sábado, 19 de junho de 2010

37601 até 37620

1

Não quero mais saber
Das ondas mares ecos
E sei quantos bonecos
Olinda possa ter
Nem mesmo o meu querer
Ou versos, repetecos
Ou tantos petelecos
Em nosso desprazer,
Um quadro de Dali
O amor que já perdi
A noite não espalha
Nem tento outro luar
Pudesse acreditar
Num campo de batalha?

2

Ou se encontra nos braços
Já tatuado ali
O quanto percebi
Em dias tantos baços
Acodem velhos traços
E tanto me perdi
Sabendo ou não de ti
Ocupando os espaços.
Resolvo o que pudera
Matando a primavera
Floradas não mais quero,
E sinto o ser não ser
Conforme o meu prazer
E nunca sou sincero.

3



P’ras dores deste mundo
Eu tento outro remédio
E sendo sem o tédio
No pouco me aprofundo
Ou gero em mim um prédio
E quanto não assédio
Eu tento vagabundo.
Macabra serenata
A lua se desata
E bebe do riacho,
As nuvens empoando
O tempo mais nefando
Mandando nada eu acho.

4

Nem quero mais ficar
Na espreita espera e foz,
O tempo sendo algoz
O corte há de mostrar
Nem sei do teu solar
Tampouco sei dos nós
Nem mesmo quero em nós
O resto a mergulhar,
Apenas sei do vento
E tento enquanto invento
Um bêbado caminho.
Seria muito bom,
Porém não tendo o dom
Do corte me avizinho.

5

Meus olhos vagamundos
Os passos são dispersos
E tento noutros versos
Olhar além dos mundos,
E sendo tão profundos
Ou mesmo mais perversos
Seriam, pois diversos
Meus cantos nauseabundos,
Abanando o vazio
Erguendo o velho estio
Num passo após a queda,
Servindo de alimária
A sorte é necessária?
Tampouco o tempo veda.

6

Vão vesgos vasculhando
O tempo em temporal
E sei do desigual
Amor em contrabando
Gestando e não gerando
Aborto ritual
Resumo no final
O corte, a morte, o bando.
Sou néscio e necessito
Do mesmo e velho mito
Senão não posso altar,
Bebera do veneno
E assim já me sereno
No quanto a vasculhar.

7

Embarco-me na toca
Ou toco um velho cais
Amor não quero mais
Nem mesmo se desloca
Aonde não se aloca
Tampouco em vendavais
Ou ditos imortais
O verso não se estoca,
Além do parto ou fico
O tempo me complico
No rico caminhar,
Bebera gole a gole
Até quando em engole
Vontade de outro mar.

8

Do mundo quero amor
Ou se possível paz,
Mas nada já se faz
Aonde pus o andor,
O quanto aqui não jaz
O corte ou seu calor,
A morte gera a dor,
Ou gesta o passo audaz?
Eu quero e não revelo
Aonde fora belo
O dia noutra luz,
Se o tempo já se esgota
Além de qualquer rota
Ao nada me conduz.

9

Aguardas que me perca
Ou mesmo já me dane,
Não tendo nova pane
O tempo pula a cerca
Ou quanto mais acerca
Ou logo já se empane
Ainda quando engane
Em nada ora se esterca.
Restando quase o fim,
Invado outro jardim
E planto uma daninha,
Acordo e não levanto
Ainda busco a paz
Aonde não se traz
Sequer qualquer encanto.

10

Te espero atrás da curva
Da vida após a sorte
E nada me conforte
Nem mesmo a morte turva
Eu tento novo rito
Ou tanto bebo o antigo
Se eu for e não prossigo
No fim não acredito
Nas horas sem ações
E tantas orações
Sem rumo e sem sentido,
O peso do sonhar
Começa a me envergar
No fundo, um desvalido.

11

Meus versos revelando
O tempo vagabundo
Gestando o velho mundo
Ou mesmo relevando
O todo desde quando
Pudesse enquanto inundo
Ou tanto me aprofundo
No olhar se transformando.
Gerara a farsa o engano
E tanto se me dano
Ou nada mais queria,
Somente beber tudo
E quanto mais me iludo
Explodo em poesia.

12

Vontade de viver
E tento a cada instante
O rito fascinante
Aonde possa haver
O rio sem verter
A queda radiante
O peso em diamante
Quilate a se tecer
Nas curvas do vazio
Ou tanto desafio
O tempo em vendaval,
Resumo o meu destino
Deságuo e me fascino
Buscando o mar e o sal.

13

Nas praças e nas poças,
Os tempos e os ardis,
Já fora e mais não quis
Além das doces moças,
E tanto fosse assim
O corte não se vendo
O tanto se perdendo
Além deste jardim,
A praça a moça a farsa
A sorte não queria,
Nem mesmo a fantasia
Agora já disfarça
E segue sem sentido
O rumo em velho olvido.

14

Nos vales e nas vias
As ruas e florestas
Enquanto o nada gesta
Em nada convertias
Os olhos, alegrias
Namoro enquanto presta
A moça não detesta
Depois são heresias
Vagando em lua mansa
A sorte já se lança
E busca sempre o fim,
Mas quando avarandado
O dia enluarado
Adentra outro jardim.

15

Se vago nunca deixo
As frestas mais abertas
Porquanto tu desertas
E nunca sem desleixo
No quanto inda me queixo
Ou mesmo ainda alertas
Bebendo não despertas
Adentras rio e seixo.
correnteza do rio
Aonde me desfio
Procuro um novo alento
Águas mais cristalinas
E se nelas fascinas
Bebo em ti cada vento.

16

Vorazes véus velozes
Olhares para além
O todo não contém
Nem mesmo nossas vozes,
Pudessem mais audazes
Formosa madrugada
A senda enluarada
No peito sempre trazes,
E bebo a fantasia
Aonde a vida tece
Amor já se obedece
E nos renovaria,
Querências mais diversas
E nelas versos versas.

17

Amores que me moram
Adentram mansamente
Ainda ali se sente
As cores que decoram
Os medos que devoram
O rito plenamente
E nada se apresente
As horas se demoram.
Pudesse acreditar
No engodo do luar
Bebendo cada raio,
Mas quando me conduzo
Ao quanto e em farto abuso,
Ali eu já me traio...


18

Nos campos de batalha
Nas faces mais atrozes
Aonde quis as fozes
O corte já se espalha
A vida se atrapalha
Os olhos mais velozes,
Os rios, riscos, vozes
E tudo sem ter falha,
O parto sonegado
O corte desenhado
O prato exposto e enfim,
A face desdentada
Dizendo quase nada
Traduz o todo em mim.

19

Não vejo meus velórios
Dos sonhos já fadados
Aos museus desenhados
Adentram escritórios,
Aonde quis empórios
Vivessem velhos prados
E neles degradados
Os dias mais inglórios
Resumos, fumos, vagos
E tantos fossem lagos
As fartas cachoeiras,
A queda anunciada
A morte retratada
Palavras derradeiras.

20

Não tramo meus temores
Nem mesmo os tramaria
Houvesse a fantasia
Diversa da que pores
Na mesa entre estas flores
A farsa, a hipocrisia
O olhar em ironia
E nele dissabores,
Resumos de uma vida
E nela já cumprida
A parte que me cabe
Bem antes do meu fim,
Quem sabe existe em mim,
Um cais que não desabe?

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