terça-feira, 30 de novembro de 2010

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Pudesse no horizonte em manso olhar
Apenas descobrir a silhueta
Daquela a quem o sonho me arremeta
E traz vero sentido ao verbo amar,
Tentando nos teus braços me entregar
A noite se desenha e me prometa
Jamais se resumir numa falseta
Nem mesmo outro delírio desenhar,
Apresentando a sorte onde me dera
Gerando dentro em mim a primavera
Há tanto procurada e já perdida,
A sorte noutra face se desenha
E o quanto deste sonho ainda venha
Reinando sobre toda a minha vida.

2

As horas solitárias, vagas, pálidas
O medo se desenha em cada face,
Aonde novo rumo se moldasse
As ilusões decerto são crisálidas,
As sensações diversas, mesmo as cálidas
O tempo se traduz e tanto passe
O quanto noutro canto se mostrasse
Deixando para trás noites esquálidas.
Esquartejando os sonhos, onde pude
Vencer o meu caminho atroz e rude
Gerando algum instante de emoção,
A presa predileta da esperança
Aos poucos sem um cais agora cansa
E sabe desta vida em solidão.

3

Restando algum luar dentro do peito,
O mundo se desenha noutra forma
E o caos domina tudo e já deforma
Devora cada sonho onde me deito,
E sei do quanto pude e não aceito
Sequer a solidão quando se informa
Da luta que deveras só deforma
O prazo noutro rumo ora desfeito.
Espúria criatura nada traz
Servindo de mortalha a quem, mordaz
Apresentara a morte como um sonho,
E bebo da sanguínea sensação
Da luta que bem sei etérea e em vão
Enquanto nada mais busco ou proponho.

4

Já não me iludiria com tal fato,
Apenas sou sincero e nada mais,
Os dias se repetem, sempre iguais
E nestas dores tantas; meu retrato
E quando a solidão enfim constato
Seguindo cada passo e tu me trais
Enquanto na verdade sem um cais
O marco se desenha em tal destrato,
Somente desacato o quanto resta
No peito de quem tenta ver em festa
Aquilo que jamais pude viver,
A morte me apascenta em face morna
E sei da desventura que se entorna
Matando num instante o amanhecer.

5

Sou verme e de tal forma sigo alheio
Aos tantos vãos desejos da ilusão,
E sei que no final a solidão
Trará cada momento e não receio,
Apenas quando muito devaneio
E tento prosseguir em direção
Diversa, mas meus olhos mostrarão
Somente ao quanto pude e nada veio.
Ao ver-me inerme e posto assim de lado
Já nada mais pudera e enfim me evado
Dos cânticos perdidos noutro rumo,
Engodos tão frequentes numa vida
Propensa a se findar, num suicida
Caminho para o qual em paz me aprumo.

6

Negar o que inda possa haver em mim
E ter apenas nada em referência
A luta se mostrara em indulgência
E o tempo se apresenta já no fim,
O corte da esperança, este estopim
Não é somente mera coincidência
A lua se desenha em inclemência
Mostrando cada engano de onde eu vim,
Escassas luzes ditam meu futuro
E nada mais que possa eu asseguro
Somente esta semente que não brota,
A porta se fechara e me atormente
Saber da solidão, turva corrente
Meu barco vai sem rumo em tosca rota.

7

Somente o que me resta
Após o nada enquanto
A vida eu não garanto
A sorte é desonesta,
Abrindo a rude fresta
Tormenta e desencanto
Ao ter no olhar o pranto
A morte ao fim se empresta
E gera a solitude
E nela o que mais pude
Apenas não traria
Sequer o quanto em paz
A sorte se desfaz
E mata a fantasia.

8

A vida em gargalhadas
As horas em fastio
Os erros, desafio
Marcantes alvoradas
E sei dos velhos nadas
E neles cada fio
Traduz meu desvario
Enquanto me degradas,
Desfraldas ilusões
E sei que quando expões
Os versos noutro tom
A sorte se desdenha
E marca cada senha
O amor seria um dom...

9

Não tenho este conforto
De quem pudesse amar
E sei do caminhar
Além de qualquer porto,
Aonde quis aborto
O tempo a desenhar
Qualquer outro lugar,
Apenas semimorto,
E sinto o quanto escasso
O dia quando o traço
Vestindo a luz em paz,
Destarte não suporte
A luta sem um norte,
O canto mais mordaz.

51580

Sou nada e ao nada volto
Depois de tanta luta
A vida sendo astuta
O passo aquém me solto,
E trago e não me escolto
Nos ermos de quem luta
A sorte atroz e bruta
À toa eu me revolto,
Espero uma tocaia
E o quanto a vida traia
Expressa esta verdade,
Apenas sendo assim
Espero o medo e enfim
A solidão me agrade.

1

Não tendo mais saída
Depois de tanto engano
Aonde me profano
Programo nova vida,
A sorte dividida
A luta em novo plano
O corte onde me dano
A morte presumida,
Bebendo da saliva
De quem já sobreviva
No amor em temporais
Dos ermos mais vulgares
Os rios que tramares
Dos mares, velhos sais.

3

Vestígios de ilusão
Apenas o que trago
E sei do velho afago
Diversa dimensão,
Os erros que virão
O corte onde me alago
Somente em vão divago
Buscando a solução
Esqueço cada engodo
E sei do imenso lodo
Aonde divisara
O mundo sem um traço
E nisto nada faço
A sorte? Apenas rara.

4

Já não comportaria
Nem mesmo alguma luz
O quanto reproduz
Da velha fantasia
Ainda se veria
O tanto que conduz
E nada inda faz jus
E nisto esta agonia.
Gerindo o passo em vão
Os dias me trarão
Apenas face amarga
A voz já não se ouvindo
O amor que penso infindo
Aos poucos, vai, me larga...

5

Desejos entre anseios
Diversos e vorazes
A vida em novas fases
Delírios, belos seios
E tantos devaneios
Os passos onde trazes
As horas quando fazes
Dos sonhos velhos meios,
Erguendo o meu olhar
Neste horizonte além
O tanto que convém
Não vale mais tentar
Vencido pelo nada
Aguardo a derrocada.

6

O medo se traduz
No olhar de quem pudera
Vencer a velha fera
E ter no peito a luz
E o quanto reproduz
Da sorte e nada espera
Apenas se tempera
A vida em dor e cruz,
O medo é companheiro
E sei do meu canteiro
Em ledo espinho e dor,
Vagando sem sentido
Meu canto resumido
No raro dissabor.

7

A mão que acaricia
Também esbofeteia
A lua não viria
Somente plena; cheia,
A morte em agonia
Deveras devaneia
E gera a fantasia
E nada mais receia,
Perfume de esperança
Apenas a mentira
E o corte quando avança
Retalha em fina tira
O quanto da fiança
A vida já retira.

8

Bebendo desta mágoa
O quanto resta em mim,
A vida onde deságua
Traduz inteiro o fim,
A sorte noutra frágua
O fogo traz assim
Refém que dentro d’água
Esqueço por que vim,
Esgoto o quanto pude
E nada mais teria
Além do céu mais rude
A sorte em agonia
Marcando em atitude
O quanto não queria.

9

Cindindo o meu caminho
Nas ânsias de um vazio
E quando em ti me aninho
O sonho sempre crio,
Vagando tão sozinho,
Amor é desafio,
E nisto me avizinho
Do intenso desvario,
Bebendo a sorte atroz
Já nada me coubera
Cessando a minha voz
Mortalha em rara espera
O rio perde a foz
O sonho? Uma cratera.

51590

Não quero outro momento
Diverso do que vivo
E sei do ser cativo
E nisto me atormento,
O sonho que alimento
O passo onde me crivo
Do ser mais criativo
Vivendo em raro alento,
Pudesse acreditar
Nos dias que virão
E sei da solidão
E nisto a me buscar
Enfrento o que restara
Aquém desta seara.

1

No caos que a vida traz
O mundo não soubesse
Vencer e crer na messe
Que sei ser mais audaz,
Mas quando a rude paz
No fim não se oferece
O todo se merece
E gera o caos tenaz,
Além do quanto possa
A vida sendo nossa
Espera alguma sorte
Meu verso se perdendo
A vida este remendo
Que nunca mais conforte.

2

Ouvir o mar em mim
Beber deste desejo
E quanto mais almejo
Maior será meu fim,
O tempo de onde vim
O canto em que me vejo
A morte num lampejo
Traçando sempre assim,
O vândalo cometa
Aonde se arremeta
Presume a mesma queda
Meu mundo se envereda
Nos ermos de minha alma
E nada mais me acalma.

3

Já nada mais trazendo
Quem tanto quis a sorte
E quando não conforte
A luta em tom horrendo,
Aos poucos vou morrendo
Sem nada que suporte
A vida diz do corte
Aos poucos se prevendo,
Percebo o fim de tudo
E quando em vão me iludo
Esgoto a caminhada
No pouco que inda resta
A solidão atesta
Apenas este nada.

4

Mensagem de esperança?
Quem dera se eu pudesse
A vida não merece
Sequer o que se avança
Proponho em tal mudança
A sorte noutra messe
E o vago que entorpece
Sonega uma aliança.
Medonha luz em nós
O mundo velho algoz
Jamais descansaria
Enquanto a sorte muda
E nada mais ajuda
A luta se faz fria.

5

Não tenho mais caminho
E sigo sempre alheio
Ao quanto mais receio
Ou mesmo sou daninho,
Vestindo o mais sozinho
Cenário onde permeio
Meu passo em tom alheio
Avinagrando o vinho,
Escassa luz que trago
No fundo sendo vago
O mundo que desdenho
Do todo imaginário
Apenas temerário
E tosco, vão desenho.

6

Sem ter um refrigério
Minha alma em polvorosa
Matando qualquer rosa
A vida sem critério,
O passo sem mistério
O quanto é caprichosa
A sorte majestosa
Calando algum império.
E o tempo destroçando
O mundo desde quando
Pudera acreditar
No quanto não havia
Sequer em fantasia
Cansado de lutar.

7

Nos ermos da esperança
O tempo se desnuda
E a sorte sem ajuda
Ao nada enfim me lança
E quando o tempo avança
A luta se amiúda
E tanto nada muda
Enquanto o fim alcança
Espreito outro momento
E sei que sempre tento
Até quando não pude
Vestindo a fantasia
De quem tanto queria
E a vida desilude.

8

Não resta quase nada
Do todo que buscava
A sorte mera lava
A luta desolada,
E quanto mais se evada
Do corte quando trava
o passo desta escrava
Vontade desdenhada,
Negar qualquer alento
E sei no quanto tento
Apenas outro passo,
Vestindo a face espúria
Somente esta penúria
Num tempo mais escasso.

9

A sólida certeza
Da morte que já vejo
Bebendo o meu desejo
E dele sendo presa,
A luta sem surpresa
O corte mais sobejo
O medo onde prevejo
A imensa correnteza,
Navego contra a fúria
Da imensa tempestade
E o passo se degrade
Apenas sem lamúria
O tempo se renega
Numa alma fria e cega.

51600


Não tive nem teria
A sorte que buscara
A luta se declara
E nada mais viria
Sequer a fantasia
Tomando a noite clara
A cena bem mais rara
Jamais se revivia,
E o prazo determina
O quanto em cristalina
Vontade não virá
O mundo desatando
O corte desenhando
A morte desde já.

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