quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

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631

O amor jamais coubera em nós
E o tempo denuncia a morte e a dor,
Aonde poderia e quer e for,
A sorte não desenha nada após,

A luta desdenhosa, mesmo algoz
Marcando com seu canto o dissabor
Gerando o que pudesse em multicor
Trazendo dentro da alma a mesma foz,

Meu mundo se desdenha e nada gera
E a luta se transforma em leda espera
E nada mais pudera senão isto,

E vendo retratada a minha face
Aonde quer que possa e mesmo grasse
Depois de certo tempo, enfim, desisto.


632

Pudesse inda contigo ter a sorte
De ter novo momento feito em paz
Meu canto se desenha e mais audaz
A luta sem ter nada que conforte,

Percorro o meu caminho e sem o norte
O tanto quanto possa e nada faz
Apenas solidão a vida traz
E gera o que talvez não me comporte

A luta sem descanso, outrora cedo
Agora desvendando outro segredo
Expressa a solidão e nada além,

Depois de certo tempo, angústia e dor
O mundo se desenha em dissabor
Somente este vazio agora vem.

633

A voz já dominando o sonho
Apenas o vazio se moldara
E nada mais pudesse em noite amara
O tempo se transforma em tom medonho,
Aonde mais pudesse e não proponho
Somente se estendendo em tal seara
A luta noutra face se escancara
E gera o que tentara enquanto enfronho,
Espero a luta e bebo a paz,
O corte se mostrando aonde traz
A face sem medida e sem razão,
Meus erros cometidos, sou sincero,
Traduzem muito além do que mais quero
Toando desde sempre sem senão.

634

Um tempo mais diverso poderia
Traçar novo caminho em minha vida
A sorte tantas vezes já perdida
Marcando com delírio a fantasia

Bebendo a me fartar tanta alegria
Ainda quando a morte se decida
A dita na verdade desprovida
Somente noutro passo levaria.

O mundo sem sentido e sem razões
Aonde sem certeza tu me expões
A marca desta luta em vaga luz,

Aonde se queria novo rumo,
Aos poucos noutro engodo eu me consumo
E o todo sem certezas reproduz.


635

Enquanto eu me disperso do cenário
Tentando acreditar noutro momento
A vida vai se expondo em ledo vento
Além do que pensara necessário,

Meu canto muitas vezes temerário
Gerado pela dor do alheamento,
O quanto poderia o pensamento
Mudando com certeza o itinerário.

O tempo se desenha em tom diverso
E quando na verdade busco e verso
Rasgando esta amplitude em céu imenso,

Ainda que pudesse nada trago
Sequer outro caminho em raro afago,
E nesta solidão eu me compenso.

636

Meu canto temerário nada diz
Nem possa me trazer felicidade,
Sonega o que pudera em claridade
E traça tão somente a cicatriz,

Ainda que lutasse por um triz
A vida pouco a pouco já degrade
E tenta muito além a liberdade
Diversa da que tenho ou mesmo quis.

A sorte se diverge e rege o vão
Olhando para além na imensidão
Apenas o cenário se desponte

Traçando o que inda resta dentro em mim,
O mundo desdenhando agora o fim
Renega o que pudesse ser a fonte.

637

Perverso caminhar em noite vã
O medo sem sentido, a dor e o tédio
E o quanto se pudera ser remédio
Matando em nascedouro esta manhã;

A noite dentro da alma nada dita
Senão o que pudesse ser diverso
E quando noutro rumo ainda verso
A luta se aproxima em vã desdita,

O caminho se mistura e gera o caos
A sorte desfigura o que inda vinha,
Quem sabe da dor mesquinha
Acorda seus instintos ledos, maus.

E traça novamente o que não veio
Marcando cada passo em vão receio.


638

Versejo em ilusões momentos tais
Aponto com meus olhos novos sóis
E quando cada sonho tu destróis
Momentos que julgara divinais

Faceta mais real em desiguais
Caminhos onde tudo matas, róis
E o corte se mostrando sem faróis
Marcando os meus tormentos já fatais.

Espero qualquer sorte e nada vem,
Somente o mesmo olhar feito em desdém
E nisto o que pudesse não produzo

Aprendo com a dor e sei do quanto é rude
O mundo que deveras não se mude,
Num ato tão atroz quanto confuso.


639

Refém do que pudera ser melhor
O tempo não desenha sem a luz
E quando se apresenta aonde o pus
Cenário demonstrando este arredor,

Apenas desenhando em tal suor
Delírios destes corpos belos, nus
E o canto na verdade nos seduz
E vivo deste mundo o bem maior

Do amor que se fizera sem sentido
O todo noutro passo resumido
Gestando a claridade a cada instante,

O mundo sem temor, leda promessa
Aos poucos noutra senda recomeça
E gera este cenário deslumbrante…


640

Pudesse envelhecer em calmaria
Vencendo os meus anseios e temores
Seguindo cada passo aonde fores
Gerando dentro em nós a fantasia,

A sorte muitas vezes poderia
Traçar outros momentos e louvores.
Mas quando se perdendo em desamores
A luta com certeza me agonia.

Meu mundo se desenha em novos tons
Enquanto os dias fossem bons
O canto desejasse apenas paz,

Mas sei do quanto resta em noite amarga
A voz já sem resposta então se embarga
E apenas o vazio não compraz.

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