sábado, 10 de julho de 2010

40912 até 41009

712

Nas águas mais profundas
Dos sonhos onde adentro
O amor quando no centro
E dele tu me inundas
Perpetuando a sorte
Que tanto nos conceda
E trace esta vereda
Aonde nos suporte
O canto em harmonia
A glória de se ver
A vida em bel prazer
No quanto poderia
Traçar quem sabe a luz
Na qual o amor reluz.

713


Abismos e penhascos
Que a vida nos prepara
Talvez não seja clara
Se é feita em medos, ascos,
Não quero crer fiascos
Aonde se escancara
A sorte semeara
Além de frágeis frascos,
O amor com consistência
Transforma em sua essência
A vida e nos conforta,
Abrindo mansamente
O olhar já se apresente
Além de qualquer porta.

714


Recebo sem temer
O vasto deste sonho
Aonde me componho
E posso me rever
Nas tramas do querer
Por vezes mais risonho
Caminho onde proponho
Um claro alvorecer,
Albores dentro em mim
Traçando este jardim
E nele se redime
A sorte com promessas
Aonde recomeças
Amor claro e sublime.

715


De todas essas dores
Que a vida nos trouxera
A imensa e vã quimera
E nela os dissabores
Além do que te opores
Ou mesmo a imensa fera
O tanto desespera
E muda as várias cores,
Amor quem sabe possa
Traçar a sorte e a nossa
Semente então granule
E gere novo tempo
Aonde; em paz contemplo
O medo que se anule.

716


Amando e ser amado
Num mar de imensidão
Gerando a solução
Deixando além nublado
Caminho desenhado
Na tola ingratidão
Certezas moldarão
Um novo e claro Fado,
As tramas deste anseio
No quanto além rodeio
Falena em volta à luz,
Cenário iridescente
O amor nos apresente
Enquanto nos seduz.


717


Amargo a solidão
De quem se fez e agora
O tempo já devora
O que fora estação
Resumo desde então
Na voz que já me ancora
O prazo sem demora
Das messes que virão
Cinzelando esta cena
Aonde amor serena
E torna mais suave
O passo em liberdade
De quem sabe a verdade
Num peito feito em ave.

718

Depois de tantas lutas
Em ênfase reparo
O tempo bem mais claro
E nele não relutas
E sabes das astutas
Loucuras e declaro
O quanto mais amparo
O passo em tais permutas,
Não vendo outro caminho
Senão amor, aninho
Meu canto eu teu regaço
E o tanto que talvez
Já não percebes, vês
No amor ora refaço.

719


Aguardo sem rancores
Os dias mais perfeitos
E sei que sendo aceitos
Os templos onde pores
O olhar e tendo assim
Certeza mais dileta
Do quanto nos repleta
Amor que sei sem fim,
Presumo novo dia
Porquanto no passado
O tempo amargurado
A tudo já regia,
Porém primaveril
Meu coração te viu.

720


Achego meu amor
E trago em tom suave
O quanto não se agrave
O passo em dissabor,
Concebo um raro albor
E nisto não se entrave
A sorte que desbrave
Rincão em vária cor,
Aprendo e já perplexo
Olhando o meu reflexo
No olhar que me sacia,
Resido no teu eu
O meu que se perdeu
Em rara fantasia.


721

E vindo deste cais
Saveiro da esperança
No mar quando se lança
Em meio aos temporais,
E sabe em divinais
Delírios o que alcança
E tendo a confiança
Em dias magistrais
Revelo em vela e barco
O quanto ora me abarco
Nas sendas tão melíferas
Fortunas que me trazes
Já não conhecem fases,
Deveras são prolíferas.

722


Vencido pelos ventos
Que tanto me açodaram
Os dias já passaram
Em tantos desalentos,
Mas quanto aos que virão
Eu vejo a face exposta
De quem sabe a resposta
E trama a direção
Por onde poderia
Seguir a vida inteira
E nega a traiçoeira
Noção de calmaria,
Amor quando eruptivo
Fazendo-me um cativo.


723


Que vale todo inverno
Nevascas/solidão
E nelas se farão
Bem mais que mero inferno,
Assim já não me externo
Na falsa divisão
E bebo desde então
O manso onde mais terno
Caminho se desvenda
E gera nesta senda
Cenário sem igual,
Meu canto em ressonância
O teu em concordância
No amor consensual.

724


Verás que nada mais
Do quanto desejaste
Transforma qualquer haste
E enfrenta os temporais,
Resumo em divinais
Delírios sem desgaste
O todo que notaste
Em dias informais,
Meus versos e teus passos
Deveras mesmos traços
Do amor que se espelhara
Na face mais gentil
Aonde se previu
A noite bela e rara.

725

Nos vales da saudade
O olhar tão carinhoso
De quem por pedregoso
Caminho não degrade,
Permite a saciedade
E nela um raro gozo
De um tempo majestoso
Que agora nos invade,
Amar e ter certeza
Do rio em correnteza
Macia e sem cascatas,
Assim a nossa vida,
Deveras presumida
Sem erros nem bravatas.


726

Sonho que, soberano
Transforma a minha vida
E quando além urdida
A sorte sem o dano
Porquanto se eu me engano
E perco esta saída
Amor em presumida
Verdade muda o plano,
Restaura e me permite
Além de algum limite
Seguir em plenitude,
No quanto se transcorra
Dos medos me socorra
Deveras tudo mude.

727

Durando minha vida
Promessa deste sonho
Aonde recomponho
A sorte já perdida,
Quem sabe e não duvida
Do quanto é mais risonho
O mundo onde proponho
Amor que dá guarida
A quem se fez sozinho
Durante o descaminho
Presume novo trilho
E nele me aprofundo
Vagando pelo mundo
Se amor eu compartilho.

728


Espero que vagueie
O coração além
Do quanto me contém
E nunca mais refreie
Vontade de seguir
Por onde se desvenda
O todo sem emenda
E gere este elixir
Que tanto abençoado
Presume a solução
E trama a direção
Do amor em manso Fado,
Resplandecente luz
Que farta nos seduz.

729


Em toda imensidão
Do amor que se promete
Ao quanto me arremete
Causa transformação
Ao som de um violão
O canto não repete
E assim aqui reflete
A vasta imensidão.
Não posso reprimir
Vontade de seguir
Além do quanto vejo,
O amor se presumindo
Num ato nobre e lindo
Num raro e caro ensejo.

730


Na grota das esperas
Ausência de alegria
E quando poderia
Imerso em meio às feras,
Mas logo regeneras
Caminho aonde havia
Além da fantasia
Sublimes primaveras,
Assídua maravilha
Por onde se polvilha
Um mágico perfume,
E nele e só por ser
Assim o meu prazer
Decerto ali se rume.

731


Revivo cada gota
Do mar que me trouxeste
Embora a vida agreste
Por vezes seja rota,
O canto nos transcende
E tudo se redime,
Num ato mais sublime
O amor agora estende
Seus braços benfazejos
E trama em raro apoio
A sorte deste arroio
Imerso em meus desejos,
Ao mar gigante foz
O brilho vivo em nós.

732

Que parco, sem saber,
Já fora o meu anseio,
Porém amor se veio
Transcende ao bom prazer
E dita em bem querer
O rumo sem rodeio,
Vagando em devaneio
No fundo do meu ser,
O mar que se aproxima
O tempo em manso clima
Cenário abençoado
E nele se presume
A vida em auge e cume
Um dia iluminado.

733

Desaba e já desanca
O mundo em ribanceira
A vida não se esgueira
E nisto boto banca,
O preço que se cobra
No tempo já perdido
E o passo resumido
No amor onde esta sobra
Traduz felicidade
Ou mesmo rumo em paz,
O quanto já se faz
E nada desagrade
A quem se dera tanto
E nisto ora me encanto.


734


Mostrando os velhos dentes
Pantera solidão
Transmite a sensação
Dos dias inclementes,
Mas logo após se tentes
Vencer sem aversão
Os dias te trarão
O amor que logo sentes
E vês assim o mundo
Deveras mais profundo
Em clara calmaria
O riso perpetua
E bebe inteira a lua
E nela se irradia.

735


A corda que prendia
Funâmbulo caminho
E quando ali me alinho
Gestando esta alegria
Que tanto permitia
Além do próprio vinho
Um tempo onde o daninho
Jamais recriaria.
Escuto a voz do vento
E quando ali eu tento
Seguir os passos teus,
Os dias sem adeus
O manto se traçando
No amor suave e brando.

736


As garras que me cravas
Sangrias prometidas
E nelas pressentidas
Além das duras lavas,
As sortes que desbravas
E geras novas vidas
Nas tantas repartidas
Aonde vira escravas
E agora libertário
Delírio necessário
Nos antros deste amor,
Que mexe assim comigo
E nele já persigo
O céu em pleno ardor.

737

Apenas nossas mágoas
Depuram o terror
Do farto desamor
Negando suas fráguas
E quando em turvas águas
O mundo em dissabor
Matando sem compor
Além de onde deságuas
Verás a tez sombria
Do amor que se perdia
Nas teias da ilusão,
Mas quando esta quimera
A sorte regenera
Ganhando a imensidão.


738



Eu vejo teu sorriso
No olhar já refletindo
Um dia onde deslindo
Decerto o Paraíso
E o passo mais preciso
Nem sempre quando o brindo
Ou mesmo ora se abrindo
Além do mero siso.
Loucura necessária
A quem a procelária
Atormentara tanto,
Vencer este quebranto
E ter novo futuro
No amor, eu te asseguro.


739


Nas horas que vivemos
Depois de tantos medos
Os dias velhos, ledos
E neles sem os remos,
Aos poucos percebemos
Deveras os segredos
E quando em tais enredos
Em dores envolvemos,
Quem sabe a sorte venha
E mude toda a senha
Permita que se encontre
Ou nada desencontre
No rumo onde presumo
O amor em raro sumo.


740


Todo contentamento
Transcorre em mar tranqüilo
Enquanto amor perfilo
E bebo o manso vento,
Deveras sempre atento
Ao quanto mais destilo
O mundo noutro estilo,
Em paz, agora eu tento.
Vencer os velhos danos
Mudando sempre os planos
E tendo a dimensão
Exata deste amor
E nele se propor
Sem medo ou divisão.


741



Embora não saibamos
Contar cada detalhe
Do amor quando se falhe
E nele torpes ramos
Deveras desfrutamos
A sorte em tal encalhe
E nada mais batalhe
Além do que buscamos,
A própria fantasia
Decerto não sacia
Exige muito além,
Assim ao se sentir
No amor mero porvir
A vida nunca vem.



742


A noite que se vai
Imersa em solidão
Aos poucos mostrarão
Olhares onde trai
A vida em tal vacância
Não sabe mais sequer
O gosto que se quer
Com toda esta distância
E nela se resume
O manto já puído
A sorte em tal ruído
Não vê mais rumo ou cume,
Porém amor refaça
O quanto rói tal traça.


743


Procuro a poesia
Nos ermos de minha alma
A sorte não me acalma
Enquanto não traria
O tanto que podia
E assim sem ver a palma
O quanto gera o trauma
E mata em agonia.
Mas tenho esta certeza
Do mundo onde a leveza
Presume um novo encanto,
E a cada canto sigo
O amor que sei amigo
E nele me agiganto.


744


Vencido pelas dores
De antigos e diversos
Caminhos onde imersos
Delírios matam flores,
Resumo em tais ardores
As ânsias dos meus versos
E sei quanto perversos
Os vários dissabores,
Amor já não se vendo
A vida sem adendo
Remendo da esperança,
Mas quando reavivo
O amor imperativo
Ao todo já nos lança.


745


Que mentem; mas não deixam
As sobras sobre a mesa
A vida em tal surpresa
E nela já se queixam
Quem tanto desejara
A sorte mais suave,
O peito feito em ave
Desvenda esta seara
E libertário sonha
Porquanto tanto quis
Um dia ser feliz
E a dita é tão medonha,
Amor que nos salvasse,
Apenas mero impasse...


746


Transportam nestas asas
Os sonhos mais audazes
E além sempre me trazes
O quanto ali abrasas
Vagando sobre as casas
A lua em suas fases
E nelas os tenazes
Delírios; não embasas.
Somente o grão não basta
Repare a senda gasta
E o solo em aridez,
Mas quando se adubando
No amor se preparando
Colheita plena vês.


747



Em vôos vou procurando
Um dia após a queda
O quanto já me seda
E torne agora brando
Caminho aonde quando
A sorte o rumo veda
No vago enfim se enreda
E trama um ar nefando.
Mas vejo; sobretudo
O amor e não me iludo,
Sacio esta vontade
De ter a claridade
E nesta liberdade
Aos poucos me transmudo.


748

Amor em ser cruel
Jamais traria a paz
E quando mais mordaz
Deveras nega o céu
E risca este papel
Mostrando ser tenaz
A dor que já nos traz
Decerto o rumo ao léu.
Insaciavelmente
O canto se apresente
Na busca pelo afeto,
Assim ao me mostrar
Além de qualquer mar,
No amar eu me completo.


749


Permite tantas lutas
A vida em dores fartas
E quando além tu partas
As ânsias sempre brutas
E nelas as astutas
Batutas; já descartas
E quando enfim repartas
Deveras as permutas
Presumem outro ganho
No amor que sei tamanho
Superna maravilha,
Cigano coração
Nas ânsias do verão
A lua em paz polvilha.

750


Querendo conquistar
Ao menos um recanto
Por certo se eu te canto
Teimando em procurar
Nos ermos do luar
Algum suave manto
E nele me agiganto
Cansado de lutar,
O risco além da queda
A sorte já se enreda
Nos passos rumo ao farto,
E quando em amor pleno
Decerto me sereno
E assim sobejo eu parto...

751


Mentindo transformando
Cenário mais perfeito
No quadro insatisfeito
Do amor em contrabando
O quanto já desando
E nada mais aceito
Sequer onde me deito,
O tempo em mim nevando,
Porém no inverno da alma
O amor que vem e acalma
Permite a primavera,
E assim depois do vago
Caminho em paz eu trago
E a sorte me tempera.



752



As celas que me prendem
Nos braços de quem ama
E sabe acesa a chama
Desejos já se estendem
E neles sem receio
Vagando em ar superno
Adentro um mundo terno
E nele agora eu creio
Distando do vazio
Aonde mergulhara
A sorte dura e amara
Agora em paz recrio,
E sorvo deste amor
Sem medo e sem pudor.


753


Estão nestas algemas
Marcadas no meu punho
O medo onde eu empunho
Vazios meus poemas,
Mas logo nada temas
No amor por testemunho
O corte em novo cunho
Presume mansos lemas,
Emblemas do meu sonho
Aonde recomponho
Meu passo rumo ao farto,
E bebo gota a gota
A vida, mesmo rota
Se amor ora reparto.


754


Amor caricatura
De um sofrimento intenso
E quando nele eu penso
O medo se afigura
A dita me tortura
E nisto me convenço
De um tempo amargo e tenso
Que ainda em vão perdura.
Quem sabe noutra face
A velha garatuja
Ainda torpe e suja
Deveras não mais grasse
E trace novo dia
Em paz e em harmonia.

755


Pergunto se talvez
Ainda exista a chance
Do amor que nos alcance
E nele se desfez
A dura insensatez
E neste bom nuance
E vida enfim me lance
No quanto em ti se fez.
Amar e ter certeza
Da farta e bela mesa
Esta iguaria em glória
Mudando num instante
Num ar mais radiante
A turva e tosca história.


756


Olhar que penetrante
Reinava sobre tudo
E quando além me iludo
No passo mais adiante
O risco se agigante
E o coração; já mudo
No quanto me transmudo
E nisto deslumbrante
Caminho se perfaça
A dor vire fumaça
E o medo ora não seja
O velho companheiro
Audaz e traiçoeiro
No amor que ora lampeja.


757


Resiste e não me leva
Além do quanto pude
A morta juventude
Cedendo à sombra e à treva
No quanto se é longeva
A dor e nada mude,
O amor sendo amiúde
Deveras muda a ceva,
E assim perpetuando
O sonho desde quando
Em mim se doura e doma
Multiplicando a sorte
Que tanto nos conforte
Além de mera soma.


758



Do riso que prometes
E nada faz cumprir
A sorte que há de vir
Jamais tu me arremetes,
São falsos os confetes
O mundo irá sentir
O quanto hei de pedir
E as cenas; já repetes.
O caso é que percalços
Gerando cadafalsos
Em farsa e discrepância
No amor que tanto eu quis
Agora por um triz
Somente em vã distância.


759


O mar mal navegado
O risco de sonhar
E ter além luar
O verso desolado,
Ao tempo sem legado
O corte a penetrar
Marcando devagar
O passo jamais dado.
Amar é ter quem sabe
Bem antes que se acabe
Um dia mais suave,
Assim quem dita o rumo
Deveras bebe o sumo
E também trama o entrave.


760


Porém se navegar
O quanto deste encanto
Buscando e nisto eu canto
Tentando desvendar
As teias do luar
Aonde se eu me espanto
Renego a sorte e o manto
E tento desnudar.
Promessas entre guizos
Diversos prejuízos
Em pleno desamor,
A sorte se esgueirando
O dia se nublando
Agrisalhada cor.


761


Depois de tantas noites
Cansado desta busca
A sorte sendo brusca
A mão ditando açoites
Sarjetas, botequim
O risco de sonhar
O medo a se aflorar
O tanto diz do fim,
Quem sabe noutra face
A vida poderia
E sendo até sombria
No amor ainda trace
O brilho mesmo frágil
O passo bem mais ágil.

762


Morrer deste prazer
É tudo o que eu queria
E nisto o dia a dia
Em frágil e vão lazer
Não deixa aparecer
Em mim a fantasia
E traça em harmonia
O quanto não faz crer
Cenário entorpecente
O amor quando se sente
Gestando um leve coma,
Assim proficuamente
O mundo ora descrente
Aos poucos já se doma.

763


É quase que morrer
Se ausência é percebida
Negando à própria vida
As ânsias do querer,
Vacância faz sofrer
E trava uma saída,
A porta soerguida
Jamais consigo ver.
Medonha face expondo
E nisto o amor eu sondo
Respondo ao vento atroz
Buscando dentro da alma
O sonho que me acalma
Domando a minha voz.

764


Porém se teu prazer
Já não mais saciado
Transcorre em tal legado
Vazios; passo a ver
E o canto a se perder
O vento noutro lado,
O corpo já fadado
Às tramas do sofrer.
Mas quando estás em mim
E vivo em ti, assim
O amor dita o reflexo
Do especular caminho
Aonde já me aninho
E sigo sem complexo.


765

A noite em tempestade
O vento toca a face
E assim tanto desgrace
O amor que se degrade,
Não deixo esta verdade
Ainda quando trace
Ou mesmo num impasse
Impeça a qualidade
Da vida que se quer
E nela sem sequer
Saber do alheamento,
Vencer os meus rancores
Viver em novas cores,
Deveras sempre tento.

766


Não faça desse amor
Apenas garatuja
A sorte sem a cuja
Beleza é dissabor
Presume sem rancor
Seguindo, esta sabuja
Às vezes torpe e suja
Caminho aonde eu for.
Porém se tão diverso
O rumo do universo
É feito em harmonia
Amor traça o ditame
E forte então se brame
Gestando a poesia.


767

Envolto em agonias
Os medos, desalentos
A vida em torpes ventos
Decerto já não vias
Cenário onde terias
Além dos sofrimentos
Dispersos pensamentos
Em noites mais sombrias,
Porém se amor se vê
A vida tem por que
E nesta face exposta
O quanto se garante
Do amor a cada instante
Já dita uma resposta.


768


Beleza que traduz
Iridescente sonho
Aonde me proponho
Além de mera luz
Jamais ao bem me opus
E nisto eu já reponho
Meu canto ora tristonho
Vagando em contraluz,
Amar e ter em mente
O quanto se alimente
Das fantasias quem
Conhece cada passo
Aonde agora grasso
E nele o amor retém.


769


E faz de sua dona
O coração escravo
Aonde já me entravo
E tudo se abandona
O quanto a vida clona
Também o medo e o cravo
Gerando o mar mais bravo
Deixando vir à tona
As tantas noites vagas
E nelas se divagas
Pensando noutro fato,
O amor te consumindo
Em ar suave e lindo,
Um tanto quanto ingrato.


770


Deveras do sofrer
Já não quero sinais,
E sei que muito mais
Preciso de um prazer
Que possa sempre ver
Em ares pontuais
Momentos divinais
E neles o lazer
De quem se fez outrora
O ser aonde ancora
Saveiro da esperança,
No mar onde me lanço
Apesar do balanço
Sem ranço o amor avança.


771


É vulcão que derrama
Incandescência farta
O amor quando reparta
E traz o quanto trama
Além da mera chama
A sorte se comparta
E nunca siga ou parta
Fugindo desta trama,
Assim ao ver além
O amor quando ele vem
Reinando sobre o sonho,
Encontro a plenitude
Mesmo que tanto ilude
O mar claro e medonho.


772

Não faça do que é belo
Apenas um enfeite
Amor quando se deite
Gerando algum castelo
No todo que revelo
Deveras sempre aceite
O todo de um deleite
No farto aonde atrelo
O passo sem desvio
E quando fantasio
Quem sabe um filho, um mar,
Ou mesmo em consonância
A vida nesta instância
Decifre o que é amar.

773


Verás que nada vem
De graça nesta vida,
O tanto da ferida
Que amor desvenda bem
Presume noutro alguém
A fonte e sem saída
Assim a despedida
Expressa onde não tem
Sequer o mero brilho
E nisto eu compartilho
Das ânsias deste sonho
Aonde me traduzo
Por vezes mais confuso,
Mas sempre amor; proponho.

774


Portanto nada tenho
Senão esta esperança
Que é como frágil lança
E nela sou ferrenho,
Pois tudo se eu contenho
Ao farto já me lança
E tento em aliança
O sacro desempenho,
Vagando noite afora,
Uma ânsia me devora
Do amor sem ter remédio,
Ausente traz o tédio,
Presente se anuncia
Em dor e poesia.


775


Nem quero converter
O passo em dor e queda
O amor quando envereda
As sendas do prazer
Por vezes faz sofrer
Ou mesmo o rumo seda,
Ou nega esta moeda
E traz o esvaecer
Evanescente sonho
Aonde me proponho
Em brumas, mas feliz.
Cenário multicor
Nas tramas de um amor,
O bem que tanto eu quis.


776


Amada; se afagamos
O sonho com palavras
E nestas tantas lavras
O mundo; desvendamos,
Sejamos mais audazes
E tentemos saber
Do todo de um prazer
Que assim também me trazes
E espalhas pela casa
Qual fosse uma ardentia
Gerando a fantasia
E nela tudo abrasa,
Efervescência em glória
O amor regendo a história.


777


Vivendo por demais
O quanto quis em verso,
Estando agora imerso
Nos sonhos magistrais
E neles divinais
Delírios; já disperso
E vago em universo
Caminhos siderais.
A flórea maravilha
Aonde amor palmilha
Transcende ao próprio ser,
E tantas vezes creio
No amor sem ter receio
Algum de até sofrer.


778


Prendemos a nossa alma
Nesta alma geminada
E assim na mesma estrada
O farto nos acalma,
Amar e ter certeza
Do quanto já se pode
Por mais que a dor açode
Vencer a correnteza
Destreza de quem tanto
Conhece o seu caminho,
Amor nunca é daninho
Se é feito em claro manto,
Desvenda os meus mistérios,
Porém sem ter critérios.


779

Em sonho por demais
Diverso do que um dia
Pensara em harmonia
Em plenos vendavais
Procuro sempre mais
Do quanto poderia
E sei da sincronia
Aonde em divinais
Desenhos; reproduz
A vida a própria luz
E dela já se emana
Um facho em amor tanto
E assim eu me adianto
À dor dura e profana.


780



Amar é ser feliz?
Às vezes penso em não,
Na turva direção
Diversa da que eu quis,
Mas sei ser aprendiz
A queda, uma lição
Momentos que virão
O amor se contradiz.
O raio redentor
Gerando o dissabor
E nisto a sorte é vária,
Porém quando é sincero
Transcende ao que mais quero
E mata a procelária.


781


Porém esqueça o lago
E veja a imensidão
Do mar em dimensão
Sobeja que te trago
E cada novo afago
Certezas se darão
Do amor em provisão
Sem medo nem estrago,
Resumos desta vida
No quanto é repartida
Multiplicando a luz,
Assim ao ser tão teu
Meu mundo se estendeu
Aonde o teu conduz.



782


Tantos dons repartidos
Em medos, dissabores
E neles quando fores
Terás em teus olvidos
Quais fossem diluídos
Os fartos desamores
Nos dias sonhadores
E neles vãos sentidos.
Resquícios de outras eras
Agora não esperas
Que tudo se repita,
Mas quando o sol vier
No amor desta mulher
Talvez falsa pepita...


783


Permita que deus Eros
Adentre teu caminho
E quando vou sozinhos
Sentidos torpes, feros
Os olhos procurando
A noite sem descanso
E quando além alcanço
Um novo olhar mais brando
Compartilhando luzes
Ou mesmo estas sombrias
E vagas fantasias
E nelas me conduzes,
O amor nos permitindo,
Um sonho audaz e infindo.


784


As ninfas vão decerto
Reinar sobre o meu sonho
No quanto me proponho,
Caminho sempre aberto
Se às vezes eu desperto
Em mar turvo e medonho,
Do nada recomponho
O sonho eu não deserto.
Mas quando a tarde cai
E nada, ninguém vem
Na ausência de algum bem
O amor agora trai
No leito solitário
Remanso temerário...


785


Amando quem quiser
O tempo não se ilude
O quanto mais eu pude
Anseio esta mulher
E quando ela vier
Renovo a juventude
E posso em atitude
Além de um vão qualquer
Seguir ao meu momento
Em ápice sonhado,
Neste apogeu meu Fado
Permite onde me alento,
Mas logo amor se esfuma
E ao nada o sonho ruma.

