segunda-feira, 29 de novembro de 2010

51411/20

411

O tempo atento ao quanto tanta vez
Tentasse retrocesso e nada faz
Falência dos meus sonhos, mas tenaz
Ainda blinda e brinda o que se fez
Não vejo nem desejo, ensejo vês
O prazo por acaso não me apraz
E o carma feito uma arma marca em paz
O traste que tocaste em haste e crês.
Assisto aos ermos termos de um passado
Alado sonhador dores diversas
E as flores entre cores tu dispersas
Versando sobre o bando, borboletas
E quando mais infando infante sonho,
O marco mareando o mar medonho
Ao nada sem mais nada me arremetas.

412

Jogado nalgum canto
Num tempo mais vulgar
Vagar entre o luar
E o velho desencanto,
No fundo não garanto
Nem mesmo algum lugar
Pudesse destilar
O todo noutro manto
E o pranto se desfia
E o nada me traria
As rugas, rusgas, restos
Os passos entre paços
Os laços velhos, lassos
E os meios desonestos.

413

Lavrando o brando solo
O colo da morena
A cena me serena
Apenas nega o dolo,
E quando em ti me assolo
A luta não condena
Nem mesmo sendo plena
Viajo pólo a pólo,
E o canto em harmonia
Jamais se poderia
Perdido entre lamentos
E sei dos meus falazes
Momentos em que trazes
Somente sofrimentos.

414

Carpir cada temor
Tapir em matagal
A sorte desigual
O tanto desamor,
Ainda como for
Ou mesmo bem e mal,
Esqueço e peço tal
Momento alento e flor,
Mas nada além do nada
A sorte depredada
A dádiva divina
A porta se escancara
A face afasta e clara
Jamais a mais fascina.

415

Ouvindo o quanto pude
E nada mais viera
A sorte destempera
E traça o que me mude,
O tempo não ilude
Nem mesmo o tempo gera
O quanto desta espera
No prazo que transmude
Na rude direção
Em vão navego além,
O todo diz do aquém
E os dias que virão
Serão de tanto medo
Dos sonhos, arremedo.

416


Já não me caberia
Apenas um momento
No quanto ainda invento
O vento em agonia
O manto cobriria
O tanto em sortimento
Viver o sofrimento
E crer na fantasia,
Esquivo entre os temores
Ainda em tais tremores
Tremula a solidão,
E o passo sem ser lasso
Expressa o que inda traço
Sem paz ou direção.

417

Não pude acreditar
Na face mais sensata
De quem se me arrebata
Não deixa mais restar
Nem sombra nem luar
Ou mesmo desacata
E gasta a voz ingrata
Nas ânsias do lutar
Aumento cada engodo
E nada deste todo
Mergulha no meu eu,
E o quanto se pensara
Ainda em noite clara
No vago se perdeu

418

Risonho quando a vida
Espreita e me tocasse
Na marca onde moldasse
Apenas a ferida,
A luta decidida
A vida demonstrasse
A sordidez da face
Em senda vã perdida,
Esqueço este endereço
E quanto mais mereço
O fim já se aproxima,
Não pude e nem pedisse
Ainda em tal tolice
A luta não redima.

419

Travando a velha guerra
Batalhas, barricadas
As noites, madrugadas
O nada que me encerra
O corte a faca, a terra
As mãos já calejadas
As horas desenhadas
Nas ânsias, tanto se erra,
O prazo determina
O quanto desta mina
Explode em gêiser, quando
O mundo noutro engano
Perfaz e se me dano
O tempo sonegando.

420


Vender uma ilusão
De um mundo mais tranquilo
Aonde hoje desfilo
Em rumo e previsão
Diversa desde então
Sabendo o que destilo
Marcando cada estilo
Aonde fora em vão,
Os cantos a harmonia
A leda fantasia
A poesia morta,
E o templo se ruindo
O mundo outrora infindo
Fugindo pela porta.

Nenhum comentário: