quinta-feira, 26 de agosto de 2010

47001 até 48000

1

Adentro as cerrações e vejo apenas
O medo desenhado em cada rosto
E o quanto da esperança é decomposto
Num ato aonde em fúria me condenas
As horas poderiam ser mais plenas,
O canto na verdade em tal desgosto
Explode num atroz e a contragosto
Meus sonhos; sem defesas, envenenas.
Encontro a solidão e nela entranho
O quanto poderia ser um ganho
Agora se transforma em temporal,
Errático desenho em desalento
E quando; outro caminho em vão eu tento
Desfaço velhos laços, vou sozinho,
A voz não mais ressoa em liberdade
E apenas solidão agora invade
Um passo sem destino, e mais mesquinho.

2

Encontro teu carinho em noite atroz
E sinto o quanto pude e nada havia,
A sorte se transcorre em agonia
Ninguém inda ouviria a minha voz,
O rústico desenho em falsos nós
A morte me rondando dia a dia
E o corte noutra face se veria
Marcando com terror o turvo algoz,
Esgoto a minha vida no vazio
E quando algum cenário eu desafio
Encontro tão somente a solidão,
E errático cometa tempo afora,
O barco noutro rumo desancora
E trama a cada instante o mesmo não.


3


O sonho mais divino poderia
Traçar outro momento mais feliz,
Mas quando a própria vida já desdiz
Gerando tão somente esta agonia,
A morte noutro rumo tocaria
Uma esperança é frágil chamariz
E o quanto se caminha por um triz
Na noite mais atroz, calada e fria,
Espreito cada passo e nada vindo
Aonde imaginara ser mais lindo
O caos se aproximando em tom medonho,
Meu verso se perdendo sem ter nexo,
Do todo quanto trago algum reflexo
E nele o meu caminho em dor eu ponho.

4

Conduz a nossa sina ao mesmo não
E vejo assim a farsa se montando
E aonde poderia ser mais brando
Perdendo da esperança uma noção
O canto se transforma em turbilhão
Minha alma neste instante já nevando
O caos dentro do sonho se moldando
Expressa a discordante direção
E o caos se aproximando nada impede
O todo noutro rumo não procede
E o quanto acreditara morre aquém
Do sonho mais feliz ou mesmo em messe
Apenas o vazio ora se tece
E a morte neste instante me convém.


5

Refaço minhas sendas noutro instante
E o quando pude ver e nada havia
Marcando em dissonante fantasia
O passo que produzo doravante
O mundo com certeza não garante
Sequer a mais suave melodia
E o tempo se transforma em agonia
Cenário tantas vezes vão; farsante.
O peso da esperança verga as costas
E o quanto se procura nas respostas
Jamais se imaginara num alento,
E tanto quanto pude ou mesmo em nada
A sorte desta forma desenhada
Esbarra no cenário em vil tormento.

6


Searas tão tranqüilas; poderia
Ainda imaginar quem tanto fez
E ao fundo se tocando a insensatez
A vida se traduz amarga e fria,
O todo se transforma em heresia
E o canto noutro rumo gera a tez
Nefasta aonde o mundo em que tu crês
Deveras do passado não sabia,
Esbarro nos meus erros e persisto,
Enquanto ainda tento ser benquisto
Embora saiba bem quanto relutas,
As noites mais atrozes são diversas
E nelas quando as vozes tu dispersas
Traduzem noites vagas, mas astutas.

7


Somando nossos rumos, nada vejo
Senão a mesma angústia costumeira
E o corte se traçando em tal bandeira
Apenas num detalhe mais sobejo,
O quanto poderia e até desejo
Diverso da emoção aonde eu queira
Ousar nesta esperança qual bandeira
Momento mais feliz; em luz almejo,
Esbarro nos meus erros e pressinto
Este caminho ainda morto ou quase extinto
Marcado pela insânia mais venal
E o quanto poderia ser alheio
Ainda na verdade devaneio
E vago além do imenso sideral.

8


Ajudam, com certeza, a claridade
E nela se entranhando um novo dia
Aonde tantas vezes poderia
Viver a mais sobeja liberdade
Enquanto a fantasia agora invade
E gera noutro rumo esta utopia,
Deixando no passado uma agonia
Rompendo a dura algema, leda grade,
Escondo os meus demônios e procuro
Vencer em harmonia o tempo escuro
E nada se traduz em dor e pranto,
Assíduo caminheiro da esperança
Meu passo no futuro em paz se lança
E o canto mais tranquilo ora garanto.

9

Não sei sequer o nome de quem tanto
Pudesse ainda crer em redenção,
Marcando com carinho o dia vão
E nele outro cenário inda garanto,
O todo num momento diz quebranto
E traz novos tormentos que virão
Num ato com feroz sofreguidão
Apenas derramando o ledo pranto,
Escorrem nos meus dedos, luzes, farsas
E quando noutro canto tu disfarças
A vida não permite mais um sonho,
E o quanto poderia ser feliz,
Agora na verdade se desdiz
Num antro mais audaz, porém medonho.


10


Mas sinto tua mão e nela o toque
Suave de quem tanto poderia
Vencer com plenitude em fantasia
O quanto da emoção inda provoque,
O rumo se transforma e já desloque
Gerando a nossa noite, uma utopia
Deixando no passado esta agonia
Aonde esta ironia hoje se aloque.
Esboço reações e vejo além
Sabendo dos momentos que inda vêm
Traçando novo rumo após a queda,
E o canto noutro fado já se enreda
Vestindo este cenário em raro brilho
E nele a cada instante tento e trilho.



11

Os pés que se cortaram noutra cena
Ainda estão sangrando dentro em mim,
A queda se aproxima e tida o fim
Enquanto esta verdade me envenena,
O passo noutro rumo já condena
E o caos tomando inteiro o meu jardim
Não deixa que se veja nada assim,
Somente a solidão, feroz e plena.
Esgarço o meu caminho em dor e medo
E quando algum cenário além concedo
Apenas mera face caricata
E o corte se traçando em tal seara
Aonde a própria vida se escancara
E a morte na verdade não resgata.


12

Encontram uma manhã diversa quando
O sol noutro momento se anuncia
E traz a claridade ao raro dia
Aonde se pensara estar nublando
O rumo noutro instante se tomando
A voz traduz agora esta harmonia
E nela outro cenário já recria
Mostrando algum alento em contrabando,
Espreitas entre botes, rumos vários
E os cantos quando os vira imaginários
Pudessem pelo menos aplacar
O caos dentro do peito de quem sonha
E a face mais cinzenta e até medonha
Aos poucos vai perdendo o seu lugar.


13


Meus versos, eu dedico à solidão
Amiga e companheira há tantos anos
E os sonhos se traduzem por enganos
Marcando os dias turvos que virão,
A sorte se mostrando imprecisão
E os erros modificam velhos planos
E sinto os meus caminhos sobre-humanos
Na busca pelo sol, raro clarão,
Escondo cada passo aonde um dia
Pudesse resumir em alegria
O todo que deveras nunca veio,
Olhando para trás somente vejo
A marca desdenhosa do desejo
Reinando sobre todo o devaneio.

14

Nas asas deste amor pudesse ver
O quanto do meu mundo não mais trago,
E quando da esperança busco o afago
A vida se desenha em desprazer
Se encontro na sarjeta o que colher
O manto desenhando em torpe estrago
Aonde desejara um manso lago
A tempestade chega a me envolver,
E o caos se gera após e nada veio,
Somente o meu caminho mais alheio
E nele nada além do duro cais
Pudesse acreditar noutro momento,
E mesmo na esperança aonde eu tento
Encontro tão somente os vendavais.


15

Levado pelos ventos onde um dia
Pudesse até sentir novo momento
E neste desenhar não mais provento
O tempo em luz intensa ou alegria,
O quanto da verdade poderia
Traçar outro cenário em raro alento,
E quando novo mundo ainda invento
Esbarro nos cenários da utopia.
O verso se mostrando em plenitude
Presume muito além do que já pude
Trazendo um raro instante em rara paz,
E assim a minha vida tenta o todo
Vencendo com ternura o imenso lodo
Num mundo tão diverso quão mordaz.;


16


Deixando esse deserto no passado
Encontro o que deveras me redime,
Amor quando se mostra mais sublime
Traduz o novo tempo anunciado,
E neste caminhar sempre regado
Com toda a perfeição aonde estime
O fato mais tranquilo e já suprime
Dos erros mais comuns, ledo legado.
A paz pudesse apenas traduzir
O quanto ainda busco e se há de vir
Expressa esta emoção sem mais igual,
O canto noutro instante eu pude além
E toda a fantasia agora vem
Traçando este momento magistral.

17



Abrindo tão profunda esta cratera
Aonde mergulhara uma ilusão
O corte se transforma e desse não
A vida noutra face destempera,
O olhar atormentado desta fera
Indica a mais completa indecisão
E gera novo rumo e desde então
Destrói o quanto fora primavera,
Engodo após engodo, a vida trama
Apenas derradeiro caos e drama
Marcando a ferro e fogo cada instante
Enquanto nada vejo e nem pressinto
O quanto da esperança vejo extinto
Num ato tantas vezes degradante.


18


A vida que sonhava não viria
Nem mesmo qualquer sombra da emoção
O traço se mostrando em negação
Presume a noite vaga e mais sombria,
Errático cometa não teria
Sequer qualquer caminho ou dimensão
E sei dos dias turvos que virão
Marcando com angústia a poesia,
A morte noutra face se garante
E o corte prenuncia doravante
O fim deste reinado, em esperança,
A vida na verdade não alcança
Qualquer cenário em paz, apenas isso:
Um rumo tantas vezes mais mortiço.

19



Naufrágios deste amor as esperanças
Jogadas nalgum cais além do mar,
E o quanto poderia desenhar
Apenas no vazio agora lanças
E quando novos rumos não alcanças
Perdendo a direção a se entregar,
Aonde poderia haver luar
A vida se encarrega das mudanças,
E o medo se espalhando em tal seara
A sorte noutra face se prepara
E a queda se anuncia a cada instante
O todo se transforma plenamente
E quanto mais a vida agora mete
O dia na verdade não garante.

20


Transformam simples ondas em procelas
E geram tempestades onde apenas
As horas mais tranqüilas quão amenas
Ainda poderiam traçar velas,
E quando este cenário tu revelas
Ao nada na verdade me condenas
E sabes quanto em riste me envenenas
Marcando em tom sombrio tuas telas
Esgoto o meu caminho e nada traço,
O sonho sem saber sequer de espaço
Esbarra nos vazios e deveras
A sorte noutro enfado se desnuda,
Aonde poderia haver ajuda,
Somente se percebem velhas feras.




21

Viver contigo, amada, é quanto eu quis
E o tempo se desnuda noutro rumo,
E quando a relação; em paz assumo
Percebo que em verdade eu sou feliz,
E o quanto quase a perco por um triz
Qual fosse fragilmente ledo fumo,
Mergulho no teu corpo e já me aprumo
Singrando o quanto quero e peço bis,
Vagara sem destino durante a vida inteira
E a sorte muitas vezes corriqueira
Expressa outro cenário aonde eu pude
Traçar o dia a dia em claridade
E tendo sob os olhos, liberdade
Encontro após o inverno, a juventude.


22


Determinando amor, esta amplidão
Aonde mergulhara sem segredo
E quanto mais decerto eu me concedo
Maiores os momentos que virão
Alçando a plenitude e desde então
Adentro com ternura cada enredo
E bebo deste todo e já sem medo
Encontro a magnitude de um verão.
Meu canto se espalhando em voz suave
Aonde na verdade nada agrave
Encontra a realidade mais sutil,
E o tanto quanto pude neste instante
Agora se mostrara e me adiante
Além do que deveras se previu.


23


Encontro uma verdade no caminho
E tento a plenitude após a queda
A sorte com certeza agora enreda
E neste caminhar eu já me alinho,
Vencendo cada pedra, todo espinho,
O coração em ânsias se envereda
Tramando com ternura esta moeda
Gerada após o dia mais daninho
Encontro a realidade mais atroz
E lanço sem defesas minha voz
Alçando a magnitude neste passo
E o quanto do carinho em paz eu traço
Expressa a realidade a todo instante
E um mundo mais feliz ora garante.


24


Sejamos mais burgueses de tal forma
Que mesmo a dor maior não incomode,
E quando a tempestade além açode
Apenas do distante ermo se informa,
A vida é deste jeito e sua norma
Permite vez em quando o quanto explode.
À noite na balada ou no pagode,
O resto em novo rumo se conforma.
Já não me basta a dor que eu mesmo sinto?
O quanto me atrapalha o mero instinto
E nele o quanto vir: sobrevivência,
Assim é cada qual tomando conta
Da vida enquanto a mesma nos apronta
Se for somente o que é conveniência.


25

O quanto importa a mim o que tu sentes?
A sorte se desenha a cada passo
E se noutro caminho eu já me traço
A vida novamente ora desmentes,
Os dias entre tantos envolventes,
Porém como é pequeno o curto espaço
E o rumo se desenha mesmo baço
Aonde quis os dias transparentes.
A liberdade custa muito caro
E para tal, decerto eu me preparo
Ousando com a queda e com os nãos,
Romper velhas correntes e seguir
Sem medo do que possa ainda vir
Em áridos e duros, ledos chãos.


26


Preparo o meu caminho para a queda
E sei quanto mereço disto tudo,
No fundo a cada instante desiludo
E a vida noutra face não mais seda,
O rústico desenho se envereda
E o passo na verdade tão miúdo
Pudesse ser além, porém, contudo
A morte cobre em juros tal moeda.
O vento se espalhando na seara
Desértica onde o tempo se prepara
Apenas para o fim e nada mais,
Depois de certo tempo em solidão,
Os ermos novamente tocarão
Os dias mais audazes ou banais.


27


Ouvir tantas promessas de quem tenta
Vencer com calmarias impossíveis
Os dias mais doridos quanto incríveis
Na fúria tão atroz, mesmo sedenta,
Palavra muitas vezes virulenta
Gerando outros caminhos noutros níveis
Aonde se pensaram invencíveis
E nem sequer o sonho nos alenta;
Esbarro nos meus erros e prossigo
Embora nada tenha, nem amigo,
Apenas solitário quando hermético,
Na podre sensação de ser humano,
A cada novo instante mais me dano
E sei do desengano até profético.

28

Matando a cada instante alguma luz
Aonde poderia haver um guia,
O quanto do vazio se ergueria
Traçando na verdade aonde eu pus
O rumo mais atroz em contraluz
E nele dessedento a fantasia,
Marcando com terror o dia a dia
E neste caminhar enfrento a cruz,
Enaltecendo o passo rumo ao fim
E nele outro desenho diz do sim
Porquanto a negação se faz constante,
O todo quando muito apresenta
A face tantas vezes virulenta
Na qual a própria vida a paz garante.

29


A morte se aproxima a passos largos
E sinto os dias turvos mais atrozes
E quando ouvisse além diversas vozes
Momentos tão somente mais amargos,
E quanto mais comuns velhos embargos
Os ritos são deveras tão ferozes,
Morrendo sem saber de quantas fozes
Traduzem os maiores, vãos encargos.
Esbarro nos meus erros e permito
A dura frialdade do granito
Cerzindo dentro da alma este vazio,
E quando pude ver outro cenário,
O canto se mostrara visionário
E o tétrico caminho ora recrio.

30


Já nada mais coubera dentro em mim
Senão a mesma face desditosa
De quem porquanto a vida toca e glosa
Esbarra e traduzindo de onde eu vim
Prenunciando agora o ledo fim
E quando se pensara em canto e rosa
A vida noutra senda, vaporosa
Esvai e nada deixa em vão motim.
Expresso a solidão porquanto tento
Vencer o quanto possa e num lamento
Marcando com penúria o dia a dia,
Esgoto a minha vida num segundo
E os ermos deste vago eu aprofundo
Enquanto a podridão já se veria.


31


O quanto se aproxima do real
E traz novos cenários para quem
Vivendo o pouco ainda quando o tem
Trançando outro caminho virtual,
Mergulho neste mar onde abissal
Apenas reconheço algum desdém
E quando da esperança sou refém
O passo se traduz em outro igual,
Jogado sobre as pedras, meu navio
Naufrágio costumeiro onde desfio
A história de uma vida em tal constância
E vejo a imensidão deste sombrio
Delírio aonde eu tento e desafio
Gerando com terror a mesma estância.


32


Pudera acreditar noutro momento
Aonde a vida fosse mais tranquila,
O quanto da verdade não desfila
Nem mesmo noutro rude seguimento,
E quando nova história; ainda tento
E neste desenhar o sol destila
E o passo mais audaz, ora vacila
Gerando tão somente este excremento.
O corte mais profundo traduzira
Apenas o que possa uma mentira
Tramando com ardor o que não vejo,
Assíduo companheiro do não ser
Enquanto poderia parecer
A vida se permite sem desejo.


33


Exaurindo deveras minha fonte
Aonde poderia acreditar
Num tempo mais feliz, mas ao notar
Apenas o vazio ora se aponte
E quando a solidão ainda apronte
O rústico desenho deste mar
E nele outro caminho a procurar
Sem nada perceber neste horizonte.
Esbarro nos meus erros e se devo
Seguir outro cenário, ou mesmo atrevo
O passo poderia ser diverso,
Mas quando se aproxima o fim de tudo,
Aos poucos sem saída, desiludo,
E o canto sem sentido e em vão disperso.




34

A imensa liberdade em plenitude
Causando tanta dor quanto prazer
Expressa o mais complexo e audaz poder
Enquanto na verdade tudo mude,
A cada novo passo ou atitude
Sem nada o quanto possa inda temer
Vagando sem ter medo de morrer,
Tocando em auge a plena magnitude,
O passo rumo ao farto ou mesmo ao quanto
Expressa o dia a dia onde eu garanto
O canto mais audaz e sem limite,
E ser o libertário caminhante
Aonde o todo e além já se garante
Bem mais do que o comum, pois nos permite.

35


Vencer os meus anseios e temores
Seguindo aonde quer e mesmo tente
Sem nada quanto posso previdente
Gerar outros caminhos, dissabores,
Reinando sobre os rumos onde fores
E neles tantas cores ora invente
Quem sabe noutro canto o persistente
Cenário entre os algozes dissabores,
Não deixe se calar a voz de quem
Traduz cada cenário e aonde vem
Expressa a redenção em verso e glória.
Pudesse adivinhar algum momento
Enquanto a solidez; ainda tento
Tramando o quanto possa ser vitória.

36


Meus medos são comuns, e não mais nego
O passo rumo ao quanto pude ou tento,
E quando a vida traça este elemento
Tocando bem mais fundo no meu ego,
Enquanto este cenário; enfim carrego
E vivo sem sentir sequer o vento
Roçando a minha pele e me atormento
Aos laços já rompidos não me apego,
E volto a caminhar entre espinheiros,
Sabendo dos esforços derradeiros
De quem se fez audaz e agora é morto,
Aonde poderia imaginar
Algum imenso e raro, grande mar,
Não vejo nem sinal de qualquer porto.


37


Deixando-se fluir sem resistência
O quanto da palavra me domina,
Efervescente e viva a imensa mina,
Sem ter sequer do passo a consciência
O mundo traz em si por providência
A dor aonde o medo nos ensina
E o passo sem defesas determina
Ainda quando não tenho ciência.
Satânica figura desolada,
A imagem tantas vezes desdenhada
Agora aflora em mim sem mais pudores,
E nela traduzindo estas carcaças
Por onde mal percebes quando passas
Seguindo mesmo quando além tu fores.


38

O medo de sentir o quanto resta
De quem se fez além de meramente,
E quando a vida teima ou mesmo invente
A face costumeira, desonesta,
O passo rumo ao quanto se contesta
Enquanto a sorte nega uma semente,
E a morte se anuncia plenamente
E traz ao fim da vida, o fim da festa.
Escrevo ou mesmo tendo descrever
Cenário se embotando em desprazer
Vencido pelo tempo e nada mais,
O quanto do passado ainda vivo
Ou mesmo busco apenas lenitivo
Tentando vislumbrar ao menos, cais.

39

Resumos de outros tempos mais audazes
Os dias onde tudo se pudera
Vencer o quanto resta em árdua fera
E nela teus momentos tão mordazes,
E quando noutros rumos tu me trazes
A fúria aonde tudo degenera,
Marcando com terror cada quimera
E nela outros caminhos; já desfazes,
Sou fátuo e na verdade sei bem disto,
E quantas vezes; tento ou mesmo insisto
Lutando contra os medos, meu anseio
E vago sobre as ondas turbulentas
Enquanto na verdade me apresentas
Além sem mais defesas, devaneio.

40


Erguendo o meu olhar aonde eu pude
Tentar ao menos crer felicidade
No quanto poderia e nada agrade
Marcando em voz ferrenha a juventude,
O passo na verdade desilude,
Corrupta sensação, mera saudade,
E o rústico desenho desta grade,
Aonde todo o mal já se amiúde.
Esbarro nos meus erros, mas prossigo
E busco mesmo em vão algum abrigo
Vencido pelos medos, meus demônios,
E quando me desnudo frente à vida
Não tendo mais a imagem distorcida
Retorno intra-uterino aos vãos mecônios.

41


Presumo qualquer dia mais diverso
Do quanto pude crer e não soubera
Ainda discernir a dura fera
Nem mesmo quando além procuro e verso,
Esbarro nos meus erros, me disperso
E tento apascentar qualquer quimera,
No fundo o quanto a vida desespera
Traduz onde prossigo em vão e imerso
Das dúvidas eternas: ser/não ser
O quanto poderia desfazer
Tramando aonde quer que eu possa e tento
Esvaio mansamente e nada tenho,
Somente o velho e turvo vago empenho,
Momento; tantas vezes, violento.


42

Ao aprender o não quem dera o sim,
Mas sei o quanto é mesmo necessário
Negar o passo rústico, um corsário
Gerando dentro da alma algum motim,
E quando do vazio de onde eu vim
O tempo mais atroz, deveras vário
Expressa este temido itinerário
Marcando a minha estrada ora sem fim,
A vida noutra face não se estenda
E trace desde sempre esta contenda
Aonde se condena e nada diz,
Somente o desenhar espúrio e vago
E nele com temor, eu já me drago
E bebo tão somente a cicatriz.

43


Enfrento os vendavais e mesmo assim
O tempo não permite nova messe,
O quanto da vontade se obedece
E dita esta tristeza já sem fim,
O caos gerando o passo em estopim,
No fundo outro cenário me enobrece
E o medo noutro rumo diz da prece
Marcando com terror o que há de vim,
Negar qualquer momento aonde exista
A imagem mais tranquila e até bem vista
Gerando o destempero após o sonho.
Um aprazível canto poderia
Traçar ainda viva a fantasia,
Mas logo neste instante a decomponho.

44


O quanto esfacelasse da esperança
Marcando com terror o meu caminho,
E quando muitas vezes mais mesquinho
O passo noutro rumo não se lança,
Pudesse adivinhar leda mudança
E a crença noutro tom, mesmo carinho,
Vencido bandoleiro, vou sozinho
Aonde a minha voz ainda alcança,
Resumos de momentos variados
E neles outros tantos destroçados
Alçando a mais sofrível tempestade,
Do todo se esvaindo dentro em pouco,
O quanto ainda resta; imenso ou louco
Somente noutro passo se degrade.


45

Quisera acreditar no dom do amor,
E ter no olhar decerto esta alegria,
Aonde a mocidade pensaria
Num mundo sem o imenso dissabor,
E sigo a cada passo a me propor
Além do quanto cabe ou guiaria,
A vida não permite esta iguaria
Marcando em tom grisalho cada cor,
Esbarro nos meus erros e permito
Vencer mesmo que seja este finito
Cenário aonde a vida se resume,
A morte nos redime e nos iguala,
E quando o corpo; estendo sobre a sala
Encerro o meu caminho, o de costume.


46


Não quero este teu deus injusto e vão,
Entregue às mais diversas penitências
Senhor sem critérios, consciências,
Um amo sem caminho ou direção,
Não quero este teu deus atroz vilão
E nele desenhadas inclemências
Cobrando com seus ágios indulgências
O rei da mais espúria podridão,
Não quero e não suporto a divindade
Aonde se demonstre a iniqüidade
E a fúria de um temido capataz,
O pai do fogo e inferno, face estúpida
Invés da desejada, clara e cúpida,
Pior que o próprio demo, Satanás...

47

Enquanto desnudasse esta verdade
Aonde nada resta, nem a luz,
Vendendo em prestações a dor da cruz
Negando o quanto possa em santidade,
O corpo apodrecido ainda invade
E gera invés de messe, o imenso pus,
E quando este cenário, o contrapus,
Não pude suportar algema e grade,
Galés aonde houvera a plenitude,
E o pai que desta forma tanto ilude
Já não mereceria tanto amor,
A viperina imagem; posso ver
E sinto a cada instante esvaecer
O quanto poderia redentor.

48


Igrejas são deveras tão distintas
Enquanto são complexos os humanos,
E nelas seres vagos e profanos
Ousando com diversas, fortes tintas,
E quando vejo as luzes ora extintas
E delas tão somente desenganos,
Puindo da esperança ledos panos,
Enquanto noutras faces tanto mintas,
Em espetaculares procissões
Os homens em diversas direções
Geradas por pastores tão diversos,
Matando uma esperança a cada dia,
O quanto pôde ser uma iguaria
Agora desordena os universos.

49


Satânico Jeová vendido a ti
Qual fosse alguma imagem consagrada,
A mão enquanto em fúria for moldada
Traduz o quanto existe e nada vi,
O tanto se perdera já daqui
E a morte noutra senda desenhada,
Expressa a turbulência desta estrada
Aonde na verdade eu me perdi,
Eu quero a claridade deste Cristo
E neste desenhar porquanto insisto
Eu vejo retratado o vero amor,
Não creio neste açoite como um prêmio,
Nem mesmo pertencendo a um torpe grêmio
E nele se prevê rude sol-pôr.


50


Ainda quando pude ver além
Da farsa desenhada, hipocrisia,
O quanto deste sonho caberia
E nada noutra face ainda vem
A morte se transforma e com desdém
Apenas dessedenta esta alegria,
Marcando com feroz melancolia
Fazendo do cristão mero refém,
Batiza-me Jesus, na Tua glória
E mude com certeza a minha história
Não deixe que me iludam com tais mitos,
Os olhos quando em Ti são mais sublimes,
Enquanto dos meus erros me redimes
Abrindo para mim, os infinitos.


51

Do amor sem ter limites nem ocaso
A vida me ensinando este caminho
O quanto sigo em ar daninho
O corpo se perdendo, num acaso,
E quando poderia se me aprazo
Vencer a cada instante um novo espinho,
Cansaço dominando este mesquinho
Cenário aonde em lutas eu me atraso.
Vestindo uma esperança, meramente
Apenas o final já se pressente
E o todo se resume em vã fumaça,
O tempo sem ter rédeas nem mais freio
Inseto quando a lâmpada eu rodeio,
A vida num segundo também passa.


52

Quisera acreditar numa saída,
Porém somente o nada ainda trago
Na face exposta à perda, cada estrago
Marcando alguma etapa desta vida.
A cada instante a sorte em despedida
Imerso em fantasias mal me afago,
Numa esperança torpe se me alago
Eu vejo a queda insana a ser urdida.
Vencer os meus demônios e tentar
Seguir contra a maré ou navegar
Em águas turbulentas, de costume.
E quando se percebe alguma sorte
Diversa da que tanto me conforte,
Uma esperança cessa; um mero lume.


53


Presença do caminho em desvario
Marcando cada passo rumo ao fim
E quando me percebo, sinto enfim
O todo se prendendo por um fio,
E quando um novo passo eu desafio
Gerando o quanto resta dentro em mim,
O tempo se transforma e vejo enfim
A ausência de nascente, o morto rio.
Escândalos diversos; noite vã
Sem ter qualquer alento, e sem manhã
A farsa se aproxima de um final
Estúpido, porém o costumeiro
Medonho desenhar onde me inteiro
E bebo a fúria atroz, louca e venal.

54


Já não comportaria uma esperança
A quem não desejara além da queda,
A sorte quando em nada se envereda
Somente o desconsolo agora alcança,
Nem mesmo a mera sombra ainda amansa
Quem sabe da existência e não mais seda
Resulta da inconstância e já se veda,
Deixando no passado a temperança;
Angustiadamente o tempo traça
O rústico desenho da fumaça
Levando para além qualquer alento,
E a fúria mais venal, porquanto viva
Explode em força plena e assim me priva
Do quanto poderia e mais não tento.


55


Jazendo noutro cais, o canto e o medo
O risco de sonhar já não me traz
Sequer outro momento em plena paz,
Enquanto de tal forma mal procedo,
O tanto quanto pôde em desenredo
Um tempo mais amargo e contumaz,
Resulta deste espaço, onde tenaz
A sorte se desenha em vão segredo,
Esbarro nos meus ídolos já mortos
E aonde poderia haver meus portos
Apenas o fantasma de outra vida
Marcando a ferro e fogo esta ferida
Da qual já não me livro nem pudera,
Somente revivendo a tosca fera.

56


No quanto se perdera vida afora
O tempo não redime, nem resume,
Florais há muito tempo sem perfume
Apenas o vazio inda vigora
E o caos se transformando a qualquer hora
Minha alma se entregando a tal ardume,
No pouco desenhar, sofrível lume
E nele outro cenário já se ancora,
O corte mais profundo da navalha,
O mundo noutra senda ora se espalha
E gera outro caminho aonde eu pude,
Traçar com dor e mágoa alguma estrada,
Enfim pela verdade degradada
Na liberdade imensa, em plenitude.

57


Ascendo ao mais diverso caminhar
Erguendo para além meus olhos quando
O mundo noutra face desenhando
Pudera num momento se entregar,
O quanto se perdera em tal vagar
E o risco a cada engano aprofundando,
A parte que me cabe sonegando,
Isolo-me sem porto onde ancorar,
O caos se aproximando, nada veio
Somente o mesmo olhar, torpe receio
De um dia mais atroz, mas já deserto
E o vândalo transcende ao quanto resta
Desta alma tantas vezes mais funesta
Mantendo este caminho ora desperto.


58

Adentrar profundezas mais escusas
Do ser quando se entranha em pleno ocaso,
O quanto neste insólito eu me embaso
E tento vasculhar por onde cruzas,
As faces mais doridas tão obtusas
De quem se perderia e não aprazo,
O resto do caminho quando atraso
As ondas são decerto mais confusas.
Acasos são deveras tão constantes
E quando nada além tu me garantes
Senão a mesma face inglória e dura,
Minha alma sem valia e sem remédio
Imersa neste imenso e tosco tédio,
Apenas do não ser já me assegura.


59


Olhando para as brumas matinais
E vendo a minha face desenhada
Nas ânsias desta tez agrisalhada
Espero tão somente os temporais,
A sorte noutros ritos desiguais
Há tanto neste ocaso preparada,
A morte se transborda e toma a estrada
Aonde quis momentos magistrais,
Nefasta realidade diz do quando
O tempo noutra estância se formando
Marcando com tenaz fúria, o sombrio
Momento traduzindo a realidade
Bem antes que este mundo em vão degrade
Apenas o meu ego eu desafio.


60

Ferrenhas tempestades onde os sóis
Pudessem decorar rara promessa,
O passo noutro rumo se confessa
E toma com angústia os arrebóis
E quando num instante tu destróis
Ou mesmo a dor imensa recomeça
O canto noutro tom já se endereça
Marcando com angústias meus faróis,
Avanço contra a fúria em tom sutil
E o quanto se perdera e nada viu
Transcende à própria vida e nada traça.
Somente o mesmo engodo de um passado
E nele novo rumo desenhado
Na sorte tão amarga quanto escassa.



61

Acasos entre quedas, barricadas
Esgoto outros momentos aonde eu possa
Traçar esta esperança, amarga e nossa
Deixando para trás as demarcadas
Angústias noutras faces desoladas
E mesmo quando a fúria já se apossa
Do todo aonde a queda o tempo endossa
Marcando com terror velhas escadas,
As ânsias são deveras costumeiras
E mesmo em sonhos tantos; inda queiras
Alçar momentos bons e variados,
Esgoto com ardores mais diversos
Os dias entre mortos universos
E neles desenhando tais enfados.


62


A perda da esperança que é diária
Não deixa qualquer sombra de um alento
Pudesse desenhar em novo vento
A fúria desta turba, procelária,
No vórtice da vida, a luminária
Ainda noutra face busco e tento
Sabendo desta angústia onde alimento
A dor porquanto tosca e imaginária,
Escalo os meus temores e percebes
Ainda quando vagas por tais sebes
Ourives da esperança, a poesia,
E nada do caminho se traçando
Num passo tanto atroz quando nefando
Aonde a sorte ausente morreria.


63


O canto em liberdade tanto custa
A quem se fez por vezes sonhador,
E ao mergulhar na insânia bebo a dor
Embora tantas vezes mais injusta,
No quanto a solidão adentra e incrusta
Embora algum momento redentor
Traduza com ternura o sem rancor
Caminho aonde a sorte fora augusta
Ao aprender com erros, nada resta
Senão a mesma face onde se atesta
A morte num instante mais feliz,
O cântico em tons mais divergentes
E neles outros tantos; apresentes
Transcendem ao que tanto outrora eu quis.


64


Usando da palavra, meu cinzel
Tentando desenhar o quanto sinto,
Embora muitas vezes quase instinto
Marcando com furor cada papel,
O risco de entranhar o sal e o fel,
Ou mesmo me embeber em tal absinto
No pouco aonde vivo ou mesmo minto,
O canto noutro tom, manso ou cruel,
Restauro a minha história a cada queda
E o todo em tal cenário já se enreda
Marchando para a morte, tão somente,
Palavra se expressando sobre o chão
Tramando outras colheitas que virão,
Do mais imaginário, uma semente.


65


Na sorte tantas vezes desarvora
O passo rumo ao quanto poderia,
E a face mais atroz, melancolia
Ainda pouco a pouco em vão se aflora,
O caos se apresentando sem demora
A noite se expressando amarga e fria,
Aonde quis a vida mais sombria
O todo noutro instante nos devora,
Esboços onde há tanto houvera a base
De um tempo aonde o todo já se atrase
E marque em consonância tempo/espaço,
E quando se percebe outro momento
Ainda sem defesas busco e tento
Vencer o quanto resta de cansaço.

66


Nesta época diversa aonde o tanto
Já não conhece mais qualquer limite,
O quanto se presume ou se permite
No caos aonde o verso eu adianto,
Mortificando a história em ledo canto
E ainda quando muito eu acredite
Na força desmedida onde palpite
O enredo se deveras me agiganto
Na parva solidão, novo tormento
E busco com ardor ou mesmo invento
Um cais aonde o nada poderia,
Andando nesta praia já deserta
Minha alma sem saber de algum alerta
Esbarra nos teus olhos: fantasia.


67


Qual fosse algum oráculo ou até
Um manso ou tresloucado ser diverso
Ao desenhar em letras cada verso
Rompendo ou me atrelando em tal galé,
O quanto se desenha por quem é
Traçando no papel outro universo
O canto em cenas várias eu disperso
E morro renascendo em nova fé,
O fato de poder saber ousar
E mesmo noutro passo acreditar
Embora seja presa da matéria,
O pensamento livre sem fronteiras,
Além do que tu vês ou mesmo queiras
Explode em nababesca e vã miséria.


68


As asas libertárias deste canto
Envolto nos momentos onde pude
Traçar o quanto tento em atitude
E neste desenhar outro garanto,
A cada novo sonho, novo espanto
E assim a própria vida desilude
Marcando com o passo atroz e rude
O medo noutro caos, ou mesmo encanto,
Escondo-me do tanto e tento ainda
A sorte quando a morte teima e brinda
Ousando com terror um novo dia,
E quanta vez eu sigo outro cenário
Aonde se pudera temerário
Tocar onde deveras caberia.

69

Esbravejando em mim a voz sombria
De quem tanto procura e já não vem
Vivendo da esperança muito aquém
O todo noutra face se perdia,
Vencido pela velha hipocrisia
O quanto se aproxima e diz desdém
Mergulha no passado e traça o sem
Caminho em luz amarga e até sombria,
Meu carma se desenha em tom grisalho
E quando o som além desta alma espalho
Esbarro nos meus erros costumeiros,
Pudesse adivinhar ou mesmo ver
O sol noutro momento a se perder
Matando o quanto resta em meus canteiros.


70

Como é difícil Pai, manter a porta
Aberta aos novos tempos quando a vida
Repete a mesma face da ferida
Aonde na verdade nada importa,
O corte a cada instante já se aborta
E deixa no lugar esta avenida
Há tanto preparada ou sendo urdida
Marcando com terror onde se aporta
Comportam dissonâncias onde pude
Vencer a minha luta em atitude
Voraz ou mesmo atroz, impunemente,
O todo se transforma em mera sombra
E quando a realidade ainda assombra,
O sonho na verdade não desmente.


71


O medo se propaga pelo vento
E torna o respirar quase impossível,
Aonde nada houvera; mesmo o crível
Transforma o quanto quis em vago e lento
E quando alguma luz inda fomento
Tentando vislumbrar um novo nível
O sonho tantas vezes perecível
Esbarra na verdade, um excremento,
Espalho pelos cantos o meu verso
E tento vasculhar cada universo
Dos tantos onde pude acreditar
Ainda noutro instante ou mesmo aquém
Do todo quando o pouco resta e vem,
Perdendo a cada passo o meu lugar.

72
A liberdade enquanto vaporosa
E feita na inconstância de algum sonho,
Enquanto na verdade a decomponho
Espalho outra daninha; invés da rosa
E a sorte tantas vezes caprichosa
Esboça o caminhar tanto medonho
No quanto sem defesas eu me enfronho
A vida passa a ser voluptuosa.
Esbarro nos meus erros e se tento
Vencer com alegria o sofrimento
Encontro a resistência mais atroz,
E sinto ser inútil todo passo
Aonde o meu desejo; ainda embaço
E nisto desatando nossos nós.

73

Percebo após a curva nova meta
E sei do quanto posso ou não tentar
Ainda quando imerso no vagar
Palavra noutro vago se completa,
O risco de sonhar já se repleta
Na queda a cada instante e se mostrar
Ausente dos meus olhos céu e mar,
Minha ânsia noutro enfado tanto afeta,
Respondo com palavras mais sutis
O quanto poderia ser feliz
E o nada se aproxima mais constante,
E o fardo se transforma em tom venal,
Aonde poderia em tom igual
Somente este vazio se adiante.

74

São tantos os enganos, eu sei bem
E o carma se perdendo em tais tempestas
No quanto ainda em sonhos tu te emprestas
E o nada por resposta ainda vem,
A vida se desenha em tal desdém
E nele outras vias desonestas
Marcando onde haveria as rudes frestas
E nelas vagas luzes não se têm,
Somente os vãos imersos, fantasia,
E quando a noite ainda se anuncia
Matando pouco a pouco uma esperança.
A morte se aproxima e dita regras
E aos poucos meus caminhos; desintegras
E nem sequer assim a dor se amansa.

75


Navego pelos ermos, pensamento,
E quando vejo o risco mais audaz
E nada se permite, ainda traz
A queda noutra face em vão tormento,
Apenas um caminho enquanto o tento
E nele outro desejo rouba a paz
O quanto se tentara ser capaz
O sonho se esvaindo em rude vento,
Angustiosamente o tempo passa
E nada do que fora, hoje fumaça,
Transmite qualquer fato, somente afasta
Riscando o céu imenso, este cometa
Aonde no final já me arremeta
Explode em face obtusa, turva e gasta.


76


Não quero acreditar no sonho e até
Prefiro o descaminho de quem busca
Vencer a noite amarga, dura e brusca
Ousando a ter intacta ainda a fé,
A doce suavidade em tom diverso
A mansa sensação do querer ser
E nada traduzindo o amanhecer
Ao qual sem mais defesas eu me verso,
Aonde a mansidão pudera ou não
Esbarro nos meus erros e sei disso,
O passo tantas vezes movediço
Espalha em tão nefasta direção
O vento mais atroz ou mesmo rude,
Enquanto a própria luz ora me ilude.


77


Pudesse acreditar noutro cenário
Ou mesmo adiantar o passo ao quanto
No fundo se pudesse eu me adianto
E traço outro caminho, itinerário,
Vagando sem destino, um vão corsário
A cada novo engano, eu desencanto
E o passo se transforma noutro tanto
E marco com terror o meu fadário,
Liberto coração já não suporta
Saber se existe além alguma porta
E invade o meu recôndito pensar,
O todo quando o pude e mesmo assim
Tocando com ardor o quanto em mim
Ainda resta intacto em seu lugar.


78


Os olhos procurando algum espaço
Aonde pude mesmo ver o brilho
De quem noutro caminho inda palmilho
E deixa para trás um mero traço.
Meu mundo quando mais desejo e traço
Expressa a solidão, ledo estribilho
E quanta vez eu sigo, este andarilho
Há tanto sem saber qualquer espaço,
Rudimentar desenho do meu sonho
E nele outro momento; se proponho,
Apenas traduzisse o nada em mim,
Vestindo a fantasia mais atroz
Já nada calaria a minha voz,
A seca se espalhando até o fim.

79


Amasse e talvez fosse mais feliz,
Mas não suporto mais qualquer corrente
E quando a liberdade ainda tente
Tramando o quanto quero ou mesmo quis,
Não deixo do passado, cicatriz
E nada que deveras me atormente
Senão cada momento onde contente
Eu vivo ou sobrevivo por um triz,
A farsa se montando em orações
E nelas outras tantas tu repões
Quais fossem soluções e nada são,
Apenas o vazio se espalhando
Num mundo mais atroz em contrabando
Marcando em amargor cada estação.

80


Meu mundo não permite mais o sonho
E ocaso após ocaso, o nada resta
Apenas um momento em leda fresta
Aonde o meu caminho; em vão componho
E o quanto disto tudo um ar medonho
Ou noutro desenhar a vida atesta
Da frágil sensação onde se empresta
O passo tão atroz quanto enfadonho,
Esbarro nos meus erros e me privo
Enquanto cego sigo qual cativo
Numa constante busca à liberdade,
O medo não permite um novo passo
E quando no vazio eu me desfaço
Apenas outra cena em vão me invade.



81

Na morte há pouco mais de meramente
Um passo sem total discernimento
E quando este delírio eu alimento
Tocando com audácia a minha mente
Realidade ao menos não desmente
E gera noutra face este elemento
Gerado pela angústia enquanto eu tento
Vencer o descaminho, mesmo urgente,
Cenários tão diversos, vida e morte
E neste desenhar o que comporte
Expressa a liberdade embora vaga,
O canto se resume a cada instante
E nele outro momento se garante
Enquanto a solução inda não traga.

82


Mas para o bem viver pudesse além
Do caos onde se expressa esta verdade
Vencer a mais comum, vã tempestade
Gerando ainda o quanto vejo e vem,
Cerzindo esta esperança busco a quem
Pudesse traduzir sinceridade
E neste desenhar o quanto brade
Expressa outro caminho, e nisto o bem,
Afasto os meus enganos ou se tento
Vencer em calmaria tal tormento
Bonança se veria logo após.
Mas como a face exposta se traduz
Na ausência mais completa de uma luz
Eu morro em nascedouro, esqueço a foz.


83


Do tanto que já vi ou mesmo quis
Certezas de outros dias não virão
E o tempo se mostrando sempre em vão
Gerando a cada ausência a cicatriz,
O coração eterno chamariz
Esbarra na nefasta podridão
E trama outro cenário desde então
E o quanto poderia já desdiz
Afasto dos meus olhos o que um dia
Pudesse traduzir e até faria
Um sol abrilhantando este momento,
No inferno mergulhado sem defesa,
Aonde esta esperança segue presa
Do quanto ainda almejo; o nada invento.


84

Contar; não posso, e mesmo se pudesse
A vida não permite novo passo
Aonde com certeza tento e traço
Bem mais do que o vazio de uma prece
A noite em turbilhão não mais aquece
E o rústico desenho ainda baço
Expressa tão somente este cansaço
E o corte se aprofunda e me envelhece.
A velha melodia se perdendo
Num ato mais atroz, ledo remendo
Do quanto pude crer e nada havia,
Etéreo caminheiro do vazio
Apenas outro sonho eu desafio
E a sorte se apresenta mais sombria.


85


Tanto o sono domina quem se dera
Vencendo os mais doridos e tenazes
Desejos onde o nada ainda trazes
Marcando a cada passo a dura fera
O esgoto dentro da alma esta quimera
Aonde vejo as cenas mais mordazes
E nelas outras tantas; ledas fases
E nisto o meu caminho destempera.
Espero qualquer luz após a queda
E o quando do momento ainda seda
Esbarra nos enganos costumeiros,
Os sonhos se misturam e renegam
Nem mesmo os meus temores mais sossegam
Dos erros, dos engodos, mensageiros.


86


Quando hei em descaminho procurar
Algum momento em paz onde não se vê
A vida tão somente sem por que
Não cabe e nem pudera desenhar,
Marcando em discordância este lugar
E nele o quanto posso e esta alma crê
Já não sabe mais sequer cadê
O passo sem saber do caminhar,
Resumo cada fase desta vida
Na face mais atroz e decidida
Num ermo delirar em voz aguda,
A morte se permite noutro instante
E o quanto deste rumo se garante
Palavra em tom agreste desiluda.


87


Depois que a uma montanha ainda alçar
Tentando no horizonte alguma luz,
O quanto do vazio se produz
E gera noutra estância um vago altar,
Presumo cada passo ao caminhar
Imerso no cenário em contraluz
E o caos aonde o sonho infausto eu pus
Não deixa quase nada a se notar,
Somente a mesma face em tal fastio
E quando um novo rumo; ainda crio,
Apenas outra morte desenhada,
E o fim se aproximando a cada passo,
E quantas madrugadas eu desfaço
Na voz ora suprida e já calada.


88

Onde ia o vale imenso se perdendo
E nada poderia ainda vir
Senão este vazio no porvir
Marcando o dia a dia em ar horrendo,
O quanto do meu rumo se esquecendo
E nada na verdade a presumir
O engodo mais cruel a prosseguir
Num tempo feito em dor, medo e remendo.
Apresentando apenas o vazio
E neste desenhar imirjo em rio
Aonde em seu caudal ora naufrago,
O canto se anuncia inutilmente
Ainda quando um brilho mor eu tente,
O passo sem destino, ausente ou vago.


89


Que pavor agigantasse o meu caminho
Cerzido pela insânia ou mesmo até
Tramando outro cenário, em pouca fé
Aonde na verdade desalinho,
O quanto me percebo mais mesquinho
E tento acreditar e sei quem é
Tocando a cordilheira em seu sopé
Negando alguma chance, mero ninho,
Expresso outro cenário aonde pude
Viver de forma amarga, tola e rude
Vencido pelos erros costumeiros,
E quando imaginara outro momento,
Aos poucos cada passo onde lamento
Explode nos meus cantos derradeiros.


90

Ao alto olhei, e quando percebi
A ausência de esperança muito além
Do quanto o dia a dia ainda vem
Tramando o quanto pode haver em ti,
Eu sinto que deveras me perdi
E agora tão somente sem ninguém
Escravo da alegria, este refém
Esqueço o quanto em vida mereci,
Acrescentado ao fel do dia a dia
A sorte noutra face em agonia,
Esbarro nos enganos, sigo alheio
E apenas recolhendo este vazio
O tempo quando muito o desafio,
Apenas traz o olhar em devaneio.


91

Vi-lhe estar às tantas; mas dispersa
E quando imaginava ainda haver
Algum caminho em paz, o desprazer
Aonde a poesia se dispersa
Vagando a cada instante desconversa
E gera tão somente o sem saber
Ainda se deveras posso ver
A morte sobre a face aonde versa,
Esbarro nos seus erros e também
Presumo o quanto resta e nada vem
Senão a mesma queda a cada instante,
O todo se perdendo num detalhe
E quanto mais procure ou mesmo falhe
O mundo noutro enredo se garante.


92


Que, certo, em todo canto poderia
Haver ainda a voz de quem soubera
Apascentar assim a turva fera
E ter após a guerra, uma alegria,
A vida já se expondo em utopia
Aos poucos noutra face destempera
E marca com terror a leda espera
E nela novo sonho não veria,
Escalo as cordilheiras do vazio
E quando um passo além eu desafio
Enfrento os meus demônios cara a cara,
O pouco desenhado diz do quanto
No louco delirar onde me espanto
E a sorte outra cilada já prepara.

93


Então o assombro dita o quanto pude
Vencer ou mesmo até tentar saber
Do nada a cada passo a esvaecer
Marcando com terror a juventude,
E assim o meu cenário desilude
E mata pouco a pouco o quanto em ser
Habita o caminhar a se perder
Traçando o quanto resta em magnitude,
Afasto-me dos passos mais sutis
E tento desenhar bem mais que fiz
Num ato de completa insanidade,
E ao ver o meu desenho em torpe imagem
Reflito tão somente esta miragem
E nela todo vão sempre degrade.

94


Que do peito se faça a casamata
E nisto a resistência se presume,
Tocando com ternura e imenso lume
O quanto deste encanto me arrebata,
A sorte noutra face se desata
E marca com brandura algum perfume,
E nisto cada passo em vão resume
A face mais atroz, porquanto ingrata,
Esbarro nos meus erros, e decerto
O mundo em agonia ora deserto
Vagando sem sentido no universo,
E o tanto quando o pude imaginar
Sem ter sequer nem sombra nem luar
Ainda sobre o nada teimo e verso.


95

Naquela noite em festa e riso apenas
Não pude discernir a vera imagem
Do quanto a poesia pós miragem
Enquanto noutra face me condenas,
Ainda quando vejo mais amenas
As horas em fastios, paisagem
Diversa desta atroz, leda mensagem
E nele outras palavras que envenenas,
Escândalos invés do manso passo
E quando esta incerteza ainda traço
Vencendo os desacordos mais frequentes
Nos termos mais audazes, vida e morte,
O tanto quanto posso e não me corte
Diverge da verdade que apresentes.

96

E como quem o passo não trouxera
Senão este vazio como enredo,
Ao quanto ainda posso e me concedo
Expressa a mais distante primavera,
O tanto noutro rumo destempera
E marca com terror cada segredo,
O mundo mais atroz, porquanto ledo
Espelha o sortilégio de tal fera.
Escassos sonhos marcam dia a dia
E toda a sorte aquém da que eu queria
Esvai a cada engodo, simplesmente,
E o todo se desdenha num segundo,
Enquanto no vazio eu me aprofundo
A vida em sua face obtusa mente.

97

Sobre as ondas tentando algum alento
Naufrágios costumeiros da esperança,
E quando a realidade nos alcança
Apenas entregando o canto ao vento,
E novamente busco ou mesmo tento
Sorver cada alegria em tal mudança,
A sorte noutro rumo em temperança
Expressa o mais total alheamento,
Esboço do que um dia fora além
Da mera fantasia e sem desdém
Montara este cenário iridescente,
A mágica expressão já não mais cabe
Bem antes mesmo até quando desabe
O olhar se desenhando impertinente.

98

Olha o mar em temida tempestade
E veja o quanto a vida não promete
E neste desenhar mero grumete
Não sabe a quem deveras mais agrade,
O mundo noutra face, realidade
Esquece a fantasia e se arremete
No vórtice temido e não repete
Enganos onde o todo nos invade,
Aprendo com meus erros, disto eu sei,
E quando procurando em paz a grei
Aonde descansar após o tanto,
Remansos esperados? Não existo,
O todo se resume e sei que nisto
O passo pouco a pouco desencanto.

99

O meu ânimo cedendo à própria vida
Amarga e tolamente desenhada,
A face mais atroz negando a estrada
Há tanto noutra história concebida,
A morte se tornando esta ferida
Esbarra no vazio; dita o nada
Pudesse desenhar outra alvorada
Enquanto esta esperança a sei perdida,
Esqueço qualquer brilho e sigo aquém
Do quanto posso crer e nada vem
Somente a mesma face em tom venal,
O rústico desenho em ar sombrio
Marcando o dia a dia, desafio
E sei deste pecado. Capital.

100


Volveu-se a cada queda num alento
Aonde o tanto pôde e mesmo assim,
Negando algum momento sei do fim
Enquanto outro caminho; ainda tento
Expresso o mais alheio pensamento
E fujo do que existe vivo em mim,
Acendo a cada engano este estopim
E vejo o meu desenho em sofrimento,
Calando os meus demônios tão presentes,
Arranco destes olhos o horizonte
E mesmo quando a vida além aponte
Tramando outro cenário após a queda,
O passo no vazio se envereda
E nele tão somente ao não consentes.



101


Que homem vivo adentra tal local?
Apenas este inferno aonde havia
A sombra mera e leda, poesia
Marcando passo a passo este venal
Delírio em tom audaz ou desigual
Gerando a mais dorida hipocrisia
E nisto o quanto resta ou poderia
Traçar outro cenário em ritual,
Vagando pelo caos sem nada além
Do pouco quando resta e sei que vem
Gestando novamente o caos em mim,
Avanço sobre o medo e me conduzo
Vencido pela insânia em farto abuso
Gerando o dissabor em pleno fim.


102


Tendo já descansado sobre o vago
Desenho entre momentos mais doridos,
Os erros tantas vezes percebidos
O canto aonde o medo apenas trago
E quantas vezes; tento um mero afago
Em dias mais dolosos ou sofridos,
E sei dos meus caminhos decididos
No tempo sem apoio em cada estrago,
Algozes caminhares noite afora
E quando a realidade me apavora
Gerando outro momento em cais e medo,
Ainda quando busco algum consolo
Sabendo que em verdade sigo tolo,
Apenas ao vazio eu me concedo.

103



Segui pelo deserto mais mordaz
Vencendo os meus enganos costumeiros
E quando imaginara alguns canteiros
Apenas a aridez inda se faz,
E o corte se aprofunda em tom tenaz
E nisto outros momentos derradeiros
Marcando meus caminhos corriqueiros
No passo mais dorido e contumaz,
Espero alguma sorte onde não há
E o canto se desdenha desde já
Sofrendo cada infausto aonde a glória
Pudesse desvendar apenas isto
E quando mergulhara no vazio
O dia mais dorido desafio
E neste nada ser ainda insisto.

104

Mais baixo sendo o sonho aonde eu pude
Singrar outro oceano sem sentido
O quanto se permite e dilapido
Marcando com terror a juventude
Ainda quando o passo desilude
Ou marca o meu caminho em tons de olvido
O risco muitas vezes presumido
No quanto muda sempre de atitude,
Escarpas são comuns em minhas praias
E mesmo quando ainda teima e traias
Não deixo para trás sequer a sombra
Do quanto poderia e já não vira
O todo se esvaindo em tal mentira
Aonde a própria vida ora me assombra.


105



Eis da subida quando a queda traça
O medo a cada instante ou mesmo além,
O rito mais atroz tanto convém
A quem noutro caminho diz fumaça
A vida na verdade esta trapaça
Aonde ou quando diz do todo aquém
Da velha fantasia sem ninguém
E nela outro delírio senta praça
O caos gerando o medo e nada mais
Ausente da esperança em vendavais
Diversos e terríveis dia a dia
O quanto quis e nada mais teria
Transcende ao meu caminho entre os fatais
E nele se percebe a hipocrisia.


106


Assoma ágil delírio onde pudesse
Tentar algum sorriso e nada veio,
Somente o mais feroz, duro receio
Gestando o dia a dia em leda messe
E quando a realidade apenas tece
O passo sem caminho onde rodeio
E vago sem saber do canto alheio
E nada do que eu quero se enaltece
O rústico senão da vida em mim
Gerando outro cenário diz do fim
E marca com terror o passo aonde
O mundo não coubera ou mesmo até
Desenha este vazio e por quem é
A vida noutra face não responde.


107

Tendo a pele tocada por venenos
E neles outros tantos atos vãos,
Enquanto poderia alçar os chãos
Os dias não seriam mais amenos,
E os erros onde tanto os quis serenos
Espalham pela vida tolos grãos,
Os olhos são deveras artesãos
E neles outros erros seguem plenos,
Pudesse acreditar na solução
De um tempo aonde os dias mostrarão
Cenários mais suaves, ou quem sabe
A sorte em consonância trague alguma
Beleza aonde o todo ora se esfuma
E nada do que eu quis ainda cabe.

108


Não se afastava o olhar deste horizonte
E nele tão somente o caos e o medo,
Enquanto de outro modo em vão, procedo
A vida na verdade desaponte,
Aonde poderia haver a ponte
Já não consigo ouvir o canto ledo
E desta forma adentro o desenredo
E nisto a solidão traz o desmonte,
O peso do sonhar já não comporta
E fecha com furor a mansa porta
Aborta cada sonho e nada diz
Do medo mais ferrenho e tão constante
A imagem que se veja doravante
Transmite o céu medonho amargo e gris.

109



E em modo tal pudesse ainda ver
Alguma luz no fim, embora a vida
Não deixe que se veja a distraída
Vontade de sonhar e de poder,
Singrando sem sonhar, o amanhecer
A sorte noutra face desmedida
E o pântano desta alma resumida
Somente no nefasto desprazer,
Espalho a minha voz e contra o vento
Apenas o que bebo diz tormento
E nada se produz, senão vazio,
E o corte se aproxima do final,
Aonde poderia racional
O mundo se completa em desvario.


110


Que atrás de cada sonho ainda visse
Um pálido sorriso da esperança,
Mas quando a minha voz ora se cansa
E gera tão somente esta mesmice,
O rústico desenho já desdisse
O tanto quanto tento e nada avança,
A morte noutra face, em tal pujança
Traduz somente em mim leda tolice,
Tolhendo cada passo rumo ao quanto
Pudesse e na verdade não garanto
Senão a própria queda anunciada,
A vida se perdendo sem sentido
O sonho quando muito o dilapido
Não resta no final já quase nada.


111


No céu a aurora traz em raro brilho
O quanto poderia acreditar
Na imensa sensação deste solar
Aonde a cada passo maravilho
E o todo noutro instante eu já polvilho
Tentando novamente mergulhar
No imenso e tão sobejo clarear
E nele com ternura imensa eu trilho,
Encontro; entranhada esta riqueza
E nela toda a história agora presa
Expressa a fantasia mais audaz
Pudesse ter além de mera luz
A imagem mais suprema onde reluz
O amor quando cenário claro traz.

112


Subia o sol tomando este horizonte
Deixando um raro lume após o fato
E o quanto neste intento eu me retrato
Permite novo rumo onde desponte
Diversa maravilha em rara fonte,
E neste caminhar ora resgato
O todo noutro encanto outrora ingrato
Marcando com brandura a nova ponte,
E deste incontestável sonho eu vejo
O todo desenhando este desejo
E nele dessedento o meu caminho,
Pudesse acreditar neste momento
Aonde ao enfrentar o duro vento
Esqueço este cenário atroz, mesquinho.

113


Seus sócios, ilusões, nesta partilha
Adentram os diversos temporais
E quando se desenham muito mais
Do quanto a própria vida muda a trilha
E o vento noutra fonte compartilha
Gerando dentro em mim os vendavais
Marcando com horror supremos cais
E neles outra sorte já não brilha,
Resplandecente lume não trouxera
Senão este cenário diz do não,
E o quanto poderia ter alheio
O olhar aonde eu busco, sem rodeio
Os dias quando em sonhos mostrarão.

114


A tais primores vejo o meu caminho
Ardentes ilusões onde pudera
Vencer a mais dorida primavera
E crer noutro momento além do espinho,
E quando me sacio em doce vinho
O quanto ainda posso ou mesmo espera
Deixando para trás qualquer quimera
Dos sonhos mais audazes me avizinho,
Esgoto em discordância outro cenário
E vejo mesmo o quanto é necessário
Cerzir em alegria outro momento,
E o todo se perdendo sem sentido,
Ainda uma esperança se a lapido
Caminho mais tranquilo, em paz invento.


115


Da fera o olhar medonho se aproxima
E gera outro momento mais atroz,
Calando desde sempre a minha voz
Mudando com terror o manso clima,
E quando a realidade dita a estima
Rompendo o quanto pode haver em nós
Esgoto o meu caminho e tento a foz
Moldando com ardor o quanto prima
Por sonhos tão diversos quão inúteis
Os dias solitários morrem fúteis
E traçam despedida; invés do sonho,
Meu verso se perdendo no non sense
Ainda quando a sorte me convence
Este ar se pesa e molda um ar medonho.

116


A hora amena após a tempestade
Já não teria mais qualquer momento
Senão aquele imerso em sofrimento
Aonde apenas nada ainda invade,
O todo se perdendo em falsidade
Meu nome se perdendo, desalento
E quando noutro instante ainda tento
Vencer o quanto houvera em leda grade,
O rústico desenho se apresenta
E nele cada passo, outra tormenta
Vestindo esta ilusão ainda viva
Minha alma não se mostra noutra face
E quando ainda tente ou mesmo grasse
De uma esperança tola o tempo priva.

117


De um leão tão temível o bramido
Espalha-se decerto em tal seara
E a fúria noutro tom já se escancara
Enquanto vejo o sonho reprimido,
E quando uma esperança eu dilapido
Apenas o vazio se prepara
E a morte sem defesas escancara
Marcando com terror outro gemido,
Esqueço cada passo e no final,
Mergulho nesta fossa que abissal
Adentra em mares fundos, sem saída,
E a sorte que pensara de outra forma
Aos poucos sem defesas se deforma,
Matando o quanto houvera desta vida.


118


Que ao meu peito expõe cada pedaço
E neste desenhar já nada resta
Somente a mesma imagem desonesta
Aonde cada sonho ora desfaço,
Vencido pelo medo, este cansaço
Do quanto pude crer agora atesta
E o caos domina o quanto ainda resta
Marcando com terror o imenso traço,
Depois de tantos anos: solidão
Os dias no futuro negarão
Ainda qualquer brilho para além
E o medo semeando o vendaval
Esboça este caminho tão venal
E nele o meu cadáver vão, contém.

119


Que me investisse em luz aonde o nada
Expressa a realidade mais atroz,
E quando se perdera dentro em nós
A sorte noutro rumo desenhada,
Gerando no vazio a mesma estada
Calando sem saber a nossa voz
Pudesse novamente e mais veloz
Alçar outro cenário em madrugada,
A voz em discordância gera o fim,
E acende dentro em nós tal estopim
Matando uma esperança em nascedouro,
Cerzindo outro momento após a queda
Aonde o meu caminho hoje se enreda
Traduz a solidão, ledo tesouro.


120


Com fome e raiva a vida se ultrapassa
E gera tão somente este fastio,
Enquanto um passo atroz eu desafio
A vida se perdendo em vã fumaça,
O quanto se entregando à mera traça
O risco se completa em desvario
Matando na nascente qualquer rio,
A corda se arrebenta e nada enlaça
Explodo em vários tons, imensa cruz
E quando o meu desejo reproduz
Apenas tão somente este caminho,
Aonde se quisesse em plenitude
O passo noutro enredo desilude,
E mata o quanto fora em mim sozinho.


121

Tremer nos alicerces da esperança
Rompendo os velhos nós e no futuro
O quanto ainda possa e te asseguro
Ao todo num instante ora se lança,
No olhar aonde houvera temperança
Agora um desenhar mais rude e duro,
As sombras de um legado onde procuro
A calmaria ainda não me alcança
Esfacelando o sonho em mil pedaços,
Os dias entre tantos, frios, baços
O olhar se perde além deste horizonte,
E quando percebesse algum alento
Depois do quanto busco ou mesmo tento,
Apenas solidão inda desponte.

122


Eis surgida fonte mais dorida
Da qual se emana apenas o vazio,
E o quanto a cada passo eu desafio
Deixando ser exposta tal ferida,
E o passo rumo à sorte preterida
Envolto num silêncio tão sombrio,
Enquanto em versos rudes eu desfio
Já não encontrarei qualquer saída,
E assim ao perceber o fim de tudo,
Sem ter apoio algum me desiludo
E parto para o ocaso, sem defesa.
Minha alma se perdendo neste vago
Delírio aonde em dores eu me alago
E sinto-me deveras mera presa.


123


De ambições tolas caminheiro vão
Na dura hipocrisia dos erráticos
Os dias na verdade sem ser práticos
Traduzem tão somente o mesmo não,
Momentos dolorosos que virão
Olhares quase insanos, pois lunáticos,
Em velhos perceberes mais enfáticos
Transcendem ao jazigo, desde então.
Escalo altas montanhas, pensamento
E quando algum instante em paz eu tento
Após a tempestade costumeira,
Ao ver a imensidão do quanto resta,
A imagem desenhada, desonesta
Expressa o meu final, leda ladeira.

124

Foi causa imensa de dorida forma
A imensidade feita em puro ocaso,
E quando na verdade não me aprazo
O tempo pouco a pouco se deforma,
E o quanto poderia de outra forma
Trazer uma emoção e já sem prazo
Deixando a própria vida num acaso
Sem termo, sem caminho, lei ou norma,
Vencendo os meus temores, sigo em frente
E tendo o passo audaz e persistente
Ao fundo, o que me resta é pouco ou nada,
E a queda se anuncia sem motivo,
Somente da esperança ora me privo
Marcando no vazio esta alvorada.


125

Com tanta intensa tempestade eu sigo
Imerso nos meus erros mais banais
E quanto da esperança tu calais
Grassando os ermos torpes do perigo,
Aonde imaginara e não consigo
Ausente dos meus olhos qualquer cais,
Os dias se repetem. Tão iguais,
E o caos já se adivinha: desabrigo.
O tanto quanto pude e nada havia
A sorte se transforma e mais sombria
Renega qualquer messe ou mesmo um passo,
E o cândido cenário do passado
Agora totalmente desolado
Não deixa do que fora menor traço.

126

Pelo terror marcado e tão somente,
A imagem degradante de um momento
Envolto no mais torpe pensamento
Aonde toda a sorte se desmente,
O corte se apresenta plenamente
E bebo cada gole em desalento
Restando algum instante aonde eu tento
Mudar o meu caminho, rudemente.
O caos se aproximando a cada ausência
A vida noutro rumo ou afluência
Expressa a solitária face morta
De quem pudesse crer numa esperança
E quando a noite em mim ainda avança,
O que restou de um sonho ora se aborta.


127


Que a mente desvairada e tenramente
Procura algum alento onde não há
E a queda se anuncia desde já
Marcando cada passo, qual demente,
O tempo se desnuda e ora desmente
O sol no meu caminho negará
O quanto ainda vivo morrerá
Num ato tão atroz quanto inclemente,
Arrastam-se medonhas luas quando
O sonho em pesadelos desabando
Gerando este universo mais sombrio
E o caos se transformando em dia a dia
Aonde novo tempo poderia
Apenas o princípio – caos -; recrio.

128


Como quem lucro busca a cada instante
Durante a minha vida ver; eu pude
A morte da precoce juventude
O sonho noutro rumo se adiante,
E o mundo quando o quis mais verdejante
Apenas num instante desilude,
E marca com terrível atitude
O todo onde por partes se transmude,
Jogado sobre as pedras, nada resta
Senão a mesma face tão funesta
Da amortalhada e vaga criatura
Aonde o meu caminho se percebe
Na ausência de qualquer cenário e sebe;
Somente este vazio se afigura.

129


Se acaso o tempo dita melhor sorte
A quem se fez ainda um sonhador,
Encontro cada passo noutro andor
E nele o meu delírio me conforte,
A vida se anuncia e já sem norte
O quanto tenho ainda por compor
Marcando com espinhos cada flor
Gerando sem defesas, minha morte,
O caos se transformando num freqüente
Cenário aonde a vida se apresente
Amordaçando o sonho e nada mais,
O todo se perdendo num segundo
E quando no non sense eu me aprofundo
A sorte em seus momentos terminais.

130

Rebenta em pranto e traça outro caminho
Ao qual eu me entregara sem pensar,
O quando poderia imaginar
Diverso do vazio onde me alinho,
Expõe a face dura em ar mesquinho
E nega qualquer raio de um luar
Distante do que pude acreditar
Marcando com tal ar duro e daninho.
A ausência traduzindo a queda após
O risco mais audaz e até feroz
Gerando a discordância invés da messe,
O fardo que carrego se dispersa
E a sorte noutra face sendo imersa
Apenas a sangria na alma tece.


131

A fera assim me toca e me maltrata
Enquanto me alimenta em verso e fonte,
Nascente de um temível horizonte
Aonde a vida mostra a face ingrata,
O quanto deste todo me arrebata
E nega algum caminho, marca a ponte
E gera o que deveras desaponte
Em reação cruel, leda cascata.
Eu sou; por ser humano; incoerente
E sito o meu caminho aonde tente
Vencer os mais terríveis, vãos demônios,
E quando explodo em fúrias, vis hormônios
Ao expandir deveras este herético
Cenário tão atroz enquanto eclético.

132


Pouco a pouco me investe a fúria e ocaso
E nestes desenhar dicotomias
Diversas das que tanto poderias
Traçar onde deveras perco o prazo,
E quando na esperança eu já me atraso
Erguendo o meu olhar em noites frias
E nelas outras tantas mais sombrias
O tempo se perdendo num acaso,
Esfacelando o sonho noutro rumo,
Aos poucos sem defesas me resumo
No caos onde se tento nada resta,
Senão a mesma espúria criatura
Aonde a turbulência se conjura
E traça outra faceta mais funesta.


133

Lá onde o sol pudesse ainda haver
Depois de tantas brumas vida afora
Apenas solidão inda decora
Marcando o meu caminho em desprazer,
Cenário tão diverso eu passo a ver
Aonde esta verdade não se aflora
E a fome de ilusão já me apavora
Matando o quanto pude conhecer,
Esbarro nos meus erros e prossigo
Vencendo a qualquer hora outro perigo
E nada do que eu possa se transforma
Na sorte mais bendita e até sobeja,
O quanto da verdade inda dardeja
Renega o meu caminho, em turva forma.


134


Quando ao vale distante dos meus dias
Quem dera se pudesse desvendá-lo,
E quando na verdade sou vassalo
A vida semeando as utopias,
Marcando com o medo o que querias
E neste desenhar ora me calo,
Do todo imaginário me avassalo
E bebo estas manhãs atrozes, frias.
Escândalos diversos da ilusão,
Os dias no futuro não terão
Sequer algum alento, messe nula,
E a fonte desdenhosa já se nega
Uma alma quase espúria, turva e cega
Apenas a esperança dissimula.


135

Alguém fraco pudesse até pensar
Que a vida não se faz além da chama,
E o quanto na verdade ainda trama
Não deixa quase nada em seu lugar,
A morte pouco a pouco a desenhar
O todo se transforma e não reclama,
A fonte sem a brasa não se inflama
Nem deixa outro caminho a desejar
O parto sonegado, outra esperança
Marcando com terror cada pujança
Num átimo mergulho para a morte;
E o caos gerado em mim, mero fantoche
Enquanto esta vontade já deboche
Não tendo nem sequer quem me conforte.

136

Que após largo caminho se perdendo
Nos ermos de uma vida sem futuro
O caos dentro do peito eu asseguro
E sinto que não passo de um remendo,
O canto noutro espólio, quando o emendo
E tento um novo tempo; ainda escuro,
O vago desenhar por sobre um muro
E nele outro cenário; em vão, emendo.
Esbarro nos meus erros e pressinto
Meu mundo neste instante quase extinto,
E vorazmente bebo a insanidade,
Meu carma se presume noutro fato
E quando a realidade ora constato
Já não comporto mais o quanto brade.

137

Tanto que o vejo exposto no vazio
E tento acreditar noutro momento
Embora persistindo mais atento
O rumo noutro cais eu desafio,
Descendo com furor o calmo rio,
A morte a cada instante eu alimento
Marcando com terror o sofrimento
E neste mar de engodos, eu recrio.
Acossa-me o saber que nada sei
E quando percebendo a velha grei
Abandonada há tanto pelo sonho,
O risco de viver; já não comporta
A mesma solidão batendo à porta
E o mundo neste instante; o decomponho.


138


Tem compaixão da vida quem deseja
Seguir outro caminho mais suave,
E quando imaginando a mera trave
Apenas a verdade malfazeja
No quanto uma esperança em vão lateja
E o coração liberta e solta esta ave
Vagando sem saber de algum agrave
O canto noutro rumo não poreja,
Esbarro nos meus erros e deveras
Encontro o quanto tanto degeneras
Marcando com sombria realidade,
A voz se perde além do quanto pude
E o olhar tanto sedento amargo e rude
Aos poucos noutro rumo já degrade.


139


Quem quer que seja tem no olhar ausente
A marca mais atroz e mesmo rude,
De quem ao desenhar o quanto pude
Expressa o quanto resta e mesmo tente,
O caos gerando um passo imprevidente
E neste delirar outra atitude
Marcando com terror a magnitude
Do quanto poderia e nada sente,
Ausento-me do sonho e trago enfim
Apenas a mortalha dentro em mim,
Restando muito pouco para o quanto
E quando me desnudo da esperança
O passo no vazio ora se lança
Gerando tão somente o desencanto.


140

Homem, criatura sem limites
Vagando sobre a terra, cão imundo,
E quando a cada passo eu me aprofundo
Aonde nem sequer mais acredites,
Bem mais do que decerto te permites
O olhar domina imenso, inteiro o mundo
E o caos gerando apenas num segundo
Sem que deveras vejas nem evites.
Amargo ser insano, na armadilha
Enquanto a morte espúria já palmilha
Esgota qualquer luz e mata a sorte,
O tempo de existência se presume
Na fúria desdenhosa em tal ardume
Gestando a cada passo nova morte.



141

Quando em deuses diversos vira a terra
Deitando sobre a fúria dos antrazes
E nelas outras ânsias mais tenazes
Aonde uma esperança se desterra,
Marcando com a dor aonde encerra
Os ritos mais atrozes onde trazes
Os dias doloridos e fugazes
Enquanto a solidão meu canto emperra,
Vencido pelo medo e tão somente
Aonde quer que a vida se apresente
O caos gerando após a tempestade
Expressa a mais diversa face escusa
E o quanto da verdade se entrecruza
Enquanto a morte em vida agora invade.


142

Poeta onde decanta a glória e o medo
A sorte duvidosa de quem ama
E sabe quão fugaz a própria chama
Enquanto de outra forma não procedo,
A vida se transforma e em tal segredo
Seguindo a sordidez, incrível lama,
O caos aonde o mundo se reclama
Transforma o meu caminho em desenredo,
O passo rumo ao nada, novamente
E neste desenhar o que se tente
Esbarra no bom senso e perde o rumo,
A face desditosa da esperança
Ao mesmo tempo enquanto torpe avança
Aos poucos noutro fato eu me consumo.

143

Mas por que tomas os caminhos vários
Aonde a solidão perfaz o mote,
Sem mesmo que deveras já se note
Os dias entre tantos, temerários
Os olhos muitas vezes são corsários
E quando invadem praias, ledos botes
A cada novo embate me derrotes
E marcas com sutis e imaginários
Ancoradouros torpes e vorazes
E neles outros dias; também trazes
Marcando com o horror mais costumeiro,
O caos gerado após a tempestade
Sem mesmo a calmaria aonde invade
Negando a provisão de algum canteiro.



144


Por que não fui ao mar das ilusões
Vestindo a fantasia da emoção
O tempo noutra farta indecisão
Agora mansamente não me expões,
E os olhos em diversas direções
E neles outros ritos mostrarão
O quanto da esperança fora em vão,
E as ânsias em medonhas dimensões,
Escassos ritos dizem do vazio
E o medo se transforma e o desafio
Marcando com terror o quanto pude,
Vencido pela astúcia nada resta
Senão a mais temida e desonesta
Verdade aonde a vida desilude,


145


Que o prazer todo poderia dar
Além do mero e tolo desvario
Algum momento em raro desafio
E nele outro caminho a se mostrar,
Depois de tanto tempo relutar
Encontro a solidão e em ledo estio
O canto ainda além eu não recrio
Senão a mesma imagem a negar
A fonte maviosa ou mesmo breve
E quando o caminhar ainda atreve
Esbarra nos rochedos, morta a praia,
O tempo se desnuda em ar amargo,
E o quanto d esperança agora eu largo
Enquanto a realidade toma e traia.

146


Donde em rio diverso vejo a foz
E neste caminhar nada mais trago
Senão a mesma dor e sem afago,
O canto se mostrara mais atroz,
O rústico desenho feito em nós
Deixando no passado o canto mago
E o verso se mostrando ausente ou vago
Apenas traduzindo este ar feroz,
Esqueço dos meus árduos dias quando
O tempo noutro rumo se tomando
Explode neste caos que existe em mim,
Depois de tanto tempo solitário
O quanto desejara solidário
Traduz somente amargo e tenso fim.
147


Falei, curvando a face envolta em medo
E nada mais presumo senão isto
O passo aonde tanto ora persisto
Vencido pela angústia do degredo
Apenas um escasso e turvo e ledo
Cenário aonde o nada ora conquisto,
E ao longe noutro fato ainda assisto
A vida num completo desenredo,
Escalo os meus demônios e os concebo
Enquanto da ilusão porquanto bebo
Esvaio em tais sombrias noites vãs,
E quando se presume a claridade,
Somente nova face em tempestade
Domina o que virá noutras manhãs.


148

Ó dos meus sonhos lustre fantasia,
O encanto de um amor que não viera
Apenas a verdade esta quimera
Ainda sobre o fato reinaria,
E quando me perdera em utopia
A sorte disfarçada, leda fera
Apenas noutro rumo destempera
E marca com terror o dia a dia,
Mergulho nesta face sem defesas
E luto contra fúrias, correntezas
Sabendo do cenário mais atroz,
O rústico desenho, soledade,
O canto se mostrando em tal saudade
Desafiando ainda a mansa voz.


149


Valham-me os sonhos quando os poderia
Trazer qual fosse escudo em vida rude,
O manto aonde o encanto ainda ilude
Matando o que pudera fantasia,
Ainda sob efeito da magia
A clara mansidão; não mais a pude
E o tanto quanto posso se transmude
E gere tão somente esta utopia.
A morte se aproxima a cada instante
E apenas o final ora garante
Deixando para trás qualquer benesse,
O rústico desenho em rota face
No quanto o dia a dia se desgrace
Apenas o vazio ora se tece.

150


Com que em teu canto quis alívio e paz
Embora saiba bem do quanto existe
Ainda noutro rumo amargo e triste
Marcando o caminhar bem mais tenaz,
O rito tantas vezes contumaz
Neste cenário amargo onde persiste
A solidão deveras tanto insiste
E o rumo noutro prumo já se faz
Esqueço o meu caminho e nada vejo
Senão a mesma fonte de um desejo
Escuso e sem sequer qualquer alento,
Porquanto a poesia não me quis,
O manto agora escuro, quase gris
Somente dentro da alma eu alimento.



151


És meu mestre, enquanto uma ilusão
Envolve com palavras ermos sonhos
E quando vejo mundos tão bisonhos
Moldando a cada instante a direção
Por mais que me pareçam enfadonhos
Os dias mais doridos que virão
O canto se traçando em expressão
Permite dias pálidos, medonhos,
Esbarro nos meus erros mais frequentes
E quantas vezes; busco enquanto inventes
Momentos mais diversos; noites vãs
Ousando acreditar noutro caminho
Embora siga sempre mais sozinho
Nas tantas inconstâncias das manhãs.

152

Unicamente és tudo quanto um dia
Pudesse imaginar e não viera
Somente a solidão, vaga pantera
Aonde o quanto quis já não havia,
A sorte se traçando em agonia
O passo noutro rumo destempera
E a vida, tão somente esta quimera
Que o tempo a cada ausência cerziria,
Gerando esta inconstância aonde eu quis
Sentir algum momento mais feliz
Depois de tantos erros do passado,
Açoda-me esperança aonde eu pude
Tentando pelo menos a amplitude
E agora vejo um rastro degradado.

153


O belo estilo traça alguma sorte
A quem se desejara além do rastro
E quando no caminho ainda alastro
O passo aonde o todo me comporte,
Sem ter sequer noção de qualquer norte
A vida se perdendo sem um lastro
Aonde poderia um alabastro
Apenas o vazio ora se corte,
E cinzelando a dor porquanto um dia
O todo noutra face poderia
Moldar com mais traquejo uma esperança,
O canto se tornando mais atroz,
Já nada me conforta e sem tais nós
A sorte no vazio ora se lança.


154


A fera vês a cada vã tocaia
E bebe cada gota da esperança,
Aonde poderia em tal fiança
A sorte na verdade apenas traia,
E o canto noutro rumo ora se esvaia
Marcando com temor cada mudança
E sem sentir sequer tal temperança
O mar em movediça e frágil praia,
Esboço reações e embora vagas
As horas onde tanto agora alagas
Expressam solidão e nada mais,
O quanto poderia e não se vê
Deixando este caminho sem por que,
Exposto aos mais difíceis vendavais.


155

Sábio famoso, o tempo não desmente
E gera após o caos outro tormento
E quando algum sorriso; ainda eu tento
A vida se transforma plenamente,
O quanto poderia e ora se ausente
Marcando com ternura o manso alento
Enquanto neste sonho o sofrimento
É tudo o quanto bebo e ora se sente,
Jogado nalgum canto, sem valia
A sorte noutro rumo poderia
Traçar algum momento mais suave,
Mas quando se percebe o fim do trato
Apenas tão somente eu me maltrato
E bebo cada engodo onde se agrave.


156


Tremo no ocaso feito em dor e pranto
E sigo sem defesas rumo ao nada,
Aonde poderia haver a estrada
Apenas o vazio ora garanto,
E a cada novo tempo mais me espanto
E bebo a sorte atroz ou desolada,
A face muitas vezes degradada
Trazendo o já puído e velho manto,
Esbarro nos caminhos em tropeço
E sigo muito além do que mereço
Vagando pelas noites, sem destino;
E quando o sol invade a minha casa
A sorte noutra face se defasa
E causa tão somente o desatino.


157


Respondeu ao sonho, o nada além
Do duro caminhar em tez sombria,
O quanto do meu sonho residia
Aonde na verdade nada vem,
Somente da esperança sigo aquém
E o verso se perdendo em harmonia
O canto noutro instante poderia
Cevar apenas dor, medo e desdém.
Um rústico cenário se apresenta
E neste delirar a voz sedenta
Do caos dentro do peito sonhador,
E o nada se tornando mais freqüente
Aonde o risco a cada instante aumente
Marcando em dissonância o raro amor.

158

Te convém outra rota quando a queda
Anunciada traz dura verdade
E o quanto deste mundo o desagrade
Aos poucos no vazio se envereda,
Pagar e crer na sorte onde se seda
Moldando com terror a realidade
O canto noutro tom já se degrade
E o corte outra esperança ora depreda
O todo não permite nem sinal
Do quanto poderia bem ou mal,
Mas vejo ser possível pós o medo,
E o tempo se desenha na mortalha
Aonde a solidão invade e espalha
Traçando a cada dia o meu degredo.

159

Para o lugar dos sonhos onde um dia
Pudesse haver apenas novo canto,
O rústico desenho em desencanto
Aos poucos noutro tom se esvaecia,
E a morte na certeza não se adia
Gerando outro tormento em vão quebranto
E quanto mais ainda tento e canto
Ausente dos meus olhos poesia;
A tétrica emoção esboça o nada
E trama a mesma dor aonde alçada
A sorte não coubera nem jamais
Trouxera qualquer luz a quem deveras
Envolto por fantasmas, duras feras,
Já não conhece ainda um mero cais.


160


A fera, que te faz temer a vida
Não cessa um só segundo e se aproxima
A vida renegando cada clima
Expressa a solidão dita partida
E quando a voz se deixa percebida
Mudando a direção e nada prima
Gerando no final a baixa estima
E dela se prepara a despedida,
O ocaso toma conta do cenário,
Amor onde pudesse necessário
Apenas se mostrando em tom venal,
A queda sem defesas diz do quanto
A vida se perdendo em desencanto
Gerando tão somente o baixo astral.


161


Aqui passar o quanto deste sonho
Ainda vive em mim e me desperta
Mantendo esta esperança sempre alerta
É tudo o que decerto inda proponho,
E quando na verdade não me oponho
E a solidão deveras já deserta
Deixando a minha porta sempre aberta
Ao quanto poderia mais risonho,
Encontro em consonância o dia a dia
E vivo com ternura a poesia
Gerada pelo anseio mais profundo,
E neste desenhar sublime e claro
O canto noutro rumo ora declaro
E desta sensação sem par me inundo.


162

Tanto se opõe quem nada poderia
Vencer os medos quando a vida traz
A forte sensação dura e mordaz
Gerada pela insânia em vã sangria,
O quanto do meu canto em poesia
Outrora noutra face não se faz
Nem deixa este cenário contumaz
Marcado por desejo em utopia,
O corte se anuncia e me amortalha
A vida noutra face leda e falha
Esbarra em contra-sensos tão somente,
E o quase ser feliz domina a cena
E quando a realidade me serena
O mundo noutra face se apresente.

163

Tem tão má companhia o sonho quando
A vida não permite mais um rito
E quantas vezes teimo ou necessito
De um dia noutro encanto se formando,
O todo num instante derramando
Além do que pudesse em mero mito
E tento vasculhar este infinito
E nele novamente me entregando
Esbarro nos meus erros costumeiros
E tento outros momentos, mensageiros
De dias mais tranquilos que virão,
Apenas desenhando a face escusa
De quem noutro caminho se entrecruza
Marcado pelo medo e solidão.

164

Que os apetites mostrem cada face
Da vida noutro rumo ou mesmo até
Marcada pela insânia em pouca fé
E o tempo sem descanso além não grasse,
E quando novo canto se moldasse
Gerando outro caminho por quem é
A sorte desejada e sem galé
Traçando com ternura e não embace,
Escuto a voz do vento em calmaria
E o quanto deste tanto poderia
Tramar outro cenário dentro em mim,
A morte se aproxima redimindo
Engodos mais atrozes, permitindo
Ao ledo sofrimento um cais, um fim.


165

E fome dominando cada dia
De quem se fez audaz e nada tem,
Apenas neste olhar raro desdém
Aonde nova sorte quereria
Vestindo da ilusão a fantasia
E nisto se mostrando algum refém
Do todo ou do vazio onde provém
A morte a cada passo, hipocrisia.
Esbarro nos engodos de quem ama
E sei da tão espúria e frágil chama
E nela se apresenta a voz mais dura
De quem tanto quisera e nada havendo
Esboça algum sorriso em vão remendo
E nada nem a glória; em paz perdura.

166


Com muitos medos sigo rumo ao nada
E tento alguma luz onde não há
E sei que meu caminho desde já
Renega a própria luz anunciada,
E o tanto que pudera nesta estada
Mergulha no vazio e mostrará
A morte noutra face e tomará
A sorte com terror mais desolada,
Espalho alguma luz onde não sinto
Sequer a sutileza deste instinto
Marcado a ferro e fogo, tão somente,
Presumo qualquer queda e neste caos
Momentos de agonia, duros, maus
Traduzem do viver leda semente.


167

Há-de a outros tentar alguma messe
Depois de tantos erros, costumeiros
E quando se apresentem tais canteiros
Apenas o vazio ora se tece,
O fato de sonhar desobedece
Aos ritos mais atrozes, derradeiros
E marco com terror os verdadeiros
Cenários onde o todo me enlouquece,
O caos se aproximando do meu mundo
E quantas vezes sigo e me aprofundo
Vagando noutro rumo sem sentido,
Somente percebendo outro caminho
E nele persistindo mais sozinho
Meu rumo noutro canto eu dilapido.

168

Por ouro ou por talvez mera riqueza
A vida se perdendo em rota e rumo,
E quando meus enganos eu resumo
Na face mais cruel da mera presa,
A sorte se mostrando sem surpresa
O caos aonde tento e me consumo
Vencido pelo nada se me aprumo
Percebo a mão dorida e mesmo tesa,
Esgoto o meu caminho no vazio
E bebo deste louco desafio
Gerado pela voz mais provocante
Marcada pela fúria de um momento
E quando no final nada lamento
O mundo noutro caos já se adiante.


169

Saber, virtude rara de quem sonha
E segue sem destino mundo afora,
Enquanto a fantasia me decora
O passo pouco a pouco decomponha,
Vagando por estrada mais medonha
E o caos se transformando desde agora
No porto aonde a vida desancora
E gera outra palavra, essa enfadonha,
Esbanjo os meus tormentos no vazio
E sigo este cenário além do rio
Em estuário espúrio e sem sentido,
O quanto poderia acreditar
Agora se desenha num vagar
Aonde o meu caminho atroz olvido.

170

Sendo entre tantos medos, o constante
O risco de sonhar e nada ter
Podendo novamente merecer
O quanto a própria vida não garante,
O risco se mostrara degradante
Vontade de seguir e me perder,
E assim ao me encontrar mal pude ver
O quadro noutra face delirante,
Esbarro nos meus erros e permito
Somente este vazio em tom aflito
E traço o descaminho mais vulgar,
Esvaio num segundo em ar intenso
E quando no passado ainda penso,
Não vejo nem os raios do luar.


171


Será da humilde face este retrato
Aonde eu possa ver em ledo espelho
O quanto me perdendo e me aconselho
Mudando a cada instante o mesmo fato,
Passado num instante eu já resgato
E vejo o meu olhar brusco e vermelho
Tentando a solução se me ajoelho
Apenas o vazio ora constato
O quanto poderia e nunca veio
O passo rumo ao farto e sem receio
Gerando outro momento dentro da alma
A sorte se transforma e gera além
Enquanto na verdade o sonho vem
E quando se entornando ora me acalma.

172

Por quem pudesse acreditar apenas
E ter no olhar a sorte desenhada
O rumo noutro instante diz do nada
Até quando deveras me condenas,
Os erros mais diversos, velhas cenas
E o caos gerando em mim a mesma estada
Aonde toda a sorte anunciada
Esbarra nas vontades fartas, plenas.
Arcando com pecados, erros ermos
Ainda poderia noutros termos
Ousar novo momento ou mesmo até
Singrar caminhos vários, dias tais
Envolto nos meus erros desiguais
Traçando com terror angústia e fé.

173

Por ele, em toda parte, o sonho esboça
A face mais audaz de quem pudera
Traçar a turva imagem da quimera
Aonde o coração encontra a troça,
Castelo se mostrando qual palhoça
A vida noutro tanto destempera
E o caos gerando em mim esta pantera
E nela o caminhar já se destroça,
Esvaecendo o passo rumo ao farto,
Enquanto da esperança ora me aparto
Eu vivo tão somente por sentir
O caos se aproximando em verso e tons
Dispersos entre caminhos de neons
Marcando com horror cada porvir.


174


Irá lançar-se no temido caminhar
O passo sem destino em noite escura,
E quando no vazio se assegura
A imagem noutro rumo a delirar,
Pudesse ainda crer nalgum lugar
Enquanto a solidão cruel perdura
Marcando com terror tanta amargura
Deixando tão somente de sonhar,
Escândalos depois de cada encanto
E quando na verdade até garanto
Ausência de esperança e nada digo,
Hermético desenho se moldando
Aonde poderia ser mais brando
Apenas a constância de um perigo.


175

Donde foi pela senda mais atroz
O canto se perdera sem sentido,
E o quanto ainda quero ou mais duvido
Já não consegue mais sequer a voz,
E o passo noutro rumo logo após
Embora muitas vezes desvalido
Esquálida figura; eu não duvido
Impede da esperança a mera foz,
Escândalos envoltos na promessa
Aonde cada passo ora tropeça
E gera a queda em falso e nada mais,
Ouvindo a voz distante da esperança
A paz noutro momento já balança
E segue os mais diversos vendavais.

176


Agora, por momentos mais diversos
Entendo cada passo como um dia
A sorte noutro engodo me traria
Somente os dias vagos e dispersos,
Vestindo os meus fantasmas onde imersos
Os sonhos na verdade perderia
Quem tanto se acredita em melodia
E bebe estes venenos, loucos versos,
Esbarro pelos cantos no passado
E traço novo dia abençoado
Aonde a sorte dita outro caminho,
Errático cenário aonde há tanto
Pudera imaginar e não garanto
Apenas, tão somente eu adivinho.


177


De levar-te comigo além do cais
Gerando outro cenário mais tranquilo
E quando neste passo em vão desfilo
Espero estes momentos desiguais
Ardis onde preparas outros tais
E neste caminhar tanto desfilo
Marcando com terror o velho estilo
Tentando adivinhar velhos cristais,
Enlouquecida mente diz do nada
E a porta novamente escancarada
Transcende ao que pudesse ser assim,
E o verso mais constante diz do vão
E sei dos novos tempos que virão
Trazendo uma esperança dentro em mim.


178


Pela estância dos ermos mais sombrios
Escassos sonhos dizem do passado
E o corte tantas vezes desenhado
Esboça outros cenários, velhos rios,
E quando poderia em desvarios
Falar do meu caminho destroçado
E neste delirar, outro traçado
Esbarra nos meus tolos desafios,
Escassas noites dizem do abandono
E quando da incerteza ora me adono
Adornos tão diversos, caos e cais,
E assim entre cenários mais audazes
O quanto do passado tu me trazes
Em faces mais ferozes e venais.

179


Onde, estridentes gritos se ouviriam
E neste desenhar o caos se gera
O tempo noutra face diz da fera
Em cujos caminhares se viriam
Somente os mesmos erros mais atrozes
E neles outros tantos; pude ver
E o quanto do mergulho no meu ser
Ainda se desenha em vãos algozes,
Resisto ao quanto posso e nada faço
Semeio outro caminho sem sentido
E quando do futuro inda duvido
Não sigo nem sequer um ledo traço,
E morro sem saber da solução
Nem mesmo de outros dias que virão.

180

Verás almas diversas, sofrimento
E nelas outros erros cometidos,
E os tantos dias duros, presumidos
Aonde algum cenário ainda tento,
Sangrando dentro em mim cada momento
E nele outros diversos resumidos
Nos erros e nos passos carcomidos
Cerzindo o mais completo desalento,
A sorte se transforma em medo e leva
O tempo aonde o mundo nega a ceva
E gera outra aridez dentro do peito,
O canto sem sentido e sem remendo
E nele o meu delírio; agora estendo
Tentando um novo rito, satisfeito.



181


Segunda morte após a própria morte
No quanto ainda tento alguma luz
E a vida quando ao nada me conduz
Deveras no vazio me comporte,
E traça em desacerto o ledo norte
E neste desenhar já não produz
Senão este cenário em contraluz
E nele outro caminho não conforte,
Vencido este andarilho do futuro
Aonde na verdade eu me asseguro
Gestando o quanto resta ou me suporta
O corte se apresenta na raiz
E o tempo quando muito contradiz
Não deixa mais se ver aberta a porta.

182


Outros ledos verás após a queda
De quem se fez audaz, mas mesmo assim
Sabendo do vazio dentro em mim
Palavra com ternura não mais seda
E quando na verdade a vida enreda
E traça outro cenário e sei do fim
Gerando tão somente este estopim
E nele o corte trágico me seda
Espalho a voz em torno do vazio
E o quanto deste mundo desafio
Esboça apenas face mais sangrenta
Do caos aonde eu pude discernir
O canto sem saber qualquer porvir
Aonde outro momento a vida tenta.

183


Das chamas contumazes nada trago
Senão a mesma ausência de esperança
E quando a voz sozinha ao vão se lança
Prepara tão somente o ledo afago
E o corte noutro tanto agora alago
Com medo e com terror, sem temperança
A vida na verdade não alcança
Sequer o mesmo rumo em raro estrago,
Medonha luz traçando o dia a dia
E neste desenhar já nada havia
Senão a mera imagem de um passado
Aonde em concordância pude ver
Apenas o caminho a se perder
Enquanto o sonho eu vejo destroçado.


184

De Deus apenas quero o quanto tenho
E nada mais preciso para a vida
Enquanto se prepara outra saída
A sorte se desenha em ar ferrenho,
O medo na verdade se o contenho
Não deixa se antever a despedida,
A sorte com carinho sendo urdida
Não deixa outro sinal em ledo empenho,
O caos se transformando em ar constante
E o quanto deste mundo se garante
Apenas no cenário aonde um dia
A vida transforma em plenitude
Enquanto noutro rumo desilude
Atravessando a sorte em paz me guia.

185

Se lá subir além do quanto pude
Vencendo os meus anseios mais audazes
E neste caminhar a vida em fases
Transcorre noutro tom, velha atitude
E o risco de sonhar tanto transmude
O passo no desejo onde desfazes
Os trâmites medonhos e vorazes
Aonde a própria vida desilude,
Esqueço o quanto posso e nada resta
Senão a mesma atroz e leda fresta
Gestando dentro em mim a farsa imensa
E quando a sorte traz outra verdade
O risco se mostrando iniqüidade,
A morte no final é recompensa.


186

Espírito diverso aonde eu vira
A sorte desdenhosa e mais cruel,
O quanto desenhando em dor e fel
O caos gerando após leda mentira,
O sonho na verdade se retira
E marca o meu caminho em carrossel,
A queda se aproxima e marca o véu
Tramando o quanto o tempo em sonhos gira,
Esbarro nos meus erros e somente
Ao caos quando em verdade se alimente
Do errático desejo se formando
Aonde no futuro pude ver
Além do quanto a vida traz prazer
O mesmo delirar em contrabando.

187

Quando eu deixar seara desta vida
Em busca do quem sabe e do talvez
Ainda mesmo quando o nada vês
A sorte noutra face decidida,
Esbarro no cenário onde a partida
Explode em procissões e não mais crês
No fausto aonde o nada se desfez
E gera outra verdade, ou mais duvida
Aprendo com meus erros, e somente
O quanto ainda tento e se apresente
Esvai em verso ou motes mais diversos,
E quando a solução se adivinhara
Tomando a noite imensa, turva ou clara
Vagando por sobejos universos.

188

Do céu ainda um brilho poderia
Traçar qualquer momento ou mesmo ainda
Enquanto a fantasia se deslinda
Gerando o quanto pude noutro dia,
O risco se transforma em agonia
E a morte noutro tanto quando brinda
Gestando esta esperança agora finda
E nela outra vertente se veria,
O ocaso não traduz somente engodo
E adentro a charqueada, em lama e lodo
E todo o meu caminho se esvaece
Morrendo pouco a pouco, nada levo
Senão tal sentimento amargo e sevo
Deixando amortecida esta benesse.

189

Minha lei se molda no non sense
E gesta a solidão a cada passo,
O quanto do meu mundo ora desfaço
E nele na verdade não mais pense,
O rumo se transforma e não convence
Deixando do passado o mero traço,
E quando se envolvendo em tal cansaço
O corpo no vazio nada vence
Somente o medo após o nada e o quanto
Esbarra no cenário sem encanto
E mata em sortilégios mais atrozes
Os riscos são deveras tão sombrios
Adentro sem defesas, velhos rios
E bebo a podridão de espúrias fozes.


190


Que eu da cidade ausente sem saber
O quanto pude ou mesmo merecesse,
E o todo noutro rumo se perdesse
Gerando tão somente o desprazer,
A sorte noutro instante eu posso ver
E o carma mais infausto percebesse
E neste desenhar tanto embebesse
O corte sem destino a me conter,
Acossam-me deveras noites vagas
E quando outros momentos duros; tragas
Dragando com teu hálito pretendo
Vencer os meus demônios, mas sei bem
Do quanto na verdade me contém
Somando cada parte em tal remendo.


191

Em toda parte impera o desmazelo
E o caos se transformando em militância
Aonde poderia noutra estância
Momento mais diverso, eu posso vê-lo
E sinto a cada noite o pesadelo
Em tanta hipocrisia, ou discrepância
E a sorte noutro rumo, velha instância
Mergulha no caminho em ledo zelo,
O risco de seguir após a queda
E neste delirar o quanto enreda
Da velha sensação em caos e medo,
O todo se transforma em penitência
E quando a vida traz esta ingerência
Apenas ao vazio eu me concedo.


192

Mas tem no descaminho esta faceta
Aonde nada traz sequer a luz,
E o quanto do meu mundo decompus
Ou mesmo no vazio me arremeta,
Vencendo a solidão, velho cometa
Ainda poderia em contraluz
Gestando dentro da alma o ledo pus
E nele o meu caminho se prometa
Diverso do que fora e ainda creio
Embora a cada passo mais alheio
Aos ermos em momentos terminais,
Vestindo esta diversa alegoria
O quanto na verdade eu poderia
Agora se reflete no jamais.


193


Feliz, por ela ter já discernido
O quanto da esperança se precisa
E neste desenhar a leve brisa
Tocando mansamente este sentido,
Apenas o vazio eu dilapido
E a vida noutra face não avisa
Da queda mais atroz, e até concisa
No risco muitas vezes dividido.
Esqueço o meu cenário e sigo aonde
O tempo num instante corresponde
Ao velho e tão satânico tormento,
E quando a poesia adentra em mim,
Cevando com ternura este jardim,
Das ânsias mais felizes me alimento.


194

Vate; em cada sonho aonde um dia
Pudesse mergulhar sem mais defesas,
A vida traça em raras sutilezas
O quanto deste encanto se tecia,
Um bardo sem igual, caminhos dita
E a face mais presente em luz intensa
Enquanto a cada instante recompensa
Transforma a melodia mais bonita,
Um gole de café, outra verdade,
O rústico cenário de um passado
Aonde o mundo fora desolado
E agora noutro tanto se degrade,
Restauro os meus mergulhos neste vão
E sei dos dias tortos que virão.


195


Por esse deus vendido como tal
Um ser tão vingativo e mais humano
Gerando a cada passo o desengano
No fundo este desenho ora venal,
E nele outro caminho desigual
Gestando em discordância apenas dano
E quando se mostrando um soberano
Aonde o despotismo é ritual,
Eu não quero comigo e já me afasto
Do quanto se mostrando amargo e gasto
Criando tempestades e mortalhas,
Por esse falso pai um tanto inerme,
Desnuda-se deveras ledo verme
A força geratriz de vãs batalhas.

196

Porque este cenário agora vês
E nele sem saber nem o motivo
Gerando a cada passo outro cativo
Marcando sem sentido estes porquês,
O quanto na verdade se desfez
Aonde poderia em lenitivo
Ou mesmo outro momento aonde eu vivo
Completo desvario insensatez,
Escalo as cordilheiras do vazio
E gero outro momento onde desfio
O verso mais audaz, porém sincero
Presumo alguma luz onde haveria
Somente a mansidão da poesia
E neste desenhar um sonho espero.


197


Que, até onde disseste o quanto sou
Ou mesmo se desnude outro momento
E neste desenhar eu me alimento
Apenas do bem pouco que restou.
Escarpas entre pedras e rochedos
E os dias são fugazes, mas os quero
E bebo deste gole mais austero
Envolto noutros ermos, sempre ledos,
Esgoto o meu caminho em profecias
Diversas das que tanto coibisse
Ainda quando a vida em tal mesmice
Deveras noutras faces me trarias,
Esbarro nos medonhos ermos da alma
E nem a fantasia ora me acalma.


198

À porta eu nada vejo senão isso,
O corte mais audaz e mesmo fundo,
E quando de ilusões, tento e me inundo
Percebo este cenário movediço,
O quanto poderia e até cobiço
Gerando noutro instante algum segundo
Vagando sem sentido pelo mundo
Num ar tanto terrível quão mortiço,
Escalo cada passo rumo ao cume
E neste desenhar ora me esfume
E beba da inconstância dita em vida,
A sorte noutra face presumida
Espalha dentro da alma o vão perfume
E deixa a senda amarga e já perdida.

199

E veja os maus momentos onde eu pude
Singrar velhos caminhos mais doridos,
E sei dos meus anseios presumidos
Marcando com terror cada atitude,
E quando a cada não, vicissitude
Esboça outros momentos resumidos,
Os olhos noutros rumos já perdidos,
A vida neste instante desilude.
Escassa maravilha dita a sorte
E nada do que possa ou me suporte
Apresentando o encanto desejado,
Vagando sem sentido, sigo aquém
Do todo quando posso e nada vem
Traçando sem porvir o meu passado.


200

Move-se o canto aonde nada existe
Senão a mesma cena aonde um dia
Vencido pela dor, farta agonia
Gerando um passo amargo, torpe e triste,
O todo se transforma e não resiste
Ao quanto pude crer e não veria
Marcando com temor a melodia
E nela novo canto não persiste,
Esbanjo alguma luz porquanto tento
Tocar com mansidão cada momento
E nele traduzir felicidade,
O caos se transformando em costumeiro
O mundo desdenhando este canteiro
A primavera aos poucos se degrade.


201

FORA-se o dia enquanto desejara
A sorte numa tarde mais suave
E a solidão decerto ainda agrave
O quanto se desenha em tal seara,
A vida noutra face não mais clara
E nela se transforma o passo em trave
E quando esta verdade leda nave
Ao largo deste sonho desampara,
Marcando com furor cada momento
Aonde com certeza eu me atormento
Medonha exposição em ledo verso
E neste desenhar enquanto imerso
Ainda quando busco algum lugar
Diverso e tão sofrível caminhar.

202

Aos animais envoltos no meu canto
A paz já não traduz felicidade
E o parto se transforma na saudade
E nela a cada instante em vão me espanto,
O medo na verdade até garanto
E gera outro cenário, falsidade,
O rumo se perdendo na verdade
Não deixa mais sequer um mero pranto,
Espalho ao vento a voz de quem pudera
Tentar apascentar leda quimera
Vencendo os desacordos mais frequentes
E quando noutros erros me entranhasse
A vida se moldando neste impasse
Aonde sem defesas me atormentes.


203

As fadigas tolhendo cada passo
Aonde poderia acreditar
Somente num momento a navegar
Embora se perceba o meu cansaço,
E quando outro cenário embalde eu traço
Vagando sem destino nem lugar
O pouco quando pude decifrar
Gerando outro momento bem mais baço,
Esfacelando o sonho aonde eu pude
Vencer a mais amarga solitude
Deixando qualquer sombra de esperança
O fardo que carrego se desnuda
E a vida noutra face mais miúda
Apenas ao vazio ora me lança.

204


Me aparelhava a vida em sofrimento
Marcando com terror o dia a dia
E quando novo tom eu poderia
A vida não traria outro momento
E quanto mais reluto e me atormento
Morrendo sem saber da fantasia
Aonde cada passo se ergueria
Deixando para trás o pensamento,
Esbarro nos meus erros e num ato
Diverso do que possa, ora constato
A frialdade aonde a vida expressa
A sólida expressão de desconforto
E quando se imagina apenas porto
A sorte se renega em vã promessa.


205

Da jornada medonha aonde um dia
Pudesse adivinhar algum segredo
E quando desta forma em vão procedo
A vida noutro engodo se faria
E tanto quanto em vã melancolia
O caos tomando conta em vago enredo
Toando no vazio este segredo
E nele nova sorte não veria,
Escalo os meus anseios e, deveras
Exposto ao quanto pude e não esperas
Embalde tantas vezes procurava
A sorte mais audaz, ou mesmo vaga,
Enquanto a poesia não me afaga
Gerando tão somente gêiser, lava.

206

Que vai pintar em grises tons a sorte
E nada mais deixar senão o risco
De ter noutro momento, em vão e arisco
O canto onde o vazio se conforte,
Bebendo do temor perdendo o norte,
Quebrando a solidão, arcaico disco
Marcando com terror o quanto arrisco
E gesta no final o quanto corte,
Apenas o meu mundo se amortalha
E a vida noutra face mesmo falha
Entoa a mais diversa melodia
Cadenciando o passo rumo ao nada,
A sorte tantas vezes renegada
Somente o meu caminho agora adia.


207



Ó Musas; onde as vejo se tão cego
Não posso caminhar em noite clara
Nem mesmo a poesia hoje me ampara
Enquanto este vazio ora carrego,
E sei do quanto posso e não navego
Marcando a vida em dor, cruel, amara
E a porta noutra face desenhara
Apenas o tormento em frágil ego.
Escalo cordilheiras sem proveito
E quando no vazio eu me deleito
Encontro o tão dorido verso em mim,
E o todo se presume na fumaça
Enquanto outro caminho não se traça
Eu chego mansamente ao ledo fim.


208

Valei-me gloriosa noite insana
E vejo no luar o quanto acolha
E mostre além da vida, velha bolha
A imagem mais saudável e profana,
O quanto da esperança tanto engana
E gera este cenário sem escolha,
Ainda quando o passo em vão recolha
Mostrando a sorte atroz e sobre-humana,
Esbarro nos meus erros e se tento
Vencer o mais agudo sofrimento
O porto mais seguro não se vê,
A vida de tal forma destroçada
Não deixa que se veja quase nada
E toma da esperança algum por que.


209

Quanto vi a face desdenhosa
De quem se fez atroz e não soubera
Conter a mais ardente e louca fera
Ainda na verdade se antegoza
E gera a mesma história caprichosa
Marcando aonde o nada se tempera
Gestando a solidão, velha quimera
E nela toda a senda pedregosa,
Espalho em versos sonhos, pesadelos
E quando mais consigo agora vê-los
Encontro no fastio de quem luta
A mesma face audaz, cruel e astuta
Gerada pela insânia costumeira
Aonde todo o sonho não mais queira.

210

Poeta poderia mesmo ser
E neste fato tento outro caminho
Gerado pelo encanto onde me aninho
Marcando o dia a dia em tal prazer
A vida noutra face; a se perder
E o canto noutro rumo mais daninho
Mostrando tão somente o velho espinho
Aonde na verdade pude ter
Somente este final em dor e pranto
E quando alguma sorte inda garanto
Num meritório ocaso dentro em mim,
Aprendo com meus erros e destilo
O fel enquanto busco novo estilo
Traçando em consonância o meu jardim.


211

A guiar-me durante os temporais
O sonho mais audaz já não traria
Sequer outra impressão de um breve dia
Gerando tão somente o nunca mais
E o quanto se desenha em ledo cais
E marca cada passo em agonia
Na vida tão feroz quanto sombria
Apenas os meus ritos funerais,
Esbarro nos enganos e procuro
Vencer o quanto na alma sei escuro
E vivo o desalento aonde eu quis
Sinceramente um dia mais suave,
E nada do que possa ainda agrave
Deixando como herança a cicatriz.

212

Calor que tantas vezes procurava
Imerso nos meus sonhos, mas não pude
Envolto nas cruéis vicissitudes
Saber desta onda atroz, porquanto brava
E o passo quando a vida agora entrava
E gera novo rumo ou atitude
Enquanto o dia a dia desilude
A morte sem defesas gera a trava,
Esbanjam-se tormentas onde tento
Vencer o meu diverso sofrimento
Teimando contra a fúria das marés
E sei quanto são fortes tais galés
E mesmo quando um rumo eu reinvento
Encontro tão somente por quem és.

213

Que o pai desse universo trague o sonho
E mostre alguma luz ao fim de tudo,
E quando na verdade desiludo
O mundo se desenha mais medonho,
Ainda algum proveito; se o proponho
Invado o passo alheio e tão miúdo,
Resulto deste infausto, porém, contudo
O risco se desenha em ar bisonho,
Escândalos diversos, versos vagos
E os olhos sem ternura, sem afagos
Cerzindo a solidão a cada passo,
Depois de tanto tempo sem porvir
O quanto do meu mundo a resumir
Não deixa nem sequer um mero traço.

214


Corrutível ainda este ar aonde
O tempo se desfaz e nada traz,
O quanto poderia ser audaz
Decerto no vazio ora se esconde,
O mundo na verdade não responde
E deixa o meu caminho outrora em paz
Agora noutra face e já desfaz
Enquanto ao nada sempre corresponde,
Explanações diversas, versos ritos
E os olhos buscam sóis nos infinitos
E nestes vãos faróis já nada vejo,
Somente o mesmo caos aonde outrora
A fonte sem sentido desarvora
Marcando com terror cada desejo.

215

Sem perder o caminho aonde um dia
Pudesse desenhar novo momento,
Ainda quando um rumo novo eu tento
O todo noutra face se escondia,
E a vida na completa fantasia
Traçando a cada ausência este fomento
E dele novamente o sofrimento
Enquanto a solidão já não se adia,
O rastro do cometa que persigo
Gerando a cada instante o mais antigo
Dos erros cometidos vida afora,
O caos se transformando em ar constante
E o todo na verdade não garante
Senão a mesma fúria que o devora.

216

Se do mal assim me expresso em tom venal,
Resplandecente sol; pois não consigo
E quando exposto ao caos, ao desabrigo
O risco se mostrando sempre igual,
O verso quantas vezes sensual,
E o cais traduz somente outro perigo,
Ainda quando a luz; tento e persigo
O amor já não traduz um ritual.
Mergulho nos enganos costumeiros
E tento novos dias, mas ligeiros
Os passos se perdendo sem sentido,
O quanto deste encanto dilapido
Ou tento desvendar qualquer segredo
E desde desenhar meu desenredo.

217

Origem vendo apenas fim do caso
E tanto quanto pude acreditar
Na face mais escusa a se mostrar
Gerando dentro da alma o mero ocaso,
E quando o meu caminho em vão atraso
E bebo a sorte alheia a meditar
Marcando cada passo a disfarçar
O mundo se perdendo em curto prazo,
Evade-se esperança de quem tenta
Vencer a noite amarga e mais sangrenta
Gestada pela insânia deste amor,
Vestindo a hipocrisia mais atroz,
Já não vislumbro nada agora e após
Tomado por temível dissabor.

218

O que e o qual pudesse ainda dar
Ao máximo o sorriso em puro alento
E quando algum caminho ainda tento
Encontro outro cenário a se mostrar,
Ausente dos meus olhos o luar
E nele tão somente bebo o vento
Ardente caminhar em tal tormento
Pudesse tantas vezes navegar
Em mares tão diversos, ou quem sabe
Bem antes que este todo em vão desabe
Marcando em terremotos, cataclismos,
E nestes tons dispersos eu deserto
O quanto poderia estar alerto
Mergulho dentro da alma em vãos abismos.


219

Pela razão apenas poderia
Vencer os meus fantasmas, mas não posso
E quando a vida mostra este destroço
A pele a cada queda se escoria,
E o rumo noutro caos sem alegria
Ainda quando tento ou não endosso
Vergastas sobre as costas, o nada acosso
E o tempo se transforma em heresia,
Neste escaldante sol, raro verão,
O medo se transforma em decisão
E o caos se perpetua dentro em mim,
No estio permanente aonde enfrento
A velha hipocrisia em desalento
Matando a florescência de um jardim,

220

Que para o sonho, o verso representa
Apenas um momento mais suave,
Ou mesmo libertária como uma ave
Que vence a cada instante outra tormenta,
A vida na verdade se apresenta
E mostra cada passo onde se entrave
E nada do passado ainda agrave
A noite imersa em luta tão sedenta
Espalho muito além do mero canto
O sonho onde decerto eu não garanto
Sequer algum momento em mansidão,
Vencido pelo engodo costumeiro
Esbarro nos meus erros, mensageiro
Dos erros mais atrozes que virão.


221

Fora no céu dos sonhos mais além
Do quanto poderia ou mesmo quis
A vida se transforma em cicatriz
Enquanto a realidade toma e vem,
O todo nos traduz como um refém
De um tempo entre venenos mais sutis
Ousando a cada passo em seus ardis
Aonde a mera ausência já provém,
Tentando caminhar envolto em brumas
Aonde na verdade tu resumas
Os ermos de tal alma em dor e medo,
E quando desta forma me permito
Viver o quanto tento no infinito
Apenas ao vazio eu me concedo.

222

À qual não caberia outro momento
Senão a velha face aonde exposta
A sorte tantas vezes sem resposta
Gerada pelo vago alheamento,
E quando algumas nuvens, ledo vento
A face noutro rumo decomposta
E a parte que me cabe sem resposta
Conforta ou traz até o quanto eu tento
Encontro em ermos da alma algum sinal
Do cais por vezes qual fundamental
Ousando noutro instante, noutra forma.
Mas sei dos meus anseios os devoro
Enquanto a cada passo me apavoro
O todo em desalento se deforma.

223

Dizendo-se a verdade, nada resta
Do quanto quis outrora e não cabia
Na leda e mais temida fantasia
Na face tão cruel quão desonesta,
O sonho num vazio não se empresta
E marca com terror cada heresia
E neste desenhar o que viria
Expressa a solidão enquanto a gesta.
Escassos dias dizem do abandono
E quando do vazio ora me adono,
Encontro demarcada a queda e o medo,
Somente nesta escassa realidade
A forma mais atroz ainda invade
E aos erros tão comuns, eu me concedo.

224


Aos que do meu passo eu poderia
Alçar bem mais que apenas ledo encanto
O risco tão atroz onde eu garanto
A falta de qualquer tom, alegria,
A morte noutra face moldaria
Apenas o que busco, este quebranto
E cerzi com angústia cada manto
Matando o quanto teimo em poesia,
Vestindo o mesmo engodo costumeiro,
Esbarro nos meus ermos, vou inteiro
E perco a direção enquanto tento
Vencer os meus enganos mais atrozes
E bebo dos anseios, morro em fozes
Num mar deveras audaz e violento.


225

Nessa empresa lutando contra a morte,
Não posso mais sequer pensar descanso
E quando mais além do tempo avanço
Sem ter quem cada passo inda suporte,
Arcando com terror a cada corte
O beijo onde pensara bem mais manso
Agora noutra face quando o lanço
Sem nada onde deveras me comporte,
O caos gerado após já não traduz
Sequer a menor sombra desta luz
Aonde poderia haver o riso,
E o canto sem saber de uma harmonia
Aos poucos o meu mundo destruía
Marcando com imenso prejuízo.


226

Coisas que ouvira; de um passado ainda vivo
Marcado pela fúria do abandono,
E quando outro caminho teimo e abono,
Dos sonhos mais audazes eu me privo,
E sendo de tal forma assim cativo,
O corte se aprofunda e em ledo sono,
O peso mais atroz, digo profano
Mantém o meu caminho ainda altivo,
Esbarro nos meus erros, meus engodos
E sei da profusão de tantos lodos
Aonde a movediça areia enfrento,
E sinto ser diverso cada passo
Enquanto o meu futuro; hoje desfaço
E toco sem defesas forte vento.


227

Ao seu triunfo a vida dita o quanto
Não pude resistir nem mesmo um dia,
E o todo neste instante eu perderia
Ainda quando o sonho em vão garanto,
Mergulho nos anseios de um quebranto
E a sorte se transcorre em fantasia
Restando tão somente esta agonia
E nela outro momento em mero espanto,
Aprendo com os erros, na verdade
Eu sei a cada instante o quanto brade
A furiosa imagem do passado,
E nela nada resta, tão somente
O quanto do viver mais inclemente
Trazemos sem pensar ao nosso lado.


228

Lá foi o sonho eleito além da cota
E morto cada instante de esperança,
A vida noutro passo já se cansa
E traz no olhar a fúria onde derrota
E o nada de tal forma ora denota
A sorte em tão fugaz destemperança
E o corte provocando outra mudança
Na face mais feliz nada se nota,
Serpentes escorrendo sobre a terra
E o medo a cada passo enfim descerra
O tanto quanto pude e nada enfrento,
A morte se aproxima paulatina
E apenas tal cenário determina
O todo se perdendo em sofrimento.


229

Conforto ia buscar aonde eu vejo
Somente a negação a cada instante
O medo na verdade não garante
Sequer o menor canto noutro ensejo,
E o passo aonde ainda em vão lampejo
Expressa esta presença degradante
E nela cada rumo se adiante
Marcando com terror o meu desejo,
Anseios tão diversos, versos mortos
E ausentes dos meus dias velhos portos
Restauro com ternura algum caminho,
Mas quando me percebo e nada vem,
Apenas neste olhar duro desdém,
Prossigo e sei do quanto sou sozinho.

230

Da salvação apenas um detalhe
Ainda mais distante do meu canto
E quando na verdade não garanto
Senão a mesma ausência onde retalhe
Ou quantas vezes; mesmo ainda falhe
Quem tenta noutro rumo um novo encanto,
E a vida se transforma em desencanto
Enquanto o meu navio aquém se encalhe,
Esbarro nos enganos de quem luta
E sabe desta face mais astuta
Da vida entre os caminhos mais sutis,
E quando imaginara nova senda
Apenas o vazio ainda estenda
Marcando o que deveras tanto eu quis.



231

Também amo você!
Sem juras nem promessas,
Com afeto,
Sem espera;
Nada sei apenas sinto,
Você meu abrigo,
Eu teu colorido!
Regina Costa

O amor quando se dá sem medo ou juras
E neste caminhar em direção
Idêntica presume desde então
Bem mais do que deveras vãs procuras,
E neste desenhar tu me asseguras
Do tanto ou muito além a provisão
Do quanto poderia ser um grão
Vencendo as terras áridas, mais duras,
Num canto em consonância, a maravilha
Gerando este delírio aonde trilha
A etérea sensação de eternidade,
O verso que nos une; o sonho e a paz,
Além do meramente contumaz
Mais alto a cada instante sempre brade.


232

Por que irei negar o quanto sinto
Se na verdade é mais do que concebo,
O quanto deste encanto agora bebo
E nele novo tempo onde pressinto
Extasiante encanto neste absinto
E dele toda a glória onde percebo
Bem mais do que deveras eu recebo
Um ar tão majestoso onde me pinto,
E sei deste momento inigualável
Aonde cada passo imaginável
Presume a eternidade, mesmo quando
O mundo noutra face se esvaindo,
O todo se transforma neste infindo
Momento com ternura abençoando.

233

Nem eu, nem outrem, nada no mundo
Pudesse traduzir a dor e o medo
No quanto a cada instante em desenredo
Apenas, sem defesa eu me aprofundo
E quando de ilusões ora me inundo
E bebo a solidão, ledo segredo
Seguindo a cada passo onde concedo
O rústico cenário mais imundo,
Esgoto o meu caminho e tento além
Do quanto na verdade eu sei que vem
Gestando dentro em mim a insanidade,
De todos os momentos mais audazes
Aqueles onde os sonhos tu me trazes
Presumem toda a fúria que ora invade.


234

Receio o caminhar em meio ao nada
E tanto poderia acreditar
Ainda noutro rumo, outro lugar
Gerando nova senda, nova estrada,
E a sorte há tanto tempo abandonada,
A parte que me cabe a desvendar
O medo aonde eu tento disfarçar
Sabendo quanto ao fim morta a alvorada,
Esgoto os meus momentos no vazio
E quando um novo tempo eu desafio
Ousando com palavras mais sutis,
Tentando adivinhar cada momento
O todo se perdendo embora atento
Ao quanto mais queria e nada fiz.

235

Se eu me resigno e tento novo passo
Apenas o vazio se promete
E o quanto do meu mundo se repete
Traduz tão meramente o meu cansaço,
E quando uma esperança em vão eu laço
E busco do caminho outro confete,
Somente este não ser já me compete
E o ritmo se demonstra em ledo espaço,
Escasso sonhador; já não consigo
E tento vez em quando um braço amigo
Embora saiba bem do nada em mim,
A morte talvez seja a solução
E sei dos dias turvos que virão
Cada esperança expressa um vão motim.


236

Supre com angústias o que um dia
O tempo poderia transformar,
E a ausência de esperança a me tomar
Marcando com terror farta agonia,
O quanto do meu canto não teria
A força de poder inda lutar
Traçando no horizonte o turvo mar,
Matando em nascedouro uma utopia,
Escassas noites dizem do abandono
E quando deste tempo ainda abono
Tentando sutilmente novo encanto,
Errático e sem rumo, meramente
A vida noutro fato se apresente
E nisto nenhum sonho mais garanto.

237

Como quem ora quer outro momento
Depois do caos, enquanto estou perdido,
Ainda quando muito em vão lapido
O dia e na verdade nada tento,
Cerzido pelo imenso sofrimento
O tanto quanto pude resumido
No verso mais atroz, medonho olvido
O corte se aproxima de um lamento,
Estranhas criaturas, noites vagas
E neste desenhar a sorte dragas
E vestes os temores mais audazes,
Enquanto poderia ter no olhar
Apenas o caminho a se mostrar
A solidão, deveras, o que trazes.


238


Sua alma a idéias novas não se abrindo
Deixando para trás o quanto pude
Tentar em novo rumo ou atitude
Um tempo mais suave e mesmo lindo,
O rústico cenário se esvaindo
E nele nada tendo em plenitude
O passo na verdade desilude
E o sonho noutro instante se ruindo,
Resumos mais diversos da esperança
A vida com certeza já se cansa
E a luta não permite alguma luz,
Depois de tanto tempo desvalido
Meu mundo num instante eu dilapido
E o fardo tão somente se produz.

239

Mostrando aos meus olhares medo e treva
A vida não traria soluções
E quando desta forma agora expões
A sorte noutro rumo já me leva,
Ainda quando a quis clara e longeva
A vida em turvas faces, direções
Expressa tão somente as negações
E apenas a mortalha ora se ceva,
Esbarro nos meus erros e tentando
Viver um tempo manso, até mais brando
O quanto se aproxima do final
Exposto num momento mais cruel
Esgarça o quanto resta deste véu
E morre num diverso ritual.

240

Assim fiz eu na vida após a queda
Imerso no vazio em tal abismo
E quando na verdade ainda cismo,
A morte noutra face se envereda,
E o todo com certeza não mais seda
Gerando tão somente o cataclismo,
E o tempo noutro engodo em pessimismo
Apenas a tormenta ainda enreda,
Esbarro nos meus erros e prossigo
Vencendo o quanto posso em desabrigo
Amortalhada sorte em tom venal,
Aonde poderia ser feliz
A vida com certeza não mais quis
E gesta outro momento desigual.



241


Porque, pensando apenas no prazer
Passando pela vida simplesmente
Sem ter aonde o cais ainda assente
O rumo num instante a se perder
E nisto toda a sorte já se ausente
E mate o quanto pude ou não viver
Traçando o descaminho e noutro ser
Vivendo o que tentara plenamente.
Cadáver da esperança, a vida traça
O medo noutro fato e a sorte baça
Mergulha no vazio onde prossigo,
Escondo os meus enganos, vez em quando,
Mas quando me perdendo em desabrigo
Somente este não ser sigo levando.

242

Formado à pressa o quanto poderia
Alçar em luz suave ou mesmo em paz,
Mas quando a própria vida é mais mordaz
A sorte sonegando um claro dia,
E morro sem saber da poesia
Nem mesmo da esperança onde se faz
O tempo mais alegre e sempre audaz
Enquanto a face escusa mostraria
Ocasos dentro da alma, medo e morte,
O quanto do passado não conforte
Quem tenta acreditar noutro momento,
E quando a vida trama outro caminho
Persisto neste vago e tão daninho
Embora outro cenário em vão invento.

243

Do teu dizer diverso do que um dia
Pudesse acreditar ou mesmo quis
O quanto se mostrara em cicatriz
Somente diz da sorte mais sombria,
E o canto noutro rumo já se adia
E marca com terror o quanto eu fiz,
O mérito perdido, a fonte gris
E o corte da provável fantasia.
Escondo dentro da alma alguma luz
E quando no vazio se produz
O tanto quanto busco e não alcanço,
Deveras esgotado sem destino,
Aos poucos meu caminho determino
Ausente o que fora algum remanso.

244

Do magnânimo céu ao caos total
A vida num mergulho me levara
E quando percebendo a sorte amara
A queda preconiza um tom fatal,
O rumo tantas vezes desigual
A sorte desenhando outra seara
E a morte num momento desampara
Quem tenta noutro rumo um ritual,
Escarpas e falésias, mares, mortes
E nada do que posso me comportes
Gestando a farsa imensa em emoção
E neste desenhar tanto desdém
O quanto da verdade se contém
Já não traria mais a direção.

245


Eivado estás após a queda imensa
E o passo mais atroz se repetindo
Aonde no final, o tanto infindo
Caminho na verdade não compensa,
Ocasos dentro da alma, mero corte
E o todo se perdendo a cada instante
Apenas o vazio se garante
E nele sem o quanto mais conforte,
Escapo dos meus erros, vez em quando,
Mas sei do meu caminho em dor e pedra
E quando a própria sorte agora medra
O muro noutro fato desabando,
Arcando com terrores busco a paz,
E sei que na verdade nada a traz.

246

Que do homem muita vez a sorte dita
O caos enquanto marca o dia a dia
O todo quando muito até queria
Já traz dentro de si cena maldita
E o sonho tantas vezes necessita
Da sorte onde a verdade não havia
Nem mesmo a face audaz, tanto bravia
Agora noutra senda, mais finita,
Espalho a minha voz e nada escuto,
O mundo tantas vezes mais arguto
Impede a caminhada ou mesmo mente,
E o caos gerado em mim traduz somente
O fim de toda a glória ou rica messe
Enquanto a dura ausência, o tempo tece.


247

Das honrosas ações onde pudera
Ainda acreditar em novos dias,
O quanto na verdade não trarias
Marcando com terror a dura fera,
A sorte de tal forma destempera
E gera as mais diversas agonias
E nelas outras tantas heresias
Enquanto a própria vida degenera.
Cenários tão diversos morte e sonho,
E quando o dia a dia eu decomponho
Deixando para trás o quanto pude,
Não vejo outro momento senão este
E nele todo o rumo onde venceste
Matando sem pudor a juventude.


248

Qual sombra simplesmente e nada mais,
Escapo dos meus erros e procuro
Embora num cenário tão escuro
Ainda outros clarões fundamentais,
O barco se perdendo em mares tais
Sem porto aonde o tempo eu asseguro
Nem mesmo outro caminho; nada perduro
E quebro os meus anseios desiguais,
Esbarro nos ocasos versos vida
E tento inda crer nesta saída
Aonde nada existe, nem alento.
Mas quando me pressinto em mero fim,
O todo se transforma e sigo assim
Embora um novo dia em paz, invento.

249

Desse temor deveras costumeiro
O caos se transformando em dia a dia
Aonde novo tempo eu poderia
O mundo se mostrando corriqueiro,
O corte destruindo o meu canteiro
E nele uma esperança podaria
Marcando com furor e hipocrisia
O verso mais sutil e verdadeiro,
Esbarro nos caminhos entre espinhos
E sei dos meus momentos mais daninhos
E neles nada tendo, senão isto,
Enquanto ser feliz: mera ilusão
Ouvindo sem respostas tanto não,
Aos poucos sem defesas, eu desisto.


250

Por que vim perceber o fim de tudo
E neste desenhar já nada trago
Senão a sensação do duro estrago
Enquanto na verdade desiludo,
O quanto deste sonho ora transmudo
E o tempo quando o mesmo ainda drago
Vencendo o quanto pude sem afago,
Ainda caminhante ledo e mudo,
Escalo as cordilheiras do abandono
Do vago em esperanças eu me adono
E sigo em desalento, vida afora,
O passo em caos e medo, tão somente
É tudo o que decerto se apresente
E deste instante em frente me apavora.


251


Hei logo ao ver a face desdenhosa
De quem se fez maior ou mesmo além
E sei do quanto posso ou me convém
Sabendo deste instante a leda rosa
Mergulho nesta senda pedregosa
E vivo como fosse algum refém
Do caos gerado apenas quando tem
A vida noutra face desejosa,
Apresentando engodos tão normais
E neles outros dias sempre iguais
Medonha face exposta em vaga luz,
O quanto pude crer e nada havia
Marcando com terror o dia a dia
Apenas o vazio reproduz.


252

No Limbo ou mesmo até no ledo inferno
O caos se aproximando de minha alma
E nada na verdade mais acalma
Aonde no terror agora interno,
E bebo a solidão e nela vejo
Somente a face amarga do vazio
E quando novo tempo desafio
Diverso do caminho do desejo
Esgoto o pensamento e nada creio
Ausência me tomando plenamente
E a vida noutra face não desmente
Tampouco trama um novo devaneio,
Satânica figura tão medonha
Aonde a minha sorte se componha.


253

Por Dama imaginara quem agora
Transforma-se em medonha e caricata
A vida na verdade não resgata
O quanto a própria morte desarvora,
E o caos gerando a queda que apavora
A porta se trancando, tão ingrata
E a morte se mostrando em tal cascata
Aos poucos sem sentido me devora,
Amortecendo a queda neste abismo,
Ainda vez em quando teimo ou cismo
E sinto ser possível nova luz,
Mas quando vejo bem em cada espelho
O todo enquanto aos poucos se me engelho
Somente este ar nefasto se produz.

254

Que as ordens suas sempre obedecendo
Um obcecado passo rumo ao nada,
E quando a sorte dita a velha estrada
Apenas vislumbrando este remendo,
O passo no vazio quando o estendo
A morte novamente anunciada
Presume a falsa imagem desenhada
E nela sou deveras mais horrendo,
Escaldo-me na fúria feita em lava
E o todo quando agora se espalhava
Marcando com firmeza o caos em mim,
Espalha em tom sombrio o quanto pude
E o verso na verdade não me ilude
Somente traduzindo agora o fim.


255

Brilhavam mais as luas do passado
E agora nos neons entremeando
O tempo se mostrara mais infando
E o corte noutro rumo desenhado,
Espalho o meu caminho já cansado
E tento caminhar em contrabando,
Mas sigo na verdade me invernando
E o fim se torna agora um aliado,
Escandalosamente a vida nega
E sigo a minha estada dura e cega
Sem mesmo ter o afeto de quem quis,
Do todo ultrapassado pela sorte
Apenas o não ser já me comporte
Marcando a cada engodo, cicatriz.

256


Os seus olhos perdidos no horizonte
Sem nexo sem juízo e sem partilha,
A vida prosseguindo aonde brilha
A mera persistência desta fonte,
E nada do que eu possa ainda aponte,
A sorte se presume em vã matilha
E o quanto do viver gera a armadilha
E o passo noutro rumo desaponte,
Clareiras dentro da alma, imensidão.
O passo sem saber da direção
Esboça tão somente o fim de tudo,
E quando quero a messe em meu olhar
Apenas o vazio a se mostrar
E neste caminhar já não me iludo.


257


De anjo com voz, aroma e mesmo encanto
A sorte se negara ao sonhador,
A ninfa se perdendo em desamor
E o caos somente agora enfim garanto,
E quando na verdade ora me espanto
Tentando outro cenário redentor,
O canto se pudesse num louvor,
Expressa tão somente este quebranto,
E o vago deste sonho não soubera
Conter sequer a vida, amara fera
Gerada nas entranhas da ilusão,
E sorvo cada gota do passado
Deixando o meu caminho abandonado
Nem mesmo novos sonhos tocarão.


258

Uma alma que pudesse ser cortês
Durante os temporais que a vida traça
No quanto a sorte vejo tão escassa
O mundo noutro instante se desfez
E o quanto deste sonho, estupidez
Ainda na verdade nada faça
Somente mergulhando em leda praça
Gerada pela espúria insensatez,
Arcando com meus erros sigo alheio
Ao quanto mais procuro e até rodeio
Vencidos os tormentos mais audazes,
Insólita presença de uma vida
Há tanto sem sentido, destruída
Aonde os meus caminhos; tu desfazes.


259

No mundo gozas sonhos e deveras
Os cantos mais felizes serão teus,
Enquanto mergulhando em meu adeus
A vida se transforma em ledas feras,
E neste desenhar já nada esperas
Senão velhos caminhos, tolos breus
E os dias entre tantos mais ateus
Permitem o que agora degeneras.
Esvaecendo o tempo de sonhar
Sem nada onde pudesse mais tocar
Sequer outro momento, outro cenário,
O rústico desenho se moldando
Marcando o desalento em contrabando
Num tempo tantas vezes temerário.

260

Que, enquanto existir sorte ou mesmo dita
Palavra tantas vezes nos engana,
A vida sem paragem qual cigana
Do sonho na verdade necessita,
E quando se lapida tal pepita
Na fonte mais superna e soberana;
Porquanto tantas vezes já se dana
A sorte noutro campo não palpita,
Espoliado verso sem sentido,
O quanto do caminho é desprovido
Da luz que tanto eu quis e nunca vinha,
A morte se desenha neste ocaso,
Caminho redentor porquanto o aprazo
Esbarra nesta senda mais mesquinha.



261


Amigo meu que o tempo já afastara
Levado pelos sonhos, seus acasos,
Os dias entre medos, sóis e ocasos
Dominam com certeza outra seara
E a vida enquanto sorve e desampara
Traçando sem limites outros casos,
Nos dias mais agudos, ledos, rasos
O corte na verdade nos prepara,
A senda mais atroz, etérea e turva
Enquanto gera a queda após a curva
Esbanja em dores fartas, caos e o nada
Exprime a realidade mais feroz
E cala neste instante a minha voz
Matando desde sempre uma alvorada.

262


Pela deserta imagem do que um dia
Pudesse ser além de meramente,
O quanto ainda busco e mesmo tente
No fundo não traduz a fantasia,
E o passo noutro instante perderia
O rumo e neste infausto, plenamente
Vencido sem saber o quanto alente
A morte com ternura se ergueria.
Arranco dos meus olhos o horizonte
E nada mais ainda tente e aponte
Quem sabe ser assim a leda história
E o caos se transformando em tal constância
Domina totalmente cada estância
E a glória só persiste em vã memória.

263

De medo estes espectros que ora crio
Gestados com furor e sem medida,
Marcando com terror a própria vida
E nisto se percebe o desvario,
Aonde nada mais tento ou porfio
A sorte já lançada e até perdida,
No caos onde se mostra a face erguida
Do ledo caminhar em frágil rio,
Esfacelando o sonho num segundo,
E quando no vazio eu me aprofundo
Tenacidade dita outro cenário,
E o caos se mostra quando a vida segue
Porquanto outro caminho se renegue
O mundo se mostrara temerário.


264

Temo que esteja aquém do quanto pude
E mesmo quando a vida se fizera
Na imagem caricata desta fera
Marcando com terror em plenitude,
O canto sem destino desilude
E mata o que pudesse em primavera,
A sorte noutro engodo destempera
E mata desde sempre a juventude,
Engodos costumeiros, erro tanto
E quando novo tempo eu já garanto
Vencendo os meus engodos, sigo a ti
E neste mesmo instante ora se acaba
A dita desenhada em mera taba
E o canto noutro rumo enfim perdi.

265


Que tarde eu tenho visto a torpe cena
Aonde o meu caminho em abandono
Traduz esta incerteza onde me abono
E a morte se desenha e me condena,
E quando poderia ser amena
A luta noutro rumo em vão eu clono
E traço do vazio o mero sono
E a plácida manhã não mais serena,
Afasto-me deveras da esperança
E a voz noutro caminho ora se lança
Marcando a ferro e fogo o dia a dia,
Escalo cordilheiras, nada vejo
Apenas a mortalha onde o desejo
Decerto noutro tom eu mais queria.


266

Pelo que lá pensara haver ainda
Apenas desvendando algum mistério
A sólida frieza do minério
Somente este delírio ora deslinda,
E quando a vida segue sem critério
E o tempo noutro rumo; agora finda
A morte na verdade apenas brinda
Quem tanto desejara um ledo império.
O rústico cenário se aproxima
E gera a tempestade em turvo clima
Nublando a poesia, esta esperança,
E o cântico sedento de vingança
Aos poucos cada dia nos redima
Enquanto ao fogaréu intenso lança.

267

Partindo em desvario sem saber
Se ainda poderia haver um cais
E nele após diversos vendavais
O mundo sem proveito a se tecer
O quanto deste instante pude ver
Em atos tantas vezes mais banais,
Preparo meus momentos funerais
E trago neste fato o meu prazer,
Acossa-me a vontade de seguir
Aonde e mesmo quando sem porvir
Somente por talvez algum descanso
E quando na verdade tempo esgarça
A vida se desnuda em mera farsa
E apenas o vazio; em paz alcanço.


268

E quanto o caminhar pudesse além
Da mera fantasia ou mesmo ocaso,
O quanto da verdade ainda aprazo
E nisto todo o canto ora convém,
O risco de seguir e sem ninguém
Apenas imergindo neste acaso
Sentindo a cada instante o quanto atraso
E após o meu caminho nada vem,
Somente este semente em solo duro
E quando da aridez eu me asseguro
Eu sinto que se exaure esta esperança,
A morte talvez seja o cais perfeito
Enquanto neste sonho eu me deleito,
Minha alma num momento agora amansa.


269

Lhe acode o canto imerso em plenitude
E o todo se transforma em mero e claro
Ainda quando em sonhos eu declaro
O quanto da esperança me transmude,
O canto se transborda e o quanto ilude
Pressente algum momento bem mais raro
E após o meu temor, meu desamparo
Atinjo sem sentir a magnitude.
Escassos dias mortos no passado
Apenas o desenho mal traçado
Da imensa garatuja feita em vida,
Quem sabe noutra senda, noutra sorte
O tanto quanto possa me conforte
E trace após a queda uma saída?


270

De lugar venho diverso do que outrora
Ainda poderia ter no olhar
Apenas a certeza a me tocar
Ou mesmo outro vazio onde se ancora
A sorte que deveras me apavora
E molde tão incerto o caminhar
Vencido pelo medo de lutar,
A fúria noutro instante se demora,
E o vasto deste atroz cenário invade
E gera tão somente a tempestade
Marcando com granizo, neve e medo,
E quando alguma luz; ainda tento
Escuto o furioso e torpe vento
Enquanto na esperança eu me concedo.


271

Amor conduz ao quanto pude ou nada
E traça noutro enredo a vida e morte
E quando se desenha um torpe norte
Vagando sem destino em erma estrada
Por vezes a ventura desenhada
Enquanto num momento nos conforte
Ou marque em dissonância a leda sorte
Expressa outra manhã ou noite enfada;
Esvai em verso e prosa, canto e dor
Assim ao se fazer o redentor
Por vezes em ciladas mais diversas
E nelas entranhando a voz audaz
Embora muitas vezes mais tenaz
Traçando noites duras e submersas.


272

Voltando ao meu caminho em pedras feito
Eu tento desvendar alguma luz
E sei do quanto posso ou nunca pus
E neste desenhar insatisfeito
O quanto noutro rumo me deleito
E bebo sempre à farta a dor e a cruz
Caminho mais diverso onde propus
O risco muitas vezes imperfeito
Gerando o caos somente e nada mais,
Vencendo os mais diversos temporais
E neles entranhando cada passo
Aonde na verdade eu me desfaço
Já não mais caberia solução,
O fato se mostrando em insolvência
Apenas do vazio tal ciência
Traduz o meu caminho agora em vão.


273


Repetirei louvor aonde eu possa
Vencer o quanto trago ou nada além
E sei do meu delírio e o que convém
Enquanto a própria vida não for nossa,
E deste desenhar o quanto endossa
Traduz o meu delito e sou refém
Do medo e do vazio aonde vem
O passo noutro rumo, em mera troça
Esbarro no cenário em dor suprema
E quanto mais a vida ainda tema
Escalo os meus demônios e os procuro
E o cais onde pensara mais seguro
Apenas na verdade diz do nada
Aonde poderia outra alvorada.


274


Tornei-lhe caminhante do non sense
Aonde o medo dita esta verdade
E o caos noutro caminho me degrade
Enquanto o dia a dia não convence
O risco de sonhar ainda pense
E trace tão somente esta inverdade
Marcando com terror a realidade
Embora o meu cenário não compense
O cardo apresentado a cada instante
Imagem tão dorida e degradante
No tolo desenhar em medo e cais
Cenário tão diverso do que eu pude
Ainda quando muito se transmude
E gere novos ermos temporais.

275

Senhora da virtude aonde um dia
A vida se transforma em tempestade
E o quanto da emoção logo degrade
Enquanto a voz temida se traria
Moldando contumaz a poesia
E nesta vaga luz em crueldade
Mostrando o quanto possa e se degrade
Deixando para trás a fantasia
E nisto se desnuda a realidade
O caos entre momentos mais diversos
Marcando com terror meus universos
E sem saber sequer de algum alento,
O quanto pude crer e nada houvera
Senão a mesma face desta fera
Aonde outro caminho eu busco ou tento.


276

Dado só que pudesse me trazer
A angústia aonde um dia quis bem mais
O medo entre diversos vendavais
Expressa tão somente o desprazer
Pudesse novamente te querer
O quanto na verdade em dias tais
Ousasse, mas percebo desiguais
Os ritos tão diversos do prazer,
Esbarro nos meus erros e prossigo
Sem ter sequer quem sabe algum amigo
Vencido pelos passos mais audazes
E sinto quanto pude e nada vejo
Somente a solidão, mero lampejo
E nela outros caminhos; já desfazes.


277


Quanto é no mundo atemporal verdade
O cântico disperso não me traz
Sequer a menor sombra de uma paz
Aonde o dia a dia já degrade
O tom da mais dorida falsidade
E nela outro cenário tão mordaz
Pudesse imaginar o quanto faz
E o risco aonde o passo não me agrade
Esbanjo em vão tormento o quanto pude
E o tempo se mostrando em plenitude
Esbarra nos meus erros mais temidos,
E o carma se desenha em tom medonho
O quanto ainda tento ou mesmo sonho
Expressa os dias vagos e perdidos.

278

Tanto praz-me saber do quanto pude
Embora no final não veja nada
Somente a mesma voz embaralhada
E nela o todo apenas desilude
O risco de saber já sem saúde
A sorte nesta noite emaranhada
Nos ermos de uma frágil madrugada
Enquanto quis somente uma atitude
Vestindo esta temida noite escassa
O tempo na verdade ainda passa
E marca com terror a fantasia
O cântico feroz de quem pensasse
Na vida noutro tempo ou noutra face
Agora com certeza não viria.


279

Que, já cumprida a sorte de quem ama
Ou mesmo procurasse algum segundo
Vagando sem destino ledo mundo
Marcando com temor imenso drama,
O todo quando quer e ainda clama
Traçando o quanto posso ou oriundo
De um tempo mais feliz, onde aprofundo
O passo no vazio desta trama,
Ocaso se transforma em mero caso
E o tanto quanto quero e mesmo aprazo
Gerasse novamente ouro cenário,
E sei do mero caos aonde entranho
Vencido por um medo mor, tamanho,
O tempo não seria solitário.


280

Em me abrir teu caminho não medisse
Sequer a menor sorte em desvario,
E quando algum momento; ainda crio
Tentando desviar desta mesmice
O passo se transforma em tal tolice
E nela outro caminho desafio
Marcando a tempestade por um fio
Enquanto o meu cenário se desdisse,
Vagando pelo caos tão costumeiro
Embora noutro infausto, interesseiro
Cenário se mostrando a nu, deveras
Eu bebo esta cicuta que me trazes
Em dias mais audazes e mordazes
Envolto pelas ânsias vãs, quimeras.


281

Diz-me, porém, deste cenário atroz
Aonde nada pude ou mais tentasse
E quando esta verdade transmudasse
Moldando com certeza nova foz
Ou mesmo desatando velhos nós
Na trama mais dorida, em velha face
Ainda quando o tempo demonstrasse
O risco tanto duro quão feroz,
Arregimento tolamente um sonho
E quando noutro instante eu me proponho
A crer entre diversas faces tantas
O quanto poderia ou mesmo trazes
E nisto meus momentos mais fugazes
Aonde com horror nada garantas.

282


Baixar a este engodo costumeiro
E tanto proferir palavras vãs
Marcando com terror novas manhãs
Matando em aridez o meu canteiro,
O verso tantas vezes derradeiro
As sortes em diversos tons e afãs,
Os olhos sem destino, tantas cãs
Grisalho da mortalha um mensageiro,
Escaldado caminho em tom voraz
O quanto se pudera e nada faz
Somente se esvaindo em ledo espaço,
O caos gerado após cada momento
E nele na verdade me alimento
Do mesmo engodo aonde o dia eu traço.


283


Do céu aonde a queda prenuncia
A morte deste insano aventureiro
Qual Ícaro neste sonho derradeiro
Aonde esta mortalha se tecia
No sol abrasador de um ledo dia
O tempo noutro caos mais verdadeiro
Tramando outro cenário corriqueiro
Matando qualquer luz em fantasia,
Escassos sonhos trago dentro em mim
E sinto bem mais próximo o meu fim,
Depois de tanta luta sem sentido,
O quando do meu canto dilapido
E tento novo rumo onde não há
Decerto o descaminho se percebe
E gera a insanidade desta sebe
Matando o quanto eu quis e desde já.

284

Se queres tanto apenas um momento
Aonde eu poderia ser diverso
Do quanto ainda tento ou já disperso
Marcando com terror o sofrimento,
E quando novo rumo ainda tento
E dele se trazendo cada verso
Bebendo a sutileza do universo
Depois do mero e torpe alheamento,
Vacante coração de um sonhador
Inválido poeta sem futuro
Apenas do vazio eu me asseguro
E tento ainda insano um raro amor,
Procuro sem sucesso alguma luz
Somente este negrume se produz.


285

Eu te direi do quanto poderia
E nada mais se vendo após a queda
O passo no vazio ora se enreda
E a morte se transforma em agonia
Meu canto noutro rumo, fantasia
Durante tanto tempo ainda seda
E o parto sonegado já depreda
O quanto noutro instante poderia,
Mergulho no passado e nada trago
Somente a mesma face onde este estrago
Explode sem destino e sem razão
O vento poderia ser diverso
E quando para além do canto eu verso
Os dias se repetem sempre em vão.


286

Por que sem medo a vida diz do quanto
A sorte se desvia noutro fato
E quando algum momento em paz resgato
Apenas o vazio ora garanto,
E o tempo na verdade em tal quebranto
Nascente mais suave de um regato
Pudesse também nele o que retrato
Ou quando noutro instante ora me espanto,
Vestígios de uma vida em sortilégios
Aonde quis momentos claros, régios
E nada se fizera tão somente,
O passo num tormento se moldando
E o quanto poderia ser mais brando
Agora simplesmente já se ausente.


287


Somente as coisas turvas dizem disto
Do quanto poderia e não mais tenho,
A vida se mostrando em ar ferrenho
Demonstra o quanto quero e até insisto,
O passo noutro rumo, não desisto
E o medo aonde o todo mais convenho
Expressa o mais dorido desempenho
E quando permaneço não despisto,
O verso se traduz mais movediço
O sonho na verdade não cobiço
Apenas quero a paz que nunca veio,
Seguindo sem defesa vida afora
A sorte noutro engano me apavora
E o tempo se mostrando sem receio.

288

Que a outrem pode trazer alguma messe
Eu creio e mesmo até não mais rebato,
Porém o tempo atroz, feroz e ingrato
Apenas no vazio já tropece,
O rumo noutro passo se obedece
E o canto neste instante ora constato
Gerando tão somente o que resgato
Enquanto o que mais quero não se esquece,
O ledo caminhar em noite vaga
Adentro mergulhando noutra plaga
E vejo em contra-senso este cenário
Ainda quando o quis bem mais tranquilo
Somente no vazio ora desfilo,
Um tanto quanto rude e solitário.


289

Não das mais felizes sortes, a verdade
Traduz somente um erro e nada além,
Enquanto a poesia não mais tem
Sequer um ar suave onde me agrade
O tempo no vazio se degrade
E gere tão somente este desdém
E o quanto sou do caos mero refém
Aonde o mundo gera a tempestade,
Esbarro nos enganos e me entranho
Num tempo na verdade mais estranho
E bebo a palidez do nada ser
Satânica figura desenhada
Enquanto quis apenas a alvorada
Ou mesmo algum suave amanhecer.


290

De Deus favores vários recebendo
E a vida se fazendo mais suave,
Mas quando o dia a dia mais agrave
Deixando como herança este remendo,
O passo noutro rumo se perdendo
E aonde poderia haver uma ave
Somente esta prisão temida trave
O passo no vazio mais horrendo,
E o caos onde o dia se fizera
Diverso e desenhando ainda a fera
Enquanto pude crer noutro momento,
Vestindo a fantasia de quem sonha,
A face mais temida e até medonha
Traçando este cenário onde me alento.



291

Nem deste incêndio aonde se traduz
A imensa solidão deveras traço
O quanto se demonstra em tal cansaço
Negando da esperança a própria luz
E o fardo se transcende e reproduz
Momento mais diverso e mesmo baço
Enquanto traduzindo o frágil laço
Aonde o meu caminho em contraluz
Pudesse num instante ser além
Do quanto na verdade ainda tem
Cerzindo a poesia em tom atroz,
Já não conseguiria mesmo a sorte
E quando a solidão já me comporte
Ninguém escutaria a minha voz.


292


Nobre Dama, deveras, poesia
Expressa com palavras sonhos, ato,
E nestes mais sobejos eu constato
O quanto na verdade mais queria
E mesmo sendo a vida atroz e fria
O canto neste instante ora resgato
E tanto quantas vezes mesmo ingrato
Encontro a paz que tanto poderia
Esqueço os meus caminhos noutro engodo
E mergulhando em pleno medo e lodo,
Esboço outro cenário aonde pude
Vencer o meu tormento ou mesmo até
Singrar o quanto pude em leda fé
Mudando a cada instante de atitude.

293


O mal, a que te envio num segundo
Esboço a mais sutil vicissitude
E o quanto a cada instante desilude
Enquanto no vazio me aprofundo
Um passo sem sentido, volta ao mundo
E num momento em rara plenitude
O quanto na verdade desilude
Transborda noutra face, e ora me inundo
Espalho em discordância a minha voz
E sei do quanto posso ou mais em nós
Vestindo esta ilusão de ser feliz,
E o manto se puindo num instante
Apenas o vazio ora garante
Marcando o quanto quero e nunca fiz.

294

Que lá decreto a paz aonde um dia
Pudesse desenhar um manso cais,
E sendo dos meus ermos tão iguais
A morte na verdade sorriria,
Vestindo a tempestade não teria
Sequer outros momentos, vendavais
E os ermos de minha alma tão venais
Traduzem noite imersa em agonia,
Esbarro nos meus erros e procuro
Vencer o canto atroz tanto inseguro
E bebo cada parte em ledos erros,
E assim do meu vazio tento os cerros
E apenas neste vale solitário
O dia se mostrara em vil corsário.


295

Volvendo-se deveras ao passado
Aonde nada tenho nem pudera
Sabendo do caminho aonde a fera
Espera num momento atocaiado,
O quanto poderia em tal traçado
E o vento de tal forma destempera
Gestando no infinito a vaga espera
De um ermo dentro da alma desenhado,
Escapo da armadilha quando tento
Vencer o mais temido sofrimento
E sei que nada vale cada prece
Enquanto mergulhasse no fastio
Apenas a verdade desafio
E o medo noutro rumo não se esquece.


296


O teu servo, um vassalo ora cativo
Pudesse ter apenas a alforria
E o canto noutro instante cerziria
Apenas transformando este motivo,
E quando mal ainda sobrevivo
E bebo do temida fantasia
Somente a minha morte ora se adia
O sonho se transcorre em lenitivo,
E o caos gerado em nós sem mais proveito
Enquanto solitário hoje me deito
Esboço reações, embora falso,
O rumo se renega e gera o caos
Em dias tão diversos, sempre maus
Preparo no final meu cadafalso.

297

Que ao teu amparo trague o nada além
Do quanto pude e mesmo até quem dera
Vencendo a mais dorida e amara fera
Aonde o meu vazio se contém,
O risco de seguir sem ter ninguém
Enquanto o passo alheio destempera
E marca com terror esta quimera
Deixando uma esperança por refém,
O caos dentro do peito não permite
A vida se transcorre em tal limite
E o medo recendendo à solidão,
De todo o meu caminho outrora farto
Agora pouco a pouco eu já me aparto
Sabendo dos medonhos que virão.


298


Ergue-se e ao lugar vazio aonde
Meu medo não pudera traduzir
O quanto na verdade no porvir
Ao mero tão somente corresponde
Meu mundo no vazio ora se esconde
E o todo se perdendo sem sentir
O caos gerando em mim o que há de vir
E nada na verdade inda responde
Seguindo cada rastro da esperança
A morte com certeza ainda amansa
O olhar sem horizonte e já perdido,
Meu canto sem emenda e sem remédio
Traduz o dia a dia em puro tédio
E marca com terror o que lapido.

299

Ao lado estava de quem tanto quis um dia
E nada do meu canto se trouxera
Ainda a mais sutil em primavera
Aonde apenas ledo hibernaria,
E a sorte na verdade não viria
Traçar outro momento aonde espera
E gera este caminho onde tempera
Marcando com terror a fantasia,
Escapo dos meus erros e procuro
Somente o mesmo engodo onde inseguro
Não tento outro cenário senão isto
E quando poderia ser feliz
O céu se desenhando amargo e gris,
Transcende ao quanto quero e já desisto.

300

De Deus vero louvor eu quis e nada
Somente a marca atroz da realidade,
E o canto noutro rumo se degrade
Marcando com terror cada alvorada,
A vida noutra sorte desgrenhada
E o passo se mostrando e nada invade
Toando dentro da alma a tempestade
Há tanto sem temor anunciada,
Esbarro nos meus erros e presumo
O sonho na verdade em tal resumo
Enquanto se apresenta em solidão
Do todo anunciado nada resta
Senão a mesma imagem mais funesta
Matando em nascedouro algum verão.


301

Por que não socorrer o pensamento
Vencido pelos ermos da emoção
E sei dos dias turvos que virão
Bebendo o mais atroz pressentimento
E quando algum caminho ainda invento
Perdendo qualquer rumo ou direção
Girando dentro da alma este pião
Num torpe rodopio, ao forte vento,
Esbanjo os meus anseios de menino
E o quanto ainda posso e determino
Esvai-se no vazio aonde eu pude
Sentir a mais dorida plenitude
Envolto nestas trevas mais sutis,
E o quanto poderia e nada veio
Apenas o caminho aonde alheio
Tentara ser ao menos mais feliz.


302

Que só por ti deixou algum sinal
Do quanto quis e nada pude ver
O tempo se sentindo a esvaecer
Marcando com terror o terminal
Delírio aonde o dia sempre igual
Desenha tão somente o desprazer
E sinto o meu caminho em desigual
Cenário aonde um dia menos mal
Eu tento outro cenário inda tecer,
Vestígios de uma vida quase insana
A sorte tantas vezes já se dana
E traça apenas erros, nada mais,
Aonde poderia em vendavais
Agora o meu caminho em tom sombrio
Esbarra no cenário mais atroz
Negando ou renegando a minha voz
Traçada num completo desvario.


303

Não lhe ouves, deveras nada traz
Quem tanto quis e nada trouxe além
Do mero desenhar e quando vem
Traduz apenas sonho mais mordaz,
O quanto da esperança fui capaz
E dela na verdade sou refém
Vencido pelo engano e em tal desdém
O mundo noutro rumo se desfaz
Ocasos entre tantos erros trago
E tramo este vazio aonde o lago
Apenas transmitisse este vazio
E o quanto pude crer e nada havia
Sequer a mera sombra em alegria
Deixando para trás o desvario.


304

Não vês que junto ao sonho, o pesadelo
Expressa a solidão de quem tentara
Vencer a noite fria e mais amara
Ainda com ternura em raro zelo,
O sonho na verdade posso vê-lo
Distante do caminho em vã seara
E a sorte a cada passo desampara
Trazendo tão somente este desvelo,
O caos se aproximando do meu passo
E quando cada sonho ora desfaço
Esboço a solidão porquanto eu pude
Tocar a tempestade mais atroz
Tentando adivinhar a mansa foz
Na ausência de calor, leda atitude.

305

Que ao mar não correria quem pudera
Tentar outro caminho senão este,
E o quanto do meu mundo percebeste
Marcando com terror a imensa fera,
O corte na verdade destempera
E o todo noutro rumo converteste
Gerando este vazio e mal verteste
O caos aonde o mundo degenera,
A senda mais audaz; já não consigo
E sei do quanto resta em desabrigo
Medonha face exposta a cada ausência
E o mundo se traduz em tanto engodo
E quando na verdade deste todo
Apenas o vazio dá ciência.

306

Os danos onde um dia quis a luz
E nada mais pudesse senão isto
E quando na verdade não insisto
Apenas o temor se reproduz
O corte se traçando aonde o pus
E nada ainda posso e não resisto
Morrendo pouco a pouco, apenas listo
O engodo tão comum, intensa cruz,
E faço do meu verso como um mote
E nada do que tento se denote
Somente a face escusa da verdade
E o passo sem sentido e sem segredo
Aonde cada dia e, desenredo
E o medo com certeza me degrade.


307

Ninguém tem procurado algum caminho
Imerso no não ser, adentro o vão
E sei do quanto pude em dimensão
Diversa da que agora ainda aninho,
E sei do meu cantar ledo e mesquinho
E nele novos tempos mostrarão
Apenas o que resta desde então
Num pálido cenário mais daninho,
Esgoto cada chance e nada vindo,
Somente este caminho agora findo
E nele outro cenário não produz
Sequer a menor sombra da esperança
E o passo na verdade já se cansa
Morrendo sem saber sequer da luz.


308

Como eu, entendo a morte neste instante
Apenas como um porto mais tranquilo,
E o canto aonde o medo ora destilo
Deveras nada mais pode e garante
E sigo sem destino doravante
Marcando com terror o ledo estilo
E quando a solidão em mim desfilo
Eu bebo o mais diverso e degradante
Cenário aonde o mundo poderia
Traçar somente o medo e hipocrisia
Gerando o caos somente enquanto eu pude
Tentar outro caminho mais diverso
E quando neste engano ora me verso
Matando pouco a pouco a juventude.

309

O trono meu exposto em vaga luz
Marcando com terror a plena ausência,
Aonde poderia em coincidência
Apenas o vazio se produz,
E o canto mais ausente não seduz
E gera do passado esta ciência
Medonha e tão diversa providência
À qual a penitência já faz jus
Esgoto o meu caminho no vazio
E quando alguma luz tento ou recrio
Somente mera sombra de um passado
Há tanto noutro rumo ora perdido
E o canto quanto mais o dilapido
O sonho mais infausto degradado.

310

Fiado em ermos sonhos nada trago
Senão a mesma face inculta e dura
E nesta solidão a voz perdura
Sem ter sequer um manso e doce afago,
Dos ermos mais audazes eu me alago
E a morte na verdade me assegura
Da sorte desejosa e mesmo escura
Que a cada nova ausência adentro e drago,
Dos esplendores tantos, nada tenho
Senão este cenário onde ferrenho
Buscara pelo menos claridade,
O errático caminho se desfaz
E aonde poderia crer em paz
Apenas o vazio ora me invade.


311

Honra minha a poder ter ao teu lado
O quanto desejara e desde agora
Enquanto tal paisagem se decora
O passo noutro rumo já traçado
O vento muitas vezes desolado
E a fonte aonde a sorte revigora
Não deixa mais a vida aquém, lá fora
E trama para mim o desejado,
Encontro nos teus braços o que um dia
Pudera trasbordar e mais queria
Vencendo os meus tormentos, vendavais.
E quando me concebo junto a ti
O quando deste enredo em descobri
Traduz momentos claros sem iguais.

312

Assim falava o sonho mais audaz
E nele o meu caminho se traçando
Gerando outro motivo claro e brando
Aonde a própria vida já se faz
Mergulho sem defesas, sigo atrás
Do quanto na verdade desenhando
Marcando com ternura e procurando
Apenas encontrar a leda paz,
O risco mais sobejo de esperança
Enquanto no futuro ainda avança
Tramando este cenário tão bendito
No amor que tantas vezes procurei
Desenho a mais sobeja e rara grei
E neste caminhar ora acredito.

313

Com lágrimas a vida dita a sorte
De quem tanto queria e nada veio,
Apenas ao caminho mais alheio
Sem ter sequer quem tente ou mais conforte,
A vida sem saber talvez de um norte,
Marcando cada passo onde rodeio
E sigo em mais completo devaneio
Aonde o pensamento agora aporte
Esbarro nos meus erros, mas procuro
Um cais que seja sempre tão seguro
Depois dos temporais que ainda enfrento,
E vejo nos teus braços tal alento
E sigo sem temer qualquer tempesta
Vivendo em plenitude a imensa festa.





314

Para apressar o quanto pude ver
Nas mais diversas faces da verdade
Um passo onde deveras desagrade
Jamais transcorreria ao bel prazer
E sinto essencialmente no meu ser
A fonte mais suave em liberdade
Ainda quanto mais a claridade
Decerto neste instante passo a crer.
Esbanjo os meus anseios, mas ao fim,
A seca toma conta de onde vim
E nada sobrevive em aridez,
O encanto onde pudera haver um traço
De um brilho onde deveras me desfaço
Impede o quanto buscas e não vês.

315

A ti vim e depois da tempestade
Buscando tão somente a calmaria
E embora tanta vez em tez sombria
A vida noutro instante se degrade.
Vencendo com meu sonho a realidade
Ausente da certeza que me guia
Procuro pela luz da poesia
O quanto superasse qualquer grade.
Esbaldo-me no vago de um momento
E quando outro caminho; ainda tento
Não vejo na verdade novos laços,
Momentos mais diversos encontrando,
E o quanto poderia imaginar apenas brando
Encontro estes momentos tolos, baços.


316

Da fera me livrando a cada instante
E tendo esta incerteza mais aguda,
O quanto da ilusão já não ajuda
E a queda se anuncia doravante,
Encontro a mesma imagem degradante
E a sorte que em verdade se amiúda
Não deixa nem sequer o quanto acuda
Nem mesmo outro caminho em paz garante.
Espalho cada verso ao próprio vento
E quando algum instante em paz invento
O resto se perdendo sem razões,
Os riscos são deveras mais presentes
E quantas vezes; tento e mesmo sentes
Além do quanto agora tu me expões.


317

Tão perto já dos meus anseios tantos
E neste caminhar sem direção
O tempo se mostrando em solidão
Grassando estas veredas, desencantos,
Ardentes, delirantes, ledos prantos
E o todo se perdendo sempre em vão
Apenas novos dias me trarão
Quem sabe no final, suaves cantos.
Os olhos embaçados, medo farto
E quando uma esperança eu já descarto
Ousando tão somente em mero fim,
Cansado de lutar inutilmente
O quanto se presume e não pressente
Traduz este vazio dentro em mim.

318

Que fazes, quando a noite em brumas vem
E traz nos seus momentos mais atrozes
Os ritos tantas vezes mais ferozes
E deixa a solidão, ledo desdém.
O amor quando nos faz um seu refém
E gera novos dias, seus algozes,
Impede da afluência mansas fozes
Deixando a poesia por refém,
O medo de seguir, a noite vaga,
O tempo com terror então nos traga
Somente o fim da peça e nada mais,
Depois de tanta luta, inutilmente,
O quanto do vazio se apresente
Expressa os mais diversos vendavais.


319

Tanta fraqueza a sorte não pudera
Conter entre os seus dedos e fugindo
Do quanto imaginara outrora infindo
E agora se perdendo em tal quimera,
A vida aos poucos logo destempera
E o corte se aprofunda permitindo
O medo noutro tom se resumindo
Matando em nascedouro a primavera,
Espero pelo menos um momento
Aonde com ternura ainda alento
Espúrias caminhadas noite afora,
A fúria se transforma em vã rotina
E o fim a cada instante determina
A dura realidade que devora.

320

Por que ao caminhar imerso em dores
Seguindo sem sentido ou direção
Os dias noutros dias mostrarão
Apenas os terríveis dissabores,
E quando em nova senda tu te fores
Marcando cada passo em negação,
A sorte decidida desde então
Transcorre sem sequer saber de albores,
Afasto-me dos sonhos, perco o rumo,
Nas ânsias mais temidas eu resumo
O tanto quanto quis e não podia,
A morte se aproxima e toma tudo,
Deveras vez em quando se me iludo
Imagem transtornada em fantasia.



321

Quando és um andarilho sem paragem
Vagando em noites turvas solitárias
E nestas cenas vãs e imaginárias
O tempo se mostrando qual miragem,
A ausência de um momento em estalagem
As horas mais doridas, temerárias
Enfrentam outras tantas solidárias
E o quanto se transforma em fria aragem,
Depois de tanta luta insana e leda
O quanto da vontade se conceda
E gere outro cenário dentro em nós
Não deixa que se veja a claridade
Aonde o dia a dia já degrade
Marcando com terror, face feroz.


322


Que no corte dos sonhos possa haver
Ainda alguma luz, mesmo que mansa,
E quando a vida traz em temperança
Apenas um sinal, raro prazer,
O quanto poderia ou não se ver
E a torpe realidade nos alcança
Gerando a cada passo uma mudança
Marcando com terror o nada ter,
Esbarro nos meus erros costumeiros
E tento novos dias, corriqueiros
Depois de tantas quedas vejo então
Neste enfadonho risco o meu caminho
Aonde poderia estar sozinho,
Uma andorinha apenas, sem verão...

323

E gozar tanto dos momentos mais sutis
Tentando adivinhar a plenitude
Enquanto a realidade desilude
E o tempo noutro instante contradiz,
O risco de sonhar, a cicatriz
O canto quando em verso não mais pude,
Mortalha traduzindo a juventude
E o canto se mostrando por um triz.
Esbarro nos meus erros, de costume
E quando a realidade já resume
Apenas no vazio e nada mais,
Depois de tantos dias, solitários
Os olhos vagam loucos, vis corsários
Bebendo os meus anseios siderais.


324

Quais flores numa etérea primavera
Jogada nos canteiros da esperança
O tempo noutra face já se cansa
E o canto num momento desespera,
Vestindo a solidão, velha quimera
O corte traz apenas à lembrança
O vento aonde um dia em aliança
A sorte não seria mais quem era,
Escalo os meus temores, cordilheiras
E vejo as horas frias, costumeiras
E delas me alimento a cada instante,
O nada se aproxima deste intento
E quando algum momento novo eu tento
Apenas o vazio se garante.


325

Da noite ao frio imenso dentro da alma
O caos se transformando em mera luz
E ao todo quando a vida me conduz
Já nada nem o sonho em vão acalma,
O caos se permitindo agora pleno
E o rastro que deixaste no caminho,
Enquanto do vazio eu me avizinho,
Aos poucos sem defesas, me condeno,
Esbarro nos engodos e não tendo
Sequer outro momento mais feliz,
A sorte velha amarga meretriz
Transforma o dia a dia em algo horrendo,
E o pântano se esboça a cada ausência
E nele a morte dita esta afluência.


326


Erguem-se abertos os umbrais diversos
E tento adivinhar alguma luz
Aonde na verdade se produz
Momentos mais agudos e dispersos,
Inúteis sei que são meus meros versos
E o canto se transforma em leda cruz
À qual a poesia se faz jus
Integra os desalentos, universos,
Extraio dos meus erros as lições
E quanto mais deveras tu me expões
Desnudo-me dos sonhos, morro aquém,
Do tanto que não pude mais colher
Depois de tanta ceva a se perder,
E a vida em tal fastio ainda vem.


327

Tal meu valor pudesse traduzir
Alguma luz; mas nada se veria
Senão a velha face em confraria
Ou mesmo um carrossel dita o por vir,
O quanto desejara a presumir
A noite sem igual, tão tênue e fria,
O canto noutro rumo, poesia
E o medo a cada instante consumir,
Escarpas costumeiras, quedas várias
Em noites tão ferozes, solitárias
E as mãos que acalentassem; não vieram,
Apenas os meus dias são iguais
Envoltos entre brumas, comensais
Dos ermos que deveras não me esperam.

328

Tanto ardimento em fúria e nada mais
Do quanto poderia e não veio,
Apenas tão somente este receio
Em ondas mais diversas, desiguais,
Os dias entre tantos rituais,
O corte traduzindo em devaneio
O caos gerado em mim, enquanto alheio
Aos sonhos mesmo quando em bons cristais,
Esvaio em versos torpes, leda imagem
E o corte se aproxima da paisagem
Marcando em tais raízes o futuro,
E quando poderia crer na sorte
Diversa aonde o mundo em conforte,
O passo se mostrou tão inseguro.

329

Quanto exclamei durante a vida inteira
Tentando ser ouvido, pelo menos,
E os dias onde os quis bem mais amenos
Apenas trazem morte corriqueira,
Aonde uma esperança já se esgueira
Olhando para os lados, os venenos
E os erros muitas vezes tão pequenos
Preparam cada queda em vã ladeira.
Não pude e nem pudesse acreditar
Na sombra sem sentido a me tocar
E neste desenhar já nada faço
O canto em discordância diz do todo
E quando me percebo em ledo engodo,
Perdendo o reduzido e torpe espaço.


330

Ó Dama em que talvez pudesse crer
E sinto em lupanares, vida alheia
E o tempo quando tanto devaneia
Marcando com terror o desprazer,
Pudesse novo rumo conceber
E ter outra manhã quem sabe cheia,
E o tempo mais atroz quando incendeia
Esboça a realidade a se conter.
Vestindo a solidão, apenas isto,
O quanto na verdade não conquisto
Esbarra nos meus erros costumeiros,
E quando se pudesse adivinhar
A flórea primavera a nos tocar
Quem sabe florescesse em meus canteiros?



331

E tu, que a voz se perde em tons diversos
Lamurienta noite adentra o frio
E quando se persiste em desafio
O medo transformando ledos versos,
Os passos na verdade são dispersos
E o quanto poderia em desvario
Marcando com terror o que recrio
E neste caminhar vis universos,
Expresso o meu cantar em tom suave
E nada do que possa ainda agrave
O risco de viver sem mais promessas,
E quando dessedento esta esperança
A vida noutro engodo já se lança
E além dos próprios passos tu tropeças.


332


Cortês ao rogo ameno de quem sonha
E tenta vislumbrar num novo dia
Aonde com certeza a fantasia
Já não seria assim vaga e medonha,
E quando a realidade se proponha
Marcando o quanto quero e não podia
Vencido navegante em heresia
Jazendo noutra face mais bisonha,
E o todo se traduz em nada ou quase,
Porquanto a própria vida já se atrase
E mostre em discordância o quanto pude,
Vestindo a alegoria mais atroz,
A vida se transcorre em frouxos nós
Matando sem ter nada que inda ajude.


333

Por teu dizer diverso do que há tanto
Pudesse adivinhar ou mesmo crer,
A vida se desnuda em desprazer
E o nada após a queda, em vão garanto,
E quando imaginara noutro encanto
Meu mundo num cenário a se verter
E neste desenhar o padecer
Gerado pelo caos, em medo e pranto.
Esbarro nos meus erros e presumo
O quanto deste sonho em ledo sumo
Exponho em verso amargo, ou mesmo triste,
A sorte desdenhosa e mais sombria
Aonde na verdade nada havia
Aos poucos sem caminhos já desiste.


334


Desejo tal momento embora veja
A sorte noutra face desenhada,
Depois de tanto tempo, apenas nada
E a morte noutro rumo me dardeja,
O quanto desta vida malfazeja
Expressa a solidão em alvorada
Diversa da que fora imaginada
E o caos dentro do sonho ora se almeja.
Espalho em verso e canto o quanto resta
Da sorte tantas vezes desonesta
Marcando com furor o quanto quis
Esbarro nos meus erros, vejo a queda
E o todo na verdade ainda veda
O passo na sofrível cicatriz.


335

Ao propósito diverso da ilusão
Entranho sem defesas, morro aquém
Do quanto poderia e nada vem,
Perdendo desde sempre a direção,
Meu canto noutro tom em negação
A vida me fizera seu refém,
E o caos traçando em mim ledo desdém
Expressa os dias turvos que virão,
Medonha face exposta em tal verdade
A cada novo enredo já degrade
Marcando com terror o quanto pude
Viceja dentro em mim tal esperança,
E a vida onde a quisera bem mais mansa
Negando cada passo, ou atitude.


336

Vai, pois nosso sonhar perdera o rumo
E a cena se repete a cada instante
Aonde outro caminho se garante
E vida na verdade em vão resumo,
O quanto dos meus erros logo assumo
Na imagem mais feroz e degradante,
Apenas noutro encanto doravante
O todo sem sentido não presumo,
Escarpas entre as rocas, ledo cais
E nele mais sujeito aos temporais
O velho timoneiro perde o senso,
E o quanto poderia ser diverso
Enquanto no vazio ainda verso,
Somente no descanso agora eu penso.


337

Serás meu guia enquanto houver a luz
E nela se traçando algum futuro,
Um porto onde pudesse mais seguro
Vencer cada tormento aonde eu pus
O barco sem saber da imensa cruz
E nela outro momento onde perduro
Depois de tanto tempo em ledo escuro
Ao menos num instante eu faço jus
À paz tão envolvente quanto mansa
E o quadro desenhando esta esperança
Explode em luzes fartas, poesia.
Medonha face exposta da verdade,
Enquanto o dia a dia se degrade
O nada após a queda surgiria.

338

Disse-lhe assim enquanto quis o brilho
Diverso desta estrela que não veio,
O sonho se perdendo em devaneio
Enquanto no passado ainda trilho.
Silente o caminhar sem estribilho
O dia mais atroz em ledo anseio,
Pudesse ser diverso do receio
E nada do que busco inda palmilho,
Esbarro nos meus erros, tão normais
E quando imaginara um pouco mais
O ocaso se transforma em tal rotina,
O passo sem destino determina
O quanto eu quis e nada poderia
Trazer ao meu olhar a fantasia.


339

Pelo caminho aonde um dia quis
Vencer os meus temores mais diversos
E nestes desenhares, ledos versos
Marcando com temível cicatriz,
O passo num destino amargo e gris
Os olhos tantas vezes tão dispersos
E quando outros rumos vão imersos
Os medos se traçando por um triz.
Espalho o meu cantar sem direção
E sei do dia amargo e quase em vão
Do qual já sem notícias eu me entranho,
E o quanto pude crer e nada havia
Marcando com terror e hipocrisia
O que inda imaginara ser um ganho.

340

Por mim se vai a vida em outro rumo
E nela não se vendo mais a luz
Do quanto desejara e se me opus
Perdera esta noção de paz e prumo,
E quando no vazio eu me acostumo,
A sorte se transforma em ledo pus
E apenas ao não ser se já propus
Esvaio dentro da alma em ledo sumo,
Esgoto cada parte da esperança
No quanto sem sentido a vida lança
E trama outro momento mais inglório.
O canto em harmonia não se ouvindo,
O tempo noutra face agora findo
Amor não se transforma em mero empório.


341

Ao padecer eterno em dores, medos
A vida transfigura cada instante
E neste mesmo engodo doravante
Prepara tão somente os desenredos
Os dias entre tantos vis segredos
Imagem na verdade degradante
E o quanto nada resta doravante
Deixando os meus caminhos bem mais ledos,
Esbarro nos enganos, vejo a queda
E o todo no presente ora se veda
Mergulho nesta insânia dita sonho,
E aos poucos sem saber qualquer alento
Enquanto outro caminho, embalde eu tento,
Meu mundo noutra face eu decomponho.


342

Chegando ao mais profundo dos infernos
Bebendo cada gota deste fel
O tempo em seu delírio mais cruel
E nele se trazendo os seus invernos,
Aonde poderiam ser mais ternos
Os olhos noutro rumo, ledo léu
E o caos se produzindo em carrossel
Vagando sem destino, vãos eternos.
Esbarro nos meus erros do passado
E vejo o quanto tenho por legado,
Somente este não ser ou padecer,
Pudesse acreditar na redenção,
Mas sei dos dias toscos que virão
E neles cada queda a se tecer.

343


Justiça seja feita, na verdade
O caos se transformara em tal constância
E nele se bebendo desta estância
A sorte com certeza se degrade,
Porquanto imaginando a leda grade
E nela cada passo em tal instância
Marcando com terror cada ganância
E a morte se aproxima e já me invade,
Ocasos entre quedas, morte e nada
O tanto quanto pude em alvorada
Agora destilando em tom venal,
Os ermos desta vida sem proveito,
Enquanto em pregos, medos eu me deito,
A sorte se demonstra desigual.


344


Formado pelos medos e receios
Olhando para trás vejo somente
O quanto do vazio se apresente
Tomando com terror antigos veios,
E os olhos em diversos devaneios
Tentando claramente outra semente
Mergulho neste sol tão inclemente
E busco a solução por novos meios,
Esgoto o meu caminho e nada traço,
Apenas vejo em mim ledo cansaço,
E dele se aproxima a morte em vida,
O nada se presume em nova queda,
E o passo no vazio ora se enreda
Deixando a sorte amarga e desvalida.


345

Sabedoria aonde pude crer
Num tempo mais feliz e já sabia
Do quanto fora apenas fantasia
A sorte noutro rumo a se perder,
O canto sem razão qualquer de ser
E o vento se traçando em agonia,
A morte noutro passo se veria
Tomando a minha vida em desprazer,
O quanto na verdade pude ou não,
Marcando com temida provisão
A queda após o tanto imaginado,
Esbarro nos meus erros e presumo,
Do amor apenas ledo e vão resumo,
Deixando qualquer sonho no passado.

346

No existir do medo e da intempérie
O quanto se presume em ledo espaço
Ainda quando o sonho não mais traço,
A vida se perdendo em torpe série.
Acossa-me o saber de novos dias
E neles outros tantos se desenham,
Porquanto as noites frias sempre venham
Além do que decerto mais querias,
Esbarro nos meus erros, e no ocaso
O braço se perdendo sem defesa,
Seguindo a mais constante correnteza
O tempo não traduz senão acaso,
E o caos gerando o medo e o nada além
Do quanto em fantasia me convém.


347

Não sendo eterno o sonho, perco o rumo
E tento novamente acreditar
Que exista nalgum canto, outro lugar
Aonde a poesia em paz, resumo,
O todo noutro instante se consumo
Esbarra no vazio a se mostrar
Pudesse ter nos olhos este mar
E nele caminhar em supra-sumo,
Invisto cada verso na esperança
Da vida que deveras não amansa
E gera outro momento em treva e dor,
Cansado desta luta inconseqüente
O quanto do meu mundo se apresente
Traduz somente o medo e o dissabor.


348

Palavras doloridas, mas reais
E o tempo não permite uma ilusão
Os dias mais nefastos que virão
Expondo a cada instante os temporais,
Ausente dos meus olhos porto e cais
E nada do que tanto em provisão
Pudesse traduzir claro verão,
Imerso nos terríveis abissais,
Escarpas tão diversas, queda e medo,
E quando alguma luz inda concedo
Encontro tão somente este vazio,
E o quanto poderia e não veio,
Apenas traduzindo este receio
Aonde o meu caminho eu desafio.


349

Eu vi acima do que tanto pude crer
Apenas esta imagem degradada
Da sorte noutro rumo desenhada
E nela tão somente o desprazer,
O quanto poderia mesmo ver
E até traçar nesta alma nova estrada
A vida noutro rumo desdenhada
Já não consigo em paz, o meu querer
Imagem novamente em tom sombrio
Enquanto com ternura ora desfio
O verso em busca mesmo da esperança,
A sorte se perdendo mais alheia,
A noite novamente me rodeia
E apenas solidão, atroz me alcança.


350

Seu sentido tocando cada verso
Aonde pude ver a imensidão
Dos dias onde nada se verão
Senão mesmo caminho tão disperso,
O quanto poderia estar imerso
Nas ânsias mais atrozes, negação
O sonho se desenha e desde então
Os ermos são cruéis, ledos perversos.
Jogada nalgum canto desta casa,
A vida num momento tudo atrasa
E gera a tempestade mais atroz,
E quando ainda tento algum relance
A sorte no vazio ora se lance
Calando o quanto resta em torpe voz.



351


Num estrídulo diverso a noite segue
E tento descobrir o sonho em vão,
E quando a realidade faz serão
Apenas o vazio em mim prossegue,
O tempo se perdera e sem destino
O caos se aproximando arpoa o encanto
E quantas heresias eu garanto
Enquanto o meu vazio eu determino,
Escuto a voz do vento nos umbrais
E os ermos de minha alma se desnudam,
As horas mais sofridas se amiúdam
E geram novos dias tão iguais,
Escarpas entre pedras e cascatas
E as sortes noutros rumos não resgatas.

352

Aonde em altaneira face eu pude
Vestir esta ilusão porquanto a vivo,
E quando a vida molda em lenitivo
Apenas o cenário em magnitude
Negando qualquer forma de atitude
Dos sonhos mais audazes já me privo
E o quanto me entregando mais cativo
Somente na verdade desilude,
Esbarro nos meus erros e sei bem
Do caos que no final ainda vem
Tomando o dia a dia e renegando
Um passo; aonde pude acreditar
Nas várias faces tantas deste mar
Aos poucos se perdendo nunca brando.

353


O sol se paralisa em tons diversos
E gera tão somente a escuridão
E neste desenhar porquanto em vão
Perdendo os meus caminhos, universos
E sei dos meus anseios onde imersos
Os dias noutros cantos não virão
Trazer a minha sorte em negação,
Matando em nascedouro velhos versos,
Esbarro nos anseios mais vorazes
E sei do quanto queres ou não trazes
E morro mais distante do que ouvisse,
A vida se repete vez em quando
E o todo noutro rumo desabando
Traduz após o todo; esta mesmice.


354


O sol ao misturar tantos matizes
Expressa tão somente a solidão
E nesta mais temida confusão
Os ermos; dentro da alma contradizes
E sei dos meus momentos em deslizes
E tento novo foco ou direção
Esbarro neste mesmo tempo em vão
E aprendo com meus medos, velhas crises,
Extraviando o passo rumo ao nada,
Ainda poderia noutra estada
Vencer os meus engodos costumeiros,
E sei dos erros tantos que cometo,
Enquanto no vazio em me arremeto
Os medos são dos sonhos, mensageiros.


355

A antiga natureza do meu sonho
Esboça qualquer luz onde não há
E o tempo se percebe desde já
Enquanto novo verso; em vão componho.
O mundo onde pudera ser bisonho
Ainda noutra face mostrará
Traçando aonde quis raro maná
Apenas um cenário mais medonho,
Encontro a minha voz em torno disso
E o canto tão atroz quão movediço
Já não permite mais qualquer alento,
E quando mergulhara no vazio
Somente o descaminho ora desfio
E mesmo outro cenário agora invento.

356


A nívea maravilha em praia e areia,
Risonha fantasia de quem tenta
Vencer em calmaria esta tormenta
Enquanto a lua surge rara e cheia,
A fonte neste instante se incendeia
E traz além da paz o quanto inventa
Deixando para trás a mais sedenta
Vontade aonde o todo em vão rodeia,
Esbarro nos meus cais e nada trago
Senão a mesma face em ledo afago
Ou mesmo a tempestade mais cruel,
O canto se perdendo sem espaço
O medo noutro rumo ainda traço
Cobrindo a minha vida em turvo véu.


357


Apenas um arbusto aonde em fronde
Quisera este arvoredo, e nada vinha
Somente a solidão, erva daninha
Ao todo que pudera corresponde,
O canto no final ainda esconde
O quanto poderia e não continha,
A sorte tantas vezes mais mesquinha
Esboça a realidade e não responde,
Mergulho nos meus erros e não posso
Saber do quanto seja ainda nosso
Nem mesmo se pudera ainda ver
O todo se traçando em luz sutil,
O rumo noutro enfado se previu
Gerando tão somente o desprazer.


358


Em toda parte busco algum alento
E nada se transforma em realidade
O quanto a cada instante se degrade
Traduz o que deveras não invento
E o olhar por vezes segue mais atento
Vestindo tão somente esta saudade
E nele com terror a qualidade
Expressa o meu caminho mais sangrento,
Espalho a minha voz e nada escuto,
O canto onde pudera ser astuto
Semeia tão somente o medo em mim,
E assim ao se mostrar desnudo e vago
Apenas o meu mundo ainda trago
Matando em nascedouro o meu jardim.


359


Aonde o velho sonho não retumba
Nem mesmo deixa rastros sobre a terra,
O canto na verdade não descerra
Senão a tosca imagem, leda tumba,
E o risco de viver não mais permite
O quanto se presume num instante
E o passo se apresenta doravante
Sem nada traduzindo algum limite
O caos gerando após o nada em nós
E o canto se perdendo a cada ausência
O amor quando pudesse em tal clemência
Gerar outro caminho em rara foz,
Mas nada do que tenho se abençoa
E a vida se perdendo quase à toa.

360


A vida se orquestrando em queda e riso
E o medo se transforma plenamente
E quando do caminho o sonho ausente
Transcende ao quanto fora em prejuízo,
Apenas se presume em tal granizo
O passo muita vez imprevidente
E o corte na verdade se apresente
Tomando sem sentido este juízo,
Entranho dentro da alma mais sutil,
E o quanto noutro rumo não se viu
Esboça a queda apenas, nada mais,
E quando me estranhasse em solidão,
Vagando sem saber da direção,
Exposto aos mais diversos vendavais.


361


Assombro do que fora algum momento
Imerso em luzes várias, consonantes
E quando em novos rumos me garantes
Encontro o quanto busco e não lamento,
Vencendo cada passo este elemento
E nele outros diversos radiantes
Expresso o quanto quero e me adiantes
Enquanto a nova senda; ainda tento,
Esbarro nos meus erros e procuro
Singrar este oceano mesmo escuro
Gerado pelo caos em desengano
E o passo mais audaz perdendo o rumo,
Enquanto meus defeitos; logo assumo,
Aos poucos sem defesas eu me dano.


362


Esparso os meus caminhos entre os medos
E vivo a cada instante outro momento
E quando em novo aprumo ainda tento
Vencer os meus diversos sonhos, ledos
Envolto nos medonhos desenredos
O quanto poderia e não lamento
Encontro tão somente o desalento
E nele presumindo outros segredos,
Reduzo o pensamento no vazio
E quando cada angústia eu desafio
Esbarro nos meus erros costumeiros,
E sinto outros momentos mais atrozes
Buscando no vazio as novas vozes,
Nos dias mais doridos, derradeiros.


363


Impera sobre o sonho o caos e o medo
E quando na verdade ainda busco
Embora saiba sempre tanto brusco
O passo aonde; em nada eu me concedo,
Condeno-me ao saber de tanto engodo
E nisto desenhara apenas sonho
E quantas vezes tento e decomponho
Meu passo no temido e duro lodo,
Escândalos tomando este cenário
Aonde poderia ser feliz
E o quanto desta vida já desdiz
O todo noutro rito imaginário
Expressa a plenitude de um momento
E nele em tom saudável me alimento.

364


Sidéreo caminhar em noite clara
Vagando por espaços mais distantes
E quando noutra forma tu garantes
A voz onde deveras se prepara
A sorte desenhada em tal seara
E nela entre tormentas degradantes
Os dias na verdade torturantes
Enquanto a própria vida desampara,
Esbarro no vazio aonde tento
Seguir sem ter somente o sofrimento
Ausente das nefastas noites vãs,
E os olhos procurando alguma luz
No quanto este cenário reproduz
Marcando em grises tons ledas manhãs.

365


Um sonho magistral pudesse ter
Enquanto a vida dita outro cenário,
O canto muitas vezes solitário
Traduz após o todo o desprazer,
Pudesse na verdade não conter
Senão momentos bons num solidário
Caminho aonde o tempo necessário
Transcende ao quanto pude em bem querer.
Esgoto com palavras mais sutis
O quanto com certeza; ainda eu quis
Vencendo os meus temores, naturais
E vendo a sorte imensa lado a lado,
O sonho noutro rumo desenhado
Presume no final o imenso cais.


366


No quando a imensidade dita a forma
Dos sonhos mais audazes e sutis,
O quanto poderia ser feliz
E a vida noutro rumo se transforma,
Uma esperança leda não me informa
Do todo aonde o canto agora eu fiz,
E sigo o meu caminho por um triz
Enquanto a solidão não mais deforma,
E o caos apenas vejo mais distante
A sorte noutra face, doravante
Expressa a realidade mais fecunda,
E quando se aproxima a tempestade
O todo noutro rumo já me invade
E a paz numa esperança se aprofunda.


367


Audaciosamente a vida trama
Momentos mais diversos, sonho e riso
E quando a vida traça em tom preciso
O medo aonde o nada diz do drama
E acende num segundo a velha chama
Marcando com temido prejuízo
O caos tomando todo o meu juízo
Apenas o vazio ainda clama,
E tento acreditar noutro momento
Enquanto na verdade ainda tento
Vencer os meus enganos; sigo em frente
E bebo tão somente a tempestade
Aonde todo o canto se degrade
Somente este fastio se apresente.

368

Somente este tufão tomando tudo
E nada do que eu possa ainda trago
A vida noutro rumo, ledo e vago
Enquanto na verdade desiludo,
O caos se transformando em costumeiro
O risco de viver não mais permite
O tempo onde deveras o limite
Gerando da esperança um mensageiro,
Ocasos entre dias tenebrosos
E o medo mais constante se apresenta
Enquanto a própria vida se garante
Em dias tão diversos, caprichosos,
Assim ao mergulhar neste vazio
Eu bebo a tempestade em desvario.


369

No quanto poderia mais febril
Em frenesi seguir este caminho,
Porquanto me imagino mais sozinho
O mundo noutro instante se previu
E o cândido cenário agora vil,
Transcorre num ardume mais daninho
E o tempo tantas vezes tão mesquinho
Pudera ser deveras mais gentil.
Esgoto cada verso e nada vejo
Somente o desenhar deste desejo
Mortificando a sorte aonde eu quis
Um dia mais tranquilo e não havia,
Apenas a esperança mais sombria
Num traço mais atroz, num céu tão gris.


370


Apenas mergulhando no tufão
Vencido pelos medos de uma vida
Já tanto maltratada e corroída
Marcada por incrível solidão,
Os cantos onde os dias mostrarão
A sorte noutra face sendo urdida,
Medonha tempestade sem saída
E nela outros momentos matarão
O sonho mais audaz de quem pudera
Seguir a própria estrada, esta quimera
E dela a primavera não mais visse,
O canto se perdendo sem sentido,
O quanto da esperança inda lapido,
Repete a cada passo esta mesmice.



371

Minha alma se perdendo a cada fato
E neste desenhar já não comporta
A sorte que deveras noutra porta
Abrindo outro cenário hoje constato,
E bebo a solidão e me resgato
Fechando vez em quando esta comporta
O tempo na verdade pouco importa
E trama o meu caminho em teu retrato,
Escalo as cordilheiras da esperança
E o passo com certeza agora alcança
A senda mais atroz que inda pudera,
Vencendo a tempestade costumeira
A vida noutra face ora se esgueira
Marcando em garras firmes, leda fera.


372


Aonde poderia esta pirâmide
Trazendo boa sorte a quem buscara
Além da solidez desta seara
Apenas a vetusta e leda clâmide
Navego pelos mares do passado
E tento qualquer porto, ancoradouro
E vejo mais distante este tesouro
Aonde uma esperança é meu legado,
Encontro o descaminho a cada passo
E o todo onde pudera não me traz
Sequer algum momento em plena paz
Enquanto na verdade eu me desfaço,
Mergulho nos meus ermos e procuro
Um tempo mais audaz, porém seguro.

373


A vida como eterna peregrina
Vasculha tantos pontos, nada vê
E quando se percebe sem por que
Deveras noutro instante me fascina,
E gera em turbilhão a escusa mina,
Mergulho neste rumo, e em nada crê
Quem tanto desejava e não revê
Sequer o quanto tenta ou examina.
Esbarro nos meus erros, costumeiros
E tento novamente em tais canteiros
Os sonhos mais felizes; ledo engano,
E quando ainda tento ver além
Do quanto na verdade ainda tem
Decerto novamente em vão me dano.


374

A prova deste instante singular
Transforma o dia a dia em dor e medo
E o quanto do meu mundo inda concedo
Tentando novo tempo desenhar
Espero tão somente este luar
E nele sem saber como procedo
Vivendo em mais incrível desenredo
O canto noutro rumo a se espalhar.
Depois de certo tempo tudo eu vejo
E bebo cada gole do desejo
Atroz e ao mesmo tempo mais sensato,
O quanto do viver se esboça em mim
Marcando com ternura em carmesim
O lábio desejado e me resgato.


375



O quanto da esperança se reveste
E trama novo dia a cada passo,
Enquanto meu caminho agora traço
Num rumo mais além, raro e celeste,
O todo do passado mais agreste
O risco se marcando em descompasso,
E o vento noutro instante ledo laço,
Ainda com ternura em paz nos veste,
Esbarro no meu mundo e busco a paz
E quanto mais ferrenho e até mordaz
O passo se transforma em plenitude,
O canto noutro rumo me invadindo
Gerando o quanto quis outrora lindo
E agora noutra face tanto ilude.


376


Sorvendo da esperança cada gole
Encontro os meus destinos noutro rumo
E bebo da alegria todo o sumo
Enquanto a própria vida nos engole,
O quanto poderia e já se imole
No errático desenho onde resumo
O passo aonde tanto ora me esfumo
E o caos quando possível ainda embole
Nos passos mais erráticos, cometas
E quando novo mundo tu prometas
Revejo a velha cena aonde um dia
Pudesse mergulhar num mar sobejo
Somente no vazio ora dardejo
O quanto tantas vezes poderia.

377


A vida se estreando em caos e medo
O corte se aproxima da medula,
E quando a realidade nos engula
Deixando para trás todo o degredo,
Aonde na verdade eu me concedo
O corte se traduz em medo e gula
E a fonte mais atroz aonde ondula
A sorte num momento em vão segredo.
Presumo cada passo e nada veio
Somente este cenário em devaneio
Marcando com terror o quanto pude,
Vencido caminheiro do passado,
O rumo novamente desolado
Tornando sem sentido esta atitude.


378


Ainda quando aquém da paz vieste
Marcando com terror o dia a dia
O todo na verdade não traria
A solução que busco em paz celeste,
O rumo se perdendo; o nada eu trago
E vejo a solidão se aproximando
Tornando o meu caminho em contrabando
Aonde poderia haver afago
O risco prenuncia a própria queda
E o tempo não traduz felicidade
Apenas o que tanto nos degrade
E em vago caminhar agora enreda,
Esbarro nos meus erros contumazes
E sei que apenas sonhos ermos; trazes.

379


Um gênio tão diverso em tons sutis
E nele outro caminho se desenha,
A vida se presume sem a ordenha
Do canto aonde encantos bem mais quis,
Esbarro nos meus erros, cicatriz
E quando a solidão inda detenha
O passo noutro rumo desempenha
O quadro mais atroz e por um triz.
Gerando tão somente este vazio
Aonde cada passo ora desfio
E bebo da ilusão porquanto a quero
Vagando entre temores mais diversos,
Vibrando em consonância, raros versos
E sendo de tal forma; mais sincero.

380


O quanto deste assombro dita a vida
E mostra a mesma face mais cruel,
O tempo se perdendo em roto véu
A sorte noutra face resumida,
E quando uma esperança fora urdida
Vagando sem destino em raro céu,
Escolho o meu caminho e sigo ao léu
Marcando com temor cada ferida,
O caos se aproximando deste dia
Aonde toda a sorte poderia
Vestir outro cenário, mas não vejo
Senão a mesma angústia de um passado
Há tanto noutro rumo abandonado,
E nele se perdendo o vão desejo.



381


Transportes variados, sonho tanto
E neles outros dias novamente
Enquanto a própria vida se apresente
Marcando com ternura cada canto
O todo neste instante ora garanto
E a vida na verdade não desmente
O quanto com certeza mais contente
Expressa o caminhar e me agiganto.
Pudesse pelo menos ter no olhar
A sorte desejosa e mergulhar
Nos ermos do caminho mais audaz,
O encanto se presume num momento
Aonde com certeza busco e tento
Após a tempestade ao menos paz.

382


A vida em seus enredos permitindo
Um tempo mais suave e até tranquilo
Enquanto neste sonho ora desfilo
O mundo imaginário quase infindo,
E o todo se transforma ou já puindo
O quanto noutro caos ora destilo,
Guardando esta esperança em ledo silo
O canto não seria tão mais lindo,
Esbarro nos meus erros e percebo
Apenas a verdade e nela embebo
O encanto mais atroz ou mais sincero
E deste caminhar em medo e luz
O passo noutro instante me conduz
Além do quanto penso ou mesmo quero.


383


Fulgindo em teu caminho raios tantos
E neles entranhando o pensamento
Enquanto outro cenário ainda invento
Bebendo dos suaves, bons encantos,
Os dias entre sonhos, sem quebrantos
O quanto se permite a cada vento
E o todo se transforma em sofrimento
E neste desenhar diversos cantos,
Mergulho no passado e nada vejo
Somente o caminhar em novo ensejo
Marcado por venais momentos quando
O tempo se transcorre em dor e queda
E a vida noutro engodo se envereda
E todo o desenhar se desnudando.


384


Dos astros mais distantes, nem um raio
E o canto se perdera sem sentido,
O mundo noutro fato eu dilapido
E aos poucos num instante eu já me esvaio
E quando o meu caminho, ainda traio
Marcando com terror cada libido
Deixando o pensamento em ledo olvido
A cada novo instante mais descaio.
Ausento da esperança quando tento
Vencer o mais completo desalento
Bebendo em sortilégio a dor enorme,
E o caos se transbordando a cada verso
Enquanto noutro rumo eu me disperso
O tempo se moldando me deforme.

385


As turbas incessantes temporais
Os cantos noutros rumos noutras sendas
E quando na verdade nada estendas
Senão as velhas noites tão iguais
Ouvindo os meus anseios magistrais
E neles na verdade não entendas
Sequer as mais diversas ledas lendas
Deixando no passado os meus cristais,
Esbarro nos meus erros costumeiros
Enfrentando os dias duros, corriqueiros
E nada mais pudera senão isto,
E o quanto poderia ser diverso
Agora noutro rumo me disperso
E pouco a pouco, cedo ou já desisto.


386


Mil mundos; poderia ter nas mãos
Depois de tantos medos, erros, dias
E neles outros tantos; já trarias
Cevando com horror diversos grãos,
E os dias entre medos, fartos nãos
Marcando com terríveis ironias
As cenas mais atrozes, agonias
E nelas outros sonhos artesãos,
Mereço tão somente algum apoio
Enquanto na verdade a cada arroio
Tentando uma nascente em água pura
A sorte se sonega e traz somente
O quanto da esperança se aparente
E a vida se transforma em vã procura.

387


Olhares impassíveis procurando
Além deste cenário no horizonte
O quanto na verdade ainda aponte
Mostrando um dia manso ou mesmo brando,
E o corte se demonstra desde quando
O mundo renegasse qualquer ponte
Matando em nascedouro a velha fonte
E nisto outro caminho saciando,
Esbarro no vazio em tom sombrio
E quando uma esperança; em vão recrio
Marcando com terror a minha voz,
Do todo desejado nada vem
Somente este cenário em tal desdém
Matando o quanto resta dentro em nós.


388


Crescendo dentro da alma a solidão
E nela se esvaindo qualquer canto,
Aonde na verdade não garanto
Sequer outros momentos, diversão
Encontro tão somente a negação
E neste desenhar em desencanto
A queda se anuncia e deste tanto
Apenas os vazios se verão,
Escândalos diversos; sonho e medo
E quando alguma luz; inda concedo
Não trago nem sequer qualquer sinal
De um dia aonde pude acreditar
Vagando em cada estrela céu e mar,
Bebendo todo o gozo sideral.

389


Em rastros luminosos noite afora,
Seguindo cada passo aonde trazes
Os olhos mais felizes, raras fases
Aonde a poesia nos decora,
E o corte do passado desarvora
E molda novos dias mais audazes
E quando os meus caminhos mais vorazes
Expressam cada fonte que me ancora,
Esqueço dos meus erros, sigo em frente
E cada novo dia se apresente
Diverso do que fora noutro engodo,
E após a velha queda no sombrio
Delírio desenhado eu desafio
O medo em charqueada, lama e lodo.


390

Minha alma neste canto ora suspensa
Vagando sem destino mundo afora
E quando a poesia ainda aflora
Tomando com ternura a recompensa
E neste desenhar o quanto quis
Vencendo os meus temores, meus anseios
Envolto em tantos raios, devaneios
Tentando pelo menos ser feliz,
Enfrento os meus momentos mais mordazes
E bebo cada gota deste tanto
Aonde com certeza me garanto
E tramo cada dia onde me trazes
A sorte desejada a cada instante
E nela outro momento em paz garante.


391

O quanto se tentando em mocidade
Gerando além do todo algum ocaso,
A vida se perdendo num acaso
Enquanto a própria luta nos degrade,
Apenas se mostrando em tal vontade
O quanto sem sentido ainda aprazo
Marcando com bravura o ledo caso
E nisto a fúria intensa agora invade,
Gestando dentro em mim um temporal,
E neste desenhar o bem e o mal
Misturam em palavras, pensamentos,
E o canto se perdendo no vazio
E neste caminhar medo desfio
E nele os meus terríveis sentimentos.


392

Expondo em versos tristes, olhos vagos
E neles outros tantos; poderia
Singrando sem limites poesia
Tramando dias claros, velhos magos,
E vida sem saber de tais afagos
Marcando com terror a hipocrisia
E nela novamente a fantasia
Ainda se bebendo em tantos tragos,
Esbarro no cenário mais atroz
Calando desde agora a minha voz
Gerando outro momento em caos e brilho
O todo se mostrara mais venal
E o canto noutro rumo ou ritual
Aonde na verdade eu mal palmilho.
393


Enquanto em piedade se fez mágoa
O tempo não pudera ser diverso
E bebo deste sonho onde disperso
O canto e na verdade se deságua
Bebendo desta impura fonte de água
Aonde o meu caminho dita o verso
E neste desenhar seguindo imerso
Vagando sem destino em leda frágua
Já nada mais aquece quem pudera
Singrar outro caminho em tal quimera
E nisto desenhando a vida em medo,
O todo quanto o quis já não teria
Sequer o menor sonho em fantasia
E neste desenhar eu me degredo.

394


Buscando no passado algum louvor
Apenas vejo o medo desenhado
E neste caminhar em mal traçado
Desenho se percebe o desamor,
Aonde poderia com vigor
Tramar o meu delírio desenhado
Nos ermos sem juízo e sem pecado
Vivendo tão somente em dissabor,
Mergulho neste caos e nada veio
Somente este caminho aonde alheio
Percorro cada senda e só pressinto
O canto noutro rumo ou noutra voz,
Mesquinho caminhar aonde atroz
O tempo se mostrara agora extinto.


395


Pondero esta desdita e vejo o cais
Distante dos meus dias, ledas naus
Vagando sem destino rumo ao caos
Enfrento tão somente vendavais
E os dias entre tantos se perdendo
No fundo nada trago, nem procuro
Apenas o vazio onde seguro
O tempo na verdade em vão remendo,
Esbarro nos meus erros costumeiros
E bebo dos enganos mais frequentes
E embora novo rumo; já apresentes
Marcando com horror velhos canteiros
Sem ter a florescente primavera,
A sorte noutra face destempera.


396


Suspiros entre lágrimas venais
E os dias se repetem, sempre assim,
Aonde poderia haver jardim
Os dias se repetem, são iguais,
E os cantos onde os quis mais magistrais
Esboçam tão somente o ledo fim,
E quando na verdade ainda vim
Tentando outros caminhos infernais
Esgoto o meu cenário em paz e tento
Vencer com alegria o sofrimento
Erguendo o meu olhar além do todo,
E apenas o meu mundo se destoa
Da sorte quando a vida segue à toa
Moldando a cada passo um novo engodo.


397


A vida, imensidade em seus limites
Gerando da amplidão cada segundo
E nela quando busco e me aprofundo
Aonde na verdade me permites
Vencendo os meus caminhos, acredites
No quanto de ternura ora me inundo
E bebo deste sonho, um vagabundo
Sem termos onde ainda delimites.
Esbarro nos meus cantos mais atrozes
E bebo da verdade em tolas vozes
E singro outros momentos mais além
Feridas entre tantas noites vagas
E quando de esperanças vãs alagas,
Apenas os vazios inda vêm.

398


A vida em seus favores mais sutis
Trazendo a cada sonho uma verdade,
E quando a sorte toca e mesmo invade
Traçando o quanto quero ou nunca fiz
E deixa tão somente a cicatriz
Aonde o meu caminho se degrade
Marcando com terror a imensidade
E nela na verdade por um triz,
Esbarro nos meus erros e procuro
Ainda algum momento mais seguro
Enquanto nada vejo e nada resta,
Apenas a figura mais sombria
E nela toda sorte poderia
Decerto ser talvez bem mais funesta.


399


Adentro tantos versos, sentimento
E busco qualquer cais onde pudera
Vencer o quanto agora desespera
E nisto se traduz alheamento,
O quanto na verdade ainda tento
Traçar o meu caminho em primavera
E mato com certeza a leda fera
E nela com terror vou desatento.
Esbarro nos meus erros e percebes
O quanto solitárias são tais sebes
Enquanto a minha vida não se visse
Tocando com terror cada momento
E apenas na verdade ainda tento
Fugir desta loucura em vã mesmice.


400

A vida se mostrando na aparência
Diversa da que tanto desejei
Marcando com terror a dura grei
E nela sem saber da interferência
Matando com terror sem indulgência
O quanto na verdade eu desenhei
Medonha e caricata face; ousei
Tentando vislumbrar coincidência
E o manto mais suave poderia
Gerar a cada passo a fantasia
E nela a poesia se fartasse,
Mas quando a própria vida nega o fato,
Apenas no vazio eu me constato
Mostrando tão somente a minha face.



401


Em tal contentamento a vida traça
Apenas a figura da esperança
E quando ao mais distante já se lança
A sorte na verdade esta fumaça
Ao mesmo tempo toca, roça e passa
Deixando para trás qualquer mudança
Marcando com terror esta fiança
Enquanto na verdade ora desfaça
O passo noutro rumo, e sem sentido
O quanto do meu mundo não lapido
Nem versos poderia mais fazer,
Gerando tão somente o duro caos
E nele a vida traça em vários graus
O todo desenhado em desprazer.

402


A vida em tanto engodo, em inclemência
Transcorre sem sentido e diz do nada,
A sorte muitas vezes desenhada
Gerando a cada passo esta indulgência
E o tempo se mostrando em tal ciência
Demonstra uma inconstância a cada estada
E nega com certeza a minha estrada
Marcando com terror leda ingerência
O risco de sonhar, o caos no fim,
E o canto se perdendo, é sempre assim.
A vida não permite novo dia
E quando na verdade o tempo traça
Além da mera imagem da fumaça
A sorte aonde o todo não se via.

403


A vida traduzindo o fingimento
Marcando com terror o passo enquanto
Ainda noutro rumo eu me garanto
E bebo a solidão a cada vento,
E neste desenhar o quanto invento
Transcorre no mais duro desencanto,
E o todo se permite e m adianto
Gerando sem querer novo tormento,
Esqueço e mesmo posso me fazer
Diverso do que tanto busco ver
No caos gerado em mim, a cada ausência
E sorte não presume novo fato,
E o todo na verdade não resgato
Marcando com terror a consciência.


404

Desentoados sonhos entranhando
O quanto desta noite poderia
Ser mais do que deveras fantasia
Ou mesmo outro cenário mais infando,
A sorte noutro rumo desenhando
A face mais atroz em agonia,
Mergulho no final em sorte fria
E bebo este desenho se traçando
E nisto poderei vencer demônios
Quem sabe até calar os pandemônios
Gerados pela insânia de quem tenta
Vencer o mais difícil caminhar
Ou mesmo noutro instante, num vagar
Saber deste momento em vã tormenta.

405


Pudesse com brandura onde não há
Sequer algum sinal de paz em mim,
O canto se aproxima deste fim
E nele se desenha desde já
O quanto poderia aqui ou lá
Num arco mais diverso e mesmo assim
Acende num instante este estopim
E marca o que decerto me trará
Apenas em vertentes mais diversas
Enquanto noutro rumo também versas
Marcando com temor o dia a dia,
E assim ao desenhar a face escusa
A sorte na verdade mais confusa
Expressa o que deveras mais queria.


406


Urdido pela noite em palidez
O canto sem desejo, morto em luta
Diversa enquanto tenta e até reluta
No fundo na verdade nada fez,
Somente a mais diversa insensatez
E nela a noite imersa, dura e astuta
Ainda noutro passo; em fúria, bruta
Espalha o quanto a vida se desfez,
E vejo outro cenário aonde um dia
Pudesse desenhar em alegria
O canto mais feliz, em luz e glória,
Mas sei do desafio e tento além
Do quanto na verdade sempre vem
Mudando sem perguntas minha história.


407


Diversas e contrárias sendas; vejo
Aonde poderia em concordância,
A vida se mostrando em rutilância
Dispersa do que tanto quero e almejo,
Momento mais sublime e até sobejo
Gerado pela mera redundância
Marcando com terror a leda estância
E nela outro caminho diz lampejo,
Esbarro nos meus erros costumeiros
E tento discernir nos meus canteiros
Apenas um momento em glória e paz,
A sorte dessedenta cada passo
E quando na verdade eu me desfaço
Somente este vazio, a vida traz.


408

Ignorado por quem tanto quisera
Seguindo sem destino, ou mesmo cais,
Preparo tão somente os funerais
E nele me entregando à vã pantera,
Matando o quanto quero e não me espera
Esboço de momentos terminais
Aonde poderiam muito mais
Os dias onde nada mais tempera
Escassos olhos buscam claridade
E o tempo pouco a pouco já degrade
A cena aonde um dia quis o tanto,
E neste desenhar o medo traz
Somente esta figura tão mordaz
E nela tão somente o desencanto.

409


Das tantas e diversas dimensões
O passo se perdendo em turbulência
A vida se mostrando em ingerência
Dos erros em supernas provisões
E quando a realidade tu me expões
E deste caminhar tomo ciência
O quanto poderia em coincidência
Gerando novos dias e senões,
Meu verso se perdendo sem destino,
E apenas o vazio eu determino
Marcando com terror cada momento
Aonde alguma luz; inda procuro
E sei deste cenário turvo, escuro
E nele a cada ausência eu me atormento.


410

Pisando em astros tantos, vago além
E bebo do passado aonde um dia
Pudesse imaginar e até teria
O quanto na verdade não mais vem,
Dos sonhos simplesmente sou refém
E o canto noutro tom eu poderia
Sangrar ou mesmo até em agonia
Vencer a tempestade em tal desdém.
O caos se transformando a cada instante
Enquanto na verdade me garante
Do medo mais atroz, vida sem nexo,
E assim deste cenário em turva imagem,
Meus olhos muito além de vã miragem
Deveras, meramente algum reflexo.



411

Trazendo em meu olhar outro horizonte
Aonde poderia acreditar
Na imensa maravilha de um luar
E nele toda a sorte agora aponte,
Marcando em consonância a imensa fonte
Enquanto neste instante a mergulhar
Encontro o meu caminho rumo ao mar
E nele se vislumbra o sonho em ponte.
O quanto ser feliz ainda posso
E neste desenhar que penso nosso
Extraio este matiz sereno e claro,
E quando mergulhando em tanto brilho
Nas sendas da esperança agora eu trilho
E o canto mais suave ora preparo.

412

De tanto que pensara noutra cena
A vida se desenha mais tranquila
E o canto na verdade ora desfila
Em noite mais suave e me serena,
O todo sem destino já condena
E marca o quanto pode e enfim destila
A voz aonde o mundo ora vacila
E traça a solidão quando envenena.
Quisera a mansidão que nunca vinha,
A sorte na verdade toda minha
E a morte não permite novo enredo,
Ao quanto poderia e nada houvera
Sabendo do final, leda quimera
Ao sonho mais feliz eu me concedo.

413


Visões tão diferentes, mesmos sóis
E os cantos se transformam nestes hinos,
Os olhos mais argutos dos meninos
Aonde os teus desenhos; já constróis
E tendo as esperanças quais faróis
Depois de tantos erros, desatinos,
Os dias mais atrozes, pequeninos
A vida se desenha em vãos lençóis
Esbarro nos meus erros, nada mais
E tento novos dias; são iguais
E o tétrico caminho diz do fim,
E quando poderia ser diverso
Apenas num momento eu me disperso
E perco tudo aquilo que há em mim.

414

Um pária tão somente em noite vaga
A sorte não traria outro cenário
Além deste diverso e temerário
Tomando com certeza inteira a plaga,
A sorte noutro rumo não afaga
E o medo se transforma em tal corsário
Marcando com terror o itinerário
Embora a solidão deveras traga,
O tempo de sonhar já se esgotara
E a vida se perdendo em noite clara
Vagando sem destino, prumo e senso,
Do quanto poderia e nada houvera
Somente a ingratidão em leda espera
É tudo o quanto tenho, e me convenço.

415


Apenas tenho os astros, nada além
E a queda se prepara a cada passo,
Vagando sem destino em ledo espaço
Somente este vazio ainda vem,
O toque mais atroz, ledo desdém
E nele a cada instante eu me desfaço
E o rumo noutro instante tento e traço
Dos sonhos, meramente algum refém.
O corte se aprofunda e num instante
Somente este vazio se garante
E trama um novo enredo em tom sutil,
O quanto do desejo permitiu
A queda noutra face; doravante.


416


De todas as riquezas vida afora
A sorte me permite algum momento
E quando na verdade ainda tento
A noite noutro tom ainda aflora
E gera a tempestade onde vigora
O caos e neste tanto me alimento,
Envolto pelo ledo sofrimento
Enquanto a solidão já me apavora.
Errático cometa; eu nada tenho
Somente o caminhar onde desenho
Cenário tão diverso do que eu quis.
E o tempo se transforma em ledo e vago
E o todo neste instante aonde alago
Deixando dentro da alma a cicatriz.

417


Do quanto tu me deste nada levo
Sequer uma alegria ou mesmo um sonho,
E quando noutro instante decomponho
O mundo se mostrando amargo e sevo,
O passo se deveras eu me atrevo
E sinto ser decerto mais bisonho,
O todo se mostrara onde enfadonho
O rústico cenário aonde eu nevo,
Granizos dentro da alma, nada além
E a sorte na verdade não contém
Sequer algum detalhe mais feliz,
Enquanto poderia ser assim,
O canto se transforma e já no fim
O rumo noutro engodo se desdiz.


418

O beijo aonde a vida se conforma
E traz esta alegria aonde um dia
Pudesse novamente em alegria
A sorte na ditosa e rara norma,
E quando a solidão já me deforma
E marca com terror cada agonia
Deixando para trás esta utopia
Tomando do vazio a turva forma,
O quanto deste sonho, leda esmola
Ainda na verdade me consola
E gera alguma paz onde pensara
Diverso caminhar em noite escura,
O canto de tal fora ora perdura
Tornando mais suave esta seara.


419


No olhar azulejado de quem amo
O tanto quanto quero mergulhar
Vagando neste imenso e claro mar
Aonde com ternura e paz declamo,
Amor como se fosse da vida este amo
Presume este diverso desejar
E nele a cada instante me entranhar
Enquanto a poesia agora eu tramo,
Bebendo cada gota da esperança
E nela o meu desejo sempre avança
Marcando com ternura o dia a dia,
E o quanto pude crer na eternidade
Durante este momento onde me invade
Imensa e insaciável poesia.

420


Olhando no teu rosto a claridade
Que tanto me inebria e me permite
Viver além de algum ledo limite
O quanto a vida trama e já me invade
Não quero mais saber desta saudade
E nela nem tampouco se acredite
Ainda quando a vida em mim palpite
Toando esta esperança que me agrade
E gere novo tempo: ser feliz,
Traçando o que em verdade eu sempre quis
Tocando a plenitude em raro céu,
Do manso caminhar à magnitude
Sem nada que deveras desilude
Atinjo o mais sublime e claro véu.




421


Este ar em plenitude traduzisse
O quanto de um desejo me domina
E neste delirar a minha sina
Desfaz o que pudesse ser mesmice
E quando se presume o que desdisse
A vida noutra face, e se examina
A sórdida presença determina
O todo noutra face em tal tolice,
Esbarro nos meus erros costumeiros
E sei dos versos torpes mensageiros
Do tempo que virá ou mesmo veio
Traçando com ternura ou dor ou prece
O quanto da verdade ora se esquece
Marcando cada passo com receio.


422

Murmúrios misteriosos, noite afora
E o tempo não permite qualquer sonho,
Aonde na verdade não componho
A sorte sem juízo me apavora
E toma sem certeza e devora
O quanto poderia em ar bisonho,
Mas todo o meu caminho quando enfronho
Traduz o quanto quero e desancora,
Marcando com terror o passo e o dito
Do todo mais suave necessito
E disto traço um dia mais sereno,
Porém quando na ausência de uma luz
Enquanto ao mau destino se conduz
Aos poucos na verdade me condeno.


423


A névoa desce clara sobre a tarde
E o quanto poderia ser feliz
Agora na verdade se desdiz
Enquanto a poesia se retarde
O sonho com certeza se resguarde
E o tempo gera nova cicatriz
Do quanto deveria e nada fiz
O tempo com certeza não aguarde,
Esbarro nos meus erros e percebes
As horas mais difíceis nestas sebes
E delas se transcorre em tom venal,
O rito de sonhar e nada ter
Pudesse noutro instante perceber
O quanto se faz tétrico, atroz; mau...


424


Um vago sentimento toma a forma
Do quanto o sonho quis e nada havia
Somente a mais dorida fantasia
Aonde cada passo se deforma
O rústico desenho quando informa
Do medo mais atroz, sem alegria
Matando em nascedouro esta utopia
Trazendo esta desdita como norma.
Meu canto se perdendo sem um eco
O sonho se mostrando aonde eu peco
Gerando a solidão cruel, malsã,
E o todo que pudesse num segundo
Agora na verdade em dor me inundo
E morro sem saber deste amanhã…

425

Espiritualizando o verso quando
A vida noutra face em misticismo
Vencendo a solidão, gigante abismo
Ou mesmo meu caminho transformando,
Aonde se mostrasse bem mais brando
Ainda com ternura tento e cismo.
Enfrento a cada instante novo sismo
E o mundo desta forma desenhando
Cenários mais diversos, sonhos rudes
E neles com certeza tu me iludes
Gerando enfim a sorte que não veio,
E tento caminhar enquanto a vida
Há tanto sem saber qualquer saída
Expressa simplesmente um devaneio

426


Ruídos tão dispersos, noite afora
E o medo de seguir em solidão,
Vencendo com ternura os que virão
Tramar a solução que desarvora,
O medo noutro canto me apavora
E gera dentro da alma um turbilhão
Traçando a cada infausto a negação
Do medo onde deveras nada aflora
Somente este vazio e nele eu sigo
Sabendo a cada instante do perigo
Do sonho sem resposta, em luz tão fraca,
A sorte desdenhosa num segundo
Enquanto de ilusões eu já me inundo
E o barco noutro rumo agora atraca.


427


Os dias se repetem sonolentos
E tento imaginar novos caminhos
Embora saiba tanto quão daninhos
Apenas os imensos vãos tormentos
E quanto mais atrozes sofrimentos
Maiores os delírios, tão mesquinhos
E assentam no vazio velhos ninhos
Expostos às tempestas, fúrias, ventos.
E embora tantas vezes quis a sorte
Diversa da que tanto me comporte
E gere sem suporte a queda além,
E o todo se traçando no vazio
Somente este caminho desafio
Enquanto a solidão, ainda vem.


428


Os cantos vêm dos céus em querubins
E geram novos dias, mais felizes,
Vencendo com ternura tantas crises
Marcando com floradas meus jardins,
Os olhos entre sonhos ditam tanto
Os medos se afastando a cada instante
A vida noutro rumo me garante
Apenas o caminho onde adianto
O passo num momento mais feliz
E o gesto se repete vez em quando
O mundo noutro encanto me tomando
Fazendo do sonhar o que bem quis,
E o gozo da sublime fantasia
Ainda traz o tanto onde o queria.


429


Neste infinito passo rumo ao farto
Jamais eu poderia me perder
Vivendo tão somente este prazer
O medo na verdade ora descarto
E quando do vazio já me aparto
Sabendo carinhoso amanhecer
O todo se traçando no teu ser
Aonde o meu caminho ora reparto,
E vejo neste instante o quanto pude
Sentir o nosso amor em plenitude
Marcando com suave melodia,
O quanto deste raro lume trazes
E vences dos temores tantas fazes
E nelas outro sonho eu moldaria.


430


Sem medo ou desespero ora prossigo
Vencendo os meus anseios e podendo
Saber do que deveras eu estendo
E ganho com ternura o manso abrigo,
E quando no teu lado eu já consigo
Traçar outro caminho sem remendo
E as mãos ao mais diverso agora entendo
O tempo sem saber qualquer perigo,
Entranho neste raro amanhecer
E bebo todo o canto em tal prazer
Viceja dentro da alma esta esperança
Enquanto a sorte dita um novo sol,
Tomando com beleza este arrebol,
O coração atroz ora se amansa.



431


Em vários tons de voz, loucas esferas
Adentro os meus dispersos e ermos vãos,
Enquanto no passado foram grãos
Agora mortas vejo as primaveras,
E dentre tantas vagas, ondas feras
Os véus deitando sombras sobre os chãos,
Da morte e da agonia, os artesãos
Entranham as diversas vis quimeras
E neste desenhar horripilante
O passo noutro rumo se adiante
E leve aos mais terríveis maremotos,
Em tantos cataclismos, pesadelos
Os sonhos mais dispersos ao contê-los
Os dias se anunciam mais remotos.

432


Lamentos variados, tons atrozes
E o cântico em temores desenhado,
Um grito se escutando, inútil brado
Num misto de diversos sons e vozes,
As pútridas correntes, suas fozes,
O corpo há tanto tempo destroçado,
O olhar sem horizontes, desenhado
Em meio a tais verdugos, vis algozes.
E o caos gerado após já continua
Ausente de algum céu brilhos de lua
A morte se aproxima num rasante
E o canto em agonia se espalhando
Num ar terrivelmente vão, nefando
Neste cenário torpe e degradante.


433


Em névoas tão diversas, grises céus
E os cantos em terrível agonia,
A sorte noutro rumo se desvia
E os olhos entremeiam fogaréus,
A turba insatisfeita, ledos réus
Do quanto na verdade não teria
A sorte nem sequer a fantasia
No vórtice gerado por incréus,
E o carma se desenha em dor e medo,
A cada novo passo que concedo,
Um tosco linguajar em riso e pranto,
As horas se arrastando lentamente,
Ainda que deveras busque ou tente,
Apenas ao final eu me adianto.



434

Tormentas entre medo, fúria e gozo
O tempo determina o fim do sonho,
E quando nesta cena em vão me ponho,
Um dia tantas vezes pedregoso
O rumo se perdendo em horroroso
Caminho atroz, feroz, ledo e medonho,
E tanto quanto possa; em vão me oponho
Num passo em tal cenário, um andrajoso.
Por mais que tente apenas respirar
O fétido desenho de um lugar
Envolto em tantas trevas, heresias
E neste vago passo rumo ao nada,
A sorte há tanto tempo ali lançada
Impede quaisquer luzes, fantasias.


435


O quanto se pudesse acreditar
Ainda em redenção após a queda,
E enquanto a própria morte se envereda
Não deixa quase nada em seu lugar,
Apenas no vazio, o meu altar
A sensação de pânico se enreda
E quanto mais dorido, mais se seda
Até poder decerto evaporar.
Seguindo cada passo rumo ao nada,
A estrada desta forma desenhada
Impede qualquer luz e em meio às trevas
Medonha face exposta da quimera
Aonde qualquer luz já não se espera,
Das dores vejo bandos, ledas levas...


436


Um ignóbil caminho dita o rumo
De quem pudesse crer na salvação
E os dias mais vorazes desde então
Apenas no vazio ora resumo,
E quando me percebo e logo esfumo
Perdendo qualquer passo ou direção,
As horas mais sombrias me trarão
Da vida o mais atroz, duro consumo.
Encontro meros rastros de algum ser
Que ainda tenta mesmo parecer
Humano, embora esteja mais disforme,
E o quanto ainda resta, pouco a pouco,
Num ato mais atroz, diverso e louco,
Deveras noutra face se deforme.


437


Num gesto atroz o sonho se traduz
E marca cada passo em tom venal,
O olhar se perpetua; turvo e mau
Sem ter sequer sinal de alguma luz,
Quando à vergasta o rumo já faz jus
E o rito se transcorre em ar fatal,
O caos gerado após, num sempre igual
Caminho recendendo à morte e à cruz.
O medo se espalhando, sem defesa,
Desta loucura imensa, mera presa,
Sem ter escapatória, sigo alheio
Ao quanto poderia ser diverso
E tento no vazio do universo
Enquanto a morte apenas, eu rodeio.


438


Mistérios tão diversos, vida e morte
No caos gerado apenas no abandono,
Do corpo em sofrimento, hoje me adono
Sem ter qualquer momento que o conforte,
Ainda quando o medo já suporte
Ou mesmo um esperança ora sem dono
Tentando outro caminho aonde eu clono
Gerando do vazio qualquer norte.
O todo se aproxima do não ser
E vejo mais distante o amanhecer
Na noite interminável, tempestade...
E quando poderia ser diverso,
O sonho noutro rumo ora disperso
E apenas a mortalha ainda invade.


439


Seguindo incontinenti vida afora,
Tentando vislumbrar uma esperança
Aonde na verdade nada alcança
Senão a solidão quando devora,
E o caos se aproximando já demora
Enquanto o meu caminho ora se cansa
E apenas vislumbrando em vã lembrança
A imagem que deveras me apavora,
O medo não permite qualquer passo,
E quando alguma luz augusta eu traço
Somente uma ilusão e nada mais,
O quanto poderia e nunca veio,
O rústico desenho, vago e alheio
Prepara para os dias terminais.


440

Aonde sem estrelas, lua ou brilho
A noite se transforma em mais cruel,
A treva dominando inteiro o céu
Aonde inutilmente inda palmilho,
Seguindo do vazio o torpe trilho,
A sorte se moldando em dor e fel,
O quanto poderia e em turvo véu
Apenas mostra este ar quase andarilho
De quem buscando somente a claridade
A cada novo instante se degrade
E morra um pouco mais, e sem defesa,
A vida atocaiada fera expõe
E o todo num momento decompõe
Marcando com terror a leda presa.



441



Ressoa dentro em mim a dor do eterno
E neste desenhar já nada vejo
Senão a mera sombra de um desejo
Aonde sem querer; a dor, externo.
Vivesse eternamente neste inverno
E nele a cada ausência um mero ensejo,
Uma esperança apenas num lampejo
Trazendo dentro da alma um ledo inferno,
Vestindo esta mortalha a cada instante
O quanto vejo apenas degradante
Marcando com terror o dia a dia,
E o quase ser feliz, vago passado
Agora noutro rumo desenhado
Etereamente enfim se esvaecia.


442


Ouvindo dentro da alma este lamento
Em voz tão condoída e nada além
Do quanto ainda resta ou mal contém
Traçando este momento em desalento,
E quando alguma luz, diversa, eu tento
Apenas o vazio volve e tem
Num átimo o mergulho em tal desdém,
Gerando tão somente o sofrimento,
Semente do nefasto tempo em vão
E neste desdenhar, um podre grão
Expondo a vida em ares mais profanos,
Acumulando os medos e os terrores
Aonde quer deveras que tu fores
Somente herdando novos e vis danos.


443

Os brados mais atrozes; noite vã
E o quanto poderia acreditar
Num raio mais sublime de um luar
Ou mesmo a claridade da manhã,
A vida se desenha e tão malsã
Não deixa quase nada a se mostrar
Somente este caminho a se entornar
Na sórdida expressão sem amanhã.
Mesquinhos passos; sigo rumo ao nada
E tento prosseguir em nova estrada
Ousando até quem sabe ser feliz,
A sorte que eu pensara se esvaíra
Deixando apenas isto: tal mentira
Que o próprio dia a dia já desdiz.


444


Em névoas, brumas tantas, vida afora
O medo de sonhar já não permite
A vida se traçando em tal limite
Aonde este vazio me apavora,
O quanto da saudade me devora
Ou mesmo até quem sabe delimite
E neste desenhar nada acredite
Somente na emoção que desancora,
E o caos gerado após a tempestade
Ainda se traduz neste degrade
E marca em fundos lenhos, poesia.
O sonho muitas vezes se perdendo,
A sorte não passando de um remendo
Enquanto tanta luz esperaria.

445


Retumbantes loucuras dizem tanto
Do caos gerado em mim pelo vazio
E quando cada passo ora desfio
Ainda noutro sonho, eu me adianto,
E morto sem saber, a cada pranto
Aumenta tão somente o desvario
E o corte se aproxima e não adio
O todo no momento onde me espanto.
Expresso alguma sorte quando creio
No mundo sem perguntas nem rodeio,
Vagando pelo céu em tons diversos,
Marcando com ternura o dia a dia,
Aonde novo rumo eu tentaria
Encontro os mais temíveis universos.


446


Semeias entre tantos, temporais
E bebes desta insânia costumeira
Ainda quando mais amor se queira
Exposto nestes ermos, ledos, cais.
E o quanto pude crer noutro momento
Aonde a vida fosse bem tranquila
A sorte noutro rumo se desfila
Enquanto uma ilusão eu alimento,
Cerzindo outros caminhos, dita traça
Reveses tão comuns ao sonhador,
E sinto a cada queda decompor
Ou mesmo se esvaindo em tal fumaça
O rústico desenho da esperança
Que apenas no vazio ora se lança.

447


A mente se perdendo em tais horrores
Gerados pelos medos mais constantes
E quando novos rumos; já garantes
Guardando dentro da alma tais rancores,
E desta forma sigo aonde fores
Em passos muitas vezes delirantes
Aonde se pudera ou mesmo encantes
Trazendo em teu olhar diversas flores,
Mas logo esta ilusória face cai
E o todo no vazio ora se esvai
Deixando tão somente a turva marca
Do dia entre as neblinas, brumas, medo
E quando de tal forma assim procedo,
A vida no sombrio agora embarca.


448


Dizendo ao coração cada momento
Aonde em frases feitas tento o brilho,
E o canto enquanto posso ou mesmo trilho
Traçando tão somente o desalento
E quando novo dia; ainda tento
A solidão deveras eu palmilho
E sigo sem saber, ledo andarilho
Da paz ou da alegria, em provimento.
A morte se desenha a cada passo
E quantas vezes teimo ou me desfaço
E gero após o nada, outro vazio,
Senões que a vida ensina e sempre traz
Num ar mais tenebroso e até mordaz,
Enquanto em versos torpes a desfio.

449


Quem são esses terríveis navegantes
Dos sonhos mais atrozes, pesadelos,
E quando posso ao menos percebê-los
Os sinto na verdade degradantes,
E mesmo quando o passo; ora adiantes
Aonde poderia com tais zelos
Somente meus anseios revivê-los
Já nada com certeza me garantes.
Ocasos dentro da alma; nada galgo
Enquanto se queria um sonho ou algo
Diverso desta sorte em dor e tédio,
Apenas se traçando o imenso medo,
E nele cada frase que concedo
À morte faz temido e louco assédio.


450


De um mísero caminho em turbilhão
Apenas os sinais de um dia audaz
E o quanto poderia e se desfaz
Gerando novamente outra emoção
Meu passo se mostrando agora em vão
E o corte noutra face, mais tenaz
Enquanto a dor se mostra contumaz
Já não conheço os sonhos que virão,
E o caos gerado em mim no dia a dia
Tomando com certeza e vilania
O todo que pudera ser diverso,
E quando num cenário mais complexo
O olhar se perde além noutro reflexo,
Aos poucos sem destino, eu me disperso.


451

Quem viveu tão somente a fantasia
Vestindo esta ilusão mais passageira
Ainda quando um novo tempo queira
A vida na verdade, a sorte adia,
E o todo se transforma em agonia
Marcando com terror a vida inteira
E a sorte mesmo sendo passageira
Aos poucos noutro rumo se esvazia,
E o caos gerado após traduz a sorte
De quem com toda a fúria já comporte
A noite mais atroz, feroz figura,
E o canto se perdendo a cada instante
Mostrando este cenário delirante
Aonde a solidão se configura.


452

Nem louvor nem tampouco uma emoção
A vida traz a quem não se entregara
E quando se percebe esta seara
Ausente do que fosse a sensação
Dos dias mais felizes que virão
Ou mesmo da incerteza mais amara,
O todo noutro passo se prepara
E trama tão somente a solidão,
Do passo em vão seguindo cada rastro,
Aonde no vazio agora alastro
O rústico desenho da esperança,
A morte em plena vida me acolhendo
E o todo se resume neste horrendo
Caminho e nele o tédio sempre avança.


453


Os dias mais mesquinhos, turbulência
A vida não permite qualquer sonho,
E quando o dia a dia eu decomponho
Sentindo do vazio a virulência
O todo se perdendo em inclemência
O passo noutro rumo mais medonho,
Alguma messe; mesmo em vão, proponho
E nada se tomando em consciência
O canto se tornando mais atroz
Já nada mais comporta a minha voz
Nem mesmo a fonte rara aonde eu possa
Viver com alegria ou mesmo paz,
Enquanto no vazio ora se faz
A sorte que pensara ser mais nossa.


454


Um passo em rebeldia, novo fato
E neste delirar o nada existe
Senão a mesma face amarga e triste
Aonde este vazio ora constato,
O quanto poderia e não retrato
Ainda quando a sorte aquém persiste,
O todo se transforma e não insiste
Deixando para trás fonte e regato,
Apenas entre as rocas vejo o porto,
E o sonho não passando de um aborto
Imensa tempestade se aproxima,
E o tanto quanto pude nada trama
Em pleno desvario, o velho drama
Domina totalmente o ledo clima.


455


Os ermos mais fiéis aos erros tantos,
E nestes caminhares vejo aquém
O quanto na verdade nada tem
Senão mesmos vazios, desencantos
E quando poderia ser feliz
A queda se aproxima do meu passo
E apenas o caminho hoje desfaço
Tentando noutra cena o que mais quis.
Mergulho neste caos gerado após
A leda tempestade dentro da alma,
A morte num segundo se me acalma
Calando este momento mais atroz,
Explode em mais diversa dimensão
Trazendo tão somente a mansidão.


456


Dos céus aonde pude imaginar
Um brilho iridescente e nada vinha,
A sorte quando vira ser mais minha
Não traz sequer a sombra a me tocar,
E aonde poderia algum luar,
A cena se desenha mais mesquinha
E o canto noutro rumo já se alinha,
Deixando a solidão em seu lugar,
Aprendo e tento apenas ser feliz,
Embora o dia a dia de aprendiz
Não deixa mais um sonho ser plausível,
O quanto poderia e nada veio,
O olhar seguindo em torpe devaneio
O sonho se mostrando ora incabível.


457


Jamais ao me internar em ledo inferno
Pudesse acreditar na redenção,
Os dias noutros ermos moldarão
O quanto se fizera em medo eterno,
E neste desenhar somente externo
A turva e mais temida solidão,
Embora procurasse solução
Apenas no vazio agora hiberno,
E sinto esta nevasca a cada instante
Somente este não ser ora garante
O nada aonde tanto quis bem pouco,
E errático cometa sem destino,
Aos poucos o medonho eu determino
Num ritmo desmedido, atroz e louco.


458

Glorificando o caos que existe em mim,
Mergulho nesta insânia dita vida
E quando já não vejo mais saída
O tempo se tornando tão ruim,
Discerne cada ausência de onde eu vim
E mostra a minha sorte em despedida,
E a paz aonde outrora fora urdida
Agora se demonstra em ledo fim.
Ausento dos meus sonhos, solitário
E o canto se mostrara temerário
Vagando sem destino vida afora,
Apenas o vestígio da esperança
Aonde o meu caminho não se amansa
E a fome do viver já me apavora.

459

A dor que se apodera dos meus versos
E traça outros caminhos sem sentido,
O quanto de minha alma dilapido
Em dias mais doridos e diversos,
Aonde em atos rudes e perversos
O canto se presume em ledo olvido
E o nada que decerto, agora ouvido
Expressa a solidão em tons dispersos.
Vagando sem sentido vida afora,
O medo na verdade ainda ancora
Quem tenta outro caminho mais suave
E o rústico desenho em tom sombrio
Enquanto o dia a dia eu desafio,
A cada novo passo mais agrave.


460


Carpindo tão somente o meu caminho
E nele transformado em plena dor,
Aonde na verdade o tempo for
Deveras tantas vezes mais daninho,
E o rumo noutra face desalinho
E morro sem saber a decompor
O passo num instante em dissabor
Cevando dentro da alma o ledo espinho.
E quero alguma luz onda não há
E sei do desvario desde já
Riscando em temporais o vago céu
E quando a sorte pode ser diversa
Meu mundo noutro rumo se dispersa
E embebo o sentimento em medo e fel.



461

Na brevidade tétrica da vida
A sorte se desenha em puro acaso,
Aos poucos vejo findo o ledo prazo
E sei desta diversa despedida,
E quanto da verdade ora se acida
E neste desenhar já nada aprazo
Somente o meu caminho em tal ocaso
Aonde uma esperança vai perdida,
Acolho os meus momentos mais felizes
E quando na verdade os contradizes
Gerando tão somente o medo e o nada,
A sorte tantas vezes procurada
Ao fim de certo tempo diz do quanto
O mundo no vazio ora garanto.


462


Pudesse pelo menos ter na morte
A paz que tanto busco e nunca veio,
Caminho em dor imensa, devaneio
Sem nada aonde o sonho em paz conforte,
Enquanto desvario sem suporte
E sigo o meu destino atroz e alheio
Apenas o vazio que rodeio
Traduz a ausência clara de algum norte.
Escondo-me decerto em tal cenário
E sei do mundo quando temerário
Desenho se mostrara em rara queda,
E o todo que buscara num segundo
Ausenta esta esperança e me aprofundo
Na fúria aonde o todo já se veda.


463


Vivendo esta desgraça dia a dia,
O medo de sonhar, a queda, o rombo,
E quando me preparo para o tombo
Apenas outro encanto não havia,
A morte neste instante em dor se adia
Vergastas açoitando o ledo lombo
Os cofres da ilusão; decerto arrombo
E bebo a me fartar da fantasia.
Mas sei do quanto custa tal loucura
E a vida tantas vezes me assegura
Do nada aonde quis alguma luz,
O corte se apresenta mais profundo
E o tempo noutro termo onde me inundo
Somente este legado reproduz.

464


Invejo qualquer luz porquanto eu creio
No quanto poderia e nada vinha
Somente a mesma face mais mesquinha
Marcando cada passo em tosco veio,
E o caos se aproximando sem receio
A sorte na verdade não convinha
A quem se desejara e tanto aninha
No vago caminhar em devaneio,
Ausento dos meus passos a esperança
E nada nem o sonho, a vida alcança
Matando pouco a pouco o quanto eu quis.
Mergulho no vazio e nada tendo,
Apenas um caminho vão e horrendo
Gerando a cada ausência a cicatriz.


465


O mundo não permite algum sinal
De quem se fez ausente e mesmo assim
Chegando este momento em ledo fim
Pudesse noutro instante, outro degrau,
O canto se desenha em desigual
Cenário tantas vezes um motim,
O corte se aproxima traz enfim
Apenas o delírio em ritual.
Escassos sonhos ditam poesia
E o quanto na verdade não havia
Expressa o meu passado, e sem futuro
O quanto se apresente diz do nada,
A sorte tantas vezes desejada,
Agora num cenário mais escuro.

466


No quanto em inclemência a vida trama
O medo e a sensação do nada ser,
Aonde poderia amanhecer
Não vejo nem sinal de mera chama,
A sorte na verdade gera o drama
E sinto o meu caminho esvaecer
E neste desdenhar, apodrecer
Marcando com terror o quanto clama.
Minha alma se esvaindo neste instante
Cenário tantas vezes degradante
Tocando dentro em mim, mero cenário,
E o quanto pude crer felicidade
A cada novo tempo mais degrade
Toando este caminho, solitário.


467

Passando e mal notando esta presença
Do sonho aonde a vida se amortalha
A sorte desafia na navalha
O quanto a cada queda se convença,
E o nada na verdade não compensa
Enquanto a solidão agora espalha
E o todo noutro rumo dita a falha
Que tanto imaginara, ser imensa.
Esgoto as minhas chances e mergulho
Ouvindo da esperança este marulho
Em conchas, caracóis, algas e sonho.
E quando me entranhara no oceano
Apenas num momento onde me dano
O mundo pouco a pouco, eu decomponho.


468


Diviso além do sonho esta bandeira
Aonde o todo traz algum alento
E quando na verdade ainda tento
Quem sabe noutro rumo em paz me queira,
A sorte poderia derradeira
E mesmo se entregando ao forte vento
O quanto mergulhara em provimento
Marcando com ternura a vida inteira.
Ocasos entre quedas, medo e sonho,
O nada se aproxima e mais bisonho
O tempo denegrindo alguma luz,
Do todo desejado nada vejo,
Apenas num momento em vão lampejo
Aonde o meu caminho ainda o pus.

469


Tão rápido cenário se desvenda
E traça outro momento em leda face,
E quanto mais a vida se mostrasse
Diversa do que tanto agora atenda,
A sorte se transforma e gera a lenda
E nela cada passo se traçasse
Vagando tão somente neste impasse
Aonde o meu desejo ainda estenda,
O medo se aproxima da verdade
E o caos quando decerto ainda invade
Não deixa qualquer luz após o nada,
E a noite se anuncia mais sombria
E quando novo sonho fantasia,
Esvai-se no surgir de uma alvorada.


470

Avesso ao que pudesse ser talvez
O canto redentor ou lenitivo,
Dos sonhos mais felizes eu me privo
E a vida se presume aonde a vês
Medonha esta figura, insensatez,
O corte transformando em ser cativo
Quem tanto noutro rumo, ainda vivo
Marcando com terrível lucidez.
Ousando qualquer passo rumo ao fato
E nele quando a vida; em paz constato
Exponho o meu caminho em ardiloso
Desejo mais audaz, mesmo que vago,
E assim de uma esperança se me alago
Preparo o meu cenário em raro gozo.




471


A imensa multidão seguindo o passo
De quem se fez arguto e num instante
Enquanto a maravilha já garante
Espalha esta incerteza a cada traço,
E quando em sonho torpe eu me desfaço
Na imagem mais atroz e doravante
Presumo este cenário apavorante
Não tendo na verdade mais espaço,
Não vendo as ilusões nem poderia,
A vida se traduz em agonia
E o medo de encarar o fato rege
O rito mais atroz em luz diversa
E quando sobre o nada o tempo versa
A imagem mais comum, a deste herege.

472


Ao destruir meu sonho em caos e medo
Não deixo mais sinais e sigo até
O quanto poderia e sem a fé
Apenas ao vazio eu me concedo,
O rumo desenhado em desenredo,
A sorte se perdendo no sopé
Dos sonhos traduzindo o quanto se é
E nisto na verdade não segredo,
Ocasos entre quedas, tão somente
E o quanto do vazio me alimente
Explica este cenário entorpecido
Aonde num mergulho poderia
Vencer a minha inócua fantasia,
Porém cada ternura eu dilapido.


473


A morte poderia redimir
Os erros costumeiros de quem sonha;
Sabendo desta vida em tez medonha
E sem sequer um rumo no porvir,
Apenas exibindo este elixir
E nele a voz diversa se componha
E quando mais atroz já decomponha
O nada noutro instante a resumir.
Escalo os meus tormentos, bebo o fim,
E o tempo se mostrando sempre assim
Aonde na verdade nada trago,
Somente este cenário decomposto
E nele cada instante diz do oposto
Ao quanto sem sentido traz afago.


474


Distingo em plena noite a tempestade
Do olhar agrisalhado de quem tenta
Vencer em calmaria tal tormenta
Enquanto a realidade em vão degrade,
O todo que decerto ainda invade
Gerando a vida amarga e mais sangrenta
Ainda quando vejo virulenta
A porta se trazendo em fria grade.
Escondo meus cadáveres e busco
Seguir outro caminho menos brusco
Astuto passageiro da agonia,
O todo em pressuposto mais atroz
Não deixa nem sinal algum após
A imensa turbulência em ventania.

475


A sombra dos meus ermos mais profundos
Esbarra nos espectros mais temíveis
E os dias entre tantos implausíveis
Gerando ares deveras nauseabundos,
Os sonhos, na verdade moribundos
E o caos se demonstrando em vários níveis
Os rumos tão diversos, impossíveis
E neles me perdendo noutros mundos,
Restauro cada passo e tento até
Vencer o quanto posso em rara fé
E vejo tão somente este vazio,
Aonde tantas vezes quis a sorte,
Mas quando a vida segue sem suporte
Apenas noutro rumo eu me sacio.


476


Ignóbeis os momentos onde eu pude
Tentar cerzir a paz onde não há
Sequer a menor chance e desde já
A vida sonegando uma atitude,
E nela cada passo se transmude
E mostre o que decerto proverá
O sonho mais atroz e negará
Deixando este cenário amargo e rude,
Estranhos céus ditando tempestades
E quanto mais audaz ainda brades
Marcando com terror o dia a dia,
A morte desnorteia cada passo,
E o quanto do vazio ainda traço
Deveras nada mais me mostraria.


477


O quanto se percebe e soube logo
Dos erros e das falsas pedrarias
Aonde na verdade me trarias
O sonho enquanto ledo ora me afogo
Ainda quando à paz eu tento e rogo
Vencendo as mais diversas heresias
No fundo nada resta nem trarias
Enquanto no vazio hoje me jogo.
Espero algum sentido e sei do nada
Enquanto a sorte outrora lapidada
Mostrasse este ar venal aonde gera
Somente o desespero a cada passo,
E quando na verdade me desfaço
Destroço o que restara em primavera.

478


O quanto se revela em tom sombrio
Do nada ou mesmo até de algum momento
E quando alguma paz ainda invento
Vencendo o mais completo desafio,
O verso noutro rumo se o desfio
Ao mesmo tempo alheio ao sofrimento
Tomando com ternura o pensamento
Aonde se mostrara atroz e frio.
restando dentro da alma algum instante
E nele esta verdade se adiante
Marcando com total tenacidade
Esmero cada verso e tento além
Do quanto a própria vida já contém
Do nada já não resta nem saudade.


479


Minha alma se aviltando a cada ausência
Do sonho, transformada em falso brilho
Aonde se deveras eu palmilho
Apenas procurando uma clemência
Ou mesmo de um momento, interferência
De um tempo mais feliz em novo trilho,
E quando a claridade inda polvilho
A vida se mostrando em tal potência.
O canto noutro instante poderia
Traçar com novo brilho esta harmonia
E todo o meu caminho se fizera
Diverso deste infausto aonde eu vejo
Amortalhado e insano algum desejo
Deixando uma esperança em vaga espera.


480


O quanto se mostrara sem valia
O rumo em tal cenário degradado
E o passo noutro instante sendo dado
Deveras outro engodo desafia,
E bebo este momento em agonia
Do quanto poderia ter traçado
Além do mero caos já desenhado
E nele tão somente a fantasia.
Mas quando me percebo solitário
O sonho muitas vezes necessário
Já tanto se perdera em descaminho
Do todo nada resta, nem sequer
Ainda o que decerto inda se quer
Num ermo caminhar, velho e daninho.



481


A vida desgraçada de quem sonha
E tem já renegado cada passo
Aonde num momento eu me desfaço
Na mesma face atroz, leda e medonha,
O quanto da esperança se proponha
E neste desenhar já nada traço
Somente este vazio, este cansaço
Enquanto o dia a dia além se enfronha.
Mergulho nos meus erros costumeiros
E tento da alegria os mensageiros
Embora saiba bem deste cenário
Enquanto a sorte eu tento e até cultivo,
Encontro tão somente um lenitivo,
Mas sigo meu caminho, solitário...

482


Torturas tão diversas, noites vagas,
E o quanto poderia e nunca veio,
Apenas o meu mundo em vão receio
Traçando tão somente duras chagas,
E sigo sem destino noutras plagas
E destas ilusões eu me rodeio
E sigo o dia a dia sempre alheio
Ao quanto mais desejas ou me tragas.
Extraio do vazio alguma luz
E o nada com certeza reproduz
O medo a cada instante, noutro rumo,
Esvaio em tom sombrio e nada colho,
Somente este vazio, vão restolho
Aonde sem sentido eu não me aprumo.


483


As tantas ferroadas da ilusão
Marcando a cada dia o sonho amargo
E quando outro caminho tento ou largo
Momentos mais diversos se darão.
Ausência se mostrando imprevisão
E o corte tão profundo, cedo embargo
Num mundo tão diverso duro encargo
De quem se desejara desde então,
Atravessando assim cada deserto
O todo noutro tom já não desperto
E bebo a imensidade do vazio,
Enquanto poderia ser feliz
Apenas o meu mundo se desdiz
E o nada após a queda inda recrio.

484


Regando com as lágrimas tal solo,
A vida não permite mais um sonho,
E o quanto deste todo decomponho
Gerando tão somente o imenso dolo,
E quando procurasse um manso colo
O risco de viver, torpe e bisonho,
Num dia tantas vezes enfadonho
Decerto com terror hoje me imolo.
E calo a minha voz tentando além
Do quanto na verdade sei que vem
E marca com terríveis vis tenazes
Cenário mais diverso, uma esperança
Aonde com certeza nada alcança
Nem mesmo um lenitivo; agora trazes.


485


Em sangue ou mesmo até no farto pus
O rumo se perdera em vaga esfera,
E o quanto desta vida destempera
E gera o quanto quis e não me opus
Ainda vicejando a mera luz
E nela outro desenho dita a fera
Marcando a solidão, velha quimera
Que tanto já maltrata e até seduz.
Escapo dos meus erros, morta a sorte
Sem nada que deveras me conforte
Apenas outro rumo se traçando
A vida se mostrara desde quando
O corte penetrando se aprofunda,
Numa alma tão vazia quanto imunda.


486


Do rio aonde o quis mais largo e fundo
Sequer algum sinal, nem mesmo pude
Traçar outro caminho em amplitude
Enquanto neste nada me aprofundo,
E vago sem sentido além do mundo
Marcando com terror cada atitude
Aonde a própria vida desilude
Num passo sem destino, vagabundo.
Resumos de outro dia mais nefasto
E quando da emoção ainda afasto
Procuro pela paz que nunca vinha,
A sorte desejada, não é minha
Nem mesmo este momento; em paz, resgato
Num ermo caminhar atroz e ingrato


487


Os vermes se apoderam do que um dia
Ainda respirara e até sentira,
E o quanto da verdade se retira
Marcando com temor esta agonia,
Meu mundo no passado ainda havia
Além da velha face da mentira
E mesmo quando ronda, teima e gira
Matando o quanto houvera em poesia.
Negando cada passo, cada instante
Aonde o meu desejo não garante
Sequer algum momento em liberdade
O rústico cenário se aproxima
E muda num repente todo o clima
E apenas o vazio agora invade.


488


Cardumes de nefastas vãs figuras
E nelas reproduzes o vazio
Enquanto navegando em podre rio
A morte; a cada ausência, configuras
As horas mais dispersas e inseguras
O todo quando muito o desafio
E traço o meu caminho em ledo fio
A sordidez deveras tu depuras,
Em tantas heresias, ledo sonho,
O caos enquanto apenas decomponho
Um rumo sem saber de serventia
O quanto noutro rumo ainda pude
Marcando com terror a juventude
E a sorte na verdade não se via.

489


Aos rogos da emoção ainda cedo,
E o todo se perdendo a cada passo,
Aonde na verdade nada traço
Nem mesmo outro caminho em tal enredo,
Somente desvendando este segredo
No quanto poderia em raro espaço,
O corte se aproxima e me desfaço
Num ermo desolado, atroz e ledo,
Escapam-se das mãos os meus alentos
E bebo tantas vezes sofrimentos
Cenários mais atrozes, rumo em vão,
E o corte se anuncia mais profundo
Enquanto da ilusão teimo e me inundo
Os dias noutro rumo mostrarão.


490


Aonde poderia haver a luz
Somente o temporal já se anuncia
E a noite se traduz imensa e fria
Enquanto meu caminho ao largo o pus,
Vencido pela insânia em contraluz
O corte noutra fase principia
Marcando com temor cada agonia
E nela se traçando apenas pus,
O riso em ironia, em tal sarcasmo
Aonde mergulhara quase pasmo,
Vestindo a fantasia mais atroz,
Depois de tanta luta nada veio,
Somente a mesma face em tom alheio
E a queda desenhada logo após.



