domingo, 28 de novembro de 2010

51331/40

51331

Perfumes que inebriam, primaveras
Floradas no meu peito e nada vindo
Aonde poderia ser infindo
Apenas noutro rumo destemperas,
E sinto quanto possa em tais esperas
Marcando outro cenário e nisto agindo
Matando o que pudera e não deslindo
Expresso a solidão em vãs esferas.
Apresentar o quanto ainda existe
E tendo o meu olhar embora triste
Mirando um horizonte imaginário
O corte se traduz em redenção
Os dias mais doridos mostrarão
Da sorte qualquer tom e itinerário.

51332

A noite libertina, esta bacante
Orgástica loucura adentra o sonho,
E quando no vazio inda componho
O quanto poderia noutro instante,
A luta na verdade se agigante
E bebo este cenário mais bisonho,
O olhar tanto diverso que proponho,
O tanto poderia se galante,
Mas vejo tão somente o que cambia
E mata em nascedouro a fantasia
Grassando sobre o nada aonde eu vejo
O tétrico caminho sem sentido,
O mundo noutro passo resumido
E o canto se mostrara malfazejo.

51333

Almíscar adentrando o pensamento
Num átimo este aroma enjoativo
E o quanto da ilusão já não cultivo
Traduz do meu caminho alheamento,
E sigo cada passo aonde invento
O ser que poderia se cativo,
Mas sei o quanto apenas sobrevivo
E sinto o meu momento e me atormento.
Escudos do passado? Esta armadura
Ainda na verdade me assegura
Alguma proteção, mesmo ilusória
A luta sem sentido e sem razão
Traçando sem destino a imensidão
A noite se aproxima mera, inglória.

51334

Desejos adentrando em caravana
Desértica loucura rege o passo
E quanto mais pudera além eu traço
O mundo aonde o todo desengana,
A sorte se desenha e me profana
Marcando com terror ledo cansaço
Perdendo num momento o meu espaço
A vida a cada instante mais se dana,
Verdade sorrateira em ledo bote
Ainda quando muito me derrote
Demonstra o quanto pude e não queria
Vestíbulos em sonhos, liberdade,
ainda que meu passo desagrade
É dele que alimento a fantasia.

51335

Demônios que cultivo dentro em mim,
Ausência de esperança em tom satânico
O todo se pudera mais orgânico
E o corte não traria o ledo fim,
Caminho em sortilégio e sei que enfim
A vida mentiria e tanto pânico
Gerando o meu anseio que mecânico
Impede outro cenário outrora clean.
A parte que me cabe deste todo
Traduz somente ocaso e num engodo
Espero o fim de tudo e já me canso,
Aonde quis o tanto nada veio,
Persisto neste instante mais alheio
Ausente dos meus dias um remanso.

51336

Quebrar cada momento e ter apenas
O quanto me restasse e nada mais
Ainda se desvenda em temporais
As horas onde ao nada me condenas,
As sortes que pudessem mais serenas
Momentos entre tantos são venais
E os ermos de minha alma; enquanto esvais
Desvendam ilusões deveras plenas;
Amortecer a queda não impede
Sangria a cada ausência me concede
Hipócrita verdade de quem tenta
Vencer os mais atrozes desenredos
E os dias entre tantos seguem ledos
A sorte se aproxima turbulenta.

51337

No inferno onde me deito e te procuro
O caos dentro do peito gera o nada
E a sorte tanta vez já degradada
Marcando cada passo em solo duro,
O muito quanto possa eu asseguro
E bebo sem sentido a madrugada
A noite noutro tom anunciada
A vida se aproxima em ar impuro,
Gerando dentro em pouco o intenso caos
E nisto não se vendo mais degraus
A queda se anuncia em tom atroz,
Ainda que pudesse ter um rumo
O todo noutro passo não resumo
Sangrante fantasia logo após.

51338

Numa ondulante senda se envereda
O caos que tanto quis e não sabia
Ainda dentro da alma em agonia
Pagando com temor, leda moeda,
A assim a própria história já se enreda
Marcando o quanto pude em ironia,
A vida não seria uma utopia
E o passo sem sentido o tempo veda.
Razão para viver? Ah quem me dera...
A luta na verdade diz cratera
O sonho em barricadas, ruas vagas
E o todo se desenha em vaga face
Ainda que meu mundo se embalasse
Nos sonhos onde tanto em vão divagas.

51339

Caminhas entre pedras e temores
Bebendo gota a gota o desafio
E o tempo noutro rumo se desfio
Sonega o quanto quero e já não fores
Matando a primavera sem as flores
Invado esta nascente seco o rio
E o todo desenhando em desvario
Estio sem igual; meus dissabores.
A luta não expressa a realidade
E quanto mais a vida se degrade
Ausente dos meus olhos a esperança
O mundo se transforma e nada trama
Deixando no caminho o velho drama
E o passo sem destino tanto cansa.

51340

Dançando entre os diversos arvoredos
Os olhos buscam paz e nada tendo
Apenas o caminho duro e horrendo
Tramando sem sentido algum segredos,
Os cantos noutros fartos desenredos
O dia mais atroz, velho remendo
E o peso na verdade não provendo
Meus dias mais audazes, sombrios, ledos.
Ocaso se presume a cada instante
A morte algum descanso me garante
E o tempo se amortalha noutro vão,
As horas mais doridas. Nada resta
Senão a mesma face mais funesta
Marcando cada passo, ingratidão.

Nenhum comentário: