segunda-feira, 21 de junho de 2010

38081 até 38100

1



Um grito forte ecoa
Aonde no passado
O tempo desolado
Roubara a vida e à toa
Adentro barco e proa
E quando naufragado,
O rumo desolado,
A voz inda ressoa,
Jogado sobre o nada
A sorte destroçada
O caos gerando aqui
O quanto foi bastante
E agora se adiante
Mostrando o que perdi.

2

Estrela amiga minha
Não vejo outro momento
Buscando em suprimento
O quanto nunca vinha
A morte se avizinha
Então eu me alimento
Do não e o pensamento
Alheio nunca tinha
Sequer qualquer conforto,
Ausente em mim o porto
A fonte já não verte
Nem mesmo alguma gota,
A sorte vejo rota
E em nada se converte.


3

O verso que procuro
Nos antros, nichos, guetos
Aonde em meus sonetos
O tempo faço escuro,
Saltando sobre o nada
A sorte não permite
Sequer qualquer palpite
E morre alvoroçada,
Ausência de esperança
Momento mais mordaz
O todo nada traz
E a vida não alcança
Nem mera fantasia
E nunca a poderia.

4

Espelhando teus sonhos
O olhar sem horizonte
E quanto muito aponte
Caminhos enfadonhos,
Por vezes vis, medonhos
E sem sequer a ponte
Nem luz que inda desponte
Os sóis morrem tristonhos,
Negando qualquer brilho
Por onde teimo e trilho
Um andarilho anseio,
Vagando sem destino,
No quanto não domino
Também não me incendeio.

5

Adormece buscando
Algum lugar diverso
E vago este universo
Aonde se fez brando
O amor já sonegando
O quanto do meu verso
Pudesse estar imerso
No todo e se negando,
Audaciosamente
O sonho tanto mente
E gera esta ilusão
E nela não recebo
Sequer qualquer placebo
Ou vírus da paixão.

6

Constelar. Quero amar
Além deste infinito
E sei que necessito
Um raio de luar,
E perco sem sonhar
Ainda o velho mito,
No nada se acredito
Cansado de lutar,
Encontro outro cenário
E sei ser necessário
O gozo da promessa
E peco por saber
Da vida em desprazer
Aonde se tropeça.

7

Cavalgando por mundo
Divirjo do passado
E beijo este legado
Aonde me aprofundo,
E tento, vagabundo
O sonho, outro recado
Vivendo cada enfado
Qual fosse num segundo
O pranto em rota face
O gozo que inda grasse
Desgrace o quanto pude
O riso em discordância
A vida em discrepância
Não tendo a juventude.

8

Brado-te pelos céus
Na busca do que possa
Gerar além da fossa
A noite em claros véus,
Os riscos, fogaréus
A sorte onde se apossa
A fúria em que se endossa
Os passos mais incréus.
Ourives do vazio
O tempo desafio
E nego alguma luz,
Ao todo se me opus
Bebendo o mesmo frio
Da vida em contraluz.


9

Tropicais paraísos
Jamais imaginara
Se a sorte não declara
Diversos prejuízos,
Ainda que precisos
Adentro outra seara
A noite teima e clara
Embrenha teus sorrisos,
Resvalo à plenitude
Enquanto se transmude
O passo rumo ao caos,
Escadas da ilusão
Perdendo a direção
Em dias tolos, maus.

10

A mão que reproduz
O corte mais atroz
Ausente qualquer voz
Não tendo mais a luz,
O farto se reluz
E nega o quanto em nós
Pudesse mesmo após
A vida feita em pus.
Olhando de soslaio
O quanto em mim não traio
Já basta, nada quero
Somente este adereço
E quando o mundo eu teço
Procuro ser mais fero.

11

Dispondo de fantásticos
Caminhos para o nada
Alheio à derrotada
Manhã em tais elásticos
Olhares quase espásticos,
Resumos da alvorada
Aonde anunciada
Em passos meros, drásticos.
Resulto deste insulto
E quanto em tal tumulto
O culto se faz vejo
O passo para o vão
E bebo a escuridão
Matando o meu desejo.

12


No horizonte meus olhos
Procuram por sinais
E nada além do cais
Jardins, duros abrolhos,
As portas já fechadas
As flechas, setas, arcos
Os dias sendo parcos
As ruas entre os nadas,
Desando enquanto pude
Tentar nova saída,
A noite presumida
Mudando de atitude
Encontra no meu ser
A falta do querer.

13

Procuro por teus rastros
E não encontro além
Do quanto não contém
Sequer em meros lastros,
Bebendo os dias quando
O corte não se vira
O tempo diz mentira
E assim sigo negando
A sorte ou mesmo a dita
E nela não resumo
O quanto fora sumo
E agora já maldita,
Bendigo o meu caminho
E sei quanto é mesquinho.

14

Vou te buscar além
Do pouco que inda resta
Não tendo mais a festa
A vida nada tem
Somente sou refém
Da porta aberta em fresta
E nela já se empresta
O olhar com tal desdém,
Aprendo mais um pouco
E quando me treslouco
Veracidade ausente
Enfrento o meu olhar
E busco me encarar
Até quando eu me ausente.


15


A vida traz batalhas
E ritos desumanos
Aonde em desenganos
As sortes não espalhas
Diversas cordoalhas
Rompidos, tantos panos
Colecionando danos,
Já nem mais atrapalhas
Restando disto tudo
O quanto inda me iludo
E bebo em gole farto,
O mundo se disfarça
A vida sendo esparsa
Desta ilusão me aparto.

16

Há momentos de guerra
Nos quais eu poderia
Saber desta alegria
Que aqui ora se encerra
E quando já se enterra
O gozo em fantasia
Sobrando esta heresia
E nela a velha terra,
Sedento caminhante
Aonde se adiante
Encontra a seca apenas,
E quanto mais volátil
Ou mesmo até versátil
Deveras me serenas.

17

Porém, quando morremos
Levamos o segredo
De um tempo amargo e ledo
Aonde nos perdemos,
O quanto não sabemos
E gero novo enredo
Ou tanto me concedo
Entranho riscos, demos,
E sei da falsa luz
Promessa que seduz,
Mas tanto não sacia,
Pudesse adivinhar
Ainda em claro altar
A vera sacristia.

18

A morte, rigorosa
Não poupa e se sacia
Na fonte em agonia
Ou mesmo noutra rosa,
O verso, o som e a prosa
Diversa melodia
Aonde a poesia
Pudesse majestosa,
Mas quando enfrento o breu
O nada sendo meu
É tudo o que inda levo,
E quero ou não longevo
Do pouco que inda cevo
O todo se perdeu.

19


Há pélagos profundos
No olhar de quem procura
Vencer esta tortura
Em dias mais fecundos,
E quando noutros mundos
O nada se assegura
A sorte em amargura
Olhares mais imundos,
Resisto o quanto posso
E sei que nunca é nosso
O dia de amanhã
E sobriamente tento
Vencer o esquecimento
Ou mesmo a luz malsã.

20


Onde quem mergulhar
Jamais conseguiria
Vencer esta utopia
Beber deste luar
Pudesse te tocar
E ter esta alegria,
Aonde não teria
Nem forma de lutar.
Ardência em ato e gesto,
No quanto não me empresto
Não vejo algum sinal,
E o manto já puído
O mundo sem ruído,
A casa sem quintal.

Um comentário:

Regina Costa disse...

Q vc possa sempre perceber o sol a brilhar na sua vida! Vc é muito querido e especial! THE BEST, parabéns, tudo perfeito, sublime! Beijo carinhoso...