sexta-feira, 9 de julho de 2010

40814 até 40911

614


Nas ondas em que trago
O mar dentro de mim
Aonde quer enfim
O quanto além alago
O amor bebendo um trago
Do raro e doce gim
E nele o carmesim
Dos lábios onde afago
O gozo mais sutil
O sonho onde se viu
Além do próprio olhar,
Vislumbro esta presença
Aonde mais que crença
Eu aprendi a amar.

615

Esqueço que jamais
Eu pude em minha vida
Sentir a presumida
Vontade em magistrais
Caminhos onde iguais
Sabendo da saída
Dividem cada lida
Em ritos sensuais.
Assim ao me encontrar
Nas ânsias deste amar
Eu pude então saber
Do quanto, finalmente
Em nós já se apresente
O doce e bom prazer.


616

De tudo que sonhei
Porquanto andara só
A vida trouxe o pó
De alheia e tenra grei,
Assim eu percebi
Do quanto sou capaz
No amor firme e tenaz
O tanto existe em ti,
E sigo cada passo
Além do meu anseio
E quando eu devaneio
Pensando no que faço
Encontro a solução
Nos ermos da paixão.

617


Sentimento do tempo
Além de um certo instante
O amor tanto constante
Enquanto em contratempo
Vagando sem destino
Nos tantos deste senso
E quando em ti eu penso
Decerto eu me alucino,
Mas logo se desvenda
A sorte mais venal
Num rito desigual
Amor jamais atenda
Às ânsias de quem tenta
Vencer fúria sedenta.

618


Vivendo sem temer
As tramas da ilusão
Os dias não trarão
Talvez tanto prazer,
Mas quando perceber
Tocado em sedução
A mesma direção
Que tento em ti saber,
Quem sabe eu possa além
Enquanto este amor vem
Domina o meu caminho,
E jamais quis alguém
Conforme sei tão bem
Do quanto em ti me alinho.

619

Que a vida, com certeza
Já sabe dos meus passos
E vence meus cansaços
Com toda a fortaleza
Do amor em mais suave
Caminho percebido
E quando além libido
O coração não trave
O passo rumo ao farto
E neste tanto imenso
Deveras sempre penso
E nunca mais me aparto
Do tanto que te quero
E sou, nisto, sincero.


620


Nas noites em que amores
Ditaram o meu rumo,
Aos poucos se me esfumo
Seguindo aonde fores
Sentindo os teus olores
E neles me perfumo,
O quanto em ti assumo
Além dos meus temores
Os riscos, ritos, sonho
E tanto me proponho
Que nada mais me resta
Somente amar em paz
E nisto sou capaz
De entrar em qualquer fresta.


621

De tudo que passei
Na vida antes de ti
O tanto que sofri
Jamais eu te neguei,
Agora então eu sei
O quanto mereci
E neste instante aqui
Amor ditando a lei,
Arranco cada espinho
E sei que antes sozinho
Agora não mais sou,
Vivendo em harmonia
E nisto mais queria
O amor e nele estou.


622

Agora que meus mares
Já não mais são iguais
Encontro magistrais
Delírios; se os notares
Verás também altares
Em atos divinais
E sempre muito mais
Do quanto perguntares,
Amor ditando o cunho
Da vida sem rascunho
Mergulha no infinito
E trama em sideral
Caminho pelo astral
Que tanto necessito.

623

Recebo teu carinho
E quando me trouxeste
O amor sem ser agreste
E nele fiz meu ninho,
Aonde tão sozinho
Passado e não soubeste
Do quanto se reveste
Em paz o meu caminho,
Porquanto outrora fora
Esta alma sofredora
Cansada da labuta
Agora ao te sentir
Percebe que o porvir
Merece qualquer luta.


624


Mereça ou não mereça
O passo quando vem
E traz consigo alguém
O quanto me enlouqueça
E saiba e me convença
Da imensa maravilha
Por onde amor palmilha
E nesta senda imensa
Intensa claridade
Invade cada olhar
Rumando em raro mar
Na tal felicidade
Vital amor redime
Em ar raro e sublime.


625


Espero te encontrar
Depois de qualquer queda
Aonde o passo seda
E a lua a se notar
Derrama sobre o mar
E nada mais se veda
No quanto já se enreda
A vida em teu sonhar.
Assim constantemente
O amor diz e não mente
O tanto quanto deve
O passo já se atreve
E sabe imensamente
Que a vida é dura e breve.

626


Agora que me sinto
Mais perto de quem ama
A mesma firme chama
E trama neste instinto
O quanto ora me tinto
Ausente qualquer drama
Assim na nossa cama
Vulcão jamais extinto,
Aprendo pouco a pouco
E sei que me treslouco
Nas tramas deste anseio,
E quanto mais me entrego
O amor embora cego
Prossegue sem receio.

627

Percebo que atraquei
Meu barco no teu cais
E nele em teus cristais
Eu tanto mergulhei,
Galgando logo alcei
Momentos magistrais
E sei e quero mais
Da rara e bela grei
Por onde amor se trama
E nisto não há drama,
Somente solução
Vagando sem destino
Em ti me determino
E sei a direção.


628

Espero que tu tenhas
O mesmo quanto eu tive
Depois se não contive
O amor em suas senhas,
Restando aonde venhas
O manso que retive
Sem ter qualquer declive
A sorte aonde empenhas
O dia que virá
A cena mais perfeita
A lua já se deita
E sei que ali ou cá
O amor se satisfaz
Num mundo feito em paz.

629


Assim como um bom dia
Transcende ao próprio sonho
No mundo onde componho
Bem mais que fantasia
O quanto eu poderia
Saber tão mais risonho
O tanto que proponho
E sei também queria,
Vencer os meus receios
E ter comigo os seios
Da bela que se quer,
E o vento em amor tanto
Enquanto me adianto
Procura esta mulher.


630


Que seja um dia pleno
De luz e fantasia
O quanto mais teria
O amor em raro aceno,
E sei que me sereno
Nos braços de quem via
Em mim esta alegria
Num tempo mais ameno,
Outono quase inverno,
Porém o amor eterno
Não deixa que se cale,
A sorte de quem tenta
Vencer qualquer tormenta
Usando um frágil xale.



631


Também eu pude ver
Nos olhos de quem quero
O brilho mais sincero
E nisto perceber
A sorte bem mais perto
Do que pensara outrem
E o tanto quando vem
Também eu me desperto
E singro este oceano
Em beijos e carícias
Sabendo das notícias
E nelas sem o dano
De quem amou demais,
E pensou nunca mais.

632


Que a vida te sorria
E tanto quanto pude
Viver a magnitude
Da plena poesia
Urdindo a fantasia
E nela esta atitude
Por vezes até rude,
Mas nunca hipocrisia.
Eu quero o teu amor
E nisto a te propor
Bem mais que simples fato,
Meu rumo junto ao teu
Meu canto se perdeu
No instante onde em ti ato

633

Que os rios que percorres
Jamais sejam diversos
Dos tantos que meus versos
Aonde tu concorres
Mal sabes e socorres
Em tantos vãos perversos
Olhares quando imersos
Em mim logo transcorres
E vendo este cenário
Porquanto temerário
Caminho fosse há tanto
Agora na verdade
Saber desta unidade
Meu rumo, enfim garanto.


634


Amor não seja só
Um dia ou num momento
Que seja este alimento
E nunca mero pó,
Resumo a minha vida
Na busca por quem vence
E mesmo no non sense
Perceba a presumida
História noutra face
E nisto sem desdém,
Sabendo o que contém
Amor quando ele grasse
Vagando sem destino
Num mundo cristalino.


635


Que teu barco aporte
No mesmo cais e o meu
Encontre este apogeu
Aonde se comporte
O mundo em mesmo norte
E nisto percebeu
O quanto fora teu
O meu caminho e a sorte.
O risco de saber
O canto a perceber
Encanto mais perfeito,
Estás junto comigo
Enquanto te persigo
Até quando me deito.


636

Que nada mais te traga
Além desta certeza
Da vida em tal nobreza
Diversa e rara maga
Vencendo e já se alaga
Em tanta correnteza,
O porte com certeza
Negando a dor e a adaga,
Na gênese do amor
Ao ápice do sonho
Meu mundo já componho
E sei encantador
Delírio que em tropel
Avança e invade o céu.

637

E a vida te inundando
Em êxtases supernos
Momentos sempre ternos
E neles sei do brando
Desejo nos tomando
E nele sem invernos
Os templos são eternos
Aonde se moldando
O bem que nos suprime
E assim amor exprime
Cenário tão magnânimo
O quanto toma este ânimo
E gera iridescente
Delírio onde se o sente.

638


Que o fogo da saudade
Em fráguas nos consuma
Enquanto a vida ruma
Em volta à claridade
Falena em liberdade?
Se a vida nos resuma
Atocaiado puma
Num bote nos degrade,
Amor gera outro amor
E assim num vicioso
Caminho caprichoso
Vencendo algum temor
E neste eterno ciclo
Meu sonho enfim reciclo.

639

Não trague tua vida
Nas ânsias mais atrozes
Ouvindo antigas vozes
E nelas presumida
A história refletida
Além destes algozes
Permita-te que gozes
Da essência pressentida
Num ato em frenesi
E nele estando em ti
Também em mim estás
Sem traços de fronteiras
Que assim além te inteiras
No amor que em amor faz.

640

Que o sol sempre sorria
No olhar mais desejado
Mudando o velho enfado
Traçando um novo dia
Aonde eu beberia
O manto consagrado
Do amor, nosso legado
E nele a paz teria,
Ousando muito mais
Que um dia se pensara
A vida esta seara
Diversa em divinais
Caminhos se transforme
Num paraíso enorme.

641



Persevere no amor
Não deixe que se esvaia
O mundo em turva praia
E o céu perdendo a cor,
Viceje em esplendor
E nisto não mais traia
A sorte onde se espraia
Imenso e bom calor,
No encanto sem limites
Deveras acredites
E tendo esta certeza
O mundo nos guiando
Em passo bem mais brando
Jamais verá tristeza.

642


Saiba que nossos rumos
Convergem vida afora
E quando o amor aflora
As dores, meros fumos
Ausentam-se deveras
E sinto que te ter
É como renascer
Após tantas esperas
Um solitário e hermético
Caminho em minha vida
Até que percebida
Num mundo tão herético
Presença deste amor,
Decerto redentor.

643

Num instante em que a sorte
Mudara plenamente
E o medo em minha mente
Tomando algum suporte
Sem nada que comporte
O senso e ainda tente
Viver tranquilamente
Se, ausente, qualquer norte?
Porém ao ter no olhar
O teu já refletido
A vida faz sentido
O amor já me serena
Fortuna agora plena
Fazendo-se notar.

644


Decerto que eles quando
Chegassem num clarão
Trouxessem solução
E o mundo renovando
Caminho e demonstrando
Após tanto senão
Os rumos que virão
Aos poucos nos domando,
Amores onde outrora
A seca se demora
E nada além do estio,
Redimem este inferno
Em cada verso externo
Tempo onde me recrio.

645


Mudaram tudo que eu
Pensara ser diverso
E quando agora imerso
No mundo onde teceu
A glória e se esqueceu
Do sonho mais diverso
E nele este perverso
Delírio se verteu,
Nas âncoras do sonho
Amor; quero e proponho
Trazendo o ancoradouro
Nos raios onde douro
Um dia mais risonho
Da vida, o mor tesouro.

646


Vinha de tantas dores
Cerzidas pela ausência
E agora em tal clemência
Gerada sem te opores
Nas dádivas de amores
Refaço minha essência
E o tanto em penitência
Esvai-se em grises cores.
No perigeu da vida
A história presumida
Jamais veria a messe,
Agora em apogeu
O rumo se verteu
Cenário em paz se tece.

647



Caminhando sem saber
Se ainda posso um dia
Sentir esta alegria
Quem sabe algum prazer?
O tanto que eu quis crer
No amor aonde havia
Somente a fantasia
Um mar a se perder,
E agora ao ver além
As ânsias deste bem
Percebo ser possível
Vagar em mar imenso
E quando em ti eu penso
O incrível vira crível.

648


Guardava nas lembranças
O olhar de quem há tanto
Vencera o desencanto
E neste mar me lanças
Vertendo em confianças
O que se fora espanto
Assim eu me garanto
Em raras alianças.
Amor em seu buril
Bem mais do que previu
Um sonhador; concebe
Beleza incomparável
Num mundo imaginável
Dourando a velha sebe.


649


A vontade risonha
De ter por um instante
O amor que me adiante
Um mundo onde se sonha
E vendo ao que proponha
Cenário deslumbrante
No olhar, o diamante
A vida; a paz reponha
E um canto outrora triste
Agora se consiste
Num ato de alegria,
E a vida se transforma
No quanto em clara forma
O amor nos moldaria.

650

Os nossos ermos vagos
Os medos do passado,
Caminho desolado
Ruínas, vãos estragos,
E quando agora eu vejo
O renascer no olhar
De quem desejo amar
Em raro e manso ensejo,
Vestindo esta emoção
Em rara transparência
Domina em convivência
Causa transformação
E gera novo templo
Aonde amor, contemplo.

651


Que nada mais havia
Depois do terremoto,
O sonho onde me boto
O mundo em agonia,
Além da fantasia
O gozo mais remoto,
Num canto onde desboto
As cores da alegria,
Ausência de um encanto
A vida onde me espanto
Quebrantos; espalhara,
Mas quando um novo amor
Surgindo num louvor
Reaviva a seara.

652

Buscava nesta vida
Um pouco de esperança
E quando a sorte cansa
Da luta resumida
Em cada despedida
E ao nada já se lança
Enquanto o medo avança
A morte sendo urdida,
Mas vejo renovado
Depois deste passado
O mundo em amor pleno,
Antídoto perfeito
Nas ânsias me deleito
Ao fim em paz sereno.

653


Só tinha uma ilusão
A de saber comigo
O sonho que persigo
E sei da direção
Dos dias e virão
Após cada perigo
O tempo onde consigo
A sorte em viração,
Perpetuando a vera
Beleza em primavera
Quem sabe em amor farto?
Um sonho tão somente?
Só sei que esta semente
Jamais enfim descarto.

654

Agora que encontrei
Depois de tantos danos
A vida em vários planos
Sem norma, regra ou lei
O amor eu poderia
Saber já discernir
A sorte que há de vir
Daquela em agonia,
O manto me recobre
Em pura luz e intensa
Beleza me convença
Do encanto raro e nobre
De amor enaltecido
Num canto enternecido.

655

Pois só nos resta então
Depois do desalento
Um mundo mais atento
E nele a precisão
Do passo nunca em vão,
E assim eu já fomento
Em mim doce provento
Sabendo que estarão
Meus olhos neste olhar
Resumos de uma vida
Porquanto presumida
Nas teias deste amar,
E tendo esta certeza
A vida, sem surpresa.



656

Amor, suavidade
Aonde se perfaz
O quanto em plena paz
Agora a vida invade
Viver felicidade
E ser além audaz
Enquanto satisfaz
Ditando outra verdade
Deveras nos sacia
E gera a fantasia
Por onde se produz
Além da própria história
Os ritos da vitória
Um louro feito em luz.

657

Vencemos as batalhas
Durante a guerra insana
Do amor quando me engana
E o medo quando espalhas,
Nos fios das navalhas
A sorte não se dana
No amor quando se explana
A vida mesmo em falhas,
Realço a todo instante
O canto onde se espante
O medo de um futuro
Gerado em desamor
Se em ti, o sonhador
Em paz eu me asseguro.


658


Porém, o que nos resta
Depois dos desalentos
Vencendo os tantos ventos
Adentro em cada fresta
Do amor onde se atesta
Além dos incrementos
Sobejos movimentos
Aonde a sorte gesta
Um dia mais suave
E sem o quanto agrave
O passo segue firme,
No encanto deste passo,
Desejo em paz eu traço
No amor que o reafirme.

659


Em meio a tão distantes
Anseios, medos dores
Além do que propores
Iremos radiantes
Buscar os diamantes
Porquanto em tais amores
Cultivas raras flores
E nelas me adiantes
Jardim em tal beleza
E nisto esta leveza
Gerada pelo fato
De termos a certeza
Do rito onde a nobreza
De um sonho onde eu já me ato.

660

Aurora das promessas
Resplandecente céu
E sigo sob o véu
Aonde tu professas
E tramas, e confessas
Num mundo antes cruel
O amor, sacro papel
E nele me endereças,
Regidos pelos sonhos
Deveras mais risonhos
Encontramos fortuna,
Que possa nos guiar
Nas ânsias deste amar
Que sempre em paz nos una.


661

Apenas essas nuvens
Não bastam para tanto
Ainda em vivo encanto
Deveras quando vens
E sabes destes bens
Do amor onde eu garanto
O dia e agora canto
Sem medo dos desdéns.
Versando sobre o rumo
Do gozo que ora assumo
E sem ter mais os medos
Do outrora vagabundo
Enquanto me aprofundo
Em ermos sonhos ledos.

