terça-feira, 15 de junho de 2010

36941 ATÉ 36960

1

Amando suavemente
A pele roça a pele
No quanto se compele
Desejo se apresente
E quanto mais se tente
Ainda além se sele
Ao todo me compele
Amar suavemente,
Bebendo desta fonte
E nela já se aponte
Ternura em tal rainha
Meu barco adentra a costa
Delira co’a proposta
E nos teu cais se aninha...


2

A sombra que devora
Do tempo mais atroz
E tento ainda em nós
A vida, muito embora
O quanto se demora
E tenta em mansa voz
Vencer e ter após
A sorte que decora,
Ancoram-se os anseios
E mesmo quando alheios
Os olhos se procuram,
Assim em noite mansa
Um clima de mudança
E corpos desarvoram...

3

O rito costumeiro
O gozo mais audaz
O tempo quer e traz
De ti delírio e cheiro
E quanto mais ligeiro
O passo eu sei tenaz
E tanto quanto faz
O corpo é mensageiro
Do quanto quero a mais
E nada em desiguais
Terrores e ternuras,
No pântano do sonho
Um mar claro componho
Enquanto me procuras.

4

Olhando para além
Resumos de outra vida
Aonde decidida
A sorte nunca vem,
E beijo, pois também
Adentro outra saída
Na porta sendo urdida
A lida que convém
E sendo sempre assim
Início dita o fim
E tramas em permeio
No todo que encontrara
Penetra esta seara
Sem medo e sem receio.

5

À prazo o que pudera
Ser mesmo mais sutil
O corpo se reviu
Nas mãos desta pantera
E teima enquanto espera
Vencendo o medo vil,
Resumo o velho ardil
Mudando apenas a era.
Restituindo o traço
Enquanto o gozo eu caço
Nos laços me percebo
E tanto quanto pude
Viver esta atitude
E em goles fartos bebo.


6

Ocasionando o corte
O parque da ilusão
Gerando a direção
Diversa do meu norte
No tanto me comporte
E trame se virão
Olhar em precisão
No passo bem mais forte.
Além do velho pote
O brilho em holofote
A cota se entornara
A porta na verdade
Por vento ou liberdade
Eu sei quanto escancara.


7

Pereço quanto pude
Vencer o mar sombrio
E teimo em desvario
Matando a juventude
Se o nada ainda ilude
O vento sendo frio
O corte onde porfio
Permite outra atitude.
Não vejo mais nem quero
O parto sendo austero
O vasto dentro em mim
Mergulho no que um dia
Gerara hipocrisia
E chega agora ao fim...


8


Tocado pelo medo
Do quanto pude ver
Distante do poder
E o nada me concedo
Adentro novo enredo
E beijo o bem querer
Depois de tanto crer
No corte bem mais cedo.
Segredo e não confesso,
O tanto que não meço
O risco além da queda,
O porte da beleza
O corte da incerteza
A morte nunca veda.

9

Palácios que eu criei
Castelos da ilusão
Aonde sem senão
Bebendo me espalhei
E tanto poderei
Negar a direção
Gerando indecisão
Mudando a velha grei.
Restando muito pouco
Do quanto fora louco
E agora me corrijo,
No passo rumo ao vago
Enquanto assim me alago
Permanecendo rijo.

10


Esfumaçando a sorte
Na fonte mais brumosa
A senda pede a glosa
E assim que mais a corte,
O sonho já se aborte
A plaga prazerosa
A morte pedregosa
O dito noutro porte,
Minha alma quer o brilho
E bebe este empecilho
Apenas por beber.
E sei das vagas noites
Aonde por açoites
Tentaste o teu prazer.


11

Jorrando vez em quando
Cenários entre flores
E quanto mais opores
Maior o tempo dando
A fonte desabando
O medo noutras cores,
Alhures bebo dores
E tento em contrabando
Vagar pelas escórias
Deixando nas memórias
Corações ermos caminhos
E quanto me asseguro
No tempo amargo e escuro
Os dias mais mesquinhos.


12

O cheiro da alegria
O gesto mais audaz
O farto que se faz
Na boca da heresia
Até que eu poderia
Procuro nova paz
E sei do quão mordaz
O verso em agonia
Matando o tempo tanto
Aonde quando canto
Esqueço o meu lamento,
Mas quando calo a voz
Revolve tudo em nós
E outra saída invento.


13

Pudesse ainda crer
Nas tramas mais felizes
E quanto além deslizes
Traçando o que eu quis ver
Gerando amanhecer
Aonde houvera crises
Ainda quando dizes
Dos tempos de prazer.
Vencido pelos ermos
Da vida noutros termos
Acerto os meus ponteiros
E bebo cada gota
Até que seja rota
Em termos derradeiros.

14

Voltando ao quanto fui
Depois do que se fez
Em tanta insensatez
O nada mais influi,
O beijo agora pui
O corte que não vês
O peso onde desfez
O tanto quanto rui,
O norte após a chuva
Enxame de saúva
A morte não desvenda
E sei o parto além
Do quanto quis meu bem
Apenas era lenda...

15

Lembranças de criança
Aonde fui feliz
E a vida por um triz
Ao fogo não me lança
E tanto quanto avança
Matando o que eu mais quis
Apenas aprendiz
Ausente confiança.
O parto se transforma
A morte dita a forma
O beijo se apresenta
Na angústia de quem ama
E tenta novo drama
Ainda em vã tormenta.

16

O quanto comovia
Quem tanto quis sorriso
E quanto mais preciso
Decerto esta agonia
Regida em fantasia
Levando algum juízo
Cevando o prejuízo
Aonde não havia
Sequer outro caminho
Embora tão daninho
Ainda é o que me sobra,
A vida se desdobra
E tanto nega a fonte
Sem luz que ainda aponte.


17

O cheiro da morena
A pele me transtorna
E quanto a gente entorna
A sorte me envenena
Querendo e já serena
O corte não retorna
A vida fora morna
Agora se faz plena.
Morrendo nos teus braços
Em dias velhos lassos
Apaziguando a dor
E quanto mais se flor
Maior este canteiro
No sonho derradeiro.

18

O passo eu cadencio
Em busca de outro dia
E tanto até sabia
Da vida em cada fio
Descendo pelo rio
Bebendo a fantasia
O tanto em euforia
Gerando em desvario.
Legado de uma sorte
Aonde se conforte
O dia que virá
O peso não me importa
Arrombo qualquer porta
Aqui e desde já.

19

Jogado contra os medos
E tendo alguma chance
Por onde ainda avance
Embora tais rochedos
Ao menos fossem ledos
Quem sabe não alcance
O tanto que se lance
Ainda em finos dedos.
Retratos de outra face
E nela não se grasse
Senão esta ilusão
Assanhando os cabelos
Vontade de contê-los
Traçando a direção.

20

O corte noutro passo
O medo não me queixo,
Aonde vi desleixo
O tempo não mais traço,
E quando em rio e seixo
Perdendo meu espaço
Procuro cada laço
E nele a vida eu deixo.
Apenas fora em vão
A moça não queria
E sendo feito orgia
Os olhos não verão
Somente contramão
Adia o dia a dia...

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