sexta-feira, 19 de novembro de 2010

50421 a 50430

50421

Acende no meu peito esta esperança
Qual fosse tão somente a luminária
Aonde a vida mostre necessária
Enquanto esta canção agora amansa
O velho coração traz na lembrança
A vida noutra face temporária
E quanto poderia ser mais vária
A sorte se mostrara em aliança
Escassas horas dizem do futuro
E quanto mais deveras me asseguro
Do incauto caminhar em noite rude,
Apresentando apenas solidão
Os dias se desenham desde então
Aquém do que tentara ou mesmo pude.


50422

Acendo esta fogueira em noite fria
Junina maravilha em rara lua,
Ainda quando possa ou já flutua
Meu passo na verdade não viria
Deixando no passado a fantasia
Enquanto a sorte atroz não continua
Marcando cada passo além cultua
Gestando dentro em nós a poesia,
Aprendo com meus erros e somente
O próprio desvario não desmente
O rumo sem sentido nem proveito
Destarte sendo assim apenas isso,
O mundo mais audaz quando o cobiço
Traduz esta loucura onde me deito.


50423

Acendes esta lua no meu peito
E bebes da esperança mais sutil
O quanto na verdade não se viu
E nem sequer decerto ainda aceito,
Esqueço o meu caminho e me deleito
Aonde poderia ser gentil,
Embora a própria vida seja vil,
No fundo deste poço, enfim me deito.
Acordo sem saber da direção
Dos passos que talvez já não verão
Sequer a luz do sol, porão desta alma,
E o medo se anuncia após a queda,
E quando no vazio se envereda,
Incrível que pareça: isso me acalma.

50424

Acende dentro em nós esta vontade
De ser ou de tentar acreditar
Neste diverso mundo a nos tocar
Enquanto a própria sorte se degrade,
Apenas poderia em liberdade
Alçando novo tempo devagar,
Ao quanto pude então mesmo vagar
O sonho se transforma em tempestade,
Audaz momento diz deste futuro
Aonde o nada em nós eu asseguro,
Amortalhado sonho em tom venal,
Depois de cada instante sem saber
Do quanto a vida expressa algum prazer,
Meu canto se apresenta como um mal.

50425

Acendo os meus cenários neste gris
Momento aonde a vida não se traz
Senão numa faceta mais mordaz
Matando desde já o quanto eu quis,
Pudesse na verdade ser feliz,
E o corte se transforma e já se faz
Apenas o que possa e sigo atrás
Da sorte quando o tempo ora desfiz.
No foco da emoção, meu sentimento
Expressa o quanto quero e até provento
Fomentos do vazio deste engodo,
Somando os meus anseios e verdades
Ao mesmo tempo sinto quanto evades
Somente mera parte deste todo.


50426

Acesa dentro em nós velha emoção
Não mais nos caberia qualquer fuga
A sorte noutro passo em cada ruga
Do tanto quanto quis, mera expressão,
Os dias que decerto inda virão,
A solidão enquanto nos aluga
O tempo sanguessuga já nos suga
E deixa para trás o imenso vão,
Acordo após o tanto que sonhara
E vendo a noite imensa, intensa e clara
Razões para lutar encontro em nós
Do passo sem sentido me aproximo
E o quanto se desenha em alto cimo
Gerasse novamente um vento atroz.


50427

Acendendo o sonho, uma esperança
De um tempo bem melhor, já não vivido
Ainda quando pude sem olvido
Vagar enquanto a vida ao longe lança
A sorte desenhada em temperança
O passo sem saber se desprovido
Do canto com certeza dividido
Aguardo dentro da alma esta mudança
E o prazo terminando nada traz
Senão este caminho mais tenaz
E resolutamente sigo só,
O corte se anuncia a cada instante
E a vida no final nada garante
Futuro se resume em lodo e pó.


50428


Acesas as noturnas fantasias
Aprendo com meus erros, mas prossigo
E tento caminhar longe, contigo
Enquanto novos tempos me trarias,
Ousando nas diversas fantasias
O joio se espalhando neste trigo,
Desejo pelo menos um abrigo
E nada na verdade mostrarias,
Resulto deste vago pensamento
E quando no final ainda tento
Seguir sem ter sequer algum segredo,
Ao passo mais sublime não me nego
Embora prosseguisse quase cego
Aos sonhos mais audazes me concedo.

50429

Acendendo o pavio em noite escura
O ledo de uma sorte se adivinha
Aonde poderias ser só minha
A sorte noutra face se procura,
A vida no final não assegura
E mata o quanto pode e não mais tinha
Esqueça da esperança mais daninha
E trace a vida em luta, em amargura.
Acordos a cumprir diversas metas
E quando noutra cena me completas
Com toda esta certeza feita em luz,
Ao menos cri no tempo que viria
E nele ao me embeber de poesia
O passo noutro passo reproduz.

50430


Acendeste uma vontade aonde outrora
Já nada mais havia, nem momento
Aonde se pudesse o pensamento
E a sorte desditosa me apavora,
O quanto deste sonho não aflora
Gerando tão somente este tormento
E quando noutra fato em vão eu tento
A própria solidão já nos devora.
O caos se presumindo enquanto fiz
O rústico cenário, a cicatriz
Marcada a ferro e fogo, sem proveito.
Ao fim de certo tempo nada tendo,
Retalhos desenhando este remendo
E apenas no vazio eu me deleito.

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