segunda-feira, 22 de novembro de 2010

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50811

O Estado é como o corpo humano. Nem todas as funções que desempenha são nobres.
Anatole France


Nem tudo o que se faz
Nem mesmo o que se trama
Permite além do drama
O canto mais audaz,
O gesto feito em paz
A luta em velha chama
Do todo quando clama
A face mais mordaz,
Gerindo cada fato
Aonde o que constato
Em variáveis dias
Transformam cada ponto
Aonde o que desponto
Expressa o quão varias.

12

A compaixão é que nos torna verdadeiramente humanos e impede que nos transformemos em pedra, como os monstros de impiedade das lendas.
Anatole France

O ser e crer-se humano
Traduz em compaixão
A vária decisão
E nisto não me engano,
Pousando o soberano
Olhar em dimensão
Traçando os que virão
Além do mero dano,
Vagando pelo astral
O rumo desigual
Permite outra pousada,
E a cena se mostrara
Diversa esta seara,
Às vezes desolada.

13

É-se rebelde quando se é vencido. Os vitoriosos nunca são rebeldes.
Anatole France

Vitória traz a luz
E obscurecendo quem
No fundo também tem
Motivo que o conduz,
Na sorte se traduz
O quanto sou refém
Da luta enquanto aquém
Do todo onde produz
O fato é que a verdade
Mutável se desenha
E quando agora venha
E tanto nos degrade,
Marcante imprecisão,
Diversa dimensão.


14

Sabendo sofrer, sofre-se menos.
Anatole France

O sofrimento em arte
Acalentando a dor,
Do quanto é tradutor
E quando se reparte,
Traduz a melhor parte
Num fato redentor
Ou mesmo é refletor
Da vida noutro aparte,
Espero sempre mais
E sei dos desiguais
Caminhos que ora tento
E sinto a variante
Aonde o que garante
Ascende ao sofrimento.

15

As verdades descobertas pela inteligência são estéreis. Apenas o coração é capaz de fecundar os seus sonhos.
Anatole France

O fato em emoção
Sobrepujando ao quanto
Pudesse em desencanto
Traçar a direção,
Momentos que virão
E nisto se me espanto
Esqueço o ledo pranto
E bebo a sensação,
Do todo aonde pude
Viver embora rude
Caminho discordante
Imerso em sentimento
O novo eu alimento
A cada raro instante.


16

Muito aprendeu quem bem conheceu o sofrimento.
Anatole France

A dor bem mais que sina
É mestra e nos transforma
E quando em nova forma
O tanto determina,
Destarte desta mina
A luta não deforma
E gera o que reforma
Enquanto nos ensina,
Saber a cada engodo
Um pouco deste todo
Vestindo a face exata
Do quanto poderia
E sei que a fantasia
Deveras não constata.

17

A ignorância é a condição necessária da felicidade dos homens, e é preciso reconhecer que as mais das vezes a satisfazem bem.
Anatole France

O não saber aplaca
A dor de procurar
E nada mais notar
Senão a mesma estaca
O quanto a vida empaca
E gera outro lugar
Aonde o caminhar
Traduz e não emplaca,
Apenas por saber
O quanto diz sofrer
Expresso em verso e medo,
Maior felicidade
A que sonega e invade
Além do que procedo.

18

A fome e o amor são os dois sexos do mundo. A humanidade gira toda sobre o amor e a fome.
Anatole France

Desejo, amor e fome
Ainda que pudesses
São verdadeiras preces
Aonde se consome,
O todo que nos dome
E nisto recomeces
Vagando sobre as messes
Enquanto o todo some,
Negar a direção
Dos sonhos que virão
E mudarão tal rumo,
Já nada caberia
Sequer a fantasia
Enquanto eu não me aprumo.


19

Todos os homens que não sabem o que fazer desta vida desejam outra, que nunca acabe.
Anatole France

A vida já se basta
E nada mais precisa
Do quanto se matiza
E além não se desgasta,
A sorte mais nefasta
Negando a própria brisa
No fundo não divisa
O quanto em luz se afasta,
Adentro os meus caminhos
Se bons ou se daninhos,
Deveras são tão meus
E o passo que resume
O vale, a queda e o cume,
Termina num adeus.

50820

O que a juventude tem de melhor é ser capaz de admirar sem compreender.
Anatole France

O quanto poderia
Olhar e não saber
E mesmo assim beber
A imensa fantasia
Gerando esta alegria
Apenas por viver
E nisto possa ver
O que ninguém veria
O tempo tudo muda
E a sorte sem ajuda
Não dita o que percebe,
Na variável sebe
Recebe a claridade
E nisto tanto agrade.

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