segunda-feira, 21 de junho de 2010

38041até 38060

1


Nas cordas do sonoro
E raro coração
Pudesse em dimensão
Diversa o que decoro
E quando me demoro
Nas ânsias da emoção
Os dias moldarão
O quanto em sonho escoro,
O riso mais feliz
O todo contradiz
E nega qualquer brilho
Ainda pude crer
No amor, belo prazer
Se a luz em mim polvilho.

2


A dor desta saudade
Nefasta, porém minha
No quanto não continha
Sequer realidade
Vivendo esta saudade
E nela se avizinha
A fonte desalinha
O quanto desagrade
Quem tenta e não consegue
O passo já sonegue
Compassos de uma espera
O pântano percorro
Buscando este socorro
Que ausente desespera.

3

Em teus braços, serei
O nada que pudesse
Viver o quanto tece
As rendas que entranhei,
No mundo imaginei
Além desta benesse
A fúria onde escurece
O quarto em fria grei,
Leal enquanto pude,
Ao ter tal atitude
Tatuo a solidão,
Não bebo desta fonte
E quando mais se aponte,
Sem nexo ou direção.

4

Procurando por tua
Certeza aonde outrora
A sorte se demora
Ou nunca mais atua
Resisto e volvo à rua
Bebendo e desarvora
Uma alma que devora
Beleza clara e nua.
Ourives? Não lapido
O quando do Cupido
Agora se retira,
A flecha sem um rumo,
Enquanto perco o prumo
Entendo esta mentira.

5

Teu amor, meu amor
Dicotomias tais
Aonde em vãos cristais
Perdesse toda a cor,
O corte em dissabor
As luas desiguais
Meus ermos funerais
Estendem medo e dor.
Negando alguma luz
Jamais eu me propus
Ao quanto poderia,
E sei dos vastos nãos
Os sonhos artesãos
Concebem fantasia.

6

Meu canto está repleto
Do todo quanto via
E nada além do dia
Aonde me completo
Vasculha este dileto
Caminho em poesia,
E com tal galhardia
Abençoando o feto
Gerando esta inocência
Aonde sem clemência
Perdesse o quanto tenho,
Repastos são diversos
E neles os meus versos,
Caminho mais ferrenho.

7


Cobertor dessa noite
O véu enluarado
Aonde tenho ao lado
Além de quem me açoite
O gozo magistral
Já tanto prometido,
Ourives do sentido
Sonho descomunal,
Resume o que se estime
E nada me contenta
Sequer esta sedenta
Por vezes mais sublime
Do gozo estranho e atroz
Tomando a nossa voz.

8

Quem dera regressasse
Das cenas de um passado
Aonde sonegado
O tempo noutra face
Apenas mal gerasse
O rumo desolado,
E quando ultrapassado
Expressa o que negasse.
Regaços de morena
Beleza onde se acena
O colo em gozo e festa,
Mas quando não vendo
Somente sou remendo
Em noite tão funesta.

9

Deusa primaveril
Dos dias mais felizes
Aonde nada dizes
Nem mesmo me serviu
De um tanto quanto vil
Caminhar entre crises
Cevando cicatrizes
Num ar tolo ou gentil,
Olhando para trás
O quanto se desfaz
Da dor ou da promessa,
O andar em desespero
O amor que ora tempero
Ao nada me endereça.


10

Meu amor não suporta
Saber do quando pude
Ainda em atitude
Abrir diversa porta,
A sorte não se aborta
Enquanto o tempo ilude
E mesmo quando rude
O gozo nos comporta,
Vencer ou nada ter,
Gerar ou não prazer,
Faz parte da existência,
Mas quando em farto corte
Sem ter quem nos suporte
Perdendo a paciência.

11

Retorne então, querida,
Ao seio de quem tanto
Pudesse quando eu canto
Sanar qualquer ferida,
Ausência já sentida
Ou mesmo em desencanto,
O rosto sob o manto
A sorte destruída,
Relatos, atos, dias,
E quanto mais querias
Não pude estar contigo,
Mas quando a noite vem
E traz de novo alguém
Decerto aqui te abrigo.

12

Só poderá chegar
Quem tanto quis um dia
Vencer a hipocrisia
Beber deste luar
Aonde se entregar
Jamais se esqueceria
De quem em alegria
Criara seu altar.
Esgoto o passo aonde
O nada ora se esconde
E gera outra vacância,
O rito incomparável
Caminho degradável
Gerando a discrepância.


13


Coração vagabundo
Batendo sem juízo
Aonde é mais preciso
Do nada ora me inundo
E quando me aprofundo
Nas sendas do impreciso,
Buscando algum sorriso,
Ainda que infecundo,
Resumo em verso e prosa
A noite majestosa
Ou mesmo se enfadonha,
Assim a cada instante
A luz mais inconstante
O coração enfronha.

14

De tantas esperanças
Os dias não mais são
Somente em negação
Aonde tu me lanças
E quando em confianças
Os sonhos moldarão
O corte e a direção
Diversas temperanças,
Acreditando enfim
No quanto existe em mim
De ti e nada leva,
Jamais pudesse ver
Em dor e desprazer
A noite em plena treva.

15


Procuro por amor
Aonde não sabia
Sequer desta ironia
E nela sinto a cor
Do velho dissabor
Gerando em agonia
O quanto poderia
Traçar raro sol-pôr.
Não vejo mais o lume
E nem já me acostume
Ao quanto em nada deste,
Esparso vago além
E quando o sonho vem
Deveras mais agreste.

16


Já não me bastariam
Sequer as esperanças
E nelas finas lanças
Em mim se entranhariam
Enquanto mudariam
O passo em alianças
Diversas das pujanças
Onde se criariam
Somente estas funestas
Loucuras onde gestas
Em parto incoerente
O todo se adivinha
E nada fora minha
Ainda que se tente.

17

Na boca sequiosa
De lábios doces tenho
O sonho mais ferrenho
Aonde a vida goza
A noite majestosa
E nela me contenho,
Enquanto tento e venho
Beber em ti a rosa,
Servida em farto prato,
E nisto eu me retrato
Ousando muito mais,
Do quanto pude um dia
E agora em fantasia
Expressa vendavais.

18

E encontros, refazendo
O mundo mais distante
E quanto me adiante
Bebendo este estupendo
Caminho aonde vendo
O tempo inebriante
Pudesse noutro instante
O todo me contendo,
Não me contento, embora
A sorte desancora
E gera outro cenário,
O amor é mesmo vário
E tanto necessário
Enquanto nos devora.

19

As noites que vivi
Ausentes de teus braços,
Aonde em tempos lassos
O quanto sei de ti
Agora dividi
O rumo em novos passos,
E sinto nestes traços
O que sentira ali,
Acordo e não te vejo,
E quando em azulejo
O céu já não se faz,
A vida perde o nexo
E ausente algum reflexo
Jamais serei capaz.

20

Esperam pelo brilho
Do olhar de quem anseio
O canto bebe o veio
Aonde em vão eu trilho,
Ousando este estribilho
Cantado sem receio,
E as luas eu rodeio
No brilho que polvilho,
O cardo, a fúria e o polvo
O amor logo resolvo
Removo pedra e espinho,
Mas sei quanto é melhor
Seguir o encanto mor
Aonde vou sozinho.

Nenhum comentário: