sábado, 20 de novembro de 2010

50601 a 50610

601

Quem pensa ver algo sem falhas / pensa naquilo que nunca existiu, que não existe, e que nunca existirá.
Alexander Pope

Enganos fazem parte
Da eterna aprendizagem
E nesta vã miragem
O todo se reparte
E o canto não comparte
Além mesma viagem,
A sorte é vaga pajem
E nega qualquer arte,
A leda sensação
Dos dias que virão
Traduz o quanto havia
E anda mais se vendo
Após o vão remendo
O resto? Uma utopia.

602

Não é um lábio ou um olho o que chamamos de beleza, / Mas a força global e o resultado final de todas as partes.
Alexander Pope

O belo se traduz
No quanto pôde a vida
Traçar de uma ferida
A imensa e rara luz,
Ao quanto nos conduz
E nisto não duvida
A dita proferida
No templo onde reluz,
Vencer a correnteza
Gerando esta beleza
De um dia mais suave,
Assim nada se cala
Jamais sendo vassala
Uma alma não se entrave.

603

O divertimento é a felicidade daqueles que não sabem pensar.
Alexander Pope

Hedônico caminho
Renega o pensamento
E traz no alheamento
O bem sempre mesquinho,
E quando me avizinho
Do fim e não lamento
Presumo outro momento
Envolto em mero espinho,
Fortuna desigual
Num ato mais banal
Gerasse uma esperança
Sem ter qualquer futuro
O passo do inseguro
Depressa já se cansa.

604

Um pouco de cultura é uma coisa perigosa.
Alexander Pope

O quanto nos traísse
A vida em mera fonte
Enquanto desaponte
Gerando outra mesmice,
E nisto esta crendice
Pudera ser a ponte
Matando este horizonte
Aonde nada visse,
Esqueço cada passo
E sei do quanto traço
Vestindo a negação,
Depois de cada engodo
O tempo traz o lodo
E mata os que virão.

605

Uma mente nobre tem vergonha de não se arrepender.
Alexander Pope

O quanto se permite
Neste arrependimento
A vida num momento
Supera algum limite
E o todo necessite
Enquanto me atormento
Vestindo o sofrimento
Ou nada se acredite,
Esquivas noites; vejo
E sei do meu desejo,
Também de cada engano,
Reconhecer seu erro
Supera algum desterro
Conserta qualquer dano.

606

Quem confessa os seus erros é mais sábio hoje do que ontem.
Alexander Pope

A sorte num desenho
Diverso de quem tenta
Saber desta tormenta
E nisto se me empenho
No fundo não desdenho
A noite até sedenta
E marco a turbulenta
Vontade enquanto venho,
Escassos dias tendo
Além do quanto horrendo
O mundo se trouxesse,
Ainda em construção
Ausente perfeição
Permite uma benesse.

607

A esperança brota eternamente no peito do homem. Ele nunca é, mas espera sempre ser feliz.
Alexander Pope

Pudesse ser feliz
E crer noutro cenário
Ainda imaginário
E nisto sempre quis
Traçando por um triz
O mesmo itinerário
Num conto do vigário
A nova cicatriz,
Mas quanto mais se espera
A vida sendo fera
No fim nos apascenta,
Em vão cada momento
Dizendo em pensamento
Da vida em vã tormenta.

608

Encantos impressionam a vista, mas o mérito ganha o coração.
Alexander Pope

O quanto se percebe
No passo mais sutil
Deveras já não viu
Beleza em rara sebe,
A vida onde se embebe
Do canto mais gentil,
Aonde repartiu
O todo se concebe,
A sorte dita o mérito
E o coração emérito
Expressa a liberdade,
Bem mais do que a beleza
Que exposta sobre a mesa
Aos poucos já se evade.

609


Sentir raiva é vingar-se das falhas dos outros em si próprio
Alexander Pope

O quanto me maltrato
Não traz sequer um traço
Do todo onde desfaço
O passo mais ingrato
E assim neste retrato
O mundo mais escasso
Presume sem espaço
O nada onde constato
Mergulhos no vazio
E sei quanto é sombrio
O todo que se dita,
Na tétrica aventura
A vida se amargura
E molda-se maldita.

50610


Quem ama ardentemente, também no ódio é violento.
Alexander Pope

Extremos são perversos
E ditam destempero
Aonde em raro esmero
Os dias matam versos
E sinto os mais dispersos
Caminhos, desespero
Ousando outro tempero
Adentro os universos
Que se tocam deveras
Em sensações mais feras
Marcando o fim do sonho,
E quanto mais for rude
A vida desilude
Num ato atroz, medonho.

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