domingo, 28 de novembro de 2010

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O canto aonde tento resumir
Os atos mais felizes ou mentiras
Que tanto noutro intento interfiras
Gerando o que pudesse em elixir
O rosto se desenha no porvir
E traça o meu caminho em ledas tiras
E nisto na verdade tu retiras
O corte aonde o pude redimir,
Vestígios de outras eras dentro em mim
O passo me aproxima mais do fim
E a luta se reveste em tom venal
Ainda que pudesse ser diverso
Do todo em agonia quando verso
Não deixa do que fui nenhum sinal.

52

Negar o quanto pude e não viera
Singrar outro caminho em mar mais tenso
Aonde noutro cais me recompenso
Apenas esta vida dita espera
O rústico cenário destempera
O mundo que buscara mais intenso
E sei quando afinal em nada penso,
Somente no vazio em tosca esfera,
Esplendorosa noite em constelares
E quando tu depressa não notares
Os brilhos eficazes da esperança
A sorte sem sentido e direção
Meu sonho se perdendo em dimensão
Apenas o viver sozinho cansa.

53

Inclua em tuas preces nosso sonho
Talvez possa seguir em calmos sóis
O quanto na verdade mal constróis
E geras muito além do que proponho,
O todo se moldasse aonde enfronho
Buscando nos teus olhos meus faróis
E os dias invadindo os arrebóis
Expressam tal cenário enquanto o ponho
E tento candidez onde não há
O mundo na verdade deixará
Apenas demarcada em cicatriz
A luta mais inglória que pudera
Deixando para trás toda a quimera
Marcando o meu caminho aonde o quis.

54

Já nada mais comporta quem procura
Vencer os seus anseios simplesmente
E a vida se transforma num repente
Tornando a nossa senda mais escura,
O corte se produz em amargura
E o lado mais temido é o que se sente
Destarte no vazio a vida tente
Gerar qualquer anseio em tal ternura,
Bebesse em goles fartos o que tanto
Tramasse sem destino e não garanto
Sequer após a queda algum alento,
Depois de tantos erros eu me vejo
Num átimo medonho este lampejo
Enquanto outro caminho ainda tento.

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A lira de quem tanto enamorado
Esboça em meros sonhos o que tenta
A sorte noutra face virulenta
Negando com certeza o quanto brado,
E sei da minha vida e se me enfado
Gerando o quanto pude em turbulenta
Vontade aonde o nada me apascenta
O corte desde sempre foi notado,
Alheio ao que viria em tom suave
Ainda que deveras tanto agrave
O cântico mordaz insere o tempo
E gesta tão somente esta ilusão
E os dias com certeza me trarão
Somente o que conheço em contratempo.

56

O prazo se esgotando e nada fiz
O tanto se apresenta e já se esgarce
Aonde a vida molda algum disfarce
O todo se deixando por um triz,
Ainda que pudesse e peço bis
Amor ao perceber e mal notar-se
Esbarra no vazio e sem negar-se
Deixara dentro da alma a cicatriz,
Medonha e carcomida face exposta
De quem já no final de nada gosta
Nem mesmo de um momento em atitude,
O prazo determina o fim de tudo
E quanto noutro encanto desiludo
A vida sem remédio me transmude.

57

Já não comportaria mais um passo
Sequer outro cenário ou mesmo sorte,
A vida noutro encanto não comporte
Nem mesmo o quanto quis e já não traço,
Esqueço cada encanto e sendo escasso
O mundo sem sentido, busco um norte
Aonde meu delírio me conforte
E o vasto desejar se torna baço.
Lições que a vida trama e nada vindo
Somente o que pudesse resumindo
No nada este espetáculo vulgar,
Alheio ao que interessa a quem caminha
Vagando aonde a sorte fora minha
Não vejo mais sequer onde aportar.

58

No tanto que se quis
No pouco que terei
A sorte em nova lei
Jamais me fez feliz
O todo por um triz
Apenas eu verei
Marcando a velha grei
Em torpe céu mais gris,
Arcar com fantasia
E nada mais teria
Senão a mesma luta
Enquanto se pudesse
Vencer a velha prece
Ao fim a alma reluta.

59


Bebendo da aguardente
Que tanto merecia
O tempo em poesia
Jamais vida consente
E traça esta semente
Aonde não queria
A terra mais sombria
O passo em vão, somente.
O caos dentro do peito
O mundo onde me deito
O fim em ermo espaço
Depois de certo tempo
Ausente passatempo
Aos poucos me desfaço.

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Navego sem sentido
Em mar tão revoltoso
Aonde majestoso
Caminho agora olvido,
O tanto que lapido
Num tempo pedregoso,
O mundo caprichoso
O corte decidido,
O nada se transforma
E nesta nova forma
Informa do vazio
E o quanto houvera em nós
Ao ser decerto atroz
Transborda em desafio.

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