segunda-feira, 29 de novembro de 2010

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21

Não pude controlar
As ânsias costumeiras
E quanto mais tu queiras
Diverso caminhar
Ainda em tal lugar
As horas derradeiras
Marcantes corredeiras
No manto a mergulhar
Vagasse entre os meus ermos
E quanto mais nos vermos
Veremos outros danos,
Os sonhos não validam
Os dias onde lidam
Apenas desenganos.

22

Marcar com cada escasso
Momento o que inda venha
E o tempo noutra ordenha
Expressa o quanto traço
Do mundo sem espaço
Da luta onde se empenha
A sorte não convenha
E deixa o sonho lasso,
Carpindo a leda ausência
De quem em tal ciência
Pudesse, mas não veio,
O olhar sem direção
O tempo e a precisão,
Mergulho em devaneio.

23

Marcar em cicatriz
Profunda o que pudera
Trazer além da espera
O todo que mais quis,
O risco do aprendiz
A luta destempera
Ainda em primavera
O corte em tal raiz,
Vencido pelo ocaso
Ao todo se me atraso
Não vejo outra saída
Perdera desde início
No imenso precipício
Qualquer sinal de vida.

24

Marcar em cada espaço
O tempo sem sentir
O quanto no porvir
Ainda quero e traço
Meu canto mais devasso
O todo a competir
Sem nada a redimir
O mundo agora escasso,
Esqueço por ventura
E nada se afigura
Somente a solidão,
A luta sem proveito
O resto onde me deito
O céu, leda amplidão.

25

Arquivo cada sonho
E tento novamente
Embora se apresente
Um ar tosco e medonho,
Aonde em vão me enfronho
Buscando o que somente
Trouxera uma semente
E nada mais componho,
Vestindo esta ilusão
Em verso e sedução
A dama se faria
Reinando sobre tudo
E quanto mais me iludo,
Maior esta agonia.

26


Deixara para trás
O tanto que te quis
E sei ser mais feliz
Ao passo onde se faz
O dia mais audaz
Marcando em chamariz
O todo não desfiz
E a luta nada traz,
ausento do que invisto
E sei que apenas nisto
O mundo se resume,
Do todo que viria
A noite em fantasia
Expressa o vão perfume.

27



Negociando a queda
Sem fato consumado
Aonde tento e brado
A luta se envereda
E o nada quando veda
O passo sonegado
Meu tempo desenhado
O meu futuro veda,
Aquém do quanto tenho
E sei deste desenho
Em vária garatuja
Minha alma me condena
E nada mais em cena
Senão esta alma suja.

28

Viver a hipocrisia
E crer noutro momento
Ainda quando invento
O sol não me traria
A luz que se irradia
No olhar do pensamento
O mundo em desalento
A sorte sempre fria,
E tento sem sucesso
A vida em tal regresso
Pregressa sensação
De um dia mais dorido
E nada resolvido
Apenas negação.

51529

Um verso, numa frase
O todo se desfaz
O corte mais mordaz
Meu passo sempre atrase
E a vida dita em fase
Diversa o que se faz
O manto satisfaz?
Negando o que me embase,
Apenas sou assim
Resulto deste fim
E mato o que inda sobre,
O tempo se desnuda
A sorte queda muda
Fingindo então ser nobre.

51530

Seria muito mais
Que o corte em leda esfera
A noite destempera
Em vários vendavais
E quero e me contrais
O tempo sem espera,
A morte desta fera
Não posso ver jamais,
Esqueço o que inda trago
Ao largo deste mago
Momento em tom atroz,
Calando o que me resta
A vida desonesta
O mundo já sem foz.

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