parto a quem refiro
O jeito onde desfiro
O tanto muda o clima
Pagando cada conta
Aonde se desconta
Apenas a vergonha
A faca se apontando
O mundo renegando
Aonde quer que o ponha.


8

O cálice veneno
O tempo que asseguro
O jeito sem o muro
A morte em tom sereno
O gesto em que me empeno
O tanto onde perduro
Ainda se procuro
Ao menos sei ameno
O farto após o gozo
E tanto prazeroso
Ou mesmo em raro espinho
A rosa que se dane
Aonde houvera pane,
Mas nunca irei sozinho.

9

Não tendo solução
Nem mesmo que me esqueça
Assim minha cabeça
Trazendo o violão
Adentro o teu porão
E quanto não aqueça
Ainda que se teça
Ao fim novo refrão
Das praças, passos passas
E deito em tais trapaças
As horas mais sombrias
E quanto mais audaz
O passo que se faz
Maiores cercanias.


10

O dito pelo dito
O corte no pescoço
Aonde em alvoroço
Eu tento finjo e grito
Não bebo di infinito
Adentro em pele e osso
E busco este colosso
E nele me permito.
Perímetros urbanos
Em dias desenganos
Na desdentada sorte
O peso se suporte
E mesmo em tantos danos
Eu vivo cada norte.

11

Verdade gera a faca
A foice penetrando
Arando desde quando
O passo sempre empaca,
No tanto aonde atraca
O barco naufragando
O medo se moldando
Gerando nova estaca.
A carne decomposta
Procura uma resposta
Aposto que não há
Cimento cada passo
Aonde nada traço
E nunca mais terá.

12

A moça esta guria
A sorte não conhece
E tenta qualquer prece
Aonde valeria
O gozo deste dia
E quando se oferece
O peso que entorpece
Noutro saberia
Urdindo o que pudera
A morte dita a fera
Afeta o meu caminho,
Mas logo me redime
E tento este ar sublime
Melhor que o teu, mesquinho.


13

Meu verso se pragueja
Ou nada dita enquanto
Pudesse e não garanto
Rezar na tua igreja
O vasto se deseja
O prazo nega o pranto
O beijo sem espanto
A vida não verdeja.
Resido no que fui
E tanto não me influi
O quanto não seria
E sendo desta forma
O todo não deforma
Nem gera um novo dia.


14


Gozando mansamente
O todo num segundo
Enquanto me aprofundo
A vida teima e mente,
O caos que se apresente
O gesto doma o mundo
E sendo nauseabundo
O porto se pressente.
O cio da morena
A noite segue plena
Depois logo se cansa,
Assim a minha lida
Traduz a minha vida,
Também minha esperança.


15


A terra tem seu jeito
E nada do que possa
Domar arado e roça
Tomando noutro pleito
Achando-se direito
O quando não adoça
E logo já se apossa
Enquanto ao longe deito,
Singrar mares apenas
E ter quando envenenas
Certezas mais sombrias
Pudesse transformar
Em rito e lupanar
O resto dos meus dias.


16

O quanto se é fugaz
No tempo em harmonia
Ou mesmo não teria
O quarto se capaz
Vencer o que se faz
E nisto a cada dia
E nele a hipocrisia
Negando a velha paz,
Poupando o meu futuro
No corte, eu me asseguro
E beijo os vendavais
A vida se pagina
Enquanto dita e sina
Mergulha em siderais.

17

Um velho penitente
Entranha noutro rumo
E bebo quanto esfumo
E nisto se aparente
Olhar mesmo descrente
Aonde não me aprumo
E tanto quero e espumo
No mar duro e freqüente.
Passando muito além
Do quanto sei que vem
E nunca enfrentaria
Eu canto por cantar
E nada vai roubar
De mim a fantasia.

18

O tempo diz do quanto
A vida não renega
E mesmo sendo cega
A sorte diz quebranto
E quando mais me espanto
O canto não se entrega
Assim já nunca apega
Uma alma em riso ou pranto.
Eu vejo a mera sombra
Daquela que me assombra
E bebe cada gota
Minha alma não tem jeito
E quando além me deito
Amanhecendo rota.


19

Procuro cada traço
Daquela que se fez
Além da lucidez
Intenso e raro espaço
No quanto me desgraço
Ou mesmo estupidez,
Olhar em cupidez
Verdade que não laço,
Aprendo com mentiras
E quanto mais atiras
Maior a negação.
Saudade passa além
Do pouco quando tem
Teimando este verão.


20



Olhando de soslaio
O parto se negara
A porta escancarara
E nela não me traio,
Vencido e se inda caio
A queda se prepara
Na fúria que me ampara,
Mas nunca sou lacaio.
O tolo embola o canto
E logo me garanto
Nos ermos da paixão,
Passado não me importa
Abrindo a mesma porta,
Os sóis adentrarão.

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