segunda-feira, 29 de novembro de 2010

51501/10

51501

Esqueço cada passo
Aonde pude outrora
Viver o que apavora
E ter onde desfaço
O rumo noutro traço
E o todo desancora
A luta revigora
E mostra o tom escasso,
Espreito na tocaia
O quanto a vida traia
E vejo tão somente
A luta sem descanso
E quando nada alcanço
O tempo atenta e mente.

51502

Pensar neste vazio
No corte mais profundo
E neste vago mundo
Aonde o desafio
E sei do vale, o rio
E tanto num segundo
Enquanto vagabundo
Seguisse em desvario.
Ausento do que pude
Cerzindo o quanto é rude
O rumo sem destino,
E nada mais traduz
O quanto ausente em luz
Deveras não domino.

51503

Solúvel como um sonho
O mundo; aonde adentro
Procuro um novo centro
E nada mais proponho,
O quanto decomponho
E nisto me concentro
Deixando bem no centro
O tempo mais tristonho
E vago sem sentido
Aonde desprovido
Do todo nada tinha
Somente o que perdendo
Moldara em tom horrendo
A voz torpe e mesquinha.

51504

Abrindo este cenário
Em claros raros sóis
E nada mais constróis
Além do necessário,
O mundo em seu fadário
Pudesse em teus faróis
Viver quanto remóis
Nos ermos, solidário.
Esqueço do meu canto
E sei que ora me espanto
E salto sobre o nada,
A luta se esvaíra
Nos ermos da mentira
Nas ânsias desta estada.

51505

Não pude e nem tentara
Vencer o quanto havia
Da torpe fantasia
Ou mesmo desta amara
Vontade onde se ampara
A luta em sincronia
Poeira restaria
Na estrada em vã seara,
Acordos sonegados
Os dias relegados
Aos ermos de quem tenta
Tecer com emoção
As horas que trarão
Apenas vã tormenta.

51506

O tanto nada diz
Se não pudesse ouvir
O mar quando bramir
O tempo em cicatriz
Gestando por um triz
O quanto sei por vir
E nada a resumir
O passo onde se quis,
O corte se aprofunda
E nada mais me inunda
Senão a solidão
E a sorte tanto imunda
No tanto que oriunda
Expressa a dimensão.

51507



Bebendo sem descanso
Do todo que não vira
Apenas a mentira
Aonde ainda alcanço
Traduz este remanso
E nada mais retira
Senão a velha mira
Em vão sequer avanço,
E blindo cada passo
Enquanto me desfaço
E sinto a dor imensa
Do quanto pude outrora
A luta que apavora
Renega a recompensa.

51508

Compassos diferentes
Em ritmos confortáveis
E nisto mais tragáveis
Os sonhos que pressentes
No quanto me apresentes
Os olhos entre afáveis
Caminhos mais aráveis
Sorrisos pertinentes,
E o tempo que contemplo
Gerando em mim teu templo
Exemplo do que pude
Viver sem ter apenas
O olhar onde condenas
O canto em plenitude.

51509

Meu verso sem futuro
Ninguém mais o lerá
E o todo desde já
Negando o que procuro
Gerando neste escuro
A sorte não virá
E o corte moldará
O quanto em vão perduro,
O prazo se esgotando
Meu canto em contrabando
Arcando com engano
E quando mais me orgulho
E neste vão mergulho
Deveras já me dano.

51510


O medo não traduz
O todo que inda tenho
E quando além desenho
O mundo em contraluz
Ao tanto que me opus
O ritmo não convenho
E sei do vago empenho
Na velha e farta cruz,
Humana desventura
A luta não depura
E trama este silente
Cenário em turbilhão
Na vaga dimensão
O rumo em vão se tente.

Nenhum comentário: