sexta-feira, 26 de novembro de 2010

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71

O tempo desbotando cada sonho
Traduz apenas medo e nada mais
E quando a vida traça em tons venais
Cenário solitário e tão medonho,
Aonde noutro passo eu me proponho
Estendo as fantasias nos varais
E cevo minha sorte em vãos florais
Vagando sem sentido, mais tristonho,
Espero após a chuva algum momento
Liberto dos meus erros e se tento
Vencer o quanto pude e não soubera
Alimentando apenas o vazio
O quanto dentro da alma desafio
Gerando tão somente a dor mais fera.


72

Decresce a cada instante esta esperança
E o nada não redime o quanto pude
Viver sabendo morta a juventude
A sorte no vazio então se lança
O passo sem destino e sem pujança
A morte se trazendo em plenitude
Sequer a fantasia ainda ilude
E nada desta luz agora alcança,
O rústico cenário se deslinda
E quando poderia haver ainda
A chance se perdendo um pouco mais,
Expondo o que deveras inda sinto
Meu sonho há muito tempo em vão distinto
Esbarra nos cenários mais venais.

73

Os jovens aproximam do futuro
E o tempo se renova, quedo atrás
O todo que pudera e não se faz
Tornando este caminho atroz e duro,
As sombras do que fui tento e procuro
Meu canto se mostrasse mais mordaz
E o prazo se extinguindo nada traz
Somente este cenário e me amarguro,
Ainda depurasse algum alento
E nisto outro caminho enquanto invento
Transforma a minha herança em quase nada
A sorte sem sentido e sem razão
A vida sem sequer ter direção
A morte a cada engano desenhada.

74

Memórias de outras eras mais distantes
E nada além do tempo eu poderia
Ousar neste momento em fantasia
E sei que no final nada garantes,
Somente o quanto pude por instantes
E o tempo rege o canto em agonia
Amar e ser feliz? Uma utopia
E nisto vejo os dias torturantes,
Vestígios de momentos mais felizes
Aonde o que inda resta contradizes
Matando qualquer luz que exista em mim,
Depois de certo tempo sendo assim
Os olhos procurando teus deslizes
O todo se desdenha e traz o fim.

75

No lindo olhar de quem desejo tanto
O rebrilhar de um sonho sem igual
O mundo se aproxima e sensual
Momento aonde o passo ora garanto,
E nisto com firmeza me agiganto
Ousando neste raro ritual
De um mundo tantas vezes capital
Vencendo com ternura o desencanto,
Saber o discernir de cada passo
Aonde o meu delírio quero e traço
Vagando sem cansaço além do mar,
E vindo em direção aos teus alentos
Os dias deixam longe os sofrimentos
E aprendo com certeza o bem de amar.


75

Quisera ser amigo de quem tanto
Pudesse ser amante num gentil
Momento aonde o todo se previu
E nisto cada passo ora garanto,
E sei que embora só ainda canto
O coração jamais será servil
E o tempo noutro instante se reviu
Gestando dentro da alma este acalanto,
Viceja a primavera dentro em mim
E trago cada instante este jardim
Ousando ser deveras a crisálida
Minha alma libertária e sem ter freio
O quanto no desejo devaneio
Expressa esta vontade assaz tão cálida.

76

Apenas te quisesse e nada mais
Vestindo esta ilusão, amor intenso
E quando nos teus olhos quero e penso
Reinando sobre dias sensuais
Os passos na verdade desiguais
O rumo aonde o todo em paz compenso
Traduz o meu caminho em dom imenso
Momentos entre tantos, principais,
Esqueço os desenganos e procuro
Vencer o quanto fora mais escuro
De um mundo sem sentido rumo e nexo,
Dos sonhos mais argutos que me trazes
A vida em avidez reparte em fases
Gerando em todo o sonho o teu reflexo.

77

O amor gerando amor, bem poderia
Trazer para meus olhos o horizonte
Aonde na verdade já desponte
Além da mera luz em fantasia
O todo onde meu passo se irradia
E traz cada momento em nova fonte
O medo se traduz e desaponte
Quem tanto mera paz sempre queria,
Vestindo a imensidão de um céu sem fim,
O todo se acumula dentro em mim
E o prazo determina a eternidade,
Destarte ser feliz, tudo o que eu quero
Bastando para tanto ser sincero
Gerando dentro da alma o quanto agrade.

78

O olhar de quem se fez bem mais esquiva
Mostrando uma amplitude em pensamento
E quando no vazio eu me alimento
Minha alma sobre tudo sobreviva
A sorte se transforma e mais altiva
Cessando qualquer dor e sofrimento
Mergulho nos teus braços eu me alento
Jamais a poesia é vã, cativa
Somente amor que tanto nos liberta
Gerando a fantasia em hora incerta
Beijando o etéreo tom de um céu suave,
A luta não se cansa e mesmo assim,
O mundo se resume e dentro em mim
Apenas a incerteza que se agrave.

79

Imagem distorcida do que possa
Traçar novo caminho e já não vejo
Apenas mera sombra de um desejo
E nisto se desenha a velha troça
E o quanto da esperança apenas roça
Gerando muito além de algum lampejo
O mundo aonde busco e me azulejo
Impede o que pudera e já destroça
A sorte se produz a cada enfado
E quando um sonho em paz agora evado
Vestindo o sortilégio rude e atroz
Apenas mergulhando em tal abismo
Sem rumo e sem destino quando eu cismo,
A vida não permite mais a voz.

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Uma ilusão apenas.
O mundo não me traz
Sequer o mais audaz
Momento onde condenas
As horas mais amenas
O tempo tanto faz
E o quanto fui tenaz
Expressa ledas cenas,
A sorte não traria
Nem mais esta alegria
Renega a imensa luz
E o passo se transforma
E quanto a velha forma
O nada reproduz.

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