662


Amiga, não permita
Que o tempo nos destrua
A vida nua e crua
Deveras é maldita,
Porém se a nossa dita
Em almas já flutua
E tece e continua
No amor que necessita
Presumo nova luz
E nela se produz
Apenas mansidão,
Decerto o sonho trama
Além da mera chama
Inteiro este verão.

663


Acabe duma vez
O medo que deveras
Há tantas vagas eras
O amor hoje desfez,
Talvez insensatez
Exposto às ânsias feras
Além do que inda esperas
Ou mesmo além não vês,
Redimo-me dos erros
E sei dos meus desterros
Na inglória vida aonde
O sonho não responde,
Mas quando amor se faz,
Meu mundo verte em paz.

664

Navegávamos mares
Diversos do real
No sonho desigual
Aonde tu tramares
Delírios e lugares
Num ato irracional
Ou mesmo sensual
Caminho onde sonhares,
Agora em ti pressinto
O quanto outrora extinto
Refeito em pleno amor,
Restituindo assim
O rumo e até o fim
O encanto redentor.


665

Procurando somente
Um cais aonde eu possa
Juntar o que se apossa
Do corpo e desta mente
O quanto já fomente
A vida sendo nossa
Deveras nega a fossa
E trama esta semente,
No amor em claridade
Deveras qualidade
Em ares transparentes
Os dias mais sombrios?
Apenas desvarios
Diversos do que sentes.

666


As ondas; reconheço
Deveras inconstantes
Assim também adiantes
O mundo em adereço
Diverso do começo
E nele em tais brilhantes
Momentos; agigantes
Depois vem o tropeço.
Reajo e te proponho
Além do mero sonho,
Um novo amanhecer,
Mas logo se refaz
A história tão mordaz
No amor não há prazer?

667


Agora sem amor
O que fazer da vida?
A noite já perdida
O farto dissabor,
Altar que sem andor
A sorte consumida
Ruína presumida
Noite sem refletor.
Pressinto o ledo fim
E sei que sendo assim
Já não suportaria,
Mas quando amor se trama
Reavivando a trama
Da noite vejo o dia.

668

Eu quero simplesmente
Seguir o meu destino
Aonde me fascino
Ou mesmo sou descrente
No quanto se apresente
O fato eu determino
Se ainda sei do ensino
Da vida quando mente.
Restauro vez em quando
A tela revelando
Belezas mais sutis,
E tento renovar
O amor que a cada olhar
Revela outro matiz.

669


Doce amor, o que faço?
Por quantas vezes vira
No olhar farta mentira
Verdade? Nem um traço.
Assim perdendo o espaço
Rompendo cada tira
O amor agora atira
Ao mundo amargo e lasso,
Cansado dos percalços
Os velhos cadafalsos
Masmorras da esperança,
Quem sabe em novo amor
Mesmo no meu sol-pôr?
O olhar além se lança...


684

Ilustre amor que leva
O olhar além do quanto
Pudesse e te garanto
Traçar em rara ceva
Vencendo qualquer treva
Ou mesmo algum quebranto
É quando eu sei; portanto
O amor em rara leva.
Presumo a divindade
E tendo esta verdade
Em luzes fascinantes,
O quanto mais desejo
Do amor raro e sobejo
Lapida diamantes.

685


De ser, por certo, algoz
De quem se fez bastante
E nisto a cada instante
Ouvindo a sua voz,
Amor se é tanto atroz
E trama um degradante
Caminho onde se espante
E negue um rumo e foz,
Eu tento e não prossigo
O vento mais amigo
Talvez me trague além
No olhar de um novo sonho,
Um canto onde reponho
O amor que me contém.

686


Paisagem se desbota
No olhar de quem procura
Vencer a noite escura
E ali precede a rota
Por onde se presume
Desenho onde redima
E numa nova estima
Alcança enfim o cume,
Preservo dentro em mim
O sonho onde sacio
E sei do desafio
E nele sei que enfim
Pudesse num amor
Traçar novo sabor.

687



Não deixe mais romper
O encanto que nos une,
E quando a vida pune
Trazendo o desprazer
Quem fora outrora imune
Já pode perceber
Nas tramas do querer
A fúria que desune.
Viceje a cada dia
O amor que poderia
E deve ser regado
Com toda a mansidão
E nele se verão
Benesses de um legado.


688


De tantos esquecidos
Cenários de uma vida
Há tanto presumida
Em vários vãos sentidos,
Pretensos doloridos
Desejos onde acida
A sorte em despedida,
O mundo em seus olvidos.
Mas quando esta regência
Do amor toma a clemência
E doma a insanidade
Presume-se afinal
Um dia magistral
E a messe em paz invade.

689


Também nosso contrato
Ou mesmo a vã promessa
No quanto já tropeça
E nisto me maltrato
O dia mais ingrato
O corte, a vaga pressa
O risco se endereça
E seca este regato,
Masmorra da esperança
O amor quando se cansa
Desvelos revelados,
Velados abandonos,
Dos sonhos somos donos?
Somente escravizados...

690


Passado que vivemos
Em tantas turbulências
E neles indulgências
Deveras recebemos,
Mas quando se porfia
E tenta na batalha
A lua que se espalha
E traça em alegria
Ao burilar assim
Cenário em multicor
Nos termos de um amor
O mundo não tem fim,
Esparsos caminhares
Uníssonos cantares...

691

Pois saiba que carinho
Não traz qualquer problema
No amor nada se tema
Sequer qualquer espinho,
O quanto fui sozinho
E a vida sem algema
No traço de um poema
O gozo de outro vinho,
Mas vejo em ti a adega
Onde este amor navega
Inebriadamente
E o tanto que mais quis
Contigo ser feliz
Jamais ninguém desmente.


692


Amada; sem amor
A vida perde a via
E tudo o que inda havia
Já não presume a cor,
O risco em dissabor
O tempo em ironia
É tanta hipocrisia
E turvo algum labor,
Mas tendo em nós o brilho
Do sonho onde palmilho
Meu canto em tom maior,
A sorte se transforma
E nesta nova forma
Um mundo bem melhor.

693


Dos campos e batalhas
A vida se presume
No canto que se esfume
Na dor aonde espalhas
Os cortes as mortalhas
A ausência de perfume
A frágua sem ardume,
Cenário que estraçalhas.
Vivendo amante sonho
Um novo eu recomponho
E tento a mais bendita
Sublime maravilha
Aonde o sonho trilha
Na paz já se acredita.


694


Saltando dos amores
Já não mais haveria
O quanto em fantasia
Trouxesse redentores
Delírios entre flores
Matando a poesia,
Total desarmonia
Por onde além tu fores.
Verás, porém no amor
A sorte mais sobeja
O quanto se azuleja
Um céu em mansa cor,
O verso que acalante
Seguindo doravante.


695

Despencam nossos sonhos
Se as asas são de cera
O quanto percebera
Em ares tão medonhos
Diversos e bisonhos
Caminhos. Perecera
A sorte se rompera
Jamais dias risonhos.
Mas quando renovado
Este ar já desolado
Eu posso até sentir
Na essência de uma vida
A lua prometida
Raiando no porvir.

696

A glória de viver
O que se mais pretende
No quanto amor atende
Ao todo deste ser,
Pudesse então assim
Vestir esta emoção
E nela a dimensão
Do amor que existe em mim,
Resido neste fato
E quando me concedo
Sabendo desde cedo
Aonde me retrato,
Adentro a eternidade
Num mar em liberdade.

697

Por certo despetala
A primavera inteira
O amor sem verdadeira
Razão, a alma vassala,
O tanto que se cala
Resumo onde não queira
A história, derradeira
Negando qualquer gala.
Pretensa maravilha
Somente o amor polvilha
E gera a florescência
O pólen deste sonho
No canto em que componho
Da vida é maga essência.

698

Lembranças desta glória
De um tempo aonde amor
Vencera o vencedor
Mudando a nossa história
O quanto fora outrora
Apenas mansidão
Em rara dimensão
Agora nos devora,
O manto se puindo
O tempo destroçando
E sei que desde quando
O mundo que era infindo
Mudando a sua face
A solidão já grasse.

699


Em mantos que emprestamos
Aos sonhos vez em quando
O todo transformando
Marcando o que pensamos
Com ledos, velhos ramos
E neles se traçando
Um dia após, tomando
O quanto desejamos.
Resumos desta vida
E nela percebida
A queda após o tanto,
Mas quando renovar-se
Amor sem mais disfarce
Gerando um raro encanto.


700

Sentindo que d’amores
Jamais se verá medo
E quando além concedo
Sabendo destas cores
E nelas minhas flores
Deveras no segredo
De um tempo em raro enredo
Que além também compores.
Terás o privilégio
Do amor tão nobre e régio
Gestando um raro alento
E nesta luz sublime
O quanto nos redime
Amor em provimento.

701

A noite nos invade
Enquanto solitários
E os dias temerários
Na dura falsidade
Falta tranqüilidade
E os sonhos são corsários
Vagando em adversários
Delírios, o degrade.
Restaurações somente
No amor que se apresente
E mude esta paisagem
Porquanto ser feliz
É tudo o quanto eu quis
Vislumbro tal visagem.

702

O frio que comanda
A vida de quem só
Desenha o próprio pó
Negando esta demanda
Do coração que sente
Apenas o vazio
E quando o desafio
Mostrado plenamente
O risco de sonhar
Talvez maltrate tanto,
Porém eu me agiganto
Enquanto posso amar,
Desfaço o velho enredo
E à paz eu me concedo.

703

O peito que abrasado
Por tanta inconsistência
Gerando esta inclemência
De um dia abandonado,
Mas quando sem enfado
Eu tento em persistência
Viver a florescência
De um raro e belo prado
No amor que me transforme
O quanto fui disforme
Agora já não vejo
No olhar vivo horizonte
Aonde em paz desponte
As tramas do desejo.

704


De tanto que escutei
A voz da consciência
A vida em penitência
Negara a santa grei
Do amor e imaginei
Apenas a inclemência
O canto em decadência
A dor gerando a lei.
Um dia até quem sabe
O mal decerto acabe
E trace novo rumo
No qual eu me perceba
Além do que receba
Num sonho onde me aprumo.


705

Depois de tanto tempo
Vagando em noite vã
Ausência de manhã
O mundo em contratempo
Resumos deste fado
Porquanto no infinito
O sonho mais bonito
Jamais fora traçado.
Rescaldo em desencanto
E tento e me renego
O quanto fora cego
O mundo em dor e pranto,
No amor que se aproxima
A vida em nova estima.

706

Não deixe que me entregue
O marco em vário tom
Marcando o que era bom
E agora se renegue,
A vida eu sei prossegue
E nisto tenho o dom
Do pálido neon
Que tanto até me cegue,
Mas vasta maravilha
Somente se palmilha
Nas tramas deste amante
Caminho onde percebo
Não mero e vão placebo,
Mas sim um diamante.

707

Pois saiba que ironia
Jamais moldara a messe
Que tanto já se tece
Na luz do dia a dia
A sorte não se adia
E tanto recomece
Enquanto se enderece
Em paz e poesia.
No amor que se mostrara
Além desta seara
O brilho incandescente
E nesta sorte imensa
O amor sempre compensa
O todo que se sente.


708

O mundo se desanca
E traz em dor, fastio
O quanto desafio
O todo já desbanca,
A sorte outrora manca
O risco em que desfio
O passo noutro estio
Se a vida nos espanca,
Vilezas são comuns
E sei que mesmo alguns
Amores são assim,
Mas quando verdadeiro
O rumo traiçoeiro
No início tem seu fim.

709

E amor vai se mudando
Conforme o tempo passa,
A vida dita a traça
Também e desde quando
O corte se notando
Além desta fumaça
Porquanto nos embaça
O verso denotando
Promessa em nova trilha
Do amor que compartilha
E molda nova senda,
Aonde o quanto quer
Sabendo-se qualquer
Desejo já se atenda.

710


Quem logra seu passado
Em dores tão somente
Renega este semente
Em aridez seu prado,
O manto desbotado
E nele se apresente
O quanto violente
O mundo lado a lado,
Alado pensamento
Deveras me alimento
Nas teias deste encanto
Do amor que nos reforma
Em bela e clara forma
Aonde eu me agiganto.


711


Ao pântano das dores
Terrível charqueada
Aonde desolada
Percebo se não fores
Aquém das vastas cores
Prenúncios de alvorada
Há tanto anunciada
Em belas, fartas flores,
Mas primavera morta
No amor quando se aborta
A imensa majestade,
O cardo toma o campo,
A lua; um pirilampo,
E a cena se degrade.

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