786


Onan em desespero
Durante tantos anos
O coração em danos
A vida em destempero,
Vagando sem destino
Alheio caminhar
Ausente algum luar
Ao que me determino?
No fardo que carrego
A sorte não se trama
E o sonho morre em chama
Esvaziando este ego
Matando num instante
Meu canto, um tolo amante.


787


Amando sob estrelas
Em noite clara e imensa
Amor se recompensa
Somente até por tê-las
E quando percebê-las
Em ti minha alma adensa
E bebe a fúria intensa
E em teu olhar sabê-las.
A lua em brônzea tez
O amor que já nos fez
Além do imaginário,
Risonho nauta eu sigo
O canto em teu abrigo
Encanto raro e vário.


788

Morfeu que nessa noite
Já não veio e deixando
O olhar ausente quando
Saudade dita o açoite
E nesta vaga adentro
O coração em luto,
E quando além reluto
E mesmo desconcentro
A vida em nova face
Apenas ilusória,
Um traço na memória
Aonde o sonho grasse,
Amor já não se aflora
E a noite então; demora...

789

Embora em Afrodite
O sonho de beleza
Em ti tenho a certeza
Além de algum limite
Do amor que necessite
A fúria em natureza
Cerzindo tal surpresa
E nela se acredite,
A sílfide perfeita
Comigo então se deita
Deleito-me deveras,
E tanto em teu fulgor
Searas deste amor
Com brilhos tu temperas.


790


Depois desta loucura
Não quero nem saber
Do manto onde tecer
A sorte em amargura,
O risco não perdura
Enquanto houver prazer,
Assim ao te saber
Além desta procura
Insanamente eu vivo
E sei de ti cativo
E nada nos separa,
Apraza-me alegria
Aonde se urdiria
A paz desta seara.


791


Em plena redenção
O quanto quis um dia
Amor não negaria
Nem mesmo a direção,
E sei que desde então
A vida em euforia
Dourando a fantasia
Em fráguas já virão
As luzes, fogaréus
Ganhando assim os céus
Galope de um corcel,
O sonho em tal tropel
Risonho e mavioso
Transpira ao próprio gozo.


792


Procura por Minerva
Durante a insensatez
No amor que agora vês
Minha alma sendo serva
O quanto não preserva
De alguma lucidez,
E assim cenário fez
E nada mais conserva
Prismático desejo
E nele também vejo
Iridescente espaço,
No olhar me seduzindo
O quanto sendo infindo
O rumo que em ti traço.


793


Encontra os belos seios
Da diva mais superna
Minha alma já se interna
Sem medos ou receios
E segue pelos veios
Da noite rara e terna
Ousando esta lanterna
E nela em devaneios
Galgando além do espaço
Seguindo o quanto traço
Em sonho e em fantasia,
O amor gerando amor,
Num claro e bom sabor
A sublime iguaria.

794


Em meio a tantas divas
Tu és a mais perfeita
Minha alma se deleita
Enquanto não me privas
De olhar em cenas vivas
Olimpo onde se deita
A sorte satisfeita
E nela em luzes crivas
A messe do andarilho
Que agora compartilho
Com farta divindade,
Qual Zeus enamorado
Com Juno do seu lado
Um Éden nos invade.

795

Encontro aqui do lado
Quem tanto quis um dia
E sei desta alegria
De um sonho desenhado
Há tanto e demonstrado
No quanto poderia
Vencer esta agonia
E ter anunciado
Caminho sem igual
Por onde magistral
Desenho se garante,
E tanto te querendo
Amor ora estupendo
Sobejo diamante.


796

Aquele que somente
Percebe a desvalia
Não mesmo poderia
Viver o que se sente
No amor onde alimente
Uma alma mais sombria,
E sendo dia a dia
A ceva permanente
Transcende na colheita
Ao quanto se deleita
Uma alma em luz e messe,
Assim neste cenário
Diverso e imaginário
O amor, a vida tece.


797


Nas asas deste amor
Alçando a liberdade
Não vendo qualquer grade
Nem mesmo algum rancor,
Resumo no sol-pôr
Beleza e intensidade
Que agora nos invade
Em pleno e bom calor,
No outono desta vida
A sorte presumida
Primaveril surpresa
Amor que temporão
Causa transformação
Além da Natureza.


798


Verá que encontrará
O olhar que já redima
Mudando todo o clima
Aqui ou mesmo lá
Aonde se perceba
O amor em raro brilho,
Assim quando palmilho
Diversa e vaga gleba
O tanto que se quer
Ou mesmo se imagina
A sorte cristalina
No corpo da mulher
Abençoadamente
O amor se mostra e sente.

799


A boca que mordendo
Em bote traiçoeiro
Transforma este canteiro
Apenas num remendo,
Não pode mais sequer
Sentir outro jardim
Marcando dentro em mim
E nisto o que vier
Deveras noutra face
Além da que se veja,
A sorte malfazeja
Decerto isto desgrace.
Mas tendo amor em paz,
O mundo se compraz.

800


Não mais que certas cruzes
Pesassem tanto assim,
E quando este jardim
Imerso em tantas urzes
Deveras inda cruzes
E traces o meu fim,
Matando tudo em mim,
Negando meras luzes,
Outono se invernando
O tempo mais nefando
Nevando dentro da alma,
Brumosa noite além,
Mas quando o amor contém
O mundo já se acalma.


801


Guardei do que desprezo
O gosto mais amargo
E quando a voz embargo
O tempo outrora ileso
Agora se maltrata
E gera esta faceta
Cruel que se prometa
Decerto mais ingrata,
Restando do meu sonho
Um vago esgar e nada
O quanto em alvorada
Tomada em ar medonho,
Porém se existe amor
Revivo o claro albor.


802


O vento que trazia
Um ar primaveril
Agora mais sutil
Já não diz alegria,
A morte não se adia,
O corte duro e vil
Aonde se previu
O fim em agonia,
Mas quando amor se vê
A vida tem por que
E assim já se transforma
E o que era duro inverno
Agora não externo,
Em flórea e rara forma.



803


Se avança rebentando
O que não mais contém
O amor sem ter desdém
Levando a vida em bando
E assim mesmo gerando
O quanto mais convém
E sigo seu refém
E enfim vou me entregando,
Amar dita a conquista
Além do que se avista
Gerando o imaginário,
Arcando com promessas
E nelas recomeças
Um mundo sem calvário.


804



Isento dos percursos
Doridos dos meus medos
A vida em seus enredos
Diversos os seus cursos
Ousando em tais recursos
Embora às vezes ledos
Vestir raros segredos
E neles são incursos
Os ritos mais audazes
E quando assim me trazes
Bendita luz e vens
Alheio aos vãos desdéns
No tanto aonde eu possa,
A vida agora é nossa.


805


Escrevo meu futuro
Nas tramas do teu porto,
Outrora semimorto
Agora em ti perduro
E sei o quanto escuro
O mundo em duro aborto,
Mas quando enfim absorto
Encontro o que procuro.
Acasos entre ocasos
A vida não tem prazos
E gera uma surpresa
Quem fora caçador
Nas ânsias de um amor,
Tornando mera presa.


806

Não presto; já me disse
A vida com seus termos
Ditando em mim meus ermos,
Porém pura tolice,
O quanto se é feliz
Depende deste fato
Aonde amor retrato
Desvendo o quanto eu fiz
Na busca inalcançável
De um porto mais seguro,
Porém eu me asseguro
No rumo palatável
Das tramas deste encanto
No amor eu me agiganto.



807


Ao gosto que roubamos
Dos néctares sobejos
E neles benfazejos
Caminhos nós traçamos
E sei sem termos amos
O quanto dos desejos
Diversos, sempre andejos
Agora desfrutamos.
Reinando sobre nós
O amor ditando a voz
E o gesto mais audaz,
Decerto em tal castelo,
Ao mundo eu me revelo,
Enfim em plena paz.


808


Sorvendo cada gota
Do todo quanto pude
Viver a magnitude
Mesmo quando alma é rota,
Não tendo outro cenário
Senão este que vejo
O amor quando o desejo
Deveras temerário
Resume em dor e gozo
O tanto quanto pude
E sei ser amiúde
Sofrido e majestoso,
Nesta dicotomia
A vida eu percebia...


809



A mando deste amor
Jamais eu cessaria
O canto em harmonia
E seja como for
Não tendo mais rancor
Nem mesmo a hipocrisia
Que tanto poderia
Gerar o dissabor,
Aberto o coração
Às tramas do verão
Verei enfim em ti
O quanto mais eu quis
E sendo então feliz,
No amor me concedi.

Nenhum comentário: