domingo, 20 de junho de 2010

37961 até 38000

Ah! Como dói o amor
E nele se entranhara
O medo dito escara
O tempo em dissabor,
Não tendo qualquer flor
Vazia esta seara
A sorte desampara
E nega ao sonhador
Caminho mais tranqüilo
E quando assim desfilo
Em mágoas, solitário,
Eu vejo o mesmo dia
Outrora em alegria
Agora temerário.

2

As horas não se passam,
Distante deste bem
Que tanto me convém
Enquanto sempre grassam
Em dores e vazios
E assim ditando o norte
Sem ter qualquer suporte
Apenas desafios,
Olhando para trás
Não vejo quem pudera
Vencer esta quimera
Que o tempo sempre traz,
Galgando o sofrimento,
Entregue ao ledo vento...

3

O mundo se desaba
E nada me assegura
Senão a noite escura
Na ausência, e tudo acaba,
A fonte mais tranquila
Nascente da esperança
Aos poucos não se alcança
E longe já desfila
As ânsias de quem sonha
E tenta novo enredo,
Vivendo me concedo
Em sombra tão medonha,
Resisto o mais pude,
A dor, em plenitude...

4

Quem dera ser feliz
E ter além do nada
A noite enluarada
Conforme eu sempre quis
Ausente cicatriz,
A pele imaculada,
Subindo cada escada
Vivendo por um triz,
Sabendo desta fonte
E nela já se aponte
Momento incomparável,
Num dia soberano
Amor sem perda ou dano,
Um rito imaginável...

5

Nos olhos derramados
Em lágrimas e pranto,
Aonde já me espanto
E sinto destroçados
Caminhos desolados
E neles eu garanto
Ainda um novo canto
Rendido aos velhos fados,
Mas posso até pensar
No sol ou no luar
Se a sorte remodela
O barco neste mar
Agora se revela
Abrindo inteira a vela.

6

As lágrimas se secam
Depois de tanta dor,
Viesse algum calor,
Os dias não mais pecam,
As horas se perderam
E nada tenho enfim,
O mundo chega assim
Aonde não viveram
Os sonhos mais audazes
Os dias mais felizes,
E agora me desdizes
E nada além me trazes
Somente esta incerteza,
Vazia, a nossa mesa.

7

Jamais renascerá
O dia já perdido
E quando decidido
O mundo mostrará
Aqui ali ou lá
A dor de um vago olvido
O tempo destruído
A sorte mudará,
Não posso ter nas mãos
Somente os dias vãos,
Ausência de alegria,
O verso se desfaz
E aonde quis a paz
Jamais isto eu teria.

8

Floresce mais teimoso
O coração de quem
O mundo em si contém
E bebe o pleno gozo
Um dia majestoso
Dos sonhos bem além
E tudo sempre vem
Em campo belicoso,
Vencendo esta batalha
A sorte já se espalha
E toma esta seara,
Assim ao ver o brilho
Aonde em paz palmilho
Amor vida declara.

9

Promete ressurgir
Do todo que viria
A mansa poesia
Dos sonhos, o elixir,
Vivendo o que sentir
Vibrando em alegria
O todo se faria
Sem nada a permitir,
Adentro esta esperança
Aonde em confiança
A vida muda a cena,
O mundo em nova cor
Vivendo em pleno amor
Agora me serena.

10


Quebranto e solidão
Ausência de alegria,
Assim desarmonia
Ditando a direção
Os dias não verão
Sequer a fantasia
E tudo o que eu queria
Não basta desde então,
Olhando para trás
O quanto se desfaz
Jamais permite a luz,
O risco de viver
O medo de sofrer,
Amor nunca faz jus.

11

Mas, entretanto a vida
Que tanto nos maltrata
Por vezes mais ingrata
No quanto sempre acida,
Mudando esta partida
A sorte ela retrata
E tudo se desata
Somente é despedida.
Seara que eu tentara
Em bela, clara e rara
Manhã já se escurece
E tudo o que pudesse
Ainda ser brilhoso,
Agora; pedregoso...

2

Promete renascer
Uma esperança além,
Mas quando a vida vem
E dita o desprazer,
Não posso me esquecer
Do nada sou refém
E busco noutro bem,
O quanto pude crer,
E sei que atordoado
Vivendo do passado,
Jamais terei futuro
O tempo sendo escuro,
O amor um mero enfado,
O solo, agreste e duro.

3

Beija-me! Necessito
De um dia mais tranqüilo
Enquanto a dor destilo
O tempo é mais finito,
Um dia tão bonito,
E nele já perfilo
O quanto sem estilo
A vida nega o mito,
Resumo em dor e pranto
O quanto em desencanto
A vida me traria,
Depois de tantos anos,
Apenas desenganos
Seara é tão vazia.

4


Meus mares e saveiros
Sem rumo e sem o cais
Exposto aos vendavais
Os dias derradeiros
Além dos costumeiros
E duros rituais
Tentara, mas jamais
Refiz os meus canteiros,
Jogado em algum canto,
Apenas se me espanto
Eu tento a proteção,
Mas quando se percebe
Ausência nesta sebe
Encontro a solidão.

5

Meu mundo desabando,
As flores se murcharam
Os tempos decoraram
Em ar tão mais infando
O quanto em contrabando
Sonhos repatriaram,
E nada mais tocaram,
A morte me tomando,
Ausência de alegria
A sorte não traria
Ao fundo qualquer lume,
E vejo enfim além
O quanto nada tem
E aonde o sonho esfume.

6

As luzes, esperanças
De dias que não tenho,
O medo mais ferrenho
As luzes não alcanças
E quando cedo cansas
Desnudo em vão empenho,
O corte onde me embrenho
Nas ânsias da lembrança
O dia se perdera
E nada se tecera
Senão a solidão,
O barco naufragado,
O céu segue nublado,
Jamais será verão.

7

Meu canto, engaiolado
O tempo não permite
Além deste limite
Há tanto sonegado,
O risco segue ao lado
E quando a dor emite
A fúria se acredite
Apenas no passado.
Resumo de uma história
Sem rumo e sem memória
Terrível, solitária
E quando alguma luz
Reflete em contraluz
Somente procelária.

8

A noite me promete
Em brilhos, mas sei bem
Que o nada sempre vem
Aonde se arremete
O peso não compete
A quem vive o desdém
Dos sonhos, um refém,
Tanto se compromete,
Vagando sobre o nada,
A sorte desolada
A vida segue em vão,
O barco sem saída
A morte pressentida,
Nos olhos solidão.

9

Encharco meu amor
Com gotas deste orvalho
Dos sonhos este atalho
Expressa a rara flor,
E tanto em dissabor
Ou mesmo se batalho,
Resume-se em cascalho
Ausente algum valor,
Vagando sobre o nada
A sorte desolada,
O medo se aproxima
E nada do que fomos,
Diversos ritos, gomos
Mudando o velho clima.

10

Promessas? Só me fez
Quem tanto sonegara
A vida e semeara
Total insensatez,
O quanto mais não crês
Na vida bem mais clara
Ausente da seara
Aonde amor se fez,
Resumo a minha história
Em cena merencória
Final de peça, eu sei,
E tudo o quanto pude
Agora em atitude
Mudando a minha grei.


Nos teus olhos a vida traduzindo
O quanto poderia ser diverso
Na força incomparável de algum verso
E nele com ternura ao sonho eu brindo,
Mas como se deveras no universo
O sonho se tornando agora findo
Não trama noutra senda traduzindo
De tudo o que eu buscara o seu reverso,
Galgando alguma luz talvez num tempo
Aonde sem temor ou contratempo
Tivesse algum poder sobre o meu canto,
Mas quanto mais eu tento e nada vem,
A vida se mostrando em tal desdém
Gerando amargamente o desencanto.

2

Vagando pelo etéreo sofrimento
Estâncias tão diversas; desvendara
E quando em turbulência esta seara
Algum alento ao menos; busco e tento,
No quanto se negara em provimento
O corte; com certeza, dita a escara
E nada do que eu sonhe ainda ampara
Legando-me ao vazio pensamento,
Restando dentro em mim apenas isto:
O vácuo de esperança e se eu resisto
Talvez seja por falta de outro norte,
O pouco que inda tenho poderia
Conter a inquestionável, vil sangria,
Porém ao fim de tudo, beijo a morte.

3

Um hórrido caminho se apresenta
A quem tentara apenas claridade
E o nada quando muito já degrade
E gera após a queda, outra tormenta,
A vida no não ser se dessedenta
E o fardo sonegando a liberdade
Aonde se escondeu felicidade
Que nada neste mundo me apascenta?
Pudera ter ao menos a lembrança
De um tempo em confiança, mas se lança
Ao vasto desta imensa estupidez
E o passo hoje retrógrado, permite
Apenas o que tenho por limite,
Aquém do quanto o sonho um dia fez.

4

Aonde se pensara em tal virtude
A vida não permite novo brilho,
E quando nesta ausência ainda trilho
O próprio caminhar decerto ilude,
Tentando adivinhar bem mais que pude,
Seguindo cada passo, este andarilho
O nada após o nada inda palmilho,
Ainda quando o mundo em vão transmude.
Resumo no vazio esta existência
E nada se apresenta, nem clemência
Apenas outra senda igual no todo,
Vergado sob o peso deste carma,
A vida, o sonho, a mágoa, o chão desarma
E deixa como herança o charco e o lodo.

5

Amparos que procuro inutilmente
Depois da derrocada consumida,
Assomo este vazio em minha vida
E nada deste intento se desmente,
O corpo noutra cena, plenamente
Entregue já sem paz na dividida
Estância aonde outrora consumida
A dita entranha em mim, torpe e demente.
O fato de sonhar já não se dá
E desta fantasia ao deus-dará
O roto caminheiro ora se cansa,
E quando se percebe solitário,
Embora o sonho seja necessário,
O que inda me alimenta é vã lembrança.

6

A messe tantas vezes repelida
O norte não se encontra em solidão,
O medo toma as rédeas e o timão
Não dando sequer sombra de saída,
Perdendo o quanto resta nesta urdida
E torpe fantasia, eu sei então
Das sombras quando as mesmas mostrarão
O quanto fora fútil minha vida.
Alheio às vãs promessas da esperança
O corte se aprofunda e a dor avança
Nefasta realidade me consome,
O quanto do passado fora em fome
De sonhos e somente agora eu sinto,
A sombra de um caminho, vago e extinto.

7

O quanto do viver é mais selvagem
E arisco o pensamento não contenho,
O medo muitas vezes mais ferrenho,
A sorte não concebe tal paisagem,
E nada além de alheia e vil miragem,
Perdido entre os temores, nada empenho
Senão tal desvario e me retenho
Na sombra do que fora uma visagem.
O canto nunca sendo meritório
O barco noutro rumo segue inglório
Semeio estas daninhas no canteiro,
O rosto roto em chagas mostra bem
O quanto do vazio me retém
E em meio aos vendavais já não me esgueiro.

8


Olhando de soslaio num momento
A faca com seu gume em fio pleno
No resto da ilusão se eu me enveneno
Às vezes a saída eu busco e tento,
O cais inexistente eu teimo e invento
Pudesse pelo menos ser sereno
Num derradeiro canto mais ameno,
Porém a vida nega algum provento,
Buscando a mera sombra do que outrora
Vivera e desde há muito desancora
O barco em mar tão tétrico e fatal,
Ao menos num instante tive em mim,
A rara florescência de um jardim,
Porém sem norte perco vida e nau,


9

O quanto deste sonho não sacia
Quem busca na medida justa a vida
Não vendo e não sabendo em despedida
Além da velha e tosca fantasia,
O quanto do viver jamais se urdia
No peso desta sorte em vão perdida,
A morte pouco a pouco tanto agrida,
No olhar somente o medo em agonia,
Degredos dentro da alma são comuns,
Dos sonhos que tivera, vejo alguns
Vagando sem destino e sem paragem,
Do todo se perdendo em tal nuance,
Sem ter sequer o lume onde se alcance
Agônica e brumosa esta paisagem.

10

O tempo nunca passa impunemente
E rouba num momento o que nos dera
A sorte vigorosa em primavera
Inverno na verdade jamais mente,
E a neve me envolvendo plenamente,
Numa ânsia tão venal porquanto fera
O passo noutro rumo destempera,
E a própria fantasia rouba à mente
Qualquer doce ilusão que ainda existe,
E sigo o meu caminho amargo e triste,
Remendos de outros tempos, nada mais,
Pedindo pelo menos um descanso,
Apenas o vazio; agora alcanço
O quanto fora pouco hoje é jamais.

11

Minha alma em tal cenário se tortura
E sabe do vazio que a rodeia
Seguindo da esperança sempre alheia,
A sorte noutra face sempre escura,
Resumo de um momento em tal loucura
A lua sem destino jamais cheia
Apenas fantasia devaneia
E toma com terror sempre amargura,
Cedendo aos desencantos da ilusão
Somente turvas águas mostrarão
Os lagos onde busco a placidez,
E tendo tão distante dos meus dias
As sombras do que foram alegrias
O todo neste instante se desfez.

12

Adentro este vazio que legaste
A quem se fez um dia sonhador,
E quando vejo a face em estupor
Espelho revelando o velho traste,
A cada novo dia outro desgaste,
A sorte noutro mar, grisalha cor,
O peso desta vida a se compor
E nele toda a fúria demonstraste
Ocasos entre rugas, olhos mortos,
Os dias sem destino; eu perco os portos
Não resta nem sequer a mera sombra.
Realidade vem e me atropela,
O quanto da verdade dita a tela,
Figura em garatuja, agora assombra.

13

Jorrando pelos olhos sal e dor
Não pude controlar sequer o pranto
E quando inutilmente ainda canto,
A vida se transforma e mata a flor,
Pudesse ter nas mãos este calor
Somente trago em restos, desencanto,
O nada me guiando e sei, portanto
Da sorte noutro passo em desamor.
Resíduos de um momento e nada além
Enquanto a realidade me detém
O sonho se liberta, traiçoeiro
De um solo tão agreste em aridez,
Ainda tenta além do que tu vês
Cevar alguma flor neste canteiro.

14

Olhando para trás já nada vejo,
Somente a mera sombra do que um dia
Pudesse ser constante em fantasia
Domando com ternura algum desejo,
A morte aproveitando então do ensejo
Aos poucos me domina e moldaria
A sorte noutra face mais sombria
Roubando qualquer brilho do azulejo
Aonde imaginara poder ter
O rito de um suave entardecer,
Porém a noite cai e traz em bruma
A dura realidade que me entranha
Ao completar em nada a minha sanha,
O sonho também ele ora se esfuma.

15

Dessedentar a vida noutra foz,
O rio se perdera em corredeiras
As horas sempre amargas, traiçoeiras
Ninguém escutaria a minha voz,
Caminho se adivinha mais atroz
E nele tão somente estas ladeiras
As sensações doridas, corriqueiras
No olhar deliciado deste algoz,
Não pude ter além do sofrimento
E quando um novo mundo ainda tento
Realidade doma o sonho e apenas
Cenários entre nuvens se apresentam,
Os dias também eles me atormentam,
Enquanto em ironia me envenenas.

16

Jogado pelos cantos desta sala
O sonho sem saída e sem virtude
No fundo e plenamente só me ilude
Minha alma neste instante nada fala,
E toda a realidade me avassala
Tentando muito além do que mais pude,
Audaciosamente em atitude
Buscando qualquer luz em rica gala.
A paz já não se mostra e no final,
Apenas resta à morte algum degrau
E degradado vejo esta figura
Desnuda em minha frente e com sarcasmo,
O olhar entorpecido quase pasmo,
Entranha as duras sendas da loucura.

17

Olhando de soslaio vejo o fato
Aonde consumara esta excrescência
A vida não permite uma inocência
E a cada passo apenas me maltrato,
O quanto do viver se fez ingrato,
A sorte não se mostra em transparência,
O corte me profana e a paciência
Agora sem razões, logo desato.
Arranco dos meus olhos o horizonte
E nada na verdade ainda aponte
Quem tanto se perdera em senda vil,
Vislumbro este fantoche e reconheço
No mesmo olhar, terrível o adereço
Que um dia tresloucado o sonho viu.

18


Rastejo pela casa como um cão
Procuro algum afeto e nada disto,
Embora queira a morte inda resisto
Sabendo da provável negação,
O tempo não traduz a solução
E quando mais audaz, percebo, insisto
Apenas do vazio ainda visto
O traje em turva noite, roto e vão.
Anunciando o fim de quem há tanto
Tentara alguma sorte e se me espanto
Na ausência de um alento, sigo assim,
Ao menos no final quem sabe um riso,
A vida se somara em prejuízo
E a morte abençoando dita o fim.

19

Acordos são rompidos dia a dia,
E assim no todo apenas resta o nada,
A porta agora a vejo enfim cerrada
O sonho transformado em ironia,
A solução final, o tempo adia
E busco noutro rumo, nova estada,
Mas quando me percebo em desolada
Morada feita em torpe fantasia,
Descrevo em plenitude este terror,
E a cada amanhecer grisalha cor,
O rumo se perdendo em vagos tons,
Matizes da esperança? Mera lenda,
Não tendo quem decerto assim desvenda
Desarmonia dita os nossos sons.


20

Pereço na medida em que percebo
A vida noutro rumo e desconfio
Do quanto na verdade em desafio
Olhando de soslaio já concebo,
O nada sempre enquanto em vão recebo
Perdendo uma noção, somente o frio
E nele cada corte dita o fio
Somente nesta treva vã me embebo,
Resido no passado e sem saber
O quanto pude crer no amanhecer
Sedento caminheiro em teu deserto,
O passo em descompasso, nunca acerto,
Uma esperança alheia, e se desperto
O sol que tanto quero a se esconder...

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