sábado, 20 de novembro de 2010

50531 a 50540

50531

Já não pudera mais
Pousar meu pensamento
Ainda quando enfrento
Os velhos vendavais
E nada nem jamais
Houvera algum alento
E sei do sofrimento
E nele tu me trais,
Resplende dentro da alma
A lua que me calma
Argêntea maravilha,
Mas quando a sorte evade
Matando a claridade
O nada em mim polvilha.

50532

Os velhos sentimentos
Dos sonhos são tiranos
E trazem desenganos
Aonde em desalentos
Adentre os pensamentos
Os cantos noutros planos
E disto após mil anos
Ainda sinto os ventos,
Vestígios do que fora
Uma alma sonhadora
Jogada no porão
Apenas noutro engodo
O mundo diz do todo
Em medo e profusão.

50533

Além do quanto sei
O rumo sem sentido
O tempo decidido
Mantendo a velha lei
E o manto que entranhei
Ou mesmo ora duvido
Do quanto não divido
E nisto eu vejo a grei,
Cerzindo a discordância
A vida numa instância
Diversa da que eu pude
Trazer no olhar sem luz,
Ausência reproduz
A farsa em atitude.

50534

Além da vida o quanto
Pudesse ser diverso
Vagando no universo
Em pleno desencanto
Aonde eu me quebranto
E sei quando disperso
Meu rumo em todo verso
Gerado em rude manto,
Negando algum anseio
O todo que receio
Esboça o ledo fim,
Arcando com engano
Enquanto hoje me dano,
Mortalha viva em mim.

50535

Além do medo e caos
A sorte não trouxera
O quanto em rude espera
Anseia em tais degraus,
As rotas, velhas naus,
A morta primavera
A vida amarga e fera,
Momentos rudes, maus.
Gerando do vazio
Apenas desafio
A luta já perdida,
Batalhas entre tantas
E quando desencantas
A morte nos convida.

50536

Além de qualquer fato
Não pude constatar
Sequer o caminhar
Aonde o não resgato,
A luta neste ingrato
Cenário a torturar
Pudesse devagar,
Porém só me maltrato.
Exponho em verso e prosa
A noite majestosa
E nela apenas isso,
O corte na raiz
Matando o que já quis
E agora não cobiço.

50537

Além do sortilégio
Da vida sem paragem
Enquanto sempre ultrajem
O medo em privilégio
O canto outrora régio
Mudando a paisagem
Gerando esta miragem
Aonde quis egrégio.
Apenas na verdade
O todo se degrade
E nada mais viria
Somente o caos e o fim
E quando diz de mim
Só resta a fantasia.

50538


Além do mais diverso
Caminho em noite fria
O todo não traria
Um passo onde submerso
Ao nada sempre verso
E gestas a utopia
Matando a sintonia
Negando este universo,
Amar e ser além
Do quanto sempre vem
Reinando sobre nós
O prazo determina
A luta é nossa sina
A morte, nossa foz.

50539

Além do descuidado
Canteiro da esperança
Meu passo não avança
E o resto é desolado,
O corte anunciado
O medo em aliança
Aonde quis pujança
Apenas eu me enfado.
Esqueço o descaminho
E sei de cada espinho
Senzalas de minha alma,
Depois de tanto medo
O quanto eu me concedo
Jamais enfim me acalma.

50540

Além do verso e fato
O mar não mais diria
Da sorte em fantasia
Ou mesmo não constato
Sequer algum regato
Em noite amarga e fria,
A leda poesia
O passo não resgato,
Escravo do futuro
Ainda me asseguro
Nas lendas do passado
E quando se apresente
O fato mais freqüente
Demonstra o amargo fado.

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