quarta-feira, 17 de novembro de 2010

50381 até 50390

50381


Não há qualquer momento além do caos
E nisto se desenha sem temor
Ainda quando a sorte em nova cor
Produz noutro momento estes degraus,
Apenas se mostrassem ledos, maus
E o canto se moldara redentor
Traçando muito além da própria dor
E nisto se desvenda minhas naus.
Pudesse pelo menos ser diverso
Do quanto neste fato sigo imerso
Vestindo este cenário em ilusão
Dos tantos descaminhos vejo a sorte
Dispersa em desconversa que comporte
Os dias mais atrozes que virão.


50382

Não imaginas quanto poderia
Ousar noutro momento em plena paz,
Ainda se pudesse ser capaz
De discernir enfim a fantasia
E nisto todo o sonho ora se adia
E marca com ternura o quanto traz
Da vida sem sentido ou mais audaz
Matando desde sempre a poesia.
Já nada mais permite cada engodo
E apenas entranhando enfim o lodo
Viceja dentro em nós vaga esperança
O canto em desacordo continua
Deitando sobre nós argêntea lua
E assim esta alegria nos alcança.


50383

Não jogue tanta sorte pelo chão
E beba da esperança um pouco mais
Ainda quando além do passo vais
O tempo se mostrara em tal senão
Os sonhos noutro rumo tomarão
Os ermos entre vários vendavais
Vencidos outros vastos madrigais
A vida em avidez e ostentação,
Açoda-me a vontade de saber
O quanto poderia em teu prazer
Audaciosamente ser feliz
E o antro mais atroz onde se vira
A sorte em forma audaz, gera a mentira
E nisto a própria lida contradiz.


50384


Não levo desta vida quase nada
Senão as minhas dores e temores
Os sonhos de outros tantos refletores
Numa expressão atroz já demarcada
Aonde a solidão decerto invada
E seja da maneira como pores
Os tempos entre tantos tentadores
A luta se aproxima em nova estada,
Esgoto meus alentos sem sentido
E sei do quanto possa e não duvido
Das ânsias contumazes e ferozes
Hercúlea fantasia dita a sorte
E nada do que possa me conforte
Nem ouço do passado as ledas vozes.


50385


Não marcas com as garras minha pele
Apenas entranhando o sentimento
E nisto a cada passo outro tormento
Aonde a própria vida nos repele,
O quanto do vazio ora se sele
E quando novo encanto sempre tento,
Apenas caberia um pensamento
Enquanto a solidão ao fim compele,
Esqueço cada passo e mergulhando
No todo sem sentido desde quando
O mundo se fizera mais sutil,
Andeja sensação de quem se fez
Além do quanto pôde em sensatez
Assim o descaminho em mim se viu.


50386



Não necessitas mais de alguma luz
E sei do quanto possa num instante
Vibrando com ternura em consonante
Caminho aonde o nada reproduz
O todo se desenha em corpos nus
E o prazo com certeza se adiante,
E nada do que eu quero hoje garante
Ou mesmo num rompante nos faz jus.
Alheio ao quanto pude e não soubera
Ainda se desenha na alma a fera
E tantas vezes tento outro caminho,
Depois de certo tempo, nada tendo
Apenas o momento em dividendo
E nele sou deveras mais mesquinho.


50387

Nunca olvide cada passo rumo ao quanto
Pudesse imaginar em raro fato,
Aonde o meu cenário em vão resgato
Marcando com terror e desencanto,
Ainda quando muito mal garanto
O todo noutro manto e não retrato
Sequer o que pudesse sem maltrato
Vencer a solidão, temido pranto,
E o verso se implodindo dita o quase
E nisto cada passo se defase
Gerando depois disto a sorte atroz,
A noite se nublando, morta a lua
Apenas o vazio continua
Tocando sem defesas todos nós.


50388

Não passa de um momento o quanto eu quis
Depois da tempestade esta bonança
A vida na verdade não descansa
Mantendo a intensa força geratriz,
A cada ausência sinto a cicatriz
E nesta solidão, desesperança
Marcando cada dia sem mudança
E nada do que possa ainda fiz,
Escudos onde outrora se pudera
Gerar a solução leda quimera
E tanto quanto pude não restara
Sequer a melhor forma de sonhar
Matando cada passo devagar
Aprofundando em nós a rude escara.


50389



Não quero qualquer tom diverso e rude
Ainda quando a vida se fizesse
Do todo noutro fato que entristece
E nisto cada passo já transmude
O rumo sem sentido em plenitude
Ousando na emoção superna prece
Da qual outra razão a sorte tece,
E ao fim sem mais caminho desilude.
Escaldas com teu fel o dia a dia
E nada mais deveras poderia
Quem sabe e só procura ainda um fim
Do caos gerado na alma, a solidão
Expressa dias turvos que virão
Matando o quanto resta dentro em mim.


50390

Não resta do meu mundo quase nada
Sequer a menor sombra de outro fado
E o marco neste todo desdenhado
A sorte com certeza mal traçada,
A luta se desenha e já degrado
A noite que não fora enluarada
O quanto sobrevoa a velha estrada
E o dia não virá ensolarado,
Apenas outro ocaso e nada mais
Exposto aos mais diversos vendavais
Vagando pela noite sem juízo
O rumo desdenhoso se mostrando
E o tempo noutro rumo desde quando
Apenas no vazio eu me matizo.

Nenhum comentário: