quinta-feira, 25 de novembro de 2010

51001/20

1

Soltando o coração
Inversos caminhares
E quando tu notares
Diversa direção
Verás o mesmo não
Reinando nos altares
Gerando lupanares
Aonde é solidão,
Depois de tantos dias
Aonde poderias
Diversa claridade
Apenas o vazio
Tomando em desafio
Aos poucos nos degrade.

2

Já não pudera crer
Nas ânsias contumazes
E quando a vida trazes
Tentando recolher
O quanto pude ter
Ou mesmo sem os ases
As horas são capazes
De nada me esconder,
Ausculto o que pudera
Atravessar a fera
E crer noutro momento,
Diversidade dita
O quanto da infinita
Manhã não alimento.

3

Ouvir a voz de quem
Pudesse me trazer
Além do desprazer
O tempo em raro bem,
Mas quando nada vem
Nem mesmo o bem querer
O quanto a se perder
Traduz mesmo ninguém,
Apenas morte e dor,
Aonde quis sublime
E o nada me redime
Ainda como for,
Gerando o que se prime
Da imensa e bela flor.

4

A sorte é passageira
Do bonde da esperança
E quando além se lança
Pudesse e até não queira
Ousar noutra bandeira
Imersa em confiança
Deixando na lembrança
A rota derradeira,
Após o que não veio
A vida em tal anseio
Produz outro cenário,
E o tempo sem alento
Enquanto ainda tento
Mostrasse temerário.

5

Já não cabia o sonho
A quem se fez bastante
E gera doravante
Momento enquanto o ponho
Nas ânsias que componho
O passo me garante
O rumo galopante
E o tétrico enfadonho.
Marcar com virulência
Após velha ciência
Que nada me traria,
Eu bebo mais um gole
Saudade vem e bole
Tornando a noite fria.


6

Liberto pensamento
Sem nada mais conter
O quanto do prazer
Pudesse e mesmo tento
Vencendo o sofrimento
Apenas pude ver
A morte a se tecer
Em turvo e espúrio vento,
Depois do todo, o nada
E a noite alvoroçada
Manhã se aproximando
E o corte se instalasse
Aonde algum impasse
Tentasse um tempo brando.


7

Não tive mais a chance
De crer neste neon
O mundo sendo bom
Ou no vazio lance
Enquanto tenta e avance
Gerando um mesmo dom,
Realizando o dom
De ter cada nuance
Diverso do passado
Aonde inteiro eu brado
Ou calo a minha voz,
Depois do que se fez
A sorte em altivez
O mundo dentro em nós.


8


Lavar a minha mágoa
Nos olhos de quem amo,
E a vida em novo tramo
A sorte aquém deságua,
Acende a velha frágua
O nada inda reclamo
E o passo quando o tramo
No fim expressando água,
Na cálida esperança
A sorte não avança
E rege o mesmo fim,
O mundo compartilho
E sei do velho trilho
Brilhando dentro em mim.

9

Visão da mortuária
Faceta, prostituta
A vida não reluta
E nem é temerária
A sorte sendo vária
Ainda quando astuta
Jamais infausta luta
E marca a luminária
No olhar inebriado
O tempo desfiado
O tanto gera o quando,
O frio nos domina
A nossa rara sina,
Num todo se moldando.


51010

A gélida manhã
A noite sem proveito
E quando aquém me deito
Da sorte mesmo vã
Procuro noutro afã
O quanto quis direito
E o verso aonde feito
Espalha em faces, cã;
As rugas dominando
O tempo desde quando
No fundo não teria
Sequer outro caminho
E assim eu me avizinho
Da dita mais sombria.


11

Não pude comportar
Sequer o quanto cabe
Bem antes que se acabe
A vida sem lutar
O passo a divagar
Mergulha aonde sabe
O todo em mim desabe
E nada irá restar,
Somente a mente opaca
A luta não se aplaca
E o verso não decide
O quanto do viver
Pudesse merecer
Aonde o vago incide.


12

Lutar inutilmente
E crer numa vitória
Ainda merencória
E nisto a luz se tente
Atento ao que presente
Expressa a leda escória
Guardando na memória
O nada que freqüente.
Meu rumo se tornando
Apenas onde e quando
O mundo não soubera
Vencer o descaminho
E agora vou sozinho
Tentando a primavera.


13

Não pude e não devia
Sentir qualquer alento
E quando o pensamento
Invade o dia a dia
Matando esta euforia
E nela sou o vento
Singrando aonde tento
O passo não veria,
Esqueço a minha sorte
E nada mais comporte
Um prazo que se finda
Imagem mais audaz
Já nada mais se faz
A sorte não nos blinda.

14

Respondo a quem puder
O todo que não tenho
E quando em vago empenho
A luta e se qualquer
Caminho inda quiser
Vencer em tal desenho,
Do tempo aonde eu venho
O todo não se quer,
Senzalas entre facas
E nada mais aplacas
Somente o medo instaura
A noite dentro da alma
E o quanto não me acalma
Transforma a dor em aura.

15

Alegres caminhadas
Em meio aos temporais
E neste ausente cais
As sortes desenhadas,
As horas demarcadas
Em atos tão banais
Os medos são iguais
E as rústicas estradas.
O peso não se preza
A vida quando reza
Nos ermos da emoção
Traduz o medo quando
A luta desenhando
Nos vales que virão.

16

Não pude e nem tentara
Apenas soluções
Diversas emoções
Adentram tal seara
A porta se escancara
E gera entre lições
As rudes direções
E a porta onde declara
A morte sem sentido
O tempo desvalido
E o rústico momento
Aonde quero o canto
Cerzindo o que garanto
E nisto o tempo eu tento.


17

Não mais coubera crer
No todo ou mesmo em parte
A vida se reparte
E gera algum poder,
Na luta o não vencer
Decerto se comparte
Tutela negando a arte
Amor dita o prazer?
Já não me caberia
Ousar em poesia
O quanto não mais sei,
Apenas vago só
E sei do quanto em pó
Esvai-se a leda grei.

18

Mergulho neste abismo
Aonde a sorte dita
A luta mais finita
O tempo aonde cismo,
E a cada cataclismo
O rumo delimita
A sorte que palpita
E nisto novo sismo,
Esmago todo passo
E sei do quanto faço
Ou mesmo não faria
Vestindo a sorte amarga
A vida então se embarga
E mata em letargia.

19

Já não me cabe apenas
O riso, o siso e o medo,
Aonde me concedo
Também tu me condenas,
As horas sendo plenas
O mundo em desenredo
O tanto que procedo
As sortes que envenenas
Marcando com terror
O quanto ainda for
Após o nada em mim,
Depois de certo caos
Os dias sendo maus
A vida traz meu fim.

51020

Somar o que não veio
E ter além do nada
A sorte degradada
O mundo em tom alheio,
Mergulho num anseio
E beijo a velha estrada
A luta desenhada
E nisto em devaneio,
Esqueço cada passo
E nisto quando traço
O medo noutro olhar
Apenas pude ver
O amor a se perder
No sonho a nos tocar.

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