sexta-feira, 18 de junho de 2010

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1




Entre estrelas, planetas
Caminhos mais diversos
Adentro os universos
Aonde me arremetas
E busco se prometas
Ainda em tolos versos
Cenários mais perversos
E o tanto em vãos cometas,
Arranco dos meus olhos
Os medos, meus abrolhos
E cevo esta roseira,
Mas quando se percebe
Numa aridez a sebe
Também é traiçoeira.


2

Que demonstram verdades
Eu sei e não me iludo,
E quanto vou com tudo
Tentando romper grades
Ausentes claridades,
O corte mais miúdo
O todo onde me grudo
Também logo degrades,
Sem gládio e sem batalhas
As sortes não espalhas
Somente o sofrimento
E quando imerso em nada
A porta desolada
Ainda inútil, tento.

3

Em tropéis gigantescos
Poeira, levantaste
E ao ver o velho traste
Em ritos mais dantescos
Olhares indiscretos
Palavras insensatas
E quando mais maltratas
Em riscos, desafetos,
Adentro este vazio
E busco no non sense
Quem tanto me compense
E sei do mesmo estio,
Negando desde outrora
Visão da bela flora.

4

O céu perde, um momento,
E nada mais produz
Pudesse ainda em luz
O quanto em sentimento
Disperso não alento
Nem mesmo me conduz
Se o corte gera o pus
O amor diz sofrimento,
Não posso acreditar
E nesse vão lugar
Cansado da esperança
A morte sem descanso
Enquanto ao nada avanço
Eu sei que ela me alcança.

5

Nas flamejantes lanças,
Os olhos não sabendo
Do quanto já desvendo
Ou mesmo em temperanças
Ainda sei que avanças
E trazes estupendo
Caminho se tecendo
Em tolas esperanças,
Resumo de uma vida
Há tanto vã, perdida
Pendendo para o nada,
E tudo o que pudera
Ainda degenera
E mata esta alvorada.


6

Toda a dor explodindo
Na face mais obtusa
O passo não mais cruza
Caminho outrora lindo,
E quando agora findo
O corte sei que abusa
A morte também usa
Do tanto enquanto brindo
O farto desejar
O medo de sonhar,
Depura-se a verdade
E nada do que eu tenha
Em noite mais ferrenha
Ditando a claridade.


7


Miasmas e matérias
Em fátuos fogaréus
Bebera de teus céus
Em ondas duras, sérias
E sei das tais misérias
Aonde rotos véus
Traçando os mesmos léus
O amor negando férias
Resisto o que pudera
Ao todo em vã quimera
E nada mais terei
Senão este vazio
E nele desafio
Agreste e leda grei.

8


Por um instante louco,
Às vezes sou gentil,
Mas quando se previu
Do todo o muito pouco,
E quanto mais treslouco
O passo não se viu,
O coração sutil
O canto amargo e rouco,
O peso da existência
A falta de clemência
O verso insano e mudo,
E quanto mais pretendo
O nada já desvendo
E assim também me iludo.


9

Eternidade! Sonho
Aonde me desfiz
Do tempo mais feliz
E adentro outro, medonho,
O quanto me proponho
Em corte e cicatriz
O mundo por um triz
O olhar quase bisonho,
Resumo noutro fato
O quanto não retrato
Do pouco que inda resta,
A sorte penetrando
O mundo transbordando
Não deixa a menor fresta.

10

Escombro sem sentido,
Valores variáveis
E dias navegáveis
O mundo está perdido,
O corpo já pendido
Em ânsias intratáveis
Passos incontroláveis
E neles não duvido
Recebo o vento aonde
O mundo não responde
E escondo o meu caminho,
Pudesse ainda crer
No farto amanhecer,
Mas morro aqui, sozinho.


11

As regiões profundas
Abismos dentro em mim
Um mundo já sem fim
E nele nauseabundas
Palavras oriundas
Do quanto ou nunca vim,
Refém deste festim
E nele tanto inundas
Com ares de promessa
A vida já tropeça
E a queda se anuncia,
Ainda mesmo tento
Vencer este tormento
Ousando em poesia.


12

As sombras dos amores
Não mais eu poderia
Viver em agonia
Entranho velhas cores,
E busco nestas flores
Ainda a poesia
E tento a fantasia
Porquanto ainda opores,
Resumo de um passado
E nele desolado
Caminho sem sentido,
A morte se aproxima
E tudo gera o clima
Há tanto preterido.

13


Vagando por meus ermos
Caminhos sem final,
O tanto é desigual
E nego velhos termos,
Andejo coração
Não cansa de sonhar,
E quando invade o mar
Perdendo o seu timão
Esconde-se das feras
E tenta novas luzes,
E nelas me conduzes
Porquanto já temperas
Com sonhos o viver,
Até o amanhecer.

14

Abrindo seus caminhos
Entranho pelos vagos
E tento em teus afagos
Vencer velhos espinhos
Os sonhos mais daninhos
E neles mortos lagos
Os dias fossem magos
Quem sabe, mas sozinhos
Acasos não se tramam
E nada mais reclamam
Do pouco que talvez
Invista no passado
E sigo o meu legado
Aonde nada vês.


15

Espraiam-se nas fúrias
De quem buscara a paz
E tanto se me faz
Ainda em tais penúrias
Se bebes das incúrias
Ou tentas mais audaz
O corte tão mordaz
E neles tais injúrias,
Rescindo o meu contrato
Em nada me retrato
Um ato consumado,
E levo para além
O quanto não contém
Quem vive do passado.

16

Quem me dera encontrar
Ao menos um sinal
Ou mesmo o ritual
Aonde num luar
Pudesse imaginar
O corte sensual
O porte sempre igual
Diverso lupanar,
Ausente da promessa
O nada se tropeça
Na peça que me pregas
Vagando pela noite
Cevando cada açoite
Procuro amor às cegas.


17


De quem fora imortal
Apenas o retrato
E tanto me destrato
E busco bem ou mal,
Caminho desigual
E nele sendo grato
Comendo do teu prato
Um velho comensal,
Resumo noutro verso
O quanto deste inverso
Delírio cometera
E tudo se perdera
Na fonte mais audaz,
E assim já me compraz.

18

Devorando, ignorando
O corte na raiz
Eu tento e peço bis
Do pouco já nevando
Meu mundo sonegando
O quanto mais se quis,
Assim este aprendiz
Procura um novo bando.
Resumo de uma ausência
Aonde em inclemência
A sorte não veria,
Eu tento e não me canso
Do todo ou bom remanso
Alheio a cada dia.


19


Amor em desespero
A cota já tomada
A noite não diz nada
Sequer deste tempero
E quando mais sincero
O beijo sonegado
O corte retomado
Diverso do que eu quero,
Alheio ao caminhar
Em erma noite escura
A sorte não perdura
Nem bebe do luar,
Apenas morre além
Do quanto já não tem.

20

Não quero o desconforto
Do golpe mais rasteiro
E quando aventureiro
Adentro qualquer porto,
Agora o sonho é morto
E sinto traiçoeiro
O passo derradeiro
E nele vou absorto,
Cortando a minha pele
Ao fogo se compele
O gozo mais sutil,
A morte doma o senso
E enquanto nela eu penso,
O mundo se reviu.

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