491


Minuciosamente a vida se prepara
Somente para a queda que virá
E sinto desta forma, aqui ou lá
Tomando sem defesas tal seara,
O quanto na verdade desampara
Marcando o que decerto tomará
O espaço mais atroz e reinará
Tornando uma esperança bem mais rara.
Esvaio em heresia e nada tento
Senão a mesma face em sofrimento
Alheio ao quanto pude e nada vinha,
A sorte se traduz noutro caminho
E sei do meu delírio mais mesquinho
Matando desde o início cada vinha.

492


Ao atingir o mínimo caminho
Aonde na verdade me perdendo
Apenas desvendando o quão horrendo
Desenho; tantas vezes mais daninho,
Do todo que pudera me avizinho
E bebo cada gole em vão remendo
E quando novo sonho; hoje desvendo
Expresso este cenário mais mesquinho.
Açoda-me a vontade de seguir
E sei que na verdade o que há por vir
Jamais satisfará um sonhador,
Marcando com ternura um novo dia
O quanto deste sonho eu poderia
Traçar gerando na alma a rara flor.


493

A temerosa face da verdade
Desnuda outro caminho em tom sutil,
E o quanto da esperança não se viu
Gerando tão somente a tempestade,
O corte se aprofunda e quando invade
Marcando com horror o quanto vil
Delírio noutro fato onde gentil
O rito se transforma em vã saudade,
Esbarro nos meus erros, cada ocaso
Traçando a solidão e quando atraso
Vagando sem destino em noite vã
Tentando qualquer luz aonde houvera
E neste desenhar a leda espera
Matando desde cedo este amanhã.

494


Abaixo o meu olhar sem horizontes
E nada mais permito ao ledo sonho,
Enquanto a sordidez eu decomponho
Apenas o vazio agora apontes,
Matando em plenitude minhas fontes
O corte mais atroz, mesmo medonho
Deixando o dia a dia mais tristonho
E nele se perdendo tantas pontes,
Resumos de outros erros, desengano,
E quando na verdade eu já me dano
Não tento outro caminho senão isso,
E o mundo se perdendo em tom nefasto
Somente do meu mundo ora me afasto
E sei deste caminho movediço.


495


Um importuno passo rumo ao nada,
A vida não permite qualquer messe,
E o quanto do vazio ora se tece
Regendo a mais dorida madrugada,
A sorte tantas vezes desprezada
A noite num momento já se esquece
Do quanto em desvario recomece
Gerando novamente a mesma estrada,
Esvaio em tons diversos, luzes fartas
E quando da ilusão tu já me apartas
Deixando tão somente este vazio
Aonde na verdade o canto trama
Apenas desvario em leda chama
E o sonho noutro rumo não recrio.

496


Recolho-me ao silêncio de quem sabe
O quanto na verdade ainda resta
Da vida tão atroz e desonesta
Aonde uma esperança não mais cabe,
O todo se presume noutra face
E o caos se transformando em tom venal,
Ainda poderia em ritual
Diverso o caminhar onde se trace
A luta já perdida, em caos e medo
E o quanto do meu mundo se percebe
Ausente da esperança em leda sebe
Enquanto no vazio eu me concedo,
Encontro os meus resquícios pelas ruas,
E além bem mais distante, tu flutuas.

497


O quanto se acercara em solidão
Dos ermos mais atrozes, luzes vagas
E quando se entranhando nestas plagas
Apenas outros dias mostrarão
O caos gerado em mim, momento em vão
Aonde com terror ainda tragas
As noites mais amargas, velhas chagas
Marcando com terror e ingratidão,
Acolho cada infausto e até mergulho
No sonho mais atroz, e sem orgulho
O rito se transcorre em pleno medo
O tempo renegando novo rumo
E o todo neste instante não resumo
Enquanto ao desvario eu me concedo.


498


As cãs já dominando o velho rosto
De quem amara tanto e não pudera
Saber da mais presente primavera
E morre a cada dia em tal desgosto,
O quanto do passado em vão proposto
Transborda no vazio e gera a fera
E neste caminhar se destempera
Deixando o meu olhar atroz e exposto.
Escarpas são comuns e sem o cais
Os dias se transformam, tão iguais
E nada mais se vendo além do fim
A morte se aproxima em redenção
E nela bebo inteira a solidão
Mostrando o que melhor existe em mim.


499


Um grito lancinante em noite escura
A vida não permite mais o sonho.
E o quanto se desenha mais bisonho
Somente no vazio se afigura,
A sorte noutra face não perdura
E o corte mais atroz, mesmo medonho
Ainda quando a dita; em paz, proponho
A morte pouco a pouco configura.
Esqueço os vãos detalhes da esperança
E o tempo noutro estio ora se lança
Cansado navegante sem o cais,
O quanto poderia e nada veio,
Apenas este olhar mordaz e alheio
Imerso nos gigantes temporais.


500


O desespero rege o dia a dia
E o quanto ainda quero e nada tenho
Apenas noutro sonho eu me desdenho
E bebo gota a gota esta agonia,
O rumo aonde nada poderia
O olhar fechando além o ledo cenho
Enquanto ainda tento neste empenho
Vencer a mais dorida hipocrisia.
A sórdida presença da mortalha
E a morte num instante já se espalha
Tomando toda a sebe, sem defesa.
E o quanto poderia acreditar
Não deixa quase nada em seu lugar,
A vida se perdendo sem surpresa.



501


À treva me embrenhando em noite escusa
E o caos gerando em mim tal vendaval
Apenas um momento mais venal
Aonde a própria sorte se recusa,
A vida neste tom, dura e reclusa
Marcada por instante terminal
E nela outro caminho antes banal
Gerando esta manhã leda e confusa,
Difusos tons em grises tão somente
E o quanto do meu mundo se aparente
Gestando um duro aborto a cada sonho,
E o mundo se transcorre em solidão,
Somente novos dias não trarão
Cenário mais suave até risonho.

502


Do fogo à neve em fúrias tão somente
O quanto se presume desta vida
Há tanto sem sentido e desvalida
Aonde na verdade o tempo mente
E gera a tenebrosa e vã semente
Marcando a cada passo a despedida,
Do todo poderia ser urdida
A vida noutra face, mais clemente,
E o caos gerando a queda noutro enredo,
E quando aos meus anseios me concedo
Encontro a virulência sem defesas
Estendo o meu caminho em vaga luz
E ao cético delírio me conduz
Matando cada sonho em tais torpezas.


503

Minha alma em alamedas mais dispersas
Esbarra nos engodos e mergulha
Na fonte onde a saudade inda borbulha
E nela também tentas; segues, versas.
As horas mais doridas e perversas
Do quanto poderia uma fagulha
Agora na verdade inda vasculha
As tramas mais ferozes e diversas,
A queda prenuncia a morte quando
O mundo noutro rumo se tomando
Esbarra nos momentos mais atrozes
E sinto plenamente o dissabor
Gerado pela ausência ou como for
Tramando sonhos rudes, meus algozes.

504


O quanto mais esquivo parecesse
E neste desenhar nada pudera
Senão apascentar esta quimera
Embora no vazio me perdesse,
Apenas desdenhando sei quanto esse
Caminho noutro mesmo destempera
E traz no olhar disperso a imensa fera
Aonde tal mortalha se tecesse.
Esbarro nos meus erros costumeiros
E tento caminhar entre espinheiros
E sei dos meus enganos, tantos ermos,
E quando a poesia se trouxera
Diversa da sublime primavera
Os sonhos se desenham nestes termos.

505


Seguindo em nova via aonde eu pude
Singrar estes diversos mares quando
O mundo noutra face se mostrando
Matando desde já tal juventude,
O quanto do desejo se amiúde
E o mesmo noutro rumo se moldando
Apenas num cenário mais nefando
O canto tantas vezes desilude.
Escalo as cordilheiras do vazio
E tento após a sorte o desafio
Aonde nada tenho, nem a luz
Meu mundo se perdendo em tom atroz,
E sei que nada existe logo após
Somente a leda ausência onde me pus.

506

O quanto se transporta da esperança
Em ledo caminhar por noite escusa,
A vida na verdade tão profusa
Ao fundo no vazio ora me lança
Sem ter deste momento a vã fiança
Medonho delirar decerto abusa
E quando imaginara a bela Musa
O tempo se perdendo a voz se cansa,
E o caos determinando cada ocaso
Procuro a redenção, porém me atraso
E o canto se perdendo a cada instante,
Escombro do que fora quase humano
A cada nova ausência mais me dano
E o mundo no vazio se adiante.

507


A lentidão na qual o vento esboça
A sorte de quem tenta alguma luz,
E o farto desenhar já não conduz
Senão à plenitude desta fossa,
A voz onde pudesse não endossa
E o canto noutro rumo eu decompus
Marcando com temor a leda cruz
E o sonho se perdendo em leda troça,
A vida não permite mais o sonho
E o quanto poderia e decomponho
Não dita senão isto: medo e dor
Aonde se pudesse mais ligeiro
O sumo se mostrando o derradeiro
Gerando tão somente o dissabor.


508


A vida dessa sorte mais atroz
Gestando apenas morto e turvo feto,
Aonde no vazio eu me repleto
O canto se perdendo ora de nós
E o todo se desenha logo após
Meu rumo noutro traço, não completo
E bebo tão somente o desafeto
E dele este momento mais feroz,
Agônico caminho de quem sonha
A face mais audaz, mesmo bisonha
Esboça o dia a dia mais venal,
O caos se transformando em tal constância
Marcando com terror a leda estância
Tramando outro caminho, mas igual.

509

Aonde me guiasse o medo e a dor
Não pude acreditar noutro momento
E sei do quanto posso em sentimento
Diverso do que tento, com pavor,
O canto muitas vezes redentor
E o todo noutro instante ainda tento
Vencendo o mais atroz pressentimento
Marcando com angústia o desamor,
Esfacelado sonho dita o não
E os dias noutra rude direção
Espalham tais venenos casa afora,
E o medo de viver ainda insiste
Deixando o meu caminho bem mais triste
Enquanto a solidão teima e apavora.


510


E nada mais me importa senão isso:
Gerar após o caos algum alento,
E quando novamente um rumo eu tento
O sonho se mostrando movediço
O olhar por vezes quieto ou tão mortiço
Mostrando tão somente o alheamento
E nele o quanto pude em pensamento
Enquanto um novo dia; em vão, cobiço
Esbarro nos meus erros e na queda
Apenas a verdade não se veda
E o manto se puindo deixa ver
O olhar envilecido de quem sonha
E mesmo quando a vida se proponha
Eu sinto o meu caminho esvaecer.



511

Aonde poderia ser sereno
Apenas outro engodo se sentira
A face mais atroz, leda mentira
Enquanto à solidão eu me condeno,
O passo noutro rumo eu concateno
E cada novo instante se retira
Do quanto poderia em fogo, em pira
E nada se mostrasse tão ameno,
Anseio por momentos mais suaves
E neles outros tantos quando agraves
E mostras heresia invés de luz,
O quase se mostrando em ilusão
Os dias mais atrozes mostrarão
Ao quanto na verdade em vão me opus.


512


Na lívida expressão em dor e medo
O rastro que deixaste pelo chão
Trazendo a mais dorida decisão
Aonde noutro enfado eu me concedo,
A vida se perdendo em desenredo
O tempo se mostrando agora em vão
E os cantos noutros sonhos moldarão
A morte em tal cenário, meu degredo.
Exponho cada passo rumo ao nada
E quando se presume esta alvorada
Apenas o cenário se repete,
E o todo noutra face se esvaindo
E quanto mais quisera amor infindo,
Ao vago caminhar já me arremete.


513


Em círculos de fogo, tal fastio
Expressa o quanto quis e nada havia
Somente a mesma face em agonia
E o quanto deste enredo desafio,
Esvaio neste intento e sei vazio
Ainda mesmo quando eu poderia
Saber da maravilha noutro dia
E neste desenhar eu perco o fio.
Escapo dos meus erros, desengano
E quando na verdade mais me dano
Não tendo outro momento, sou escasso,
E o corte se anuncia a cada ausência
E tendo deste infausto uma ciência
Perdendo a cada instante o meu espaço.


514


Uma alma desnudada em tom venal
E o vértice dos sonhos se negando,
Aonde o meu caminho desde quando
Pudesse ser traçado em ermo e mau
Vagasse sem limites pelo astral
E nisto dentro da alma se moldando
Um dia mais suave e até mais brando
Num átimo deveras racional,
Mas sinto ser apenas ilusório
O tempo noutro canto mais inglório
Arisco pensamento já se escapa
E o quanto poderia ser feliz
Agora o dia a dia contradiz
E nega do tesouro qualquer mapa.


515


Rangendo os dentes vejo o meu ocaso
E o fim se aproximando em tom grisalho,
Enquanto noutro rumo se me espalho
Ainda na verdade não abraso
E tento após a queda noutro prazo
Arisco desenhar porquanto falho,
E o quanto com certeza eu pouco valho
Expresso meu caminho neste acaso.
Escândalos diversos, vida atroz
E o quando se mostrara logo após
Resume o meu vazio e nada mais,
Aonde se tentasse melhor sorte
Sem nada que deveras me comporte,
Os dias se repetem tão iguais.


516


Um vozear diverso do que outrora
Pudera ainda ouvir ou mesmo crer
Negando o mais sublime amanhecer
Aonde cada passo desancora
A sorte na verdade desarvora
E marca com terror meu ledo ser
E o todo neste instante a se perder
Enquanto a realidade me apavora
Afasto-me decerto do que tento
E vejo o meu olhar em sofrimento
Esgoto cada passo no vazio,
E o quanto poderia e nada vinha
A vida noutra face, mais daninha
O todo se mostrando amargo e frio.


517


O quanto blasfemasse quem pudera
Sangrar outro momento além do cais
E os dias na verdade são iguais
Marcando com temor a dura espera,
A sorte neste instante destempera
E gera entre tormentas, vendavais
E bebo destes tons ermos fatais
Morrendo o quanto houvera em primavera,
A florescência exposta em vã sangria
O quanto do meu mundo não havia
Senão na mera imagem mais calada,
E a sorte se desnuda noutra face
Ainda quando o mundo se mostrasse,
Porém somente encontro o mesmo nada.

518


A vida se perdendo em plena origem
Marcando com tenazes garras, presas,
E aonde se pudessem mais surpresas
Apenas outra queda em vã vertigem,
Os dias entre os mortos, pois exigem
Quem sabe noutros ermos sutilezas
E sigo contra as fortes correntezas
Enquanto estes altares não se erigem,
Adentro as furnas tétricas, vazias
E quando um tempo novo; inda trarias
Mesclando qualquer luz com tempestades,
O rústico desenho desta escória
Aonde se mostrara merencória
A face que deveras já degrades.

519


O quanto se transcorre em leda imagem
O rumo sem saber de qualquer porto,
Ainda na verdade mero aborto
Tomando e dominando esta paisagem
Aonde poderia em nova aragem
Somente se presume em desconforto
O olhar sem mais valia, semimorto
Mostrando a imensidão desta miragem,
Visagens tão diversas, sonho mero
E quando um novo dia; ainda espero
E nada se aproxima senão isto,
Eu vejo retratado em turbulência
Gerando a cada dia esta imprudência
E nela outro final; em medo, assisto.


520


Aflige-me saber do quanto outrora
Pudesse e na verdade nada havia,
A imagem mais atroz leda e sombria
Aos poucos noutra face me apavora,
O sonho quando a vida desarvora
E marca com terrível agonia
Gerando tão somente a hipocrisia
No caos aonde tudo se demora,
Calada a voz de quem se fez além
Do pouco que em verdade ainda vem
Tomando cada cena em tom diverso,
E quando sobre as ondas quis meu mundo,
Agora no vazio eu me aprofundo
E sob a turbulência imensa eu verso.


521


Eu sinto nos teus olhos tal pureza
Aonde um horizonte em azulejo
Transforma cada passo no desejo
Maior gerando em mim rara beleza,
E quando se imagina em tal destreza
O quanto deste sonho ora prevejo
E bebo a poesia num lampejo
Dos raios mais audazes, mera presa.
E quero a cada instante sempre mais
Destas diversas luzes magistrais
No iridescente brilho em raro tom,
A vida se traduz em tal momento
E nele com ternura teimo e tento
Sabendo mavioso o raro dom.

522


Sentindo a claridade no sorriso
De quem se fez a deusa mais sublime
Aonde cada engodo se redime
E traz um toque a mais; claro e preciso,
O quanto deste sonho é mais conciso
E nele todo o fato já se estime
Enquanto a maravilha em luz suprime
A vida noutro enredo em vago siso,
Esbanjas no clarão de cada instante
O sonho mais diverso e radiante
Traçando muito além de mero brilho,
E quantas vezes tento ou mesmo quis
Sabendo deste encanto onde feliz
Agora sobre as nuvens eu palmilho.


523


Saudades de teu corpo junto ao meu
No quanto a própria vida determina
O sonho mais feliz em rara sina,
Aonde o meu juízo se perdeu,
E o todo neste instante concebeu
Do canto em harmonia; rara mina
E amor a cada passo mais ensina
Deixando no passado o turvo breu,
Agora quando estou junto contigo
O tanto mais audaz quero e prossigo
Vencendo os meus temores do passado,
E o sonho noutro rumo se sacia
Trazendo toda a paz em harmonia
Traçando uma emoção, raro legado.

524


Uma roseira em flor, primaveril,
Ourives da esperança amor lapida
E gera noutro instante o bem da vida
Enquanto a sutileza se previu,
E o canto mais constante e mais gentil
Traçando novo rumo, uma saída
Deixando para trás a despedida
E o canto mais atroz, outrora vil,
Agora novo encanto se tramando
E neste desenhar entrando quando
O tempo se transcorre em plenitude,
O sonho mais audaz: felicidade
Domina e na verdade logo invade
E todo este cenário em paz transmude.

525

As mãos mais delicadas e suaves
De quem se fez deidade em plena vida,
Aonde se pensara em despedida
Ou mesmo num caminho feito em traves
Os dias entre dores não agraves
Nem mesmo a minha sorte agora acida
E o sonho se permite e não duvida
Liberto coração em meio às aves,
Vagando no horizonte, este infinito
O quanto deste amor eu necessito
Ardis diversos vejo e num resumo
Ao ver-te enamorado caminheiro
Num tempo mais feliz hoje me inteiro
E ao mais sublime encanto agora eu rumo.


526

No quanto docemente me trouxeste
Um dia mais feliz e mesmo audaz,
A vida neste instante me compraz
E em clara mansidão tudo reveste,
O cântico deveras mais celeste
E o sonho tantas vezes pertinaz
Enquanto se desenha contumaz
Vagando desde quando tu vieste,
Regendo cada passo rumo ao tanto
E neste desenhar amor garanto
E vivo sem temor, inteiramente,
O quanto do meu mundo agora é teu
E nisto toda a sorte se teceu
Tramando da esperança esta semente.


527



Os beijos delicados, ansiosos,
Os ritos mais audazes noite afora,
E quando a solução vem sem demora
Em dias tão sobejos, fabulosos,
Momentos com certeza majestosos
E o todo neste instante em paz aflora
Marcando esta emoção aonde ancora
A vida em tais divinos, raros gozos,
Eu sei quanto sou teu e não mais nego
O rumo sem te ter seguindo cego
Não tendo nem um ponto de partida,
Vagando sem sentido vejo em ti
O quanto desejara e consegui
Tramando em alegria a nova vida.

528


Minha alma em pleno amor se faz inteira
E traça outro caminho após a queda
E quando nos teus rumos envereda
A sorte mais audaz ainda queira,
Ousando na beleza qual bandeira
E nisto toda a sorte agora enreda
E trama muito além enquanto seda
Gerando noite clara e costumeira,
Vencendo os meus temores, vou contigo
E cada novo tempo onde eu prossigo
Tocado pelos raios deste encanto
Amar e ser amado, um raro fato
Aonde a sorte imensa ora retrato
E a paz sublime e clara ora garanto.

529


Enquanto um simples pária, no passado,
Agora quando tenho esta presença
De quem a cada dia me convença
Do sonho tantas vezes desejado,
O dia se mostrando iluminado
A vida sem temor ou desavença
Aonde cada passo me convença
Do amor noutro momento desenhado,
Esboço a raridade em plenitude
E vivo sem que nada mais se mude,
Gerando eternidade a cada instante
E o canto mais feliz em mansidão
Traçando novos dias que virão
Num ato tão diverso e fascinante.


530

O amor que tantas vezes maravilha
Quem sonha e necessita desta paz,
Enquanto cada instante agora traz
Ousando na certeza desta trilha
A sorte muitas vezes andarilha
Durante tanto tempo não me apraz,
Mas quando vejo o rumo mais tenaz
Aonde fora outrora maltrapilha,
A vida me permite a claridade
E quando tanto brilho em paz invade
Gerando plenamente um novo ser
Eu posso num instante ser feliz
E tendo tudo o quanto bem mais quis
Eu sinto um raro e belo alvorecer.


531


Traduzo no cigarro que se esfuma
O mesmo sentimento onde me trazes
Momentos delicados e fugazes,
Aonde a sorte apenas não se apruma,
E quando na verdade se acostuma
Ainda mais em cenas tão audazes
No fundo tão somente te desfazes
Qual fosse; numa tarde a leve bruma.
O amor se perde aos poucos e se traça
Assim como também leda fumaça
Num tempo de diversa intensidade
O quanto poderia e nunca veio,
O olhar tão mais distante, em devaneio
Aos poucos noutro rumo agora evade.


532

As cartas que escreveste há tempos vão
Num átimo mergulhos no passado
E o quanto poderia desejado
Caminho se perdendo desde então,
Os dias na verdade não trarão
Sequer o mais querido e até sonhado
Deixando a mera imagem por legado
Tramando noutro rumo a direção,
Escassos dias dizem do abandono
E quando deste sonho não me abono
Encontro tão somente a negativa
Do quanto poderia ser feliz
E a vida num instante já não quis
Enquanto da esperança ora me priva.

533

O quanto já sonhei contigo outrora
E nada da presença desejada
De quem se fez deveras ansiada
E noutro porto agora sei que ancora,
A sorte noutra face desarvora
E torna quase inútil a alvorada
E tanto se queria e deu em nada,
A vida neste instante me apavora,
E cerzi com as teias da saudade
Apenas o que tanto já degrade
Um sonho mais feliz, agora ausente,
E quando se anuncia o fim da tarde,
Ainda mesmo o gozo onde se aguarde
Deveras noutra face se apresente.


534

Minha alma já sem rumo nem paragem
Vagando em noite vã e solitária
O quanto poderia solidária
Apenas se mostrando qual miragem
E mesmo quando a sorte noutra aragem
Ainda se mostrara imaginária
A vida tantas vezes se fez vária
E nisto novos tempos já me ultrajem.
Restando muito pouco ou quase nada
Do quanto se fez clara e desejada
Enquanto na verdade nada tem,
E sigo o meu caminho em tal momento
Embora noutro fato; ainda eu tento,
Dos sonhos meramente algum refém.


535


A vida vai seguindo já sem lastro
Traçando a queda após cada momento
E quando a minha sorte; em vão, lamento
Perdendo em descaminho qualquer rastro,
No cinzelar buscando este alabastro
Enquanto a minha sorte exposta ao vento
Traduz e tão somente o sofrimento
E nesta solidão; meu medo; alastro.
Pudesse ser feliz ah quem me dera
E ver no vicejar da primavera
A plena maravilha, mas não tendo
Sequer a menor chance deste sonho,
Aos poucos no vazio decomponho
Um dia mais atroz e mesmo horrendo.


536

O brilho de teus olhos, rutilante
Tomando este cenário no horizonte
Enquanto a própria vida já me aponte
O passo rumo ao tanto, fascinante
E quanto mais decerto me agigante
Ourives da esperança traz na fonte
O quanto se oriente e ora desponte
No canto mais feliz num raro instante.
Vivendo a plenitude da emoção
Momentos mais sublimes me trarão
No olhar mais delicado e em rara paz
O canto se mostrando mais suave
Sem nada na verdade que inda agrave
E neste tom deveras satisfaz.

537


Adentro mar afora em caravelas
E bebo deste sal em lacrimejo
Toando uma esperança em tal lampejo
Aonde; um raro sonho ora revelas
E tento navegar abrindo as velas
E neste desenhar o que prevejo
Traduz a sorte além deste desejo
Rompendo do passado velhas celas,
Agora num momento mais feliz
Encontro na verdade o quanto eu quis
Do todo num instante mais audaz,
E o canto se traduz em raro brilho,
Ao ver este cenário a paz palmilho
Enquanto esta alegria já se faz.

538


A fleuma se apossando de quem sonha
E gera a cada dia um mar imenso,
Enquanto nos teus passos busco e penso
A vida se mostrando mais risonha,
E o quanto da verdade se proponha
Num átimo um mergulho mais intenso
E trazes nos teus dias tal incenso
Aonde o meu caminho ora se enfronha.
Mergulho nos teus braços, sou tão teu
Meu mundo no teu mundo se perdeu
E segue sem saber qualquer sentido,
E nisto com ternura hoje lapido
O raro e valioso diamante
E nele nosso amor tanto agigante.


539


Erguendo as minhas mãos, buscando a paz
E vendo esta presença em raro lume
Aonde quer deveras que inda rume
O canto se mostrando mais tenaz,
E o todo neste instante sempre traz
Da vida o sentimento em tal perfume
E quando mais decerto em ti me aprume
O sonho com certeza satisfaz,
E vejo claramente o quanto é nosso
O mundo enquanto o canto agora endosso
E bebo desta farta maravilha,
Sobeja fantasia em tom maior
O cântico que sei ora de cor
E nele toda a sorte se estribilha.


540


Bailando sobre mim, doce mulher
Raiando em madrugadas, plenos sóis
E quando neste instante tu constróis
O todo mais audaz que a vida quer,
Não deixa para trás medo sequer
Teus olhos são deveras meus faróis
E como fossem meus, os girassóis
Seguindo cada traço enquanto houver
Iridescente marca em claridade
Marcando com ternura o quanto invade
Gerando tão somente esta brandura
E vendo este cenário em multicor
Vibrando em consonância, raro amor,
Ainda mais presente se assegura.


541


Vivendo tão somente em tal penumbra
Soturna madrugada, noite fria
E o quanto nesta vida eu poderia
Sequer qualquer noção já se vislumbra,
O tempo diz do nunca e sigo assim
Sem nexo, sem caminho e sem um porto,
O quanto quis em sonho diz do aborto
A morte se espalhando dentro em mim,
Viceja uma esperança mais além
E o todo se sacia com tão pouco,
E nisto não me importa nem tampouco
O dia que em verdade nunca vem,
E espero finalmente algum remanso,
Que aos poucos, dia a dia agora alcanço.


542


Vivendo noutras eras o que agora
Percebo serem ledas ilusões,
E quando novos sonhos tu me expões
Apenas no vazio, esta alma ancora,
E o quanto da saudade nos devora
Tramando nova queda e aos borbotões
Eu sinto mais diversas explosões
Enquanto a realidade me apavora.
Durante tantos anos, solidão,
Os dias noutros rumos tocarão,
Mas nada do que eu busco encontrarei.
Ausente da esperança, o passo eu sigo
Somente vislumbrando o desabrigo
Aonde em paz queria a minha grei.


543

No quanto de sagrado tem o sonho,
Descendo pelas pedras, corredeiras
E neles outros tantos também queiras
Enquanto um novo dia; em paz, proponho.
O quanto poderia e não me oponho
Palavras; sei que são as derradeiras
E quando imaginara em cordilheiras
Meu mundo na planície, um enfadonho.
E o quase se anuncia como mote
E nada mais decerto ainda note
Quem tenta pelo menos um momento
Aonde a paz pudesse ter nas mãos,
E sinto os meus anseios todos vãos,
E a paz; inutilmente, ainda tento.


544


Nos céus em turbilhão, brumas e ventos,
Os olhos se perdendo sem razão,
O quanto se trouxera da amplidão
Expressa tão somente os desalentos,
Tomando com furor meus pensamentos
Eu sei dos dias frágeis que virão
E neles outros tantos desde então
Tramando novamente os sofrimentos,
Esqueço alguma paz onde sentisse
A vida muito além desta mesmice
Ou mesmo num diverso caminhar,
Porém já tão cansado desta luta,
O passo sem destino ora reluta
Sem ter sequer aonde descansar.

545


Nos claustros da esperança, cadafalsos
E olhares sem razão; sinto-os perdidos,
E quando os dias fossem presumidos
Envoltos em temores e percalços,
Os dias entre tantos, sempre falsos
As horas tocam; ledas, meus sentidos
E os olhos noutros rumos resumidos
Meus sonhos se perdendo ora descalços,
Apenas poderia acreditar
Num átimo, se tudo mais diverso
Do quanto resumisse este universo
Cansado das masmorras costumeiras
Aonde no vazio tu te esgueiras
E posso na verdade me encontrar.


546


Minha alma, esta charneca abandonada,
Já tanto desolada e sem saída,
O quanto desta vida apodrecida
Traduz o sem sentido desta estrada,
Depois do quanto quis não resta nada,
A face mais atroz já corroída
E a queda se anuncia; presumida,
Mostrando quão inútil velha escada.
Errático; o meu sonho se aproxima
Do mais dorido e tétrico, vão clima
Nas brumas mais atrozes me entranhando,
E quando quis um dia bem mais brando
Apenas o vazio se percebe
Na sórdida expressão de leda sebe.


547

O quanto da esperança ora deserto
E deixo para trás o sentimento,
Enquanto do vazio eu me alimento
O todo na verdade não desperto,
E o peito há muito tempo segue aberto
Na busca mais suave de um alento,
Tomando sem defesas, pensamento,
Meus cantos ao jamais agora oferto,
E sei deste cenário inconseqüente
Ainda que decerto a paz eu tente
Não tenho mais saída, sigo alheio
Ao quanto poderia ser diverso
E sigo sem saber por onde verso
Nem mesmo se; algum ermo, em mim, rodeio.

548


Numa ansiedade atroz e vã, prossigo
E tento desvendar cada momento
Enquanto me entregando ao forte vento
Sabendo de antemão do desabrigo,
O mundo que procuro e não consigo,
A sorte quando muito ainda tento
E o todo que decerto ainda invento
Após a derrocada em tal castigo.
Apresentando os erros costumeiros
Procuro insanamente meus canteiros
E vejo tão somente esta florada
Ausente em primavera, noite escura,
O quanto do vazio se assegura
Não deixa no final, mais restar nada.

549


O mesmo caminhar estranho e rude
Durante a vida inteira, sendo assim,
Até se aproximar o ocaso, o fim,
Enquanto a própria história desilude,
Ainda quando em sonhos mesmo eu pude
Viver outro cenário dentro em mim,
Acende do vazio este estopim
Mudando com o tempo de atitude,
E o caos gerado após a dura queda
Aonde no não ser a vida enreda
E gera tão somente o mesmo engodo,
Mergulho nos meus erros e se vejo
Momento mais feliz, ledo lampejo,
A vida se perdendo como um todo.


550

A velha chaga aberta dentro em mim
Mortalhas conhecidas e sabidas,
Aonde se preparam despedidas
E matam florescências no jardim
Do quanto poderia e mesmo vim
As horas entre tantas já perdidas,
E as dúvidas diversas conhecidas
Num ardiloso ensaio, vejo o fim.
Pudesse ter no olhar outro momento
E nele alguma paz, ainda invento
Marcando com ternura a cicatriz
Do corte tatuado dentro da alma,
A sorte em discordância não acalma
Apenas a esperança contradiz.



551


As ruas da esperança em ermos sóis
Deixadas num momento sem sentido,
O quanto do meu sonho eu dilapido
E nada em troca dás e nem constróis,
Aonde poderiam meus faróis
O tempo se ultrapassa desvalido,
E o corte tantas vezes presumido
Impede destes rios, seus lençóis.
Os dias são deveras feras vivas
E quando da ilusão sobeja privas
Negando qualquer passo em mero sonho,
O quanto poderia e não mais vinha
A sorte se perdendo mais daninha
Enquanto a cada passo decomponho.


552


O céu tão violáceo quanto gris
Transforma a minha vida neste ocaso,
E quando ainda tento ou mais aprazo
O mundo se perdendo, este infeliz.
Apenas tão diverso do que eu quis
E neste desenhar somente atraso
A vida se perdendo num acaso,
O tempo se anuncia em cicatriz.
Escuto a voz do vento e nos umbrais
O quanto desejava enquanto trais
Marcando a ferro e fogo a minha história,
Somente poderia ter em mente
O corte mais atroz que ora se sente
Tornando a minha vida merencória.


553


De tantas penitências, vida afora
A queda se anuncia e nada vem,
Somente a mesma face num desdém
Que tanto quanto a sorte me apavora
O tempo noutro rumo se demora
E destas ilusões mero refém
Sabendo que em verdade nada tem
Enquanto o tosco estio agora aflora.
Mesquinhos passos; sigo além dos cais
E tento desvendar onde jamais
Pudera acreditar felicidade,
E o quanto da esperança se desfaz
Num ato tão atroz, ledo e mordaz
Enquanto o dia a dia se degrade.

554


Seguindo sem destino ruas, bares
E nestes meus anseios nada vejo,
Somente a mesma angústia de um desejo
Aonde noutro rumo mal notares,
Encontro em companhia tais luares
E o canto noutro tom mero ou sobejo
Ainda quando incauto relampejo
Vagando sem destino, vãos altares.
E os ermos de minha alma compassiva,
O quanto da esperança o tempo priva
E gera tão somente este vazio,
O todo mais atroz em ledo espaço,
Enquanto o meu caminho ora desfaço,
Apenas solidão; toco e recrio.


555

Meus míseros caminhos nada dizem
Senão destes enganos corriqueiros
Se os sonhos são deveras mensageiros
Os ermos de minha alma contradizem,
Ainda que nos erros já matizem
Os tantos desenganos, verdadeiros,
Esbarro nos meus cantos costumeiros
E as tramas noutros rumos se revisem.
Ocasionando a queda a cada instante
O quanto poderia e não garante
Sequer um mero brilho em vida opaca,
Seguindo sem sentido nem razão
Apena outros dias mostrarão
O passo aonde a vida já se empaca.


556


Relembro cada beijo, traição.
E o porto se perdendo além do quanto
Pudesse imaginar em desencanto
Sabendo de outros dias que virão,
Marcando com temível negação
O medo na verdade inda garanto
E quando ao tê-la aqui, se inda me espanto
Percebo tão somente a imprecisão.
O prazo se findando e nada vem,
Seguindo passo a passo, sem ninguém
O caos se aproximando no horizonte,
Jazigo da esperança, um verso triste
Ainda noutro rumo se persiste
Traduz o quanto busco e não se aponte.


557


Ainda poderiam ser tão meus
Os lábios de quem tanto eu desejara,
A vida neste instante bela e clara
Jamais entenderia algum adeus,
E quantas vezes vejo em tons ateus
O todo dominando esta seara,
Enquanto a realidade se escancara
Os sonhos na verdade, sendo teus,
O corte se aproxima da medula
E o quanto da esperança ainda adula
Quem tenta novamente ser feliz,
Do caos ao renascer em plenitude
Porquanto a própria vida nos transmude
Gestando o que em verdade eu sempre quis.


558

Olhando o teu perfil, percebo o quanto
A vida se transcorre em mansidão,
Os dias entre tantos que virão
Tramando tão somente onde agiganto
O passo rumo ao farto e assim garanto
Meu sonho noutro fato e direção,
Vagasse sem destino desde então,
Deixando no passado o medo e o pranto,
Encontro tantas vezes o que eu quero,
Num ato mais feliz e tão sincero,
Amores entre pedras e marés
Diversas da esperança mais sutil,
Aonde todo o sonho se imergiu
Traçando tão somente por quem és.

559

A boca desejada e sinuosa
Deixando em polvorosa o sentimento,
E quando outro caminho; em sonhos tento
A magnitude intensa se antegoza.
A vida lado a lado majestosa,
Tocando com firmeza o pensamento
E neste desenhar nada lamento,
A sorte se desenha maviosa,
O ritmo acelerado desta vida
Encontra nos teus braços a saída
E segue sem temer qualquer embace,
Ainda quando o sonho se transmuda
A sorte no teu corpo dita a ajuda
Enquanto este caminho raro trace.


560

Meu peito neste instante se alvoroça
E trama novo mundo enquanto eu tento
Vencer o mais temido sofrimento
Supero num momento a queda e a fossa,
Numa esperança audaz, e toda nossa
A vida se mostrando em sentimento
Aonde poderia num alento
Enquanto o dia a dia tudo endossa,
Vagando sem destino, tanta vez
O quanto noutro passo se desfez
Agora se aproxima, finalmente
E o todo recomposto num instante
Apenas do meu sonho já garante
Ternura a cada verso se pressente.



561


Desta janela vejo a rua e o sonho
Perdido no horizonte, tão somente
E o quanto do vazio se apresente
Gerando um dia triste ou enfadonho
E quando novo rumo ora proponho
Tentando da esperança uma semente
O todo se apresenta num repente
E o caos dentro de mim; o recomponho.
Ausência de momentos mais sublimes
E neste desenhar tanto suprimes
Meus dias mais felizes, sonhos vãos.
E quando poderia ser diverso
Ainda no não ser teimando; eu verso
E tento inutilmente ermos chãos.


562


A lua se deitando sobre nós
Em argentinos tons, sobeja e bela,
O quanto da esperança se revela
No instante desejado e mesmo após,
A sorte se desenha e nestes nós
Ainda um novo dia em paz se atrela,
Abrindo desta nau sobeja vela,
O canto se transforma em viva voz.
Ausento dos meus ermos e prossigo
Vencendo cada passo e vou contigo
Além do quanto pude num momento,
E sendo de tal forma, sonhador,
Ainda entranho as tramas deste amor
E neste caminhar em paz me alento.

563


Na luta pela vida, insanamente
O corte se aprofunda e num instante
O quanto do meu sonho não garante
Enquanto a própria sorte se desmente,
E sei o quanto fora plenamente
E sigo novo rumo doravante,
E neste desenhar tanto agigante
O passo rumo ao todo onde se sente
Um magistral anseio em tom diverso
E sigo além do quanto este universo
Pudesse me trazer em luz e glória,
Destarte prosseguindo em tez suave,
O coração liberto feito uma ave
Encontra no infinito a sua história.


564


Num canto desta casa, apenas vejo
O sonho desenhado em tons diversos
E sigo a plenitude de meus versos
Ousando num momento mais sobejo,
E quando noutro rumo eu azulejo
Meu dia entre tormentos mais perversos,
Os olhos noutros rumos vão imersos
E seguem cada toque de um desejo.
Anseio cada passo e busco além
Do quanto na verdade já contém
O canto mais audaz, meu pensamento
E sigo sem temores vida afora,
O todo noutro rumo agora ancora
E traz o quanto quero e mesmo invento.

565


Ufano-me do sonho mais audaz
E bebo cada gota da esperança
Aonde o meu caminho agora lança
O rumo feito em plena e rara paz,
O quanto da alegria a vida traz
Mantendo a cada passo a confiança
E nisto se pressente uma mudança
E nela outro caminho satisfaz
Bebendo da aguardente dita amor
Eu vejo em tal cenário este louvor
E nele mergulhando o tempo inteiro,
Alçando o libertário caminhar
Enfrento as correntezas, ganho o mar
Num sonho tão voraz, meu derradeiro.

566


Ainda em ilusões, tonto seguia
Negando cada ausência com a sorte
De quem tanto procura e se conforte
Ousando numa imensa fantasia,
O corte noutro rumo prenuncia
Apenas o que tanto me suporte
Gerando com certeza um claro norte
Marcando em esperança o dia a dia.
Meu canto se percebe mais sutil,
E o quanto deste sonho já se viu
Moldando um novo cais a cada instante,
E assim novo momento eu posso ver
Gestando em mim sobejo amanhecer
Aonde toda a sorte se garante.


567

Meu rude caminhar em meio às trevas
No tanto quanto quis e nada havia
Sequer o menor sonho em utopia
Enquanto tão distante ainda nevas
E bebes da esperança quando cevas
Apenas neste encanto fantasia
E tento vislumbrar com alegria
As horas mais felizes ou longevas.
Esbarro nos engodos mais atrozes
E ouvindo as mais distantes, ledas vozes
Adentro o descaminho e tento além
Da queda inevitável. Sou refém
Do quanto poderia e nunca houvera
Somente a mesma face em vã espera.


568


O quanto se pudesse em misticismo
Vagando por insânias mais doridas
E neste desenhar diversas vidas
Aonde sem sentido algum eu cismo,
O todo se desenha neste abismo
E nele desenhando despedidas
Enquanto vejo estradas já perdidas
A cada novo passo um mesmo sismo.
Esvaio no vazio de quem tenta
Sabendo desta sorte mais sangrenta
Vencer os desafios corriqueiros,
E os sonhos se perdendo sem sentido,
E quando uma esperança eu dilapido
Os dias se mostrando mais ligeiros.


569


Os brilhos refulgentes da esperança
Ainda vivo e tento noutra face
O quanto deste encanto desenhasse
O todo aonde o nada ora me lança,
Vencido pela fúria, em tal mudança
O rumo noutro passo se traçasse
E o todo na verdade transmudasse
Enquanto com certeza nada amansa,
O sórdido caminho em dor e medo,
Aonde noutro passo eu me concedo
E vejo tão somente o fim da linha,
A sorte se perdendo noutro espaço
Esta ilusão deveras quando a traço
A vida se apresenta mais daninha.


570

Um sol dourando o dia que se vê
Chegando nesta face maviosa
E todo este caminho já se goza
Num todo sem saber sequer por que,
O rumo se desenha com ternura
E o sonho desvendado em plenitude
Ainda quando tudo toque e mude
A vida noutra face se depura,
Esbarro nos meus erros, sendo assim
Aprendo com enganos, mas insisto
E quanto de alegria eu vejo nisto
Traçando a imensidão dentro de mim,
Encontro tão somente em verso e luz
O todo aonde o passo em paz conduz.


571


Ardente frágua dita o meu caminho
E gera novo tempo aonde eu possa
Traçar uma esperança tua e nossa
Aonde com ternura ora me aninho,
O canto mais audaz, e sem espinho
Do todo de minha alma agora apossa
E o quanto poderia sempre endossa
O rumo noutro sol, onde o adivinho.
Num esplendor raríssimo eu me entranho
E sinto a cada passo um raro ganho
Tocando este infinito dentro em nós
E gero outro momento após a queda
E neste desenhar a vida enreda
Ditando com brandura a viva voz.

572


Braseiros entoando o dia a dia
Enquanto poderia ser diverso
E neste desenhar tanto disperso
O canto noutro tom, em harmonia,
O quanto neste instante eu poderia
Gerar outro caminho, este universo
E nele me entranhando a cada verso
Tocando com brandura a poesia,
Vestindo esta esperança verdejando
Um dia mais suave e mesmo brando
Tentando caminhar em meio ao nada,
O rumo se aproxima do que eu quero
E sendo a cada verso mais sincero
Adentro a noite rara, imaginada.

573


Numa ânsia de tentar outro momento
Após a dura queda, vejo o quanto
Do amor em cada passo eu adianto
E bebo enquanto um sonho eu dessedento.
O mundo tantas vezes mais sangrento
Ainda noutro rumo tento e canto
E neste desenhar ausente espanto
O dia mais feliz ainda invento,
E o quanto pude crer já me trouxera
Além do que devora; leda fera,
A sorte de poder eternidade,
Vivendo cada instante sem perguntas
As almas desenhando sempre juntas
O quanto em luz traduz felicidade.

574


Não quero mais saber desta incerteza
Que há tempos acompanha cada passo,
E vejo o meu futuro enquanto traço
A sorte noutra face, sem surpresa,
A vida entre promessas segue ilesa,
E o canto mais audaz, embora baço
Ocupa da esperança cada espaço
E traz a solução nos olhos presa.
Esbanjo esta alegria em tom suave
E quando não se vendo o quanto agrave
O canto em consonância gera a paz,
E deste desejar sem mais limite,
O quanto deste encanto se permite
Traduz o que esta vida agora traz.


575


Num incompleto sonho, mergulhara
E o todo se perdendo em raro instante
O quanto desta vida não garante
E traça outra ferida, chaga e escara,
A morte noutro fato se escancara
E gera este momento doravante
E neste desenhar mais degradante
Alguma messe além se faz mais rara,
E o peso desta sorte em ledo espaço,
Somente noutro enredo eu me desfaço
E bebo a sordidez deste abandono,
E quando qualquer luz pudesse ver,
Ainda num distante amanhecer,
O canto sem limites, desabono.

576


Imperfeições ditando o dia a dia,
E o medo se aproxima e nada deixa
Senão a mesma face onde desleixa
E gera tão somente uma utopia.
O quanto na verdade poderia,
Porém o meu caminho nada deixa
A deusa se vestindo, como gueixa,
A sorte noutro rumo, hipocrisia.
Apresentando a queda mais constante
O passo se mostrara e me garante
Errante madrugada em tom sutil,
E o todo traduzindo a solidão,
E neste desenhar novos virão
Enquanto o que buscara não se viu.


577


A noite em tais tormentas ultrapassa
O quanto poderia e nunca veio,
Seguindo a cada instante mais alheio,
O olhar se perde imerso em tal fumaça.
O canto num fastio tudo embaça
E a morte se transforma e sem receio
O todo se mostrando em devaneio
Adentra sem sentido nova praça,
Em meio às barricadas da esperança
A vida noutro rumo já balança
E a queda se anuncia num segundo,
O quanto poderia e nada houvera
Marcando com terror a leda espera
Aonde em dores fartas eu me inundo.


578


Tristeza dita o rumo de quem sonha
E tenta pelo menos lenitivo,
Do quanto em esperanças eu me privo
Na vida tantas vezes enfadonha,
A sorte se transforma e quando enfronha
O todo num momento onde cativo
O tempo mal mantendo em ar altivo
A face mais cruel, dura e medonha.
Escalo as cordilheiras mais sutis
E tento mesmo quando a sorte eu quis
Vencer os meus anseios, simplesmente.
Porquanto alguma luz inda pedisse
A vida se transforma em tal tolice
E o rumo num fastio se desmente.


579


A dor ditame máximo de quem tenta
Vencer as noites vagas, ilusórias,
Apresentando apenas tais escórias
No quanto poderia ser sangrenta,
A sorte noutro rumo nada ostenta
Senão as mesmas horas merencórias
E neste desenhar ledas memórias
Aonde o meu caminho se apresenta.
Tocado pelo engodo em falso brilho,
Ainda tento enquanto maltrapilho
Vencer as minhas duras cicatrizes,
E aquém deste cenário vejo apenas
O quanto sem defesas me condenas
E todo o meu sonhar tu contradizes.

580

Seguindo o meu caminho atroz e mudo
Não vejo qualquer chance de mudança
E o passo neste rumo sempre cansa
Enquanto na verdade desiludo,
E o risco de sonhar onde amiúdo
O canto num fastio em vã fiança
E o manto se transforma em leda lança
E neste desejar, eu me transmudo.
Acordo solitário e nada vindo,
O todo imaginado outrora infindo
Agora se desenha em tom sombrio,
E o mundo se negando em desalento
Uma esperança torpe eu alimento
E mesmo o nada em mim já desafio.


581


Aumentando o tormento enquanto vejo
O sol se aprofundando em duras brumas
E quando noutra face tu te aprumas
Deixando para trás qualquer desejo,
Aproveitando a vida em raro ensejo
E neste desenhar também te esfumas
Nos mares mais distantes, as espumas
Envolvem tanto brilho em azulejo,
Na areia movediça da esperança
O tempo noutro rumo não avança
E gera tão somente o turbilhão
Aonde tantas vezes quis a sorte,
Sem nada que deveras me conforte,
Encontro tão somente a negação.


582

Não posso mais vivê-lo; sonho meu
E o quanto desejara algum alento
Enquanto no vazio ainda tento
O todo que deveras se perdeu,
Meu mundo se entranhando em ledo breu
Tocado pelo imenso e insano vento,
O rude caminhar em sofrimento,
Meu canto neste instante esvaeceu,
E o rústico desenho da esperança
Apenas fantasia e nada mais,
Imerso nos imensos vendavais
A vida no vazio ora se lança,
E o quanto pude crer e nada houvera
Expressa a realidade em vaga esfera.


583


Minha alma se pasmando frente ao nada
Deveras procurando alguma paz
E nada do que tento satisfaz
Mostrando a noite infausta, e desolada,
A face de tal forma desenhada
Enquanto o pensamento mais voraz
Expressa a solidão e deixa atrás
O quanto fora clara e mansa estrada,
Após as mais complexas heresias
E nelas outras tantas tu trarias
Marcando com as garras minha pele,
A vida noutro instante se repete
E o quanto desejara e me acomete
Ao tanto imaginário já compele.


584

O quanto desta oculta noite em vão
Adentra no meu quarto em tal fastio,
E o sonho aonde ledo desvario
Causando a mais dorida sensação,
Expressa a tão amarga solidão
E neste desenhar eu desafio
O verso aonde em tom turvo e sombrio
Os dias se apresentam desde então,
Escapo dos meus erros e mergulho
Ousando noutro rumo, em pedregulho
Vagando pelos ermos espinheiros,
E sei dos meus atrozes sofrimentos
E quando se apresentam desalentos
Os dias já serão meus derradeiros.


585

Procuro um fundamento onde não há
E tento acreditar em novo dia,
A sorte na verdade merecia
O quanto se pudesse em tal maná,
Mas vejo o desatino e desde já
Perdendo o quanto resta em fantasia
O sonho noutro rumo se veria
E o sol decerto ainda brilhará.
Embora saiba bem do descaminho
Vacante coração ledo e sozinho
Audaciosamente tenta um rumo,
E quando se aproxima o fim de tudo,
Eu vejo quanto fútil, desiludo
E os erros mais atrozes; logo assumo.


586


O quanto se dissera a tal respeito
Vagando sobre as ondas mais ferozes,
Os dias são dos sonhos seus algozes
Enquanto no vazio ora me deito,
E sendo de tal forma eu não aceito
Sequer dos meus anseios vivas vozes,
E os antros dos meus sonhos, velhas fozes
Marcando cada rio em torpe leito,
Extraio dos meus sonhos as lições
E vejo as mais diversas tentações
Tocando em desvario cada verso,
E quando mais ainda tu me expões
O mundo nas mais árduas direções
O canto sem sentido ora disperso.


587

As setas atingindo quem deveras
Pudesse imaginar novo cenário,
Além do mesmo outrora imaginário
E nele tantas luzes, pois esperas,
E quando se entregando às vãs quimeras
Dos sonhos meramente algum corsário,
O risco se mostrando necessário
Envolve o meu caminho em turvas feras.
Num átimo temido frenesi
E o quanto deste sonho já perdi
No infausto caminhar sem direção,
Apresentando errático cometa,
A vida no vazio se arremeta
Traçando este sentido sempre em vão.


588

O quanto em minhas mãos inda pudesse
Sentir esta presença abençoada
E nela se traçando nova estada
Gerada tão somente por benesse,
Meu canto neste rumo ora se tece
E gera novamente rara estrada
Marcando com a voz quase embargada
Tentando muito além de mera prece,
Viceja dentro da alma esta alegria
E o rústico desenho se faria
Diverso do passado em garatuja,
Minha alma se perdendo nos teus laços
E os dias mais atrozes, turvos, baços
Dos quais a solidão, deveras fuja.


589


O quanto triunfara em lua cheia
A sorte mais audaz ditando o sonho,
E a cada novo tempo recomponho
A luz onde a fartura nos rodeia,
A vida muitas vezes segue alheia
E quando no futuro agora enfronho
E bebo deste cais raro e risonho,
Aonde toda a sorte já se anseia.
Esbanjo com ternura a luz em mim,
E bebo deste tanto até o fim,
E nisto satisfaço cada enredo,
E quanto mais audaz o pensamento,
Maior o delirar aonde eu tento
E neste desenhar eu me concedo.


590


De tanta ingratidão, a vida trama
Apenas o cenário mais dorido
E quando alguma luz; inda lapido,
Somente se percebe a leda chama,
A vida se prepara noutra trama
Os erros do passado agora olvido
E o todo num momento presumido
Selando com terror último drama,
Esbarro nos meus erros e persisto
Sabendo desde já o quanto nisto
Expresso a fantasia que inda vem,
O mundo se desenha em tons diversos
E sigo na emoção dos raros versos
Apenas um sutil, mero refém.


591


Sobre este coração decerto audaz
A sorte se transforma num momento
E quando novo instante ainda invento
O todo num momento se desfaz,
Quisera pelo menos ter a paz
E neste desenhar, o meu alento
Expressa o mais dorido sentimento
Enquanto se pudera ser mordaz,
Ausência de esperança, turvo inferno
E quando neste estio agora interno
E vejo esta aridez tomando tudo,
O rústico cenário se aproxima
E toma com certeza toda a estima
E aos poucos sem destino, desiludo.


592


Turbando o meu olhar em tantas brumas
O quanto poderia e nada veio,
Apenas um momento em devaneio
Aonde nesta ausência logo esfumas,
E sinto quantas vezes desaprumas
O todo num tormento aonde anseio
Somente da esperança qualquer meio
Enquanto no não ser tu me acostumas,
Esbarro nos meus erros, meus enganos
E sei dos dias turvos, tantos danos,
Mergulho no passado e nada vendo,
Cerzindo uma esperança quase fútil,
O mundo se desenha em tom inútil
Tramando a cada passo outro remendo.


593


O nome de quem pôde ser além
De mera fantasia e agora vejo
Maior que a própria senda em tal desejo
E o todo neste instante em paz contém,
Meu canto da esperança este refém
E nele outro caminho onde sobejo
Invado o pensamento e noutro ensejo
O ritmo se desenha sem desdém,
O tanto quanto pude anunciado
Jorrando como um sonho já traçado
Nos ermos de minha alma em luz imensa,
E assim ao presumir tanta esperança
O quanto deste encanto rege e avança
Tramando tão somente o que convença.


594


Amor se mostra turvo e mesmo infame
Marcando com terror e virulência
Aonde na verdade diz ciência
E tenta desvendar novo ditame,
E quanto mais deveras tente e te ame
O corte se aproxima; impertinência
E disto se fazendo a imprevidência
Já não suportaria um mero exame,
Enxames de ilusões, vastos cenários
E neles outros tantos temerários
Toando em ar sombrio a mera luz
E ao quanto poderia e nada houvera
Somente a solidão, fria pantera
Que aos poucos no vazio me conduz.


595


Perdoe se deveras magoaste
Co’o sonho mais atroz ou mesmo rude,
O quanto cada passo desilude
E gera tão somente este desgaste,
Ainda que pudesse e mal notaste
A vida se traçando em plenitude
No quanto num momento tudo mude
Destroça o que pudesse ser uma haste,
E a queda se anuncia a cada passo
E quando na verdade eu me desfaço
Envolto nestas sombras: solidão,
Meu mundo se presume no vazio
E o quanto ainda tento ou desafio
Do nada a mais perfeita tradução.


596


Morrendo a cada instante, solitário
Errático vagando em noite escura,
Apenas o vazio configura
O sonho tantas vezes necessário,
E o quanto poderia ser contrário
Ao ledo caminhar onde perdura
A farsa e na verdade me assegura
Do rito tantas vezes temerário.
Apresentando a queda mais constante
Aonde cada passo se adiante
Marcando com terror a luz em nós
O todo se presume num segundo
E quando neste encanto eu me aprofundo
A vida se transcorre em turva foz.


597

Fitando muito além deste horizonte
Na busca pelo sol que não mais veio,
Seguindo em mais completo devaneio
Aonde na verdade nada aponte
Matando esta nascente, rara fonte
Tocando com terror o turvo anseio
E neste desenhar quando rodeio
O mundo a cada passo desaponte,
Acasos; são deveras regras, mitos
E os dias mais felizes e infinitos
Morrendo num segundo sem promessas
E a cada novo tempo se desmancha
A vida que seria até mais ancha
E neste delirar ao fim tropeças.

598


Um astro dominando em tom venal
O quanto poderia ser diverso
E toma neste imenso e mais perverso
Caminho outro cenário sideral,
Esgoto o meu delírio em desigual
Cenário enquanto vejo este universo
Aonde sem sentido ainda verso
Marcando com temor meu ritual,
E sei do desencanto aonde pude
Viver o dia amargo, triste e rude
Tramado pelo anseio e nada além,
O todo se perdendo num segundo,
Das dores e temores eu me inundo
E sei que na verdade nada vem.


599


A vida se perdendo em um instante
Aonde tanto quis e nada vinha,
Somente a mesma face mais mesquinha
E nela cada passo se adiante,
Marcando meu caminho doravante
Na face desdenhosa e tão daninha
Enquanto este vazio se avizinha
O passo se mostrara torturante.
Escarpas entre frios temporais,
E os dias se traduzem mais venais
Tocando a imensidão sem ter proveito,
E o todo se esvaindo num momento
E nele bebo apenas o tormento
No tenso delirar onde me deito.


600


Eu não desmentirei cada momento
Enquanto se fizesse mais mordaz
O todo quantas vezes nada traz
Sequer outro cenário, mero tormento,
E quantas vezes; busco e mesmo tento
Deixando todo o medo para trás
Vencendo o descaminho tão voraz
Erguendo em plenitude o pensamento.
Aprendo a cada dia um pouco mais
E vejo estes momentos desiguais
Tramando com certeza novo rumo,
E quanto mais pudera ser feliz
Vivendo na verdade o quanto eu quis,
O amor noutro cenário em paz, resumo.


601


Vituperando a vida em dor e medo
O caos se gera após a tempestade
E o quanto deste sonho ora se evade
E nele nem um passo mais concedo,
E sinto tão completo desenredo
Aonde poderia em liberdade
Ou mesmo a mais sutil tranqüilidade
E dela cada passo, algum segredo.
Esboço reações e nada vendo,
Apenas sou decerto um ser horrendo
Marcado pelas tantas cicatrizes
Do tempo mais atroz em ledo espaço,
E quando presencio o mais escasso
Anseio noutros rumos contradizes.


602


O quanto da Natura se previsse
Diversa desta insânia costumeira
Ousando na esperança qual bandeira
Deixando no passado esta mesmice,
O todo noutro rumo contradisse
A história tantas vezes corriqueira
E quando noutro rumo a sorte esgueira
Marcando com mordaz sonho a tolice,
Escândalos adentram pensamento
E novo caminhar ainda alento
Vencido pelos ermos de um não ser,
Ausente dos meus olhos, a esperança
A vida sem defesas já me lança
Ao torpe e mais atroz entardecer.


603


Lamento tão somente cada ausência
Do quanto poderia e não se vira,
A vida se tramando em tal mentira
E nisto tantas vezes a anuência
Expressa a mais dorida penitência
E o quanto deste encanto já retira
Enquanto a própria história muda e gira
Tocada pela insânia em virulência,
Esgarço cada passo e não me aprumo,
A sorte suga inteiro o mero sumo
E deixa apenas isto, um vão bagaço,
E quantas vezes quis outro cenário,
Além deste diverso e temerário,
E nele a cada instante eu me desfaço.


604

Um lastimoso enredo dita a vida
E traça em tal degredo esta verdade,
O quanto da ilusão ainda brade
E nesta caminhada, a despedida,
A sorte noutra face sendo urdida
O medo sonegando a claridade,
O corte se aprofunda e a liberdade
Agora noutro rumo está perdida,
Apresentando os erros mais vulgares
E neles se deveras tu notares
Verás este horizonte em ledas brumas,
Tampouco poderia ser diverso
Enquanto noutro encanto eu me disperso,
Além desta emoção também te esfumas.


605


A via dolorosa em que me entranho
Adentra outros cenários mais sutis
E tanto quanto outrora um canto eu quis
E agora noutro instante tudo estranho,
Pudera haver talvez um raro ganho
E nele quem me dera ser feliz,
Eterno sonhador, este aprendiz
Conhece os seus enganos já de antanho,
E busca alguma paz ou simplesmente
Ainda novo traço busque e tente
Num frágil desenhar em tom suave,
Mas quando se percebe a solidão,
Os dias mais agudos desde então
Somente noutra face tudo entrave.

606


Diversos os quebrantos onde entranhas
E bebes os momentos mais doridos,
Enquanto novos tempos, vãos olvidos
Esbarram cordilheiras e montanhas,
As horas noutro engodo logo lanhas
E marcas com terror os presumidos
Cenários entre tantos repartidos
Em lutas tão venais porquanto estranhas,
Escalo os meus anseios e em verdade
O quanto do vazio ainda brade
Mergulho neste infausto e sei do fim,
Atrozes emoções gerando o vago
Aonde em ermos traços eu me alago
E vejo o sentimento em vão motim.


607

Apenas debilitas o meu passo
E traças outro rumo onde pudera
Singrar a florescente primavera
E neste desenhar um sonho eu traço,
E quando novamente me embaraço
Na sórdida ilusão a mera espera
O todo se transborda e nada gera,
Ocupa com terror um ledo espaço,
Escapo dos meus medos e percebes
Ainda em ilusórias, duras sebes
Os espinheiros tantos onde outrora
A vida desenhara em tom sombrio
O quanto na verdade desafio
E a sorte noutro ocaso me apavora.

608

Aonde em tais encantos entranhara
Cerzindo algum momento em plena luz,
Ao mesmo tempo o fato me conduz
À noite desejosa; bela e clara,
O dia noutro rumo se prepara
E tanto quanto posso reproduz
Gerando ao mesmo instante o quanto opus
Tramando a cada passo, a jóia rara.
Lapido diamantes neste olhar
E sinto este horizonte a dominar
Sobeja maravilha em tons sutis,
Aonde agrisalhasse uma esperança
O verso se mostrando em temperança
Traduz o que em verdade eu sempre quis,


609


O tempo não ditando qualquer trama
Esbarra nos vazios mais atrozes
E o quanto poderia em mansas vozes
Deveras noutro passo já reclama,
Saudade do que fora ainda clama
E vejo da esperança tais algozes
Marcando com seus atos mais ferozes
Gerando sem defesas velho drama,
E o canto se aproxima do final,
Aonde poderia em ritual
Traçar novo momento ou mesmo até
Gestando a maravilha aonde tento
Singrar com mais ternura o pensamento,
Porém há tanto perco a minha fé.


610


A vida se desenha em precipício
E nada mais se crê, senão no fim
O todo se esvaindo ora de mim,
A sorte se transforma em tal suplício
E o quanto se soubera em ledo vício
Da farsa desdenhosa sempre assim
Marcando com terror enquanto eu vim
Traçando noutro instante o mesmo ofício,
Acolho cada engodo e tento além
Sabendo do vazio onde contém
Apenas solidão e nada mais,
O quanto poderia e nada vejo,
Somente outro delírio num lampejo
Tocando em ventania meus umbrais.


611


Apenas na verdade o conhecer
Traduz outro momento mais suave
E quando a própria vida nos entrave
Marcando com terror o amanhecer
Tornando mais atroz o quanto ser
E neste desenhar a turva nave
Aonde se perdera tanto agrave
Gerando tão somente o desprazer,
Esbarro nos meus erros, sei do fato
E quando algum alento inda resgato
Tentando acreditar noutro momento,
Apenas o vazio se aproxima
E molda com horror nefasto clima
E neste desvendar eu me atormento.


612


O quanto se imputara ao sonho atroz
E nada mais pudesse senão isto,
Ainda na verdade quando insisto
Tentando desfiar diversos nós,
As mágoas noutro instante, ledo algoz
E deixo o caminhar quando persisto
Vagando sem saber se ainda existo
Ou mesmo se pudesse crer na foz,
O caos gerando apenas outro instante
Aonde na verdade degradante
Cenário se produz em turva face,
A marca tão medonha contradiz
Gerando dentro da alma a cicatriz
E nela todo o ocaso desnudasse.


613


Fantasiando ainda este himeneu
Vagando por estrelas mais diversas
E quando novo encanto; agora versas
O canto noutro tom se esvaeceu
E o todo se presume aonde em breu
Meu sonho; neste instante desconversas
E as horas mais doridas e perversas
De um ledo sentimento, atroz e ateu.
Resumos de outros erros do passado,
O conto se perdendo em tal legado
Marcado pela insânia em tons venais,
O quanto poderia e nada houvera
Gerando tão somente a leda espera
Em dias mais cruéis, quão invernais.

614


Impregnado de sonhos, pesadelos,
O quanto poderia ser supremo
Ainda na verdade tanto temo
E trago dentro da alma; ledos zelos
Os dias mais diversos ao contê-los
Também noutro cenário em dor me algemo
E bebo deste tempo e já me extremo
Traçando outros cenários, vãos novelos.
Esbarro nos engodos e procuro
Sabendo deste solo que inseguro
Transforma em movediço cada passo,
E o todo se transcorre em tal loucura
Aonde a minha sorte se aventura
E aos poucos sem destino, eu me desfaço.


615


Dos tanto erros; vejo apenas isso,
O quanto desejei e nada vinha
A sorte se pensara toda minha
Agora num terreno mais mortiço.
E quando alguma luz inda cobiço
A vida se mostrando mais daninha
E o todo na verdade não continha
Sequer esta impressão de claro viço.
Atento aos descaminhos tão frequentes
Ainda quando a sorte tu pressentes
Não vejo outro momento mais feliz,
E bebo deste infausto a cada instante
E sei do meu caminho torturante
Enquanto uma esperança em vão desfiz.


616


Em tantas libações, festas e ritos
Bacantes maravilhas, noite afora
Hedônico cenário onde se ancora
Gerando dias claros, infinitos
E os sonhos mais audazes e bonitos
Aonde toda a fonte nos devora
E nada nesta vida me apavora
Gestando da esperança novos mitos,
Num ato sem sequer qualquer juízo
Adentro junto a ti tal paraíso
E bebo deste vinho delicado
Enquanto a vida trama em rara adega
A sorte onde se extrema a fantasia
Ingresso no caminho em poesia
E o mundo neste mar claro navega.

617


Orgásticas loucuras, noites fartas
E destas festas sonhos mais audazes,
Enquanto com loucura tu me trazes
E as dores noutra face não repartas,
O quanto poderiam ser assim
Os dias mais felizes, vida mansa,
E o todo na verdade ao fim se lança
Marcando em florescência meu jardim,
Aumentam os meus sonhos, e provendo
Da clara fantasia aonde esboço
O todo que em verdade fosse nosso
Deixando para trás o mundo horrendo.
Espalho em verso e canto esta magia
Aonde toda a glória eu poderia.


618

Presença maviosa, feminina
Traçando um mais diverso delirar,
E quando me entranhando em tal luar
A vida novo rumo determina,
E o todo que deveras me fascina
Tomando plenamente este lugar
Transborda e mergulhando neste mar
Aonde a sorte traça a rara mina
E o todo se traduz em claridade,
O sonho mais suave agora invade
E gera novo sonho aonde eu posso
Trazer a mansidão de cada verso
E neste desenhar nada disperso,
De um mundo que bem sei somente é nosso.


619



Encontro nos teus braços este alento
Que tanto procurara em rara fronde
O amor quando deveras corresponde
Ao todo, traduzindo o pensamento
Entranha cada passo aonde eu tento
E a sorte noutro instante ora responde
Sabendo desde já o quanto e aonde
Tocasse plenamente o manso vento,
Açoda-me a alegria de poder
Gerar a cada instante novo fato,
E o todo se desenha num cenário
Aonde se mostrando solidário
Encanto mais audaz, toco e resgato.


620


O quanto se endeusara este momento
Aonde todo o gozo se anuncia
Marcando com beleza a fantasia
E nela sem temor eu me alimento,
Vestindo com certeza o doce alento
Bebendo desta sorte em tal magia
O quanto se transforma em poesia
Tomando com ternura o sentimento,
Extraio deste sonho o raro sumo
E todo o meu caminho ora resumo
Num passo mais audaz em direção
Ao tanto desejado e mais tenaz,
Enquanto esta utopia o vento traz
Sem ter e nem pensar moderação.



621


Uma tristeza enorme toma a cena
E cavernosa noite em frias furnas,
As horas mais atrozes e soturnas
Aonde à solidão já se condena,
Encontro tão somente este fastio
E bebo desta foz em dura senda,
Enquanto na verdade não se entenda
A sorte noutro rumo, a desafio,
Esbarro nos meus erros, sigo assim
Vacante coração, momento atroz
Ausentes dos meus passos, nossos nós
O tempo preparando para o fim,
A queda se anuncia a cada passo
E o todo num momento eu já desfaço.


622

Destino me relega à solidão
E nada me transporta alguma luz
Enquanto a negação se reproduz
Gerando tão somente o mesmo não,
As sortes noutro engodo mostrarão
Apenas o que resta em ledo pus
E o manto se desfia e a dor faz jus
Ao quanto poderia em precisão,
Esbarro nos meus erros, sigo alheio
E bebo cada sombra onde rodeio
O passo mais venal, em turva face,
Especular delírio se transforma
E a vida neste instante em tosca forma
Caminho mais atroz sempre mostrasse.


623

Jamais eu conhecera qualquer raio
De luz ou mesmo até em liberdade,
O sonho noutro rumo ora se evade
E apenas neste instante ledo eu caio,
O mundo aonde a paz deveras traio
E o canto a cada instante não mais brade
Matando a mais sobeja claridade,
Enquanto no vazio agora esvaio,
Esboços de momentos mais felizes
Perdendo noutros dias turvos, grises
Matizes discordantes do meu sonho,
E quando neste encanto ainda creio
A vida num terrível devaneio
Adentra este cenário mais medonho.


624

Hospeda-se o vazio no meu peito
E o quanto pude crer e nada houvera
Aos poucos noutro rumo destempera
Enquanto em turva treva eu já me deito,
O sonho desta forma já desfeito
Moldando tão somente a vã quimera
E o todo se mostrando noutra esfera
O caos domina tudo e toma o pleito,
Escassos dias trazem ilusões
E nelas outros erros tu compões
No infausto desta via em dor e pedra,
O canto sem sentido, sem razão
Tramando tão somente um mundo em vão
Aonde a própria sorte foge e medra.


625


Ao cinzelar a vida em dor e pranto
Quebrando cada parte do marmol,
A vida se mostrando sem farol
Transforma todo o sonho num quebranto
E quando noutro passo eu me adianto,
Buscando a claridade de algum sol,
A sorte que pensara outrora em prol
Deveras noutro rumo é desencanto.
Esbarro nos meus erros costumeiros
E os dias de outros cantos mensageiros
Estraçalhando o quanto pude crer
Matando em dor e medo, enfim me afasto
De um templo tão mesquinho quão nefasto
Sentindo o meu desejo apodrecer.


626


Adentro as duras trevas que legaste
E bebo a sordidez deste vazio,
E quando algum momento desafio
A vida se transforma em vão contraste,
O quanto poderia e sem tal haste
Apenas na verdade o mais sombrio
Desenho se moldando num vadio
Cenário aonde o tanto se desgaste,
Espalhas temporais enquanto eu tento
Vencer o mais diverso sofrimento
Erguendo o meu olhar, noutro horizonte
E o caos se aproximando neste instante
Somente em desvario se adiante
Enquanto a solidão, ao nada aponte.

627


Em fúnebres verdades, vida traça
O quanto poderia ser diverso,
E sigo a cada passo mais disperso
E a vida noutro rumo é vã fumaça
O todo com certeza, em sorte escassa
Marcando com terror o mais perverso
Desenho deste mundo aonde eu verso
Tramando a solidão em vaga praça,
Das ruas e avenidas da esperança
A sorte no vazio ora se lança
E bebe esta aguardente tão amarga,
O quanto poderia e não viera
Tocando com horror cada tapera
Enquanto o meu caminho, a vida embarga

628


Fervilha dentro da alma em frenesi
A discordante luz aonde um dia
Pudesse imaginar a poesia
E nela toda a sorte ora perdi,
O quanto deste mundo presumi
Além da mera luz em fantasia,
O rastro a cada passo se perdia
E nisto num momento volto a ti.
Escapas dos meus dedos, trazes nada
E o pranto se mostrando mais atroz
Rompendo da esperança os velhos nós
A sorte noutra face: desolada.
traduzo a solidão a cada verso
morrendo noutro enfado, mais disperso.


629


Apenas um espectro e nada mais,
Assim caminho em meio à multidão
Os dias na verdade não trarão
Senão velhos cenários abissais,
E o quanto poderia em vendavais
Tramar outro sentido ou direção
Somente tão ausente do timão
Não posso desvendar sequer um cais.
Esgoto cada passo no vazio
E quando um sonho eu tento e desafio
Encontro o mais completo sortilégio,
O rústico desenho em tom atroz
Calando neste instante a minha voz
O sonho se transforma em privilégio.


630


Aonde se pudera luminosa
A sorte se turvando num segundo
Marcando o meu caminho em tom profundo
Ainda se faria poderosa,
Ausente do canteiro qualquer rosa
O passo se transforma e vago o mundo
Tentando outro cenário e se me inundo
A morte se aproxima e tanto goza
A porta escancarada dita a sorte
Embora na verdade não comporte
Sequer algum momento mais feliz,
O todo se presume em negação
Os dias mais audazes não trarão
Senão a mesma face em cicatriz.



631

O quanto respirasse em tal momento
A mera solidão e corresponde
Ao nada quando a vida já se esconde
E traça tão somente o desalento,
Ainda mais diverso ora fomento
A sorte sem saber sequer nem onde
O todo poderia noutra fronde
Grassar alguma paz em ledo vento
Escapo dos medonhos ares quando
O tempo noutra face desabando
Esbarra nas vertentes mais atrozes,
E quando poderia imaginar
Ainda qualquer sombra a se notar
Os dias são deveras meus algozes


632


Inebriante sonho dita o rumo
Do todo quando a vida já sonega,
A sorte se transcende à minha adega
E aos poucos no vazio eu me resumo,
Enquanto em solidão atroz me esfumo
A trama noutro encanto não sossega
E marca com terror e em vão navega
Gerando tão somente o desaprumo,
Não posso acreditar na fantasia
Aonde cada passo se esvaia
E o todo se transforma em mero caos,
Ascendo ao mais complexo dos altares
E quando em tal brandura; mal notares
Negando algum alento em vãos degraus.


633

Incensos dentro da alma, versos tristes
E o quanto se desnuda em dor e medo,
Aonde meu caminho se fez ledo
Embora noutro rumo ainda insistes,
Deveras tão somente não resistes
E o quanto poderia e sempre cedo
Marcando em discordância o desenredo
Enquanto noutra face tu despistes,
O farto desenhar em louca tez
O quanto deste sonho se desfez
Na fraude desenhada a cada passo,
O rude caminhar em meio ao nada,
Gerando novamente a mesma estrada
E nela noutro instante eu me desfaço.


634


Almíscares pudesse ainda ter
No aroma mais sutil de quem porfia
Traçando com temor a fantasia
E neste desenhar me esmorecer,
O quanto se pensara e sem se ver
Apenas outro traço moldaria
O quanto trago viva em utopia
Gestando dentro em pouco o desprazer,
A vida se mostrando onde constata
Somente o desespero em vã bravata
Marcando cada passo com terror,
Aonde meu momento quis diverso
Enquanto noutro traço desconverso
Perdendo com certeza um belo albor.


635


O quanto deste sonho me embriaga
E traça outro momento mais sutil,
O risco de sonhar nada mais viu
Enquanto outro caminho a sorte é vaga,
A morte na verdade doma a plaga
E trama outro cenário tosco e vil
Aonde poderia ser gentil,
E o quadro neste instante tudo alaga,
A chaga mais profunda, velha escara
E nela minha sina se escancara
Gerando a inconseqüência a cada instante
E nisto se pudesse ser assim
Um dia mais feliz enquanto eu vim
Traçando o quanto quero e se adiante.


636


Revivo no presente o quanto um dia
Pudera imaginar ser mais feliz,
E o tempo na verdade contradiz
E marca com ardor cada utopia,
O rústico desenho se faria
E nele a minha sorte por um triz
Enquanto procurara em ledo bis
Viver o quanto posso em fantasia,
A sorte se desenha em tal fartura
E o quanto da verdade se assegura
E gera novo passo rumo ao tanto,
Mergulho num caminho em plena paz
E todo este desejo satisfaz
Tramando a cada instante um raro encanto


637


Deitando sobre o corpo de quem amo
Gerando outro momento sem igual,
O toque tantas vezes sensual
E nele cada noite em paz eu clamo,
Um mundo sem ter servos nem ser amo
O rito mais sutil, consensual
Gerando este caminho magistral
Aonde me espalhando o sonho eu tramo,
Vagasse noutro espaço além do porto
E o todo desenhando este conforto
Sem ter sequer confronto, gera a paz,
E o canto em harmonia a cada verso
E nele se presume este universo
Momento mais sublime e tão audaz.

638

Sentindo os teus cabelos me tocando,
Libertos sentimentos noite clara
E o todo neste instante se depara
Com raro caminhar se desenhando,
O mundo se mostrara desde quando
A vida dominando esta seara
Marcando a minha sorte bem mais clara
Num tom suave e sei audaz e brando,
Apresentando a sorte mais sutil,
O quanto deste sonho ora se viu
Tocando plenamente em paz o quanto
Pudesse adivinhar ou mesmo crer
E neste desenhar, o amanhecer
Gerando com ternura um raro canto.

639

Aromas mais diversos, gozo e festa
Ainda tomam conta do cenário
E o quanto deste sonho é necessário
Enquanto a fantasia o sonho gesta,
O todo noutro rumo sempre atesta
O rito mais sublime e solidário,
Embora no passado solitário,
O mundo noutro rumo ora se empresta,
E galgo nos teus braços plenitude
E nisto o meu caminho logo mude
Transcendo ao mais superno desejar
E bebo com fartura esta alegria
E nela toda a sorte poderia
Traçar outra esperança, outro luar.

640


A juventude impregna cada sonho
Aonde na verdade vejo o fim,
E o quanto poderia ser assim,
Agora se mostrando mais bisonho,
E o todo quando tento e até componho
Marcando com ternura algum jardim
Apenas acendendo este estopim,
E o canto se mostrara ora enfadonho.
Esvaio num instante e tento além
E toda esta verdade nada tem
Senão a mesma ausência em tom venal,
O quanto poderia e nada veio
Vivendo num completo devaneio,
Vagando sem destino em ledo astral.


641

Verdores do passado agora grises
Cenários onde a vida se desfez
E neste desenhar a estupidez
Que a cada novo instante contradizes,
Deixando tão profundas cicatrizes
E nesse desenhar a insensatez
Na qual toda a penitência que agora vês
Traduz a vida em dores e deslizes,
O solo se mostrando ora desnudo
E o sonho na verdade o desiludo
No quanto poderia ser diverso,
Humana criatura se afigura
Traçando tão somente a desventura
Puindo o quanto resta do universo.


642

Cercado pelos sonhos em florais
O quanto poderia em primavera,
Mas quando a própria sorte destempera
Gerando tantos erros mais banais,
Os passos noutros ermos rituais
Ainda se espalhando em louca esfera
Aonde o meu caminho nada gera
Senão diversos erros tão fatais,
E os meus demônios trago em viva voz
O canto se mostrara mais atroz
E o vandalismo enceta a tempestade
E mesmo quando tento novo prumo,
Também numa ilusão em vão me esfumo
E o passo no vazio só degrade.

643


Alteia-se a esperança, mas eu sei
O quanto na verdade é mentirosa
O tempo noutro rumo se antegoza
Marcando com terror a leda grei,
O todo desenhando o que sonhei
Na noite em claridade majestosa,
O risco de sonhar a vida glosa
E gera esta nefasta e torpe lei,
O tanto quanto eu quis e nada havia
Matando em nascedouro a fantasia
Deixando quase agônica esperança
E quando em antagônica visagem
O sonho se perdendo em vã miragem
Apenas o vazio ora se alcança.

644

Em ânimos diversos, vida e morte
Tramitam pelos céus aonde um dia
O quanto deste sonho eu poderia
E nada na verdade mais conforte,
O passo se desenha enquanto corte
Marcando a minha face em tez sombria
E ausente dos meus olhos, a harmonia
Negando o que pudesse ser um norte,
Afasto-me de ti e nada vejo
Senão a mesma face em vão desejo
Tocando em insensato turbilhão,
Os sonhos se esvaindo a cada instante
Apenas o vazio se garante
E nele encontro apenas negação.

645


Aonde se desenha em luta e guerra
O canto mais atroz tomando a cena,
Meu passo noutro rumo se envenena
E o todo nesta ausência se descerra,
Vencida pela insânia alma descerra
E o todo num fastio me condena,
Enquanto poderia mais serena
A vida noutro instante; leda, emperra.
Traçando em tom venal o dia a dia
O quanto noutro rumo eu poderia
Sonhar ou ser feliz, mas nada existe
E o cântico medonho dita a norma
E a sorte neste instante se deforma
Tornando a realidade amara e triste.


646


Numa extensão enorme eu mal coubera
Gerado pelo caos que agora bebo,
Apenas o vazio eu já percebo
E nele se esvaindo a primavera,
O quanto se alimenta esta quimera
E neste delirar nada recebo,
Somente esta ilusão, mero placebo
Aonde toda a sorte trama a fera,
O caos; entranho e sigo em desatino,
Aos poucos sem defesa me alucino
E morro sem saber sequer da sorte
Desenhos tão diversos; vejo aquém
Do quanto poderia e nada vem
Sequer a poesia que conforte.


647


O rude caminhar em meio ao nada
Transforma cada passo em agonia,
E o quanto noutro rumo eu poderia
Deixando amanhecer em rara estada
A vida noutro ponto desenhada
Marcada por terrível heresia
Cerzindo tão somente esta utopia
Há tanto sem cansaço, procurada,
E o cândido cenário se transforma
E toma da esperança a justa forma
Marcante como fosse um mar imenso,
E neste delirar pudesse tanto
Enquanto meu caminho eu adianto
E nisto a cada instante em paz eu penso.


648

Dos prélios mais diversos porfiando
Marcando em ressonância cada brado,
Aonde se vislumbra este traçado
E nele outro momento mais infando,
O manto se moldara em contrabando
E o caos decerto agora desenhado
Presume na verdade o quanto enfado
Ou tanto se demonstra desabando,
Esbarro nos enganos, sigo alheio
E vivo em plenitude o quanto anseio
Num átimo e mergulho nos teus braços,
Após tantas batalhas vida afora
Meu canto em teu encanto agora ancora
Vencendo em calmaria meus cansaços.

649


Atende ao telefone em voz macia,
Tocando com serena magnitude
E tudo num instante se transmude
Enquanto a sorte logo mudaria,
Gerando a cada passo a poesia
E nela se traçando a juventude
E mesmo quando o passo desilude
Adentro sem defesa a fantasia.
Escalo as cordilheiras da esperança
E o passo noutro rumo agora avança
Marcando com ternura o quanto eu quis,
Depois de tantos anos, solitário
Agora noutro rumo, um relicário
Momento em plenitude, mais feliz.

650


Guerreiros sonhos ditam o futuro
E quantas vezes tento caminhar
Vencendo a cada instante devagar
Tocando todo porto mais seguro
E quando deste sonho eu configuro
O raio mais sublime de um luar
A noite se entranhando a me tocar
Deixando no passado o quadro escuro,
Espalho em claridade cada verso
E sigo o meu caminho e não disperso
Vagando em plenitude cada instante,
O sonho se transforma e realiza
Da torpe tempestade vejo a brisa
E nela a mansidão já se garante.




651

Ninguém traçando a vida em tal cenário
Exprime o quanto quero e mesmo assim,
Ainda que pudesse em ledo fim,
O mundo noutro rumo, temerário,
Vencendo o descaminho, solitário
O tanto quanto posso e sei que enfim
O manto se puindo de onde eu vim
Apenas um momento temporário,
Esbarro nos engodos e prossigo
Aonde na verdade em desabrigo
O caos se anunciara mais atroz,
E o rumo se perdendo num instante
E neste desenhar nada garante
Rompendo o quanto houvera em ledos nós,


652


O quanto em maestria se tentara
Vencer os sortilégios e poder
Ainda mesmo enquanto esvaecer
Gerar outro momento em tal seara
A vida na verdade desampara
E trama o quanto pude me esconder
Negando a cada instante o amanhecer
Ou mesmo a fantasia doce e rara,
O medo se aproxima e desiludo
Enquanto este caminho tão miúdo
Desenha a pequenez de uma alma vaga,
O canto com certeza não traduz
O todo desejado em farta luz
E a solidão apenas me embriaga.


653


Enquanto em ironia se percebe
A divindade feita em heresia,
O todo noutro rumo poderia
Gerar a delicada ou mansa sebe,
E o quanto deste mundo se concebe
Marcando cada passo em agonia
O tanto quanto eu quis já não traria
Senão a mesma audácia onde se embebe,
Atrelo-me ao caminho em solitude
E o passo com certeza tudo mude
Matando esta manhã em tom brumoso,
E o quanto se pudera majestoso
Agora na verdade desilude
Num rito em desvario, pedregoso.


654


Dos livros e das noites solitárias
Lembranças de um passado mais venal,
O canto se mostrara sempre igual
Embora estas saudades sejam várias,
As sortes noutros rumos, quais corsárias
Traduzem cada passo em ritual,
Marcando com terror o ledo astral
Em ditas tão sombrias, temerárias,
Extraio do silêncio o quanto pude
Embora saiba a vida bem mais rude
E nada se traduz em novo brilho,
Enquanto a negritude invade o sonho,
O desencanto aonde eu decomponho
O farto desenhar onde o palmilho.

655


Os donos da cidade, do futuro
Os versos mais audazes, negativas
E quando da esperança tu me privas
Apenas do vazio eu me asseguro,
E quantas vezes nisto configuro
As horas mais atrozes e cativas,
As noites sempre mortas, mas altivas
O porto não se faz jamais seguro,
E o canto se perdendo em descaminho
Errático momento mais daninho
Aonde esboço apenas fantasias
E quantas vezes; tento outra saída
E a sorte noutra face decidida
Esconde o quanto em luzes tu querias.


656


Meus olhos quando opacos nada vêm
E seguem sem saber deste horizonte
Aonde novo dia se desponte
Somente da esperança sou refém,
E o quanto poderia em tal desdém
Ainda caminhar e crer na fonte
E nela novo encanto ora se aponte
Marcando com denodo o que inda tem,
O caminhar austero em noite vaga,
O quanto da esperança a sorte traga
E beba deste enredo a se fartar,
Pudesse noutro rumo, novo instante,
Mas nada do que eu busco me garante
Sequer um raio apenas de luar.


657


Os sonhos se traduzem no vazio
E quando os procurara em ledo instante
O nada na verdade se adiante
E gera tão somente o desafio,
E quantas vezes; teimo ou já recrio
O canto noutro rumo doravante
E o todo se mostrando radiante
Mergulha neste imenso e forte rio,
Em tantas corredeiras a esperança
Ao quanto nu momento ora me lança
Gestando esta inconstância aonde um dia
Pudesse muito além do mero cais
Em ritos tantas vezes desiguais
Enquanto a própria sorte negaria.

658


Ocaso dentro da alma de quem sonha
E tenta a liberdade aonde apenas
Os ermos do passado ora condenas
E bebes desta sorte mais medonha,
E quando a realidade não se oponha
Moldando com terror as duras cenas
Eu sigo sem saber das mais amenas
Verdades onde o todo decomponha,
Esbarro nos meus erros, contumazes
E neles outros tantos tu me trazes
Gerando apenas caos e nada além,
O tanto quanto pude imaginar
Agora se perdendo num vagar
Enquanto a noite traça este desdém.


659

Auroras da existência se perdendo
Nas brumas mais doridas, solidão.
E os dias tão somente mostrarão
Cenário torpe imundo, ledo e horrendo,
O quanto se pudesse percebendo
Os cantos noutro sonho, temporão,
O mar se mostra em toda esta amplidão
E nele cada barco se esquecendo,
O rumo mais atroz, a foz do rio
Deveras tantas vezes desvario
Marchando para o nada aonde eu pude
Vestir esta mortalha e tão somente
Ainda quando a sorte busque ou tente
O passo se demonstra apenas rude.

660

Aonde em infinitos poderia
Gestar a minha luta em paz ou glória
A noite se desenha merencória
Marcando em tom brumoso cada dia,
O todo se transforma em agonia
E rege com terror leda memória
Assim traçando apenas mera escória
Enquanto outro momento fantasia,
A vida sem saber de qualquer passo,
Explode num momento e me embaraço
Vestindo tão somente a solidão,
Enquanto quis um tempo mais feliz,
O mundo noutro instante contradiz
E traça tão somente o mesmo não.



661


O quanto em nosso amor eu poderia
Viver a libertária magnitude,
Mas quando o dia a dia desilude
Apenas se transforma em agonia
O quanto noutro rumo eu tomaria
Marcando com ternura uma atitude,
E quando este cenário se transmude
Deixando vir à tona a fantasia,
O todo se transfunde e gera além
E toda esta esperança ainda vem
Tomando com firmeza cada canto,
E assim ao mais sobejo em raro alento
Enquanto novo rumo eu busco ou tento
Decerto este momento; em paz, garanto.


662


Tocando mansamente o velho peito
Depois de tantos medos, tanto enfado
A vida se transforma e qual legado
Nas ânsias mais audazes me deleito,
E agora plenamente satisfeito
O tempo noutro rumo desenhado
E o canto no momento mais ousado
Expressa da ilusão o imenso pleito.
Vestindo a fantasia: ser feliz
O quanto na verdade bem mais quis
Gerando tão somente a claridade
Ainda mais diverso do que eu vivo,
O amor se torna claro e sou cativo
Do gozo que decerto agora invade.


663


Abrindo devagar a bela flor
Aonde a primavera se esboçara
Tornando mais sublime esta seara
E nela se mostrando o pleno amor,
Deixando para trás qualquer rancor
A vida num alento se prepara
E marca a melodia mansa e clara
Tocando este cenário redentor,
Versejo sobre o quanto desejando
O dia mais suave e nele o brando
Desenho de uma sorte mais audaz,
O canto se traduz felicidade
E o quanto ainda trago em tal saudade
Aos poucos o meu mundo satisfaz.


664


Apenas ao compor esta ilusão
Bebendo gota a gota toda a sorte
Aonde meu caminho já comporte
Os dias em completa sedução,
Entranho a cada instante neste vão
E faço da esperança um claro norte,
E tento na emoção raro suporte
Tramando novos dias que virão
Marcando com ternura o quanto a quis
E desta forma sigo mais feliz
Rumando ao quanto possa e nada cala.
Minha alma de tua alma num momento
Vivendo esta brandura em raro alento,
Dos sonhos mais audazes, qual vassala


665


O quanto se fizera amargo e triste
Meu verso solitário em noite vã
Ainda procurando uma manhã
E sei que neste passo a vida insiste
E todo o caminhar ora consiste
Na doce maravilha em claro afã
Vivendo este delírio esqueço a cã
E o tempo em claridade inda persiste.
Restauro a mocidade já perdida
E mudo a direção da torpe vida
Gerando novo sonho a cada instante
E o quanto poderia em voz macia
Transforma todo amor em alegria
Num ato tão sobejo e deslumbrante.


666


Ao esfolhar a sorte no vazio
Ainda poderia acreditar
Na imensa claridade de um luar,
Mas quando me percebo, em pleno estio.
O tempo noutro instante eu desafio
E tento noutro rumo navegar,
Vencendo a tempestade, ganho o mar,
Mas trago dentro da alma ainda o rio;
Enquanto das montanhas das Gerais
Os dias entre tantos ditam cais
No sonho mais audaz e persistente,
O todo se aproxima desta cena
E a vida num momento me serena
E toda a fantasia se apresente.


667

Não quero este jardim em dor imensa
Tampouco este espinheiro, outra daninha,
A vida na verdade já se aninha
No sonho aonde a sorte se compensa
E o quanto se mostrara outrora tensa
E agora noutra face se adivinha
A sorte sendo audaz e toda minha
Gerando a mais completa recompensa.
Meu mundo se traduz num raro brilho
E o sonho que em verdade eu compartilho
Traduz o quanto quero e mais pedisse
Vencendo a solidão, agora sinto
Aonde imaginara quase extinto
O canto onde meu mundo em paz ouvisse.


668


O quanto deste mundo é todo nosso
E dele saciando em plenitude
O sonho na verdade tanto ilude,
Mas dele em todo dia eu já me aposso,
E quando se pensara em vão destroço
Mudando num momento de atitude
Aonde fora outrora quase rude
Agora novo canto em glória endosso,
Vestindo esta emoção sobeja e rara
O todo noutro canto se declara
E mostra tão somente o quanto entranha,
Minha alma solidária e em paz imensa
Da sorte mais audaz ora convença
Sem ter sequer um passo feito em manha.

669


Pudesse traduzir noutro contente
Caminho o que deveras hoje eu trilho
E quantas vezes fora um andarilho
Enquanto outro cenário ainda tente,
Vencendo o meu tormento onde inclemente
Cenário sem destino inda palmilho
O quanto deste sonho eu compartilho
Vivendo a minha sorte plenamente,
O todo se aproxima do que eu quero
E quando fora outrora ledo e fero
Encontro a plenitude em cada verso
E neste desenhar estou contigo
E cada sonho em paz ora consigo
Gerando com delírio este universo.

670


O olhar mais docemente me envolvendo
Traçando uma manhã em raros tons,
E os dias mais felizes, claros, bons
E neles o meu canto convencendo
O passo mais audaz gerando a sorte
E nela outro delírio se traduz
Tramando a todo instante a rara luz
E nela cada passo onde comporte
O todo mais suave em claridade,
E o tanto quanto pude agora vejo
Ousando a cada passo neste ensejo
Aonde toda a sorte em paz já brade,
Marcando em tom suave a poesia
E dela outro momento eu viveria.



671

O todo se entristece a cada instante
E gera tão somente este fastio
Aonde o meu caminho ora desfio
E nele nada além tento ou garante,
O risco se mostrando doravante
Tocando este cenário mais sombrio,
O quanto do meu mundo eu esvazio
E bebo a sorte amarga e degradante,
Invisto o pensamento neste fato
E quando a imensidão em paz constato
Viceja dentro em mim um claro alento,
E o todo traduzindo além da parte
E nisto cada sonho se reparte
Gerando toda a sorte que ora eu tento.


672


O quanto da verdade dita o medo
E nada mais se vendo senão isto
E quanto noutro rumo ainda insisto
Deveras de tal forma em vão procedo,
E o todo se transborda em desenredo,
E o quase me tomando aonde existo
Num corte mais atroz, até resisto,
Mas nada se transforma em tal segredo,
Alheio ao caminhar em noite clara,
O tempo noutro instante nos separa
E gesta a solidão aonde eu pude
Tentar um novo trilho e nada havia,
Somente a mesma face ora sombria
Mudando a cada instante de atitude.


673


A mágoa desenhando a cada olhar
O rito mais atroz onde eu pudera
Viver ainda a leda primavera
E ver esta esperança rebrilhar,
A sorte me desdenha e no vagar
Transforma qualquer sonho em dura espera,
A glória se fizera apenas mera
E o todo noutro rumo a mergulhar.
Ocasos entre tardes, brumas, medos.
E os dias mais audazes morrem ledos
Enfrento a tempestade a cada passo,
E quando procurara alguma paz,
Somente este vazio ora se faz
E pouco a pouco aquém eu me desfaço…


674


A vida na verdade desmerece
O sonho enquanto há tanto eu pude crer
No raro desvendar do amanhecer
E nele toda a sorte em vã benesse,
Apenas o vazio me entorpece
E o quanto posso mesmo perceber
Marcando com terror o frágil ser
E nada do que tento reconhece,
O parto sonegado, o torpe aborto
A vida sem decerto algum conforto
A morte se anuncia a cada ausência,
E o tanto quanto quis já nada traz
O olhar se mostra vago e até mordaz,
Do encanto não se tem sequer ciência.


675

Entorpecendo o sonho em tal fastio
Adormecendo a sorte noutro rumo,
Aonde com certeza me consumo,
Apenas vislumbrando um desvario,
Precoce solidão, atroz estio,
Dos sonhos nada resta, nem o sumo,
E o todo noutro passo ora resumo
Tocado pelo imenso e torpe frio,
Meu canto solitário em noite escura
Ainda noutra face se aventura
Tentando desvendar algum mistério,
Num rito mais mordaz, felicidade
Aos poucos noutro rumo já se enfade
Neste ermo desenhar, vago critério.


676


Trilhasse novas sendas ou pudera
Tocar com plenitude cada verso,
E quando noutro encanto eu me disperso
A vida sem juízo destempera,
A morte se mostrando sem espera
O nada toma conta do universo
E tento desenhar o quanto imerso
Pudesse nesta fonte intensa e fera,
O caos se transformando na rotina
Apenas o vazio determina
A queda noutro intento, tão mordaz,
Aonde se pudesse mais pacífico
Cenário que julgara tão magnífico
Agora pouco a pouco se desfaz.


677


Um mar sem ter sequer algum momento
Em paz, tempestuoso em vã procela
O quanto do meu mundo se revela
Gerando tão somente o desalento,
E quando no vazio eu me alimento
A sorte desenhando a turva cela
O caos a cada passo já se atrela
Marcando com terror o pensamento,
Espero atocaiado algum instante
Aonde o meu caminho se agigante
Em plena pequenez esta alma vaga,
E quando a solidão tanto embriaga
Medonha face exposta se garante
E apenas de ilusões meu peito alaga.


678


Rastejo a cada instante, velho pária
Escombro, este destroço ainda vivo,
E neste desenhar de tudo eu privo
E a vida se desenha solitária,
O quanto poderia em temerária
Ausência e se decerto eu sou cativo,
O canto não passou de lenitivo
E a vida novamente uma adversária.
O rastro que deixaste pelo chão,
A sorte se transforma em negação
E o caos ora inundando o dia a dia
Aonde houvera luz ou esperança
O passo num instante já se cansa
E a sorte na verdade não havia


679


As horas onde os sonhos tu embargas
E marcam com terrores mais mordazes
E neste delirar o nada trazes
Senão as fantasias mais amargas,
E quando noutro rumo tu me largas
E deixas perceber diversas fases
Aonde meus momentos contumazes
Das dores as cruéis vagas descargas.
E o tempo se transcorre em medo e tédio
A vida não encontra mais remédio
E a morte se aproxima em redenção,
Enquanto poderia ter no olhar
Um belo e mais sobejo caminhar
Os dias traduzindo a negação.


680

Aonde quis a sorte, esta quimera
Espalha em discordância cada passo,
E o tanto quanto busco em mero espaço
A vida noutra face destempera,
O corte se aproxima e nada gera
Senão a minha luta e nela eu traço
O quanto poderia, mas escasso,
O sonho se transforma noutra esfera,
O sórdido momento se aproxima
E sinto a turbulência deste clima
No vórtice feroz, tanta tormenta
E a queda anunciada noutro enredo
Traduz o quanto posso e até concedo,
Enquanto a poesia me alimenta.



681


Perdendo uma noção de tempo/espaço
Adentro este infinito sentimento
E quando noutro instante o amor fomento
Ao mesmo tempo o canto agora eu traço
E vibro em consonância, aonde lasso
Soubera tão somente em sofrimento
E a sorte dominando o pensamento
Depois de tanto tempo em vão cansaço.
O canto mais feliz se faz inteiro
E tramo com ternura este canteiro
Na flórea maravilha de sonhar,
Revigorando a minha primavera
E nela novo encanto já se espera
Tocado pelos raios de um luar.

682


A cada passo busco algum sinal
Aonde tu deixaste um rastro claro
E o todo neste instante ora declaro
Num ato tão diverso e magistral,
Ainda se mostrasse além do astral
Um canto na verdade belo e raro,
E quando à plenitude eu me preparo
Vagando em cada rito sensual,
Adentro paraísos onde sigo
Vencendo o mais dorido desabrigo
Tentando adivinhar cada momento
Enquanto a sorte dita o meu futuro,
Do todo desejado eu configuro
O quanto mais anseio e hoje fomento.


683


Ultrapassando até a fantasia
O canto mais feliz onde eu pudesse
Viver a plenitude em tal benesse
Aonde farto amor me tocaria,
O quanto desta vida em harmonia
Envolve meu caminho enquanto tece
O rumo mais audaz, tanto obedece
Ao todo onde gentil vibra a alegria,
Um rito em paz somente e tudo bem,
O amor quando demais tanto contém
E gera novamente outro cenário
E nele em plena luz, apenas vejo
Maravilhosamente cada ensejo
Enquanto no passado, solitário...


684


És mais que a própria vida, na verdade,
O todo desejado e muito mais,
Enfrento os mais diversos vendavais
No encanto aonde o sonho agora invade,
E o tanto se transforma em claridade
Gerando a transparência dos cristais
Momentos com certeza divinais
E neles o meu canto agora brade,
Arisco sonhador noutro segundo,
Agora nos teus braços me aprofundo
E bebo esta certeza mais serena.
O quanto sou feliz e também sei
Da rara maravilha desta grei
Aonde a plenitude concatena.


685


Enlouquecida a mente te procura
E sabe a cada instante enquanto estás
No passo mais feliz ou mesmo audaz,
Promessa de uma sorte mais segura,
O todo noutro rumo se aventura
E deixa todo o medo para trás
Vivendo o quanto pode e satisfaz
A sorte neste fato configura
A vida mais suave e plenamente
Enquanto cada passo me alimente
Do sonho mais feliz onde eu pudera
Vencer os meus anseios e seguir
Tocando com ternura este porvir,
Traçando eternamente a primavera.


686


O quanto posso ler em teu olhar
Dos sonhos que também carrego em mim,
Viceja em esperança o meu jardim
E vejo a noite em raro e bel luar
O todo enquanto pude adivinhar
Marcando este cenário traz enfim,
O tanto quanto quero e vejo assim
Num átimo decerto se moldar,
Arcando com meus erros, no passado,
Agora noutro rumo desenhado
O passo se transforma em atitude,
E nada do que outrora fora vil,
Neste momento intenso ora se viu,
E nada mais deveras desilude.


687


O quanto em tal mistério se fizera
A vida noutra face mais audaz,
E todo este cenário tão tenaz
Gerando a cada passo rara espera,
Meu mundo nos teus braços se tempera
E gera muito além da mera paz,
E quando mais feliz me satisfaz
Tramando outro momento em clara esfera,
Risonho caminheiro do futuro
Aonde na verdade eu me aventuro
Bebendo com ternura a insensatez,
Meu mundo se transborda cristalino
E quando se percebe determino
O sonho aonde a glória inteira vês.


688


Durante tanto tempo procurara
Quem sabe noutro instante me traria
Além do mero tom em alegria
A glória mais sublime, porém rara,
E o quanto deste passo se prepara
E gera noutro rumo a fantasia
Bebendo desta sorte eu poderia
Vagar sem mais temer qualquer escara,
A vida se transforma e toma tudo,
E neste caminhar eu me transmudo
E vejo em consonância cada fase
Do tanto desejado e mais querido,
Assim a cada instante em paz lapido
O sonho aonde a vida já se embase.


689


Num frágil caminhar; eu vejo a vida
Noutro momento após a queda e o medo,
E quando de tal forma em paz procedo
Encontro finalmente uma saída
Ausente do que fora despedida
O tanto se transforma em tal segredo
E gera com ternura o doce enredo
E nele se percebe a sorte ungida,
Esbanjas com sorrisos a alegria
E o todo nos teus braços se faria
Num átimo maior e mesmo até
Diverso do que fora no passado,
E um tempo tão sobejo abençoado
Gerando a magnitude em rara fé.

690

Movendo além dos ermos do infinito
O passo rumo ao quanto mais anseio,
A vida num audaz, bom devaneio
Traçando o que deveras necessito,
Meu canto agora traça um tom bonito
Sem medo e sem juízo, sem receio,
O tanto quanto posso sigo o veio
Do amor enquanto nele eu acredito,
Repare cada estrela onde se guia
A sorte com superna fantasia
Marcando em consonante brilho o tanto
Vestindo este cenário em glória e luz,
Ao todo num momento me conduz
E a paz tão desejada; assim garanto.


691


Um sonho tão somente e nada mais
Adentra a minha noite em claridade
E gera outro caminho aonde brade
Os dias entre tantos, desiguais
E entregue aos violentos temporais
O passo transtornando a realidade,
No olhar vejo somente a falsidade
De quem se fez ausente noutro instante
E o quanto deste sonho se adiante
Tramando com certeza outro local
E nele me entranhando, sem defesa,
Do amor apenas sigo, mera presa
Ousando neste incrível ritual.


692


O passo em tal demência se desenha
E gera os novos cais aonde um dia
Tivera tudo quanto mais queria
Moldando a cada instante esta resenha,
Minha alma na tua alma ora se embrenha
E traz a mais suave melodia
Enquanto num cenário em poesia
Desvenda dos meus sonhos, rumo e senha,
O quando pude crer neste momento
E vivo com ternura enquanto alento
Meu canto num instante mais sublime,
Destarte ao me mostrar inteiramente
O mundo em harmonia se apresente
E todo o meu passado se redime.

693


Cadenciando o passo rumo ao quanto
Pudesse desenhar em tais clarões
E quando novos dias tu compões
Num mar aonde entranho e belo o encanto,
Risonho desvendar onde eu garanto
Os olhos em diversas amplidões
Sonoros tons, acordes, violões
E nisto se garante um belo canto,
Esboço tantos brilhos quando eu vejo
O olhar mais desejoso a cada ensejo
Restando dentro da alma a maravilha
Da qual o meu cenário se transforma
E tendo a fantasia como norma
Nas sendas mais audazes já palmilha.

694


Em ar primaveril o imenso amor
Adentra os mais diversos paraísos
E os passos entre tantos mais precisos
Traçando um rumo claro e redentor,
E seja da maneira como for
Apenas nos teus lábios os sorrisos
Marcando com delírio os tão concisos
Momentos em sublime cais, louvor.
O tanto quanto pude acreditar
E neste mais audaz o desejar
Invade sem deixar qualquer detalhe,
O todo se aproxima em plenitude
E quando a poesia nos transmude
O encanto mais sobejo nunca falhe.


695


Vagando pelas ânsias vida afora,
O tanto quanto posso acreditar
Entranha num instante céu e mar
E neste desenhar o todo aflora,
A sorte num momento nos decora
E gera cada raio de um luar
Aonde poderia tanto amar
Sabendo da emoção já sem demora,
O canto mais harmônico se ouvia
E nele em consonância esta harmonia
Toada num alento em redenção,
Meu mundo se mostrando além do cais
Tocando noites claras, magistrais
Tramando os dias raros que virão.


696



Já não me digas nada, por favor,
O tempo não sacia esta vontade
E o quanto do desejo ainda brade
Gerando tão somente o raro amor,
Meu passo noutro encanto, redentor
O canto se transborda além da grade
E o todo em transparência sempre brade
Gestando a cada instante a rara flor,
Vagasse por espaços mais diversos
E nestes delirantes universos
Bebendo a glória imensa de poder
Tocar tua nudez com mais cuidado,
E o tempo noutro rumo desenhado
Tramando um mais suave amanhecer.


697


A noite mais audaz enquanto vim
Tramando em harmonia cada sonho
O tanto quanto quero e te proponho
Dourando na verdade tudo em mim,
O manto se mostrando sempre assim,
Um risco muitas vezes eu componho
E bebo deste encanto onde risonho
Esboço a maravilha de um jardim,
Abandonando o medo, sigo a ti
E neste desejar em frenesi
O todo se aproxima e me conduz
Traçando em paz o dia mais tranquilo
Aonde em poesia hoje eu desfilo
Falena inebriada em rara luz.

698


Enluarada noite lado a lado,
Do quanto pude mesmo desenhar
O raio mais superno de um luar
Marcando com brandura este traçado,
O sonho tantas vezes desejado
Entranha mansamente e ganha o mar,
O todo num instante a se moldar
Trazendo com ternura o velho fado,
Restando dentro em mim o brilho farto
E dele com certeza eu não me aparto
Seguindo cada rastro que deixaste
A vida se desenha em plenitude
E nada mais deveras desilude
Nem trama tão somente algum desgaste.


699


A face extasiada em raro brilho,
Encantos mais sutis aonde eu possa
Traçar esta emoção sobeja e nossa,
Enquanto outro caminho em ti palmilho,
O sonho de um momento, este andarilho
Aonde a própria sorte sempre endossa
Tocando com ternura e já se apossa
Do encanto enquanto em paz o todo eu trilho,
Encontro os teus sinais e sigo em frente
A cada novo dia se apresente
A sensação maior em claridade,
O todo se desenha num segundo
E neste delirar ora me inundo
Da mais sublime força em liberdade.

700

A luz que iluminando em teu olhar
Reflete a mais sublime fantasia
E todo grande amor sempre traria
O quando desejei ora entranhar,
No todo caminhando e no vagar
O manto mais tranquilo se ergueria
Ousando neste canto em alegria
E nele toda a sorte a se mostrar
A vida se permite em claro tom,
E o quanto deste instante traça o dom
Marcando em voz tenaz felicidade,
Ainda noutro instante mais pudera
Vencer a minha dor, leda quimera
Enquanto este temor de mim se evade.



701


Matizes tão diversos deste sol
Enquanto ele adormece no horizonte
E traça a sobeja e bela fonte
Tomando em cores vivas o arrebol,
O tanto quanto possa tal farol
Aonde o meu olhar, teimando aponte
E neste desenhar logo desponte
A lua em argentino e raro escol,
Espraia-se no mar um rastro prata
E o quanto deste todo me arrebata
Gestando dentro em mim além do sonho,
E o quanto desta imagem trago viva
E quando este delírio ora me criva
Num átimo o infinito em paz, componho.

702


Dourando este cenário, raros tons
Aonde poderia meu tesouro,
Dos sonhos o maior ancoradouro,
Momentos tão diversos, raros, bons.
No toque mais sublime de neons
A vida num superno nascedouro
Trazendo num clarão em laivos de ouro
Tramando a natureza em fartos dons.
O quanto poderia haver brilhante
O tempo noutra face se agigante
E molde tão somente a claridade,
Do quanto imaginara se afigura
As ânsias mais audazes da Natura
No todo onde o infinito agora invade.


703


O olhar tão casual não deixa ver
O quanto deste brilho poderia
Gerar por si somente um raro dia,
Tramando dentro da alma o amanhecer,
E neste desenhar tomando o ser
Um ato de fantástica harmonia
Enquanto muito além ora irradia
Tomando intensamente ao bel prazer,
E vivo neste instante um sonho raro
E quando no horizonte vejo e aclaro
Cenários tão distintos; aproximo
Do todo imaginário e desejado,
O sonho de um momento iluminado
Adentra a fantasia além do cimo.


704


O quanto de abissal minha alma tem
E neste delirar gerando as ondas
E quando noutro rumo tu respondas
Deixando para trás qualquer desdém,
A sorte num instante chega e vem
E nisto ao mais sobejo correspondas
E nada mais decerto ainda escondas
Dos sonhos e anseios, sou refém.
E tento num momento estar contigo
Ousando crer no quanto em ti me abrigo
E cevo este delírio em voz tranquila,
Minha alma se adentrando em tal cenário,
De um dia do passado, solitário,
A imensidade em paz ora desfila.

705

O olhar envelhecido, torpes cãs
E o quanto poderia ainda crer
No dia que virá no alvorecer
Gerando dentro da alma tais manhãs,
As horas dolorosas e malsãs
A vida se perdendo sem saber
E quando poderia mesmo ver
As horas se desfazem ledas, vãs.
O caos se aproximando num instante
E o todo se mostrando degradante
Num ato mais atroz enquanto eu busco
Apenas o silêncio que redime
Ou mesmo algum alento mais sublime,
Ao coração atroz, triste e velhusco.


706


O quanto deste sonho ainda evoco
E tento qual saída para o fato
E nada do que fora inda resgato
Enquanto a própria queda ora provoco,
A sorte não se vendo agora in loco
E o canto na verdade outro maltrato
De um mundo meramente tão ingrato
Trazendo a solidão qual ermo foco,
O canto em dissonância, o tom mordaz
Aonde minha história se desfaz
E gera tão somente a ingratidão,
Os dias se repetem, são vazios
E os cantos medem longos desafios
Matando as esperanças que virão.


707


Pudesse além do mar; trazer em mim
O todo em azulejo, esta amplidão,
O mundo se perdendo em direção
O quanto do meu canto diz do fim,
E acende dentro da alma este estopim
Gerando ao fim de tudo uma explosão
E nesta rude face sem verão
Apenas o decrépito jardim,
Espero após a chuva o florescer,
Mas nada do que eu possa ainda crer
Permite um tom suave em vida atroz,
Do todo imaginário nada resta
Senão a mesma imagem desonesta
Canhestra da esperança, minha algoz.


708


Pudesse desvendar cada mistério
Da vida após a vida ou mesmo até
O quanto poderia em rara fé
Viver outro momento em tal critério,
Jazendo na frieza de um minério
O cômodo caminho por quem é
Gerando tão somente em contrapé
Um dia mais atroz ou mesmo sério.
E o corte da esperança na raiz
Enquanto o dia a dia contradiz
Expressa a solidão e nada mais,
Aonde se pensara em luz e brilho,
Apenas o vazio ora polvilho
E bebo dos momentos terminais.


709


Talvez um timoneiro em mar imenso
Traçando o meu destino com denodo,
Depois de conhecer o medo e o lodo
Aonde noutro rumo eu me convenço
Do dia mais audaz, porquanto intenso,
E deste desenhar saber do todo
Marcando com terror o ledo engodo,
E nele tantas vezes, quieto, eu penso.
Mas quando não se vê o cais, ausente
Ou mesmo outro caminho ainda tente
Em meio às vis borrascas e procelas,
O quanto em calmaria quis a vida,
Agora noutra face já perdida,
Enquanto no vazio tu me atrelas.

710


Navego sem destino, sem um norte
E tento conviver com todo encanto
Aonde no final nada garanto
Sequer o que talvez inda conforte,
E o passo noutro rumo, diz da sorte
E nela mergulhando em dor e pranto,
O todo na verdade gera o espanto
Secando mera fonte em ledo aporte.
E o caos gerado após já me traria
Somente a mesma face em agonia,
Marcando cada instante em tal cenário
E o canto se perdendo sem sentido,
Enquanto o meu caminho eu dilapido,
Prossigo neste rumo solitário.


711

Longínquos portos ao trazerem sonho
A quem se fez um náufrago do nada,
E quando a sorte eu vejo desenhada
No passo aonde o canto decomponho,
Num átimo mergulho em vão bisonho
E tento noutra face, a mesma estrada
Enquanto a vida nega a mansa estada
E nisto outro caminho inda proponho.
Esbarro nos meus erros contumazes
E sei do quanto ainda tu me trazes
Do tempo mais atroz ou mesmo vago,
E o quanto do meu mundo diz mesmice
Ou mesmo a minha história contradisse
O tom aonde em fúrias nada trago.

712


Ainda trago viva a ingratidão
De quem se fez cruel e não tentara
Vencer a solidão nesta seara
Marcando com temor e imprecisão,
Os dias mais audazes me trarão
Somente a solidão, e se escancara
A vida noutra face bem mais clara
Toando dentro da alma solidão,
O carma se desenha em tom voraz
E o nada após o nada, o nada traz
Medonha e vã loucura se afigura
E traça em tal momento o desafeto,
E quando no vazio eu me completo
A sorte noutro rumo, desventura.


713

Um mar aonde um dia eu pude ver
Em ondas mais bravias, descaminhos
E os cantos mais atrozes e daninhos
Num átimo somente a me perder,
O tanto quanto posso ainda crer
E nisto outros momentos são espinhos
E deles os meus erros são vizinhos
Marcando com terror o desprazer.
Ascendo ao quanto pude num momento
E quando um raro alento; ainda tento
Enfrento os meus anseios, permaneço
Ausente do que fora uma esperança
E a vida no vazio já se lança
Gerando tão somente outro tropeço.


714

As vagas entre medos e procelas
Avançam sobre a areia e em tal ressaca
A fúria da Natura não se aplaca
Enquanto num instante tu revelas
Os dias mais atrozes e me atrelas
Aonde o meu caminho agora empaca
E o todo se perdendo não atraca
O barco onde decerto o fim tu selas.
Esvaio num segundo e em tal naufrágio,
O canto se mostrando em sonho frágil
Presume o fim de tudo, num instante,
E o quanto pude crer e nada havia
Somente noutro fato em agonia
A cada novo dia me adiante.

715


As águas revoltosas deste insano
Caminho em ondas tétricas, medonhas,
E quando novo rumo; inda proponhas
Vencendo a insanidade do oceano,
O todo se perdendo em raro dano
As horas mais diversas e bisonhas,
Enquanto no passado tu te enfronhas
O mundo se transforma noutro plano,
Esvai-se a fantasia e nada resta
Senão a face escusa e até funesta
Do quanto pude crer e não soubera
Cerzindo este vazio dentro da alma,
Nem mesmo a sensação do sonho acalma,
Gestando a solidão, imensa fera.


716

Num ímpeto tenaz seguindo o passo
Aonde poderia ser diverso
O quanto da emoção inda disperso
E nisto outro caminho já não traço,
O olhar se embota e trama em tal cansaço
O risco mais atroz e desconverso
Marcando com terror cada universo
Enquanto perco aos poucos meu espaço,
O rito se transcorre em tom sombrio,
E quando novo passo eu desafio,
Amortalhada sorte diz do nada
A vida se negando a quem caminha
Ousando nesta face mais mesquinha
Negando em nascedouro uma alvorada.


717


Deitado sob a lua em plena areia,
O quanto deste sonho me trouxera
O renascer da rara primavera
Aonde em claridade se incendeia,
O todo num instante devaneia
E marca com ternura a mansa espera
E o tanto em emoção que ora tempera
A sorte onde esperança me rodeia,
Refaço cada passo e vejo além
Do todo quando a vida trama e tem
Apenas um momento em ilusões
E assim no meu caminho feito em luz
Qual fosse este luar se reproduz
Do olhar de quem anseio tais clarões.

718


Enquanto a vida abate o sonhador,
O canto noutro rumo diz promessa
E o todo nesta face se endereça
Ao quanto poderia; redentor
E toco com ternura o farto amor
Aonde o dia a dia não tropeça
E quando a sensação ditando a pressa
Transcorre como fosse algum louvor,
Meu mundo se sacia num momento
E quantas vezes; tento e mesmo alento
Ouvindo a mansidão de quem se dera
O tanto se anuncia mais audaz
E a vida neste instante já compraz
Marcando com ternura a primavera.


719


Embora amortalhada; a cena traz
Num átimo; esperanças claras, vivas
E quando de emoções diversas crivas
Meu mundo num cenário manso e audaz,
Bebendo com fartura a imensa paz,
E nela outras palavras são cativas
Ou mesmo até quem sabe lenitivas
Aonde o mundo fora mais mordaz.
Esbarro nos anseios e procuro
Vencer o dia a dia mesmo escuro
Traçando em harmonia o quanto pude,
E nisto se concebe a perfeição
Tramando novos tempos que virão
Mudando este cenário outrora rude.

720


Exorta-me a sonhar cada momento
Enquanto a vida traça a paz em mim,
E o tanto quanto pude traz enfim
O sonho onde decerto eu me alimento,
E o rumo mais audaz, meu pensamento
Num lábio mansamente carmesim,
O beijo neste instante um estopim
Gerando toda a sorte em raro alento,
E o passo rumo ao farto ainda trama
A vida noutra luz, superna chama
Expande em raridade um passo além
E o todo se anuncia plenamente
E nada mais decerto ora desmente
O quanto da esperança se contém.


721

Qual sombra de um passado mais distante
Rondando o dia a dia; eu me apresento
Tocando com firmeza o sentimento
Aonde todo o anseio se agigante,
O quanto poderia doravante
Regido pela angústia e sofrimento
Invade sem defesa o pensamento
E o nada se moldando, provocante,
Num decomposto espaço, podridão.
As horas mais dolosas moldarão
A tétrica carcaça da esperança
Enquanto o meu caminho se presume
No quanto se mostrara em vão costume
Ao nada cada dia mais me lança.


722


Cosmopolita sonho, ledo amor
Invade e se derrama a cada passo
E quando a fantasia ainda traço
Tentando o frágil mundo recompor,
O tanto se perdendo sem se opor
E neste delirar, um raro espaço
Seguindo sem defesa, atroz e lasso
A sorte sonegando cada flor,
O caos se aproximando de quem tenta
Vencer a sorte amarga e virulenta
E neste desenhar, farto abandono,
Do quanto poderia e nada houvera,
Somente se alimenta tal quimera
Enquanto uma esperança eu desabono.

723


Recônditos caminhos, ermo sonho
E o todo se perdendo a cada instante
O quanto do vazio se adiante
Enquanto nada mais tento ou proponho,
O mundo tantas vezes mais bisonho
Seguido cada engodo doravante
Aonde poderia é degradante
E o manto se mostrara então medonho,
Apresentando a dor, temida herança
Ao nada o meu caminho ora se lança
E traça tão somente a fantasia,
As horas são deveras rapineiras
E mesmo quando além ainda esgueiras
O tanto pouco a pouco se perdia.


724


Qual larva penetrando em frágil pele
O quanto pude ter dentro de mim,
Marcando em desespero o ledo fim,
Ao nada na verdade me compele
E quando a solidão assim se atrele
E trame novo rumo, tento enfim
Apenas o caminho de onde eu vim
E nele toda a força ainda sele
O rústico desenho de outro fato
Aonde o desespero ora constato
E vejo a cada passo, o meu engodo,
Do caos gerado aonde nada houvera
Somente a tempestade em turva esfera,
Traçando tão somente o charco e o lodo.

725


Em plena escuridão, meu passo avança
Tentando discernir outro momento
E sei que mesmo quando mais atento
A vida se perdendo em tal fiança,
O risco mais atroz onde se lança
O tanto quanto busco ou alimento
E neste desenhar ainda invento
Um traço de fantástica esperança.
Sonega-se a verdade enquanto vejo
O medo se tornando vão lampejo
E o rastro demoníaco se espalha,
O tanto quanto quis e nada havia,
Marcando cada instante em agonia
Tramando a estupidez desta batalha.


726


O quanto vibraria em tempestades
O tempo se mostrando mais atroz,
E o canto se tornando quase algoz
E nele inutilmente ainda brades,
Vagando por instantes, quando invades
Toando dentro em nós a turva voz,
O quase se aproxima e logo após
As horas dominadas por saudades,
Escapo dos meus erros e procuro
Ainda algum refúgio mais seguro,
Embora saiba bem do quanto existe,
E o passo sem sentido ou direção
Transforma cada instante em negação
Deixando o dia a dia bem mais triste.


727


Em rápidos momentos, gira a vida
E traça sem motivos qualquer rumo,
E quando noutro passo ainda aprumo
Eu vejo a minha sorte em despedida,
O quanto poderia ser ungida
E neste desenhar inteiro o sumo
Enquanto em desespero enfim resumo
A estrada há tanto tempo já perdida,
Esvaio ao mesmo instante aonde o nada
Mostrando a face turva e desolada
De quem procura apenas ser feliz,
Arisco caminhar entre os fadários
E neles outros erros tantos, vários,
E a sorte num instante contradiz.

728


Em simultaneidade, a vida traça
Momentos tão diversos, mas iguais
E apenas se mostrando um pouco mais
Aonde poderia haver tal graça
O mundo noutro instante, esta fumaça
Em ermos e mortalhas sem jamais
Saber dos meus anseios irreais
Enquanto o tempo segue e tudo passa,
Ouvindo o vendaval nesta janela
A solidão deveras se revela
E gera tão somente o ledo ocaso,
E quando na procura de outro sonho
O todo que desejo ou recomponho
Traduz o quanto agora em vão me atraso.


729


Aonde poderia ser diverso
Dos subterrâneos ermos de minha alma
A sorte se desenha e nada acalma
A fúria pela qual eu me disperso,
Cerzindo a solidão a cada dia
O tanto quanto pude se mostrara
Na ausência de esperança em vã seara
Marcada pela dor que me agonia,
E o verso se traduz em caos e medo
Enquanto no vazio hoje me entrego
E sigo o meu caminho atroz e cego
E nada nem o sonho em paz concedo,
Arcando com meus erros sigo ao fim
Matando o quanto resta vivo em mim.


730


Num mórbido caminho a vida trama
O nada e não permite solução
E os dias noutro rumo moldarão
Apenas o vazio em ledo drama,
E o quanto da esperança ainda clama
Marcando em vendavais cada estação,
O todo noutro engodo e direção
Aplaca o que pudesse ser a chama,
E errático eu prossigo tempo afora
E o quanto desejei já me apavora
Tocando bem mais fundo e maltratando,
O rumo se perdendo a cada instante
Meu mundo num aspecto delirante
Agora se moldara mais nefando.

731

O mar em tempestades, num marulho
Adentra meus umbrais em noite insana
E o quanto na verdade a sorte engana
Gerando a cada instante novo entulho,
O todo dentro da alma onde o vasculho
Porquanto no vazio ora se explana
Aos poucos todo o rumo já se dana
E deixa demarcado o ledo orgulho,
Um navegante ausente de algum porto,
O tanto imaginado em desconforto
Traduz a realidade mais mesquinha,
E quando se aproxima o fim da tarde,
Ainda que a bonança eu tente e aguarde,
Somente a ventania se avizinha.

732


Caminho entre os ribeiros; busco a paz
E nestes prados mansos, meu anseio
Aonde na verdade eu devaneio
O canto se mostrara mais audaz,
O nada noutro instante me compraz
E quando uma esperança em vão rodeio,
O todo se mostrando então alheio
Nem mesmo uma alegria agora traz.
O quanto mais pudesse ser diverso
E neste desenhar meu sonho eu verso
Jogado sobre as ondas da ilusão,
Os dias se perdendo plenamente
Ainda quando um cais distante eu tento
Apenas tempestades se verão.

733


Tristezas entranhando o dia a dia
E o quanto pude crer e nada fiz,
O manto se mostrando em cicatriz
A sorte noutra face não se via,
O canto se transborda em heresia
O passo noutro instante contradiz
E o quanto mais anseio se desdiz
E o sonho se transforma em agonia,
Expresso no vazio o meu anseio
E apenas negações ora rodeio
E gero deste todo um mero nada,
O caos se aproximando do real,
E o manto se desfaz em ritual
Minha alma há tanto tempo abandonada.


734


O sol ao se esconder em brumas tantas
Esboça a solidão aonde um dia
Pudesse caminhar em fantasia
E nisto outros cenários te levantas
Aos poucos noutras faces desencantas
E marcas com terror o quanto havia
Do rito mais atroz em agonia
E as velhas emoções puindo as mantas.
O ocaso se transcorre a cada queda
E o todo num momento já se enreda
E veda algum caminho rumo ao farto,
E quando prenuncio o fim da tarde
Apenas solidão ainda aguarde
E ao nada neste instante em vão eu parto.


735


Os dias derradeiros, ledo sonho
E o caos se transformando em voz ativa
Do quanto a solidão invade e priva
No todo mais distante onde componho
O manto se mostrando mais bisonho,
A sensação atroz dura e cativa
Enquanto tão somente sobreviva
O tempo se transcorre em enfadonho.
Esboço reações e nada vejo
Somente a vida entoa em tal ensejo
O fim das ilusões, mortes em vida
E o quando imaginara novo rumo,
Deveras meus engodos quando assumo
Preparo a minha turva despedida.


736



A natureza expressa um ar sereno
E nele me entranhando sem sentido,
O quanto da esperança ainda olvido
Neste ermo caminhar e me condeno,
Apenas num momento em vão aceno
O corte aprofundado e presumido
Tornando o dia a dia dolorido
Negando qualquer sonho mais ameno,
O tanto quanto pude e nada havia
Matando algum sinal de fantasia,
Esboça o fim de tudo e nada trama
A morte tão somente ora suprime
Engodo mais diverso, e até sublime
Negando o quanto resta em frágil chama.


737


A vida no vazio se oferece
E gera tão somente o temporal,
E quando a imagem traça o ritual
Matando o quanto houvesse de benesse,
O tempo na verdade, o tempo esquece
Prepara a cada instante este final,
E o ledo caminhar imerso em mau
Renega da esperança qualquer prece.
E o caos se aproximando não permite
Além do que decerto algum limite
Trouxera em leda imagem, negação.
E deste desenhar apenas vejo
A morte anunciada num ensejo
Marcando os dias turvos que virão;

738


A vida se oferece em vário rumo
E neste delirar eu poderia
Seguir o quanto quero em utopia
Ou mesmo esta emoção vaga consumo,
Aos poucos no vazio quando esfumo
Esbarro nesta mesma alegoria
E bebo este temida face esguia
E nela sem sentido não me aprumo,
Esboço alguma luz e nada vindo,
O todo se transforma e agora eu findo
O passo num vazio contumaz,
Deixando dentro da alma demarcada
A turva sensação do mesmo nada
Uma esperança queda logo atrás.

739


O quanto se magoa quem pudera
Trazer um novo alento em riso e gozo,
Caminho tantas vezes majestoso
Perdendo algum sinal de primavera,
O todo num momento nada gera
E o canto se mostrara pedregoso,
Cenário tantas vezes torporoso
Alimentando a fútil dura fera,
O rústico delírio se aproxima
E muda num instante todo o clima
Gerando a tempestade costumeira
E quando se imagina um novo passo,
Aos poucos no vazio eu me desfaço
E mato em primavera esta roseira.


740


O quanto se aborrece em solidão
Gerando tão somente este vazio
Aonde o dia a dia ora desfio
Marcando com temor e imprecisão,
Esbarro neste instante noutro vão
E o caos somente agora desafio
Tocado pelo imenso desvario
E nele toda a sorte em negação,
Esboço algum sorriso e nada vendo,
Apenas do meu sonho algum remendo
E nada se desenha senão isto,
E o todo onde pudesse ser feliz
Aos poucos na verdade contradiz
E desta luta em paz ora desisto.

741

A vida desenhada em tom cruel
Explode num momento mais mordaz
E o sonho neste instante se desfaz
Gerando tão somente o medo e o fel,
Descerra da esperança o turvo véu
E o canto se mostrara mais tenaz
No quanto a poesia nada traz
Senão a mesma imagem agora ao léu,
Meu mundo se perdendo a cada instante
Num rito tão feroz e degradante
Aonde pude crer noutro cenário,
E o todo mais audaz se perde aquém
Do quando em fantasia ainda vem
Traçando este caminho imaginário.



742

Pudesse simplesmente acreditar
Nas ânsias mais comuns de quem procura
Em plena sensação, dura amargura
Num manso e mais suave caminhar,
Pudesse ter a vida em tal lugar
Aonde toda a sorte se assegura
E quando esta certeza configura
Adentro sem temer o imenso mar,
Vencendo os meus temores, sigo em frente
E a cada novo enredo que apresente
Apenas a certeza de saber
Que após a tempestade uma bonança
E nela toda a sorte em paz se alcança
Traçando o que trouxesse um bem querer.

743

O quanto em mocidade poderia
Alçar alguns momentos e em verdade
Apenas o vazio ainda brade
Tornando sem sentido a fantasia,
Tocado pelas mãos de uma agonia
Que aos poucos, dia a dia, me degrade
Diverso da mais clara realidade
O sonho noutro porto ancoraria,
Esbarro nos engodos e sei bem
Do tanto que decerto não mais vem
Marcando em distorções o quanto sinto,
E o todo se perdendo num instante
A vida nesta face atordoante
Explica o sentimento agora extinto.

744


Expondo a cada olhar um novo mote
E tendo por instantes novo fato,
Enquanto todo passo em vão constato
Apenas o caminho mal se note,
A poesia traça e não se esgote
O quanto poderia em tal retrato,
Minha alma neste instante mais ingrato
Expressa a solidão que se denote.
Vagando por anseios mais sutis
E tendo o quanto em vida ainda quis
Encontro os meus caminhos mais atrozes,
Escarpas onde tento a melhor sorte
Enquanto noutro engodo não aporte
Meus rios em diversas, frágeis fozes.

745


Ainda em piedade ouvindo o canto
De quem se fez decerto solitária
A vida se mostrando sempre vária
Gerando a cada passo o desencanto
E o nada num momento onde o garanto
Na fonte mais audaz e imaginária,
Expressa uma emoção que qual corsária
Aos poucos gera apenas o quebranto.
Não pude navegar em mar bravio
E a cada novo instante eu desafio
Os mares mais atrozes. Vãs procelas,
E o verso se perdendo em qualquer nexo
Do quanto pude crer, mero reflexo
E nele os teus temores; logo atrelas.

746

Não bastam tão somente tais louvores
Nem mesmo inda os queria lado a lado,
O tempo noutro instante desenhado
Aonde quer deveras que tu fores
Encontra tão comuns tais dissabores
E o corte a cada dia mais notado
O manto já puído e desfiado
Tocando a minha pele em tais horrores.
Numa expressão atroz e mesmo rude
O canto na verdade desilude
E gera a tempestade costumeira
E nisto o meu caminho se perdendo
Minha alma se transforma em tal remendo
E nela toda a sorte em vão se esgueira.

747


Os versos se perdendo em tom sombrio
E o quanto acreditara ser sublime
A cada novo instante recrimine
O encanto aonde o tempo eu desafio
Mergulho nesta insânia e me recrio,
Dos erros mais comuns tanto redime
E neste delirar o quanto estime
Traduz a minha vida por um fio.
Apresentando a dor e nela apenas
Vivendo o quanto ditas e condenas
Marcando com terror a fantasia,
Pudesse acreditar noutro momento
E nele se traçando o mais que tento
E o mundo sonegando esta utopia.

748


Aonde sem brandura adentro o medo
E cirzo do passado este presente
E nele tão somente se apresente
A vida num completo desenredo,
E quando neste instante eu me concedo
No olhar que é tantas vezes inclemente
O risco se mostrando incontinente
O passo se desenha ausente e ledo,
O corte transformando o dia a dia
Do todo já deveras não veria
Sequer a menor sombra, morro aquém
Do meu passado sorvo gota a gota
Até se presumir a vida rota
Enquanto na verdade nada vem.

749


O quanto em desventura a vida traça
O dia mais atroz envolto em trevas
E nesse desenhar além me levas
Gerando tão somente esta fumaça,
O tempo sem limites também passa
E gera a tempestade em raras levas
As sortes que julgara mais longevas
Agora noutro rumo tudo embaça,
E a queda se anuncia e nada cessa
Senão a mesma face em vã promessa
De um dia mais diverso em liberdade,
O todo se perdendo num segundo
Das ânsias mais vorazes se eu me inundo
Apenas o vazio ora inda brade.

750


Tristeza se repete a cada instante
E trama outro cenário em dor e medo,
Ao lodo caminhando, amargo e ledo
O passo se mostrando em vão garante
O medo aonde tudo se agigante
E a sorte se transforma em desenredo
E quando algum sorriso inda concedo
O tempo se perdendo doravante,
Anseios tão diversos, morte e trauma,
O quanto penetrasse dentro da alma
Gerando a solidão e nada mais,
Ourives da esperança, no passado,
Agora outro caminho desenhado
Transforma meus momentos, desiguais.


751


Avisto o mesmo porto aonde um dia
Pudesse descansar após a vida
E sinto que é chegada a despedida
No quanto, muito pouco ainda havia,
Sentindo ora presente a maresia,
O quanto se prepara em já perdida
Ausência enquanto cirzo esta agonia,
Marcando com ternura o quanto pude
Viver em cada passo, nesta atitude
E nela se pudesse ver além
Resisto aos meus anseios, mas ninguém
Traria outro caminho senão este
Que a cada novo passo tu teceste.

752


No nebuloso ocaso de minha alma
Apenas o vazio se tecendo,
E o quanto deste canto diz do horrendo
Desenho onde deveras nada acalma,
Resumo o meu caminho em medo e trauma,
O tanto quanto pude não desvendo
E a vida num dorido dividendo,
Não deixa nem sinais de mera calma,
Calado e sem razões; apenas sigo
E enfrento a cada passo outro castigo
Marcando em minha pele a sensação
Desta vergasta imensa que inda corta
E vejo a solidão atrás da porta
Nos dias mais doridos que virão.


753




Pudesse ainda crer noutros aromas
Diversos dos que, fétidos me trazes,
A vida se trazendo em duras fases
Enquanto na verdade em dores domas,
O tanto quanto pôde em ledas somas
Momentos tão diversos quão audazes
E os ermos se apresentam mais tenazes
Desenham tão somente estes fugazes
Anseios mais diversos e frequentes
E quando na verdade ainda tentes
Vencer os descaminhos; ironia,
A sorte não permite qualquer brilho
E além da solidão hoje eu palmilho
Apenas o que esta alma fantasia.


754

Silvestres flores ditam primavera
Aonde tantas vezes multicor
Desenho se trouxera a recompor
A vida onde o desejo se tempera,
O quanto deste passo dita a fera
E dela se adivinha a imensa dor
E quando poderia haver a flor
Cevando tão somente uma quimera,
O dia em tom brumoso, a vida gris,
Distante do que tanto um dia eu quis,
Marcando com medonha face escusa,
O caos dentro do peito se anuncia
E toca com terror em agonia
O dia enquanto a sorte se é confusa.


755


Adejo no infinito deste sonho
E tento algum descanso aonde eu sei
Do quanto nada existe em turva grei
Enquanto o dia a dia decomponho
Pudesse acreditar noutro risonho
E o todo quando muito proverei
Com ermos de minha alma e tentarei
Vencer este caminho ora enfadonho,
Esqueço dos meus erros e procuro
Tocando a imensidão de um tempo escuro
Vagando sem destino nem paragem,
E quando se percebe o caos em mim,
Chegando mansamente ao ledo fim
Termina pouco a pouco tal viagem.


756


Qual vela em meio às ondas no oceano
Eu sigo entre as borrascas e procelas
E quando mais avanças tu revelas
A queda produzindo o desengano
E tanto quanto posso eu já me dano
Envolto no silêncio de tais celas
E neste delirar o caos atrelas
E vivo tão somente um ermo plano,
Esvai dentro do peito esta ventura
E o quanto inutilmente se procura
Traduz a insanidade e nada mais,
Vencido pelo ocaso, este horizonte
Sem nada que pudesse ou mesmo aponte
Enfrenta tão somente os temporais.


757


Perfume delicado que ora exalas
E geras tão divina maravilha,
O quanto da esperança se polvilha
E toma os quartos, entra pelas salas,
As horas mais tranqüilas; avassalas
E geras outra sorte em nova trilha,
E quando a poesia compartilha
Explode em harmonias, tudo calas,
Eu vejo em teu olhar já refletido
O meu enquanto o sonho ora lapido
Sem alarido algum, somente sendo
E o tanto que pudesse num instante
Deveras com certeza se garante
Qual fora um raro e belo dividendo.


578


Nos beijos mais ardentes de quem ama
A sorte se traduz além do cais
E o quanto poderia ou muito mais
Mantendo sempre acesa a rara chama,
A vida em solidão perfaz um drama
E nele vejo os duros rituais
Caminhos tantas vezes abissais
Enquanto a realidade tanto clama,
Mergulho nos ocasos mais profanos
E sigo os meus caminhos entre danos
Vencendo os dissabores corriqueiros,
E tento no cultivo mais tranquilo
O sonho onde deveras eu destilo
Magia em meus diversos bons canteiros.


579

Errante caminheiro de um deserto
Aonde sem oásis nada vejo
Somente o meu caminho em vão desejo
E o rumo mais ausente, nunca aberto
E quando em solidão teimo e desperto
O coração deveras mais andejo
Encontra outro cenário malfazejo
E o todo se perdendo a descoberto,
Resulto deste caos tão costumeiro
Enquanto outro caminho, o derradeiro
E vejo a solidão se aproximando,
E quando quis um dia mais feliz
Apenas outro engodo, novo caos
E a vida se transcorre em ledos maus
Cenários onde o sonho enfim desfiz.


780


À sombra dos meus sonhos, mal descanso
E vejo tão somente o fim de tudo
E quando num segundo desiludo
O manto mais suave e mesmo manso
Traçando outro caminho enquanto avanço
E sigo sem saber o quanto mudo
E neste desenhar ainda grudo
Nos erros de um passado em vão remanso,
Esbarro nos engodos e procuro
Vencer este momento onde inseguro
Não tenho outro sequer qual redenção,
Meu dia se perdendo num instante
E o nada na verdade se garante
Marcando com total imprevisão.


781


As tantas prendas onde me cevaste
Num ato mais insano e até cruel,
Aonde se pensara em raro mel,
Apenas o vazio em vil desgaste
E aos poucos tão somente arrebataste
Levando a vida em louco carrossel,
E neste desenhar, imerso em léu
A sorte; noutro rumo desviaste,
Esvai em sonho toda a fantasia
E a morte a cada passo se anuncia
Gestando a paz enquanto se pudesse
Tramar outro cenário mais diverso,
E quando em tal sentido ainda verso,
Encontro no final, mansa benesse.

782


Imerso em tantos erros, contumazes
O quanto se pudesse ser ou não
Mudando a cada instante a direção
Enquanto este vazio tu me trazes,
A vida se presume em ledas fases
E nelas outros tempos mostrarão
Apenas o cenário torpe e vão
Em dias mais atrozes e mordazes,
Estanco tal sangria e em nada creio,
O olhar permanecendo mais alheio
Não diz sequer do sonho onde haveria
Ao menos um momento em claridade,
O tanto pouco a pouco já degrade
Marcando cada passo em agonia.

783

A vida no sol-pôr agora eu sinto
Neste outonal caminho sem saída,
E quando se prepara a despedida
O sonho se apresenta agora extinto,
E quantas vezes; tento ou mais pressinto
Apenas a verdade construída
Nos ermos mais atrozes, presumida
No ocaso aonde o canto gera instinto,
Esbarro nos meus erros e persisto
Sabendo tão somente que inda insisto
Vencendo os meus enganos, tento ver
Ainda após a tarde mais venal
Um dia onde pudesse noutro astral
Sentir a mansidão do alvorecer.


784


Segredos tão diversos; sei e tento
Vencer os meus temores contumazes
E quando novos tempos tu desfazes
Marcando com alheio pensamento,
O vago desenhar mais desatento
E nele outros caminhos, noutras fases,
E deste desenhar rumos tenazes
Levando tão somente ao sofrimento.
Escuto este marulho, embora o mar
Distante do meu ledo caminhar
Ausenta-se decerto e nada diz,
Somente o quanto pude ainda ver
Depois do mais diverso amanhecer
Num traço tão fugaz, amargo e gris.


785



De tantas ilusões, ermo caminho,
O quanto pude crer e nada havia
Sequer a menor luz em poesia,
E o canto se mostrasse mais daninho,
Aonde do vazio eu me avizinho
E vejo a realidade tão sombria
Atento desenhar já não cabia
Nem mesmo a embriaguez de um raro vinho,
Espoliando a sorte de quem tenta
Vencer a cada dia esta sangrenta
Batalha contra os erros costumeiros,
Os sonhos se perdendo num legado
Diverso do cenário procurado,
Deixando no passado os mensageiros.


786

As lágrimas tocando a face enquanto
Pudesse em cristalinos tons sentir
O quanto ainda resta no porvir
E neste desenhar o desencanto.
Escapo dos meus erros, entretanto
Sem nada aonde eu possa redimir
O engodo mais comum a resumir
O todo que decerto eu não garanto,
Percebo o desalento em tons diversos,
E quando procurando em universos
Os riscos mais atrozes ou profundos,
Ainda quando houvesse claridade
O fato de sonhar tanto degrade
Marcando em ilusões os vários mundos.

787


Sentindo este perfume de outras eras
E nele me entranhando um pouco mais,
Aonde poderiam os florais
Já mortas dentro da alma as primaveras,
E o quanto na verdade ainda esperas
Em atos mais audazes ou banais,
Os cantos entre os ritos desiguais
Marcando as minhas ânsias, ledas feras.
Esqueço dos meus erros, sigo alheio
E tanto quanto penso inda rodeio
As marcas de outros dias onde eu quis
Apenas a clareza num só ato
E o todo dentro da alma não resgato
Deixando demarcado em cicatriz.


788


Apenas onde outrora docemente
A vida se mostrara em tom suave,
O canto noutro rumo ora se agrave
E a própria fantasia toma e mente,
O risco de sonhar ainda tente
E neste desenhar a sorte cave
O medo mais atroz, e como uma ave
Buscasse novo canto, mansamente,
Mas sei dos meus tormentos e me faço
Ainda sem defesas, mero e baço,
Vacante coração já não comporta
Sequer o quanto pode noutro tempo,
E apenas recolhendo o contratempo
Mantendo mais fechada a fina porta.


789


O quanto em cristalinos copos tento
Brindar alguma messe, mesmo escassa,
O risco de sonhar já me ultrapassa
E rege com terror o pensamento,
E quando me percebo desatento
A vida noutro rumo ou noutra praça
Meu canto pouco a pouco já não traça
Senão a mesma dor e o sofrimento,
Buscando alguma paz aonde outrora
Pudesse caminhar, mas nada ancora
Somente este vazio; dita o rumo
Calado sem saber qualquer defesa,
Dos ermos da emoção, a mera presa,
E neste desenhar eu me consumo.


790


Bebendo esta saudade do que um dia
Pudesse ser diverso ou mesmo tenta
Seguir outra verdade, virulenta
E nela este cenário não traria
Sequer o mesmo tom, melancolia
E neste delirar o que apascenta
Mergulha noutra foz e não sustenta
O rumo em noite clara ou poderia,
Vestindo a solidão, jamais eu pude
Vencer este caminho amargo e rude,
Toando dentro da alma a mesma voz,
E nela se desenha claramente
O quanto na verdade se apresente
Tramando a cada instante o tom feroz.



791


Horas diversas onde pude apenas
Rever os meus enganos costumeiros
E nestes desencantos derradeiros
Momentos quando embalde me condenas,
E noutras ilusões dispersas cenas
Marcando com terror os verdadeiros
Caminhos entre medos corriqueiros
E as ânsias que bem sei sobejas, plenas.
Os ermos mais atrozes, alma cálida
E neste desenhar sendo a crisálida
Transmudo-me deveras e percebo
O quanto do vazio ainda tenho
E neste delirar torpe e ferrenho
Apenas o não ser tento e concebo.

792


Os sentimentos tétricos e ardentes
Nos quais emaranhando dor e medo,
Aonde na verdade me concedo
E vejo o quanto queres, mesmo sentes,
E nestes dias mortos, as sementes
Geradas num terreno árido e ledo
O todo quando posso e sem segredo
Esbanja em dias turvos e inclementes.
O passo rumo ao fim se aproximando
E o caos aos poucos toma desde quando
O mundo se mostrara mais venal,
E o rústico cenário dito em vida
Já tanto presumindo a despedida
Esvai-se num momento mais banal.


793


Volúpias do passado, agora em nada
Redundam, tão somente ditam vagas
Presenças onde tanto vejo as chagas
Na pele muitas vezes maltratada,
A cada nova queda ou vergastada
Enquanto com terrores tu me alagas,
Ainda velhos cantos; também tragas
Marcando a tão dorida e tensa estrada.
Ocasos entre tantos dias mortos,
E quando poderia crer em portos
Apenas outros erros mais constantes
E o nada tão somente tramas quando
O rústico desenho se mostrando
No fim da torpe vida me garantes.

794


Os ermos de minha alma sem sinal
Algum de sanidade em tons venais
Transformam e destroçam todo cais
E deixam do vazio outro venal
Desenho enquanto pude em ritual
Saber dos meus antigos vendavais,
E as roupas se quarando nos varais
O sonho se perdendo no quintal,
Medonha face expondo tal verdade
E o quanto da emoção já se degrade
E marque com terror o dia a dia,
Horrenda face mostra a realidade
E neste delirar o que degrade
Transborda tão somente em agonia.


795


Dementes olhos buscam mansidão
Aonde na verdade nada existe
Senão a mesma face amarga e triste
Tramando os dias turvos que virão,
O caos trazendo apenas solidão
Enquanto o meu caminho em vão persiste
E o nada ainda teima e mal resiste
Moldando a cada passo a negação,
Exímio sonhador, o canto traz
E neste delirar tanto mordaz
O risco de viver aflora à pele
E o tétrico cenário se mostrara
Gerando tão somente a cada escara
O medo aonde o rústico compele.


796


Enlanguescida imagem feminina
Deitada nas alfombras desta sala
Enquanto a solidão tanto avassala
E o passo no vazio determina,
Gerando a mesma imagem que extermina
E sei que na verdade ora se cala,
E a sorte noutro rumo fora em gala
Agora noutro passo determina,
A morte se cerzindo a cada instante
Apenas o não ser ora garante
E marca com temor cada momento,
Ainda que pudesse ser feliz
O tanto quanto quero já desdiz
Somente algum instante em paz invento.


797


Perdido e sem sentido vida afora
Herdando tão somente a negação
Os dias mais atrozes mostrarão
O quanto na verdade desancora,
O rústico cenário me apavora
E nega qualquer passo ou decisão,
A morte se aproxima e desde então
Meu canto noutro rumo se demora,
Ocasos dentre os erros mais frequentes
E quando os novos dias inda tentes
Depois da mesma sórdida presença
O fim se aproximando passo a passo,
E o caos que dentro da alma agora traço
Aos poucos do vazio me convença.


798


A vida se perdendo já sem norte
E o canto se traçando em dor e tédio,
Aonde a solidão dita este assédio
E o medo de tal forma se comporte
Marcando com terror tramando o corte
E neste desenhar já sem remédio
A queda preconiza cada prédio
E o mundo noutro passo não comporte
Senão medonhas faces caricatas
E nelas com certeza tu maltratas
Quem poderia mesmo te alentar,
Depois de certo tempo nada havendo
Somente este cenário torpe e horrendo
Enquanto a vida o todo sonegar.


799


Aprendo com as dores e talvez
Ainda tente além um novo dia,
Mas quando a sorte inteira se perdia
No quanto a realidade a contrafez
Mergulho em mais completa insensatez
E vejo a face amarga da agonia
E nela em tão sutil melancolia
Meu canto noutro rumo se desfez,
Gerando outro caminho mais agudo,
Apenas na verdade desiludo
O rústico momento em tais clarões
E neles outros tantos tu me expões
Num ato sem perdão e nem alento,
Gestando o mais amargo sentimento.


800


Ao passo mais atroz se poderia
Vencer os dissabores mais frequentes
E quando na verdade ainda tentes
Singrar o quanto resta em agonia
Marcando com temor o dia a dia
Os olhos entre nuvens são dementes,
E os ritos mais atrozes que inda inventes
Traduzem a completa hipocrisia,
Medonha face expondo cada olhar
Aonde a vida segue sem lugar
E nada mais responde, senão isto,
O tétrico presente da esperança
Ao nada com certeza agora lança
Enquanto sem defesas, eu desisto.



801

Presumo na mortalha o meu descanso
Depois de tantas lutas sem saber
O quanto poderia conhecer
Enquanto este vazio; ainda alcanço
E quando no final decerto avanço
Tomando sem sentido o nada crer
E morto a cada dia, esvaecer
Num ato mais atroz, ao fim me lanço
Vencido pelas ânsias nada trago
Sequer outro momento ao menos vago,
Um precipício enorme desenhado
O caos adentra o rumo em tom venal
E o todo se transforma bem ou mal
Deixando qualquer sonho no passado.


802


Aonde poderia haver um porto
Eu vejo o meu caminho em tons diversos
E sigo sem sentidos universos
Sabendo do meu canto semimorto,
A vida se desenha em desconforto
E neste delirar vejo os imersos
Cenários entre os tantos mais dispersos
Gerando na esperança algum aborto,
O caos se preconiza e nada trás
Somente o mesmo encanto mais loquaz
Invés da iridescente fantasia,
A paz já se perdendo um pouco mais
E o quanto deste mundo em temporais
Ainda noutro instante o poderia.

803


Apresentando a face em cicatrizes
Profundas, esperança não continha
E o quanto da ilusão já fora minha
Agora noutro rumo contradizes,
A vida entregue às tantas falhas, crises
A cada novo engodo mais daninha
Na face mais atroz, turva e mesquinha
Expressa novamente meus deslizes,
E sorvo em quantidade o torpe fel
Num mundo tantas vezes mais cruel
Cercado por diversas ilusões,
E neste delirar farto cenário
Aonde cada passo é necessário
E nele tuas garras sempre pões.

804


O quanto acreditara e nada houvera
Senão a mesma inglória sensação
Dos dias entre louco turbilhão
Marcando em tom venal esta ânsia, espera,
O todo noutra face destempera
E trama a mais dorida solidão,
O caos se apresentando desde então
Tornando o dia a dia, o degenera.
Esbarro nos engodos mais frequentes
E quando novos sonhos inda tentes
Ausente dos meus cantos a alegria,
Extraio do tão pouco o mesmo nada
E a sorte nesta forma lapidada
Aos poucos no vazio a perderia.


805


Pacífico, porém ainda vivo
Depois de tantas mortes que carrego,
Um passo sem destino, num nó cego
Aonde prenuncio o corte altivo,
Do todo num instante ora me privo
E mares tão diversos já navego,
Pudesse ter comigo o quanto emprego
Embora saiba ser mero cativo,
O canto libertário me invadindo
E o tanto quanto pude ser infindo
Marcando com terror e desencanto,
Dos torpes caminhares, nada eu trago
Senão a mesma face em ledo afago
Aonde a solidão em paz, garanto.


806

Mujique, meu caminho se desenha
Na serva condição de quem se dera
Abrindo a cada instante outra cratera
E nela esta presença já desdenha,
A vida na verdade não convenha
A quem amortalhando a primavera
Apenas o vazio ainda espera
Negando da alegria a vaga ordenha,
Mesquinhos seres; vejo e nada mais
Aonde se pudessem terminais
Os cantos se aproximam e me trazes
Somente os dias turvos e venais,
Enquanto as fantasias são banais
E os dias solitários, mais audazes.


807


Encontro os meus caminhos, pedras tantas
E nesta mais completa estupidez
Aonde se desenha em aridez
Matando em nascedouro ledas plantas,
Do quanto poderia e me adiantas
Traçando o quanto a vida já desfez,
O risco de sonhar enquanto crês
Esgarça as ilusões, espúrias mantas.
E o cândido momento em tenaz brilho
Mergulha no passado enquanto eu trilho
O rústico desenho feito em trevas,
E quando ainda vejo alguma luz,
O todo noutro instante se produz
E dentro de minha alma, calas, nevas.


808

Perdoe cada dito aonde um dia
Tentara pelo menos ser diverso,
O mundo tem seu próprio ar e disperso
O quanto no vazio eu poderia,
Marcando com temor ou ironia
O canto mais atroz, ledo e perverso
E quando neste instante ainda verso
Matando o quanto resto em poesia,
Esgoto o meu caminho e vejo a queda
Aonde a fantasia ora se enreda
Morrendo um pouco mais a cada instante,
E quando deste sonho hoje me afasto
Presumo o meu olhar tolo e nefasto
E o nada noutro rumo se garante.


809


Aprendo com meus erros e deveras
A vida não teria mais sentido
No quanto a cada instante dilapido
Ou alimento em vão tantas quimeras,
O pouco se traçando noutras eras
E o canto tantas vezes presumido
Marcando com terror ou sendo ouvido
Nas minhas orações, velhas esperas.
Expresso a solidão a cada passo
E o quanto ainda tento ou já desfaço
Esbarra nos enganos mais cruéis,
Os dias entre tantos se esquecendo
Meu mundo se mostrando em vão remendo
E nele outros caminhos infiéis.

810


O preço do sonhar já se cobrando
Medonha face exposta do não ser,
E quantas vezes; sinto esvaecer
Aquilo que deveras fora brando,
O corte se aprofunda desde quando
A morte noutro instante eu pude ver
Cerzindo num momento o apodrecer
No passo mais audaz em contrabando,
Arranco os olhos bebo tal sangria
E vejo mais distante o quanto havia
Do todo degradado e nada além,
O cântico deveras se espelhara
Marcando em tom atroz leda seara
Enquanto outro caminho não mais vem.


811

A própria negativa traz em normas
Diversas os meus erros e se vendo
O corte na raiz, e sem remendo
Ainda tão somente me transformas,
E vejo do passado velhas formas
E nelas outras tanto compreendendo
Gerando a cada passo novo adendo
E dele tantos erros tu me informas,
Aprendo com a queda, mas persisto
E vejo o meu retrato sempre nisto
No ocaso mais atroz e sem saída,
A parte que me cabe deste lodo,
Enquanto espalha além o farto engodo
Traduz o quanto houvera em torpe vida.

812


Não tento outro caminho e sei somente
Do errático cenário apresentado,
Meu canto noutro rumo desenhado
E nele se sonega esta semente,
O todo quando muito me apascente
E marca virulento o quanto herdado
Delírio noutro rumo e quando enfado
Matando em nascedouro esta nascente,
O caos gerado após nada permite
Senão a vida aquém de algum limite
Marcada pela fúria e nada além,
O todo se desdenha com tal ato
E quando alguma luz; inda resgato
Somente este vazio inda contém.


813


Ouvindo a voz do mar além do quanto
Pudesse num momento em tal procela,
O risco mais audaz tanto revela
E nada mais deveras eu garanto,
A sorte se desenha em mero pranto
E o tempo traduzindo a leda cela
Aonde o caminhar em noite bela,
Apenas um momento em desencanto.
Escuto a ventania e nada posso,
Senão acreditar no quanto é nosso
O errático cometa em ilusões,
E o caos se aproximando do real,
O vago desenhar em tom venal
Enquanto tais angústias tu me expões.


814

Meu verso se perdera há tantos anos
Em meio ao mais diverso tempo aonde
A vida na verdade corresponde
Aos mais frequentes erros, tantos danos,
E os termos mais atrozes, desenganos
Enquanto uma ilusão aquém se esconde
O nada dentro da alma inda responde
E gera dias tétricos, profanos.
Esbarro nos momentos mais atrozes
E quando se percebem ledas vozes
O canto se perdendo sem sentido,
O todo quando posso inda lapido
Embora saiba a gema sem valor,
Tramando a cada engodo o desamor.


815


Meu canto se perdendo em noite vã,
Ascende ao nada além da queda e medo,
E quando à poesia eu me concedo
A sorte se desenha tão malsã,
Pudesse acreditar num amanhã
E neste caminhar sem desenredo
O todo se transforma e sigo ledo
A vida se mostrando em nova cã;
Errático meu sonho sem um mote,
Aonde a fantasia se denote
E note tão somente a realidade,
O passo sem sentido, noutro rumo,
Enquanto pouco a pouco eu já me esfumo,
O mundo num instante se degrade.


816


Aonde tu falaste em cristianismo,
Cenário tão diverso do que trazes,
Mostrando teus olhares mais mordazes
Gerando a cada instante um novo abismo,
E quando num momento alheio eu cismo
E sinto o penetrar destas tenazes
E nelas tantos sonhos; já desfazes
Marcando com terror o cataclismo,
Onde espontânea e clara a noite invade
Apenas se vislumbra a realidade
E nela se sacia a tua fúria,
E todo este desenho em tom atroz
Domina e transformando meros nós
Na força incomparável desta incúria.


817


Não mais comportaria uma esperança
Aonde o meu destino traça a queda,
E o quanto do vazio se envereda
Enquanto no não ser o passo lança,
E a sorte se mostrando em tal pujança
E nela cada passo já se veda
A vida noutro rumo ora me enreda
E trama tão somente a vã fiança,
Escapo dos momentos mais atrozes
E vivo tão somente as mesmas fozes
Enquanto sou alheio ao quanto pude
Meu verso se tornando mais sutil,
E o todo noutro instante se reviu
Transformo cada passo em atitude.

818

Escassas luzes dizem do abandono
E nada do que posso ainda creio,
O quanto do meu mundo em devaneio
Causando tão somente o desabono,
E o risco de sonhar, ainda adono
E bebo sem sentido este receio,
O passo noutro rumo eu sigo alheio
Enquanto o descaminho, em vão eu clono.
Estúpido poeta; eu nada fiz
Somente o céu brumoso, amargo e gris
E nele o meu cenário se perdendo,
O todo se transforma noutro caos
E tento imaginar novos degraus
Envolto nos tormentos, vãos e horrendos.


819


Aplaca-se a verdade quando dita
O rumo noutro engodo, simplesmente
E o quanto com certeza ainda eu tente
Gerando a voz atroz e sei finita,
O rústico desenho se acredita
Tomando sem defesa a minha mente
E o caos se preconiza num repente
Marcando quando a vida necessita
Caminhos mais diversos, ledo engano
E o quanto me abandono e me profano
Expressa a solitude aonde outrora
Brandura poderia haver de fato,
E quando este vazio ora constato
A dura realidade me apavora.

820


Já não mais caberia algum momento
E nem sequer num átimo um mergulho
Aonde se pudesse e nisto orgulho
Seguir outro caminho enquanto o tento,
Vencido pelo enorme sofrimento,
O velho sentimento, ledo entulho,
Adentra este cenário em pedregulho
E espalha o meu tormento em torpe vento,
Ao escandalizar o quanto pude
Mostrando este desenho ainda rude
E o prazo determina o fim do ciclo,
Envolto nos meus ermos, mais sutis
O quanto da verdade se desdiz
Traduz o quanto em nada eu me reciclo.



821

Meu mundo desabando num instante
Aonde o quis e nada acontecia
Senão a mesma imagem mais sombria
E nela cada passo se adiante,
O corte se mostrando terebrante
A sorte na verdade eu não veria
Marcada pela angústia, em agonia
Num ato tantas vezes torturante,
Enaltecendo o sonho mais atroz
E nada do que outrora coube em nós
Pudesse desvendar algum cenário
Esbarro nos meus erros e aprofundo
O passo sem saber sequer do mundo
Nem mesmo de um momento imaginário.


822

Jogado contra as pedras, rocas, medos
Adentro os meus fantasmas e mergulho
Cerzindo a cada engodo o mesmo entulho
Em dias tão diversos, sempre ledos,
E sei da tempestade em vãos rochedos
Tentando discernir neste marulho
O quanto poderia em torpe orgulho
Traçando a cada passo desenredos.
Encontro os meus pedaços quando tento
Vencer o mais amargo sentimento
E teimo contra a fúria das marés,
E sei dos descaminhos mais constantes
Aonde na verdade não garantes
Sequer ainda mesmo quem tu és.

823


A imagem refletida neste espelho
Traduz em cãs diversas; o que agora
A cada novo instante mais se aflora
Marcando com terror o quanto engelho,
E o mundo se perdendo em vão conselho
A fúria neste instante me devora
E o caos aonde a sorte não demora
Esbarra no meu canto e me avermelho,
Sanguínea sensação do quanto pude
Viver em rara cena a plenitude
Audaciosamente a vida traz
Apenas o que tanto merecia
Em consonante ocaso, a sintonia
Moldando um passo rústico e mordaz.

824



Encontro os meus demônios numa esquina
E bebo cada gole do vazio,
E quando o meu caminho eu desafio
A vida noutro rumo determina
Cessando da esperança qualquer mina,
O todo num momento não recrio
E singro o desalento onde sombrio
A face mais venal tudo extermina,
Ocasos entre engodos, vida sigo
E nada do que tanto diga abrigo
Expressa o mais sensato ou mesmo até,
O quanto se perdera num instante
Apenas outro engano se garante,
Gerando a tempestade por quem é.


825


Esbarro nos meus erros e procuro
Tentar ainda ouvir a voz tranquila
De quem se noutra face se destila
Ainda nega um porto mais seguro,
O caos gerado em mim, em ledo escuro
A porta na verdade se perfila
E o canto num instante já desfila
O todo aonde um dia em vão perduro,
Esbarro nos meus erros contumazes
E sei que na verdade o quanto trazes
Expressa a solidão de quem tentara
Seguir a turbulência em tal seara
E o risco de sonhar já não me afeta
Nem traz a sorte inerte de um poeta.


826


Sem horizontes sigo a vida inteira
Tentando acreditar noutro momento,
E quando alguma luz ainda invento
A sorte tão diversa da que eu queira,
Marcando com terror esta bandeira
Gerada pelo caos, em desalento
E o tanto quanto pude em sofrimento
Agora na verdade já se esgueira.
Medonha face exposta da verdade
E nela a mais complexa realidade
Domina cada passo rumo ao nada,
Invento alguma paz onde soubera
Somente do desdém desta quimera
Há tanto em meu caminho desenhada.


827


Já nada mais carrego, nem talvez
Ainda poderia ter em mim,
Somente o mesmo canto aonde eu vim
E toda a fantasia se desfez,
Do quanto se perdera, insensatez
A queda anunciando logo o fim,
E o todo se transforma e sendo assim
Somente no vazio sei que crês,
E o passo sem sentido em ermo rumo,
Ao quanto na verdade eu me resumo
Esbarro nos meus erros e procuro,
Vencer o caos enquanto o nada trago
E o preço a ser deveras sempre pago
Somente traz o passo mais obscuro.


828


Acordo e não percebo sequer luz
Enquanto no passado uma alvorada
Pudesse ser decerto adivinhada
E o nada neste instante se produz,
O corte mais audaz, a morte e o pus
O rumo noutra guia, mesma estrada
E a lua noutro tom mal desenhada
Ao tétrico caminho me conduz,
Esbarro nos meus erros e sei tanto
Do pouco ou mesmo até do raro instante
Aonde este cenário se adiante
E gere tão somente o desencanto
A vida se renega e nada traz
Senão a mesma face dura e audaz.

829


Encontro os meus sinais aonde um dia
Pudesse ainda ter qualquer promessa,
A vida no vazio recomeça
E a sorte se mostrara hipocrisia,
O quanto deste todo não teria
Sequer o cais aonde se endereça
A luta a cada passo em vão se expressa
Marcando com temor cada agonia,
Estranhos sóis adentram minha noite
E aonde a solidão tomando açoite
Vergastas costumeiras, tanto engodo,
E a plena sensação do nada ter
Matando desde cedo o amanhecer
Gerando tão somente o caos e o lodo.

830


Não mais acreditar noutro momento
E mesmo percebendo o quanto resta
Da vida sem saber da fina fresta
Aonde penetrasse qualquer vento,
Apenas um caminho; ainda tento
E vejo a imagem turva e até funesta
Do todo enquanto o rumo não se presta
Tramando neste ocaso o sofrimento,
O passo sem destino, a mansa face
E nada do que tanto se traçasse
Esbarra nos meus ermos mais profanos,
Encontro dias tétricos, vulgares
E quanto mais deveras tu sonhares
Maiores os terríveis desenganos.

831

Por vezes imagino alguma luz
Aonde na verdade não havia
Sequer a menor sombra em poesia
E a queda tão somente reproduz
O quanto em realidade dita a cruz
E nela todo o sonho se esvaía
Marcando o dia a dia em agonia
E o tempo ao vazio me conduz.
Expresso desacertos mais fugazes
E nestes delirares tu me trazes
A falta de querência em verso e trevas
Enquanto no meu cântico procuro
Algum apoio firme e mais seguro
Ao fundo do oceano tu me levas.


832

O amor bem poderia ser diverso
E mesmo assim talvez nada explicasse
Gerando em consonância a turba face
À qual sem mais defesas ora verso,
E tento usufruir desde universo
Aonde um novo tempo se mostrasse,
Mas sei da insanidade em torpe impasse
E mesmo quando luto, eu sigo imerso
Vagando pelas ânsias, nada tendo
Senão o mesmo caos, nefasto e horrendo
No quanto a poesia não me traz
Somente a caricata imagem turva
Do quanto uma esperança além já curva
E traça outro momento mais mordaz.


833


Extraio dos meus erros as lições
E vejo muito bem o quanto pude
Vencido pela insossa juventude
Errar nas mais diversas direções,
Os dias entre trevas e clarões
O canto tantas vezes nos ilude
E o quanto se mostrara bem mais rude
Traduz o que em verdade tu me expões.
Esbarro nos meus erros e no fim
O quanto poderia trago em mim
E visto esta mortalha simplesmente,
O todo se aproxima deste ocaso
E o tempo determina o fim de caso
Enquanto a vida nega uma semente.

834

Já não pudesse mais beber a sorte
Tampouco a conhecia, ledo espasmo,
E o quanto desta vida em tal sarcasmo
No fim nada me traz e nem comporte,
Apenas preparando o fino corte
O risco se mostrando agora pasmo,
Enfrento no final este marasmo
E o todo se perdendo sem aporte.
O caos entre os enganos, erro tanto,
E o sonho na verdade não garanto,
Amortecendo a queda num instante,
A morte se aproxima e dita o lodo
Ainda se trazendo novo engodo
Cenário sem destino se garante.


835


Errático cometa, louco amor
Já não comportaria mais a cena
E nela o meu passado me condena
Ao mais distante mundo a se propor,
O caos gerando além da mera flor
O tempo sem limites concatena
O fim e nada mais volta e serena
Quem tanto se fizera em franca dor.
Ocaso de uma vida em tons sombrios
E enfrento a cada instante desafios
Marcados dentro da alma em tom profundo,
O nada se aproxima do meu canto
E quando na verdade eu mal garanto
Dos erros mais atrozes já me inundo.


836

A raça humana traz dentro de si
Apenas a voraz caricatura
E quando na verdade configura
A fúria num imenso frenesi,
Encontro com certeza o que senti
E a noite onde a julgara mais segura
Esbarra nos meus erros, na amargura
E todo o meu caminho leva a ti.
Esvaio em tons febris e busco além
Do quanto meu delírio não contém
Senão a mesma audácia em tom venal,
E o caos se aproximando deste instante
E nada do que eu quero se garante
Somente o mesmo algoz, espúrio e mal.


837


Arisco sonhador, ledo poeta
No quanto poderia ser diverso
Marcando com ternura um manso verso
No fim já não comporta nem completa
A vida noutro rumo, a turva meta
Nos sonhos entre engodos vai submerso
E bebe do vazio onde disperso
Meu mundo numa face mais repleta,
Esbarro nos enganos costumeiros
E sinto os meus momentos derradeiros
Ocasionando o caos dentro do peito,
E quando poderia ser feliz,
O tempo num instante o contradiz
E ausente da esperança ora me deito.


838

O tanto quanto pude e nada havia
Senão a mesma face mais cruel,
Alçando tão somente o medo e o fel,
Resulto desta luta em ironia,
E o vento se perdendo em agonia,
O canto traduzindo o seu papel,
O verso se perdendo segue ao léu
E a noite a cada instante mais se esfria.
Esbarro nos meus erros, sigo ao fim
E vejo retratado dentro em mim
Apenas o cenário mais atroz
De quem se vira aquém desta ilusão
E bebo sem certeza a ingratidão
Calando pouco a pouco a minha voz.


839


Não pude e nem devesse acreditar
Nos tantos erros mesmo quando luto
E vejo este caminho atroz e bruto
Aonde se pudesse desenhar,
Apenas ledo traço de um luar
E quando na verdade inda reluto,
Marcando com terror o passo, escuto
A voz de quem tentara adivinhar,
Escândalos repetem meus engodos
Adentro charqueadas, ermos lodos
E tento novos rumos onde apenas
A vida se repete sem sentido
E o quanto do meu sonho dilapido
Traduz o que deveras mais condenas.


840

Nos bares, na sarjeta, outros caminhos
E os erros costumeiros de quem sonha,
Na face mais atroz, mesmo medonha
Os dias são deveras mais daninhos,
Bebesse dos atrozes, ledos vinhos
A vida nesta tétrica e enfadonha
Verdade com certeza decomponha
E gere novos dias mais mesquinhos.
Escaldo-me nos erros e procuro
Ainda algum lugar onde seguro
Pudesse traduzir felicidade,
Mas quando me aproximo do final,
Apenas outro engodo tão igual
Enquanto a fantasia se degrade.



841



O quanto de um encanto se previsse
Diverso da verdade mais atroz
Gerando a tempestade dentro em nós
Marcando com terror leda mesmice
O mundo se desenha em tal tolice
E cala neste instante a minha voz
E errático riacho perde a foz
E nada do que tanto se sentisse
Traduz realidade aonde um dia
Pudesse além da mera fantasia
Vencer os meus enganos, ir em frente,
O tanto que se traz em falso brilho
Ainda quando ocasos eu palmilho
No fundo apenas isto ora se sente.


842

Extraio dos meus sonhos, pesadelos
E sigo sem defesa em noite escusa,
O quanto da verdade se entrecruza
Marcando os dias ledos em novelos
Aonde se desenham tais desvelos
A sorte com certeza mais confusa
Do todo desejado ainda abusa
E os dias são difíceis de contê-los.
No quanto a poesia diz do tudo
E nisto em todo passo mais me iludo
Vencido pelos erros de um passado
E dele sou apenas o retrato
Enquanto o meu caminho; hoje eu resgato
Apenas vejo o mundo desolado.


843

Entrando nos meus últimos momentos,
Não posso mais tentar a remissão
Dos erros nem sequer peço perdão
Aos tantos e diversos desalentos,
Os passos se perdendo em ledos ventos
Os dias mais atrozes mostrarão
A face tão escusa deste não
E nele vejo apenas sofrimentos,
Errando e vez em quando até acerto
E o quanto ainda trago mal desperto
Vestindo esta heresia costumeira,
Quem tanto pôde crer num só destino
Agora mal concebo e não domino
Sequer a fantasia que me queira.

844

Esbarro nos escândalos diários
E vejo os mesmos erros de um passado
Aonde o meu caminho desolado
Expressa estes momentos tolos, vários,
Os sonhos, da esperança são corsários
E o canto noutro rumo desenhado,
O tanto quanto possa mal traçado
Em dias tantas vezes temerários,
Esbanjo o quanto pude em dias tais
Quebrando os mais diversos bons cristais
Enquanto na verdade eu não domino
As cordas onde sou marionete
E o todo noutro engodo se repete
Moldando tão somente o desatino.

845


Nas tramas mais ultrizes da verdade,
O corte se aproxima da raiz
E o quanto da verdade contradiz
No pouco aonde o nada toma e invade,
O risco de sonhar, realidade
O passo se mostrando por um triz
Esbarro no vazio e tento o bis
Enquanto a minha vida nada brade,
O enfado se transforma em ar constante
E o nada se deveras me garante
Esbanja outro momento mais atroz,
O canto se apresenta mais tenaz
E nisto a solidão tanto compraz
Negando de quem sonha a mera voz.


846


Errôneos caminhares vida afora,
O passo se perdendo aonde um dia
Pudesse desenhar o quanto havia
E a face mais atroz tudo devora,
O quanto deste barco desancora
E neste desenhar naufragaria
Marcado por constante ventania
Aonde a solidão tanto apavora,
Escassos dias matam ilusões
E nelas outras tantas decisões
Expressam tal cenário aonde eu pude
Vencer os meus anseios, sendo assim
O caos tomando tudo dentro em mim
Matando o quanto sobra em juventude.

847

Satânicas vontades; de quem tenta
Seguir sem mais temores a própria vida,
E o quanto da verdade ainda acida
Na face mais atroz, mesmo sangrenta
Somente esta certeza me apascenta
Enquanto a solidão se faz urdida
No caos ou na expressão em despedida,
Marcando com terror leda tormenta,
Esbanjo tais angústias costumeiras
E aonde com certeza ainda queiras
Escondo os meus espectros sigo alheio,
E o todo se apresenta a cada passo,
Do errático cometa mais veloz
O medo se mostrara qual algoz
E o sonho noutro instante já desfaço.


848


Numa expressão diversa e mesmo rude
O tanto quanto posso não se cala,
E adentra sem defesas minha sala
Enquanto mata a sorte e desilude,
O manto se traduz enquanto o pude
Vencer ou mesmo até nesta vassala
Verdade aonde o risco tanto fala
Marcando com terror cada atitude,
Esbarro nos meus erros e prossigo
Tocando dentro da alma o desabrigo
E nele prosseguindo sem valia,
O engano se mostrara mais sutil,
E o corte noutro instante se previu
Gerando tão somente a fantasia.


849


Enganos são diversos se traçando
No ocaso mais atroz aonde eu possa
Deixar a solidão que sei tão nossa
E nisto outro desenho bem mais brando,
Esgoto o meu caminho e quando infando
Resulto do passado e tanto endossa
A face mais audaz, enquanto apossa
O mundo deste pouco se moldando,
Errático caminho se apresenta
Marcando com terror cada sedenta
Loucura esvaindo noutro ocaso,
E o todo se transmite sem pudor,
E o nada se desenha aonde a dor
Traçasse novamente o ledo prazo.


850

Errando de planeta, capotei
E o manto mais sagrado se trouxera
Marcando com ternura a doce fera
Gestando algum vazio nesta grei,
O quanto poderia e poderei
Matando em discordância a primavera
Nefasta alegoria marca a espera
E nisto este não ser domina a lei
Encontro o descaminho e tão somente
O rústico caminho se apresente
Medonha face escusa e nada mais,
Aonde se pudesse ser diverso
Encontro este cenário mais perverso
Imerso nos audazes vendavais.


851

O quanto deste tempo se perdera
Nas ânsias ou no ocaso mais sutil,
O nada aonde o tanto se previu
Somente ao tal vazio obedecera,
A vida se esgueirando pela porta,
O caos aprofundando um ermo em mim,
O todo se aproxima já do fim
E a própria solidão, pois me deporta
Arcando com enganos sigo em frente
E bebo deste tétrico caminho
Aonde na verdade me avizinho
Do quanto sem certeza se apresente
O cântico se esvai e nada traz
Senão a mesma face atroz, mordaz.


852


Já não comportaria qualquer luz
Ainda quando a vida se fizesse
Diversa do caminho onde se tece
A queda que deveras reproduz,
E quantas vezes nada se produz
Senão a mesma dor em rude messe,
E o tanto quanto quis ora se esquece
Gestando tão somente o quanto opus,
Vestindo esta hedionda fantasia
O todo noutro rumo se traria
Apenas sortilégio e nada além,
O caos se aproximando a cada instante
O nada a cada fato se garante
Marcando o quanto em mim inda contém.


853


Não posso suportar tal heresia
Tampouco eu poderia crer no fato
Aonde se mostrando um insensato
Caminho a realidade não traria
Sequer um ledo encanto em poesia
E quando alguma sorte; inda resgato
Ou mesmo noutro rumo me maltrato
A face sendo exposta, a da agonia.
Medonha e caricata realidade
E nela bem mais forte o sonho evade
E deixa como rastro a leda ausência,
Ocaso de uma vida simplesmente
Enquanto novo rumo ainda tente
Não tenho da esperança uma anuência.


854


O cântico pudesse ainda haver
Tramando outro momento mais suave,
E a vida na verdade tanto agrave
O rumo em tamanho desprazer,
O todo noutro infausto a se perder,
O ledo coração adentra a nave
E sabe a cada instante desta trave
Aonde se aprendera a fenecer.
Expondo a fantasia mais cruel
O quanto em dissabor expõe tal véu
E traça tão somente a negação,
Meus dias noutros dias se perdendo,
O todo se traduz em tal horrendo
Momento em mais completa imprecisão.

855


Não quero o quanto baste a quem se entrega
E sabe muito bem dos erros tantos,
Enquanto mergulhando em desencantos
A vida se desenha sempre cega,
Ao nada cada passo ora se apega
E bebo os meus delírios e quebrantos,
Ainda desenhando pelos cantos
O quanto da emoção nada navega,
O cais distanciando destas naus,
Os ritos consolidam mero caos
E o fato de sonhar já não produz
Sequer a mera imagem mais feliz
E mata o que em verdade se desdiz
Deixando no passado, a sorte e a luz.


856


Um tempo mais atroz e a vida esboça
A face aonde o nada se traduz
No corte ao qual deveras se me opus
A sorte não seria jamais nossa,
O passo rumo ao fim, imensa troça
O pântano deveras reproduz
O quanto poderia e nada pus
Senão a mesma fúria aonde endossa,
O verso se mostrando em frenesi
O todo num momento em vão perdi,
E o cântico se torna uma heresia,
A vida não trouxera uma esperança
E o tanto quando agora já me canso
Traduz apenas medo e hipocrisia.


857


Já não me bastaria um só momento
Aonde desfrutasse alguma sorte,
O quanto na verdade não conforte
Grassando em dor e medo, e desalento,
O todo se perdera em tal lamento
E quando mais audaz a vida corte
Tramando a cada engodo a minha morte
Da qual insanamente eu me alimento,
Esbarro nos meus erros e mergulho
Gestando tão somente o velho entulho
Enquanto originário deste nada,
O verso se perdendo em amplitude
O mundo tão somente desilude
Marcando com terror a leda estrada.

858


Meu canto sem saber de qualquer brilho
Aonde se pudesse ser diverso
Gerando este caminho aonde eu verso
E nada do que tanto tento e trilho,
Apenas temerário, este andarilho
Vagando pelos vãos deste universo
Cedendo ao quanto pude mais disperso
O sonho em solilóquio, um estribilho,
Esbarro nos meus erros e sei bem
Do quanto na verdade nada tem
E mostro com terror esta verdade,
No farto delirar de quem pudera
Vencer ou mesmo até saber da fera
Enquanto a realidade nos enfade.


859

Canora sensação em ar sublime,
O tempo não permite mais um sonho
E quando pouco a pouco decomponho
O quanto na verdade não redime,
Esbarro nos vazios, sigo assim
Sem nada aonde possa me aportar,
E quantas vezes pude ver no mar
O verde mais atroz que existe em mim,
Escancarando os tempos mais doridos,
E nisto se perdendo em duro estio,
O vago que decerto eu desafio
Envolve novos dias presumidos,
Numa espontaneidade sem limites
Ainda noutro rumo te permites.

860


Ourives do vazio; eu nada tento
Senão as mesmas formas imprecisas
E quando novos sonhos tu matizas
Marcando com terror o pensamento,
O quanto poderia estar atento
E nestas mansidões, suaves brisas,
Mas logo dos engodos tu me avisas
Gerando a tempestade invés do vento,
E o caos se aproximando dos meus dias
Apenas desenganos cometias
Tocando a minha face em duro enfado,
Aonde se pudesse ser feliz,
O canto com certeza contradiz
E deste caminhar eu já me evado.



861

A leda condição de quem pudera
Apenas se fazer em novo rumo
E quando este caminho; em vão assumo
Destroço o quanto fora primavera,
O manto noutro passo em vaga espera
O todo sem saber de algum resumo
Esbarra na verdade aonde esfumo
E marca com terror o quanto gera,
E o caos se transformando em plenitude
A cada novo engodo desilude
E gera tão somente este vazio,
Ainda que pudesse ser diverso
Aonde em solidez já não mais verso
Apenas cada engodo eu desafio.


862


Razões para sonhar? Já não consigo
E sei do meu caminho em dor e pranto
Apenas do vazio eu me garanto
E sei do tão imenso desabrigo,
O quanto imaginara estar contigo
E quando na verdade eu me adianto
E traço o meu anseio a cada pranto
Deixando-me perdido enquanto sigo
Alçando tão somente o mesmo engodo
E neste desenhar adentro o lodo
E vivo tão somente por saber
Incauto a desenhar a luz sombria
Aonde o verso adentra em tempestade
E o todo a cada instante se degrade
E marca a imensidão em heresia.


863


Rebeldes dias tramam o vazio
E deste desenhar já nada vejo
Senão a mesma face onde em lampejo
O risco se mostrara em ledo rio,
E o caos se transbordando em ar sombrio
O mesmo desejar traz neste ensejo
O rústico caminho onde prevejo
O quanto na verdade eu desafio.
Esboço a voz cansada de quem busca
Vencer a mesma dor torpe e velhusca
Marcando em discordância o quanto houvera
Deste silente mundo em tom sutil
E o quadro em agonia se previu
Matando com terror a tosca espera.

864


Resgato os meus anseios e em verdade
O quanto pude ver e não soubera
Ainda se traçasse noutra esfera
Enquanto a fantasia agora evade,
O passo noutro rumo já se enfade
E o caos gerado em mim, trama a quimera
Marcando com terror a leda fera
E nela outro cenário em realidade.
Partícipe da orgástica loucura
A vida com certeza se assegura
Do infausto mais comum e rotineiro,
O quanto pude crer e nada havia
Tocando a face escusa e mais sombria
Dos erros e lamentos; mensageiro.


865


Ainda quando quis alguma sorte
Depois de tantos erros do passado,
A vida se trazendo em vão legado
Apenas o caminho não comporte
E sinto com terror o fundo corte
E nele cada passo desvendado,
O quanto se produz como pecado
Ainda na verdade me conforte,
Esbarro nos engodos mais sutis
E tento quantas vezes já desfiz
Meu passo noutro rumo ou direção,
E estanco com terror o quanto pude
Cerzir em meio ao caos, velha atitude
Mostrada em face escusa, em podridão.


866


Jogado sobre as pedras, rocas, cais
Diversos do que tanto pude crer,
Ainda vejo o sonho esvaecer
Imerso nos terríveis temporais,
E os dias são deveras desiguais
E neles erros diversos cometer
Marcando cada engano em desprazer
Ourives dos farsantes, vis metais,
E o pranto se discorre em verso e medo,
E quando qualquer caos; teimo e concedo
Mexendo com meus dias mais atrozes
Os erros cometidos são decerto
O quanto ainda tenho e mal desperto
Matando em agonia ledas vozes.


867


Das farpas e dos erros onde trazes
O consonante ocaso na alma insana
O quanto da verdade se profana
Mudando este caminho em ledas fases,
E sei dos meus tormentos mais audazes
Enquanto o dia a dia já se dana
E o caso se transforma e desengana
Quem tem nos olhos medos tão tenazes,
Esbarro nos meus ermos e presumo
O todo se perdendo num resumo
Aonde o meu caminho se perdendo
Transforma este cenário em torpe tez
No quanto a poesia se desfez
Gerando tão somente este ar horrendo.

868


Meu mundo não traduz sinceridade
Nem mesmo alguma luz onde pudera
Apenas ter no olhar a mesma fera
Enquanto a vida atroz deveras brade,
O todo noutro rumo já se enfade
E o caos gerando em mim se destempera
Marcando com terror o quanto espera
E o risco se desenha e o nada invade,
Espalho a minha voz em consonância
Gerando a cada passo a discrepância
E nela se desdenha alguma sorte,
O quanto pude crer e nada havia
Transforma a minha vida em agonia
E nada mais ainda me conforte.

869


Legados tão diversos, ermo sonho
E o todo se presume num instante
Aonde a sorte mostre alucinante
Caminho enquanto o caos; agora enfronho,
O rústico desenho mais medonho
E o temporal se mostra e já garante
O quanto deste encanto fora errante
Mergulho no vazio onde me ponho,
Espraiam-se tormentos quando eu pude
Tentar ainda mesmo em magnitude
O riso ou quem me dera um novo rumo,
E o todo se perdendo sem defesa
A vida sem saber do quanto é presa,
Transcende ao que decerto em vão resumo.


870


Já não me caberia mais sonhar
Nem mesmo ter nos olhos outro engano,
E quando dia a dia ora me dano
Buscando tão somente algum lugar,
Diverso do que pude imaginar
E neste desenhar a sonho empano
Ou vivo o mais temido em ledo plano
Tentando noutro instante navegar,
Esbarro nos meus erros e prossigo
Tramando a cada passo algum abrigo
E vendo após o medo outro cenário
Gestando tão somente a solidão,
Meus dias noutros erros mostrarão
O quanto do meu mundo é temerário.



871


Apresentando a queda a cada instante
O ritmo mais veloz em dor e medo
Aonde na verdade mal concedo
O rústico desenho se garante,
O todo noutro passo se adiante
Marcando este cenário agora ledo
E nisto se transforma no segredo
Enquanto o meu delírio é torturante,
O caos gerado em mim noutro momento
Esbarra no vazio aonde alento
O passo sem sentido e nem razão
O caos se transformando em novos dias
E neles outros tantos concebias
Matando na diversa imprecisão.


872


Jogado noutros ermos, sigo aonde
O todo não pudesse ser diverso
E quando no vazio ainda verso
A vida noutro engodo corresponde
E o todo no final ainda esconde
O canto mais atroz, mesmo perverso
Gerando dentro em mim este universo
Enquanto outro caminho não responde,
Extraio cada engano aonde eu pude
Vencer com mais temor cada atitude
Gestando dentro em mim novo tormento,
Erguendo o meu olhar neste horizonte
Aonde outro caminho ainda aponte
O quanto sem sentido busco e tento.


873


O prazo determina o fim da luta
E o nada se transforma num segundo
No quanto dia a dia eu me aprofundo
E a sorte na verdade não reluta,
A face mais audaz, porquanto astuta
Esbarra nos meus erros, e me inundo
Do caos gerado em mim e deste mundo
Apenas a sombria e vã batuta,
O nada se presume tão somente
Enquanto o meu caminho ainda tente
Vencido pelos erros mais tenazes
E quando se aproxima o fim do jogo
Somente este desenho dita o rogo
E nele cada engano ainda trazes.


874


Apresentando apenas solidão,
Errático cenário se aproxima
E molda em tempestade o ledo clima
E nele outro s momentos se verão,
A sorte se mostrara desde então
E quando a vida nega alguma estima
Ainda sem sentido o todo rima
Medonha e sem juízo, a imprevisão,
Esvaio num segundo e nada traço,
Apenas tão somente o velho laço
Esgarça em vagas lutas, ermos meus,
E o quanto se pudera ser diverso
Traduz enquanto em nada eu me disperso
Ousando tão somente neste adeus.


875


Não pude e não tentei sequer um rumo
E nada do que eu tanto imaginara
Pudesse desenhar nesta seara
Aonde o meu caminho em vão resumo,
Esbarro nos meus dias, torpe sumo
E bebo a sorte aonde se prepara
O corte quando o nada mais separa
E traça a solidão que ora consumo,
Esbanjo os meus tormentos desde quando
O mundo noutra face se tocando
Vestindo a hipocrisia mais sutil,
E o todo se esboçando em ar sombrio,
Enquanto cada passo ora desfio
Gerando o quanto pude e não se viu.


876


Cenários mais diversos inda trago
Vencido pelo medo de seguir
E o quanto ainda resta no porvir
Negando qualquer sonho, em mero afago,
E deste desenhar eu já me alago
Nos ermos de um temível elixir
E sinto a solidão a se bramir
Enquanto sem razões ainda indago,
Aproximando o tempo de sonhar,
Sem ter sequer o quanto imaginar
Esbarro nos meus erros costumeiros
E sinto o dia a dia mais atroz
Tramando o desencanto vivo em nós
E dele os desafetos corriqueiros.


877

Pudesse num soneto ainda crer
Na face mais sombria da verdade,
O todo quando a vida já se evade
Traduz o quanto pude merecer,
No tanto a cada passo apodrecer
E o medo noutro engano ora degrade
E rompe do passado a leda grade
Marcando com terror o enfado a ver
Esbanjo os meus medonhos erros quando
A sorte noutro rumo se tomando
Espalha esta incerteza dentro em mim,
O tétrico caminho se desdenha
E a vida noutro fátuo sonho venha
Traçar o quanto resta agora enfim.


878


Ultrizes sensações marcando a fúria
De quem se fez audaz e nada traz
Senão a mesma face mais voraz
Gerada pelo engodo em tal penúria
E a cada novo rumo; a mesma injúria
Num erro tantas vezes contumaz,
O corte se mostrara aonde faz
O tempo numa tétrica lamúria,
Esboço nalgum verso a reação,
E sei que dias turvos mostrarão
A queda tão somente e nada mais,
Ainda trago viva e tatuada
A imagem tantas vezes desolada
Em atos quase sempre terminais.


879


Apresentando apenas a virtude
De crer noutro momento em paz enquanto
A sorte na verdade não garanto
E tudo se transforma e desilude,

O todo mais ferrenho aonde eu pude
Traçar o meu caminho em tal quebranto
E neste desenhar nada adianto
Senão este cenário atroz e rude

Legados de uma vida sem certeza
Os cortes anunciam fim da tarde
E quando a solidão ainda aguarde

Dos sonhos sou deveras mera presa.
A vida se transcorre em dor e tédio
E nada me traria algum remédio.


880

Laboriosamente a vida trama
Apenas desengano e nada além
O todo noutra face não contém
Senão tal costumeiro e velho drama
E quando o pensamento em vão reclama
A face desenhada num desdém
Transcende e me transforma num refém
Enquanto a fantasia ao nada clama,
Esbarro nos meus erros e sei tanto
Do peso aonde o tempo eu adianto
Marcando com tenaz argúcia e medo,
O carma se apresenta a cada instante
E nada do que eu tenho inda garante
O ocaso aonde em vão tento e procedo.




881



Estou com vontade,
Não qualquer vontade,
Uma imensa e urgente vontade
De dar e receber abraço,
Não qualquer abraço,
Largo, desajustado ou rápido;
Quero um bem apertado,
Colado, reverberado, celebrado,
Cabelos ao vento,
Pele arrepiada,
Inspirando amor,
Expirando prazer,
Incorporando
Eu e Você...
Regina Costa

Vontade de te ter e estar contigo
Num ato em consonância, ou mesmo após
A sorte desenhada em laços, nós
E nisto se traduz um manso abrigo,
O quanto a cada instante mais persigo
E tramo em atos claros, mesma foz,
Ousando unir num ato em igual voz
Vencendo qualquer medo, ou vão perigo,
Estímulos diversos, igual tom,
O amor se faz e gera em sonho e som
Num átimo este canto em luz suave
E o todo se demonstra num caminho
Aonde junto a ti ora me aninho
Sem nada nem temor que o passo entrave.


882

A senda mais atroz em noite escusa
Esbarra nos engodos mais presentes
E quando novo rumo me apresentes
A sorte que pensara ser confusa
No quanto a cada passo ousa e abusa
Dos ermos onde tanto impertinentes
Momentos discordantes inda inventes
E o passo noutro instante toma e cruza
Vencendo os desacordes mais audazes,
E neste delirar o quanto trazes
Presume com constância novo rumo,
E o tétrico caminho em discordância
Marcando com terror a leda estância
Aonde o verso em caos teimo e resumo.


883


De tantos sentimentos poderia
A vida ser diversa da que eu tento
E sei quanto venal o sentimento
Aonde a face exposta é mais sombria,
Errática e tão torpe poesia
E nela se desenha o sofrimento
Marcando com horrendo alheamento
A sorte enquanto nada mais havia,
O tumular desenho em face herética
Enquanto a fantasia mais hermética
Gerada pelo caos nada permite
Senão a minha voz cansada e espúria
Toando tão somente esta lamúria
Ultrapassando enfim qualquer limite.


884

Satânica figura aonde espelho
O todo mais audaz e nada vejo
Senão a mesma ausência de desejo
E neste caminhar morto conselho,
O tanto se aproxima do final
E o carma desenhado em ato insano,
Aonde a cada verso em vão me dano
E gero outro desenho tão igual,
Espásticos anseios, meramente
O centro dos meus erros costumeiros
E neles outros dias corriqueiros
Enquanto a própria vida nega e mente,
O fardo se encarrega em divisão
Dos ermos que decerto inda virão.


885


Não pude conservar alguma luz
Enquanto a sorte trouxe este vazio,
E o quanto ainda tento ou desafio
Apenas tão somente reproduz
Nefasta realidade onde seduz
O templo desairoso em vago estio,
E o risco de sonhar, onde desfio
Tramando tão somente o que reduz
Meu sonho ao nada enquanto até pudesse
Traçar outro cenário em rude prece
Ou mesmo denegrir o já falido
Caminho aonde o todo não trouxera
Senão a solidão, velha quimera
Enquanto o dia a dia eu dilapido.


886


O quanto imaginara e não se quis
Do todo enclausurado no sombrio
Caminho aonde errático porfio
Marcando em tom atroz e mesmo gris,
Errático cenário já desfiz
E neste desenhar o tom vazio
Esbarra no momento aonde crio
Nesta alma a mais amarga cicatriz,
Arcando com meus erros, sigo aquém
Do quanto uma alma triste inda contém
Restauro os meus enganos e prossigo
Vencido caminheiro do não ser
Sentindo este cenário esvaecer
Gerando tão somente o desabrigo.


887


Desta aguardente amarga, solidão
Errático momento em dor e medo,
Aonde no sombrio tom concedo
Prevendo a já real condenação,
O todo se mostrara imprecisão
E o cântico deveras sem enredo
E nele tão somente este degredo
Em dias mais atrozes que virão,
Esbarro em antagônicos momentos
E sei dos meus medonhos sofrimentos
Nos tétricos cenários onde eu pude
Vencer os meus errôneos céus mesquinhos
E sei dos tantos erros, meus espinhos
Marcando o quanto fora em juventude.


888


Ainda que tivesse alguma chance
Vencido pelo ocaso nada fiz
E o todo se mostrara em infeliz
Verdade onde o nada mais alcance,
E quando a minha voz somente lance
O vago caminhar em céu tão gris,
O corte se aprofunda e a cicatriz
Decerto noutro rumo sempre avance
E o tempo se desnuda em dor medonha
E quando a realidade decomponha
O tanto quanto pôde ou mesmo até
Vestindo esta diversa fantasia,
O todo noutro instante não teria
Sequer o quanto quero por quem é.


889


Dos mares mais remotos, tal marulho
Invade o pensamento e gera o nada,
A morte tantas vezes disfarçada
Aonde no passado inda mergulho,
O cataclismo gera em tal orgulho
A farpa noutra senda desenhada
E o canto se mostrando em voz cansada
Traçando a cada passo o pedregulho.
Um pária, simplesmente tosca escória
Sem ter sequer um resto de memória
Marcando com terror o dia a dia,
Ainda quando quis felicidade
A voz noutro caminho ora se evade
E gera tão somente esta agonia.


890


Presumo com meu canto algum momento
Aonde ainda reste a luz em mim
O todo se perdendo aonde enfim
Pudesse conservar o sentimento,
E quando algum instante em paz eu tento,
O olhar se transformando traz o fim
Do tanto desenhado em estopim,
Entregue sem sentido ao mero vento,
Escondo-me decerto do que tanto
Pudera e deveras não garanto
Marcando em dissonância o dia a dia,
Esgarço meu caminho em tom atroz
E sei do quanto eu perco; audazes nós
E neles nada mais se poderia.


891

O quanto se perdera a cada passo
Ou mesmo ainda pude desfrutar
Tentando adivinhar qualquer lugar
Aonde todo sonho ora desfaço,
A vida se tramando em descompasso
Cenário tão diverso a se mostrar
Pudesse noutro instante desenhar
O mundo em sordidez ou mesmo escasso.
Apresentando a voz enquanto eu pude
Tentar adivinha qualquer virtude
E nisto ser ainda mais sutil,
Errático desenho em turbulência
Escasso caminhar em convivência
E nisto todo o engodo se reviu.

892

Um sentimento atroz ditando o quanto
De errático alimento em voz sombria,
E o tato dentro da alma cerziria
Somente o que decerto eu não garanto,
Marcando cada passo em desencanto
E neste desenhar vaga utopia
Gerasse tão somente a fantasia
Afásica loucura aonde espanto
Esbarro nos enganos costumeiros
Tramando ainda o ocaso em meus canteiros
Na flórea persistência da ilusão,
Estraçalhando assim este universo
Enquanto algum encanto em vão disperso
Os dias transformando em negação.


893


Errático cometa, a vida nega
O todo aonde fora mais freqüente
Ainda que deveras busque ou tente
Ausente dos meus dias, tal adega
A sorte se desenha quase cega
E nisto cada passo me alimente
Apenas do vazio ou descontente
Cenário noutro infausto vão se apega,
Esbanjo meus demônios onde um dia
Incauto desenhar se moldaria
No torpe caminhar entre os anseios,
E apenas perfilando o quanto pude
Marcando com terror cada atitude
E nela vislumbrando falsos veios.


894

Esbarro nos meus erros e procuro
Vencer as variantes da emoção
Embora saiba mesmo sempre o não
Encontro no vazio este seguro
Caminho aonde o nada configuro
Tramando a mais distante solução
E o tanto quanto penso em negação
Trazendo um dia amargo e mais escuro,
Escusas não resolvem meus engodos
E adentro charqueadas, lamas, lodos
Num pântano diverso em mais cruel,
O tanto quanto quis e não havia
Traçando com terror tal agonia
Resulta num amargo e torpe véu.


895


Perdoe se te trouxe alguma voz
Em dissonante encanto ou mesmo em rude
Caminho aonde o todo desilude
E gera este cenário mais feroz,
O rústico desenho deste algoz
Matando o quanto resta em juventude
Deixando para trás qualquer virtude
Tramando tão somente o ledo após,
Esbanjo fantasias e mergulho
Traçando tão somente o mesmo entulho
Qual pária em tal sarjeta denegrido,
E o caos onde pudesse crer diverso
Caminho aonde agora infausto verso
E tudo neste instante eu dilapido.


896


Já não coubera mais qualquer alento
E o carma se aproxima de um cenário
Aonde cada passo solitário
Ainda traduzira este relento,
E bebo tão somente o sofrimento
Sabendo desde quando é necessário
Um dia tantas vezes temerário
Ou mesmo outro demônio agora enfrento.
Enquanto a solidão; ainda aviso
Tocada pelo tempo em tal granizo
Negando alguma messe ou mesmo a paz,
O todo já desfeito em voz agrave
O quanto na verdade dita a nave
Decerto em passo tétrico ou voraz.


897


Jorrando dentro da alma em chafariz
A vida se fazendo em falso alarme,
O quanto do meu sonho se desarme
Trazendo olhar diverso do que eu quis,
Perdendo cada passo, o quanto eu fiz
Traçando a minha vida além de dar-me
Marcando com terror o quanto me arme
E disto se gerando a cicatriz,
Esbarro nos meus erros, sigo alheio
Ao quanto na verdade inda receio
E bebo a solidão embora possa,
Beber da iniqüidade em tantos goles
E quando neste instante sei que boles
A vida não passasse de uma fossa.


898


Pacificando o sonho mais atroz
O quanto pude crer e não havia
Senão a mesma face em agonia
Marcando este delírio logo após,
O todo se traçando mais feroz
Deixando para trás toda utopia
A vida não permite uma alegria
Matando algum riacho em turva foz,
Meu canto se aproxima do final
E o tempo quando o tive ocasional
Gestara o que gerira e tão somente,
O nada se aproxima da verdade
E quando o meu caminho ainda enfade
O todo noutro instante toma e mente.


899


Jorrando dentro da alma a mais cruel
E tétrica vertente aonde a vida
Pudesse desvendar uma saída
E nisto se traçando medo e fel,
O canto noutro rumo em carrossel,
A sorte se mostrando já perdida
E a parte que me cabe resumida
Num vago e sem limites, raro véu
Na copa do arvoredo ou na fronde
O todo num momento corresponde
Ao fim do quanto quis e nada havia,
Apenas o meu mundo se traçara
Na face mais atroz desta seara
Marcada pelo engano e fantasia.


900

Eu vejo a mesma face desdenhosa
Do quanto pude crer e nada houvera,
Assim ao desenhar leda quimera,
Matando o quanto pôde haver em rosa,
A senda se mostrara caprichosa
Marcando com terror a primavera,
No olhar mais temeroso a mera espera
Esbarra na verdade e tudo glosa.
Escândalos diversos, versos vagos,
E os olhos entre ritos quando magos
Expressam solidão e nada mais,
Ourives do vazio; nada tenho
E quando mergulhara em tom ferrenho
Encontro por resposta os vendavais.


901


Meu verso se prendendo aos meus receios
E neles entranhando sem defesa,
Seguindo a cada passo a correnteza
Entregue aos mais diversos devaneios
E quando percebendo os vários veios
De todos os meus erros, mera presa
A vida se fartando sobre a mesa
E dela outros momentos, meu anseios
Esboçam reações dispersas quando
O tempo noutro molde se formando
Gerara tão somente o sortilégio,
Sabendo do que posso ou mesmo devo
Ao quanto poderia sendo sevo
Tentar em dia amaro, atroz ou régio.

902

Já não comportaria mais tal sorte
Enfronho outros cenários, pois desperto
O quanto poderia estar alerto
E o nada noutro rumo me conforte,
Vencido pela angústia sei do corte
E o imenso lanho; agora o vejo aberto
E quando erros tamanhos eu deserto
Na busca por um canto onde suporte,
Espero algum alento após o nada
E a velha tentativa estruturada
Nos ermos de minha alma em solidez,
E tento embora saiba ser mordaz
O canto que alvorada ainda traz
E o temo na verdade não desfez.


903

Vestindo os meus amargos sentimentos
E tendo tão somente este vazio,
O quanto do meu mundo eu desafio
Grassando finalmente os desalentos,
Os dias se passando tanto lentos
O canto noutro tom já não recrio
E o caos gerado em ermo tão sombrio
Traduz os vários tons dos pensamentos.
Num êxtase diverso ou mesmo alheio,
O quando se transforma e me incendeio
Ousando ter apenas meramente
O rastro mais atroz, porquanto incauto,
Meus erros contumazes, eu ressalto
E a dúvida deveras se apresente.

904


No palco estas cortinas escondendo
O quanto poderia haver diverso
Do rumo aonde agora tento e verso
Ousando num momento quase horrendo,
A sorte noutro rumo se perdendo
Gerando apenas isto, um vão disperso
E o todo se mostrara mais perverso
Apenas um tormento em dividendo,
Desvendo os meus enganos, são reais
E os quadros entre tantos, desiguais
Impedem qualquer traço, morto sonho,
E o carma me acompanha há muitos anos
E sei quantos são vários os meus danos
E o meu caminho torpe e mais bisonho.


905

Qual fosse um mesmo espúrio caminheiro
Envolto nos meus erros, tão somente
O quanto deste mundo se apresente
Marcando com terror o derradeiro
Momento aonde eu possa, aventureiro
Tentar cevar inútil, vã semente
E quantas vezes ermo penitente
Já não concebo mais qualquer canteiro.
Esbarro nos meus erros e procuro
Vencer com calmaria um solo duro
Tentando numa ceva mais fecunda
Depois de persistência quase atroz,
Ainda separar diversos nós
Enquanto a tempestade em vão me inunda.


906


Ouvindo a voz do vento a me clamar,
Depois de tantos anos, desengano.
O tanto quanto possa eu me profano
E tento pelo menos disfarçar,
Ousando novamente me entregar,
Sabendo o desvario a cada plano,
Realço com terror o meu insano
Momento mais atroz, ledo lugar.
Ocasos entre medos e temores
E quando além dos ermos tu te fores
Jogada pelas ondas, mar adentro,
No todo mais sutil eu me concentro
Tentando adivinhar qualquer promessa,
Mas sei do quanto possa ou mesmo nada,
E a sorte de tal forma desenhada
A cada novo engodo recomeça.


907


Infecto caminhar entre cenários
Diversos ou dispersos. Sendo assim,
O quanto se aproxima ora de mim
Impede ritos vãos desnecessários,
E os tétricos caminhos, temporários
Traçando desde sempre o mesmo fim,
Esbarram nos meus erros quando vim
Marcando dias tais, imaginários.
Usando da palavra qual buril,
Apenas o momento mais sutil
Expressa a realidade aonde eu pude
Tentar adivinhar qualquer alento
E deste nada ser eu me alimento
Ousando num tormento em amplitude.


908

Se tantas vezes tento ou mesmo endosso
Com toda a fantasia permitir
Um novo amanhecer ou de um porvir
Diverso do que trace algum destroço
Enquanto noutro rumo eu me remoço
Ou tento cada engano prevenir
O quanto poderia presumir
Num átimo o que tanto ainda posso
Esbarro nos engodos e pressinto
O todo noutro cais agora extinto
Marcado em virulência ou tom nefasto,
E quando me percebo em sofrimento,
Aos poucos n verdade desalento
E deste vão momento ora me afasto.

909


A tétrica presença da esperança
Marcando com terror o quanto pude
Viver em dia atroz, ou mesmo rude
Enquanto a poesia já se cansa,
E o nada noutro rumo ainda avança
Traçando tão somente a magnitude
Do cântico perverso onde se ilude
Gerando a mais diversa confiança;
Macabra realidade dita o norte
E nada mais pudesse ou me conforte
Ousando com argúcia o quanto quero,
E o canto mais venal em tom menor,
Traçado com o sal do meu suor
Gestando este silêncio torpe e fero.


910

O quanto amor pudesse e nada traz
Senão a mesma face em dor e tédio,
Enquanto a vida gera em louco assédio
Um passo tantas vezes mais mordaz,
Eclético caminho se moldara
Num átimo gerando o caos em mim,
Do todo desenhado trago ao fim
A solidão expressa em tal seara,
Esvaio num segundo e perco o rumo,
Marcando com terror o dia a dia
E o quanto de minha alma se recria
Num ermo delirar e me resumo
No todo desenhado em tons sutis
Gerando o que somente inda não quis.



911


Paisagem mais terrível se aflorando
Dos ermos mais atrozes, alma insana
E o corte a cada passo mais profana
Gerando outro momento quase infando
A vida se mostrara desde quando
Imagem onde o todo ora se dana
E trama a mesma face onde se explana
O rústico desenho se formando,
Após o meu caminho em torpe tom,
A vida prenuncia um raro dom
E neste caminha nada mais resta
Senão a mesma face em tom atroz,
Negando da esperança o logo após,
Fechando da ternura qualquer fresta.


912


Jamais algum mortal pudesse ver
O cais após a morte, noutra cena,
A vida no final só concatena
A imagem desairosa em desprazer,
O quanto no meu mundo eu pude crer
Enquanto a realidade nos condena
E marca com terror e não serena
Deixando tão somente se antever
A face mais escusa da verdade
E quando o dia a dia nos degrade
Medonha fantasia se aproxima,
Regendo em tempestades o que eu possa
Traçar além da queda, imensa fossa
Moldando com terror nefasto clima.


913


Imagem divergente neste espelho
Gerando em distorções olhares tensos,
Os dias entre medos mais intensos
E neles sem temores me aconselho,
Vagando em plenos erros chego ao nada,
E tento adivinhar qualquer alento
Enquanto noutro rumo eu me atormento
Deixando para trás a leda estrada,
Esbarro nos meus erros e percebo
O quanto poderia e não tinha,
A sorte se perdera e não mais minha
O sonho se desenha em vão placebo,
O canto mais atroz em ressonância
Gerando tão somente a discordância.


914


A vaga fantasia rege a sorte
E trama tão somente algum ocaso,
E quantas vezes tento e já me atraso
No caos aonde o todo não comporte,
O rígido delírio dita a morte
E nela sem saber sequer de um prazo
O todo se mostrara por acaso
E o vândalo desenho não suporte
Apresentando os erros costumeiros
Os dias entre tantos, mensageiros
Dos tétricos e erráticos vetustos,
Encontram entre engodos, ledos sustos
Os mesmos desenhares mais venais
Gerando dentro da alma, os vendavais.


915


Milagres? Não conheço nem presumo
O quanto poderia acontecer
Do tétrico caminho a percorrer
Gerado pela insânia de um resumo,
E bebo deste todo em raro sumo
Singrando novo mar a padecer
E o pouco quando resta me faz ver
Enquanto no vazio eu me acostumo.
Esbravejando em ondas mais sutis
O quanto desenhara e mais não quis
Macabra realidade dita a norma
E o passo sem destino ou mesmo engodo
Transporta para esta alma o charco e o lodo
Aonde a fantasia se deforma.


916


Caprichos tão diversos, singulares
A vida não permite mais um sonho,
E o quanto a cada instante decomponho
Sangrando pelas tantas jugulares,
E quando este cenário mal notares
Num átimo um desenho mais bisonho,
Enquanto no vazio agora enfronho
Tentando vislumbrar velhos altares,
Estraçalhado corpo já decomposto
O todo noutro rumo em vão proposto
Expressa a discordância quando atroz
Em solitude feita ou mesmo em vago
Delírio se mostrara mais sutil,
O quanto deste engano se reviu
Transforma qualquer dor em ledo afago.

917


Ainda em espetáculos diversos
Meus mundos se transformam e me afasto
Do quanto poderia ser nefasto
Ousando em vagos sonhos mais dispersos,
E sinto os dias tétricos, perversos
Num ato tantas vezes torpe e gasto
O rumo se perdendo e quando casto
Esbarra nos engodos entre os versos,
Esvaio em temporais e neste tanto
Enquanto tento ou mesmo me adianto
Mergulho nos engodos mais sutis
E o carma se desenha em duro enfado,
O quanto se mostrara desenhado
Desdenha o que de fato já não quis.


918


Das telas com palavras lapidadas
Esbarro nos meus erros tão genéricos
E os dias entre engodos mais homéricos
Presumem no final vagas estadas,
Enquanto as horas vejo em tons dispersos,
Vacante caminhar em meio ao tom
Do qual a própria vida nega o dom
Tocando com horror os vários versos
E gesto dentro em mim espectros vários
E neste desenhar os temerários
Erráticos delírios, universos
Aonde se pudesse ser além
Do quanto na verdade se contém.


919


Saboreando a vida como fosse
Um rústico momento em tais matizes
Gerando a cada passo novas crises
Num ato tantas vezes agridoce,
O canto se presume em raro engodo
Amortalhando o rito atemporal,
E o quanto se mostrara em funeral
Emerge na verdade como um lodo
E neste desenhar enquanto iludo
Ou faço dos meus ermos mais distantes
Os dias entre tantos degradantes
Marcando enquanto apenas sigo mudo
Tormentas mais diversas, desengano,
Aonde a cada instante mais me dano.


920


Monótona presença de um vazio
Mesquinhos dias dizem do futuro
E quando minha sorte eu asseguro
Tentando a cada passo um desafio,
Esbarro no medonho desvario
E tento outro momento e configuro
Errático tormento onde depuro
O tanto quanto fora mais sombrio,
Acolho meus demônios e mergulho
No sonhos sem sentido, vão marulho
Desenho mais atroz em leda imagem,
E o todo se promete sem sentido,
Enquanto o meu caminho dilapido
Tornando sem sentido esta paisagem.


921


Das tantas e diversas empreitadas
A vida não permite qualquer messe,
E o quanto do caminho se obedece
Às velhas e diversas madrugadas
Aonde na verdade tais estradas
Enquanto a solidão assim se tece
Expressa o que deveras recomece
Marcando com terrores tais escadas,
Aprendo a caminha entre os terrores
E quando noutro rumo tu te fores
Algozes esperanças se fazendo
Do verso mais audaz, apenas isto
E quando no vazio inda persisto
O tempo não passando de um adendo.


922

Das tantas horas feitas, abandono,
O corte mais sutil se aproximando
Do quanto poderia desde quando
O passo noutro rumo eu desabono,
Mergulho no vazio e já me adono
Do todo mais atroz, mesmo nefando
E o caos dentro de mim se deformando,
Ferrenha sensação em vago sono,
Esbanjo tão somente o mesmo nada,
E o canto noutra forma desejada
Extrai somente o carma mais fugaz
Destarte a poesia não se trama
Enquanto a realidade gera o drama
E o canto num momento se desfaz.


923


Monótona presença do que um dia
Gerasse noutro tom, diversidade,
A vida a cada passo se degrade
E marque com terrível agonia,
O quanto na verdade poderia
Gestar dentro de mim a ansiedade
Matando o quanto tive em liberdade
E neste desenhar nada teria,
Senão a mesma forma em plenitude
Enquanto a solidão já desilude
Mordazes sonhos ditam o que resta
Do pouco ou quase nada do passado,
Ainda se desenha por legado
A sorte mais medonha e até funesta.

924


Vulcânica explosão em megatons,
E os dias se transcendem ao vazio,
E quantas vezes teimo e já recrio
Erráticos caminhos, ledos dons
Enquanto imaginara riscos tantos
E neles desenhara o vão cenário
Aonde cada sonho temerário
Produz somente enganos, desencantos
Ecléticos caminhos ditam normas
E nestes meus demônios me agiganto,
O quanto do vazio gera espanto
E nisto tantas vezes me deformas,
E nisto se percebe o quanto tenho
Em tétrico momento mais ferrenho.


925


Cortinas impedido uma visão
Do palco numa cena mais atroz,
O rústico momento diz de nós
E sei dos tantos erros que virão
O passo transformando em negação
O corte mais audaz e mesmo algoz
Fartando de terror noite feroz
Gerando a mais diversa imprecisão,
Esbanjo caminhares entre grises
Momentos mais audazes, tantas crises,
Tocando com horror cada tentáculo,
Meu mundo se perdera em tal masmorra
Sem nada que deveras me socorra,
Apenas tão nefasto este espetáculo.


926


Os erros inauditos, meus caminhos
E neles outros tantos se profanam,
Os dias com certeza desenganam
Gestando tais momentos mais daninhos,
Errôneos caminheiros entre espinhos
Os sonhos na verdade já se danam
E os cantos tão somente não emanam
Sequer de meus anseios tão mesquinhos,
Escândalos se fazem costumeiros
E neles outros tempos, mensageiros
Dos ermos mais atrozes, sorte vaga,
E apenas o terror se aproximando
E neste desenhar ou desde quando
A morte num momento em vão me afaga.


927


Os antros mais atrozes de minha alma
O carma se transcorre em dor e medo,
E quando ao mais diverso eu me concedo
Nem mesmo a poesia ainda acalma,
O ledo desenhar se faz constante
E o canto se perdendo em dissonância
Apenas procurara noutra instância
O que esta vida nega e não garante,
Ocasionando a queda aonde um dia
Pudesse desenhar com maios brilho
O quanto dentro em mim já não palmilho
Tocando com terror leda agonia,
E o cáustico tormento se aproxima
Tornando insuportável este clima.


928

Já não comportaria mais a luz
Aonde toda a treva se faz viva
O quanto da esperança o tempo priva
E nisto este momento reproduz
Apenas o que tenho em leda cruz,
A face mais atroz e mesmo altiva
Gerando a solidão ainda criva
Meu passo noutra face em contraluz
Esvaio num segundo e já me perco
Enquanto a fantasia fecha o cerco
E toma cada instante aonde eu pude
Vencer os meus temores, ir em frente
E o quanto da verdade se apresente
Apenas no final nega a amplitude.


929


Acasos entre casos ermos fatos
E os dias são diversos, mesmo assim,
Tramando a cada passo um ledo fim
Os olhos entre pedras são retratos
Fiéis dos mais comuns vários maus tratos
E tento acreditar um pouco em mim,
Mas sei do quanto posso e de onde eu vim
Não tendo nem nascentes nem regatos,
Escassa realidade dita o quanto
Pudesse noutro engodo e mal garanto
Um passo num sentido mais complexo,
Do quanto poderia e nunca houvera
A vida se desfaz em leda espera
E disto sou apenas vão reflexo.


930


Jogado pelas ruas, sigo apenas
Vencido pelos erros mais audazes
E quando em ironia tu me trazes
As horas onde tanto me condenas
Esbarro nos meus erros, sigo amenas
As horas tantas vezes mais tenazes
A vida se renova em tantas fases
E o canto se perdendo o concatenas.
Escapo dos meus erros mais temidos
E lanço sem destino meus gemidos
Mortalhas são comuns a quem reluta,
E a fúria se mostrara mais venal
No tanto quanto pude bem ou mal
A sorte se transcorre atroz e bruta.



931

Aquartelado sonho embalde tenta
A liberdade aonde nada havia
Somente a mesma face em agonia
Na tez deveras dura e mais sedenta
O quanto desta vida dessedenta
Gerando tão somente a fantasia
E neste desencanto em heresia
A vida noutro infausto se acorrenta.
Pudesse pelo menos ser diverso
Do todo imaginário ou mesmo até
Rendido ao que pudesse em leda fé
Gestar outro caminho, outro universo
E sinto em discordância cada passo
Aonde o que me resta eu já desfaço.

932


O vento matinal tocando a face
De quem se desejara além do cais,
E sendo costumeiros ideais
O todo no vazio se moldasse,
O corte noutro tom se aprofundasse
Gestando tão somente os vendavais
E neles erros tantos, usuais
Marcando cada dia em novo impasse,
Vestígios da esperança meramente
Aonde nada mais tome e apresente
Acorrentando ao nada cada encanto
O vago caminhar em sordidez
No quanto mais bisonho se desfez
Traduz o fim medonho que garanto.


933


Um enxame de terríveis pesadelos
Tocando o pensamento de quem tenta
Vencer em calmaria esta tormenta
E envolve-se decerto em tais novelos,
Os dias mais atrozes ao contê-los
Nem mesmo a poesia me apascenta
E bebo desta voz tão violenta
Marcando o dia a dia com desvelos.
E quando a poesia dita a norma
E o rumo noutro ponto se transforma
Moldando em temporais os erros tantos,
Esbarro nos medonhos caminhares
E tento noutro rumo meus altares
Gerados pelos ermos desencantos.


934

Os erros mais comuns, adolescência
E neste desenhar a queda traça
O ledo desejar vaga fumaça
Aonde não havia confluência
Do passo noutro rumo ou competência
Enquanto a minha vida se desgraça
E marca com terror enquanto escassa
A sorte com temor em prepotência.
Escapo dos meus erros e procuro
Algum lugar tranquilo ou mais seguro
Arcando com engano, ermos nós
E os tétricos desenhos por ventura
Gerados pela vida em desventura
Rescende ao quanto pode logo após.


935


No olhar sanguinolento de quem tenta
Vestindo uma ilusão seguir além
Do quanto na verdade inda contém
E gera a face atroz, mesmo sedenta,
Mereço tal caminho e desalenta
A vida noutro rumo enquanto vem
Traçando com temor ledo desdém
E neste desenhar não apascenta,
Extraio do vazio alguma luz
E ao nada simplesmente me conduz
O passo aonde outrora houvera engodo,
O risco de sentir o mesmo não
Tramando a cada passo a negação
Jogando o meu caminho em lama e lodo.

936


Não posso mais calar o quanto ainda
Resiste em ares turvos, virulentos,
E quando se entregando aos sofrimentos
Apenas o vazio se deslinda,
E a vida noutra face já se finda
Marchando com terror diversos ventos
E os dias entre tantos violentos
Enquanto a própria morta ora nos brinda.
As sombras vão rondando cada passo
E quando algum momento alheio eu traço
Esbarro nos meus erros contumazes,
E assisto à derrocada deste sonho
E vejo na medida em que componho
A sorte mais atroz onde me trazes.


937


Meu verso se perdendo sem sentido,
O passo nesse caos gerado em mim
Expressa tão somente o mesmo fim
Aonde cada sonho dilapido,
O todo se mostrando decidido
Na queda onde deveras sei enfim
Do todo ou tão somente do motim
Gerado pela angústia em vã libido.
Os erros são comuns, isto eu não nego,
O passo noutro rumo, mesmo cego
Não deixa qualquer sombra nem sequer
O olhar adivinhando qualquer trilho
Enquanto no vazio ora palmilho
A vida se traçando qual vier.

938


Escândalos diversos, sonho falso,
O todo se aproxima de um final
Aonde cada dia desigual
Gerasse tão somente o cadafalso,
E quando alguma luz embalde eu alço
Ousando noutro encanto em ritual
Pudesse ser deveras usual,
Tramando novo engodo em vão percalço.
Espreito cada passo e tento ainda
O quanto a própria vida já deslinda
E traça após a curva o desalento,
E tanto quanto pude imaginar
Sem ter sequer um canto onde ancorar
Apenas do vazio eu me alimento.


939


O rústico cenário, um ledo prado
Aonde o meu caminho se fizera
Tocando com terror a leda espera
E o tempo noutro rumo anunciado
Expressa cada dia do passado
E nele todo engodo destempera,
A vida tão somente dura fera
Deixando o meu caminho sempre ao lado,
Meu corpo se perdendo em erros tantos
E os dias desenhando desencantos
Somente poderiam traduzir
O engodo aonde tento e não consigo
Viver além do ocaso, desabrigo,
Ainda imaginando algum porvir.


940

A neve toma todo este momento
E hiberno procurando algum descanso,
Enquanto no vazio ora me lanço
Tocado pelo medo e sofrimento,
Ainda quando muito bebo o vento
E tento novamente algum remanso,
E sei do quanto posso e mesmo avanço
Sentindo tão somente o sofrimento
De quem acreditara noutro dia
E a vida sonegando em agonia
Tornando esta existência mais cruel,
O canto se perdendo a cada instante
Apenas o vazio se garante,
E a morte em tom nefasto abre seu véu.




941

As horas mais doridas quando as tento
Vencer ou mesmo até cerzir um dia
Aonde na verdade eu poderia
Traçar o quanto busco em paz e alento,
A vida se moldando em sofrimento
Aos poucos noutra face mostraria
O todo desnudado em heresia
Gerada pelo medo e alheamento,
Ocasos entre noites mais cruéis
E os dias entorpecem turvos féis
E gestam tempestades mais vorazes,
Num enfadonho rumo o quanto trago
Somente demonstrando o ledo estrago
Enquanto a discordância ainda trazes.


942

Meu canto se perdendo em tons atrozes
Mergulha neste herético caminho
E quanto mais deveras sou daninho
Os erros se transformam; vis algozes
A porta se fechando atrás do sonho
E o todo noutro instante dita o fim
E quando se procura mesmo assim
O quanto noutro passo inda proponho,
Vencendo os meus temores sigo em frente
E bebo a tempestade aonde pude
Vestir com mais superna magnitude
O todo onde meu canto ora se sente,
Esmiuçando a vida num momento
Apenas o vazio ainda tento.

943


O nada se aproxima do meu passo
E traz a solidão conforme há tanto
Pudera desenhar em raro encanto
E neste delirar já me desfaço,
O custo do sonhar ocupa o espaço
E gera tão somente o quanto espanto
E nada no final inda garanto
Deixando o meu caminho em ermo, lasso.
Adentro outros momentos e procuro
Ainda algum cenário mais seguro
Aonde eu poderia crer no todo
E quantas vezes teimo em desenhar
Apenas o vazio e sem lugar
Arcando com meu canto em raro engodo.


944


Não posso mais sentir sequer o brilho
Da lua desenhada em tom tão claro
E o quanto deste sonho hoje declaro
Traduz o quanto aquém inda palmilho,
O passo na verdade do andarilho
Decerto tantas vezes mais preclaro
Esbarra nos vazios, e se é raro
O sonho num instante não polvilho.
Enquanto se pudesse acreditar
Nas linhas mais ferinas, palmas, mãos,
Os dias quando seguem tanto vãos
Espalham cada sonho no além mar
E o todo nesta areia mais diversa
Aos poucos sem sentido se dispersa.


945

Arranco dos meus olhos qualquer brilho
E tomo os meus pileques quando sonho
Num dia mais tranquilo ou mais risonho
E neste desenhar eu me estribilho,
E quantas vezes vejo maltrapilho
O rumo aonde tanto decomponho
Meu mundo muitas vezes enfadonho
Gerando tão somente o turvo trilho.
Espero alguma sorte que não vem
E sigo da emoção como um refém
Tentando alguma sorte mais complexa
A vida sem sentido e sem razão,
No quanto se perdera em direção
Apenas da verdade desconexa.


946


Jogado pelos ermos do vazio
O todo se transforma num momento
E quando algum instante ainda tento
Apenas o meu mundo eu desafio,
E sigo em mais completo desvario
Bebendo o tenebroso e turvo vento
E neste desenhar o desalento
Expressa o quanto perco e não recrio,
Tentando tão somente a liberdade
O passo noutro rumo já se evade
E deixa tão somente o mesmo ocaso
E o quanto poderia ser sincero
Traçando o que decerto ainda espero
Gerando tão somente um novo atraso.


947

O todo se perdendo a cada instante
E neste desenhar o mais que trago
Ousando num momento em ledo estrago
Ao cântico feroz já se garante,
E o todo noutro rumo, delirante
Pudesse desenhar algum afago
Enquanto na verdade se me alago
O mundo se mostrara degradante,
Esbarro nos meus erros e procuro
Vencer o quanto existe em inseguro
Momento mais audaz ou mesmo incauto
O risco de viver já não comporta
O quanto se abriria desta porta
Ainda na verdade em sobressalto.

948

Meu verso se perdendo em tom herético
E o canto se aproxima do final,
Aonde poderia bem ou mal
Gerar outro caminho, eu sigo cético
E vejo tão somente o fim de tudo
No cais já derradeiro da esperança
E o passo quando ao nada ora se lança
Enfrenta o quanto posso e não me iludo,
Existo e tão somente me bastando
O fato de sonhar e crer num dia
Marcado por terror ou alegria,
Num átimo, um cenário bem mais brando,
E o cântico louvando esta ternura
Ao quanto se pudesse não perdura.


949

O preço da esperança não se paga
Nem mesmo poderia haver um sonho
Aonde com certeza eu me proponho
Ao enfrentar diversa e dura vaga,
O todo se espalhando em leda plaga
O risco mais atroz, torpe e medonho,
Ao quanto na verdade ainda ponho
A sorte desenhada em medo e praga,
Esvai dentro de mim qualquer afeto
E quando do vazio eu me repleto
Adentro outros momentos infelizes,
E o cântico confuso de quem tenta
Vencer em calmaria tal tormenta
Aos poucos sem defesa, contradizes.

950

Já não me caberia mais sonhar
Cansado desta luta dia a dia
E o quando ainda resta ou não teria
Perdendo pouco a pouco o seu lugar,
A voz; eu não consigo imaginar
Marcada pelo medo ou agonia
E o corte se aproxima só traria
A morte aonde quis qualquer luar,
Medonha e caricata a vida traça
Apenas esta bruma e da fumaça
Não vejo sequer brilho mais audaz,
E o quanto poderia ser diverso
Enquanto num cenário tosco verso
A vida na verdade nada traz.



951

A porta já cerrada da esperança
Não deixa se antever qualquer momento
Aonde na verdade busco e tento
O quanto noutro rumo a vida lança,
E sei da solidão, deveras mansa
E vivo tão somente o desalento
Enquanto noutro rumo vou atento
Bebendo a turbulência em confiança.
Erguendo esta parede, nada vejo
Somente alguma luz, mero lampejo
Desenho de um atroz caminho insano
E quantas vezes; pude construir
O quadro desdenhoso de um porvir
E nele a todo passo enfim me dano.


952


Matéria se perdendo em poucos dias
E desta podridão renasce a vida
A sorte se traduz na despedida
E nela novos rumos e agonias,
Ouvindo o quanto agora me trarias
E neste decidir vejo a saída
Toada pelo engodo ou desprovida
Em horas tão funestas e sombrias,
Os cânticos carpindo quem se fora
Uma alma tantas vezes sonhadora
Jogada para os vermes, iguaria
O todo se perdendo no vazio
Apenas noutro ser eu me recrio
Mortalha redentora se cerziria.

953


O quanto já traísse cada passo
Num ato mais constante ou mesmo bruto,
E quando na verdade até reluto
O todo noutro alento eu já desfaço,
Apenas ocupando o ledo espaço
Aonde se vestindo em turvo luto
Grisalho camarada; ainda escuto
O rústico momento agora escasso,
Esbanjo outros tormentos e me enfado,
O tanto quanto pude no passado
Agora se desenha em tom sutil,
Pudesse ser feliz, ah quem me dera,
Porém a solidão algoz quimera
Somente este vazio resumiu.


954


Um ritmo alucinante dita a vida
E marca em tais momentos com tenazes
O quanto da esperança já desfazes
Na sorte noutra sina construída,
E o passo se transforma e se duvida
Da vida entre diversos e mordazes
Caminhos onde o nada tu me trazes
Na cética expressão tão condoída.
O corte se aproxima da raiz
E o todo noutro instante ora desfiz
Matando qualquer sonho ou mesmo a luz,
E o pranto derramado inutilmente
Do nada aonde o todo se apresente
Apenas ao vazio me conduz.


955

Aonde poderia em harmonia
A vida se traçar, já nada vejo,
Somente aproveitando o ledo ensejo
A morte a cada instante se recria,
O vento se transforma e a ventania
Invade este cenário mais sobejo
E o quanto pude ver em azulejo
Somente noutro tom se teceria,
Meu canto já cansado e sem proveito
O rumo se mostrando onde desfeito
Pudesse ainda ver qualquer alento,
E o corte se apresenta mais profundo
Dos erros e nos ermos me aprofundo
E bebo a cada passo o sofrimento.


956


O quanto pude crer e não soubera
Sequer se ainda existe uma resposta,
A face noutro rumo já disposta
Traduz o quanto trama esta quimera,
O caos se transformando destempera
E gera novamente esta proposta
Aonde o meu caminho se desgosta
E mata esta esperança, sem espera.
Do cântico deveras procurado,
O rumo noutro sonho já traçado
Esbanja tão somente o mesmo engodo
E quando poderia acreditar
Num átimo percebo além do mar
A vida se tramando em lama e lodo.

957


Um manso caminhar em meio ao nada,
Enigmas traduzidos pelo ocaso,
E quando na verdade ainda atraso
Marcando com terror cada alvorada
A sorte se pressente desdenhada
E nisto vai findando este ermo prazo,
E o quanto do meu rumo diz do acaso
Imagem sem sentido, desolada.
Escapo dos meus erros e procuro
Vencer o passo mesmo se inseguro
E teimo contra a fúria das marés,
Resumo em versos tristes, fantasia
E o todo neste instante não traria
Senão a mesma dor, ledo revés.


958


No estrídulo tenaz de quem pudesse
Tramar outro caminho mais diverso
Do quanto trago a cada novo verso
E gero com fervor de reza e prece
O todo noutro rumo se obedece
E gesta dentro em mim tal universo
Marcando quando além tento e disperso
O passo sem sentido onde se esquece,
O carma se transforma em tal momento
No quanto busco a sorte e o sentimento
Esboça tão somente o medo e o pranto,
Gerado pelo vão desta alma mórbida
Presença se mostrando sempre sórdida
A cada novo não eu me adianto.


959


O quanto em altaneira face pude
Vencer os meus temíveis desafetos
E os dias entre tantos incompletos
Marcando com terror a juventude,
Aonde cada engodo se amiúde
E nele meus delírios mais repletos
Em ermos desenhares, quais insetos
Tomando o quanto resta em atitude.
Espanto os meus demônios quando os crio
E o todo se mostrando mais sombrio
Apenas traduzisse o quanto houvera
De um tolo caminhar em noite escura
Enquanto a melhor sorte se procura
A vida traça apenas tola espera.


960


O sol ao se perder em rumo e brilho,
Tocado pelas brumas mais sutis
E neste desenhar o que desfiz
Expressa o coração deste andarilho,
E quando noutro rumo ainda trilho
Teimando contra a tarde opaca e gris
O marco em consonância por um triz
Repete em insolência este estribilho.
E o todo se percebe num sinal
Enquanto este caminho desigual
Permite a minha queda e tão somente,
Ainda quando busco alguma luz,
Apenas o vazio se produz
E a vida sem sentido algum já mente.



961


No quanto ainda brilha uma esperança
Na dura caminhada vida afora
O corte tantas vezes apavora
Enquanto no final o nada alcança
A vida que eu buscara ainda lança
O errático caminho e me apavora
O tanto quanto pude e desancora
Negando qualquer passo em confiança
Aprendo com as dores, tão somente
E o quanto do vazio se apresente
Negando qualquer rumo ou mesmo foz,
A sorte em tais atrozes caminhadas,
Desenha as mais diversas, vãs estradas
E gera a cada passo um novo algoz.

962


Aonde a natureza dita o fim
Dos sonhos mais audazes, vejo o ocaso
E quando em ilusões tanto me aprazo
Procuro alguma sorte aonde eu vim,
E o todo se desenha sempre assim,
Ainda se traçando em ledo acaso
O quanto do viver sonega o prazo
E mata num instante o meu jardim,
Espúrio caminheiro do vazio,
Enquanto cada passo ora desfio
Enfrento as tempestades temporais,
E o todo se presume num momento
E nele se deveras sonhos tento
Os dias marcam ledos funerais.


963


Por entre arbustos, matas e quimeras
As sortes se transformam mais medonhas
E quando nestes rumos tu te enfronhas
Matando o quanto pôde em primaveras
Apenas noutros erros tu temperas
As horas onde ainda teimas, sonhas,
E vendo tais figuras mais bisonhas
As ledas esperanças; desesperas
E o cântico feliz que um dia pude
Agora noutro instante bem mais rude
Esboça finalmente o quanto trago
Do tanto que pudera nada resta
Nem mesmo da ilusão a rara fresta
Somente o mesmo tom em turvo estrago.


964

Em toda parte vejo a mesma face
Do quanto acreditei e nada havia
Sequer a menor sombra em poesia
Aonde o meu caminho se traçasse,
O rústico cenário ainda grasse
E marque com terror tanta agonia
O medo se transforma e todo dia
Invés de fantasia um mero impasse,
E o caos se transformando em rotineiro
Matando em nascedouro este canteiro
Enquanto em flórea senda nada vejo
Somente o quanto trago dentro da alma
E a velha alegoria não me acalma
Tampouco desdenhoso este desejo.


965


Orquestro um passo além do meu caminho
E vejo tão somente a solidão,
Aonde noutros rumos poderão
Traçar cenário manso ou tão mesquinho,
E quando no vazio desalinho
Esbarro nos meus erros desde então
E sei da mais completa imprecisão
Marcando com terror e turvo espinho,
A vida sonegando qualquer ninho,
Errático cenário em torpe luz
Ao todo meu caminho reproduz
O medo mais atroz e nada sei,
Somente vejo a face mais audaz
Do quanto cada rumo não se faz
Matando na nascente a minha grei.


966

O quanto poderia ser solene
O passo rumo ao farto e nada trago,
Ainda quando muito teimo e afago
O engodo aonde a vida se condene,
O canto noutro rumo concatene
Apenas o terror em ledo estrago,
E quando no vazio deste lago
Somente a voz cansada se coordene,
E o carma desenhando em tal fortuna
O quanto na verdade não nos uma
Nem deixa qualquer rastro, mera luz,
Ascendo ao mais nefasto dia quando
O tempo noutro rumo se formando
O engodo mais freqüente reproduz.

967


Ainda sob a força destes bravos
Guerreiros onde nada mais consigo,
O tanto quanto posso em desabrigo
Trazendo tão somente tais agravos,
Os erros mais comuns; ainda vejo
E sigo sem defesa vida afora
Nem mesmo a solidão mais me apavora
E bebo com furor qualquer ensejo
E sinto a derrocada mais presente
No quanto poderia e nada sinto,
O todo se mostrando agora extinto
Apenas o vazio se pressente,
E o carma desenhado em sorte vã
Impede qualquer luz, torpe manhã.


968


Aonde se pudessem tais platéias
E nelas outras tantas repetindo
O quanto do cenário se faz findo
E marca com terror; velhas idéias
Os dias são apenas panacéias
E nada do que busco ainda brindo
Castelo de ilusões hoje ruindo
E as noites em temores, assembléias
E nelas nada vejo senão erros
E sei dos meus temores em desterros
Diversos do que um dia pude crer,
O caos se transformando a cada instante
O passo se mostrara degradante
Gestando tão somente o desprazer.

969


O quanto ainda tentas e prossegues
Alçando muito além do pouco ou nada,
Ainda vejo a luz desta alvorada
E nela novos rumos tu consegues,
E quando cada passo inda renegues
Marcando com terror a velha alçada
A noite noutro tom iluminada
Enquanto cada sonho em vão, persegues,
Esbarro nos meus erros e procuro
Vencer o quanto tento em inseguro
Caminho pelas pedras, cais e rocas,
E neste delirar sem mais proveito
Apenas no vazio ora me deito
E desta forma os erros tu provocas.


970


O quanto poderia em altaneira
Verdade se traçar além do cais,
E nestes dias tolos, desiguais
A vida noutra face ora se esgueira,
E quando procurando uma bandeira
E nela se desenham outras mais
Esgoto o meu caminho em vendavais
E tento muito além do que se queira
Espero algum momento mais tranquilo
E quando de tal forma assim destilo
Errático cenário em torpe luz,
O medo se aproxima e doma tudo,
Enquanto noutro passo ora me iludo
O rústico caminho reproduz.



971


O quando dizem e nada mais trarias
Embalde cada passo traz o rumo
Aonde pouco a pouco se me esfumo
Em noites mais atrozes e sombrias,
Diversas e terríveis fantasias
E nelas outro tanto mal resumo
E quando na verdade eu me acostumo
As horas mais audazes mostrarias,
E neste infausto sonho vez em quando
O rústico cenário desenhando
Apenas a mortalha e nada além,
O todo se perdendo num instante
O mundo com terror já se garante
Somente este vazio ainda vem.


972


A vida peregrina não permite
Qualquer messe no pouco que me resta
O tanto quando vira em tal funesta
Verdade gera apenas tal limite
E nele cada engodo se transmite
E marca com terror a mera fresta
E quando no final o quanto empresta
Já não suporta além algum palpite,
Escândalos diversos, versos vagos
E nestes sonhos mortos vis estragos
Esbarro nos pecados mais doridos,
E quando dilapido a fantasia
No pouco onde deveras caberia
Não tenho mais sequer os meus sentidos.


973

Apenas deste olhar radiações
Diversas envolvendo este horizonte
Aonde a própria vida desaponte
E marque com terror ledas versões,
E o nada se transforma em direções
Matando em nascedouro qualquer fonte
E o quase no final decerto aponte
Os dias onde as luzes tu me expões,
Escapo dos meus erros e procuro
Ainda um porto alegre ou mais seguro
Depois de vendavais ledos, constantes
E os erros costumeiros se traduzem
Enquanto no vazio me conduzem
E nisto cada passo me adiantes.

974


Caminho singular imerso em nada
E o tanto quanto quis e não havia
Matando em sortilégio a fantasia
Deixando a minha vida em leda estrada,
Esbarro nos meus erros, cada entrada
Traduz apenas medo ou agonia
E o todo noutro rumo se perdia
Medonha face expõe cada alvorada,
E o todo se mostrando mais venal,
Ainda poderia sideral
Espaço mergulhar em tom diverso,
Mas quando no final a vida esboça
O todo noutro passo gera a troça
E invade sem sentido este universo.


975


O quanto sorveria da verdade
E nada mais pudesse perceber
A vida noutro instante a se perder
No quando se perdendo e tanto enfade,
O rústico cenário aonde invade
E mata o quanto pude esvaecer
Molhando com terror o quanto crer
Aos poucos sem sentido me degrade,
Esbarro nos meus erros contumazes
E o quanto do passado ainda trazes
Medonha noite escura em tom sombrio,
E quando alguma luz ainda visse
A sorte se repete em tal mesmice
E o mundo noutro instante desafio.


976

A divinal imagem se perdendo
E nisto se concebe o fim da festa
A sorte penetrando cada fresta
Traduz este cenário vago e horrendo,
O quando de minha alma em tal remendo
Ainda sem sentido toma e resta,
Deixando no passado a mera festa
Herdando o sofrimento em dividendo,
O cântico voraz em meio ao nada
Matando o quanto pude em alvorada
Sonega o meu caminho e presume,
O ocaso no sopé da cordilheira
Enquanto uma ilusão ainda queira
Apenas desvendar um alto cume.


977


No quanto pude crer e nada houvera
Senão a mesma dor tanto freqüente
O todo noutro rumo se apresente
E marque com temor a dura espera,
A vida alimentando esta quimera
Ainda quando um tempo novo tente
Esbarra neste horror e penitente
Renegue ainda inútil primavera.
Ocasos costumeiros, ledo engano
E quando em tom sombrio ora me dano,
Instigo o meu caminho em tom diverso
E sigo cada rastro e tento além
Do quanto nesta vida inda convém
E assim o meu cenário em vão disperso.


978


Vieste como um átimo feroz
E nesta tua imagem refletida
A torpe sensação de amarga vida
Calando o quanto resta dentro em nós,
O todo se desenha logo após
E a morte há tanto tempo presumida
Não deixa se pensar numa saída
E gera tão somente o mesmo algoz,
Esbarro nos meus erros, e sei tanto
Do pouco ou quase nada onde adianto
Meu rumo num destino mais sedento,
E quando pude crer felicidade
Apenas o cenário desagrade
Enquanto novo rumo infausto eu tento.

979


Pudesse em fervorosa caminhada
Seguir outro caminho mais diverso
E quando neste rumo ainda verso
Não vejo no final mais quase nada,
O sonho se perdendo em tal estrada
O corte renegando este universo
E quantas vezes tento ou mesmo imerso
No caos medonho e tétrico da vida,
Preparo tão somente a despedida
E vejo a cada passo o mesmo fim,
Num átimo mergulho nos engodos
E sigo o meu caminho em torpes lodos
Desdenho o que carrego ainda em mim

980


O quanto deste assombro toma tudo
E o medo se aproxima do real,
Errático desenho terminal
Aonde na verdade eu desiludo
E o todo se transforma, mas, contudo
O passo num nefasto ritual
Explode neste mundo desigual
E nele com certeza me amiúdo,
E bebo cada gole em tal fastio,
Gerando a cada engodo novo estio
Matando em aridez a primavera
E assim sem mais pensar, expectativa
A sorte no vazio ora me criva
E tudo num segundo destempera.

981

Enquanto esta coluna ainda firme
Suporte os meus engodos, meus enganos,
Mantendo ainda vivos velhos planos
Que o dia a dia mesmo não confirme,
O quanto da esperança teima e insiste
Embora a vida perca a precisão,
Os dias mais atrozes que virão
No olhar amargo e sórdido, vão, triste,
O todo se perdendo num tão pouco
Escassa realidade dita o rumo
E quando a cada passo eu não resumo
E perco a direção, e me treslouco,
O tanto quanto quis e não tivera
Tortura a tão distante e vaga espera.


982

Conquistas mais diversas, sonhos, ritos
E o corte mais atroz nada permite
A vida ultrapassando algum limite
Em dias mais doridos e finitos,
Os velhos caminheiros, ledos ritos
Enquanto a vida em nada mais transmite
O próprio desejar ora se omite
E os sonhos se repetem; tanto aflitos
Esbarro nos meus erros, meus enganos
Acumulando apenas ermos danos
E o caos gerado em mim nada mais traz
Senão a face morta de quem tanto
Pudera imaginar e agora espanto
Num ato tão sofrido quão mordaz.


983

Em tantas amplidões mal caberia
O todo que alimento em esperança.
Porém o passo ledo já se cansa
E mata a sem sentido fantasia,
O quanto de meu sonho caberia
Na fúria mais atroz em vã fiança.
E quando no passado a voz se lança
Tocando com terror o dia a dia,
Esvaio em pouco tempo e nada trago
Senão a mesma falta, velho estrago
Medonha face exposta da verdade
E o cântico feroz em tom diverso
Gerando com angústia cada verso
Que o próprio tempo atroz, marque e degrade.

984

Imagem vaporosa da esperança
Meu mundo em derrocada e nada mais
Enfrento os mais diversos temporais
E a vida a tal vazio ora se lança,
O quanto poderia em temperança
E a sorte se esvaindo por umbrais
Deixando os dias turvos, sempre iguais
Sem nada que traduza uma pujança,
O ocaso dentro da alma, o fim da tarde
O nada aonde o tanto inda se aguarde
Resguardo cada passo e nada veio,
Somente o meu caminho em tom sombrio,
Enquanto todo instante eu desafio,
Persisto sem sentido, ledo e alheio.


985


Já não me caberia mais pensar
Nos tantos dias turvos que enfrentara
A vida noutro rumo se prepara
Matando o quanto pude desejar,
E o nada se mostrando devagar,
A morte dominando esta seara,
O sonho tão somente se escancara
E a sorte se perdendo num vagar
Escassa poesia dita o quanto
Ainda posso ver ou adianto
Num átimo ou quem sabe noutro instante,
Meu mundo se percebe sem sentido,
E o quanto em vão procuro ou mais lapido
Somente esta mortalha me garante.

986


Não vira desde quando imaginaste
Um tempo mais feliz ou menos rude,
O quanto deste encanto desilude
E gera a cada dia outro desgaste,
E quando no final tu mal notaste
A perda mais completa em magnitude
A sorte se perdera onde não pude
Vencer o descaminho onde o legaste,
Esvaio em sonhos ermos, nada além
Do pouco ou quase nada que contém
Deixando para trás qualquer anseio,
E o mundo se perdendo em tal ocaso,
A sorte se deixando neste acaso,
Amor se torna mero devaneio.

987

Os olhos embotados na fumaça
E o cântico se perde em tons diversos,
Aonde dias tétricos, perversos,
A vida noutro engodo ora se traça.
E o tempo sem descanso corre e passa
Vagando sem sentido os universos
E neles se perdendo em tolos versos
O mundo se transforma; a sorte escassa.
Esbarro nos meus erros e procuro
Vencer um dia amargo, ledo e duro
Gerado pelo caos de quem pudera
Ainda ter nas mãos felicidade,
Mas cada novo dia mais se evade
Deixando tão somente esta quimera.

988

Ouvindo a voz de quem tanto medisse
O tempo em atos sórdidos ou vis.
Se o todo noutro instante contradiz
Eu vejo em todo olhar esta mesmice,
A vida num momento contradisse
E trouxe este cenário atroz e gris
Vivendo cada sonho por um triz,
O corte se aprofunda em tal tolice,
E o mundo se perdendo de seu prumo,
Ao nada quando tento agora eu rumo
E vejo tão somente a face escusa
Tramando o quanto resta em abandono
E o passo a cada instante eu desabono
E a vida noutra face toma e abusa.


989


Deste infinito sonho do passado
Sequer a menor marca dentro em mim,
Apenas desenhando agora o fim
E nele outro caminho mal traçado,
Esbarro nos meus erros, lado a lado
Encontro a discordância e chego assim
Ao quanto poderia e mais não vim,
Morrendo noutro instante amordaçado.
Ocasionando apenas desencanto
Aonde poderia noutro tanto
Vencer ou vicejar felicidade
O rumo se transforma e nada traz
Senão a mesma face mais mordaz
Enquanto a fantasia além enfade.

990


Já não comportaria alguma chance
E o medo se resume em ermo cais
E quando se adentrando em vendavais
O nada noutro instante ainda alcance
A vida se desfaz neste nuance
E bebo os mais terríveis e infernais
Caminhos entre tantos sempre iguais,
Enquanto o meu delírio ao fim me lance,
Escapo dos meus erros e procuro
Vencer o solo amargo ou inseguro
Na movediça espreita a cada instante,
Espreito atocaiado cada engodo
E adentro sem defesas mero lodo
Num ato tantas vezes degradante.



991

A morte me rondando a cada passo
Gerando tão somente este vazio
Aonde o meu caminho ora desfio
E sigo imerso em dor, medo e cansaço.
O quanto da esperança ora desfaço
Num tempo mais atroz, mesmo sombrio
Vencido caminheiro em desafio
Apenas sonho ausente em ritmo escasso,
Espalho a minha voz sem serventia
E o quanto ainda posso ou mais teria
Esboça a realidade mais venal,
Depois de tanto tempo inerte eu sigo
A cada novo passo outro perigo,
E vejo bem mais próximo o final.

992


Esgoto as esperanças e procuro
Apenas o descanso depois disto,
E quantas vezes; teimo ou mesmo insisto
Num antro tão voraz quanto inseguro,
O cântico suave, manso e puro
E nele sem saber não mais consisto
No errático desenho aonde invisto
Bebendo o mesmo amargo, vago e escuro.
Escuto este marulho e me inebrio
E quando me percebo em mar sombrio
Adentro sem defesas, ondas tantas
E nelas; outras sendas repetidas
Marcando em discordância as despedidas
Enquanto o fim dos sonhos adiantas.

993

Já nada mais teria senão isso
O caos e o meu anseio mais profundo,
E quando me percebo neste mundo
Decerto em tom atroz e movediço,
Apenas um descanso; inda cobiço
E quantas vezes; tento e já me inundo
Do rastro mais audaz, o vagabundo
Sentindo a solidão, em pleno viço,
Esbanjo a fantasia aonde um dia
Pudesse desenhar em harmonia
Um passo aonde nada se traduz,
Num escaldante sol, a vida traça
O quanto na verdade sei escassa
Ainda mesmo ausente a frágil luz.


994


Bebendo desta insânia, uma aguardente
Da qual inebriado nada vejo
E o todo se perdendo em vão desejo
Ainda quando muito a paz eu tente,
E o nada se mostrando num repente
Enquanto a paz deveras eu almejo
O todo se perdendo num lampejo,
Cenário mais diverso se apresente.
Esgoto cada passo rumo ao fim
E bebo o mesmo nada e sei que assim
O tanto se esvaindo num vazio,
O canto mais atroz, a morte em vida,
E a ausência mais completa de saída
O quanto ainda resta; eu esvazio.


995

Já nada mais teria nesta vida
Senão a mesma face solitária
E a morte se mostrando necessária
Desenha a cada engano a despedida,
O ocaso se presume e a desprovida
Angústia se mostrara temerária
Na face mais atroz desta adversária
A vida noutra face destruída,
Esbanjo qualquer tom em luz sombria,
E o quanto tanto quis não poderia
Gerar senão tal fato a cada instante,
E o medo se anuncia sem perdão,
Os dias mais agudos mostrarão
O quanto ainda resta doravante.

996

Já não mais caberia qualquer brilho
Aonde o meu caminho se percebe
E toma com angústia a velha sebe
Enquanto nela ainda teimo e trilho,
O sonho tão diverso, este andarilho
Somente a solidão inda recebe
E quando no vazio ora se embebe
Vagando sem certeza, agora eu pilho
E sinto o meu caminho em tom diverso
O caos dentro do peito eu já disperso
E sigo em tom atroz o mero ocaso
Jogado sobre as pedras, nada sinto
Caminho há tanto tempo vejo extinto
E nisto prosseguindo em vago acaso.

997


Arcando com enganos, erro tanto
E nada do que possa ainda diz
Da vida no seu tétrico matiz
Gerando a cada passo o desencanto,
E quando tento um prumo ou mesmo canto
Vagando além da mera cicatriz,
O corte se aprofunda aonde o quis
Marcado pelo vão em dor e pranto.
O carma, a desventura, o medo e o fim,
O todo se aproxima de onde eu vim
E traça outro cenário e nesta cena
Um ato derradeiro, em vaga esfera
E o tanto quanto quis já destempera
Enquanto a própria vida me condena.


998

Crivando em balas, sonhos mais audazes
E o todo se perdendo noutro rumo,
O quanto do meu canto ora resumo
No vago desenhar onde me trazes
Momentos mais diversos, contumazes
E quando pouco a pouco eu me consumo
Do todo imaginário nem o sumo,
As horas são deveras mais mordazes,
Esbarro nos esgotos que criara,
E a pútrida noção desta seara
Traçando em vagas luzes outro enredo
Enquanto poderia ser diverso
Meu mundo num instante, eu desconverso
E ao vago tão somente eu me concedo.


999

Olhando para trás já nada vejo
Senão a mesma face encarquilhada
De quem se desejara além do nada
E trouxe para a vida o vão ensejo,
O quanto da esperança inda verdejo
O cais gerando além outra alvorada
E a sorte desdenhosa e desenhada
Na face mais atroz de algum desejo,
Ferrenha madrugada em tom sombrio,
O canto noutro instante o desafio
E bebo desta noite insanamente,
Apenas leda crença, nada mais
E os dias se refletem, temporais
Enquanto uma esperança se apresente.

1000


Olhando para trás nada se vendo,
Somente os mesmos erros do passado,
O tempo no vazio desenhado
A vida não passando de um remendo,
O canto noutro tom já se prevendo
O risco de sonhar ou mais traçado
Vencido pelo medo, este legado
Aonde cada passo, eu vou vivendo,
Esvaio num segundo e morto até
O quanto a cada instante por quem é
Desenha o mesmo ocaso costumeiro,
E quase se desnuda esta esperança
E a voz sem mais destino ora se lança
Matando o meu anseio, o derradeiro.

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