sexta-feira, 19 de novembro de 2010

50491 a 50500

50491

Ainda quando possa em aquarela
Ousar novo momento, a minha vida
De todo descaminho desprovida
Apenas o vazio ora revela
E sendo de tal forma a velha tela
A sorte noutra luta mais sentida
Expressa a solidão e não duvida
Do quanto dia a dia em vão se atrela
Presentear a dita com tal fato
Aonde sem sentido algum constato
Retrato discordante do futuro
Meu mundo discorrendo sobre o nada
A luta a cada passo foi selada
Somente pelo cais mais inseguro.

50492

Não vejo qualquer fonte de esperança
Sequer outro momento aonde um dia
Mergulho no vazio e em tez sombria
A sorte em desenredo ora se lança
O sortilégio dita esta mudança
Matando o quanto houvera e ora jazia
Matando dentro em mim a melodia
Tornando sem sentido o que me alcança,
Esquivo-me dos erros no abandono
E quando noutro caos eu já me adono
Expresso a solidão e nada vejo
Senão a solução bem mais distante
E o passo na tormenta não garante
Talvez a menor sombra de um desejo.

50493

Amor já não seria mais teórico
Nem mesmo outro sinal me orientasse
Gerando em discordância novo impasse
Aonde poderia estar eufórico
Um passo noutro instante, meteórico
O rústico cenário se mostrasse
Aonde sem defesas modulasse
O tempo noutro encanto mais retórico
O prazo determina o fim de tudo
E quando no final me desiludo
Apenas não conheço o tempo em paz
Assisto a derrocada deste sonho
E sei do quanto pude ser tristonho
E neste delirar já nada faz.

50494

O prazo terminando, a vida rege
O quanto não sabia nem buscava
Minha alma da emoção a mera escrava
O passo se anuncia quase herege,
E o tanto quanto pude não me traz
Sequer algum caminho em providência
A vida se mostrara sem ciência
E o medo noutra face é mais voraz
Acolho cada engodo em nova luta
Ainda quando a sorte em vão reluta
Desanimado sigo sem saber
O quanto do meu canto pude ver
A noite se anuncia bem mais bruta
E a morte se desenha, entardecer.

50495

Jogado sobre as pedras e somente
Vestindo o quanto pude não se quis
O tempo na verdade contradiz
O que meu coração apenas mente,
E soma do passado esta semente
Gerando dentro em nós o tempo gris
Mergulho aonde o nada me desdiz
E o verso se mostrara imprevidente
Um verso libertário não pudesse
Reger minha emoção em nova prece
Tampouco desenhar novo momento
E sem sentido algum já nada marca
A luta aonde o tempo dita a parca
Vontade em tal diverso complemento

50496

Vestígios de outros tempos na verdade
Expressam o que tento e não consigo
Ainda dentro da alma o desabrigo
Aonde o meu caminho se degrade
E quanto se traduz em realidade
E deixo para lá ou não prossigo
Vencido caminheiro em tal perigo
O prazo se mostrara em falsidade
Esqueço do meu mundo e me percebo
E quando noutro sonho este placebo
Desenha o que inda rege esta esperança
Marcando em tom atroz o que me resta
A vida adentra então em leda fresta
E o nada noutro passo não se alcança.


50497

Aprendo com apenas outro engano
E sei do quanto pude e não viera
Marcando o que deveras destempera
Gerando noutro passo o velho dano,
E não pudesse mais seguir profano
Trazendo no vazio esta quimera
E a luta sem sentido algum não gera
Sequer o quanto quero e não explano
O medo se mostrara mais constante
E nada do que possa se garante
Após a tempestade mais feroz,
Dos erros e delírios costumeiros
Apenas os cenários sem canteiros
E o rio se perdendo dentro em nós.

50498


Bebesse cada gole
Da vida em aguardente
Ainda se ressente
do quanto sempre bole
E o tempo no assole
Matando o imprevidente
Caminho onde se sente
A vida e já se atole
Engodos são comuns
Momentos sei de alguns
E nada me consola
Apenas meu vazio
Enquanto desafio
A dor entra de sola


50499


Bramindo com a fúria
De quem se fez audaz
A sorte não me traz
Senão farta penúria
E o todo desta incúria
Gerasse o que se faz
Matando o passo atrás
Da vida em tal lamúria
Perdendo a direção
Dos dias que verão
Apenas descaminhos
Meus passos sem sentido
O todo resumido
Em traços tão daninhos.

50500


Não quero novamente
Sentir o que se possa
E mesmo sendo nossa
A vida tanto mente
E a lua pertinente
Ousando além da roça
Vestindo esta palhoça
De prata iridescente,
Vestígios de outras eras
E quando me temperas
Com todo o teu encanto
Apenas o vazio
No fundo desafio
E o medo não garanto.

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