quarta-feira, 7 de julho de 2010

40201 até 40309

001


Te sinto assim,
presente,
mesmo na tua
ausência ...
(Olhos de Boneca)

Espero te encontrar
Mesmo de ti ausente
No quanto se apresente
Um raio de luar
E nele me levar
Aonde estás presente
Vivendo plenamente
O bom de tanto amar,
Sentir a tua pele
E nela quando atrele
O sonho mais audaz,
Sabendo a cada instante
O quanto nos garante
Amor se é feito em paz.

002

Torturas das saudades
Marcando quem se fez
Do amor insensatez
E nele realidades
Aonde quer que brades
Ou mesmo quando vês
O tanto se desfez
Em meras brevidades.
Mas sei que ainda posso
Fazer deste destroço
Um claro amanhecer
Viceja esta esperança
E quanto mais avança
Mais perto sinto ter.

003

Marcadas cicatrizes
De tempos onde a vida
Deveras presumida
Em dores e deslizes
E nelas tais matizes
Marcando a já sofrida
Espera concebida
No quanto contradizes
E falas de um momento
Aonde busco e tento
Singrar outro caminho,
Mas quando vejo o olhar
De quem eu quis amar
Já não sou mais sozinho.

004

Amor que se dizia
Há tanto tempo atrás
Agora já não traz
Sequer esta harmonia
E nisto poderia
Quem sabe mais audaz,
Ou mesmo até tenaz
Vencer a hipocrisia
Do tanto que se dera
E nesta dura espera
O medo sobressai,
O amor que tanto eu quis
Agora já não diz
E aos poucos sei, se esvai.

005

Somente a poesia
Talvez inda redima
E mude o velho clima
Aonde se traria
A vida em agonia
E mesmo o quanto estima
Quem sabe e se aproxima
Do imenso e claro dia.
O verso sem futuro
O quanto te procuro
E nada mais se vendo
Não traz felicidade
E o pouco que inda invade
É feito algum remendo.

006

Mas vejo, no futuro
O brilho da esperança
E quando nos alcança
Em pleno tempo escuro
O quanto te procuro
A voz além se lança
Gerando a confiança
Aonde houvera um muro,
Dessedentando assim
O quanto existe em mim
De luta após o fato
Da imensa solidão
De um tempo feito em vão
Do qual eu me desato.

007

Abrindo a porta triste
E nela este passado
Já tanto desolado
Agora não persiste
E apenas sei resiste
Aqui sempre ao meu lado
O amor, velho legado
De tudo o que consiste
A vida noutra face
Aonde quer que eu grasse
Seu brilho me tocando,
E o peso da cangalha
O corpo agora espalha
E o mundo fica brando.

008

Quem sabe ressurgida
Depois de um temporal
Lua fenomenal
Regendo a nossa vida,
Permita esta saída
Novo manancial
Em sol, em mar e sal
Ausente despedida,
Sem ranço e sem mistério
A vida sem critério
Apenas por sentir,
Riscando a hipocrisia
Gerando a fantasia
Tomando o meu porvir.

009

Retorne noutros dias
Depois de tanto medo
O quanto me concedo
E o tanto que terias
Gerando as alegrias
E nelas o segredo
Vivendo desde cedo
Sem ter hipocrisias,
Restando dentro em nós
O amor ditando a foz
De um tempo mais feliz,
Açoda-me a vontade
E nela sempre agrade
O canto que eu te fiz.

010

Bem sabes que estarei
Depois da chuva aqui
E tanto me embebi
Do amor onde eu cevei
O quanto desejei
E nele presumi
O risco e sei em ti
Superna e rara grei,
Vencendo o que talvez
O tempo outrora fez
Em duro vendaval,
Quem sabe num instante
O todo se garante
Num ar consensual?

011

Pensando toda noite
Naquela que talvez
Pudesse insensatez
Gerar além do açoite
O brilho de um sorriso
Afoito e mesmo assim
Recende a tal jardim
E nega o paraíso,
Amar e ter também
O corte deste espinho
Aonde me avizinho
Do sonho quando vem
E sei do pesadelo,
E como até, vivê-lo.

12

Mulher que me levou
Além dos meus anseios
E quando sem receios
O tempo se mostrou
No todo que restou
Lembrança destes seios
E neles outros veios
Por onde amor passou,
O quanto vive em mim
E levo até meu fim
Perfume desta que
Ainda vive agora
Presença que devora
E a cada instante vê.

13

Nos beijos e carinhos
Delírios entre riscos
Olhares mais ariscos
Momentos tão sozinhos.
Anseios e pecados
Desejos entre fúrias
E quando em tais incúrias
O gozo desfrutado
O rumo se percebe
E beijo cada rastro
Em ti eu sei me alastro
E adentro a imensa sebe
Aonde amor renasce
E mostra a vera face.

14

Amor que nós fizemos,
Em tramas delicadas
Em noites desejadas
O quanto nos queremos,
E assim ao perceber
O dia se anuncia
Na luz da fantasia
Nas teias do querer,
Viceja dentro em nós
O todo feito em paz,
Do quanto fui capaz
E sei também a voz
Do amor além do encanto
A dor e o medo espanto...

15

Nas noites que sem fim
Orgásticos caminhos
E neles os teus vinhos
Delícias sei em mim,
Restando do que vim
Trazendo em nossos ninhos
Os dias vãos sozinhos,
Matando este jardim,
Mas vejo esta promessa
Do amor que recomeça
E traça no horizonte
Cenário iridescente
E nele se pressente
O encanto que desponte.

16

Passeio minhas mãos
No corpo de quem ama
A sorte, a mesma trama
E ceva os mesmos grãos,
Os dias outros, vãos
A morte dita o drama
Agora a vida clama
E mata antigos nãos,
Aprendo assim contigo
E enquanto além persigo
Inesgotável brilho,
O rumo se aproxima
Do quanto em novo clima
O sonho eu compartilho.


17

Meu coração sofrendo
De tanto que se dera
Além da vaga espera
Ou mesmo de um adendo
O pouco vou revendo
E nele a vida é fera
O todo degenera
Não resta algum remendo
Revendo o dia a dia
Aonde poderia
Saber enfim de nós,
O tanto não se expondo
O mundo decompondo
Em tom amargo e atroz.

18

Procuro teus cabelos
E toco a tua pele
No quanto me compele
Vontade de vertê-los
E sinto em tais novelos
O amor quando se sele
E nele já se atrele
Os dias em tais zelos,
Rever o passo eu pude
E tramo em juventude
Um novo amanhecer,
Assim imerso em luz
Ao farto nos conduz
O raro e bel prazer.

19

Mas nada encontro aqui
Além desta promessa
Do amor que se confessa
E nele me prendi,
O tanto já sofri
A vida em fúria e pressa
Meu passo se endereça
Deveras só a ti.
E sei que assim talvez
Ainda o que tu crês
Permita a caminhada
Gerando novo trilho
Sem medo ou empecilho
Raiando em nova estrada.

20

Mulher que me deixou
De tanto amor que tenho
O quanto em claro empenho
O mundo destroçou
O todo que foi meu
E agora mais distante
Sem nada que garante
Após seu apogeu
A queda em dor e medo,
O risco de sonhar
E nada mais achar
Saber deste rochedo
Saveiro perde o cais,
Amores; nunca mais?

21

Promessas tantas fez
Quem foi e não voltara
Depois nesta seara
A noite em turva tez
O medo e a insensatez
A vida desampara
E nada se prepara
Aonde amores vês.
O tempo não mais cura
E sei desta loucura
E dela não me aparto,
O canto sem promessa
O sonho em vão tropeça,
Vazio então meu quarto.

22

Palavras que soltaste
Ao vento sem pensar,
Chegando devagar
Causando este contraste
Aonde imaginaste
Sobejo e bom lugar
Sem nada a se mostrar
Apenas o desgaste,
O risco de viver
O gozo do querer
E o nada após eu vejo,
Assim amortalhado
Amor já desolado
Sequer resta o desejo?

23

Amor que como veio
Um dia foi embora
No quanto a vida ancora
Em cais atroz e alheio,
O tanto que receio
A sorte não demora,
O vento revigora
E o medo em vão anseio,
Gerando em contra-senso
O mar de amor imenso
Exposto ao temporal,
E sei que assim te quer
E tanto mais sincero
Amor fenomenal.

24

Procuro por teu sonho
E nele me sacio,
Seguindo cada fio
Aonde me componho
Vagando eu te proponho
E nisto me anuncio
Depois do desafio
De um dia mais medonho,
Resumo em verso e canto
O todo que garanto
Pudesse ser além
Do pouco quando resta
Amor adentra a fresta
E sei quando ele vem.

25

És tudo o que desejo
E não mais poderia
Viver sequer um dia
Sem ter este lampejo
E sei o quanto vejo
De ti em alegria
Decerto é fantasia
Ou mesmo um raro ensejo.
Mas sigo esta vontade
Alheio à tempestade
Sonhando em tal bonança
Aonde após a treva
A lua sempre leva
E amor enfim alcança.

26

Meus olhos se perdendo
Buscando algum alento
Aonde o pensamento
Pudesse em estupendo
Caminho convertendo
O quanto ainda tento
Vencer o sofrimento
E a dor é dividendo
Amor não mais o vejo
E quando em azulejo
O céu se apresentando
Aos poucos, num instante
O tempo mais brilhante
Eu vejo em mim nublando.

27

Em busca da amplidão
Do olhar que me sacia
Vagando em claro dia
Bebendo os que virão
E sei da dimensão
Do tanto onde podia
Vencer esta agonia
E crer noutra estação
Amar em plenitude
Também porquanto ilude
Transcende à própria vida,
Depois de tantos anos,
Em riscos desenganos
A sorte pressentida.

