quinta-feira, 18 de novembro de 2010

50411 a 50420

50411

Ascendo ao quanto tento noutro instante
E a luta se aproxima do final
Ainda que pudesse em desigual
Caminho muitas vezes degradante,
A cada novo sonho se agigante
O tempo desejado, outro degrau
Regendo o que pudesse, menos mal
Verter noutro sentido doravante,
O prazo determina esta sortida
Vontade desdenhando inteira a vida
E mostra a mais sutil vontade enquanto
O todo se aproxima do medonho
Momento aonde o nada hoje componho
E apenas o vazio em mim garanto.


50412

Ascendes ao que possa parecer
Eternamente quando na verdade
A cada novo dia mais degrade
Negando o quanto pôde amanhecer,
O sonho se perdendo posso ver
O quadro se moldando em realidade
Bebendo a mais dorida tempestade
O todo se transforma em desprazer,
Arranco dos meus olhos o cenário
E neste tolo encanto, temerário
Vestira a minha roupa de bufão,
A porta se entreabrindo, nada vindo
Somente este momento atroz e findo
Ditando a mais diversa direção.

50413


Ascendendo ao que possa, imenso véu
Aonde o meu caminho se percebe
Vagando sem sentido algum a sebe
Desenho de outro mundo mais cruel,
Entranho nos meus dias medo e fel
O quanto se produz nada concebe
A lua de meus sonhos já se embebe
Tocando em maravilha um raro céu,
Apenas pude crer noutro segundo
E disto se desenha onde aprofundo
Meu passo sem talvez saber do quanto
O corte se apresenta sem limite
E mesmo que deveras se acredite
A cada novo engano eu me quebranto.

50414

Ascendo aos teus anseios, cumes vários
Das tantas cordilheiras da esperança
E o passo sem sentido nos alcança
Marcando dias turvos, temerários,
Nos ermos de meus cantos, relicários
E os olhos se perdendo em confiança
Aonde poderia uma aliança
Os tempos são deveras meus corsários.
Esqueço do passado e sigo em frente
E nisto cada passo se apresente
Moldando a eternidade de um momento,
Ao pé desta montanha nada traço
Senão cada tormento em vão cansaço
E deste delirar eu me alimento.


50415



Ascendes ao que tanto quis um dia
E chegas ao etéreo sideral
A vida se desenha em ritual
Aonde o quase nada ainda havia
E o preço a se pagar: soberania
O caos se transformando, no geral,
Arcaica melodia em madrigal
A vida se traduz em vilania,
O prazo determina o fim de tudo
E quando no final me desiludo
Esqueço dos meus erros e presumo
A morte da esperança no vazio
E quantas vezes teimo e desafio
Tentando da emoção seu supra-sumo.

50416


Ascendera ao mais diverso do infinito
O pensamento dita a velha rota
E quando a solidão tanto desbota
Apenas um sorriso eu necessito,
Amor que se perdera em tosco rito
A luta se transcende além da cota,
E o manto da alegria ora desbota
E sem sentido algum, vazio eu grito;
Espero após o todo algum albor
E tento novo passo redentor
Dos tantos que pudera no passado,
E quando se aproxima do final
A vida se transforma em desigual
Cenário aonde o nada foi traçado.

50417

Ascendeste ao momento mais supremo
E neste caminhar quase sem rumo,
O quanto poderia e não aprumo
Chegando ao quanto quero e não mais temo,
Nos ermos deste sonho se eu me algemo
O passo resumindo o quanto em sumo
Pudesse desvendar e me perfumo
Dos erros costumeiros ou me esfumo,
Meteórico ocaso em tom sombrio
Ainda quando possa além do rio
Traçar em mar imenso a bela foz,
O prazo determina o quanto pude
Vestindo esta emoção atroz e rude
Deixando para trás o mar feroz.


50418

Ascender ao que tanto desejara
Gestando cada instante em luz imensa
A vida no final sempre compensa
E dominando enfim a noite clara
A sorte noutro rumo se escancara
E nada do que eu tente recompensa
A luta sem porvir, portanto tensa
Sendo emoção deveras bem mais rara,
Acolho cada engano e sigo em frente
Aonde o meu delírio se apresente
Matando o que restara dentro em mim,
Do todo sem sentido esta promessa
Aos poucos noutro encanto recomeça
Traçando além do cais o mar enfim.

50419

Ascenda ao quanto possa esta emoção
E gere com ternura novo passo
Vencendo o que pudera em tal cansaço
Mostrar a inteira vida em profusão,
Apenas outros dias se verão
E nisto o quanto quero e sempre traço
Marcando a vida inteira num compasso
Diverso dos que tanto dizem não,
O velho paraíso prometido
O tanto quanto possa e não lapido
Diamantina sorte de quem ama,
Ainda quando veja após o caos
Momentos entre tantos vis degraus
Mantendo acesa em nós a intensa chama

50420

Ascendera ao que pude num momento
Vencendo os meus temores mais sutis
E o tempo se desenha aonde o quis
E nisto a vida traz o sentimento
Aonde com certeza se me alento
Bebendo desta sorte e tento em bis
Ousar o quanto pude ser feliz
Vivendo sem sequer alheamento
A paz que na verdade nos provém
Do mundo sem saber de algum desdém
Gerando outro caminho em rude face
Prefiro tão somente acreditar
No engano tão diverso e caminhar
Aonde a solidão não se mostrasse.

Nenhum comentário: