segunda-feira, 29 de novembro de 2010

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441

A trágica expressão
Da imensa solitude
Aonde nada pude
E sei da dimensão
Dos ermos que trarão
Aquém da juventude
O passo onde se ilude
O medo em precisão,
Ainda que a redoma
No fundo não me doma
A sorte não varia,
Espero alguma luz
E o quanto se produz
É noite leda e fria.

442

Na plena insensatez
O marco mais audaz
Deveras não me traz
O quanto ainda crês
O risco, a lucidez
A ausente ou turva paz
E sei quanto é capaz
Do todo que não vês
Esbarro nos enganos
E sei dos meus profanos
Caminhos sem sentido,
No parto sonegado
No tempo desejado
O todo agora olvido.

443

Levando em meu olhar
A luz deste horizonte
E o sol já não desponte
Marcante navegar
Ausência a se tomar
E nisto a leda fonte
Matando o que me aponte
Ou mesmo a naufragar
Esqueço o quanto tenho
E sei aonde o empenho
Transcende ao que viria,
O medo que me ronda
A sorte nega a sonda
Sonega a fantasia.

444

Bufões entre diversos
Momentos paz e guerra
A sorte não encerra
Sequer meus universos
E bebo dos meus versos
Enquanto a luta emperra
E mata o que desterra
Nos tempos mais perversos,
Versando sobre o nada
A luta desenhada
Esboça o ledo fim,
Do todo que inda trago
Sequer qualquer afago
Divago em vão motim.

445

Nas árvores que trazes
No olhar de quem se fez
Além da sensatez
A vida em tantas fases
No quanto que inda aprazes
O mundo, estupidez
A vida em cupidez
A luta em ermas frases,
O corte se aprofunda
E o todo diz da imunda
Verdade sem fastio,
E o vento noutra rota
Aonde a vida brota
Expressa o desafio.

446

Poder acreditar
No quanto a vida traça
E gesta além da escassa
Vontade de lutar
O medo a se moldar
Aonde se esfumaça
E o todo também passa
Aos poucos, devagar,
Ousando num instante
O quanto se garante
Depois da tempestade,
Já não me caberia
Apenas fantasia
O sonho doma e brade.

447

Não combinasse nada
E o tempo não mudara
A face da seara
Aonde derrotada
A noite alucinada
A vida jamais clara
O corte desampara
E traga a madrugada,
Um pária coração
Sem rumo ou previsão
Apenas se entregando
Ao modo sem sentido
E nisto o que duvido
Matando em tom infando.

448

À prosa o vento traz
Harmônica vontade
Do quanto se degrade
Ou mesmo não se faz,
O passo dado atrás
Da luta que se evade
A morte, a realidade
O prazo em tom mordaz
Alucinadamente
O quanto a vida mente
Desmente qualquer sonho
E vendo o meu caminho
Sem nada onde me alinho
O tempo é mais bisonho.

449

O quanto conhecia
Do todo e não soubera
Apascentar quimera
Pousando na agonia
A vida em utopia
Aos poucos degenera
E o verso destempera
E nada mais teria
Sequer o que busquei
A luta em nova grei
O caos dentro de mim,
Depois de certo alento
Somente o sofrimento
Acende este estopim.

450

A luta na verdade
Incendiando o peito,
E sei que insatisfeito
Matei felicidade.
Ausente liberdade
Pudesse noutro pleito,
Mas quando nada aceito
A luta se degrade,
O manto se puíra
Recolho cada tira
E vibro em meus retalhos
Os dias que virão
Na certa em negação
Serão somente falhos.

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