28

Em volta deste tempo,
Aonde acreditara
Na luz desta seara
E vejo o contratempo
Vencendo este momento
Em dor e tempestade
O sonho volta e invade
E traz um novo alento
Ao menos lenitivo
A quem sofrera tanto
E quando a luz garanto
E nisto sobrevivo,
A lua se esvaindo
Neblina vem surgindo.

29

Os pássaros errantes
Vagando pelo espaço
Assim também eu faço
Enquanto não garantes
O amor em tais instantes
Estando sempre lasso
Buscando a cada passo
Diversos diamantes
Eu sei e até pretendo
Vencer qualquer remendo
E ter em plena luz
O sonho mais bonito
E dele necessito
Ao quanto me conduz.

30

Não sei mais se consigo
Vencer os meus tormentos
E sei dos desalentos
E vivo o desabrigo
E quando além persigo
Em vagos pensamentos
Olhares mais atentos
Adentram tal perigo,
E sinto que inda posso
Viver o amor tão nosso
Quão fora no passado,
Vestindo esta emoção
Os dias me trarão
O sonho desejado?

31

De tudo que busquei
Na vida a calma e a paz
Somente amor me traz
Enquanto dita a lei,
E quando me enganei
No olhar bem mais audaz
De quem se fez capaz
E nada mais terei
Senão este vazio
E tento até recrio
Algum lugar aonde
O beijo saciando
O dia imaginando,
Mas logo o sol se esconde...

32

O mundo que sonhava
Vagando pela vida
A sorte presumida
Agora morre em lava
Uma alma quase escrava
De tanto já sofrida
Não vendo esta partida
Enquanto o passo trava,
Resume em dor e pranto
O todo que garanto
Vencer qualquer tropeço,
O amor se faz bem mais
E assim em temporais
Bonança é o que mereço.

33

Apenas nos meus sonhos
Eu tinha esta certeza
Do amor em tal nobreza
Em dias mais risonhos,
Mas quando vejo a sorte
E nela não se crê
No amor que sem por que
Não tendo quem suporte
Despenca e sempre leva
Consigo uma esperança
O passo não avança
Senão em plena treva,
Buscando recompor
Meu sonho em raro amor.

34

Tentarei resistir
O máximo que posso
Sabendo quanto é nosso
O canto de um porvir
E tanto presumir
No risco aonde endosso
O pranto e não me aposso
Do encanto, este elixir.
Quem dera se pudesse
Ainda ter benesse
Depois do vendaval,
Amar e ter somente
O quanto se apresente
Mudando todo astral.

35

Os olhos esquecidos
De tanto procurar
Algum belo lugar
Em tantos presumidos,
Tocando os meus sentidos
Vontade de encontrar
Aonde possa andar
Nos brilhos pressentidos
Restando dentro em nós
O quanto fora atroz
O mundo sem ninguém,
Ao menos poderia
Viver esta alegria
Que eu sinto, nunca vem...

36

Dos erros nesta vida
Eu tento aprender mais
E quando em desiguais
Caminhos a avenida
Da sorte é mais sentida
Enfrento os rituais
E beijo os sensuais
Delírios desta ermida,
Vagando noite afora
Encanto além aflora
E toma o meu olhar,
Mas quando vejo e só
Envolto em pleno pó
Só resta caminhar.

37

Por certo das saudades
Jamais me libertara
Enquanto a vida amara
Em luzes desagrades,
Rompendo assim as grades
E nelas a seara
Vestindo sempre ampara
Além das realidades,
Eu quero e me permito
Um dia mais bonito
E nele ter a sorte
De ter quem mais queria
Vivendo a fantasia
Aonde eu me reporte.

38

Amiga, como é bom
Saber do nosso amor
E seja como for
Ouvir o manso som
Da lira de um poeta
Aonde em verso vê
A vida em seu por que
E nisto se repleta
Uma alma em luz e tanto
Desejo se desfia
Trazendo em melodia
O todo que inda canto
Invisto na certeza
De um dia em tal leveza.

39

Meus olhos? Sem reflexo
Do olhar de quem anseio
Agora em tom alheio
O canto é desconexo,
Aonde mais perplexo
Caminho em raro veio,
Gerando sem receio
O encanto segue anexo
Ao passo que se dera
Em plena primavera
Vencendo os meus temores,
E quando vira espinho
Andando tão sozinho
Sonhara com as flores.

40


Manhã já vai raiada
Acordo nos teus braços
Agora em doces laços
Amor nessa florada.

Te beijo, tão feliz
Lá longe a dor de outrora
Certeza dessa aurora
Felicidade em bis.

Curada a cicatriz
Refeita essa promessa
O amor nos prega a peça
Contrário aos atos vís

Colore de alegria
A tua face, a minha
Sazona a nossa vinha
De novo, a poesia!


ANA MARIA GAZZANEO

Amiga, todo o tempo
Distante de você
É como não se vê
Além do contratempo
Vestindo a fantasia
Desnudo mansamente
E logo se apresente
Um claro e raro dia
E bebo em seu suor
Delírios sem igual
Amor tão magistral
De todos o maior
Bebendo este prazer
E nele em paz, viver...

42

Se passa sem que saiba
A vida em tal promessa
E quando amor confessa
Bem antes quando caiba
A força inestimável
De um gozo em plenitude
E nada mais ilude
Nem mesmo este indomável
Caminho aonde a vida
Adentra sem temor
As ânsias de um amor
E nelas resumida
A história feita em glória
Cevando uma vitória.

43

A vida se passando
Aonde quis bem mais
E nestes temporais
O tempo se nublando,
Mas lembro desde quando
Queria em sensuais
Desenhos magistrais
Um mundo nos tocando,
E o corpo dessedenta
A fome em tal prazer
E neste bem querer
A vida se apresenta
Diversa da que outrora
Ainda à noite aflora.

44

Ninguém sabe isso é certo
E sinto sendo assim
O amor cevando em mim
O quanto em paz desperto
E tanto já me alerto
Vislumbro e chego enfim
Ao tanto de onde vim
Deixando o peito aberto
Vestindo esta ilusão
E nela se verão
Os dias mais felizes,
Embora ainda veja
Aonde quer que esteja
As velhas cicatrizes.

45

Distante dos amores
A vida não teria
Sequer esta alegria
E nela se te fores
Levando os meus albores
Matando em agonia
O quanto em fantasia
Traçara em várias cores
O manto onde se cobre
O amor sobejo e nobre
Resiste ao tempo e vivo
O canto em alvorada
Trazendo à bela estrada
Ao menos lenitivo.

46

Vivendo tão somente
O quanto quis ou mais
E nunca sei do cais
Aonde já se ausente
O olhar que antes clemente
Vencera os vendavais
E sei de ti jamais
O medo imprevidente.
Resumos desta sorte
E nela se reporte
Ao máximo, o prazer,
Viceja dentro em nós
A flor e dita a voz
Enfim do meu viver.

47


Na vida nunca tive
Sequer uma alegria
Depois onde teria
Se nunca além estive?
E assim se me contive
Também não poderia
Viver esta agonia
Se nela eu me retive?
Eu quero apenas isto
E sei o quanto insisto
No amor que enfim virá
E quero sem demora
A vida em paz ancora
Agora e desde já.

48

Que ao menos um amor
Pudesse ainda haver
Aonde o bem querer
Negasse ou num temor
Gerasse espinho e flor,
E quando enfim colher
As tramas posso ver
O dia em claro albor,
Não quero outro caminho
E sei se vou sozinho
Não tenho este canteiro,
A sorte em tuas mãos
O amor em vários grãos
Explica o jardineiro.

49


Jogado neste canto
O tempo sem promessa
E amor se a paz professa
A vida assim garanto,
E tanto quanto espanto
A dor e se confessa
A sorte vem sem pressa
E mata este quebranto,
Resumos entre nós
Do amor em clara foz
E nela se mostrara
A vida como fosse
Sensível; mesmo doce
Domando esta seara.

50


Perdido sem talvez
Saber se ainda é nosso
E nisto não me aposso
Somente do que vês
Eu bebo a insensatez
E tento enquanto posso
Seguir e assim adoço
O amor como tu crês,
Já não mais poderia
Saber da fantasia
Se nela não tivesse
A glória, a paz e a messe
De ver em atitude
Além do que mais pude.

51

O mundo que sonhara
Agora se apresenta
E mesmo se sangrenta
A vida mais amara
Na sorte se prepara
Ao menos já me alenta
Saber quanto a tormenta
Ausenta esta seara,
Vencer o sofrimento
É tudo o que inda tento
Viceja dentro em mim
Certeza de outro dia
Em paz e poesia
Amor vivendo, enfim.

52

Restando tão somente
Do todo que buscava
A marca desta lava
E nela se aparente
O tanto que não quero
Da dor em minha vida,
Assim a presumida
História em tom sincero
Traduz alguma luz
E nela se entranhando
O mundo desde quando
Ao todo me conduz,
Gestando dentro em nós
O amor em firme voz.

53

O tempo se passou
Deixando a dura marca
Que a sorte não abarca
E nela se mostrou
O quanto não mais sou
Deixando atrás a barca
A sorte já demarca
O rumo que tomou.
Fronteiras não mais sei
E vejo nesta grei
Dourada luz e imensa,
O amor sendo decerto
Aonde eu já desperto
A dita então compensa.

54

E tudo o que restara
Jamais se poderia
Trazer em fantasia
Ou sorte mesmo amara,
O gosto o gesto um ato
Que possa redimir
E trazer ao porvir
Um sonho onde eu desato
Os nós, buscando em paz
O quanto amor se dera
Gerando a primavera
E nela se refaz
O canto em tal promessa
Aonde o amor se expressa.

55

Olhando para o céu
Vislumbro em claridade
Amor que agora invade
E toma em raro véu
Desvendo o meu papel
E aos poucos a verdade
Reinando em liberdade
Estende o mundo ao léu,
Galgando este infinito
Num sideral alento
O tanto quanto tento
Ou mesmo necessito
Traduz a languidez
Aonde o amor se fez.

56

Os olhos tão felizes
De quem se fez amante
E sei quanto garante
O sonho entre os deslizes
E quando contradizes
O tanto que se espante
E nisto se adiante
Após as cicatrizes
O passo rumo a ti
E nele presumi
A liberdade intensa,
O corpo te tocando
Amor, amor gerando
Em rara recompensa.

57

Que sempre procurei
Durante a minha vida
A sorte pressentida
Toando como lei
Gestando o que entranhei
E nisto não duvida
Quem sabe destruída
A luz que imaginei,
O carma, o corte e o nada
A presa desolada
A mansa claridade,
E nela se percebe
O tanto que esta sebe
Em luzes já me invade.

58


Mas vive assim somente
Quem tanto quis além
E sei do farto bem
E dele esta semente
Gerando este inclemente
Delírio onde convém
Apenas ser alguém
Ou nada plenamente,
Mas quando amor impera
Ausente esta quimera
Em libertário sonho
Eu vivo e não me canso
Sabendo do remanso
Que em ti quero e componho.


59

Criança que jamais
Pensara no futuro
Em ter um tempo escuro
Em tantos temporais,
Mas vejo em ti o cais
Que em guerras eu procuro
E sei quanto maduro
O amor em seus cristais
Regendo a nossa história
Traçando na memória
Um porto mais suave,
Viceja desde agora
O quanto em paz ancora
O coração, esta ave.

60

Brincando na ante-sala
A sorte não concentra
E quando o quarto adentra
Minha alma não se cala,
E beija a mão de quem
Sabendo a solidão
Trazendo outra estação
Deveras sempre vem,
Mergulho nos teus braços
E vejo como posso
Cevar um mundo nosso
Vencer os meus cansaços,
Amor em raros frascos
Matando estes fiascos.

61

De amores esquecidos
O tanto que pudera
Saber da primavera
E nela resumidos
Os dias que virão
Viceja esta alegria
Por onde poderia
Haver a hibernação,
Mas amor se promete
E tantas vezes dita
A sorte mais bonita
E assim já me arremete
Aos braços desta que
Em luas também crê.

62

Apenas na esperança
De um dia mais tranqüilo
Assim quando desfilo
A vida nos alcança
E rege bem mais mansa
O tempo onde perfilo
E sei do vário estilo
Aonde esta aliança
Tramando uma ventura
Que tanto me assegura
Um dia aonde eu veja,
O todo num clarão
Mergulho em raro vão
E amor doma e troveja.

63

Estrela, por favor
Aonde posso ver
As ânsias do querer
Ditando novo amor,
Assim ao te propor
O mundo passo a crer
No todo de um viver
E nele sei a flor
Bebendo esta promessa
E nela se confessa
A dita mais feliz,
E o rosto em cor e brilho
No quanto em ti palmilho
O canto que mais quis.

64

Responda, não se cale
Perceba o quanto eu quero
O amor puro e sincero
E nele o imenso vale
Aonde a voz que fale
Em tom jamais tão fero
Ditando o quanto espero
Do amor que me avassale,
Gerando assim a messe
E nisto se confesse
A glória mais sutil,
Viver a imensidão
Das noites que virão
Que o gozo pressentiu.

65

Irei ao teu encontro
Depois do temporal,
O amor consensual
Ausente desencontro
Permite o tanto quanto
Desejo e quero mais
Arcando em magistrais
Caminhos que garanto
Cercando em paz e lume
O todo quanto fiz
E tendo por um triz
O passo aonde rume
Gerando o brilho enorme
Que tanto nos transforme.

66


O nosso amor, estrela,
Não pode se acabar
Tampouco mergulhar
Onde não posso vê-la
Sentindo quanto é bela
A sorte a me trazer
O gozo de um prazer
Aonde amor revela
A mansidão e o canto
E nesta plenitude
Que nada mais se mude
Assim eu adianto
E bebo em privilégio
O amor sem sortilégio.

67

Assim qual nosso filho
O encanto mais suave
Gerando o sonho, esta ave
Aonde além palmilho
Vagando em tanto brilho
Não vendo qualquer trave
No quanto não agrave
O sol por onde eu trilho
Viceja plenamente
O amor que se apresente
Qual fosse solução,
Vestindo esta alegria
O quanto poderia
Viver a imensidão.

68

Querido,
Acordei com vontade de você,
Da sua doce companhia,
Da sua apaixonante poesia...

Regina Costa

São tantos os momentos
Aonde penso em ti
E quando te senti
Roçando em pensamentos
Trazida pelos ventos
Em gozos me embebi
E tanto estás aqui
Em vários sentimentos,
Desejos incontidos
As fúrias das libidos
Anseios e promessas
Assim ao te poder
Sentir e ter prazer
Em sonhos tu me expressas.


69

Eu canto a meus amigos
O encanto deste amor
E nele quero pôr
Os sonhos, meus abrigos,
E quanto aos vãos perigos
Não posso nem supor
O quanto é tentador
Mesmo em vários e antigos
Alentos onde eu tenha
A brasa, o fogo e a lenha
Gerando assim tal frágua
E nela o meu anseio
Vibrando sem receio
No amor que ora deságua.

70

Em plena fantasia
A senda mais bonita
Aonde se permita
Amor quando queria
Viver esta alegria
E nela se acredita
A benção, nossa dita
Contendo esta sangria
Por onde no passado
O tempo desolado
Traria apenas medo,
E quando estou contigo
Assim o sonho abrigo
E o gozo eu me concedo.

71

Por mais que complicado
O tempo não se trama
Em medo e sim na chama
Do amor abençoado
Gerando um novo fado
E nele sei do drama
E quando a gente se ama
O tempo; iluminado.
Restando dentro em mim
O quanto disto enfim
Consigo conceber
Vestindo esta emoção
E nela a sensação
Enorme de um prazer.

72

Amigos com certeza
A vida até nos traz
E neles sinto a paz
Aonde sem surpresa
Vencer a correnteza
E ser até audaz,
Mas nada mais compraz
Que ter esta beleza
Em feminina forma
Que tanto me transforma
E toma o meu caminho,
Amante e companheira
Decerto a vida inteira
Em ti eu quero e aninho.

73

A vida necessita
Do gozo e da alegria
No quanto bendizia
E tanto esta infinita
Vontade que palpita
E traça em fantasia
O quando poderia
Viver a mais bonita
História em pleno amor,
Viceja em nós a flor
Mais forte em luz imensa,
Assim ao se sentir
O amor a redimir
A dor e a desavença.

74

Em todos os caminhos
Que ainda seguirei
Extensa e longa grei
Formada por daninhos
E dias tão mesquinhos
Por onde eu encontrei
E mesmo imaginei
Os vários vãos e espinhos.
Mas quando esta promessa
Do amor que se confessa
Sem medo e sem pudor,
Não posso mais tentar
Sequer o navegar
Nos braços deste amor.

75

Amigos, vão vencendo
Os medos quando eu tenho
Além deste desenho
Perdido de um remendo
O todo se tecendo
E nele me detenho
E tento com empenho
O mar mais estupendo,
Amar e ter comigo
O quanto já persigo
E tanto pude até
Sabendo e tendo fé
No dia aonde eu pude
O amor em plenitude.


76


Cansaço de viver
Ausente de quem busco
O tempo amargo e brusco
E nele posso ver
Somente o que não quero
E tendo esta incerteza
Da vida sobre a mesa
O vento agora é fero,
Mas quando te percebo
E vejo que tu vens
Amor ditando os bens
Gerando o que recebo
Em glória e mansidão
Mudando esta estação.

77

No vinho que embriaga
O gozo da mulher
Que tanto bem se quer
E nisto sempre traga
A sorte mesmo vaga
E nela se puder
Trazer o que vier
Enquanto além afaga
A mágica presença
De quem já me convença
Que vale sempre a pena
O amor sem ter medida
Tomando a nossa vida
Tornando-a mais serena.

78

Quem tem amigo sabe
O quanto é necessário
O abraço solidário
Antes que já desabe
O todo aonde um dia
Vivera ou mesmo até
Sem ter ou ser quem é
A sorte não traria,
Porém somente amor
Permite nova senda
E assim ao tanto estenda
Um manto multicor
Nos braços desta amada
Ali, a minha estrada.

79

O bem que já nos faz
O amor sem as defesas
Vencendo com certezas
O quanto mais mordaz
A vida não mais traz
Sequer quaisquer surpresas
E trama sobre as mesas
O dia mais audaz,
Refém desta alegria
O quanto eu poderia
Saber da plena sorte
De ter sempre ao meu lado
O amor imaginado
E a paz que reconforte.

80

Portanto eu nunca temo
As sortes que maldizes
Tampouco as tantas crises,
Tentando com meu remo
Vencer a correnteza
A vida em dor e medo,
O tanto que concedo
E tenho esta beleza
Do encanto feminino
Maior e que me traga
Além da fúria e adaga
O sol onde fascino
O brilho sem pudor
Do imenso e nobre amor.

81

Certeza de que tenho
O olhar neste horizonte
Aonde sempre aponte
Qualquer que seja o cenho
Vagando não desdenho
Ou mesmo nego a fonte
Amor serve de ponte
E nisto não retenho
O passo quando tento
Vencer o sofrimento
E até o vendaval,
No gozo presumido
O amor só faz sentido
Se for consensual.


82

Amigo quando vai
Depois da tempestade
Deveras a saudade
Aos poucos já se esvai,
Porém amor nos trai
E quando a fúria invade
Não basta a saciedade
E nada nos distrai,
O quanto te querendo
E a dor em dividendo
Jamais imaginara,
Mas quando foste embora
Minha alma sem demora
Abrindo imensa escara.

83

Estrelas vão perdendo
O lume quando a vida
Em outra percebida
Não passa de um remendo,
Assim nada colhendo
Preparo a despedida
E sei que sem saída
O mundo não desvendo,
E perco o que me resta
Em cena mais funesta
Imensa solidão,
O amor em seus ditames
Enquanto tanto clames
Não sabe a direção.

84

O céu de minha vida
Já tanto sem estrelas
Pudesse enfim contê-las
E ter a tão querida
Certeza sendo urdida
Em luas e bebê-las
Ou mesmo até vertê-las
Sem ter as despedidas
Dos sonhos num adeus,
Momentos nossos, meus
A vida não traria
Não fosse esta incerteza
Talvez sem ter surpresa
Pudesse um novo dia.

85

O rumo da existência
Jamais se vê no fato
Enquanto me maltrato
Vivendo a dura ausência
Amor sem ter clemência
E nele este ar ingrato
Polui qualquer regato
E gera a penitência
No peito de quem sonha
A lua antes risonha
Agora em trevas feita,
E assim minha alma esquece
Do quanto quis benesse
E solitária, deita.

86

Amigo, na saudade
Do amor que tanto eu quis
E tive por um triz
Qual fosse realidade,
O tempo já degrade
E gera este infeliz
E tento em cicatriz
Viver felicidade,
Mas quando ela se ausenta
A vida em tal tormenta
Jamais consigo além
Deste horizonte baço
E nele nada traço
E dele nada vem.

87

Por certo não consigo
Sem ter alguém por perto
Viver neste deserto
E nele em desabrigo,
Queria estar contigo,
Mas quando enfim desperto
E vejo o rumo incerto
E nele este perigo,
A sorte não se crê
E tudo sem por que
Jamais tece esperança,
Mas quando amor se trama
E nisto acende a chama,
Eu vejo a confiança.

88

Na minha insegurança
O passo segue em falso
Preparo o cadafalso
Aonde a vida lança
Quem tenta e não alcança
Sabendo este percalço
As ilusões descalço
A vida não se amansa,
E o tempo de sonhar
O canto a me roçar
O verso se aflorando
No peito de quem tenta
Sabendo ser sangrenta
A vida em contrabando.

89


Ficando mais alheio
Ao fato de saber
O quanto em desprazer
A vida segue um veio
E tanto se receio
Ou mesmo busco ter
No bem de ainda ver
O amor que ora rodeio.
Vencer em mansidão
As horas que virão
E nelas ter comigo
O todo e já persigo
Ausente solidão
Em ti, suave abrigo.

90

As duras tempestades
Imensos vendavais
E neles muito mais
Do quanto tanto agrades
Percebo estas verdades
Que sei serem venais
E os dias num jamais
Aonde além tu brades.
Mas quando estou em ti
O mundo concebi
Diverso e em luz tranquila
Minha alma transparece
E o sonho então se tece
No amor que em paz desfila.

91

Talvez sejam mordazes
Os dias quando a sorte
Não tendo algum aporte
Diversa da que trazes
Pressente mais tenazes
As dores, busco a morte
E sei de cada corte
E tu jamais comprazes.
Mas quero até sentir
O amor como elixir
Que sane em panacéia,
A vida noutro rumo
E quando além me escumo
A sorte segue atéia.

92

Agora, como irei
Viver sem ter aqui
Quem sei que já perdi
Ausente noutra grei,
O amor que desejei
Desenho presumi
E quando estava em ti
O canto eu mergulhei,
Mas hoje noutra face
A vida não mais trace
Senão esta incerteza
Gerando o que pudera
Ainda viva a fera
Marcando com dureza.

93

Terei quiçá u’a luz
Que possa me trazer
O bom e bel prazer
Aonde reproduz
A imagem onde eu pus
O tanto do querer
E nada a se saber
Somente a contraluz,
E audaciosamente
A vida se pressente
Em tez suave quando
O amor ditando regras
E nele tu me entregas
O coração mais brando.

94

Estrela dessa sorte
Aonde te escondeste?
O quanto percebeste
Em mim do imenso corte,
Tomando enfim meu norte
Aos poucos concebeste
Um mundo senão este
Que tanto me conforte,
Gerando após a queda
No quanto o rumo veda
Apenas solidão,
Mas vejo uma esperança
No amor que agora alcança,
É chuva de verão?

95

Quando da vida amigo
Eu aprendi a ter
No olhar de um bem querer
O quanto em paz persigo,
E tanto assim prossigo
Nas ânsias a beber
Em goles o prazer
Ou mesmo algum castigo,
Reinando sobre o passo
O mundo noutro traço
Vagando sem destino,
Mas quando enamorado
O tempo ora nublado
Tornando cristalino.

96

Sozinho estou perdendo
O rumo desta vida
E não vejo saída
Aos poucos me vertendo
Num mar de solidão
Deveras sem futuro
O quanto já procuro
Em vaga direção,
Amor jamais pudera
Sentir o seu perfume
E sendo assim se esfume
E gere esta quimera,
Mas resta uma esperança
E nela a sorte lança.

97

Pelas noites vazias
O quanto procurava
E nada se encontrava
Aonde não havias
E tendo estas sombrias
Manhãs, uma alma escrava
No tanto onde se trava
Marcando os duros dias,
Mas quando amor regesse
O mundo e então bebesse
A sorte noutra face,
A paz, a vida a glória
Mudando a minha história
Por onde o sonho grasse.

98

Talvez quem sabe ainda
O tanto que se quer
Além deste qualquer
Caminho onde deslinda
A vida e nada brinda
Senão quando vier
O olhar desta mulher
Deveras rara e linda.
O manto se tecendo
Em paz e em estupendo
Caminho para o farto,
Assim ao me entregar
Sem nada perguntar
Ao grande sonho eu parto.

99

E viva nessa vida
O tempo aonde o tanto
Pudesse por encanto
Reger nova saída
E sei da sorte urdida
E nisto eu não me espanto
E quero em novo canto
A sorte presumida
No fato de sonhar
E nele acreditar
Quem sabe possa então
Vencer os meus temores
E tendo enfim amores
Os dias mudarão?

100

Bem sabes que te adoro
E nada mais além
Do todo onde contém
O encanto aonde afloro
O rumo já decoro
E sei dele tão bem,
Assim quem sabe vem
O dia quando ancoro
O sonho neste cais
Em atos magistrais
Ferrenha fantasia,
Gerando outra emoção
E nela a direção
Traçando o novo dia.

101

Ávido de teus olhos
Buscara no jardim
Que tento dentro em mim
Cevar entre os abrolhos,
Mas nada no horizonte
Senão a tez brumosa
Da tarde caprichosa
Aonde não desponte
O sol que tanto quero
Ou mesmo até um dia
O tempo mudaria
E nele menos fero
O rumo em paz pudesse
Quem sabe? Amor merece.

102

A vida, sem te ter
Não tem qualquer valia
E assim não poderia
Saber de algum prazer
Quem tenta e pode ver
Ainda em agonia
O quanto em fantasia
O mundo a se perder,
Brandindo a minha voz
E nela este feroz
Delírio não contenta,
A sorte é caprichosa
E tanto traz a rosa
Quanto esta tez sangrenta.

103

Aumentam minhas dores
Nos sonhos mais cruéis
E bebo destes féis
E neles desamores,
Aonde tu te pores
Ali os meus papéis
E os sonhos, carrosséis
Girando aonde opores
Na paz que sei sublime
O amor quando redime
Permite acreditar
No dia mais suave,
Mas quando a dor agrave
Mais nada a se mostrar.

104

Mas sei que nada disso
Talvez seja o começo
Do quanto até mereço
E sei quando cobiço
A vida neste viço
O risco em tal tropeço,
O amor sem endereço
O solo movediço,
O risco de sonhar
Navego em tal luar
Distante do que tanto
Pudesse ainda haver
Nas ânsias do querer
No sonho que ora canto.

105

O fim do nosso caso
O tempo determina
E sei quanto fascina
O amor sem ter ocaso,
Mas sei também que o prazo
Aos poucos já termina
E quando atroz a mina
O risco não comprazo,
Viver assim, jamais;
O sonho em vendavais
Diversos furacões
Marcando a ferro e fogo
Trazendo em ledo rogo
Dispersas dimensões.

106

Pois sei que está escrito
Nas tantas farsas quando
O amor se aproximando
E nisto eu acredito,
Vagando este infinito
E aos poucos se entornando
Aonde quis mais brando
Agora em tom aflito,
Resumo a minha ausência
Na dor e na imprudência
De um passo sem destino,
E quando em tal percalço
Nem mesmo o encanto eu alço
Ao fim me determino.

107

O mundo não será
Da forma que eu quisera
Sabendo da quimera
E colho desde já
O nada que fará
A vida em primavera
Assim a atroz espera
De nada valerá,
O medo se apresenta
E gera outra tormenta
Aonde quis a paz,
O todo não se vendo
O amor, mero remendo
O sonho já desfaz.

108


Amores que nasceram
Nos olhos da promessa
O nada se confessa
E nada mereceram,
Assim ledos morreram
E o canto recomeça
No entanto já tropeça
Aonde eles perderam
O rumo e sei que disto
A cada vez que insisto
Lutar contra a verdade
A sombra toma tudo,
Porém no amor me iludo
Embora a ausência brade.

109

Superam com certeza
O tanto que não quero
E tendo mais sincero
O rumo onde a surpresa
Gerando esta incerteza
E nela me tempero
O manto mais austero
Dos sonhos dita a presa,
O rumo não conheço
Amor sem endereço
Seguindo sempre ao léu,
Assim também desfaço
O canto quando passo
Além de todo o mel.

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