sábado, 20 de novembro de 2010

50541 a 50550

50541

Donde venho eu posso
Traçar o desvario
E sei que desafio
O quanto não endosso,
E sendo este destroço
Apenas já desfio
O que jamais eu crio
E nisto me remoço.
Recolho cada engano
E quando enfim me dano
Bebendo amargamente
A pútrida noção
Da vida sem razão
Enquanto o todo mente.

50542

A vida mais remota
Nos ermos do infinito
Apenas acredito
Na sorte em velha rota
A luta se denota
E disto necessito
Ainda quando um grito
Somente aquém se nota,
Esquivo sonhador
Gerando aonde for
O passo em turbulência
A vida não traria
Nem mesmo a poesia
Sequer a consciência.

50543

Além destas substâncias
Herdadas do passado
Aonde o nada invado
Marcando tais estâncias
As sortes, discrepâncias
Do todo onde inundado
Presumo este pecado
Em rústicas instâncias.
Esquivo companheiro
No canto derradeiro
Ousando algum sinal,
Matando dentro em pouco
O quanto me treslouco
Num ato mais banal.

50544

Num ato elementar
Pudesse discernir
As horas sem porvir
A vida sem lugar
Já nada a se moldar
O preço a se sentir
No quanto inda há de vir
Na noite sem luar,
Lutando pela sorte
Que quando me conforte
Gerasse a fantasia,
Depois do desalento
Aonde o mundo eu tento
O fim iludiria.

50545

O tempo aonde infindo
Pudesse ter encanto
Diverso do que canto
Do lodo se emergindo,
O sonho ora evadindo
Deixando este recanto
Aonde o que garanto
Com sorte jamais blindo,
Ousasse em novo passo
O quanto sei escasso
O rumo em tom atroz,
De toda a podridão
Desta alma se verão
Os cantos deste algoz.

50546

As horas mais diversas
Na cósmica loucura
A vida nos tortura
Em ânsias tão perversas
E quando aquém tu versas
Marcando esta procura
No todo em amargura
Histórias que dispersas,
Esqueço o rumo quando
Meu mundo se moldando
Apenas no vazio,
Carcaça da esperança
Meu sonho também cansa
Do ledo desafio.

50547

Nos termos da matéria
O nada se viria
E o tempo em agonia
A sorte em tal miséria,
A luta sendo séria
Bem mais do que seria
O todo em agonia
Apenas sou bactéria
E vejo este momento
Aonde ainda tento
Um novo itinerário
Nanômetros apenas
Enquanto me condenas
Mero protozoário

50548

Do nada quando venho
Apenas a carniça
Que a vida jamais viça
E mata a cada empenho,
O tanto em tal desenho
Marcado por cobiça
Na sorte mais mortiça
O corte trago e tenho
Espero alguma luz
E nada reproduz
Cenário onde buscara
Além da minha luta
A marca amarga e bruta
Da vida mais amara.

50549

Os sonhos mais visíveis
Os tempos entre nadas
E quando tu te evadas
A sorte noutros níveis
Pudessem mais incríveis
Audazes tais jornadas
E nisto anunciadas
As mãos jamais plausíveis
O mundo palatável
O campo aonde arável
Tentara acreditar
No fruto que deveras
Esboça em primaveras
Vontade de sonhar.

50550

Um canto em profusão
A luta não cessara
E sei desta seara
Aonde não verão
E desta alegação
O manto se prepara
E nada se escancara
Tornando o passo vão,
Esvaio num segundo
E quando ora me inundo
Profundo delirar,
A carne apodrecida
A morte dita vida
Tocando-a devagar.

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