sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

51751/60

51751

Habito as tempestades
E vago em ermos quando
O mundo desenhando
Apenas traz as grades

E sei que desagrades
O tempo em contrabando
Mergulho me inundando
Aonde agora evades.

O caos invés do cais
Os dias desiguais
Errático cenário.

Negar a previsão
Saber do mesmo não
Dos sonhos, o inventário.

51752

Lutando em parcimônia
Com tantas heresias
E o quanto me trarias
Negasse a cerimônia

Jardim morta a begônia
As horas, agonias
As sortes que verias
Trazendo além a insônia.

Esqueço o que ventura
Pudesse e se assegura
No infausto deste nada,

A noite se aproxima
Insuportável clima
Adentra a madrugada.

51753

Não tenho mais saída
E nem que inda pudesse
Vencer a dor em prece
A luta sempre acida,

O todo se duvida
E a sorte em vão se tece,
Apenas obedece
A leda despedida.

Incauto sonhador
Nas ânsias de um amor,
A provisão sonega

Esqueço alguma sorte
E o todo não comporte
A vida amarga e cega.

51754

Um verso além do sonho
Pudesse me trazer
O claro amanhecer
Num mundo mais medonho,

E quando eu me proponho
Tentando algum lazer
Meu canto a se perder
E nada ao fim componho.

A luta não permite
Sequer qualquer limite
Aonde poderia

Cerzir em leda teia
O quanto me rodeia
Em noite amarga e fria.

51755

Ausento do que um dia
Pudesse ser maior
E sei que no redor
Do sonho nada havia,

A luta mais sombria
Cenário sei de cor
O quanto fui pior
Já nada me traria.

Numa expressão dorida
Perdendo a minha vida
Ou mesmo o que inda resta.

Bastando para tal
Um gesto em ritual
Que ao nada enfim se empresta.

51756

Escuto a voz de quem
Há tanto não se traz
Nem mesmo a leda paz
Que sei jamais convém

E nisto o quanto tem
Pudesse mais tenaz
Num erro contumaz
Não sou bem sei, ninguém

Uma expressão inerte
Meu passo se converte
Na turva penitência

Do quanto houvera em nós
Apenas vejo a foz
Completa incoerência.

51757

Apenas meu jazigo
O que inda restaria
Em torpe fantasia
O quanto em vão persigo,

E assim tanto prossigo
Vagando a cada dia
No todo em heresia
Expresso o desabrigo.

E o medo traz além
Da luta quando vem
Em plena sordidez

Assumo os meus enganos
E sei dos frágeis planos
E nada mais se fez.

51758


O mundo desafia
A luz que não recebo
E o quanto sou placebo
Jamais dita a alegria,

A voz não poderia
Trazer onde percebo
O tempo onde eu concebo
A luta a cada dia.

Não tendo outra saída,
A sorte dividida
A parte que me cabe

Expressa o sem futuro
Caminho que inseguro
Aos poucos já desabe.

51759

Não tenho mais o quanto
Desejo e até mereça
A sorte que apeteça
O sonho onde me espanto,

E vivo assim, portanto
Ainda que enlouqueça
Só peço que me esqueça
Ou rasgue o turvo manto.

Escória tão somente
Aonde quer que eu tente
Não vejo outra saída,

Apenas me desdenho
E sei deste desenho
Marcando a despedida.

51760


No prazo aonde um dia
O sol inda brilhasse
Gerando o mesmo impasse
E nele se traria

A sorte em agonia
Mergulho aonde embace
E o nada se moldasse
Bem mais do que teria.

Esquivo camarada
Na luta aonde evada
Meu passo em tal fastio

Não tendo o recomeço
Ausento e no tropeço
Meu tempo em desvario.

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