quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

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681

Nasci em liberdade e sigo assim
Sem medo das amarras nem algemas
E quando na verdade ainda temas
O mundo trago inteiro e até o fim.

Resumo em todo passo de onde eu vim
Os velhos caminhares, ledos temas,
Traduzo o que sinto em meus poemas,
E trago dentro da alma este motim.

Já não me caberia novo engodo
Tampouco o que pudesse ser diverso
Do todo desenhado em cada verso,

E mesmo retratando a lama e o lodo,
A face mais sensata não viria,
Jamais se compartilha em poesia.

682

Um ato sem sentido ou precisão,
A poesia dita o quanto crê
No mundo aonde o tempo sem por que
Já não demonstraria a direção.

Os erros cometidos moldarão
O todo aonde o nada inda se vê
Vestígios de uma luta e se revê
O farto desenhar em passo vão.

Escuras noites dizem do abandono
E quando no final me desabono
Apresentando o passo em tom disperso.

Ainda quando pude acreditar
No engano desdenhoso a divagar
Apenas para o nada agora eu verso.

683

Pudesse acreditar num novo fato
E nisto desenhasse alguma fonte
Do quanto poderia e sempre aponte
Moldando o que tentara e não resgato.

O templo aonde o tempo em vão constato,
O rústico cenário em leda ponte,
Ainda polvilhando no horizonte
O tanto que pudera ser mais grato.

Não vejo sequer sombras do que fora,
Esta alma mais sensata e sonhadora,
Gestando cada passo rumo ao fim.

Ao embasar meu sonho no passado
Enquanto em solidão, eu já me evado
Traduzo o que inda resta dentro em mim.

684

Apascentar em frágil lucidez
O muito que abandono e não veria,
Apenas desenhando em tal sangria
O que a cada passo se desfez.

Meu verso se desfaz e nada vês
Somente a mera face, hipocrisia,
O todo desenhado em poesia
Aproximando a vera insensatez.

Ao ver o meu retrato noutra senda
Somente o que inda possa se desvenda
Marcando com constância a liberdade.

Um pária simplesmente e nada além,
O canto na verdade quando vem
Expressa o que decerto não agrade.

685

Podendo acreditar no amor eterno
E ter a sensação de ser só teu
Ainda quando o mundo se perdeu,
Criando este momento amável, terno.

O sonho de poder ser mais fraterno
E o manto que em belezas já se deu
Moldando o coração além do breu
Trazendo a primavera em pleno inverno.

O renovar das forças permitindo
Um dia mais suave, e mesmo infindo
Neste infinito feito em puro amor.

Vibrando este vital pressentimento
Aonde o que pudesse teimo e tento
Seguindo com firmeza aonde for.

686

A vida em tais facetas se diverge
Do passo aonde o todo não tramara
Além do que pudesse em tal seara
O canto mais feliz em paz emerge,

E nisto a fantasia enquanto imerge
Expressa a claridade audaz e rara,
No todo desenhado se escancara
Etéreo caminhar jamais se asperge.

O caos após o caos traduz novel
Cenário aonde o mundo traz o véu
E dele se desenha algum futuro,

O ocaso dentre tantas heresias
Aonde os meus tormentos tu verias
Num ato tão atroz onde perduro.

687

Num único momento a vida trama
O todo desenhado desde quando
O mundo noutro passo se tornando
Além do que pudesse em medo ou drama.

Apenas a verdade de quem ama
Traduz um sentimento imenso e brando,
Em consonância segue, pois vibrando
A sorte que deveras se reclama…

O prazo delimita o quanto pude
E sei da mais diversa plenitude
Aonde o meu desejo se permite.

No caos gerado após a tempestade
O tanto quanto possa se degrade
Jamais ultrapassando algum limite.


688

Levando para além o olhar vazio
Depois das noites frágeis, ilusões
Ainda quando tanto não me expões
O vasto caminhar, nunca o recrio.

O prazo determina o desvario
E os ermos dentre tantos, expressões
Moldando ainda várias dimensões
Do mar aonde o passo eu desafio.

Na sólida faceta de uma vida
Cansado de lutar em dura ermida,
Vagando pela noite em tal segredo,

Ainda que pudesse nada tenho,
Senão a garatuja, o vão desenho
Aonde sem defesas me concedo.

689

Libertas que serás também liberto
E gere noutro dia a sorte imensa
De quem num vago instante, recompensa
O todo aonde apenas me desperto.

E o longo caminhar em campo aberto,
Na noite aonde aflora a luz intensa
Gestando esta emoção aonde tensa
A sorte não viria a descoberto.

Ascendo ao que pudesse em pensamento,
E o tanto quanto quero e não lamento
Expressa a dignidade de quem sonha,

Das ramas mais diversas do arvoredo
O quanto m novo rumo eu me concedo
Permite uma verdade mais bisonha.


690

Não mais me caberia qualquer fato
Sequer acreditar no quanto pude,
Vestindo a solidão, numa amplitude
Diversa da que agora em mim constato.

Apresentando o rústico retrato
Açoda-me beber em plenitude
Realidade tantos nos ilude
E o mundo se servindo em raso prato.

Hipócritas burgueses pelas ruas,
As deusas sem escrúpulos; cultuas
E bebes cada gota deste fel

Depois aquém do todo onde pudera
Detalha em cada passo a velha fera
Num ato tão venal quanto cruel.

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