segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

COROA MAGNA DE SONETOS PTE 2

1400

Ancoradouro manso, a dor adia.
Porém quando eu pressinto amanhecer
O sol vai se mostrando em fantasia
Trazendo, mesmo falso, algum prazer.

Nas mãos tão movediças da alegria
A vida inda permite conceber
A glória de um sorriso. Em ironia,
A pérfida ilusão não deixa ver.

O quanto em teimosia, o sonho chega
E nele um arremedo de esperança
Trazendo algum alivio, mesmo em nada.

Deitando noutros braços, numa entrega
Que embora sendo falsa, me descansa,
Assim caminha a terna madrugada.



1401

Na espera de um sublime amanhecer
Escuto tais palavras mais benditas,
O quanto a vida empresta em bel prazer
Trazendo para o sonho estas pepitas.

Ourives lapidando passa a crer
Em noites e manhãs bem mais bonitas.
Quem dera nos teus braços me perder,
Buscando o teu olhar quando me fitas

E nele me embrenhando, ser teu par,
Vivendo tão somente por te amar,
Colecionando risos e venturas.

Entregue ao sentimento mais sublime,
No amor que em perfeição já me suprime,
Envolto em braços plenos de ternuras.

1402


Envolto em braços plenos de ternuras
Eu faço de meu verso o que bem quero,
O quanto coletando em desespero
Demonstra quem viveu somente agruras.

Palavras benfazejas sempre puras
Não servem pra quem sofre de tempero,
Na costumeira forma, este godero
Invadindo o trigal, tolas procuras...

Eu bem te vi tentando ser alguém,
Porém quem um vazio assim retém
Não pode, na verdade ser mais nada,

Senão uma pessoa amargurada
Reflexos tão cinzentos, constatados,
Em versos desconexos, malfadados...

1403


Em versos desconexos, malfadados
Distante de teus olhos me perdi,
Lançados com certeza, novos dados,
A sorte finalmente eu conheci

Caminhos maltrapilhos desviados
Encontro a plenitude sempre em ti.
Ao vislumbrar assim divinos prados
Decerto tanto amor estava aqui.

O amor faz necessária cada rega
Floresce então em rara maravilha.
A glória que essa luz ora engatilha

Por mares mais tranqüilos já navega
Ceifeiro da esperança, o verso agora,
Percebe quando amor intenso aflora...

1404


Percebe quando amor intenso aflora
O peito que se dá sem querer nada.
De tanto que eu te quero desde agora,
Primícias de uma sorte engalanada.

Vivendo esta alegria vida afora
Minha alma na tua alma retratada
Prazer que cada sonho revigora
Mudando com firmeza a velha estrada.

Espinhos, pedregulhos esquecidos,
Não tendo mais temores, vou em frente.
Caminho mais sublime se pressente

Após tantos atalhos percorridos
Nem mesmo uma saudade contradiz,
Eu posso finalmente ser feliz.



1405




Eu posso finalmente ser feliz
Sabendo que tu queres meu desejo
O quanto deste amor já se prediz
Permite que se encante neste ensejo.

Do beijo, na verdade, eu quero bis
A glória deste sonho, eu sempre vejo
Rondando minha noite outrora gris
Agora iluminada com traquejo.

Um colibri que pousa numa flor,
Reflete esta vontade insofismável.
Dizendo com clareza farto amor.

Estrelas espalhando em minha vida,
Prometem um momento inenarrável
Trazendo uma alegria já perdida...


1406

Trazendo uma alegria já perdida,
A boca que me encanta em voz e sonho,
Meus lábios no teu corpo quando ponho
Expõem esta explosão farta e querida.

Minha alma se encontrava distraída
E ao ver este caminho tão risonho,
Depois de tanto tempo andar tristonho,
Encontro enfim razões pra minha vida.

Roçando os teus sentidos, tua pele,
Bebendo cada gota, amor compele
Ao gozo em plenitude, farto imenso.

Teu nome no meu peito tatuado,
Em carne viva, espaço demarcado
A cada novo beijo em ti, mais penso...

1407


A cada novo beijo em ti, mais penso
No amor que se fez nosso e ninguém nega,
Decerto deste sonho eu me convenço
Enquanto alma deseja e assim se apega

Ao mesmo tempo aberta essa janela
Refestelado sonho me inebria.
O quanto eu te desejo se revela
E invade sem demora, a poesia.

A vida transcorrendo sem entrave,
Imersa em alegrias e prazeres.
Carinho delicado e tão suave
Do jeito e da maneira que quiseres.

Amor em perfeição puro e sincero,
Do mel de tua boca eu sempre quero...


1408



Do mel de tua boca eu sempre quero
Voraz, calmo, sereno, audaz... Perfeito.
Sentindo o teu perfume quando deito
Encontro a maravilha que eu espero.

A vida traz um vento às vezes fero,
Mas quando em regozijo eu me deleito
Aguardo que tu venhas ao meu leito,
Assim nesta alegria/amor prospero.

As roupas pelo chão são testemunhas,
Dos sonhos que comigo tu compunhas
Em ritos desejados e carnais.

Destino feito em êxtase divino,
Contigo meu amor eu me alucino
Querendo toda noite sempre mais...


1409


Querendo toda noite sempre mais
Desejo que infindável nos domina,
A pele transpirando em fartos sais
O gozo que se emana em cada mina.

Estrelas derramadas, corpo é cais
Amor tanto poreja quanto mina,
Fazendo de nós mesmos canibais,
E mesmo na manhã jamais termina.

Mergulhos que fazemos permitindo
A cada novo dia descobrir
O quanto o sentimento se faz lindo

E em tramas tão diversas incendeia.
Sem travas que nos possam impedir,
A lua nos abraça; sempre cheia...

1410



A lua nos abraça; sempre cheia
Trazendo a mais sublime claridade,
Quem ama de verdade não receia
Nem mesmo ventania ou tempestade.

Vontade sem igual não se refreia
E todo pensamento amor invade.
Presença que se quer e tanto anseia
Quem sabe desfrutar felicidade.

Mil beijos e carinhos; louca busca
Nem mesmo a lua intensa nos ofusca
Trazendo ao nosso sonho, a perfeição.

Meu pensamento encontra o teu sorriso,
Da boca que eu mais quero, perco o siso
Entregue ao teu poder de sedução...

1411


Entregue ao teu poder de sedução,
Teus olhos são decerto meus faróis,
Amor que sempre traz transformação
Estende em nossa cama, raros sóis.

As horas do teu lado são amenas,
O quanto que em desejos tu traduzes
Fazendo com que eu busque qual falenas
Atrás de claros lumes, belas luzes.

A marca que se entranha em minha pele,
Das garras e dos dentes da pantera
Ao teu prazer meu sonho já compele
Prazer que mil prazeres sempre gera.

Somando nossos passos: infinito.
Amor feito em bonança, em paz, bendito...

1412


Amor feito em bonança, em paz, bendito
Prenunciando um dia em festa e gozo.
Poder te amar é sempre tão gostoso,
Maravilhado quero e assim repito.

No bem desta emoção eu acredito
Vivendo um mundo nobre e prazeroso,
Recebo o teu olhar mais desejoso
E a noite recomeça; eterno rito.

Sentindo o teu perfume, vou em frente,
Felicidade então já se pressente
Gerando a poesia que me invade.

É tempo de saber reconhecer
E dar muito além de receber
Colhendo no final, felicidade...


1413


Colhendo no final, felicidade;
Depois de ter no amor, semeadura
A mão tão carinhosa me assegura
Trazendo farta paz, tranqüilidade.

Eu vejo em nosso caso intensidade
Maior que me permita em tal ternura
Saber do quão precisa esta procura
Que traz em mansidão, a liberdade.

O tempo de viver e ser feliz
Não deixa qualquer dúvida, é agora.
Amor que deste sonho se assenhora

Matando as vãs tristezas, cruéis, vis.
Refeito de um passado amargo e frio,
Prazer interminável, assedio...


1414


Prazer interminável, assedio
Fazendo deste amor um talismã
Bebendo da alegria na manhã
No brilho deste olhar eu me inebrio.

A cada novo gozo principio
Um sonho que se mostra quase afã.
Embora a sorte venha temporã
Encontro nos teus braços, meu estio.

Certezas vislumbradas no horizonte
Permitem que se veja a clara fonte
Aonde uma esperança vem beber.

A noite se deleita extasiada,
E vejo em mansidão a madrugada
Na espera de um sublime amanhecer


1415

A lua tão serena enamorada,
Espelha a noite inteira esta beleza
Também de teus olhares, anda presa,
Tal qual um sol em plena madrugada.

O vento enciumado tanto brada
Roncando entre cascatas, correnteza
Amor que eu tanto quero e que me preza
Imagem para sempre resguardada.

Quem fora um cardo; amargo e desprezado
Ao ver a maravilha que tu és
Deitada em alegria do meu lado

Já vê que a sorte agora vem propor
Grilhões se desatando dos meus pés
Um canto inebriante feito Amor...

1416

Um canto inebriante feito Amor
Rondando os meus ouvidos me conclama
À festa interminável que se trama
Desejos incontidos, farto ardor.

Teu corpo em maestria vem compor
O pleno regozijo em que inflama
A vida, renegando qualquer drama
Num venturoso sonho a se propor.

Alçado a mais sublime perfeição
Não temo mais as urzes nem espinhos,
Percorro em maciez velhos caminhos,

Sentindo esta alegria em profusão.
Nas ânsias deste amor, tanta pureza,
Deixando a dor distante e sem defesa...


1417



Deixando a dor distante e sem defesa
Tua presença traz a mansidão
Florindo meu caminho em emoção
Tramando cada passo com leveza.

Da vida que se fora amarga e tesa
Agônica mortalha da ilusão
Tomando toda a cena. Negação
Dos sonhos que eu tivera em vã tristeza.

A chuva pouco a pouco assim se amaina,
Amor vem demonstrando em sua faina
Ser liberdade além de um vago sonho.

Contigo eu aprendi a ser feliz
Meu verso; a ti dedico, enquanto diz
Do Amor em plenitude que proponho...

1418


Do Amor em plenitude que proponho,
Eu quero usufruir a cada dia,
Se nele eu posso ver o que eu queria
É realização de antigo sonho.

Quem tanto, ultimamente, foi tristonho
Merece pelo menos a alegria
Que é dada com certeza na alquimia
Do jogo que contigo, ora componho.

Nas torres mais sublimes, catedrais
Erguidas com esmero e precisão,
Amor emite logo os seus sinais.

Quem ama, decifrando estes enigmas
Arranca do passado seus estigmas
Encontrando afinal, libertação...


1419



Encontrando afinal, libertação,
Entrego-me ao poder extasiante
Vivendo a nossa vida a cada instante
Percebo bem mais forte esta emoção.

Na soma em que se dá composição
De seres tão diversos na constante
Certeza, eu me sentindo um navegante
Que faz do amor a sua embarcação.

A música se espalha pelos ares,
Embalando decerto os meus sonhares
No peito harmonizando os batimentos.

Alvissareiro sonho em que se dá,
A força mais sublime que, quiçá;
Apascentará mares violentos...


1420


Apascentará mares violentos,
A mão de quem professa uma amizade.
Afugentando assim, a crueldade,
Os dias serão mansos, sem tormentos.

A par da violência e seus intentos,
Derramas sobre nós suavidade,
E nisso posso ver tranqüilidade
Tomando com firmeza os sentimentos.

Poderes que se encontram raramente,
A vida muitas vezes os sonega,
A quem em amizade alma se apega

Ajuda a ultrapassar qualquer torrente.
Por mais que a vida mostre-se indolente
Prossigo junto a ti, em mansa entrega...

1421


Prossigo junto a ti, em mansa entrega
Sabendo quanto a vida não transige,
A solidão se mostra amarga e cega,
O quanto nos levando nos exige.

O tempo em implacável sordidez
Aos poucos nos transforma e rouba o viço.
Porém o amor nos dá por sua vez
A mansidão sublime que eu cobiço.

Enquanto os meus cabelos quedam gris,
Os olhos amainados podem ver
No fundo, mesmo às vezes infeliz,
Eu posso vislumbrar algum prazer.

Enquanto a juventude já se esgota,
O barco em calmaria acerta a rota...

1422


O barco em calmaria acerta a rota
Depois de soçobrar em mar insano.
Seguindo qual falena a velha frota
Num cais bem mais tranqüilo faz seu plano.

Após reconhecer o seu destino,
Entrega-se por vezes à loucura.
Faz bem, eu te garanto um desatino
Em meio a tantas formas de ternura.

A fonte do prazer em chafariz
Explode vez em quando e traz consigo
A farta profusão que contradiz
O medo de sonhar, viver perigo.

No corpo de uma diva já desnuda,
A sorte num segundo se transmuda...

1423


A sorte num segundo se transmuda
Meus dedos engelhados, meus problemas,
Sem nada que proteja ou que me acuda
Ainda sinto a força das algemas

A dor de uma saudade é tão aguda,
Por mais que tu me digas que não temas,
Imagem do passado na alma gruda,
Fleumática, dorida cria emblemas.

A boca sem teus beijos, vã procura,
Esgueiro pela vida, simplesmente.
Enquanto este vazio atroz me invade.

A noite desenhada em amargura,
O tempo de viver, já não se sente.
Apenas tão somente, esta saudade...


1424


Apenas tão somente, esta saudade
A força corrosiva que não cessa,
No quanto amor em paz já se confessa,
Ao mesmo tempo trai tranqüilidade.

Olhar que me acompanha, na verdade
Mesmo que ausente sempre recomeça
Entranha em minha pele e já se engessa
Ao transtornar renega a liberdade.

Na comoção extrema que me traz,
Negando a cada instante a minha paz,
Sonega esta presença tão distante.

O quanto que sonhei e não te vi,
No espectro que aqui ronda; eu me perdi,
Seguindo esta miragem deslumbrante...

1425

Seguindo esta miragem deslumbrante
Arrasto nos meus pés fartas correntes,
Meus olhos solitários penitentes
Procuram tua imagem a cada instante.

Dos sonhos, um teimoso navegante
Entregue aos pesadelos tão freqüentes
Trazendo a solidão entre seus dentes
Não crê mais em destino triunfante.

Entranhas no meu corpo, um talismã
A vida sem te ter segue malsã,
Apenas tão somente assim me arrasto.

O quanto que te quis, eu descobri
Eu não resistirei sem ter em ti
A plenitude intensa em que me abasto.



1426


A plenitude intensa em que me abasto,
Encontro em nosso amor, força inaudita.
O quanto que tivera em vã desdita,
No olhar que se mostrara vago e gasto.

Amor em fantasia tem seu pasto
E aplaca qualquer sombra da maldita
Solidão. A esperança que me incita
Fazendo da alegria o seu repasto.

Eu sinto o teu perfume em cada flor
Regada pelos sonhos prazerosos,
Vivendas e canteiros; nosso amor

Em lúdica emoção, se faz presente.
Ao vislumbrar delícias, risos gozos,
Percorro a velha senda, novamente...


1427

Percorro a velha senda, novamente
Recolho antigas pedras, sem espinhos
Entendo serem flóreos os caminhos
Que uma alma enamorada enfim pressente.

Ciúme este temível delinqüente
Transtorna tantas vezes, belos ninhos,
Amores acoitados, pobrezinhos,
Arrastam cada qual sua corrente.

Por vezes em tão frágeis expressões,
Seus passos são em dores demarcados,
Sem força não se escutam mais seus brados

Apenas em gemidos, seus refrões.
Mas quando amor se dá em paz e glória,
Nos olhos carinhosos, a vitória...

1428


Nos olhos carinhosos, a vitória
Numa expressão pacífica e suave.
Não tendo mais tristeza como entrave
Nem mesmo a solidão, cruel escória.

Apenas tão somente na memória
A doce melodia em que se grave
O canto em liberdade que de uma ave
Arrebentando os elos traz a glória.

Deitando em nossa cama, a clara imagem
Além do pensara ser miragem
Argêntea fantasia debruçada

Tomando a tua pele, o teu sorriso,
Neste clarão intenso e mais preciso
A lua tão serena enamorada.


1429


Abraça a tua tez; prata morena;
Reflexos desta lua em nosso quarto
De um pesadelo então, ora me aparto
Ao ver com emoção a bela cena.

Felicidade em paz enfim se acena
O medo e a solidão que já descarto,
Por mais amor que eu tenha, não me farto
A noite se promete mais serena.

Sem limites nem tréguas eu mergulho,
No porto feito corpo, ouço o marulho,
Retratos deste amor à beira-mar.

O quanto eu te desejo e persevero,
Vivendo finalmente o que mais quero,
Entendo finalmente o bem de amar...

1430

Entendo finalmente o bem de amar,
Na noite que em cruzadas descobrimos
Caminhos geniais que pressentimos
Na força inusitada a nos tomar.

A vida se mostrando devagar,
Tirando do passado velhos limos,
Estrelas percorrendo serras, cimos,
Momento deslumbrante, constelar.

Tiaras de esperanças e prazeres,
Percorrem nossos céus, olhos reviram,
Girando em carrossel, a noite passa...

Encontro em fantasia bens quereres
Os anjos vendo a cena já se atiram
A solidão, vazia, se esfumaça...


1431



A solidão, vazia, se esfumaça
Ao ter tua presença, mesmo ausente
Imagem que não larga a minha mente
E nem assim distante ela se esgarça.

Outro amor? Coração logo rechaça,
Saudade me procura novamente,
Um gozo tão sublime e mais freqüente
Melancólico riso não disfarça.

Embora tão amargas, minhas noites,
A pele se acostuma a tais açoites
E deles sente falta com certeza.

Nestes constantes sonhos não me largas,
E neles, num instante, tu me afagas
Dourando a madrugada em tal beleza...


1432

Dourando a madrugada em tal beleza,
Um sol em magnitude inebriante
Tomando a nossa noite num instante
Estende sua mão, açoda a presa.

Nas tramas deste amor, rara nobreza,
Trazendo um rumo em paz e mais constante.
Outrora a vida fora tão maçante
Agora, sinto a força em correnteza

Que emana das paixões ilimitadas.
A claridade espalha nas calçadas
Antecipando um dia inesquecível.

Esplêndidas grinaldas desfraldadas
Embora em sentimento perecível
Bandeiras da esperança desfraldadas...


1433


Bandeiras da esperança desfraldadas
Tremulam incessantes, sem descanso.
Ao caminharmos juntos, de mãos dadas
Decerto alcançaremos tal remanso.

Emoções nos dominam quando alçadas
Ao infinito plano aonde alcanço
Alegrias em ondas delicadas,
Encanto assim sublime em mar tão manso.

Enamorado, bebo eternamente
Dos lábios da mulher raros licores.
Um grande amor que enfim já nos contente

Desnuda nossa pele, estampa a sorte
De ter a cada noite teus fulgores,
De altares da esperança, um bom suporte...

1434

De altares da esperança, um bom suporte
Mostrado neste incêndio em noite plena.
Fosforescente gozo que envenena
E ao mesmo tempo entranha riso e corte.

A música que entornas, bem mais forte,
No corpo levitando em mão serena.
Porquanto te busquei a cada cena,
Sabendo desde então da minha sorte.

Estrelas rutilando em profusão,
Arcanjos, querubins, asas abertas,
Num frêmito fantástico, emoção

Chocalha em guizos fartos, a alegria.
Enquanto calmamente tu despertas,
Mal percebes a luz que se irradia...


1435

Mal percebes a luz que se irradia
Dos olhos de quem ama veramente.
Revelam com clareza o que se sente,
Entornam simplesmente poesia...

Distante da vaidade, eu bem queria
Beber de tua boca fartamente,
Vivendo um mundo em paz, pleno e contente;
Porém a noite segue tensa e fria.

Pairando sobre mim opacidade
Retrata tão somente o vão que existe,
Num canto amargurado, sigo triste

Nos olhos de quem amo? Falsidade...
Um diamante perde o seu valor,
Canteiro em dura seca, busca a flor...


1436

Canteiro em dura seca, busca a flor
A voz inebriante da saudade,
Suporte mais perfeito para o andor
Embora traga sempre a falsidade.

Abrindo estas janelas, sinto o ardor
Que em plena madrugada fria, invade.
Relembro num segundo, o nosso amor,
E nele bebo alguma liberdade.

Distante da verdade que omiti,
Retorno giramundo e chego a ti,
Estrela que se foi pra nunca mais.

Sonhando com teu beijo, o fogo brando
Aos poucos novamente vem queimando
Ritos fantasmagóricos, carnais...


1437

Ritos fantasmagóricos, carnais
Tramando a fantasia já nos tomam.
Chegando às noites vagas e venais
Desejos e delírios loucos somam

Formando os insensatos, canibais
Caminhos que em verdade sempre domam
Arcanjos e demônios que se assomam
Expressam nossos jogos sensuais.

Beleza que se expondo em transparências
Entranha nos meus olhos, não me larga,
Na tensa sensação, pesada carga

Demonstração de cura em penitências.
Desfruto cada gole do veneno
Exposto em minha cama, atroz, sereno...


1438


Exposto em minha cama, atroz, sereno
O vulto da mulher que eu tanto quis.
Orgástica ilusão me faz feliz,
Porém jamais me sinto farto e pleno.

A nostalgia às vezes, concateno
Revivendo o meu céu outrora gris,
Nesta melancolia, a dor atriz
Percebe que em verdade, eu mesmo enceno.

Na busca por mim mesmo, já me perco,
A solidão prepara a cada cerco
O bote que trará decerto o fim.

Por mais que estejas sempre do meu lado,
Final da imensa peça anunciado,
Invade e assim goteja dentro em mim...


1439

Invade e assim goteja dentro em mim
Intensa tempestade sem disfarce
Beligerante algoz se mostra assim,
Tramando a cada dia um novo esgarce.

Comparsa de meus risos, a agonia,
Demonstra o seu poder quando me cala,
A mão que me acarinha logo esfria
Da solidão minha alma, eu sei, vassala.

Por mais que eu tente algum sorriso inerme
No fundo eu sei que nada aplacará
A fome que se estampa em cada verme
A morte ao fim de tudo vencerá,

E o solitário corpo exposto à gana
Expressa a solidão, vil soberana...

1440

Expressa a solidão, vil soberana
O gosto da saudade em acidez.
Por mais que ainda tente em lucidez
A sorte se demonstra qual cigana.

Ao mesmo tempo atrai e desengana,
Nas tramas da ilusão ela se fez,
Rechaça a cada noite a sensatez
Destino em suas mãos logo se dana.

Marcado pelas sombras do que fomos,
Veneno e alegria em fartos gomos,
Quem dera se eu pudesse em liberdade

Voltar ao que tivemos e se foi.
Errante e tão distante, como Goi
Aguardo algum sinal: felicidade?

1441

Aguardo algum sinal: felicidade?
Talvez ainda veja os seus caminhos.
Bebendo a solidão meus descaminhos
Encontram tão somente falsidade.

O quanto quero em paz, tranqüilidade,
Sorvendo em taças claras, fartos vinhos,
Meus olhos em temíveis desalinhos
Não sabem discernir mais claridade.

Matizes em mosaicos e arabescos,
Procuram tão somente por afrescos
Que possam traduzir uma esperança.

Mas ledas emoções se dissipando,
O tempo em amargura vai passando,
Somente a fantasia inda me alcança.

1442

Somente a fantasia inda me alcança
Trazendo a tua imagem novamente.
O sonho se esvaindo tenuemente
Restando da alegria, vã lembrança.

Quem tem uma ilusão como fiança
Já sabe o quanto a vida nos desmente
E trama a decepção. Uma alma crente
Espera da emoção, clara aliança.

A noite que se faz enluarada
Deitando a claridade na varanda
Com esperança roda na ciranda

Volátil que em carinhos é formada,
A lua embevecida em tenra cena
Abraça a tua tez; prata morena.

1443


E em meio a tantas ondas de prazer
Declino o meu olhar agradecido
Por vezes tão distante, vão, perdido,
Agora recomeço a perceber

Que toda a sapiência do viver
Expressa o tempo em paz amanhecido
No braço sempre calmo e concebido
Em momentos sublimes do querer...

As lágrimas deixadas para trás
Goteja tão somente em placidez
O lago aonde eu possa descansar

Meus olhos bem distantes da voraz
Paixão que se entornando vez em vez
Impede que o ribeiro chegue ao mar...


1444

Impede que o ribeiro chegue ao mar
O canto em emoções que se diluem
Porém eu posso agora vislumbrar
Os gozos que se tocam e confluem.

Despertas reais sonhos e desejos,
Na soma que se mostra instransigivel
De sentimentos plenos e sobejos
Felicidade é sempre mais tangível.

A sensibilidade aflora em cada toque
Sem medos nem rancores, simplesmente.
A vida se mostrando em novo enfoque
Permite o bom final que se pressente.

Meu verso que se farta em agonia,
Ao teu lado conhece uma alegria...


1445



Ao teu lado conhece uma alegria
Quem fora prisioneiro da tristeza,
Fartando-se e brindando se faz presa
Do amor que em noite escura já nos guia.

Um verdadeiro sonho que inebria,
Em taças cristalinas põe a mesa.
Rompendo em mansidão cada defesa
Inverno rigoroso, amor estia.

Fiando na divina transparência
Um gozo feito em seda, em organdi.
O quanto em maravilha eu antevi

Tocado pela maga florescência
Que emanas, em sorrisos e convites.
Amor que não dá tréguas, sem limites

1446

Amor que não dá tréguas, sem limites
Transforma a minha vida totalmente
Imerso em teus desejos, não me evites
Entregue ao nosso amor, completamente.

Assim acreditava piamente
Jamais aceitaria outros palpites
A cada novo gozo que me incites
Em teus braços a mágica envolvente.

Revejo tua imagem com saudade,
O tempo foi cruel ao relegar
Ao sonho a tão temida realidade.

De tudo o que nós fomos; nada resta,
A morte vem chegando devagar
À sombra da saudade, amor me infesta...

1447



À sombra da saudade, amor me infesta,
Trazendo a tua voz, longínquo sonho...
Distante deste porto, o barco em ponho
Em ondas, solidão, minha alma gesta.

Vagando em noite escura na floresta
Das esperanças nada mais proponho.
O dia; eu sei, virá sempre medonho.
A morte a cada curva; algoz, me testa...

Meu canto se esvaindo, assim, agônico.
Meu passo prosseguindo, vão, distônico
Apenas o vazio se aproxima.

Sentindo-me, deveras, histrião,
Recebendo em resposta o mesmo não
Apenas a saudade inda me estima...

1448


Apenas a saudade inda me estima,
E nela professando uma esperança
Encanto desejado não me alcança,
À noite a solidão feroz, esgrima,

Mudando em duro inverno, todo o clima
A vida se embaçando na lembrança
De um dia em mais perfeita temperança.
Não tendo uma esperança que suprima

A força inigualável da tristeza,
Carcaças do que fomos numa ronda,
Aguardam mais ferozes sua presa.

Cínicas ilusões ora crocitam,
Por mais que a lua surja tão redonda,
As luzes com certeza já me evitam.


1449


As luzes com certeza já me evitam,
Mata-borrão dos sonhos; nada tenho
Senão esta amargura no meu cenho,
As vozes da saudade sempre gritam

Por mais que em agonias se reflitam
Em meus olhos por vezes inda embrenho
Nos restos que carrego de onde venho
À morte os pensamentos vêm e incitam.

Por mais que em fantasias; a porta abra
Visagem que vislumbro tão macabra
Não deixa nem sequer algum sinal

De um tempo em alvorada, em nova luz.
Ao precipício agônico, conduz
A mão do meu destino, sepulcral...

1450

A mão do meu destino, sepulcral
Rasgando o que sobrara de ilusão
Rondando a solidão do mar astral
Impede qualquer forma de emoção

Que diste deste medo que ancestral
Transmite desde sempre a negação.
Nos sonhos quem outrora, magistral
Esboça pouco a pouco a podridão...

Somenos importante o que te digo,
Há coisas bem mais sólidas, eu sei.
Um verme aqui se expondo traz consigo

Antiga ladainha dos insanos...
Desculpe se te enfado, procurei
Noutras vertentes, trágicos enganos...

1451



Noutras vertentes, trágicos enganos,
Erráticos tormentos refletidos.
Estúpidos momentos concebidos
Tentando reverter temíveis planos.

Os olhos tantas vezes são ciganos
E buscam em vazios, coloridos,
Paraísos? Há tempos esquecidos
Os ventos da esperança, desumanos.

A vida em otimismo tantas vezes
Retrata o quão inútil cada verso.
Rondando bar em bar, procuro há meses

Os olhos que se foram sem segredos.
O canto em alegria é tão perverso,
Amores que engalano? Uns arremedos...

1452


Amores que engalano? Uns arremedos
Jogados sem destino contra o vento.
O fogo da tristeza queima lento
E trama com certeza outros enredos...

Meus olhos vão vagando em mares ledos
Tentando disfarçar o sofrimento.
Em falsas emoções por vezes tento
Negar os meus temores, tantos medos...

Esvaído em fumaças de cigarros
Tomado tão somente por escarros
Meu dia não trará felicidade.

O drama interminável que me invade,
Roubando toda a cena não se esgota.
Alegria? Distante e tão remota...


1453


Alegria? Distante e tão remota
Imagem que perdi pra nunca mais...
Uma esperança aos poucos se desbota
O barco em desvario. Cadê cais?

Tristezas vão tomando toda a frota
Prazeres encontrados são boçais
Por companhia párias tão iguais
Apenas urze, erica, ainda brota

Legando ao meu canteiro a seca eterna
A boca que, febril, não reconheço;
Seu beijo na verdade eu não mereço.

A mão se que se apresenta assim fraterna
Espinhos encontrando se retira
A luz inutilmente em ronda gira...

1454

A luz inutilmente em ronda gira,
As tochas da esperança se apagando...
O tempo em agonia destroçando
Desfaz o que se fez eterna pira.

Amor em cego vôo errando a mira
O templo da ilusão já desabando
O resto do que fui se derramando
A sorte sem resposta se retira.

Esboços do que sonho; desfiguras
E deixas tão somente em garatuja
Retrato de uma vida amarga e suja,

Entregue às marcas tantas das torturas
Entranhadas. Profunda cicatriz
Das garras rapineiras, fortes, vis...


1455



Das garras rapineiras, fortes, vis,
O corte que ensandece e se aprofunda.
A sorte desejada se desdiz
Do nada o simples nada já redunda.

A primavera morta em cores gris
Inverno, imagem torpe, vã rotunda
Em ciclo vicioso agora diz
Da mão da solidão que enfim me inunda

Cilada que esta vida preparou
Suprime desde sempre uma esperança
Resume na verdade o que restou

De um ser que andara em sonhos delirantes.
Resíduos de inocência da criança
Mágicas fantasias inconstantes...

1456


Mágicas fantasias inconstantes
Povoam meus sentidos e pensares.
Trazendo os gostos tantos dos lugares
Aonde visitei mesmo em instantes.

No quanto que em desejos tu decantes
Os erros e desvios tomam ares
De trágicos caminhos. Nos altares
Dos sonhos; entretanto, fascinantes...

Andando entre temíveis fogaréus,
Os olhos em amores, como réus
Na lua um testemunho passa a ter

Quem fora nesta vida, um trovador,
Andando de mãos dadas com amor,
E em meio a tantas ondas de prazer.


1457


Felicidade imensa, enfim se acena.
A par desta ilusão tanto sofri,
Negando a flor se mata o colibri
Sem lume segue cega uma falena.

Porém quem sabe o jogo não faz cena
Distante dos teus olhos prossegui,
Agora ao fim da tarde chego aqui
Tardia sensação, agora amena.

No quanto que inda tenho por viver,
O que fazer se nada posso ver
Senão este vazio quase insosso.

Do quanto amor se fez raro colosso,
Partilhas não deixaram sobrar nada.
Velho lapidador com mão cansada...


1458

Velho lapidador com mão cansada,
Ourives sem talento, eu me encontrei
Vivendo tão distante do que sei,
A porta nunca esteve escancarada.

Não tendo outro remédio, alma fadada
Ao resto do que tive, e não busquei
Embora solitário; eu me criei
Ultrapassando assim, cada lombada.

Se trazes mais perguntas, não respondo,
Do nada muita vez me recompondo
Em verso ensandecido não me expresso.

Do canto que pensara ser harmônico,
Só resta um arremedo que histriônico
Convoca à mesma queda em vão tropeço...



1459

Convoca à mesma queda em vão tropeço,
O olhar desta morena inebriante.
Além do que confesso, não mereço
O véu se mostra sempre deslumbrante.

Amor tem na alegria um adereço
E muda a fantasia num instante.
O mundo eu vou virando pelo avesso,
Mas vejo este sorriso tão constante.

Constato que não tenho outro caminho
Senão a palidez do amor inglório.
Não acho mais carinhos neste empório

Empoeirada estrada se repete.
Quem dera se eu pudesse; passarinho,
O dia-a-dia cala e me arremete.


1460

O dia-a-dia cala e me arremete
Aos braços do marasmo em que me dou.
Reflexo de um vazio demonstrou
Felicidade a mim não mais compete.

Eu não suporto, enfim, jogar confete
Demonstro na verdade quem eu sou.
Se o sonho há tanto tempo desabou,
O amor que tanto eu tive não repete.

Se eu falo com terrível acidez,
A culpa é deste mar cotidiano.
Quem tem um coração quase cigano

Necessita de um ar de insensatez.
Amor já não reflete o pensamento,
Da morte em redenção, pressentimento...

1461



Da morte em redenção, pressentimento
A chuva na soleira quer entrar.
O tempo destroçando devagar
Queimando em fogo manso, sempre lento.

Às vezes um sorriso, finjo ou tento,
Mas nada poderá modificar
O rio caminhando para o mar,
A vida já tomou, decerto, assento.

Crianças vão correndo pela sala
Notícias repetidas nos jornais.
Os versos terminando sempre iguais

Apenas a saudade ainda fala,
Mas mostra a mesma boca no mormaço,
Do amor que sucumbiu, o mesmo traço...


1462


Do amor que sucumbiu, o mesmo traço
Repete a velha cena, riso e pranto.
Tomado pelo incrível desencanto,
Por vezes, falsamente eu me refaço.

Um gozo já perdido agora eu caço
E bebo do que fora um pouco ou tanto.
Amor que se tomou pelo quebranto
Aos poucos, sem remédio, eu me desfaço.

Porém se assim disfarço, vou em frente,
As contas pra pagar, o riso falso.
Mergulho neste mesmo cadafalso

Não tendo outro caminho que eu invente
Melhor é prosseguir, boca fechada.
Sabendo desde já, não terei nada...


1463



Sabendo desde já, não terei nada
Em fingimento esboço reações.
Nos trâmites comuns, as negações
Não sabem provocar nem enxurrada.

A boca que se fez bem mais beijada
Agora vai beijando as ilusões,
Calvário sepulcral das emoções
Cotidianamente o tempo enfada.

A fantasia dorme no porão
O tempo naufragou a embarcação.
Da forte ventania? Sequer brisa.

Olhando a nossa vida cara a cara
A solidão a dois já se escancara
A morte sorrateira vem e avisa...

1464


A morte sorrateira vem e avisa
Do pote que quebrando perdeu mel.
A boca em que se deu outrora um céu
Agora desdentada segue lisa.

Bolor que nossa cama aromatiza
Traduz o vento manso, até cruel.
Cabelos empapados pelo gel
O gol do campeonato se reprisa.

Malemolências? Nada. É só preguiça
O carro da esperança quando enguiça
Nem mesmo reza brava. Pois; danou-se.

Há tempos que sei disso e nada falo,
Engulo tanto em seco que me entalo.
A vida já perdeu o que era doce...

1465

A vida já perdeu o que era doce
Deixando o gosto amargo do jiló
Neste vazio triste de dar dó,
Sentimento que sobra? Só de posse.

Não tendo a fantasia que remoce
Nem mesmo voltarei ao velho pó,
As águas vão embora, resta a mó.
Não há nada que a vida não destroce

Na turgidez perdida, uma falência
Vislumbro tão somente uma impotência
E nela este vazio refletido.

A boca desdentada pede prótese
Amor nunca passou de mera hipótese
O tempo de sonhar? Está perdido...

1466


O tempo de sonhar está perdido...
Logrado pela insânia deste amor
Que pelo que eu bem sei, mutilador,
Recende ao pão já velho, amanhecido.

Às vezes procurando por sentido
Não tenho mais nem forças sequer dor.
Verão, inverno, o mesmo dissabor
Aos santos e mil deuses meu pedido.

Aniversários? Contam-se por bodas
As voltas desgastaram nossas rodas
O tempo enferrujou os sentimentos.

Porém se o coração inda resiste,
Deste mormaço sinto os meus tormentos,
Tornando o dia-a-dia bem mais triste...


1467


Tornando o dia-a-dia bem mais triste
A lua que se foi pra nunca mais...
Declino o meu olhar sobre os umbrais
Nem mesmo a sombra tua inda resiste.

Quem vive em esperanças não desiste
Enfrenta a solidão, seus temporais,
Procura por motivos mais cabais
Que possam me dizer: Ainda existe...

Macabros pesadelos me tomando,
A voz já tão distante se esvaindo.
O dia que sonhara, outrora, lindo

Somente se demonstra lacrimando
Em gotas cristalinas, no jardim,
Aguando cada flor dentro de mim...


1468


Aguando cada flor dentro de mim
Com gotas de esperança eu passo a crer
Que o tempo tão distante de onde vim
Talvez inda me trague algum prazer.

A boca da ilusão é carmesim,
E nela tanta coisa por dizer
Amor vai gotejando até o fim
Até que uma alegria eu possa ter...

Por mais que uma tristeza inda resista,
Deixando que se aflore uma emoção,
E nessa fantasia tanto insista

Percebo que terei como colheita
Os gozos da sublime perfeição
No olhar que sobre a lua já se deita...

1469


No olhar que sobre a lua já se deita
Reflexos da perfeita claridade
Que em paz e mansidão, a vida invade
E nela uma alma segue satisfeita.

Do quanto em profusão, o amor deleita
E mostra em solução tranqüilidade.
Sem nada que demonstre paridade
O amor encarna a glória, sem espreita.

Em vigorosas luzes, holofotes
Dos amores eu faço assim meus motes
E neles eu bendigo a sorte imensa

De ter junto comigo, o teu sorriso,
Passaporte que abrindo o paraíso
Permite a mais sublime recompensa...

1470


Permite a mais sublime recompensa
O olhar em que extasio o pensamento.
Amor que tantas vezes chega lento,
Deixa a nossa vida menos tensa.

Na força deslumbrante e mais intensa,
Encontro o bem supremo num momento
Mudando todo o rumo; o sentimento
Expressa em perfeição a fé e a crença;

Depois de me sentir qual eremita,
A vida novamente em mim palpita
Numa explosão divina, mas serena.

Vislumbro em alvorada, amanhecer,
E plenamente em paz, raro prazer,
Felicidade imensa, enfim se acena


1471

Depois da amarga curva do caminho,
Enganos coletados, tantos vários.
Ouvindo os mais diversos campanários
Andanças que já fiz, sempre sozinho.

Procuras incessantes, desalinho,
Em passos muitas vezes temerários
A solidão fazendo aniversários
O tempo sonegando um raro vinho.

Tua presença surge num repente,
Apascentando a dor que é inerente
A quem buscando amor já se perdeu.

A noite se promete em alvorada,
Ao ter tua presença anunciada
No sonho que se deu tão teu e meu...

1472

No sonho que se deu tão teu e meu
Bem mais do que um mergulho, eu me tatuo
No beijo em que este sonho se verteu
Jamais caminharei, ora flutuo.

Olhar que se pensara ser ateu
Unindo com teus olhos, mais que duo,
Único coração se percebeu.
Em ti, sem ter fronteira, eu continuo.

Sem sombras, caminhamos lado a lado,
Irmanados no amor, força suprema,
Minha alma junto à tua, mesma gema

Bem mais que monocórdio, geminado.
Olhando o mesmo rumo, tantas vezes,
Nos laços deste amor, dois siameses...


1473

Nos laços deste amor, dois siameses,
Fazendo deste sonho único mote
Na fonte que eu desejo não se esgote
Matando a mesma sede fartas vezes.

Vencendo no caminho estes reveses
De tanto amor que trago, cada lote
Que Deus permita em glória nunca lote
Teus passos com meus passos tu revezes,

Acere nossa força cada sonho,
No qual a fantasia, eu decomponho
E tramo a mais perfeita solução.

Em vozes irmanadas num coral,
Um gesto de carinho ritual
Trazendo em gozo extremo, uma emoção..

1474


Trazendo em gozo extremo, uma emoção,
As sendas da alegria, soberanas.
A vida se entregando às filigranas
Da sorte em mais completa perfeição.

Atento a qualquer forma de expressão
Palavras muitas vezes são ciganas,
No quanto fartamente desenganas
A fantasia traz compensação

A toda esta magia, eu sempre assisto,
Não deixo de apoiar um só segundo.
Depois, de camarote eu sempre assisto

Vitórias deste amor, tão prazeroso.
Nos laços deste sonho eu me aprofundo,
Ao abrigo de um mar maravilhoso...

1475


Ao abrigo de um mar maravilhoso
Vencendo mil tritões sonho sereias,
Enquanto em amor farto me incendeias
Cavalgas meu desejo em ar fogoso.

Amor por ser assim, tão caprichoso,
Invade a fortaleza por ameias
Só peço é que deveras sempre creias
Num sentimento nobre e melindroso.

Ao gozo da alegria de poder
Viver intensamente cada dia
Criando um novo tempo posso ver

O quanto é necessário descobrir.
Sentindo a mão suprema em poesia,
Amor; jamais alguém vai impedir...

1476

Amor; jamais alguém vai impedir
Tua vitória em tempos de batalhas.
Às vezes mesmo em fios de navalhas
A sorte te compele a prosseguir.

Estrelas tão diversas vão luzir
Acobertando assim as tuas falhas
E quando nas ilhargas vêm ferir
Tenazes, tuas mãos tudo estraçalhas.

Vencendo com soberba e galhardia,
Amor ao encetar a poesia
Demonstra-se em poder, o soberano.

Enquanto em resistência insuperável,
Teimosamente um sonho tão amável
Protege contra o medo e o desengano...

1477


Protege contra o medo e o desengano
Esplêndido cordel de estrelas raras.
Ao seduzir em mel vidas amaras
Amor já conquistando em bem temprano.

Ibérica emoção, saudade, às claras
Expressa o coração velho gitano
E mesmo em grito histérico inumano
Vontades mais diversas; escancaras.

Amor embora imerso em mil tramóias
Prepara qual crustáceo; raras jóias
Ascetas se perdendo sem tal brilho

Nos âmagos da glória se expressando
Antíteses diversas enfrentando
As tramas dessa teia eu quero e trilho...

1478


As tramas dessa teia eu quero e trilho
Recolho cada farpa, cada espinho
E quando da alegria eu me avizinho
Repito novamente este estribilho.

Não tendo mais sequer um empecilho
Dos passos pressentindo o burburinho
Adentro imensidades em carinho
E preso aos teus desejos eu me anilho.

Erguendo o meu olhar, assim deslumbro
Um mundo sem igual que ora vislumbro
Em claridade imensa e protetora.

Apraza-me viver exato sonho,
Meus barcos em teus mares- amor- ponho;
Minha alma em tantos lumes se decora...

1479


Minha alma em tantos lumes se decora,
Um zíngaro procura acampamento
Vivendo a cada vez todo momento
Eu quero e necessito disto agora.

Da boca que se dá na qual se aflora
O gozo que invadindo o sentimento
Não deixa mais espaço ao pensamento
Teimosamente sorve e revigora.

Luzindo sobre nós intensidade,
A par da soberana liberdade,
Soberbas ilusões já não resistem.

Enquanto em força intensa sempre existem
Espaços para amor mais atrevido,
A cada instante o sonho é revivido...


1480


A cada instante o sonho é revivido
Em viagens sensíveis, sensuais
Da festa e do banquete comensais
No pão e nos prazer bem dividido.

Do vinho em fartos goles, bem servido
Desejos tão profanos e carnais,
Eu quero desvendar raros florais
Altar em ar profético erigido.

Egrégia sensação em nobre incenso,
No quanto em reais sonhos recompenso
Com fartas emoções a quem me traz

A boca que em deidade me sacia,
Esplêndido cinzel que em alegria
Esculpe a maravilha erguida em paz...

1481


Esculpe a maravilha erguida em paz,
A mão que tem amor como instrumento
Da divindade emana o seu provento
Um gesto em perfeição, o sonho traz.

Mostrando-se deveras tão audaz
Um escultor se mostra em sentimento.
No mármore tão raro, o pensamento,
Expressa o que deveras satisfaz.

Um Fídias que em amor se esmera e prima
Eleva-se ao fulgor de tal estima
E nisso se permite a perfeição.

Num canto prazeroso, em escultura,
Amor de tantos males nos depura
Trazendo esta beleza em profusão...


1482

Trazendo esta beleza em profusão
Em cânticos profanos vida acresce
Momentos tão soberbos. Se eu tivesse
Ainda alguma força de expressão

Um dia entornaria a sedução
Na qual amor por vezes enlouquece
Embora em outras tantas; entristece
É nele que eu encontro a direção.

Espalho em meus canteiros, os antúrios
Sensuais que prenunciam bons augúrios
Deixando espúrios ventos mais distantes.

Injúrias ou incúrias de uma sorte
Impedem que se veja um claro norte,
Somente suas luzes, radiantes...

1483


Somente suas luzes, radiantes,
Em formas tão diversas, num mosaico
Surgindo deste mundo tão arcaico
Permite lumes raros e constantes.

Amor em suas sendas deslumbrantes
Em templos magistrais no mundo laico,
Fazendo a solidão um ser prosaico
Tomando em ares mansos, triunfantes.

Meu corpo no teu corpo sem fronteiras,
As bocas em mil ânsias, gula e festa.
Palavras provocantes alucinam.

O quanto vou entregue a tais bandeiras,
Desejos e fulgores, sonho gesta,
Teus lábios tão vorazes me dominam...


1484

Teus lábios tão vorazes me dominam
Ao espelharem lumes infinitos.
Especulares sonhos, mesmos ritos,
Diáfanos momentos determinam

Estrada em que teus passos me destinam
Na força e na dureza dos granitos,
Os dias com certeza, mais benditos
Ao mesmo tempo em gozos desatinam.

Ditames que se impõem a cada vez
Estames entrelaçam nossas tramas,
Dos lumes reconheço fartas gamas

Vencido por divina insensatez
Em teus laços, decerto eu já me aninho,
Depois da amarga curva do caminho.


1485


A sorte que se mostra, tão serena
Permite que eu consiga contemplá-la;
Mulher em tal beleza, rara e plena
Fulgurante, ilumina toda a sala.

Intérmina ilusão em vão se acena
Com mistérios diversos da cabala
Enquanto traz a cura me envenena,
Mantendo com soberba pose em gala.

Uma esperança audaz, porém esquálida
Tramando a fantasia da crisálida
Em vã intensidade vai e avança.

Ainda espero o sol ao fim da estrada,
Clarão esplendoroso não diz nada.
Amor em tempestade quer bonança...

1486


Amor em tempestade quer bonança
Num eternal dissídio com razão.
Olhar que no horizonte não descansa
Inutilmente busca algum clarão.

Em ilusão inválida a aliança
Cravejada em inútil emoção,
Tentando sobrevir, mas nada alcança
Senão a velha e eterna negação.

Amor como se fora um fruto raro
Tocado por cristais e diamantes,
Vagando pelos céus quer que em instantes

Tornar-se, num momento um anteparo;
Porém a solidão exposta e nua,
Reinando soberana, continua...

1487

Reinando soberana, continua
A intrépida ilusão que nunca cessa.
Imagem desdenhosa amarga e crua
Parece aos olhos tolos, a promessa

Dos brilhos argentinos de uma lua
Deitando mansamente sem ter pressa
Por sobre uma mulher que bela e nua
Desejo mais audaz vem e confessa.

Um sonho que demonstre além do nada
Que sempre me acompanha dia-a-dia
Tomado por delírio e fantasia

Durante a noite invade a madrugada
Raiando tão potente em claro sol,
Iluminando em glória este arrebol...

1488

Iluminando em glória este arrebol
A lua se derrama em plenitude;
Musa que nua e ousada em girassol
Ao mesmo tempo atrai enquanto ilude.

No Forte da esperança, o meu farol.
Amor em força intensa, em atitude
Derrama sobre nós o imenso sol
No gozo que se dá, farto e amiúde.

Entrego cada sonho aos seus desejos,
Em ritos sensuais e tão sobejos,
E nessa suavíssima loucura

Os corpos se entregando, dois bacantes,
Nos ritos mais audazes, provocantes,
Extremamos delícias e procuras...

1489



Extremamos delícias e procuras
Nas ânsias delicadas de nós dois.
Sabendo dos delírios e ternuras
Vivemos plenamente antes, depois.

Audaciosamente eu te proponho
Um manso cavalgar pelas estrelas.
Delito sem pecado, trama ou sonho,
Estradas vislumbradas, sempre belas.

Poder estar contigo e ser teu par,
Vencendo quaisquer medos ou temores.
Alcanço a tempestade a tremular
Sem nexo, sem medidas ou pudores.

Aguardo ansiosamente uma resposta,
A mesa, a cama, a vida, sempre posta...

1490


A mesa, a cama, a vida, sempre posta,
Banquetes em divinas iguarias.
Nudez em maravilha, agora exposta,
Convite às mais sublimes fantasias.

Peregrinação feita em noite insana,
Num misto de loucuras e carinhos.
A mão que se demonstra audaz profana
As sendas mais diversas, teus caminhos.

Orgásticas lições são reveladas,
Fronteiras? Desconheço totalmente.
Os vales e montanhas inundadas
Nesta explosão voraz e tão premente.

A lua nos rondando embevecida,
Entranha cada raio em nossa vida...

1491




Entranha cada raio em nossa vida,
O desejo mais sincero e sempre intenso
Da sorte e da alegria repartida
Vivendo amor em paz e gozo imenso.

Dançando sobre estrelas e faróis
Arcando com meus erros e pecados.
Inundação divina em arrebóis
Cardumes de prazeres revelados.

Mergulhos em nós mesmos, riso farto,
Viagens por incêndios fogaréus,
Altares catedrais em nosso quarto
Trazendo os mais insanos, belos, céus...

No quanto eu te desejo, assim, demais
Corcéis entre brilhantes e cristais

1492

Corcéis entre brilhantes e cristais
Marcando cada noite que tivemos,
Enlanguescida em ritos sensuais
Do fogo e da luxúria, nós bebemos.

Teu corpo em minha tez já tatuado,
Em tua cútis vejo o meu retrato.
Ao Éden, nosso sonho agalopado
Transporta num momento mais exato.

A vida quando manda o seu recado
O faz por tantas vezes em enigmas.
Ao teu desejo sempre quando içado
Esqueço, abandonando outros estigmas.

Pendões e maravilhas; somos um,
Olhar que se reflete aumenta, zoom


1493

Olhar que se reflete aumenta, zoom;
Espelha tão somente o quanto eu quero,
Não tendo mais problema quase algum,
Nos seios de quem amo me tempero.

Nas delicadas formas da ilusão,
Mulher que me enfeitiça e me domina.
Crivado pela insânia, em emoção
Descubro do tesouro gruta e mina.

Percorro os labirintos, bebo a fonte,
Avanço por caminhos mais diversos,
Na convulsão percebo um horizonte
Além do que pensavam tolos versos.

Algemas e delírios, bocas, dentes,
Tortura a nos domar entre correntes...

1494



Tortura a nos domar entre correntes
Na festa interminável noite afora.
Carinhos mais gulosos e envolventes
A vida em fantasia se assenhora

E toma cada gole da esperança.
Neste bailado intenso, belas vias
No quanto de desejo nos alcança
Enquanto cada insânia percorrias.

Segredos deste mar em tempestade,
Verdades de bonança em calmaria,
Desejo em ventania nos invade,
Depois a mansidão farta a alegria.

Somando os somos quando vou além,
Amor que se resulta em gozos vem.

1495


Amor que se resulta em gozos vem
Depois do jogo feito, guardo os dados.
Meus medos; não confesso pra ninguém.
Os passos pelos sonhos, amparados.

Quem sabe deste jogo não arrisca,
E mesmo ao perceber algum perigo
Seguindo a velha regra, sempre à risca
No colo da ilusão, eu já me abrigo.

Mentiras e verdades, mil facetas
Às vezes é preciso disfarçar.
Prazeres e desejos são cometas
A vida segue eterno circular.

Se o tempo serenou na madrugada
A noite, com certeza foi nublada...


1496


A noite, com certeza foi nublada
E nisso meu saveiro se perdeu.
A boca que se deu não provou nada,
Apenas a vontade ainda ardeu.

Sou teu, mas o que faço se não queres?
Apenas repetir o mesmo mote.
Banquete necessita de talheres,
O doce que se foi procura o pote.

Meus olhos te buscando nada vêm,
A trama embaralhada vai sem rumo.
A boca com batom beija ninguém
Em sonhos, tão somente, eu me perfumo.

Amor aquém do gozo de costume,
Olhando desde o vale, quer o cume...

1497


Olhando desde o vale, quer o cume,
Sem asas pra voar, fazer o quê?
Aumente deste sonho o seu volume
Depois eu te procuro, mas cadê?

Torturas em goteiras são terríveis.
Mentiras disfarçando o que perdi.
Aqueles que pensaram invencíveis
Há muito já se foram. Nada aqui.

A quilo não se compra e nem se vende
Amor que tantas vezes- tonelada.
A roupa no varal quando se estende
Recebe como brinde só geada.

Do quanto desejei raros tesouros,
Apenas recebi os maus agouros...


1498


Apenas recebi os maus agouros
Num tolo crocitar que tu repetes,
Amores que se querem duradouros
Não querem tão somente tais confetes.

O quase não diz nada, quero tudo
A boca escancarada pede beijo.
Nas tramas deste sonho eu não me iludo,
O rato não se prende sem o queijo.

Mordaças não admito. Quando falo
Pretendo ser ouvido, pelo menos.
O jogo não se faz só por embalo,
Eu quero os teus carinhos, todos, plenos.

Quem quer amor em paz não envenena
A sorte que se mostra tão serena.


1499


Expõe em suas mãos, manso carinho
Quem tem e sabe a força da amizade,
Sabendo desvendar qualquer caminho
Não teme nem sequer a tempestade.

Felicidade é feita dia-a-dia
E nela quem conhece persevera,
A mão que se declina em alegria
Esquece a solidão, rude e severa.

Em atos e palavras mais sinceras
A glória se mostrando assim capaz.
Vencendo em placidez as várias feras
Alcanço do teu lado, amiga, a paz.

E nela deposito a confiança
Num tempo mais suave, em esperança.


1500


Num tempo mais suave, em esperança,
Meus olhos se entregando com ternura.
O quanto se deseja; amiga alcança
Espalhando entre nós farta brandura.

A noite tão escura do passado
Permite a lua mansa da amizade.
Um mundo assim sublime e delicado
Permite se dizer: felicidade.

Eu tenho em minhas mãos a rara glória
De ter uma pessoa sem igual,
E nela traduzindo uma vitória
O dia amanhecendo triunfal.

Eu agradeço enfim, à companheira
A sorte que se mostra verdadeira...

1501

A sorte que se mostra verdadeira
Estampando na face um bom sorriso.
Além de uma bonança corriqueira
O toque que se mostra mais preciso.

Vencendo quaisquer medos ou terrores,
Uma amizade diz ao coração.
Trazendo a perfeição feita em pendores
Poeira que assenta sobre o chão

Demonstra o quão de ti eu necessito,
Uma sublime forma de carinho.
Dobrando mesmo a força do granito,
Retira de meus passos um espinho.

Florada que se mostra em primavera,
Apascentando assim, temível fera...


1502


Apascentando assim, temível fera,
Eu sigo a caminhada vida afora.
Já tendo a sorte imensa que se espera
No quanto uma amizade se assenhora.

Encantos sem igual, eu te garanto,
Nos olhos desta eterna companheira,
Secando em calmaria qualquer pranto
Demonstra a solução mais verdadeira.

Miramos o destino que virá
Com olhos de bonança e mansidão
Eu quero o teu querer e desde já
Percebo desde o solo esta amplidão

Erguendo sobre nuvens, tantas, gris,
Eu posso te dizer que sou feliz...


1503


Eu posso te dizer que sou feliz
Sabendo do carinho que tu tens.
Quem fora do amor, um aprendiz
Reconhece e deseja fartos bens.

Nas bênçãos mais sublimes adivinho
Um Éden tantas vezes procurado.
Bebendo da amizade o doce vinho,
Encontro o meu caminho iluminado;

Não ando mais sozinho, disso eu sei,
Toando em harmonia, um belo canto.
Fazendo da alegria a nossa lei
Percebo num momento o raro encanto

Trazido pelas mãos tão camaradas,
Em noites mais perfeitas, estreladas...


1504

Em noites mais perfeitas, estreladas
Percebo a direção de mansos ventos.
Vontades e palavras demonstradas
Além de simples e ermos pensamentos.

Na dança que se faz em glória e riso,
Amiga, irei contigo aonde fores.
Por mais que a chuva chegue sem aviso
Em ti eu já concebo belas flores.

Sementes que plantamos e cevamos
Garantem a colheita que virá,
No quanto desejando respeitamos
A sorte sem limites brilhará.

Que a luz desta amizade nos persiga,
Podendo assim dizer: tenho uma amiga!


1505



Podendo assim dizer: tenho uma amiga
Eu me sinto, decerto mais feliz.
Vencendo a paranóia feita intriga
Do quanto se deseja já se diz.

A par desta vontade soberana
Que nada impedirá, tenha a certeza,
A mão que nos abriga não se engana
Percebe esta alegria com clareza.

Nem mesmo a correnteza assaz mais forte
Detêm o nosso barco e sua sanha.
Cicatrizando em paz temível corte
Amizade remove uma montanha

E sabe conquistar a cada dia,
Sabendo todo o bem que propicia...

1506




Sabendo todo o bem que propicia
Trazendo uma alegria como meta,
Nos braços da amizade, a poesia
Quem sabe salvará nosso planeta?

As luzes mais sublimes distinguindo
Emblemas mais divinos decoraram
O dia amanhecendo claro e lindo,
Carinhos tão perfeitos ancoraram

Em portos mais seguros, com certeza,
No encanto valoroso da amizade,
A vida não trará fria surpresa,
Na proteção imersa em liberdade.

Cantando este poder eu não desisto,
Relembro-me de ti, amigo Cristo.

1506



Relembro-me de ti, amigo Cristo
Exemplo de amizade, amor, perdão
Por isso, minha amiga tanto insisto
Falando com total dedicação

Se aos ventos e tempestas eu resisto,
Eu agradeço à força da união
E nela posso crer que em paz existo
Aprendendo decerto essa lição.

Aquele que se deu em sacrifício,
Morrendo num suplício em plena cruz
Emanuel na alcunha o bom Jesus

Fazendo da amizade o seu ofício
Tantas coisas nos disse e eu aprendi
No amor um Deus presente sempre aqui.


1507



No amor um Deus presente sempre aqui,
Espalhando entre nós uma esperança.
Trazendo em suas mãos o que pedi,
A força tão sublime da aliança

Perdão é necessário, nisso eu cri
Desde que ao perceber em temperança
O quanto de tão belo existe em ti,
Um ato de carinho com pujança

Mostrando num sorriso e com afeto
Que cada ser é sempre o predileto
No amor eternizado em duras chagas.

Meu verso se sublima ao conceber
O quanto é necessário este prazer
Enquanto em mansidão o irmão afagas...


1508

Enquanto em mansidão o irmão afagas,
Operas um milagre com certeza,
Por mais que assim se distem várias plaga
Na força da amizade, a correnteza

Que leva enquanto busca doces vagas
Capazes de trazer tanta beleza.
Desejo tão somente que me tragas
A cada novo tempo mais leveza

Sabendo o quanto quero estar contigo,
Meu verso se tornando mais amigo,
Sem servos e nem amos, pois iguais

Meu tempo de viver nossa aliança
Permite que se veja uma esperança
Forrando em alegria os meus bornais...


1509



Forrando em alegria os meus bornais
Em plena sintonia nada temo.
Do quanto na amizade eu vejo mais
Distante manteremos medo e demo.

Na plenitude imensa deste sonho,
Meu canto não descansa e tanto busca
A luz que me ilumina em céu risonho
Nem mesmo uma ilusão ainda ofusca.

Jamais irei carpir desesperança
Tampouco irei sofrer inutilmente.
Quem sabe, quer, deseja sempre alcança
E o gozo da vitória assim pressente.

Ao ter; junto comigo, os passos teus
Não temo mais trevas, bebo os breus...


1510


Não temo mais trevas, bebo os breus
Nos laços que traçamos, minha amiga.
Decerto desconheço um triste adeus
Em paz a nossa vida, assim, prossiga.

Os passos que se dão em vento incréu
Jamais nos levarão a conhecer
A perfeição que existe após o véu
Das nuvens que me impedem de saber

Do brilho que percebo deste sol,
Que mesmo que se esconda, eu sei virá.
O quanto é necessário aqui ou lá

Viver esta amizade qual farol,
Um dia mostrará com perfeição
A força que demonstra uma união..

1511


A força que demonstra uma união
Jamais permitirá que o mal nos vença
Quem tem este desejo em profusão,
Aqui terá decerto a recompensa.

Os medos em real arribação
Ao ver este poder em força imensa.
Deixando para trás desilusão
A vida em amizade é menos tensa.

O quanto em cada verso louvo a fé
Naquele que se fez simples cordeiro,
Amando com certeza o mundo inteiro

Jogado nas masmorras, na galé
Vencendo em mansidão dura tortura,
Ensinou o poder de uma brandura...

1512


Ensinou o poder de uma brandura
Quem fez do amor em paz o seu pendão.
As dores de minha alma vêm a cura
Na força tão sublime do perdão.

Durante tanto tempo em vã procura
Imerso na terrível solidão
Ouvindo essa palavra com ternura
Eu aprendi sem prece ou oração

Que o bem que nos foi dado em plena graça
Destino de quem sabe, logo traça
Mudando em paz e glória o seu caminho.

Num Pai que é nosso irmão, ao mesmo tempo,
Mesmo no mais temível contratempo
Expõe em suas mãos, manso carinho.


1513


A vida se promete agora plena
Embora o medo faça traquinagens
A boca que se dá temores drena,
Porém sonega às vezes as viagens.

Não tendo na verdade o que temer,
Errático; eu persigo o tempo inteiro
O insustentável peso do meu ser
Na força deste amor mais verdadeiro.

Carências que descubro sem alarde
Não deixam que eu te possa navegar.
Um dia acordarei, não será tarde,
Crisálida mudando devagar

Meu vôo em liberdade ainda vem
Nos olhos e nos braços de meu bem...


1514



Nos olhos e nos braços de meu bem,
Repouso o coração sem desenganos.
Sabendo deste amor que nos provêm
Meus passos não serão jamais insanos.

Eu necessito sempre ter alguém
Que possa desvendar, da sorte os planos,
Quem sabe viajar não perde o trem,
Eu sei dos teus caminhos soberanos.

Por anos e por décadas eu tive
Em dissabores tantos, minha sina.
Oráculo da vez já determina

O sonho que em delícias sobrevive,
Falando de teus lábios tão perfeitos,
Os dias transcorrendo, satisfeitos...


1515

Os dias transcorrendo, satisfeitos
Na fonte dos desejos, entrelaces,
Amores vou buscando em vários leitos
Às vezes em relances tu embaces.

Do gozo em que traçamos nossos pleitos
É como se em teus braços me tomasses
Podendo ser quem sabe um dos eleitos
Nas noites que sem nexo amor devasses.

Seguindo este caminho em embaraço
Tropeços repetidos, falso traço
Sabujo procurando a sua dona.

Nem mesmo a lua busca por varanda,
O coração em trégua se desanda,
A sorte mal te vê, já me abandona



1516


A sorte mal te vê já me abandona
Sabendo desde sempre quem tu és.
Vendendo a falsa imagem de madona
Tu queres meu amor sempre a teus pés.

Felicidade agora assim ressona
Olhando a minha face de viés
Navio naufragado volta à tona
Arrombamento enorme no convés.

Não posso mais tirar sequer pestana
Que a moça volta e meia faz das tuas.
Ao mesmo tempo adoça enquanto engana

Estrela que se fez simples cometa,
Em camas mais diversas tu flutuas,
A cada novo beijo, outra falseta...


1517


A cada novo beijo, outra falseta
E assim nós prosseguimos vida afora.
Quem mama, na verdade é porque chora
A sorte não se cansa em pirueta.

O quanto se prepara em nova meta
Menina de meus sonho se assenhora.
Vontade aqui ficou, não vai embora
Por mais que veja a morte pela greta.

Mergulho no vazio e quebro a cara,
A sorte em nossa vida é coisa rara
Prazer então? Apenas ilusão...

Vencido pelo tempo e por cansaço,
Deitando mansamente em teu abraço,
O rio não tem mais inundação...


1518

O rio não tem mais inundação
E desce calmamente para a foz.
Nas mãos do amor intenso, ouvindo a voz
Trazendo os seus acordes, coração.

E mesmo que vier a negação
Ou mesmo a solidão que é sempre atroz,
Mergulho o sentimento neste algoz
Torcendo que venha a viração.

Deixando já de lado a poesia
Eu sinto que preciso do carinho
De quem ao espalhar tanta magia

Conquista e logo chama para a festa.
Deixando para trás qualquer espinho,
Amor adentra a casa e desembesta.


1519


Amor adentra a casa e desembesta,
Aprontando das suas toma conta.
Do quanto que em ternura já se empresta
Ao mesmo tempo deixa a gente tonta.

Por tantas que ele sabe e nos apronta
Verdade vai sumindo pela fresta.
Aos tempos mais inglórios se remonta
Em troca a fantasia sempre gesta.

Menino sem juízo, o tal do amor
Não deixa ficar pedra sobre pedra,
Quem o conhece bem logo se medra,

Porém nada resiste aos seus encantos.
Nas tramas que ele gosta de compor,
Eu fico aqui penando pelos cantos.


1520


Eu fico aqui penando pelos cantos
Sabendo que quem vai não quer voltar.
Não quero derramar mais os meus prantos,
Preciso tão somente descansar.

Tomado pela força dos quebrantos
A vida vai passando devagar,
Em meio às ilusões e desencantos
Não tenho quase nada pra provar.

Somente o que se deu e não me quis,
Embora mesmo assim, seja feliz
E nada impressionando desde agora

Permito que se faça um novo teste,
Que mostre esta verdade e que me ateste
O medo que eu trazia? Joguei fora...

1521


O medo que eu trazia? Joguei fora,
Deitando toda noite em solidão
Uma ilusão decerto revigora
E mesmo que repita sempre o não

O gosto de vitória não demora.
Fazendo da esperança o meu refrão
Canção feita em delícia se decora
E mostra pra quem sabe, a direção.

Dançando nos botecos e motéis,
Bebendo dos teus vinhos mais cruéis
Recebo deste amor um novo impulso.

Enquanto em fantasia ainda pulso,
Embora tanta vez intempestivo,
Nas sombras deste encanto eu sobrevivo...


1522



Nas sombras deste encanto eu sobrevivo,
Mergulho dia e noite, sem segredos.
Dos gozos preferidos, arremedos,
Porém da vida farta eu não me privo.

O quanto amor me quer como cativo
Invade territórios antes ledos,
Metáforas não deixam que meus medos
Transformem nosso amor em raro Divo.

Metade do que somos, não conheço
Nem mesmo preconizo o meu tropeço
Sequer se tem granizo ou avaria.

Reveses encarados desde já,
Não sei se no final inda haverá
Um clima para nova melodia.


1523

Um clima para nova melodia.
Depois da tempestade e vendavais?
Embora eu reconheça a sintonia
Eu sinto que a resposta é nunca mais.

A boca que em verdade eu beijaria
Em goles tão sublimes, sensuais
Acorrentada em sonho e fantasia
Procura noutros lábios o seu cais.

A par do que senti que não mais tenho,
Nem mesmo o temporal sinto e detenho,
Deixando ao deus-dará, seguindo em frente.

Mas venha que uma noite não é nada,
Depressa que amanhã, numa alvorada,
O tempo de viver é diferente...

1524


O tempo de viver é diferente
Daquele eu pensara desabado,
Amar é necessário e tão urgente
Nos lábios deste sonho iluminado.

O rio que se entrega em afluente
Encontra em sua foz o desejado.
Na vida que pretendo amor se sente
Além de um novo encanto imaginado.

Beijar a tua boca, com certeza
Um ato mais sublime da beleza,
Vontade satisfeita,eu te garanto.

Tocando a tua pele com carinho,
Bebendo todo o mel, bem de mansinho,
Terei o que mais quero, tanto encanto....


1525



Terei o que mais quero, tanto encanto,
Jogando o nosso jogo sem temores,
Amor não quer jamais falos pudores,
As roupas espalhadas canto a canto.

A lua se emprestando em claro manto,
Realça em plena noite belas cores,
Irei contigo aonde tu propores
Sabendo que em teus braços me agiganto.

Pecado é na verdade não te amar
Deixar o sentimento sem cuidados.
Um jardineiro deve cultivar

Regando com carinho e precisão,
Amor não se conquista com mil brados,
É necessário fogo em mansidão...

1526

É necessário fogo em mansidão
Para desvendar o bem do amor.
Entranha em nossa pele a sedução
Depois vem outros gozos nos propor.

Amor não é um parque em diversão
Nem mesmo apenas quer o sonhador
Precisa sempre ter dedicação
Com ares de um perfeito agricultor.

Assim, sabendo disso, não descanso
Tomando em minhas mãos cada desejo
Amanhecendo a glória toma a cena.

Por isso esteja certa, já te alcanço
Fazendo da manhã um raro ensejo
A vida se promete agora plena.



1527


Retira desta senda um duro espinho
Quem sabe quanto amor nos faz tão bem,
Seguindo passo a passo vou também
Usufruir contigo este caminho.

Nos beijos mais suaves eu me aninho
Enquanto a tarde passa e a noite vem.
A dádiva sublime é muito além
Da simples expressão feita em carinho.

Amor sendo um mergulho destemido,
Estende-se na insânia de um gemido
Deitando depois disso em plena paz.

Ser teu é tão somente o que desejo,
Contigo imensa luz sempre prevejo,
No amor que nos domina e satisfaz...


1528


No amor que nos domina e satisfaz
Eu tenho a mais profunda inspiração.
A cada novo dia uma lição
O sentimento em glória já nos traz.

Vencendo a inquietude mais voraz,
Amor não se teme fogo ou furacão,
Sabendo ser, na vida a solução,
Professa uma harmonia feita em paz.

Preconizando um dia mais tranqüilo
Amor tem em glamour o seu estilo
E fomentando a sorte sempre grata

Desejos e carícias fazem parte
Legando à solidão mero descarte.
No quanto me enamoro, amor bem trata...


1529


No quanto me enamoro, amor bem trata
E sabe conquistar quem tanto quis.
Nem mesmo a tempestade me maltrata
Felicidade brota em chafariz.

O laço deste amor ninguém desata,
É nele que me encontro e tramo em bis
Um novo adormecer em tons de prata
Deitando em plenilúnio este matiz.

Arcando com meus erros, nada temo,
A sorte em nosso amor segura o remo
E deixa que se veja um manso cais.
De tudo o que mais tive em minha vida
No corpo de quem quero, uma saída
Em tramas mais perfeitas, magistrais...

1530


Em tramas mais perfeitas, magistrais
Amor já reconhece uma saída.
Adentro por espaços siderais
E vejo em força plena decidida

A sorte de quem ama e quer bem mais
Que um simples sentimento em sua vida,
Mergulhos em vazios colossais
Impedem esta sorte concedida

A quem sabendo sempre da tristeza
Percorre em labirintos, solidão.
Tramando o renascer, amor então

Estende com vontade e mais firmeza
A corda que nos salva da tempesta,
Trazendo ao nosso peito, plena festa...


1531

Trazendo ao nosso peito, plena festa
Amor já nos domina e nos completa.
A mão que se mostrando mais dileta
Em tantas alegrias nos atesta

Que a força que se entranha em cada fresta
Aberta na clareira predileta
Permite que na lira de um poeta
Felicidade em paz, sorriso gesta.

Abarco com meus olhos e meus dedos,
Certeza de um caminho mais suave
Não tendo mais decerto algum entrave

Amor faz conhecer os seus segredos,
Desenho tua imagem com ternura,
Na noite enluarada, calma e pura...


1532



Na noite enluarada, calma e pura
Eu vejo muito além de uma miragem
A delicada forma que em visagem
Da glória mais sublime me assegura.

Distante do que outrora em desventura
Permeava meu sonho em triste aragem.
Perpetrando em delírios tal viagem
Esqueço qualquer dor, medo ou tortura.

Nas juras que trocamos posso ver
Iluminada senda ao bel prazer
Dos olhos em faróis iridescentes

Emblemático gozo em alegria,
Amor anunciando um novo dia
Envolto em cores raras, envolventes...


1533



Envolto em cores raras, envolventes,
Mergulho no oceano de teus sonhos.
Sentidos em delícias quando as sentes
Permitem novos cantos mais risonhos.

Amores, testemunhos de um bom dia
Encetam maravilhas nestas sanhas.
O quanto amor em paz nos propicia
Deixando estas etapas, todas ganhas.

Vertente imaculada, quase seita,
Adorna nossa vida em luz sobeja.
Luzindo mesmo quando a lua deita
Em mágica emoção brilhos poreja

Nos céus de nosso amor, bela tiara
Imagem constelar perene e rara...


1534


Imagem constelar perene e rara
No afã de se fazer bem mais que lixo,
A mão que ensandecida já dispara
Não sabe nada além de algum capricho.

Propaga tenazmente o mesmo nada
E pensa que com isso explica bem.
Fugindo em descontrole dessa alçada
Ousada quer a ossada de outro alguém.

Melindres de hipopótamo. Ironia...
A vespa pica o rabo em suicídio
Escorpiônica vontade cria
Causando de si mesma este dissídio.

No amor que tanto quer vender teus peixes
Decide se tu queres, mas me deixes


1535

Decide se tu queres, mas me deixes
Ao menos uma chance de poder
Beijar a tua boca. Não se queixes
Se em ti eu percebi o meu prazer.

Por mais que tantas vezes tu desleixes
Do sonho que não quer adormecer,
Amor ensandecido traz em feixes
Fartura de alegria em bem querer.

Falar quanto eu te quero, um pleonasmo,
Mas digo com total entusiasmo
Da força que domina o pensamento.

Distante dos rancores e dos ódios
Vencendo e se elevando a tantos pódios
Da glória que virá, pressentimento...


1536


Da glória que virá, pressentimento
Espalha-se em fantástica alquimia.
Beleza em que se dá tal sentimento
Há tanto que delícia já previa.

Abertos os caminhos, sigo o vento
E sei que nele encontro a poesia
Os elos das algemas; arrebento
Projeto: ser feliz, jamais se adia...

Desejos que trazemos; não etéreos,
Palpáveis com certeza. Em filigranas
As horas junto a ti são soberanas.

Momentos solitários e funéreos
Eu passo quando estás longe de mim.
Porém sinto que vens, até que enfim...

1537


Porém sinto que vens, até que enfim,
Depois de tantas lutas e batalhas,
Tornando a minha vida bem mais clean
Sabendo superar as minhas falhas.

Enquanto em maravilha, amor entalhas
Permite florescência em meu jardim,
A chama do desejo quando espalhas
O vento revolvendo tudo em mim...

Assim ao ter a sorte de sentir
O quanto amor nos pode resumir,
Eu vejo alvorecendo uma esperança.

Na vida que se fora em vagos lumes,
Agora que conheço os teus perfumes,
Eu vivo em plena paz e temperança...

1538


Eu vivo em plena paz e temperança,
A doce fantasia que me entranha,
Vencendo em mansidão qualquer montanha,
Proclamo em divindade esta aliança.

A vida do teu lado traz festança
E nela já percebo a sorte ganha
Amor que tantas vezes nos assanha
Em manhas nos transforma: sou criança.

Entronizado sonho que me guia
Realces espalhando pela vida.
A lua se derrama em poesia

E farta de desejo à preamar
Expressa intensidade conseguida
Num beijo em que se entrega ao grande mar...

1539


Num beijo em que se entrega ao grande mar,
A foz de imenso rio já se salga.
Vencendo mil sargaços a se dar
Supera com volúpia qualquer alga.

Assim, ao me encontrar enamorado
De ti, eu percebi a mesma liça
Sabendo que em dilema superado,
Na força que se ganha uma alma viça.

Das cracas que carrego no meu casco,
Eu faço meus troféus em farta glória
Não temo nem sublimo tal carrasco,
Mas sinto; estou mais perto da vitória

Tocando em tua pele, fina areia
O peito laureado se incendeia.

1540



O peito laureado se incendeia
Ao proclamar a glória sem vanglória
A força deste amor que nos norteia
Transforma num segundo nossa história

Farturas e venturas se repetem,
Na soma que traduz felicidade
A um tempo mais sublime nos remetem
As mãos que nos entoam liberdade.

Amor; soberania em si pacífica
Embora com potência quase atômica.
Nas mãos desta emoção mais específica
A paz em tempestade é sua tônica.


A vida que se dá em tal carinho
Retira desta senda um duro espinho.


1541

O vento do passado inda envenena
Rondando a minha casa em sentinela.
Saudade vai roubando toda a cena
Enquanto um dissabor já se revela.

Quem sonha com a vida mais serena
Com noite mais tranqüila à paz se atrela
Buscando uma emoção que seja amena.
O barco singra o mar em mansa vela.

Porém uma saudade não permite
Que a gente siga em frente. Sem os ventos,
A calmaria toma os pensamentos

E numa estagnação, sem ter limite
O tempo desandando nega a sorte,
Congela o dia-a-dia em semi morte.


1542



Congela o dia-a-dia em semi morte,
Lembranças que carrego de nós dois.
Por mais que uma esperança inda se aporte
Não vejo nem sequer se houve depois.

Saudade refletindo neste espelho
Imagens de momentos já passados,
E mesmo que sabendo estar mais velho
Os olhos no que fomos, congelados.

Sem ter mais ilusões, em nada creio,
Entregue e sem defesas, tolamente,
A bússola se perde, e noutro veio
O passo se tornando reticente.

Viver deste cadáver que ontem fui.
O tempo vai voando, mas não flui...


1543

O tempo vai voando, mas não flui,
Retorna novamente ao marco zero.
Nuvem de ilusão não se dilui,
Apenas o vazio; ainda espero.

Por mais que haja futuro, não prevejo.
Meus dias transcorrendo em ar tão denso.
A liberdade é tudo o que desejo,
E disso a cada fase eu me convenço.

Porém o que fazer se estou contido,
Correntes que se ataram aos meus pés.
Porvir que no passado decidido
Percebe a vida apenas de viés.

Melífera esperança, sonho tolo,
Semente perpetua antigo solo...

1544


Semente perpetua antigo solo
Aborto anunciado da esperança
Ao pouco que vivi ora me imolo
Difícil perceber que o tempo avança

Olhando pra mim mesmo eu percebi
As rugas e os cabelos já grisalhos,
Mas volta e meia chego então a ti
Na busca por antigos agasalhos

Fantasmas caminhando pela casa,
Arrastam seus grilhões, pesam demais.
A volta à realidade sempre atrasa
O barco vai seguindo e perde um cais.

Sabendo que é preciso navegar,
Quem sabe poderei me libertar?


1545


Quem sabe poderei me libertar
De todas as algemas que carrego
Às quais com devoção e raro apego
Meu corpo eu sinto, aos poucos se entranhar.

E nesta simbiose, devagar
De tanto que me dou e assim me entrego
Qual fora dentro da alma, um firme prego
Não deixa nem coragem de lutar.

Saudade de quem foi e não voltou
Revolta e volta e meia vem à tona.
Ferida que não sai nem abandona

Na luta tão insana o que restou
De um horizonte morre em cores gris,
Embora em agonia, eu sou feliz...


1546




Embora em agonia, eu sou feliz,
Um paradoxo expresso neste amor
Ao mesmo tempo brando; num torpor
Explode em emoções qual chafariz.

Carinhos que se fazem bons e vis,
Olhares traduzindo o sonhador
Titubeante passo a me compor
Negando enquanto traz o que mais quis.

Amor que sonegando faz a glória,
Ao mesmo tempo exclui numa vitória
Marulhos em deserto, em preamar.

Estrela que se deu em céu e mar,
Deste ostracismo surge a jóia rara,
Enquanto claudicante, me antepara...

1547


Enquanto claudicante, me antepara
A mão deste desejo inesgotável
No qual o peito amante já dispara
Encanto que eu queria interminável.

Sentindo o teu perfume junto a mim,
Eu tenho esta certeza que me move,
Chegando mansamente vou ao fim,
Que a vida; da alegria farta, prove.

A luta que tivemos; sei, foi tanta,
Amor de qualquer jeito vale a pena.
No quanto a fantasia nos encanta
Floresce em perfeição jasmim, verbena...

Eu posso te falar e embaixo assino,
O bem querer mudou nosso destino...



1548





O bem querer mudou nosso destino
Trazendo uma alegria inusitada,
Enquanto nos teus braços me alucino
A vida se mostrando iluminada.

Sorriso em paz sobeja nos tomando,
O dia será sempre bem melhor.
O gosto de teu beijo alvoroçando
Prazer que tanto quero e sei de cor.

Das cores preferida da aquarela
Matizes de esperança em luz suprema.
A sina que em carinhos já se sela
Supera qualquer dor, qualquer problema.

Tu és o meu caminho, a minha senda,
Descrita há tantos anos, uma lenda...


1549



Descrita há tantos anos, uma lenda,
Falando de princesas e castelos,
Amor que tudo sabe, já desvenda
Arando uma esperança em bons restelos...

Na aduana da vida, não sonega,
Dedicação perfeita que se exige
No amor quando em verdade e paz se entrega
A um mundo mais sublime nos erige.

Ebúrneo sentimento intransigível,
Amor não tem limites, segue à risca
Embora tantas vezes intangível,
Um vôo cego decerto sempre arrisca.

Eterno renascer da juventude,
Nas horas mais difíceis, meu açude...

1550

Nas horas mais difíceis, meu açude
Matando a minha sede interminável
Na boca que se entrega; uma atitude
Permite um novo sonho mais amável.

Amando sempre além do que já pude
Flagrante de esperança afiançável
Vacância de emoções jamais ilude,
Porém amor, um feito imponderável.

Esgarça enquanto tece um novo tempo.
Transforma contratempo em passatempo
E ri-se da ironia desta vida.

Quem traz esta perfeita sincronia
Percebe quanto amor nos alivia,
Ao Eldorado em sonhos, dá partida...

1551


Ao Eldorado em sonhos, dá partida
O sentir que nos toma em noite imensa.
A barca da esperança de saída
Espera ao fim da vida a recompensa.

Se eu te amasse, a sorte distraída
Buscando em outra senda a luz intensa
Deixando uma ilusão na despedida
Sem glória ou fantasia que convença.

Ao contar as estrelas em que espalhas
Teus rastros pelas ruas e calçadas,
Adentro em alegria as madrugadas

E embora eu vá nos fios das navalhas
Sabendo deste amor, não temeria
Nem mesmo a solidão, barca vazia...

1552


Nem mesmo a solidão, barca vazia,
Impede aventureiro coração
Que busca o paraíso na amplidão
Deitado sob o sonho, a fantasia.

Contendo da tristeza uma sangria,
O vento se mostrando em turbilhão,
No fogo tresloucado da paixão
Projeto de esperança não se adia.

Ardendo nos teus braços, fogaréus,
Adentro com firmeza claros céus
E bebo cada gota deste orvalho

Enquanto em sedução gozos espalho
Tramando um novo tempo de viver
Hedônicos caminhos do prazer.


1553


Hedônicos caminhos do prazer
Vislumbro no teu colo, nos teus seios,
Descendo estes riachos sem receios
Sinto este gêiser raro a me ferver.

Aprendo a cada dia o que é querer
Vencendo em plenitude meus anseios,
Descubro sutilmente novos meios
De sendo tão sedento te beber.

Chegaste como uma onda gigantesca
Tomando toda a praia num segundo,
Numa explosão divina e até dantesca

Assim como um tsunami redentor,
De um jeito tão fantástico e profundo
Mostrou o que é, em verdade, um grande amor...

1554


Mostrou o que é, em verdade, um grande amor
O riso alucinante, sem motivos
Aparentes. Do amor somos cativos,
Nos elos deste sol libertador.

Um novo amanhecer a se compor
Trazendo para a vida os aditivos
Que possam nos manter em glória vivos
Fomentos deste bem encantador.

Porém quando lembramos de outros dias
Distantes de emoções e fantasias
A dor residual vem e se acena,

Bebendo desta fonte tão salobra
Na trama que infeliz, já se desdobra,
O vento do passado inda envenena.



1555

Porém em teu amor, eu já me aninho
Presença feita em paz, consoladora,
Vencendo a solidão vil opressora
Que há temos vem chegando de mansinho

Tomando minha casa, rouba o ninho,
Voltando ao meu passado se assenhora.
Amor que tanto amansa quanto escora
Promete a mansidão plena em carinho.

A sorte transmudada me permite
Um dia mais sereno. Sem limite
A vida não trará seus girassóis.

As águas se expandindo, inundação,
E mesmo em torpes versos, ilusão
Ainda nos demonstra seus faróis...

1556


Ainda nos demonstra seus faróis
Amor alumiando toda a costa.
A força em claridade sendo exposta
Invade transformando os arrebóis.

A vida preparando seus anzóis
Na boa pescaria sempre aposta.
Ao sol de uma esperança amor se tosta,
Na noite destes sonhos, rouxinóis.

Alquímicas vontades pressupondo
Panacéias diversas, luzes fartas.
Da fonte dos desejos não te apartas

O mundo em harmonia se compondo
Nos braços entremeios e carícias.
Paixões não são somente assim, fictícias...

1557


Paixões não são somente assim, fictícias,
Palpáveis e volúveis, com certeza.
E mesmo que com força ou mais destreza
Às vezes nos sonegam tais delícias.

Enquanto nos dominam, em sevícias
Avançam e destroem, pondo a mesa,
A mão que me acarinha também pesa
Em meio a tantas ondas de malícias.

A qualquer preço tento um novo dia,
Aonde pelo menos a alegria
Não seja momentânea. Isso me cansa.

Amar em harmonia? Necessito.
Não acho necessário um plebiscito
No grito ou em concórdia a vida avança...

1558

No grito ou em concórdia a vida avança,
Melhor se tu topasses vir comigo.
Também se não quiseres? Nem mais ligo,
Deixei de ter amor como esperança.

A força que se mostra em confiança
Enfrenta sem temor qualquer perigo,
Mas quando o tempo passa e traz consigo
Apenas o que sobra na lembrança?

Desculpe se eu estou acostumado
A mimos e palavras mais sutis.
Resumo o que vivemos no passado

Em frases e promessas doidivanas
Enquanto vou dizendo: sou feliz,
Bem sei que mais marota, tu me enganas...


1559


Bem sei que mais marota, tu me enganas
Enquanto vai risonha pelas ruas,
Verdades que se querem sempre cruas
Traduzem, com certeza carraspanas.

E nelas; meus problemas? Cedo danas.
Não digo que meus sonho tu influas
Nem mesmo em fantasias seminuas,
Ou quando seca assim minhas fontanas.

Melindres? Não os tenho e nem terei
Apenas quero a paz que é de direito,
Carrego do passado, de outra grei

O canto em desafino, mas honesto.
Deitando toda noite em mesmo leito,
Concordo quando dizes que eu não presto.


1560

Concordo quando dizes que eu não presto
Que o verso que eu te faço e repetido,
Do quanto que eu desejo recebido,
O resultado eu sinto que é funesto.

Traduzindo decerto cada gesto
Eu vejo o que não tive repartido
Repatriado sonho diz olvido
Da nossa qualidade eu não atesto.

Se eu testo ou se esse texto vai sem nexo
O que me importa é ter o teu carinho,
Embora a solução de tudo: o sexo,

É mais complexo sempre se emoção
Mistura com amor nesse cadinho
Fazendo em alquimia uma explosão...


1561


Fazendo em alquimia uma explosão,
Temáticas diversas dizem nada.
A relação assim analisada
Permite tão somente a negação.

Amor quando nos infla qual balão
Promete a cada crise, a derrubada,
Na mata em que se deu nossa queimada
Ocorrerá desertificação.

Não que eu seja, amor, ecologista
Apenas por favor, vê se despista
E vamos prosseguindo, mesmo assim.

Estou apaixonado, não discuto,
Porém se amor não traz outro atributo,
Escuto a tua voz dentro de mim...


1562

Escuto a tua voz dentro de mim,
Num eco interminável que me esgota
Amor quando se trama além da cota
Encharca e não dá chances ao jardim.

Amor não é sequer um trampolim;
Aonde uma esperança é mais remota
Amor com poucas gotas tudo lota,
Porém quando demais, pressente o fim.

Eu quero tão somente a vida em paz,
No amor que mansamente satisfaz
Tempero na medida mais exata.


Não quero ser do amor, mero cativo,
Se dele e não por ele, sobrevivo
Excesso de cuidado enjoa e mata...

1563


Excesso de cuidado enjoa e mata;
Mas sem adubos morre cedo a planta
A luz que em calmaria nos encanta
Ao mesmo tempo em paz sempre arrebata.

A força da paixão tanto maltrata
Enquanto dá retira a mesma manta
Quem sabe disso tudo não se espanta
Segredos infindáveis? Desbarata.

Mecânicas diversas deste enredo
Provendo uma alegria que nos doma.
Além de simplesmente ter em soma

A chave do caminho em que enveredo
O gosto de viver a eternidade
Embora, com prazer e liberdade...


1564


Embora, com prazer e liberdade,
A vida não se mostra como eu quis.
Posso dizer que estou bem mais feliz,
Mas isso não comporta uma verdade.

A chama que se mostra em falsidade
Condena à leda treva. A sorte, atriz
Engana o coração, pobre aprendiz
Trazendo no final, a impunidade.

Parceiro do teu sonho? Não sou mais,
Eu sei que o pesadelo sobrepõe
E aos poucos nosso amor se decompõe

Perdendo pouco a pouco os seus sinais.
Angústia; eu sei, virá depois de tudo,
No amor que era de vidro, eu não me iludo...


1565


No amor que era de vidro, eu não me iludo,
Ciranda se perdendo na lembrança
Desilusão jamais contrabalança
O desencanto deixa o sonho mudo.

Um verso que se mostra mais agudo
Talvez venha negar a contradança,
O quanto se deseja em confiança
Não serve mais sequer como um escudo.

Eu tento e não consigo disfarçar,
Perambulando estrelas, sou cometa.
A cada novo engano que cometa

O coração batendo devagar,
Divago sobre o quanto que restou
No peito que entre trevas tanto amou...


1566




No peito que entre trevas tanto amou
Apenas o quer resta: uma lembrança
Quem tantas vezes teve por pujança
Um manto aonde em sonhos se entregou

Agora não sabendo mais quem sou,
O desespero vem e quando avança
Destrói o que sobrou de uma criança,
Espalha pedra e cardo aonde eu vou.

Cardumes de ilusões em piracema
Tentando suplantar a corredeira,
O amor quando propõe algum dilema

Não deixa outra saída senão esta,
Quem sabe da paixão mais verdadeira,
Em agonia leva a vida em festa...


1567

Em agonia leva a vida em festa
Imaginário gozo que se dá
Aonde o sol de novo brilhará,
Depois da noite amarga e tão funesta.

Ouvindo a melodia que em seresta
Trazendo uma alegria desde lá
Porém diapasão esquece o lá
E a vida ao desafino já se empresta.

Ao mesmo tempo o beijo e o bofetão,
A chuva se aproxima e em supetão
Transforma o que era seca em alagado.

Matreiras as razões do coração.
O jogo fartamente anunciado
Pendendo quase sempre pro outro lado...


1568

Pendendo quase sempre pro outro lado
Num pêndulo de eterna assincronia
O vento às vezes brisa ou ventania
Destrói tudo que encontra num enfado.

Amazônico rumo feito um prado
Trazendo a lua cheia ao meio dia
No quanto que em silêncio me dizia
O amor por vezes chega destroçado.

Facetas tão diversas, num mosaico,
Um pós moderno gosto quase arcaico,
Gaiola que seduz um passarinho.

Vagando tantas vezes, vário céu,
Delícias eu encontro quando ao léu
Porém em teu amor, eu já me aninho.


1569

Farrapos do que fui; o fogo queima
Deixando por resíduo um vão retrato,
Por mais que se emprestando a uma toleima
Tristeza quer comer no mesmo prato.

Das ânsias imagina a guloseima
Uma amizade vira desacato,
Sabendo desta antiga e mesma teima,
Nos mãos de uma amargura eu me debato.

Aguardo na esperança um bom causídico
Evitando talvez, jugo fatídico
Cansado de viver no amor qual réu.

Rompendo esses grilhões, aguardo a sesma,
Embora já sabendo ser a mesma
Guardada há tanto tempo em negro véu...

1570



Guardada há tanto tempo em negro véu
Imagem destroçada da esperança
Somente uma ilusão ainda amansa
O que restou de um sonho tão cruel.

O amor se fez da paz velho bedel
Arauto que anuncia a nova dança
Quem tem no amor imagem, semelhança
Já sabe desvendar chaves do céu.

Por vezes não entendo o seu intuito
E mesmo que ele venha assim fortuito,
Amor sempre tramando algum remendo

Estende suas mãos com galhardia,
Quem busca neste insano uma alforria
Acaba quase nada, ao final tendo...

1571



Acaba quase nada, ao final tendo
Aquele em quem o sonho deposita
Além do que em verdade amor nos dita
Diversas emoções; segue vertendo.

No quanto não preciso mais de adendo
Evito vislumbrar qualquer pepita
Que traga, de repente uma desdita
E tudo continue corroendo.

Benesses eu recebo quando entranho
O gosto de sonhar, mesmo que estranho,
Apenas tão somente por saber

O quanto nada além de uma ilusão
Permite que qualquer transformação
Não deixa mais a luz se perceber...

1572


Não deixa mais a luz se perceber
Montanhas de problemas que hoje trago,
Não quero da alegria algum afago
Nem mesmo seus carinhos receber,

O quanto é necessário converter
O trigo que apodrece cada bago
Se amor ou esperança eu sempre apago,
Matando a fantasia sei poder.

Nas ancas remelexos e senzalas,
Nos olhos e nos beijos, tantas balas
Revolvem dia-a-dia adiam sonhos.

Nas mãos da namorada esse fuzil,
Sorrisos na verdade tão medonhos,
Facetas desta trama mais sutil.


1573


Facetas desta trama mais sutil
Nas máscaras da sorte dão azar.
O beijo que se pode sonegar
Transporta um gozo estúpido e tão vil.

Embora nada tendo, amor pediu
Um preço tão difícil de pagar,
A lamparina teima em se apagar
No céu as cores várias de um abril.

Um hábil jogador sempre adivinha
Quanto seu adversário nunca tinha
Num blefe muitas vezes genial.

Penumbras desfilando na calçada
Não é decerto, amor, da minha alçada
Meu verso é fartas vezes mais banal.


1574


Meu verso é fartas vezes mais banal,
Eu sei que isso é talvez lugar comum,
De todos os meus sonhos sei nenhum,
A lua se perdeu em novo astral.

A par deste vazio em meu bornal,
Não tendo mais desejos eu quero um
Que tire da gaiola o cego assum
Deixando ouvir seu canto magistral.

Assim engaiolado tantos anos,
Tomando em goles fartos, desenganos
O tempo não descansa e sem limite

Avança enquanto rouba meus cabelos,
Fomenta a cada noite pesadelos,
Ainda quer que nele eu acredite...

1575

Ainda quer que nele eu acredite,
Moleque tão maroto o tal do amor.
Por mais que uma incerteza ainda agite
Desconjuro quem teima sonhador.

Não quero que essa treva inda me fite;
Nem mesmo com seu ar de benfeitor,
Amor que me iludindo, encantador
Não tem direito algum a dar palpite.

Às turras vou seguindo a minha sina
Bebendo a fantasia em grandes goles,
Mas saiba quando em fogo tu já boles

A sorte desdenhosa se declina
Vislumbra o fogaréu mais corriqueiro
Quando se bota a mão neste vespeiro...

1576



Quando se bota a mão neste vespeiro
Garanto que ninguém fica por perto.
Amor que tantas vezes é treteiro
Propaga a tempestade no deserto.

Revolução em fogo costumeiro,
Sem eira perde beira em campo aberto,
Espalha pela casa esse mau cheiro,
Tornando o meu caminho mais incerto.

Recolhe tão somente os meus pedaços,
Amor só deixa assim, restos bagaços
Depois de devorar tudo por dentro.

Nas tramas deste arqueiro eu me concentro
Mas nada do que vejo mostra um rumo.
Também se nem meus erros eu assumo...


1577



Também se nem meus erros eu assumo,
O que dizer de ti, moça avoada?
A carta deste jogo está marcada,
Depois de tanta falha, eu me acostumo.

Porém é necessário ter aprumo
Erguendo o peito em alma destroçada.
Sabendo que ao final, nova guinada
Trará de novo à vida o velho rumo.

Vencendo a tempestade, sigo alerta,
Estrada que pensara estar aberta
Agora não se deixa trafegar.

Da boca que eu beijei em lua mansa,
Apenas a mordida inda me alcança.
Agora ao prosseguir, vou devagar...


1578


Agora ao prosseguir, vou devagar,
As curvas se acumulam nesta estrada
Por vezes quando a tarde esta nublada
Desando o meu passado a recordar.

Aguando de esperança este lugar
Estendo o coração, abrindo entrada
Do peito, mas depois não tendo nada
É hora de partir e não voltar.

Mergulho neste mar em águas turvas
E vejo que retornam velhas curvas
Num ir e vir terrível sem saídas

Assim vendo o naufrágio bem mais perto,
Um timoneiro antigo e mais experto
Lança ao mar o seu bote salva-vidas...


1579


Lança ao mar o seu bote salva-vidas
Amor que não tem forças, na procela,
O quanto se deseja e se revela
Em bocas e carícias distraídas.

As honras ao amor são concedidas
Por quem imaginando raras telas
Liberta o pensamento, solta as selas
Esquece as horas tolas, já perdidas.

Batalhas engrenando são diversas
Palavras quase inúteis, vãs, dispersas
Espalham pelos céus, o sentimento.

Assim, ao ter o sonho em minhas mãos,
Os dias que se foram morrem vãos,
Aguardo ansiosamente os novos ventos...


1580


Aguardo ansiosamente os novos ventos
Que tragam boas novas para mim.
Dos sonhos que eu tivera, agora eu vim,
Entregue aos mais ingênuos sentimentos.

Vivendo com fervor falsos momentos
O nada disfarçado em tolo sim,
A praga destruindo o meu capim,
Os dias foram sempre vis tormentos.

Amanso o coração ao pressentir
Que agora tendo alguém pra repartir
A vida não me pesa, imensa cruz.

Espero tão somente convencer
Que se tiver na vida algum prazer,
Eu com certeza; amada, faço jus...


1581


Eu com certeza; amada, faço jus
Dos teus carinhos, gozos e promessas,
E sei que muitas vezes já tropeças
Deixando velhos sonhos, todos nus.

Amor que na verdade nos induz
Às vezes nos pregando muitas peças
Enquanto a caminhada, recomeças
Estende em cada trilha treva e luz.

Na soma do que somos e queremos,
Recolho os mais sublimes dividendos
Além de perceber os meus remendos

Em fartas emoções sobrevivemos
Rompendo tal corrente atada aos pés,
Remando contra a fúria das marés

1582



Remando contra a fúria das marés
Não quero ser joguete do ir e vir,
Acende a lamparina do porvir
O olhar meio de banda e de viés

Sabendo quem eu sou sei quem tu és,
Retrato tão igual a repetir
Acertos, erros, medos. Prosseguir
Vencendo estes grilhões, frias galés.

Reveses e mentiras disfarçadas
Senzalas e verdugos latejantes.
O quanto já soubera dos constantes

Dilúvios; escancara a nossa teima,
E mesmo em nossas barcas adernadas,
Farrapos do que fui; o fogo queima.


1583


“E deles vem surgindo um claro manto!”
Assim pensei um dia, em vão tormento,
Recebo como herança o desencanto
Toando este estribilho em desalento.

Coleto do que fomos; farto pranto,
Um resto de ilusão traz sofrimento,
O quanto se perdeu m frágil vento,
A noite vai restando em negro manto.

Há tempos eu sorria pelas ruas,
Tentando disfarçar antigos medos.
Imagens que carrego, amor são tuas,

Tentando relembrar tanta beleza,
Porém um amargura impõe seus dedos
Rasgando a minha pele esta tristeza...

1584


Rasgando a minha pele esta tristeza
Extingue qualquer forma de esperança.
Olhar sempre longínquo não descansa
Apenas no caminho, uma aspereza.

Dos sonhos da ilusão, outrora presa,
Agora sem ter paz e temperança
Da morte aguardo um riso em contradança
Não tenho mais vontade e nem defesa.

Noctâmbulo fantasma se anuncia
Derruba; com sarcasmo, ícones falsos,
Vislumbro tão somente os cadafalsos

Masmorras de minha alma em agonia.
Do fim eu adivinho os seus sinais
Macabros e temíveis rituais...


1585


Macabros e temíveis rituais
Florindo a minha noite em cardo, erica,
No abrolho recolhido já se explica
O gozo destes medos canibais.

No limbo as gargalhadas infernais
Fumaça se esvaindo me intoxica
Sulfúrica ilusão motes replica
Em meio a tempestades abissais.

Estendo em desespero minha mão
Alçando ao mesmo tempo Céu e chão,
Hedônica amargura já vem vindo

Um Eldorado feito em ar satânico,
Porém vou me entregando sem ter pânico
Formidável cenário atroz e lindo...



1586


Formidável cenário atroz e lindo,
Numa expressão talvez contraditória
Moldando com certeza a minha história
Enquanto em pesadelos vou caindo.

No quanto em fantasia, amor eu brindo,
Já não suporto assim tanta vanglória
A lua avermelhada e merencória
Aos poucos no horizonte vem surgindo.

Medonhas formações anunciando
A chuva que virá e não mais tarda,
Meu passo vendo o zênite retarda

No quanto em amor cego, desabando
Da vida outrora um pálido histrião,
Ressurge como um tolo falastrão...


1587


Ressurge como um tolo falastrão,
Eólica esperança em grave canto.
Professa com certeza o desencanto
Estampa em passaporte a negação.

Estrelas vão partindo em procissão,
Vazio se espalhando num quebranto
Regendo a nossa vida em tal espanto,
Não deixa que se saiba a direção.

Um sonho que em fronteira, aduaneiro
Buscando assim o trigo, traz o joio.
Tristezas vem trazendo em seu comboio.

Melífera ilusão de um jardineiro
Fazendo da colheita o seu troféu,
Permite mesmo em trevas ver o céu...


1588


Permite mesmo em trevas ver o céu,
O olhar esperançoso de quem ama.
Vestígios que encontrei da antiga trama
Aspergem fantasia em carrossel.

Nas mãos de um bom artista este pincel
Entrelaçando cores, belo exclama
Tiaras estelares fazem fama
Na arte que em sapiência tem troféu.

Augúrios propalados são incertos
E mesmo em olhares mais expertos
Por vezes se revelam falsidades.

Da pedra lapidada, nem sinal,
Diamantina sanha de um jogral
Legando ao velho circo amenidades...

1589



Legando ao velho circo amenidades,
Sorrisos tantas vezes estrambóticos
Em guizos, histriões decerto exóticos
Demonstram sem rigor, banalidades.

Rompendo do passado, velhas grades
Detalhes deste umbral, em arcos góticos
Em meio a gozos fartos, bens eróticos
Desejos tão iguais voracidades.

Apátrida emoção não quer escolha,
Expresso nos meu verso em cada folha
O quanto em placidez amor faz busca.

O amor que noite imensa já patusca
Bebendo o farto vinho em rara orgia,
Delitos e delírios; cedo cria.

1590


Delitos e delírios; cedo cria,
O gozo das paixões em luz profana.
A mão que acaricia mais humana
Estende nos dedos poesia.

O bem de farto amor nos propicia
Propícia solução que não engana
Nas ganas de prazer a alma cigana
Emana tão somente esta alegria

Segredos mais profundos, dizem mar,
Em abissal mergulho adentro em ti
Aonde tantas vezes me perdi

Vestígios do que sou vou procurar.
Entremeando luzes e matizes,
No amor nos tornaremos mais felizes...

1591


No amor nos tornaremos mais felizes
E sendo assim não busco outro caminho
Seguindo estas pegadas, de mansinho,
Supero nos teus braços velhas crises.

Por mais que encontre às vezes meus deslizes,
Decerto poderei frente ao carinho
Saber que se andei antes tão sozinho,
A vida se mostrou noutros matizes.

O verso que é reverso da medalha
Não teme com certeza outra batalha,
Pois tem no amor perfeito um trunfo a mais.

Balança a nossa rede, o doce vento,
Amor não quer desculpas nem lamento
Conhece desde sempre o velho cais...


1592


Conhece desde sempre o velho cais,
A barca da ilusão na qual navego,
Não tendo na esperança algum apego
Eu quero da alegria muito mais.

Os dias que passamos informais
Permitem que eu vislumbre enfim sossego,
A solidão pedindo então arrego
Não voltará, Deus queira, aqui jamais.

Conheço desse jogo, suas manhas,
Amor tem nas incríveis artimanhas
Uma arma que se mostra mais potente.

Porém quem reconhece o seu perfume
Acende em seu caminho, claro lume
Deixando-se levar pela torrente...


1593


Deixando-se levar pela torrente
Um sábio coração não teme nada,
A porta da alegria escancarada
Cravando em nossa pele cada dente.

O vento que se mostra de repente
Entrando em nossa vida, na rajada
Expressa uma paixão desenfreada
Que a bússola dos sonhos não pressente

A rosa do ventos se danando
O dia em convulsão se anunciando,
Trazendo a cada olhar perplexidade.

Enchente transbordando o ribeirão,
Nas braças deste amor, inundação
Mudando em temporal, tranqüilidade...


1594



Mudando em temporal, tranqüilidade,
Olhar que me bendiz em fogaréu.
Arcano querubim estende o céu
Tentando transmitir a sobriedade.

Porém amor insano, em liberdade
Indômito e frenético corcel
Galopa em ventania e mesmo ao léu
Espalha sobre nós felicidade...

Geleira que derrete; o amor corsário
Num vôo que se mostra temerário
Vislumbra do infinito este tesouro,

Cigano ao enfrentar mar revoltoso
Estende como rastro o pleno gozo,
Descobre no teu corpo; ancoradouro...


1595


Descobre no teu corpo; ancoradouro
Em doces aventuras juvenis,
Chamando por Tormenta o bravo mouro
Encontro nos teus lábios o que eu quis.

Em lutas tão diversas, meu tesouro
Está no teu olhar. Vou por um triz
No inclemente sol árabe me douro
Arabescos formando em bel matiz

Nos mares cipriotas, meu destino,
Voltando a ser de novo este menino
Que um dia imaginou tanta aventura.

Acordo e quando vejo tal beleza
Na vívida miragem, a princesa
Proporcionando enfim, rara ternura...

1596



Proporcionando enfim, rara ternura
O cântico profano enluarado,
Silenciando em glória a desventura
Mudando em luz soberba antigo Fado.

Embora a solidão trame amargura
O verso em pleno amor extasiado
Não traz sequer resíduos do passado,
Provê nosso caminho em tal fartura

Que nada impedirá gozo supremo.
Ao lado de quem amo; nada temo,
A vida se desdobra em raro encanto.

Estrelas e cometas seguem rastros
Do amor que se deslinda em belos astros
E deles vem surgindo um claro manto.


1597



Às vezes um temor ainda teima
Fazendo estardalhaço do seu jeito.
Enquanto essa saudade volta e queima
Matreiro, no meu canto cismo e espreito.

Frases feitas não servem para nada,
Eu quero o teu momento que não vem,
A boca sem vontade, escancarada
Procura novamente por alguém...

Meu último suspiro foi à toa,
Agora não precisa mais voltar.
Uma esperança tola inda revoa,
Sem trunfos quem sou eu para jogar?

Dos pódios e troféus, nem notícia.
Amor é uma palavra vã, fictícia...


1598

Amor é uma palavra vã, fictícia
Cabeça vai rodando em girassol,
No quanto vou vivendo sem carícia,
A contramão me nega dia e sol.

Promessas de delírios em malícia
O peixe não escapa desse anzol.
Por isso tantas vezes a delícia
Transforma em área seca um arrebol.

Nas esquinas procuro o teu olhar,
E nas estrelas bebo a fantasia.
Guitarras entre lendas e desertos.

Vontade de tocar e de provar,
Trincheira da ilusão decerto adia
Os planos que eu pensara estarem certos...


1599


Os planos que eu pensara estarem certos
Na poeira da estrada, nunca mais.
Caminhos tantas vezes entreabertos
Mostraram velhos portos infernais.

Relógio que desperte, sem as pilhas
Titânica vontade que se esvai.
Distante dos extremos que tu trilhas
Perdido neste amor sem mãe ou pai.

Cabelos, caracóis, mares e praia.
O vento corrobora minhas senhas.
Lambendo por debaixo dessas saias,
Aguarda após a chuva que tu venhas.

Mas ao te ver passar pelas esquinas,
Descubro por que ganhas e dominas...

1600


Descubro por que ganhas e dominas
Os jogos sensuais que te proponho,
Bebendo fartamente dessas minas,
A vida vai passando como um sonho.

As rotas da esperança, peregrinas
Afastam qualquer dia mais medonho.
No quanto com meus lábios tu combinas
Um quadro mais sublime em ti componho.

Distante das ferrugens dos salões
Desfila em passo manso pelas ruas.
Sabendo conquistar sem ser esnobe.

O coração balão em festa sobe,
Vagando por espaços, ganha luas
Soltado pelas mãos feitas paixões...

1601


Soltado pelas mãos feitas paixões
Vestindo de ilusão e de promessa,
No quanto traz desejo se confessa
Fugindo, com certeza dos padrões

Amor paloma branca em amplidões
Gerando a fantasia, gozo expressa,
Porém é necessário não ter pressa
Que o tempo trama em paz, explicações.

Sem métrica ou sem rumo vai meu verso,
Beijando a madrugada quer o dia,
Antítese sublime à qual me lanço,

Rasgando num segundo este universo.
A sorte que se espalha prometia
A vida claramente qual remanso...


1602




A vida claramente qual remanso
Depois que esta alegria nos tomou
O amor que canto em versos, sem descanso,
Moldura em que minha alma se encontrou,

Vestido de esperança sempre avanço,
Buscando aonde estrela mergulhou
O coração feliz, batendo manso,
Já sabe o que procuro, aonde vou,

E segue este cometa enamorado,
Seguindo o que me resta, do teu lado
Na glória que se mostra sempre tanta.

A força deste amor nos conquistando,
Sublime fantasia derramando
A cada novo dia se agiganta.


1603

A cada novo dia se agiganta
O mar em que desejos aprofundo
O brado feito amor já se levanta
Espalha sobre a Terra um bem profundo,

A dor para bem longe, amor espanta,
Mudando a minha sorte num segundo.
Minha alma extasiada, assim se encanta,
Nas águas deste amor, enfim me inundo,

E canto meu futuro venturoso,
Tocado pelo amor em pleno gozo
Cevando um claro tempo deslumbrante.

Vivendo o que me resta em plena paz
Amor que nos domina e satisfaz
Nos olhos da morena provocante...





1604

Nos olhos da morena provocante...
A sorte doidivana está lançada
Do amor em plenitude, eu sou amante,
Caminho sem ter dúvida esta estrada

Que segue sem temores para diante,
E forte no meu peito sempre brada,
Mostrando uma alegria a cada instante,
E a vida já trazendo iluminada.

O canto deste amor me contagia,
Clareia em luz intensa cada dia,
Cevando essa semente em dura terra.

No adubo da esperança, um jardineiro
Trazendo com carinho o seu canteiro
A porta às armadilhas, cedo cerra.



1605

A porta às armadilhas, cedo cerra.
Quem tem um sentimento igualitário
Amor vai se elevando sobre a Terra,
Além do que eu pensara; imaginário

Sonho aonde esta glória assim encerra
Um canto mais audaz e necessário.
No amor a solução pra triste guerra,
Vencendo em calmaria um adversário

Que contra a sua força não podia
Entregue sem defesas, fantasia
Vislumbre mais sublime em alto plano.

Alegrias em vôos plenos benditos
Percebem mansos vales; tão bonitos,
Lançando-se sublimes, do altiplano.



1606


Lançando-se sublimes, do altiplano.
Condores libertários, belos Andes,
Amor não permitindo mais engano,
Nem mesmo a fantasia que desandes

Percebe da tristeza qualquer dano
Tornando-se maior em feitos grandes
Amor que se demonstra soberano,
Encantos permitindo que comandes,

Seguindo vai incólume adiante,
De todos os maiores, o gigante!
Amor que em mansidão nos dominou,

Embora reconheça esta potência
Que tantas vezes trama em inclemências
A luz em treva intensa ele espalhou...


1607

A luz em treva intensa ele espalhou,
E nele com certeza eu já me espelho
Amor que em esperanças se lançou,
Renova um coração outrora velho,

E busca uma alegria que encontrou,
Não quer da solidão sequer conselho,
Vestindo uma emoção se demonstrou,
Mais forte e mais sereno. Em seu espelho

Reparo a juventude ressurgida,
Ao renovar em brilho a minha vida
Em toda essa amargura dá seu jeito

Não tendo o que temer eu sigo manso,
Sabendo que depois de tudo alcanço
A paz em devoção, eterno pleito.




1608

A paz em devoção, eterno pleito
Que toma a nossa vida totalmente
Meu canto em teus encantos, satisfeito,
Transborda em alegria, calmamente,

Felicidade muda em seu conceito
Do amor vira sinônimo e pressente
Que o mundo em nova face, dê direito
A quem necessitar ser mais contente

Deixando o sofrimento já perdido,
Distante, sempre ausente, e sem sentido
Deixando a solidão assim de lado,

Eu tenho já comigo esta alegria
De ter a anunciada sintonia
Deixando o meu caminho iluminado.


1609


Deixando o meu caminho iluminado.
Contigo estarei sempre e desde cedo,
Amor que em meu caminho, muda o Fado
Tramando em alegria um novo enredo,

Meu canto se mostrando extasiado,
Percebe a solução deste segredo
Há tanto tempo e sempre demonstrado
Distante de temor, receio ou medo.

Minha alma na tua alma mergulhada,
Impede a solidão, fria cilada
E em lúdica alegria se oferece

Ardentes emoções se superpondo,
Um raro alvorecer vai se compondo;
O encanto feito amor rejuvenesce.


1610

O encanto feito amor rejuvenesce.
Trazendo ao desespero o seu descarte
É como se, querida eu já pudesse,
Alçar em pensamento qualquer parte

Do espaço em que o prazer assim se tece,
Alçando uma alegria, assim, destarte,
Agradecer a Deus, em louca prece,
Alvíssaras risonhas que reparte

Amor em nossos corpos, cada vez
Que a noite nos impele, insensatez
Sabendo que amanhã o sol nos queima.

E mesmo que vivemos esta sorte,
Resquício do que houvera em fundo corte,
Às vezes um temor ainda teima,


1611


Mas quando em calmaria, amor eu canto
E nele vejo sempre a luz bendita
Minha alma em sedução, zênite fita
Bebendo cada gole deste encanto.

Nos braços deste sonho me agiganto
Meu mar em emoção logo se agita
Sabendo que encontrei rara pepita
Afasto dos meus dias medo e pranto.

Porém se o bem do amor me emociona,
Enquanto chega, atroz, logo abandona,
A seca deste rio; eu volto a ver.

Somente na amizade eu encontrei
A mansidão real em bela grei
Um rio em grato mar a se verter.





1612


Um rio em grato mar a se verter.
Permite que emoção em paz prossiga
Sabendo da alegria de poder
Dizer que tenho, em ti a grande amiga.

Emoldurando o céu neste prazer
Felicidade imensa já se abriga
Nos braços de quem sonho poder ter,
Na claridade intensa que prossiga

Sendo o farol da vida a me guiar,
Nesta amizade, um mar a navegar.
Amansa com carinho um duro cenho.

O quanto de alegria proporciona
A voz do coração se erguendo à tona
Expressa todo amor que enfim, contenho...




1613


Expressa todo amor que enfim, contenho,
Trazendo uma esperança de onde eu vim,
Não temo as tempestades, pois eu tenho
O braço de quem quero junto a mim,

De um mundo dolorido de onde venho,
Já vejo florescer no meu jardim,
Mostrando em plenitude o teu empenho,
Amor que em amizade eu sei sem fim,

Nos passos bem mais firmes, alegria,
Luzindo no meu céu, estrela guia
Mostrando todo o sonho que eu almejo,

Translada das distantes pradarias
A luz que vem tomando as cercanias
Traduz um sentimento em paz, sobejo.



1614


Traduz um sentimento em paz, sobejo.
Encantos deste sonho em alegria
Façanha feita em cantos num desejo
O mundo em mais completa sintonia.

Um canto mais suave eu já prevejo
Pra quem só espalhou tanta harmonia.
Receba cada verso como um beijo,
Certeza de calor em noite fria,

Amiga, tantas vezes percebi
O quão existe belo dentro em ti
Apascentando as dores, duras feras,

Entrego o pensamento à liberdade,
Vivendo o bem supremo da amizade
Encontro finalmente as novas Eras...






1615


Encontro finalmente as novas Eras
Após rondar vazio na cidade
Vencendo as tempestades e quimeras,
Ganhando com valor, tranqüilidade,

Recendes a milhões de primaveras,
Teu canto se espalhando em liberdade,
As horas solitárias foram feras,
Agora reconheço que a amizade

Mantendo o coração feliz e vivo,
É mais do que somente um lenitivo
Além do que meus olhos procuravam.

Percebo a claridade novamente
Tomando a minha vida totalmente
Bem mais do que palavras demonstravam...

1616

Bem mais do que palavras demonstravam
Amizades, delícias propiciam.
Meus braços com os teus se entrelaçavam,
E os passos benfazejos se faziam,

Os sonhos mais divinos se aclamavam,
E os dias, claridades acolhiam,
Os cantos de amizade que exaltavam
Os rumos bem mais firmes que traziam

Os ventos traduzindo calmaria,
Tramavam esperanças de alegria
Na paz em perfeição, divinos bens

Nas mãos tão carinhosas, camaradas,
Retirando os espinhos das estradas,
Mostrando esta magia que tu tens...


1617

Mostrando esta magia que tu tens
A vida em mansidão vem me tomar
Por vezes titubeio, mas tu vens,
E apóias cada passo que eu for dar,

Por mais que o céu se turve em negras nuvens,
Tu trazes emoção no teu olhar,
E assim ao demonstrar sagrados bens,
Tesouros da amizade a nos mostrar

Que o tempo: ser feliz se faz agora,
E a lua emocionada, o céu decora
Caminho mais sublime em que bebemos

Da glória que nos traz supremacia
Vencendo toda forma de agonia,
A chama que em carinhos convertemos.




1618

A chama que em carinhos convertemos
Felicidade trama; eu sei de cor.
De tantos sofrimentos que tivemos,
Sabemos escolher o bem maior.

Amigos pela vida nós perdemos,
Não posso te dizer qual o melhor,
O barco não caminha sem os remos,
Tampouco existe um canto a se compor

Sem ter nos traços firmes de quem sabe
O quanto desta glória inda nos cabe
Permite que se sinta este poder

De um sonho inesgotável feito em luz,
Nos braços da amizade, amor reluz
Trazendo à nossa vida, paz, prazer...



1619



Trazendo à nossa vida, paz, prazer
O medo com certeza está vencido
Amiga, não me esqueço de dizer
Do quanto sou a ti agradecido,

Eu sei o quanto é bom disso saber,
Pois dá pra nossa vida, algum sentido,
Estrelas quando passas; recolher,
Jamais deixar que caia em frio olvido

Esta emoção sincera que hoje sinto,
No vinho da amizade, eu já me tinto.
Vislumbro em alegria um novo prado

Aonde um caminheiro mais sedento,
Encontra com certeza paz e alento,
Certeza de outro tempo anunciado.



1620


Certeza de outro tempo anunciado
Na fonte da alegria já se abriga
E bebo cada gole, extasiado,
Feliz por te saber, querida amiga,

Depois que achei perdidos rumo e fado,
Agora ser feliz, talvez consiga,
Matando esta tristeza do passado,
Permite que meu passo, enfim prossiga,

Alvorecendo um mundo em liberdade,
Às custas deste amor feito amizade
Que em plenitude e paz, vencendo, avança.

Nos olhos deste sol que nos luzindo
Permite um amanhecer mais claro e lindo
Proporcionando a glória em temperança.


1621

Proporcionando a glória em temperança
Um sonho em calmaria concebido
Nós somos passageiros da esperança
Que faz amor ser forte e destemido.

Nos olhos carregamos a aliança
Do sonho que queremos repartido.
Amor é como fosse uma criança
Precisa de carinho, não duvido.

Pois vamos, nesta vida sem ter medo,
Já que nós conhecemos o segredo.
Num passo bem mais firme, pois coeso.

Da mão desta ventura maviosa,
Uma expressão atroz e dolorosa
Percebe, com certeza todo o peso.

1622


Percebe, com certeza todo o peso
A sorte que por vezes é teimosa
O brilho de teus olhos vai aceso,
Tocando a noite imensa e gloriosa

A vida tantas vezes num desprezo
Impede uma alvorada mais formosa,
O sentimento aflige e torna teso
Aquele que sonhara jardim, rosa.

Porém nossa amizade, neste instante,
Rebrilha como um raro diamante
Que em fonte luminosa tornará

A treva em que vivera o tempo inteiro,
Nas mãos de um camarada, companheiro
Vitória em plenitude chegará.




1623

Vitória em plenitude chegará
Nas mãos que proporcionam temperança
Permite a boa sorte que virá,
Depois da tempestade, esta bonança

O sol que eu imagino nascerá,
Forrado pelos ventos da esperança,
Nesta alegria imensa que sei cá,
A vida mesmo dura, sempre avança

E mostra num sorriso mais feliz,
Que um dia nascerá tal qual eu quis
Vencendo as amarguras contumazes,

Farturas de emoções são permitidas
A quem em amizades percebidas
Expressa os sentimentos mais capazes.



1624



Expressa os sentimentos mais capazes
Quem tem numa esperança a companheira.
A lua se mostrando em várias fases
Um dia voltará a ser inteira,

Quem tem numa amizade firmes bases
Já sabe desta glória verdadeira
Dos sonhos de alegria que me trazes,
Tomando uma alegria por bandeira.

Assim, amiga a noite não mais neva,
Tampouco em negritude, se faz treva.
E mesmo em tempestade eu vejo encanto.

Vencendo as intempéries do caminho
Amizade não deixa andar sozinho,
Mas quando em calmaria? Amor eu canto!

1625

Funéreas tempestades vão embora
O quanto desejei e nada tinha,
Felicidade eu sei jamais foi minha,
Dos sonhos e quimeras, leda espora.

O quanto uma saudade rememora
O dia que em verdade nunca vinha,
Deitando sob o sol e sem sombrinha
O sol do meio dia me devora.

Do bronze que queria; queimadura,
Mas mesmo assim saudade cura,
Valendo cada dor que propicia.

Sem tempo de temer os temporais,
Se outrora desvendei segredo e cais.
Ao menos tive um pouco de alegria...


1626



Ao menos tive um pouco de alegria
E te agradeço o gozo de um momento
Que nunca mais saiu do pensamento
Justificando assim, a poesia.

A boca que em desejos não temia
Nem mesmo a força intensa desse vento;
Paixão. Ao se entregar ao movimento
Das ondas novo encanto percebia.

Amar e ser feliz? Tudo o que eu quero...
E mesmo que enfrentando um sonho fero
Não canso de tentar, seguindo em frente.

Quem sabe num minuto o tempo mude
O sol resolva vir em plenitude.
O amor chegando intenso, novamente...


1627

O amor chegando intenso, novamente
Causando em meu viver, revolução.
Eu sei que é necessário ter ação,
Ninguém vive em marasmo e é contente.

Amor às vezes tolo e delinqüente
Não deixa mais caminho ou direção.
No vento que chegando, supetão
Superação transforma num repente.

Ouvindo essa canção eu me recordo
Dos dias em que amor negou acordo
E a solidão batendo em minha porta

Não deixou mais caminhos a seguir.
O quanto novo amor fez ressurgir
Esta ilusão deveras quase morta...


1628

Esta ilusão deveras quase morta
Trafega nos meus olhos capotando
O sonho em que meu canto já se aborta
O vento num segundo vai mudando

O quanto em esperança amor aporta
Não deixa mais sequer vir deslumbrando
Um mundo em que a alegria anunciando
Arromba com destreza cada porta.

Uma tristeza imensa trama a sina
De um pobre trovador em noite fria.
Remendos do que fora poesia

Estendem seus vigores. Alucina
A voz de um menestrel enamorado,
Trazendo os meus escombros do passado.


1629


Trazendo os meus escombros do passado,
A noite que não passa em densa bruma.
Felicidade aos poucos já se esfuma
O céu eternamente assim nublado

Em lágrimas e trevas, decorado,
Por senda tão amarga, o sonho ruma
Deixando um sonhador sem paz alguma
O verso se espalhando agoniado.

Tentando vislumbrar velhas algemas
Fazendo da ilusão novos poemas
Já tive tanta coisa; mas perdi.

Um resto que caminha sem destino,
A cada nova noite mais nublino,
Buscando o que encontrara; amor, em ti...

1630

Buscando o que encontrara; amor, em ti;
Desabam num segundo, temporais.
A barca de esperança busca um cais,
Que um dia em fantasias, conheci.

Em sonhos, pelo menos, eu venci
As dores e tristezas ancestrais,
Em risos, pesadelos; transformais
Utópica manhã. Eu renasci.

Porém ao acordar, em solidão,
Voltando à mais cruel desilusão
Não tenho outra saída senão esta,

Deixando a porta aberta em esperança
Entrego o coração sem contradança.
A morte, o bem supremo que inda resta.


1631



A morte, o bem supremo que inda resta
A quem durante a vida só sonhou.
Jardim no qual a seca desandou
Apenas os abrolhos; inda gesta.

Janela se fechando sem ter fresta
Castelo de ilusões já desabou,
A boca que me morde é indigesta
O tempo em armadilhas revoltou.

Agarro uma esperança em furacões
Tentando vislumbrar as soluções,
Porém não tendo nada em arrebol,

Da tábua imaginada em tempestade,
Ao ver com ironia em claridade,
Deparo tão somente com anzol...

1632



Deparo tão somente com anzol
E preso no seu fio, perco o sonho.
A vida vai passando em ar medonho
Decerto não terei de novo o sol.

Ao longe, bem distante este farol,
Ao menos na esperança em que componho
Pensando ter nas mãos, sublime escol,
Porém o que me resta é tão bisonho.

Relendo cada verso que escrevi,
Percebo que; iludido, estava ali
Um mundo que queria em face amena.

Distante da verdade eu não sabia,
Que tudo fora apenas poesia.
A vida em realidade me envenena...

1633



A vida em realidade me envenena,
Cortando bem embaixo uma esperança;
A solidão tomando toda a cena,
Não deixa uma alegria em contradança.

Perdendo a cada dia a confiança
Minha alma solitária se apequena
Causando nos meus sonhos tal matança
À qual ledo vazio me condena.

Agonia ancestral, vil labirinto
Na trama da amargura eu já me tinto
Levando tão somente a velha cruz.

A par deste tormento num mergulho,
Encontro tão somente o pedregulho
Negando cada verso que compus...


1634




Negando cada verso que compus
Os dias vão em mágoas, desgraçados.
A mão que entediada me conduz
Expressa sentimentos torturados.

Legado que carrego, a minha cruz
Em dias mais cruéis, desventurados.
Negando a claridade, morta a luz,
Em trevas os antigos flóreos prados...

Apenas nos meus olhos, ansiedades,
Temíveis, doloridas tempestades,
A vida vai secando cada veio.

Os olhos se tornando rasos d’água,
A solidão no peito já deságua.
A morte se tornando o meu anseio...


1635


A morte se tornando o meu anseio
Inspiração suprema e mais perfeita,
No quanto em amor pleno já descreio
A trama feita em sonho está desfeita.

Outrora intempestivo e sem receio,
Agora uma amargura se deleita
De toda uma alegria sigo alheio
A solidão me aguarda em fria espreita.

De tudo o que pensara ter no mundo,
Um sentimento amargo e tão profundo
Deixando a minha sorte abandonada.

O céu que me iludira, imaginando,
Em tétricos sonhares desabando
Mostrando o que retrato, sempre o nada.

1636

Mostrando o que retrato, sempre o nada,
Minha alma insanamente vai perdida,
Numa expressão cruel e dolorida
A cada novo sonho, a derrocada.

Melodia infernal, agoniada,
Em fumo mais espesso esvaecida
Um mundo solitário, a paz acida
Uma esperança morre, desprezada.

O medo em meu caminho ninguém vê
Andando sem saber sequer porquê
Do quanto que pensei um dia ter

A sorte num momento desabou
Apenas o vazio, o que restou,
Tomando em agonia todo o ser...

1637


Tomando em agonia todo o ser
Minha alma percebendo o teu desdém
Na busca ensandecida por alguém
Não vejo nem sequer algum prazer.

Cansado de, entre trevas percorrer.
Espero a noite inteira e ninguém vem,
Tortura que em tristeza, a vida tem
Fazendo uma esperança fenecer.

Passando em agonia tantas horas,
As mágoas no meu peito são senhoras,
Os olhos que me cegam, canibais.

A morte que se entranha em minhas veias
Enquanto em fogo brando me incendeias,
Penumbras adentrando estes umbrais


1638



Penumbras adentrando estes umbrais
Tomando em agonia uma emoção
Transtorna num instante o coração
Trazendo as ilusões, duras venais;

Ouvindo em crocitar: o nunca mais
Que chega aqui em forma de oração
Quem sabe em novo sonho outra expressão
Permita que se veja, ao longe, o cais.

Unindo sentimentos tão dispersos,
Encantos percebidos em teus versos
Decerto a vida inteira revigora.

Nas mãos da redentora poesia,
Quando este castelo se recria,
Funéreas tempestades vão embora.


1639


A luz que é libertária, assim se aflora
Trazendo no seu bojo novas eras,
Alçando da esperança outras esferas
Sabendo discernir a qualquer hora

Encanto que em amor nos revigora
Eternizando em paz, as primaveras
Vencendo tempestades tão severas
Moldando a cada verso, nova escora.

Olhando no horizonte ledo e vago
Procuro a placidez de um brando lago
Ebúrnea fantasia que em marfim

Permite a solidez que eu necessito,
No amor sem sacrilégios e bendito
Fazendo o seu altar dentro de mim...


1640


Fazendo o seu altar dentro de mim,
Saudade, mesmo atroz é tão querida,
Embora tantas vezes dolorida
Recorda cada dia de onde eu vim.

Do quanto que eu já tive; chega assim
E não deixa distante ou esquecida
A sombra da lembrança de outra vida
Tomando mansamente o meu jardim...

Imagem da mulher que em fantasia
Na silhueta bela e tão esguia
Guardada eternamente, jamais muda.

O quanto é necessário perceber
Nas rotas da saudade, este prazer
Miragem que em tortura, nos ajuda...

1641


Miragem que em tortura, nos ajuda
Sangrando novamente o meu passado,
Saudade vem trazendo esse recado
Do quanto que passou minha alma muda.

O tempo num momento tudo muda
Num sonho em esperança transmudado.
A sorte se lançando em cada dado
Talvez essa ilusão inda me acuda.

Desejo que eu carrego e tu também
Enquanto esta lembrança sobrevém,
O gosto do que fomos permanece.

No templo imaginário, tua tez,
Encanto sem igual, o sonho fez
Marcante redenção do amor em prece...

1642


Marcante redenção do amor em prece
Expressa o sentimento mais perfeito.
No quanto nos teus braços me deleito
O amor em alegria, luzes tece.

Ao canto abençoado se obedece
Numa emoção que entranha no meu peito,
O verso em que se mostra satisfeito
Em cores tão sublimes transparece.

A barca dos meus sonhos segue em frente
Sabendo que no amor, bom timoneiro,
Encantos com certeza, ela terá;

No olhar abençoado, a luz se sente
Inundando arrebol rega o canteiro
Trazendo a fantasia para cá...

1643


Trazendo a fantasia para cá
Num gesto em que se mostra este ideal
De um canto tão sublime e triunfal
No qual amor supremo nos trará

Um renovar que em paz se mostrará
Fazendo da alegria um ritual,
Deixando bem distante qualquer mal,
Com força soberana inundará.

Toando em harmonia uma cantiga
Que fale deste amor que não sacia
E entranha totalmente a poesia

Figura sem igual, amante, amiga.
Capaz de demover qualquer espinho,
Entregue sem limites ao carinho...

1644


Entregue sem limites ao carinho,
Vagamos, pirilampos pela rua.
Tocados pela argêntea e clara lua,
Irmanados, seguindo este caminho

Que leva à fantasia feita em ninho,
No qual a nossa sanha continua
No encanto de minha alma que flutua
A Deus, neste momento eu me avizinho.

Um pássaro que sabe da gaiola
Da fria solidão que nos assola
Reconhece a janela, num instante.

No amor que prosseguimos sem entrave
A marca destes sonhos já se grave
Promessa de outro tempo; cativante...


1645


Promessa de outro tempo; cativante;
Domina o pensamento de quem ama.
Não quero uma ilusória e frágil fama,
Apenas teu olhar a cada instante.

A vida não se guarda numa estante
Necessário manter acesa a chama,
A poesia agora já nos chama
Tomando nossas mãos; em paz constante.

Dancemos, pois, a noite nos pertence
Quem persevera em sonhos, sempre vence
Realidade é feita pouco a pouco...

Às dores meus ouvidos são de mouco,
À luz que me inebria, qual falena,
Mergulho destemido, a cada cena...

1646


Mergulho destemido, a cada cena
Contando estas estrelas que me dás,
Amor que em fantasias já se encena,
Deixando uma tristeza para trás.

Colhendo em meu jardim, rosa e verbena
Canteiro da esperança segue em paz.
Certeza de outra história mais amena,
Amor em plenitude satisfaz...

Coração se abastece de esperança
Vencendo qualquer forma de intempérie
O sonho não se faz em larga série

Encanto sem limites nos alcança.
O verso em que traduzo amor que sinto,
Inebriado bebe, em ti, absinto...

1647



Inebriado bebe, em ti, absinto,
O gozo num prazer raro e supremo.
Contigo, com certeza eu nada temo,
Nas cores de teus sonhos eu me pinto.

Felicidade enorme; assim, pressinto
Amor, um beneplácito que extremo
Permite que se tenha barco e remo
Quem vive da alegria, tão faminto.

A par desta vontade soberana
Minha alma em fantasia não se engana
Pressente que terá tranqüilidade.

Um vento que decerto me abençoe
No canto em minha alma sempre ecoe
Amor me conduzindo à liberdade...


1648


Amor me conduzindo à liberdade
É mais do que palavra, é sentimento.
Por vezes outros rumos, teimo e tento,
A solidão deveras vem e invade;

Posseiro diz amor, não teme grade,
Arguto reconhece o sofrimento,
Mostrando com vigor o seu intento
Depois de temporal, tranqüilidade.

Cabeça vai girando em carrossel
Vislumbra num segundo o claro céu
Aonde amor professa o seu cantar.

Fazendo do teu corpo, amada amante
A cada novo intento, um fascinante
Desenho que demonstra o raro altar...


1649


Desenho que demonstra o raro altar,
No corpo de quem amo; tatuado
Incide num momento abençoado,
Matiza em maravilha, já sem par.

O quanto nosso amor sabe encantar
Respalda cada dia anunciado,
Qual fora amanhecer ensolarado
Mergulhos que perfaço no teu mar

De amores infindáveis, reluzentes,
Nas tramas sem igual, iridescentes
Legando ao meu passado um vil martírio.

Nas sanhas desse amor, garbo e delírio
Minha alma engalanada se extasia
Traduz, enamorada esta alegria...


1650


Traduz, enamorada esta alegria,
Palavra em que se forma este poema,
Do amor as emoções em piracema
Invadem com sublime poesia

O mundo em que a paz cedo regia
Rompendo da esperança cada algema,
Trazendo a fantasia como emblema
Prazer a cada verso se anuncia.

Vagando pelas teias deste amor,
Eu sinto renascer com mais vigor
Encanto vislumbrado há tantos anos.

Meus olhos te seguindo vida afora,
Imagem tão sublime e redentora,
Sanando em mansidão antigos danos...


1651


Sanando em mansidão antigos danos
Amor vai transformando a nossa sorte
Prevendo calmamente cada corte
Estende os sentimentos mais humanos.

Deixando para trás os desenganos
De uma alegria intensa traz aporte,
Permite com firmeza um claro norte
Corroborando assim, os nossos planos.

A par desta emoção, não mais descanso,
A cada novo dia mais avanço
Sonhando com teus braços, teu afeto.

Amor é com certeza o meu caminho,
Jamais me imaginando, enfim, sozinho,
Em ti amada amiga, eu me completo...

1652


Em ti amada amiga, eu me completo
Teimosamente nada me segura,
No colo em que percebo esta ternura
O laço, com firmeza, predileto.

A ti em plenitude me arremeto
Com lealdade em laivos de candura
Amor que em placidez já se perdura,
Expressa um bom caminho em paz, aberto.

A fonte inesgotável da esperança
Dessedentando uma alma em temperança
Ressalta uma alegria. E desde agora

Sabendo deste amor inigualável,
Na flama intensamente demonstrável,
A luz que é libertária, assim se aflora.





1653


Moldando um dia claro; enlanguescente
Uma alvorada em rara magnitude
Trazendo; ao nosso amor, plena saúde
Belezas deste prisma iridescente.

Carinho que se pede é o que se sente
Buscando ao fim da tarde, a juventude.
Amando, com certeza mais que pude
É certo que andarei sempre contente.

Sem medo de mortalha, véu ou luto,
A voz desse desejo; agora escuto,
O coração batendo em disparada.

Buscando conhecer cada fronteira,
Desbravador fincando uma bandeira,
Exploro cada ponto de chegada...




1654



Exploro cada ponto de chegada
Da boca que se faz voraz, ardente.
Na noite tão sedenta, erotizada,
A lua já se entrega, plena e quente.

Depois quando aproxima a madrugada
Deitando num remanso mais contente,
A minha vida sente-se amparada
E um belo amanhecer já se pressente

Bebendo em tua fonte inesgotável
Eu vejo minha vida em convulsão,
Num fogo de artifício, uma explosão,

Do amor que a gente fez incomparável
As marcas espalhadas nos lençóis,
Renascem novos dias em mil sóis..

1655



Renascem novos dias em mil sóis
Num mágico momento fulgurante
Um vento que se mostra assim constante
Invade fartamente os arrebóis...

Ouvindo, da alegria, a mansa voz,
Uma esperança chega e num rompante
Inunda a nossa vida num instante
Sabendo do prazer que vem após...

Viaja o pensamento, vai liberto,
Do quanto eu te desejos, sempre alerto
Num canto em que me entrego por inteiro.

Amor, um estribilho renovado,
Concebendo; por fim, meu Eldorado,
Persisto neste sonho alvissareiro



1656


Persisto neste sonho alvissareiro
De ter uma alegria inesgotável,
Amor que percebendo um paradeiro
Encontra a fonte certa inquestionável

Tomando suas mãos, um seresteiro
Louvando a sorte quer inseparável
O canto mais feliz e verdadeiro
Atado nesta fonte imaginável

Além de um infinito, irei alçando
O risco de viver sem ter mais nada
Senão a glória personificada

Em lume que percebo desde quando
Chegaste à minha vida de repente,
E foste me inundando totalmente...


1657

E foste me inundando totalmente
Qual fora um maremoto, um furacão,
Incontida vontade em explosão
Tomando minha vida num repente.

Andando pelas ruas qual demente
Sem ter sequer nem rumo ou direção
Perdendo, num momento, todo o chão,
Não tendo ancoradouro que se invente.

Apenas a colheita prometida
Fartura feita em safra, ganha a vida
Causando no final, doce torpor.

Meu ópio ensandecendo enquanto cura,
Na fonte prometida em paz, ternura,
Há tempos conquistaste meu amor.


1658


Há tempos conquistaste, meu amor,
Um coração que agora, mais feliz,
Pressente a maravilha de um licor
Bebido nos teus lábios. Amor diz

Em versos e palavras, seios, bocas,
Que as horas do teu lado, inesquecíveis,
As mãos que se entrelaçam, tenras, loucas;
Carícias e delícias mais incríveis...

Sentindo o teu perfume junto a mim,
Eu agradeço a Deus pelo rosal
Que fez nascer em paz no meu jardim,
Aroma tão sutil e sensual...

Singrando no oceano dos regaços
Gostosos, protetores, dos teus braços...


1659


Gostosos, protetores, dos teus braços;
Carinhosos desejos; entrelaces.
Cometas espalhando nos teus passos
Por onde em maravilhas; lumes grasses.

Amor fazendo em nós um arrastão
Tomando cada espaço, prolifera
O gozo da alegria, aluvião
Granando a mais sublime primavera.

Da outrora fantasia tão dispersa,
Unindo cada parte, plenitude.
Na foz maravilhosa, o rio versa
Atalho que em caminho se transmude,

Contigo, mulher bela e fabulosa,
Eu quero ter a noite mais gostosa...





1660

Eu quero ter a noite mais gostosa
Ao lado de menina tão sapeca,
A moça com certeza bem formosa
Com rosto e com jeitinho de boneca,

Ao mesmo tempo amor, a gente goza,
Come a maçã, sorrindo enquanto peca.
Depois de ter cheirado a bela rosa,
Defloro num segundo esta moleca.

Prometo, se quiseres, casamento,
Coloco no teu dedo uma aliança.
Garanto que vai ser tanta festança,

Não vamos nesta vida ter tormento,
Aproveitarmos tudo o que puder,
Poder assim chamar: minha mulher.



1661


Poder assim chamar: minha mulher
A quem se fez rainha e cortesã
Ao mesmo tempo Musa e até vilã
Do jeito que se sonha e que se quer.

Ouvindo cada sonho que disser
Do gozo dos sabores da maçã,
Não temo as tempestades do amanhã
Encaro, do teu lado, o que vier.

A cada brilho ou treva, vou em frente
Amor às vezes manso, outras ardente
Esfinge delicada, fera e nua.

Seguindo esta calçada vida afora,
Espreito de tocaia, desde agora
Do lado que me cabe desta rua



1662



Do lado que me cabe desta rua

Não há sequer no mundo que convença

Minha alma a desistir, e continua

Até que meu desejo enfim te vença.



As horas se passando, são eternas,

Os raios do luar, te possuindo...

Quisera ser um deles nestas pernas



Marcando de prazer minha morena

Distante, bem distante vou pedindo,

Abra as portas; te juro... Vale a pena!


1663


Abra as portas; te juro... Vale a pena!
Estrela matutina em luz tão pura,
Deitando sobre a terra pálida ternura
Estrada deslumbrante que se acena.

A vida sem te ver já se apequena
Um porto que a viagem assegura
Encanto que me toma e que depura
Tornando a caminhada mais amena.

Durante esta alvorada em matiz nobre
Beleza que em ternura nos recobre
Virá na melodia em que busquei

Teus olhos, tua pele, teus regaços,
Tomando devagar teus calmos braços
imperceptivelmente chegarei


1664


imperceptivelmente chegarei
E tocarei teu corpo, mansamente...
De tudo que na vida procurei;
Teu toque devagar, mais envolvente;

O melhor com certeza, que encontrei
Ao som deste teu canto, de repente
Fazendo deste amor a minha lei,
Amor que é redenção e faz contente.

Ao sentires um sopro da manhã
Entrando no teu quarto; um arrepio
Percorrerá teu corpo, amada minha.

A vida que parece ser tão vã
O dia que surgiu; antes vazio,
Imensa poesia já continha...



1665

Imensa poesia já continha
O olhar embevecido que buscava
A voz que assim cantava essa modinha,
Enquanto em paz a noite enluarava.

A boca que julgara ser só minha,
E em sonhos tão felizes eu beijava,
Agora em outros lábios; vã, se aninha.
O céu neste momento se nublava.

De tudo o que eu queria; o nada veio.
Só a desesperança aqui chegou
Tropeço nas estrelas; busco um meio

Que possa permitir; mesmo falsária
Uma ilusão que traga em luminária
O amor que a realidade sonegou...




1666

O amor que a realidade sonegou,
A fantasia, tola já prepara
Quando ilusão em sonhos, triunfara
O dia em esperanças se banhou.

O quanto que desejo e que não sou,
A mansidão é jóia sempre rara
A vida se desdobra tão amara
Apenas esperança o que restou...

Olhando este horizonte assim nublado,
Vejo tímido raio anunciado
Nos olhares de alguém que em paz pressente

Talvez um novo tempo de viver,
Aonde eu veja enfim, amor nascer,
Moldando um dia claro, enlanguescente.



1667

Vivendo o paraíso desde agora
Estendo minhas mãos a te buscar,
Chegando sorrateiro, devagar
A sorte em fantasia não demora.

Meu barco em ilusões fartas se ancora
A lua feita em braço a me dourar
Em conchas, caracóis; adentro o mar
E a poesia imensa nos decora.

Por tantas vezes tendo a liberdade,
Evaporando sonho em claridade
Não tinha simplesmente, quase nada.

Tocado pelo amor, sigo cativo,
Por que na servidão eu quero e vivo,
Às vezes me pergunto, minha amada.


1668



Às vezes me pergunto, minha amada,
por que tu foges sempre, tão esquiva
palavra que se encontra abandonada,
impede que este sonho a gente viva.

Eu tento te chamar, porém do nada,
escapas de minha alma que cativa,
encontra-se decerto apaixonada.
Por que desta atitude mais altiva?

Repito uma outra vez: eu te amo tanto!
Parece que não ouves ou não queres.
Com tua indecisão, querida, feres

causando, mal percebes, dor e espanto.
Eu vago sem destino e caço a lua
sonhando em poder ter-te bela e nua...


1669



sonhando em poder ter-te bela e nua
Perdido; eu não te encontro e sigo só.
Embora a vida siga, continua
De todos os desejos, nem o pó.

Entremeio vontades e vazios,
Olhares vãos, distantes sem destino.
Teares da esperança, ledos fios,
Do frio deste olhar; amor, declino.

Coração bandoleiro nas trincheiras
Esboça num momento, reação.
Perdido, noutros corpos quer bandeiras
Encontra sempre a mesma solidão.

Amor que em fantasia, a gente fez

Roçando tua pele. Insensatez...

1670


Roçando tua pele, insensatez...
Grilando cada parte do teu ser.
Bebendo do teu corpo a cada vez
Fazendo o nosso sangue, enfim, ferver...

Amar de se perder a lucidez
E ver todo esse sonho se verter
Sem medo do quem sabe ou do talvez
Passando todo o tempo a te reler...

Gozar intensamente cada trama
Singrando os teus desejos, nosso jogo,
Que nunca determina quanta chama

Nos corpos tão sedentos, entrelaces,
A cicatriz do gozo deste fogo
Marcada num sorriso em nossas faces...




1671


Marcada num sorriso em nossas faces
A lua prometida, clara e cheia.
Apenas o vazio me incendeia
Mudando num momento, os desenlaces.

Por mais que em outras luas sei que passes
Aguardo a chama plena em que se ateia
O fogo que tomando cada veia
Permita melodias em que traces

Um rumo bem distinto. Quem me dera...
A lua que se quer frustrando espera
Não vindo, deixa espaços, dias vãos...

O tolo coração ainda tenta
Em meio a tempestade tão violenta
Sentir o teu perfume em minhas mãos

1672




Sentir o teu perfume em minhas mãos
Depois de termos feito tanto amor...
Os dias sem te ter, deveras vãos,
São frios e vazios. Sem calor...

Meu vício predileto: estar em ti,
E ter o teu prazer, o teu suor...
Se tudo o que buscara eu conheci
Altar de meus desejos, deusa-mor.

Deus Amor sabendo que virias,
Fez festa e me deixou sorrindo à toa,
Um canto em que demonstro as alegrias
Depressa pro teu canto logo voa...

E mostra quanto é bom amar demais,
Não quero te perder ; amor- Jamais!



1673


Não quero te perder ; amor- Jamais!
Uma aquarela feita em mil matizes,
Singrando nossos mares, mais felizes
Momentos prazerosos, rituais.

Da conta de teus olhos, quero mais,
Deixando para trás, medos, deslizes,
A cada nova volta que me avises
Do gozo em jogos vários, sensuais.

Marcando em tatuagem, ferro e fogo,
Brindando com delírio em ti me afogo
Sortidas maravilhas correm dedos.

Da fonte, meus ribeiros buscam foz
No corpo tão voraz mares após,
O amor já guarda em si, tantos segredos.



1674


O amor já guarda em si, tantos segredos,
É feito de emoções, mas louca esfinge
Permite que se tenha veros medos,
Por mais que seja bela a cor que tinge

Os rumos de um amor/felicidade.
Eu quero te dizer nestas palavras,
Que amar além da vida, eternidade,
É como cultivar perenes lavras.

Amor, quanto maior, mais inseguro,
Em ti vejo a razão de minha vida.
O chão da solidão se faz tão duro,
Não quero ouvir de ti, a despedida.

Pois isso me traria em fundo corte,
A sensação terrível de uma morte...


1675


A sensação terrível de uma morte,
Arrasta em turbilhão meu pensamento,
O tempo em solidão passando lento
Trazendo esta amargura feita em corte.

O sonho engravidado que se aborte
Causando, sem defesas o tormento
Por vezes tanto luto e sempre tento
Coração imprudente perde o Norte.

Mas quando num chorinho bem marcado
O peito enamorado e tão chorão,
Transbordando alegria, traz esperança.

Mansamente num ritmo sincopado
Querendo essa gostosa sensação,
Convido-te, querida para a dança


1676


Convido-te, querida para a dança
Que é feita em fantasia e sempre traz
No bojo da alegria uma esperança
E torna a nossa vida em pura paz.

Sentir o paladar dos belos lábios
Além de teu carinho e teu afeto.
Encontro nos teus versos astrolábios
Levando ao rumo certo, o mais correto.

Eu enfatizo sempre que o amor
Que é nosso companheiro vida afora,
Moldado em amizade tem vigor
De eternidade intensa quando aflora.

Os passos, feitos versos; compartilhas
Trazendo para nós mil maravilhas...


1677


Trazendo para nós mil maravilhas
Delícias sem delitos ou pecados,
Pedaços entre sedas vislumbrados
Desejos em pequenas, belas ilhas,

Ilhéu dessa vontade, sigo as trilhas,
Chegando num momento aos raros prados
Durante a nossa noite anunciados
Abrindo do costado, as escotilhas.

A boca sem noção busca limites
No quanto que eu te quero, não limites
A lua que virá, desnuda e cheia.

Abrindo uma janela ao teu luar,
Tristeza não combina com amar,
Se amor é feito em chama e me incendeia.

1678


Se amor é feito em chama e me incendeia
Preciso de um cantinho em outra rede,
Toando com vontade, sangra a veia,
E mato no meu canto toda a sede
A lua se mostrando em noite cheia
Reflete bela imagem na parede.

Ao ver esta miragem refletida
Pressinto que talvez vague sozinho.
Andei já vasculhando pela vida
Em ávida esperança ter um ninho
Que seja para a seca uma saída.
Mas não camuflo a fome por carinho.

Cometa faz a festa em livre vôo
No braço de quem queira, um canto entôo..


1679

No braço de quem queira, um canto entôo,
Falando desse amor que me suprime,
Um verso em que esperança já se rime
Planeja em liberdade um novo vôo.

Vontade de quem sonha; o peito ecôo
Quem ama não comete nenhum crime
Na mudança dos ventos, tanto estime.
Os erros cometidos? Sobrevôo...

Não quero em nosso amor queda de braços
Assim fortalecendo os velhos laços,
Não teremos a crucificação

Que tontas vezes serve qual cordeiro
O que seria bom, se verdadeiro.
Mergulho num abismo feito em vão.


1680


Mergulho num abismo feito em vão
Se a ausência de quem sonho está presente.
Vagando pelas ruas qual demente
Perdendo a cada passo, terra e chão.

A luz em mais temida arribação
Descreve um espiral e de repente
A treva terminal, já se pressente
Tornando assim infértil, coração.

Mas quando o teu perfume se espalhando
Canteiros de meus sonhos encharcando,
Prenúncio amanhecido revigora

O gozo tão supremo da alegria
E o tempo em desvario, se anuncia
Vivendo o paraíso desde agora.

1681

Percebo o quanto é bom o amor da gente
Em púrpura deslinda-se a paixão,
Espalhando as estrelas pelo chão
Vestindo a fantasia intensamente.

No quanto o sol brilhante se apresente
Fazendo eternidade num verão,
Meus olhos outras fonte não verão
Cruzando esse horizonte em luz plangente.

Na busca por teu corpo, gozo e riso,
Corcéis vencendo chuvas de granizo,
Sidéreas explosões, mares invento.

Vislumbro dos umbrais; plena e serena
Magnitude sublime em que se acena,
A lua desmaiando; o firmamento.



1682


A lua desmaiando; o firmamento,
Rompendo o sol trazendo o seu clarão...
Uma esperança acalma o sofrimento,

E aviva, borbulhando o coração.
O dia vai passando, calmo e lento,
Saudade dominando esta emoção...

Percebo que sem mágoas, criei asas;
Na espera que promete bom augúrio.
Fomenta uma alegria em vivas brasas,
Quem teve no passado, amor espúrio,

No augúrio deste sonho quer futuro
Que seja, pelo menos delicado,
Qual lume que ilumina céu escuro,
Quem sabe te terei sempre a meu lado?

1683



Quem sabe te terei sempre a meu lado?
A dúvida decerto me avassala
Minha alma de teu corpo qual vassala
Açoda cada passo vislumbrado.

Amor que não coleta mais enfado
Adentra o coração em larga escala
A voz que me inebria enquanto embala
Escreve em verso manso e delicado.

Capaz de sempre dar prosseguimento
À lenda que floresce em meu jardim,
Não guardo nem sequer ressentimento,

Bebendo a ventania que me alcança
Reflexo da mais nobre temperança,
Espelhas todo amor que trago em mim.


1684


Espelhas todo amor que trago em mim,
e neste refletir vejo uma imagem
meus olhos neste espelho que sem fim,
se perde no infinito, qual miragem.

Neste caleidoscópio vou assim;
um velho navegante faz viagem
por mares que entranhaste. Encontro, enfim
dentro em teu coração, mesma roupagem.

Nós somos quais reflexos que entrelaçam
dois rumos diferentes num só passo.
Parece que ocupamos mesmo espaço,

pois somos convergentes, companheiros,
metades que se encontram e se compassam
formando muito mais que dois inteiros...



1685


formando muito mais que dois inteiros;
amor nos multiplica em mais de cem.
Da força que decerto ele contém,
A proliferação toma os canteiros.

Desaguando oceanos nos ribeiros
Amor nos conduzindo sempre tem
Certeza de tramar no querer bem
Desejos entre furnas, bons mineiros.

Realces entre tons maravilhosos,
Verões nestes olhares invernosos
Transforma todo o gozo que se sente

Em bela catedral, divino altar
A cada novo sonho quero estar,
Entregue ao teu amor, completamente.

1686

Entregue ao teu amor, completamente,
Desejo ser teu ar, ser teu cativo...
Sentimento voraz que de repente
Me domina e por ele é que estou vivo...

Tu és mais que meu par, eu sou quem és,
Numa mistura intensa e tão completa
Usamos para andar os mesmos pés,
Tua alma de minha alma está repleta...

Mais que almas gêmeas, somos uma só,
Nesta irmandade louca que nos faz
Nascidos, ressurgidos, mesmo pó,
Somente nosso amor nos satisfaz...

Vivemos do prazer, dois hedonistas,
Nesse teatro Noh, somos artistas...



1687

Nesse teatro Noh, somos artistas
Saltimbancos apenas e não mais.
Resquícios do que foram vãs conquistas
Expressam nossa sanha: amar demais.

Amores que em promessas beijam cais
Passando velhas dores em revistas
Das ondas se perdendo, buscam cristas
Encontram nas areias, pantanais...

Insânia nos vestindo, cruamente
Aos pés ata grilhões, sangra em corrente,
Paixão morrendo aos poucos, merencória.

Embora num mergulho eu vá com tudo
Embate que perdemos; não me iludo,
Amor contra razão em luta inglória


1688



Amor contra razão em luta inglória
Não deixa nem sequer restar algum
Vestígio de quem fora merencória,
Vencendo par em par aumenta o zoom

E mostra quanto amor é soberano,
É força mais vital, indiscutível,
Vibrando sua força, sem engano,
Com seu poder intenso e infalível.

Ao perceber o fim desta batalha,
Razão já se perdeu em tempos idos,
No corte sorridente da navalha,
Amor vai dominando meus sentidos.

E tórrido ostentando a sensação
Incontrolável sina da paixão...


1689


Incontrolável sina da paixão,
O intenso fogaréu que nos domina,
Supera em claridade esta neblina
Estende a fantasia em turbilhão

Turíbulos dos sonhos; sedução
Galopa uma esperança, solta crina
Cordel que nos unindo, determina
A noite em mais completa tentação.

Embora a chuva caia noite e dia
O sol de tanto amor trama em mormaço
O corte mais profundo, lâmina, aço

Garoas espalhando a poesia
Força sublime, audaz; chama insensata.
Meu doido coração faminto se ata...


1690


Meu doido coração faminto se ata...
E bate sem sentido nem por que,
Adentra a sensação de densa mata
Que forma todo anseio em que se crê.

Vivendo enternecido pelo brilho
Da lua que invadiu esta alvorada,
Num mar de tanto amor me maravilho
E sigo teu caminho, nossa estrada...

Em alforjes que carrego dentro da alma,
Os víveres mais doces são teus lábios.
Não quero nem sequer o que me acalma,
Não quero nem prudência, nego os sábios.

Um sabiá sabia quanto amar
Valia muito mais do que voar...


1691

Valia muito mais do que voar
Apenas vislumbrar tal paisagem
Aonde o sonho faz cada paragem
Num raro e mais constante deslumbrar.

A boca que se entrega devagar,
Permite a mansidão dessa viagem.
Além do que talvez simples miragem,
Aragem sem igual vem nos tocar.

Matriz ou filial, amor constante,
Vibrando de desejo a cada instante
Não vejo em meu caminho; amor, mais nada.

Afinal que sou eu sem teu amor?
Em teus mares um bom navegador,
Um cais em tua pele amorenada...



1692


Um cais em tua pele amorenada,
Olhares percebendo, velhos crentes
Deitado em mãos macias, languescentes
Aguardo extasiado essa jornada

Os dias que se foram; penitentes
Minha alma tantas vezes tão cansada,
A cada novo passo, derrocada,
Carregando somente tais correntes

Distante de meus olhos, Paraíso,
Lembrança de teus lábios, beijo e riso,
Estrada abandonada, antes florida,

Saudade a cada dia se renova,
Legando à solidão a minha alcova
Tal calvário arrastando a minha vida...

1693



Tal calvário arrastando a minha vida
Trazendo o mais precoce anoitecer,
Fazendo o meu caminho estremecer,
Deixando uma esperança só; perdida...

Numa álgida expressão, vou sem saída
Sentindo uma ilusão já fenecer,
Jardim em pleno espinho a se verter,
Audácia há tanto tempo carcomida...

O luto desta noite bebe o mar,
Salgando uma alegria que não veio.
A dor de uma saudade entranha o seio

O canto se perdendo sem tocar
Os véus da fantasia que se foram,
Mortalhas da emoção, tudo decoram...

1694


Mortalhas da emoção, tudo decoram
Transbordam nas esquinas, botequins,
Colombinas namoram arlequins
E os velhos pierrôs, sozinhos, choram...

Antigos carnavais se rememoram
Estrelas namorando os querubins
Amores que perdi foram chupins
Distantes destes sonhos, não ancoram.

Ao ver o quanto eu tive em chão vazio,
Olhar que cultivara; tão sombrio,
Dorida sensação: ser penitente.

E vendo amor que agora se professa
Bem mais que uma ilusão, simples promessa,
Percebo o quanto é bom o amor da gente.

1695

A paz que num momento se assenhora
Relembra uma esperança feita em luz,
A ponta desta faca adentra agora
Cortante, inebriando, bebe o pus.

Fiando a tempestade ao som da lira,
Na garganta restando a leda espinha
Que feita em agonia diz mentira,
Transparecendo o nada de onde vinha.

Os risos que se foram generosos
Tentando demonstrar qualquer ternura,
Aos poucos mostrarão quão onerosos
Os guizos mais insanos da procura.

Saudade do que fui e não bebi,
Trazendo um vão retrato, volto a ti...

1696


Trazendo um vão retrato, volto a ti;
A carne amaciada com pancadas
Feridas em mordidas demarcadas
O podre da esperança eu já perdi.

Anunciando a chuva, eu pressenti
As mãos entre grilhões espedaçadas.
As pernas tanta vez embaraçadas
No tombo inevitável, percebi,

A mata escurecida pelos medos,
A caça interminável não suprime
O gozo em fantasia expressa um crime

Não tendo sete chaves, nem segredos,
O cofre da ilusão velho falsário,
Expressa amanhecer tão solitário...


1697

Expressa amanhecer tão solitário
O que meu pensamento diz agora,
Distante do que ardia em vão, outrora
O vento nunca veio solidário.

O amor sempre foi ledo e temporário
A sorte que tentava, aborta, gora
A morte me brindando sem demora
Jamais se esquecerá do seu horário.

O tempo transformado em calafrio,
Os olhos tão somente vis ultrajes,
Mortalhas entre lutos, os meus trajes,

Apenas me sondando o vento frio,
Sorrisos são apenas espantalhos
Os passos prosseguindo, torpes, falhos...


1698

Os passos prosseguindo, torpes, falhos
Resumem tão somente o meu cansaço,
As trevas me servindo de agasalhos
Rompendo da esperança cada laço.

Um arvoredo em seca, mortos galhos
A cada amanhecer eu mais me esgarço
Nas costas entre ardências, cortes, talhos
Nos braços da ilusão eu me desgraço.

Seráfica emoção em meio a círios,
Certeza feita em cravos, morte, lírios
Sonega o que se quis perpetuidade,

Outrora em fantasia um ser liberto,
Agora ao perceber ledo deserto,
No cadáver, talvez, fecundidade...

1699




No cadáver, talvez, fecundidade
Depois de meus castelos corrompidos
Mordaça sonegando a liberdade,
Os sonhos em loucuras esquecidos.

Menção de fantasia diz saudade
Os passos sempre vãos seguem perdidos.
Olhar quer em cegueira a claridade,
Os dias entre as trevas percebidos...

Capota a cada curva uma emoção,
As luas vão seguindo em evasão
Apenas o vazio inda se atreve

As cores da esperança são tardias,
As bocas que se buscam, doentias,
A morte em redenção virá em breve...


1700

A morte em redenção virá em breve
Na luz que tantas vezes, cega impura,
O vento deslumbrando tal ventura
Trará ao pensamento frio e neve.

Por mais que uma esperança, tola ceve,
A mão da realidade nos tortura,
A liberdade morre em plena agrura
Amor em perfeição? Meu sonho em greve.

Fervendo olhares tolos, primitivos,
Medonhos meus delírios são cativos
Da falsa pedra em lume cintilante.

Na rua da ilusão, bosque em queimada,
De vidro cada estrada ladrilhada,
Tomando as tais pedrinhas de brilhante...


1701

Tomando as tais pedrinhas de brilhante
Os olhos entre sonhos reluziam,
O quanto desejei por um instante
Caminhos tão diversos percorriam.

No verso em que ilusão já se agigante
Os pés ensandecidos não sabiam
Das quedas que os deslizes pressentiam
Na falsa imagem, leda e triunfante.

Por mais que exista dádiva suprema
É necessário sempre que uma algema
Não marque com cruéis dominações

A sorte que em outra hora fora emblema
Dos sonhos e poemas luz e lema
Agora proferindo aberrações...



1702

Agora proferindo aberrações
O mal que nos assola em vão concreto,
Por vezes o meu verso predileto
Trazendo as mais terríveis ilações

Professo tantas vezes os refrões
Que buscam sentimento mais discreto
Parecendo ao amor um dialeto
Criando as mais temidas confusões.

Olhares entre escombros, imundícias
Purgando a podridão falsas delícias
Na morte encontrará seu sacramento.

Carinhos entranhados de sevícias
Das garras pontiagudas, as carícias,
Do riso de ironia, o sofrimento...


1703

Do riso de ironia, o sofrimento
No altar que se professa incandescência
A boca que se oferta em penitência
Transforma qualquer beijo em excremento.

Nos braços deste sonho eu me arrebento
E entranho o que pensara previdência,
A morte em mais sublime providência
Explode em fogo fátuo e violento.

A pele se desfaz; velha carniça
Amor qual fora areia movediça
Em claras ventanias furiosas,

As mãos da fantasia que se frustra
A podridão eterna assim se ilustra,
Nas tramas deste amor, impiedosas...

1704


Nas tramas deste amor, impiedosas
A boca que esfaimada em sangue incita
A fera predileta e favorita
Sem tréguas, em rapinas fervorosas.

Palavras sonhadoras, desastrosas
Ao mesmo tempo nega enquanto excita
Em trêmulos orgasmos, vã, palpita
Trazendo noites frias, tenebrosas.

Voando sobre nós, águias, Harpias
Matando em nascedouro as alegrias,
Exploram cada palmo deste chão.

As garras da pantera penetrando,
Em lanhos mais profundos me cortando,
Legando ao meu cadáver, podridão..


1705

Legando ao meu cadáver, podridão;
Embriagado sonho feito incenso,
Um pântano que adentro; ledo, imenso,
Da fantasia tola, rufião.

Negando a primazia desse pão
Macabro esse sorriso, céu mais denso
Enquanto tolamente, ainda penso
Na tábua em falsos brilhos, salvação.

Profanas tempestades, meus louvores
Da pele decomposta, dissabores
Estúpida esperança trama ritos.

Os olhos que me seguem numa espreita
A morte inevitável se deleita
Nos versos quais sabujos, cães malditos...


1706

Nos versos quais sabujos, cães malditos,
Meus sonhos te servindo de repasto,
A cada novo passo mais me afasto
Mumificadas tramas, sons aflitos.

Nas falsas pedrarias me desgasto,
Soltando pelas sendas torpes gritos,
Ainda bem que os dias são finitos
O canto que me excita, enfim, nefasto.

Apenas o que sobra, um vil bagaço
Esvai uma esperança a cada passo,
Figura que caminha nauseante.

A morte conduzindo à plena paz,
Um rito que profana e satisfaz
Dos mares um etéreo navegante.


1707

Dos mares um etéreo navegante,
Entranha a cada passo um vil receio,
Bebendo a solidão, quero e permeio
Meu verso com um riso delirante.

Eu sei o quanto o sonho é desgastante,
Realidade toma cada veio,
Da vida tantas vezes eu me alheio
Porém verdade chega num rompante.

A fantasia audaz já desafia
Das lágrimas insana romaria
Proclama em ironia amarga festa.

De toda uma esperança, deserdado,
Reflito cada sombra do passado,
A morte em sedução ora se empresta...


1708



A morte em sedução ora se empresta
Deixando o verso amargo e sem sentido,
O tempo de sonhar vai esquecido,
Apenas solidão decerto, gesta.

A boca que se beija em vão, funesta,
Meu riso aos poucos segue distorcido,
No corte aprofundado, desvalido
O fim que se aproxima já me atesta

O quanto é necessária uma esperança
Ao menos que permita ancoradouro
Enquanto a vida esvai, amor ancora.

Trazendo pelo menos temperança
Num sonho mesmo tênue em nascedouro,
A paz que num momento se assenhora.



1709


E toma a nossa vida num repente
A festa em amor feita, em que se esbalda
O sonho mais gentil já se desfralda
No qual farta alegria a gente sente.

Amor que em gêiser arde enquanto escalda
Num verso que nos toma plenamente,
Um doce que se faz em farta calda
Encharca nosso sonho em fogo ardente.

Irei contigo amada aonde fores,
Colhendo no caminho raras flores
Extremas emoções são prometidas

A quem em verso e riso faz seu mundo
Vislumbro a maravilha em um segundo
Mudando todo o rumo em nossas vidas...

1710

Mudando todo o rumo em nossas vidas
Um velho timoneiro não descansa
Enquanto em mar imenso vê saídas,
Exibe a mais sublime confiança.

As cargas devem ser bem dividas
Trazendo a mais completa temperança,
Amor que nos transforma em novos Midas
De toda essa alegria, faz fiança.

A mansa sensação que traz poder,
A dura tempestade que nos toma,
Nos laços bem mais fortes do prazer

Amor é bem querer em rica soma,
Meu verso enamorado, assim, de ti,
Encontra o Xangrilá que em sonhos vi...

1711

Encontra o Xangrilá que em sonhos vi
O pensamento sempre enamorado,
Deixando a solidão lá no passado,
Adentro a perfeição que existe aqui.

O medo que deveras eu perdi,
À simples sensação de ser amado
A rota deste rio desviado
Desanda até chegar em foz, a ti,.

Teimando no meu peito esta emoção
Permite assim sonhar transformação
Poeira vai tomando em mim assento,

Amor traz em leveza tal encanto
Deitando sobre nós suave manto

Qual pluma; vai bailando com o vento


1712




Qual pluma vai bailando com o vento
Entregue a tais carícias envolventes.
Parando, recomeça, num momento,
Na dança e nos folguedos mais frementes,

Meu coração aos poucos toma assento
E esquece de outros dias, penitentes.
Querida, não me sai do pensamento
Inveja que causamos a outras gentes.

Anseio te tocar, mas te procuro
Em todas as palavras que eu disser
Em todos os meus sonhos, em meus versos.

A luz que me inebria neste escuro,
A silhueta bela da mulher
Em magnitude plena, os universos...



1713

Em magnitude plena, os universos
Desenham raras telas no meu céu
Beleza que se doura em raro véu
Cantando esta emoção, faço meus versos.

Outrora duros passos tão dispersos,
Buscando a cada noite um carrossel
Adentra por Saturno em cada anel
E vence os ventos duros e perversos.

De todos os meus sonhos, o mais puro,
O porto tão seguro que procuro
Depois deste oceano revoltoso.

Acima tão somente esta amplidão
Mostrando com intensa sedução,
Amor assim faminto e desejoso.


1714


Amor assim faminto e desejoso,
Nos toma e nos devora, num segundo.
Encharca nosso sonho em cada gozo,
Num toque delicado e mais profundo.

Teu corpo tão macio e tão sedoso,
De todo este prazer em que me inundo
Mostrando quão ardente, assim fogoso,
Amor que nos tomou, maior do mundo...

Num ardoroso encanto, uma magia,
Que sabes, ser mais forte, amiga amada.
Envolto em loucas asas da alegria

Deveras tão gostoso e sensual,
Fazendo cada noite desbravada
Inesquecível, quase que imortal...



1715

Inesquecível, quase que imortal,
A força desse sonho inebriante
Vivendo esta alegria em paz constante
Não quero em minha vida outro final.

O corpo dessa deusa sensual
Espalha em meu caminho, diamante,
O beijo que roubei, tão delirante
Encena a fantasia magistral

Andando junto a ti, a cada passo,
Amor vou desfilando pelo espaço
Em risos e delírios siderais.

As somas que buscamos nos completam,
Mostrando as maravilhas que repletam,
Teus sonhos em meus sonhos são iguais.
1716


Teus sonhos em meus sonhos são iguais,
E galgo, sem receios, altos cumes
Quando em realidade transformais
As esperanças plenas de perfumes.
Te quero, meu amor e digo mais,
Adoro quando gritas e me assumes.

Meus versos são completos em teus versos,
Nós somos as metades da maçã;
Juntamos velhos sonhos tão dispersos,
Fazendo renascer clara manhã;
Não somos nem contrários nem reversos
Trilhar num só caminho, nosso afã.

Vestidos de esperança, nossa guia,
Amor em paz é tudo o que eu queria!


1717


Amor em paz é tudo o que eu queria
Depois de ter vivido insana luta,
A mão que mansamente acaricia
Desfaz esta quimera, audaz e bruta.

A vida se encharcando em poesia
No gozo mais sublime se desfruta
O bem que farto amor nos propicia.
Prazer que se percebe na permuta

Dos sonhos e vontades, delicados,
Amor não necessita de altos brados
A mansidão suprema encontro em ti,

Belezas de castelos e jardins,
Na placidez de arcanjos; querubins,
Querida, nesse reino eu percebi

1718


Querida, nesse reino eu percebi
A força da paixão que não se cala.
De tudo o que sonhara encontro em ti,
Amor que a gente canta se faz gala.
Se estive tão distante por aí?
Tentaram coibir a minha fala!

No reino em que passeio simples versos,
Amar é coisa velha e degradante.
Lá vivem, bem distantes e dispersos,
A súcia incompetente e delirante;
Que pensa em outros rumos tão diversos,
Morrendo sem saber por um instante

Como beijar, amar é bom demais.
Nem deixam os amantes mais em paz...


1719

Nem deixam os amantes mais em paz,
Invejas de outra gente solitária
Distante da sublime luminária
Falenas se matando em fúria audaz.

Apenas a vontade satisfaz?
Decerto sei que é sempre necessária,
Porém a claridade temporária
Não mostra todo o bem que amor nos traz.

Faminto de teu cheiro, teu perfume,
Bebendo a cada dia farto lume
Um mundo mais perfeito descobrindo,

Imito em pensamento a bela lua
Que ao ver-te assim deitada seminua
Entrando no teu quarto te sentindo.


1720


Entrando no teu quarto; te sentindo,
A carne dura,o corpo tão macio...
Teus lábios num sorriso me pedindo
Calor que te proíba tanto frio...
Na cama com meus braços te cobrindo,
Lá fora o minuano, aqui estio...

As tuas costas belas, lindas, nuas
A mão te percorrendo devagar,
Na claridade intensa de mil luas...
A cútis, doce mar a navegar...
Comigo neste sonho tu flutuas
E a noite vai passando assim, sem par...

E somos, de repente, um só sorriso,
Imenso, imerso em paz, no paraíso...


1721


Imenso, imerso em paz, no paraíso,
O rito que professo não se engana,
A paz que se mostrando soberana
Deslinda o toque pleno e mais preciso.

Não quero na verdade algum juízo
Somente poder ter o mel da cana
Que esvai em cada poro. Noite insana
Que toma a nossa vida sem aviso.

Não nego este desejo imperativo
De ser, do nosso amor, servo e cativo
Vassalo deste gozo alucinante.

Tocando a tua pele devagar,
Descubro quão fantástico é te amar.
Um pouco a cada dia, em luz constante...


1722



Um pouco a cada dia, em luz constante,
Vasculho os teus sinais, vejo pegadas,
Tristezas nos porões emboloradas
Perdidas esquecidas numa estante

As cores deste amor tão fascinante
Entornam raras luzes nas estradas
Estrelas entre nuvens escaladas
No olhar feito farol da amada amante.

Intrépido caminho se assenhora
Trazendo imensidão a qualquer hora
Num sonho mais audaz e tão freqüente.

O quanto te desejo me alucina
Amor estende luz diamantina
E toma a nossa vida num repente.


1723

Promete: não irá jamais embora,
Amor jamais resistiria assim,
O meu canteiro coração a fim
De ter a flor que meu sonhar decora

Essa vontade, ser feliz aflora
Tornando mais bonito o meu jardim.
Amor que vai tomando tudo em mim,
Já sabe meu desejo desde agora.

Felicidade, conviver contigo
Um sentimento muito além de amigo
Aonde uma saudade não se exila.

Vivendo a plenitude sonho,
Na terna sensação enfim componho
Olhar de bela deusa que cintila



1724

Olhar de deusa bela que cintila
Um sol que em plena terra assim já desce
Rebrilha nos meus olhos a pupila
Que encantando, estrelado, resplandece.

A beleza sem par, olhar destila,
Em toda noite escura fosforesce,
A tornando pacífica e tranqüila,
A dor e o sofrimento assim se esquece...

No brilho que me toma e se propaga,
Raiando a madrugada em raro sol.
Calor que me tocando sempre afaga

Caleidoscópio vário e multicor,
Olhar que com potência de um farol,
É guia principal do nosso amor...


1725


É guia principal do nosso amor
Felicidade imensa que carrego
Um sonho sem igual renovador
Aonde se demonstra o nosso apego.

Vivendo sem temer vicissitudes,
Almejo uma alegria verdadeira
Que é feita de carinhos e virtudes
Bem mais que a fantasia corriqueira.

Ser teu e tão somente, o que desejo,
Não posso mais calar, nem mesmo agüento
Aproveitando a sorte em cada ensejo,
Venero a cada dia, o sentimento

Não quero mais tormento ou dissabor
Distante de teu corpo sedutor.



1726


Distante de teu corpo sedutor
Distante desta boca encantadora
Procuro uma esperança recompor
Na força de uma luz que é redentora.
Vivendo a te buscar, ó meu amor,
A vida se passando e nada aflora

Somente uma saudade martiriza
O peito de quem soube amar demais.
O vento delicado nasce brisa
E morre tempestade sem ter paz.
A noite sem estrelas não me avisa
Do dia em claridade. Medo traz...

Mas sinto o teu perfume junto a mim.
Amor que nos tocou, chegou ao fim?


1727

Amor que nos tocou, chegou ao fim?
Pergunta o coração enamorado
O quanto de desejo existe em mim
Permite amanhecer anunciado

Que sinto ter chegado, amor; enfim.
Distante dos temores do passado,
O manto desses sonhos, consagrado,
Perfuma o meu canteiro, este jardim.

Não quero a solidão, nem a tristeza,
Das dores? Sequer traços ou resíduos,
Apenas mansidão feita em carinho.

Prazeres são comuns e mais assíduos.
Amor já me impedindo de ser presa
Dos cactos espinhosos do caminho...


1728


Dos cactos espinhosos do caminho,
Das urzes e das pedras, farpas, dores.
O pranto de quem veio tão sozinho
Recebe teus carinhos redentores.
Bebendo em tua boca o doce vinho
Que é feito em paz e sangue, pão, amores...

Eu quero ser teu servo e ser cativo
Em cada amanhecer, guia meus passos.
Se sinto esta emoção e nela vivo
Percebo toda a força dos teus braços.
Amor sem ser jamais quieto e passivo
Promessa mais perene destes laços

Que fazem nosso canto em harmonia
Nos nervos e nos olhos da alegria...



1729

Nos nervos e nos olhos da alegria
Tocando com firmeza e mansidão
Amor causando em nós revolução
Estrela que faz tempo reluzia

Nos olhos de quem crê na fantasia
O brilho traduzindo imensidão.
No fogo mais sublime da paixão
Um sol abrasador, verdades cria.

Em meio aos tais festejos da esperança
Trazendo a mais completa confiança
Um verso se tornando alvissareiro.

Contigo eu me permito perceber
A tenra plenitude do querer
Dançando nesta noite, o tempo inteiro.

1730


Dançando nesta noite, o tempo inteiro.
Nas noites do verão de uma existência;
O riso permanente e companheiro

No teu gesto mais brusco, impaciência
O tempo passará num verdadeiro
Martírio que jamais terá clemência...

Os olhos da menina se embaçaram,
Tuas pernas cansadas sem a dança
Os dedos carinhosos maltrataram
Matando o que se fora uma esperança

De toda uma mudança que não veio
Da noite que não trouxe uma alvorada.
A mão que deslizava sobre o seio
Encontra este vazio, o quase nada...


1731



Encontra este vazio, o quase nada
Após a tempestade em que se deu
Amor que há tanto tempo percebeu
Da vida a sorte grande, derramada.

Desejo que se fez somente teu
Morrendo enquanto mata; noutra alçada
Mudando num segundo nossa estrada
Estende na calçada, apenas breu.

Durante tua ausência eu percebi
Que todo este caminho leva a ti,
Nem mesmo uma esperança inda me abrasa,

Desculpe tantos erros e pecados
Durante os dias tensos noutros prados
Quantas vezes; pensei voltar pra casa


1732




Quantas vezes pensei voltar pra casa
Para a mesma casa onde nosso amor
Nasceu. Tão solitário... Sem calor
Que emana deste amor que nos abrasa;

Perdia sempre o rumo de meus versos
Jogados nas paredes da lembrança;
Amar se necessita confiança
Além de outros carinhos mais diversos...

Pedindo-te perdão, hoje eu regresso,
Depois de tanto tempo sem te ver..
Amada, me perdoa; podes crer,
Humildemente sou um réu confesso...

E venho te pedir nova guarida,
Te entrego, se quiser, a própria vida...


1733

Te entrego, se quiser, a própria vida,
Mas não me deixe assim tão solitário.
Estrela que guiava está perdida
Distante desse amor, vou temerário.

Carinho, com certeza é necessário
É nele que percebo uma saída
Não faça deste sonho um relicário
Estrada sem teus passos? Destruída...

Sabendo quanto eu quero o teu querer
Querência assim igual; jamais eu tive.
Eu quero a cada noite o teu abraço.

Beber em tua boca o doce mel,
Meu coração vazio vai ao léu...
Minha musa morrendo... O quê que faço?

1734


Minha musa morrendo... O quê que faço?
Não posso permitir que isso aconteça!
Sem a musa é possível que pereça
O sonho que me trouxe um velho traço.

Na morte desta musa, me desgraço,
Que em meu canto ninguém mais adormeça!
A vida só me dá dor de cabeça,
Sem musas meu poema foi pro espaço!

Velório destas musas pede rito.
Meu grito sem atrito no infinito.
Meu canto, seu quebranto, tanto manto...

Depressa, traz compressa tenho pressa!
Meu remo, meu remédio, outra remessa!
Ó musa vê se volta ao seu recanto!


1735


Ó musa vê se volta ao seu recanto!
Meu verso se perdendo sem ter nexo
Eu quero muito além de simples sexo,
Preciso de teu fogo e teu encanto.

E saibas que eu te quero e quero tanto,
Teus olhos dos meus sonhos o reflexo
Não és, isso eu garanto, um mero anexo,
Não quero em minha vida mais quebranto.

Permita que eu te fale com franqueza
Tua presença evita uma surpresa
Qualquer que me atrapalhe o caminhar.

Espinhos? Tive vários, não duvide
Por isso a minha vida se decide
No quanto em meu recanto quero amar...


1736

No quanto em meu recanto quero amar
Somente um desvario e nada mais.
A morte tem mandado os seus sinais,
Mas quero que ela chegue devagar.

Não posso simplesmente me calar,
Embora sem encantos, perco o cais.
Meus versos se fazendo rituais
Ninguém me impedirá de versejar

Há dias que eu me escondo e nada falo,
Também nunca pisei num outro calo
Se eu faço do amor a minha escora

Problema, se isso existe, eu nunca vejo
Mas antes de partir, eis meu desejo:
Promete: não irá jamais embora.



1737

Deitando nos teus braços, tenramente
Encontro a mais sublime poesia,
Tocado pelas mãos de uma alegria
Um mundo abençoado se pressente

Alvorecendo a paz que num repente
Supera calmamente a aleivosia
Encanto em que minha alma se fremia
Mudando o meu destino, totalmente.

O colo que; aquecendo me transforma
Negando num momento qualquer forma
Que lembre o duro, audaz, atroz inverno,

Olhando à minha volta, a liberdade
Trazendo sem temor ou ansiedade
Um vento que me toca; sonho eterno.



1738

Um vento que me toca; sonho eterno
Roçando meus cabelos vem e fala
Do sentimento forte, lindo, terno
Que a um só tempo enrijecendo, abala.

Pensando nesse amor também fraterno
Que excita; sensual e nunca cala,
Vivendo em primavera nega inverno.
Eu quero, num momento; convidá-la

À festa da ternura e da libido,
Formada pelo toque e pelo sonho
Ao experimentar cada sentido

Iremos flutuando... Pensamento
Liberto e companheiro, eu te proponho
Matando; de tristeza, o sofrimento...


1739

Matando; de tristeza, o sofrimento,
Alegres emoções já nos tomando
Sabendo desta estrela desde quando
O amor trouxe o final deste tormento.

A sorte vai cumprindo o seu intento,
Enquanto uma esperança traz, raiando,
No tempo mais sublime abençoando,
No fogo da paixão, meu sentimento.

Portando o sol nos olhos, libertária,
A paz que; não duvido, é necessária,
Depois da ventania, assim, bendita,

Acende; no caminho, a lamparina
Na luz que se mostrando cristalina,
Bom dia minha amada, és tão bonita.



1740

Bom dia minha amada, és tão bonita;
Acordo com vontade de te ver,
Tu tens a maravilha da pepita
Mais rara que já pude conceber.

Minha alegria intensa se credita
À delícia de ter teu bem querer
Que o sol ao te tocar sempre reflita
Desejo tão intenso de poder

Tocar-te com meus lábios, minhas mãos,
Abrilhantando a vida, bem amada.
Quem fora prisioneiro de tão vãos

Momentos que passei em minha vida,
Já sabe como é bom saber que cada
Palavra em mansidão é proferida.


1741

Palavra em mansidão é proferida
Dizendo desse amor, rara promessa,
Sentido libertário não tropeça
Razão prioritária em minha vida.

A dor da solidão sendo vencida,
O tempo de viver já recomeça
A nuvem do passando, mesmo espessa
Deixada assim de lado, dissolvida.

No carrossel do sonho, volta e meia
A trama se faz plena em clara teia
O amor vem se estendendo em cada ramo,

Girando o pensamento eu não descanso,
Assim, felicidade imensa; alcanço
Brincando de ciranda com quem amo


1742

Brincando de ciranda com quem amo
Reclamo tua ausência nesta noite.
Da cama que sonhamos já te chamo
Vem logo que promete um bom pernoite,

O frio deste outono aqui inflamo,
E faço de meu beijo um doce açoite,
Buscando tua fonte que reclamo,
Em meio a tantas brenhas que me acoite

Os lábios desejosos e sedentos,
As pernas torneadas da morena,
Vibrando dentro em ti meus pensamentos,

Encontram o sonhado e sensual
Caminho que sorrindo já se acena
Depois de penetrar este portal...


1743

Depois de penetrar este portal
Recolho tanta estrela, ganho o sol,
Cabelos desfilando em caracol,
Visagem mais perfeita, sem igual.

Cenário, com certeza magistral
Ganhando em maravilha este arrebol,
No teu olhar magnífico, o farol
Beleza se espalhando, triunfal.

Prevejo conseguir realizar
Os sonhos que não canso de sonhar
Matando o que eu vivera, amargo e fero.

Só posso te dizer, falo e repito,
No encanto que se mostra mais bonito,
Eu tanto te desejo... Ah! Como quero

1744


Eu tanto te desejo... Ah! Como quero

Poder te dar um beijo, acarinhar...

Faz tempo, tanto tempo que te espero,

Eu quero o teu carinho desfrutar...



Sentindo um arrepio e me fartando

De toda essa delícia que é te ter.

Deitados num tapete ir flutuando

Nas mais divinas formas de prazer...



Não sinta mais tristeza, eu já te imploro,

Façamos nossas noites maviosas.

Teu corpo no meu corpo... Em ti decoro

As curvas, os caminhos, ninhos... Rosas...



Tocando tua boca, perna e seio

As tuas margens, louco, eu assoreio...


1745

As tuas margens, louco, eu assoreio;
Tomando toda a cena, amor suprime,
No quanto tantas vezes já te estime
Eu faço deste gozo um novo meio

Falando da vontade assim permeio
A sorte que se mostra mais sublime
E mesmo a fantasia em que se arrime
O mundo que, decerto, eu quero e creio.

Ternura nos tomando claramente,
No esteio desse amor tão envolvente
Que entorna maravilhas nesta grei,

Embora na paixão, meu desamparo,
Delicioso sonho doce e amaro,
O vento não protege; disso eu sei.



1746



O vento não protege; disso eu sei,

Até por que se, ciumento muda tanto...

A natureza guarda em sua lei

Verdades que nos mostram seu encanto.



O vento sempre muda a direção,

Levando para além o teu perfume,

Por isto eu gostei da sugestão,

Protege da vaidade e do ciúme...



O mar com suas ondas sempre vem,

E com certeza é bem mais confiável,

Notícias que eu espero de meu bem



Do mar, a carta chega, de repente....

Dizendo neste tom, que é sempre amável,

Vontade de te amar é tão urgente!



1747



Vontade de te amar é tão urgente
E nada impedirá, tenho a certeza
O quanto quero ser da fera, a presa,
Permite que eu me sinta mais contente.

A cada novo beijo se pressente
A força desse amor que em correnteza
Espalha todo o sonho que se preza
Tomando a nossa vida esta torrente.

Semeias em meus olhos a esperança
Semente que se mostra benfazeja,
Enquanto as alegrias já retornam

Cravando no meu peito a sua lança,
Eros trazendo o bem que se deseja:
Encantos deste amor que me transtornam


1748




Encantos deste amor que me transtornam
Em vestes delicadas, véus de seda.
Os olhos empolgados se contornam
Passeio por teus braços, noite enreda

E forma a bela tela dos anseios,
Numa aquarela imensa; mil matizes,
Deitando meus desejos nos teus seios,
Fazendo-nos amantes mais felizes...

Na poesia entorno meus desejos,
Que são bem mais reais do que imaginas,
Seguras meus cabelos, bocas, beijos,
Sou seu corcel, me prendes pelas crinas.

E galopamos nus pela cidade,
Mostrando o que é sentir felicidade...



1749


Mostrando o que é sentir felicidade,
Amor já se assenhora de meus versos.
Passando por momentos mais perversos
Das trevas renasceu a claridade.

Agora esta alegria que me invade
Tomando num clarão ganha universos
Em cores e matizes tão diversos
Permitem vislumbrar tranqüilidade.

Adentro num segundo, o raro altar
Aonde amor se fez iluminar
Com rara precisão e magnitude

Aporto ao infinito nos seus braços,
Sorvendo a fantasia em teus abraços
No gozo que se dá farto e amiúde...


1750

No gozo que se dá farto e amiúde,
Certeza de poder ser mais feliz.
Nem mesmo uma saudade contradiz
O bem que nos tomando em atitude

Expressa o renovar da juventude
Deixando bem distante um céu tão gris.
A sorte muitas vezes, velha atriz
Permite que esse sonho se transmude.

Porém uma certeza fortifica,
O sonho que somente amor explica
Gerando a fortaleza em nossa mente.

A boca que se dá em mansidão
Mostrando com certeza a direção
Deitando nos teus braços, tenramente.

1751

Somamos nossos sonhos, sem temores
Numa alvorada em luz iridescente
Amor vai se mostrando mais urgente
Trazendo à nossa vida tantas cores.

Os olhos se mostrando sonhadores
Vivendo tudo aquilo que se sente,
Tomando nosso mundo de repente
Permite que se vejam tais alvores.

Na alvura deste céu que se aproxima,
Amor vai dominando todo o clima
Na força da alegria que se acenda,

Eu tenho esta certeza que não nego,
Do amor que em fantasias eu carrego,
Dançando nesta noite, minha prenda...



1752



Dançando nesta noite, minha prenda,
Colado com teu corpo, em teu carinho
A vida do teu lado se desvenda
Jamais eu voltarei a ser sozinho...

Saudade no meu peito, vira lenda,
Aberto o coração, um passarinho
Voando para o Sul, permite acenda
O brilho da esperança, de mansinho...

Dançando em nossas mãos um carrossel,
Desvenda estes mistérios da paixão.
O gosto desta boca, doce mel

O toque sedutor roça meu rosto.
Guria, mergulhando na emoção,
Deixando bem distante o tal desgosto..


1753


Deixando bem distante o tal desgosto,
Durante muito tempo em minha vida
Aos poucos aumentando esta ferida
No corte tantas vezes mais exposto.

Beleza inesquecível de teu rosto,
Imagem muitas vezes distorcida
Viagem que pensava já perdida,
Agora um novo sonho recomposto

Bebendo tantos goles, amargor
Da morte anunciada deste amor,
Morrendo em nascedouro a primavera

Mas tendo uma esperança como amiga,
Permita mesmo em vão que inda te diga:
Meu verso é tão romântica quimera,


1754


Meu verso é tão romântica quimera,
É dor que não consigo mais calar.
É templo da saudade, morte e fera,
É luz que sempre roubo do luar.

A cada novo canto a dor se esmera
Transborda no horizonte, seca o mar.
Meu verso de saudade reverbera
Supremo sentimento, louco amar!

Meu verso é tentativa de emoção.
É pélago que busco em alarido.
Mergulho totalmente da amplidão.

Espero um leonino manso afago...
É verso apaixonado de um vencido.
É resto deste copo, nenhum trago...


1755

É resto deste copo, nenhum trago
Apenas o vazio como herança,
Um espectro tão fúnebre: esperança
Ainda em ironia traz afago.

Do quanto nada tive, o resto eu trago
Tão somente, tristezas por fiança
Enquanto o vento frio nos alcança,
Procuro em vão um sonho audaz e mago

Que possa permitir um novo tempo
Distante do passado em contratempo,
Porém sem ter futuro, perco o sesmo,

E vago noutra grei, ledo destino,
No quanto em desespero, desatino,
Qual triste borboleta; vou a esmo...

1756

Qual triste borboleta, vou a esmo,
Nas gotas deste orvalho, sem paragem...
Amor que nunca mais será o mesmo,
Descansa, doce bálsamo, viagem...

Nas promessas divinas, me quaresmo,
Não quero nem permito estar à margem.
Por vezes, tão calado, me ensimesmo
É medo de trocar, nova roupagem...

Crisálida que dorme não se esquece,
A dor deste fantasma me persegue.
Não basta a conversão sequer a prece.

A mansa borboleta nunca nega,
Por mais que tantos mares eu navegue,
Como é pesado o fardo que carrega...

1757


Como é pesado o fardo que carrega
Aquele que se deu sem ter cuidados.
Amor que modifica nossos Fados
Ao mesmo tempo guia enquanto cega.

Tomado feramente em louca entrega
Lançando a minha sorte em falsos dados
Há tempos, com certeza viciados
À própria desventura; amor relega.

Mas vejo a calmaria de um semblante
Que chega num clarão e ao mesmo instante
A vida, em precisão, logo incendeia.

Talvez simples miragem, pode ser...
Porém esperançoso, posso ver
Nas amplidões; fantástica sereia.




1758

Nas amplidões; fantástica sereia
Recende todo o brilho sideral.
O canto que desfila forma areia;
Areia que penetra neste astral!

Na chama delicada que incendeia,
Esboça tanta forma colossal.
Embevecido deus nunca refreia
Os sonhos da sereia marginal.

Da cósmica poeira constelar,
Escultora sutil faz os planetas.
Netuno, tão vaidoso, vê do mar

As mãos habilidosas. Maravilha!
Embarca sutilmente nos cometas,
Persegue a bela artista e sua trilha!

1759


Persegue a bela artista e sua trilha
Imprudente esperança libertária,
Ao mesmo tempo sendo necessária
Tropeça a cada passo, essa andarilha...

Às vezes ilusão também nos pilha
Transformação decerto temerária
A voz por tantas vezes tão sectária
Espera a mais incrível maravilha.

E nada do que cremos surgirá
O céu que num momento nublará
Negando o que sonhara uma criança.

O vento tão soturno das paixões
Trazendo cedo aos nossos corações,
Promessa aterradora de vingança.

1760


Promessa aterradora de vingança,
A vida se perdeu sem diapasão.
As flores que não têm caramanchão,
Demonstram seu perfil: desesperança!

Recendem velhos cravos na lembrança,
São formas de total abnegação,
Os vasos que se quebram, nosso chão.
No fundo representam arco e lança.

Promessa desmedida, sem critério.
Não deixa que eu vislumbre sequer rumo.
Queima-me, me tortura qual cautério.

Vencido nas batalhas mais venais.
Desejo de viver! Tonto, me aprumo.
Em meio a tais promessas, peço paz!


1761

Em meio a tais promessas, peço paz.
Percebo que virás ao fim do dia,
Vivendo e revivendo a fantasia
Do todo que se mostra mais capaz

A gota que caindo, satisfaz
E molda uma esperança em poesia.
Do amor que a cada verso me dizia
O sonho que alegria, enfim, me traz.

Girando pelas noites, um cometa
Riscando o céu, trazendo a claridade
Deixando no meu peito, cicatrizes.

Ao quanto em brilho intenso se arremeta
Permitem reviver a mocidade,
Lembranças destes tempos mais felizes



1762

Lembranças destes tempos mais felizes
Da infância que se perde na memória.
Amores que vieram, aprendizes,
Os dias se passando em plena glória.

O rosto que me vem, de minha amada,
Deitada sobre as pedras, cachoeiras...
A tarde na promessa iluminada,
Das nossas esperanças, verdadeiras...

Mas logo tu te foste, solidão.
A vida se tornou quase que inferno.
As pedras em total revolução
Rolaram, destruíram, duro inverno...

Mas sei que tu virás, minha querida,
Nesse último estertor de minha vida!


1763

Nesse último estertor de minha vida
Refaço as minhas contas e te digo,
Ainda necessito deste abrigo
Do labirinto escondo uma saída.

Uma esperança tola e distraída
Afronta ao fim da tarde um vão perigo,
Embora já sem forças; quero e brigo
Buscando a mocidade assim perdida.

Na lida uma alma esquálida percebe
A luz que inda clareia noutra sebe
E tenta em salto inútil desvendar

Segredos do que foi e não voltou,
Trafego nos cadáveres que sou
Fazendo da alegria um doce bar...


1764


Fazendo da alegria um doce bar
Eu vejo o teu retrato no cristal,
O amor ao se expressar quer vendaval
E nada restará em seu lugar.

Vontade de fugir e de ficar,
Carpindo a fantasia em ritual.
A força mesmo vã, residual,
Permite neste sonho eu me embrenhar.

Por tantas vezes tendo o mesmo quase,
A vida se renova em cada fase,
Trazendo em fel, raríssimos licores.

Irmanados caminhos, companheira,
Na sorte que falsária é verdadeira,
Somamos nossos sonhos, sem temores.

1765

O tempo se repleta nos amores,
Diamantes de raro, intenso brilho
Supera com vigor um empecilho
Tramando em nossa vida, belas cores.

Recebo de teus abraços, tais alvores
Fazendo da esperança um estribilho,
Na senda em que me entrego enquanto trilho
Decerto encontrarei divinas flores.

O anoitecer se mostra inesquecível
Na lua que se dá em lume incrível
Certeza deste amor abençoado.

Deitando nosso amor sem ter ressalva
Na imagem desta noite imensa e alva
Perceba nosso céu tão constelado.


1766

Perceba nosso céu tão constelado,
Perceba nosso amor, mansa cascata.
Perceba a nua lua, mar de prata.
Perceba todo o mundo iluminado!

Perceba como Deus apaixonado,
Nos trouxe a maravilha desta mata.
Perceba que a pupila se dilata
Na troca deste olhar enamorado...

Perceba refletir fosforescente
Nas águas teu olhar tão reluzente,
Estão plenas de lumes, de ardentias.

A lua se repete, tantas fases,
Perceba como amor repete frases,
A vida se repete em alegrias!

1767

A vida se repete em alegrias
Depois que conheci a liberdade
Encanto se espalhando na cidade,
Deixando para trás as noites frias.

Das mãos que se mostravam mais vazias
Fartura transformando a realidade,
Vivendo o que busquei, tranqüilidade
Escuto as mais sublimes melodias

Vencendo os meus temores, vou contigo
Sabendo de teu braço, amante e amigo,
Não vejo em minha frente contratempo.

Minha cabeça erguida, o peito aberto,
Contigo o meu caminho é sempre certo
Assim pensava, amada, já faz tempo!


1768

Assim pensava, amada, já faz tempo;
Julgava nunca encontrar o grande amor.
Pois de tanto encontrar só contratempo;
Espinhos deturpando cada flor...

O medo se apossava e não saía.
Os dias eram feitos solidão.
A chuva, na minha alma, só caía,
Viver sem ter sequer uma emoção...

Mas quando conheci minha princesa,
Trazendo com seu vento, primavera...
O mundo transformado em tal beleza,
Até na mansidão, quedou-se a fera...

Mas hoje, nesse dia iluminado,
Descubro; estou por ti, apaixonado!

1769


Descubro; estou por ti, apaixonado
Sentindo esta presença pela casa
Além de um simples sonho que me abrasa,
Um lago em mansidão glorificado

Andara em solidão; preocupado
Porém uma alegria não se atrasa
A vida finalmente já me apraza,
Sabendo que terei sempre a meu lado

A boca desejosa em lábios quentes,
Os braços em carinhos envolventes
Servindo como guia e bom suporte

Contigo eu já me sinto descoberto,
Nos laços desta trama em passo certo,
Eu não quero sequer medo de morte.


1770


Eu não quero sequer medo de morte,
A sorte de viver não mais me encanta.
Me encanta simplesmente minha sorte
O canto que trouxeste, me agiganta!

Garganta milagrosa, canto forte,
A força do teu mundo, na garganta.
Um forte sentimento me levanta,
Levantes que trouxeste, grande porte...

Comportas tantas portas e saídas
Sorvidas minhas sortes já confortas.
Compostas de respostas divididas,

As vidas que divides, vão ao norte.
Norteio meu amor por tuas portas,
Conforta-me não ter medo de morte!

1771

Conforta-me não ter medo de morte
Mas quero muito além de um simples verso.
O quanto que seguira vão, disperso,
Sem ter nem almejar um novo norte

Agora cicatrizo antigo corte
Do tempo mais audaz, porém perverso,
E sobre nosso amor, inda converso
Falando deste sonho sem aporte.

Quem sabe noutro espaço e dimensão
A sorte tome nova direção
Calando a sensação dessa amargura.

Assim, proliferando a fantasia,
Embrenhe em minhas tréguas a alegria
E poesia intensa, leve e pura.


1772


E poesia intensa, leve e pura.
Nos versos que me embalam, nosso amor;
Que em meio a tanta dor me traz a cura,
É vida que renasce em bela flor...

Falar do sentimento que te trago
Nas mãos tão machucadas por espinhos.
Embora calejadas, meu afago
Virá na mansidão dos meus carinhos...

Sentir o meu amor, viva explosão,
Tomando, sem segredo, todo o mar,
Alaga de esperanças, o sertão
Criado pelo medo de te amar...

Falar de amor... Meus versos não se cansam,
Os sonhos, liberdade, sempre alcançam...


1773

Os sonhos, liberdade, sempre alcançam
Porém em olhos tristes, servidão.
Mirando noutro rumo ou direção
Os pés mais solitários não avançam.

Numa ilusão meus versos vis se lançam
Repetem sempre este terrível não;
Causam naufrágio. Buscarei então
Refúgio. Cegos, os meus passos cansam...

Estupidez espalhará vazios
Da negação eu não verei estios,
Simples saudade o meu olhar pressente.

O que farei se continuo só?
Como irei desatar o antigo nó
Se toda essa tristeza é inerente.


1774


Se toda essa tristeza é inerente,
Eu sinto que jamais verei a cura.
Porém como te amar é tão urgente,
Meu coração, sem medo, te procura.

Assim, talvez, quem saiba, minha amada,
A dor que me devora peça paz.
Então, ao manso vento, a caminhada,
Não trará tais tristezas, nunca mais.

Eu sinto que é possível ser feliz,
Ao lado de quem sonho, todo dia.
Na vida, nosso céu, belo matiz,
Transmuda na tranqüila sintonia

Que une, nossos diversos corações,
No uníssono bater das emoções.


1775

No uníssono bater das emoções
Eu preparei cada momento nosso
Do amanhecer um raro sol esboço
Aonde eu possa perceber paixões

Encontro em ti, claros sinais, verões
E a cada dia mais feliz remoço
Ao recobrir do meu passado o fosso
Redescobrindo agora as direções

Que já pensei perdidas. Ledo tempo
Ao enfrentar terrível contratempo
Deixara enfim a sensação de frio.

Ao ver teus olhos assolando o céu
Galopo livre nesse amor corcel
E sinto o respirar doce e macio.

1776


E sinto o respirar doce e macio,
Da boca que desejo tanto, tanto;
Envolto nos teus braços, perco o fio,
E sinto teu amor, teu louco encanto...

As roupas esquecidas na cadeira,
Nessa espetacular nudez, belezas.
Paixão que nos assola, verdadeira,
Intensa pois coberta de certezas.

Eu quero descobrir cada detalhe
Desta divina deusa, escultural.
Na preciosidade deste entalhe
Perfeito na moldura sensual.

E vivo, meu amor, cada momento,
Todo o furor que traz o sentimento...

1777

Todo o furor que traz o sentimento
Numa expressão em que talvez perdure
A sensação que o sofrimento cure
Ao pressupor que enfim se tome assento

A poeirama que lançou o vento
Embora tanta dor, amor augure
Apaixonado eu encontrei quem jure
Que o fogo queima nos trazendo alento.

Não tendo luzes, seguirei meu rumo
Na escuridão procurarei aprumo,
Em novos braços beberei carinho.

A minha sorte se lançando assim,
Talvez encontre o que restou de mim,
Ao ver que tu seguiste outro caminho.

1778

Ao ver que tu seguiste outro caminho
Distante do que tanto desejei,
Prefiro prosseguir assim sozinho,
Mas saiba que em verdade eu tanto amei

Alguém que me marcando com carinho
Fazendo-me sentir tal qual um rei,
Depressa abandonou o nosso ninho,
E nessa solidão eu mergulhei.

Espero que tu sejas mais feliz
Ao lado de quem vives; minha amada,
Seguindo novo rumo, nova estrada,

Carrego inda comigo a cicatriz
De um tempo em que contente imaginara
Que um grande amor, enfim, eu encontrara!


1779

Que um grande amor, enfim, eu encontrara
Após lutar nesta total loucura,
Sorte tamanha; acreditei. Tão rara...
Porém amor se traduziu tortura.

Não saberei colher da vida amara
Sequer os grãos que me trarão fartura,
A redenção de quem a paz procura
Sonhar. Decerto uma esperança cara

Porém, vazio talvez venha agora
Um novo dia amanhecendo em glória
Que molde enfim a derradeira história

Na mão amiga a plena paz se escora.
Mudando o rumo enfrentarei o mar,
Quem sabe assim eu poderei sonhar.


1780


Quem sabe assim eu poderei sonhar
Beber a sorte em fartos goles, luz.
Em plenas trevas vivo amor conduz
Quem reconhece deixa o sol brilhar.

Na força do astro quererá banhar
No fogo insano que este amor produz
Cobrindo de ouro o que se fez em cruz
Decerto encontra o que buscou: amar.

O canto livre torna o peito aberto
E granará o que pensei deserto
Com toda força multiplica cores

Após tempesta enfim virá bonança
No encanto vívido que a luz alcança
O tempo se repleta nos amores.

1781

Que a vida já nos trouxe há tanto tempo
Decerto além do que pensei outrora
Amor não é somente um passatempo,
Enquanto cura nos trará espora.

Porém não temo o temporal jamais.
Prosseguirei pelo caminho atroz
Enquanto houver uma esperança em cais
Eu lutarei sem temer nada após.

Quanto desejo finalmente o sonho
Vivenciando uma alegria imensa
Por isso sempre tanto amor proponho

Sentindo enfim o vento no meu rosto,
Amor que brinda quem em glórias pensa,
Janelas bem abertas, peito exposto.

1782

Janelas bem abertas, peito exposto,
Sem tréguas nem temores nas trincheiras
Deixando a sensação de estar disposto
A ter as emoções mais verdadeiras,

Sentindo todo o bem do doce gosto
Trazendo em suas mãos essas bandeiras
Moldadas em sorrisos no meu rosto.
Sem promessas escadas ou ladeiras.

Acolho o sentimento benfazejo
Que toma a minha casa sem licença.
Fazendo do seu sonho o meu desejo.

Numa ternura rara, pois imensa,
A sensação da boca aberta em beijo
Numa certeza plena em recompensa...
1783

Numa certeza plena em recompensa
Eu procurei reconhecer o amor
Em sua face mais cruel, propor
A nossa vida com certeza intensa.

A lua cheia que se fez imensa
Banhando a Terra num clarão, louvor,
Na claridade poderá compor
Um sonho lindo que do amor convença

Felicidade; um mero sonho em vão,
Tomando tudo, renegando o chão
As rosas em caminhos espinhosos,

Um vaga-lume poderá dizer
Dessa mistura feita em dor/prazer
Amores, sofrimentos ,risos, gozos...


1784

Amores, sofrimentos ,risos, gozos...
Em dias tão difíceis, solidão...
Noutros momentos somos andrajosos,
Mendigos que procuram por perdão...

Os dias sempre assim, tempestuosos
Maltratam um faminto coração
Que busca em mil amores belicosos
Caminhos bem distintos, solução.

Na dor da perda eterna sem ter sido,
Na dor de se saber somente resto.
Assim talvez, amor já não empresto

E sinto-me, por isso enfim vencido
Da dor deste desejo que é fatal;
A vida se passando... eu... filial...
1785
A vida se passando... eu... filial
Destes temores que percebo em ti,
Copo na mão; imaginei cristal
Porém do vidro no final bebi.

Às vezes minto em solidão fatal
Que finjo ter mesmo contendo aqui
A falsa festa que se mostra a tal
No fundo eu sou o que de amor perdi.

Sigo perdido procurando a lua
Que se escondeu de mim, porém flutua
Numa loucura que trará esgarce

Triste canção refletirá meu sonho,
Tendo o passado em urzes, vil, medonho,
Não creio em teu amor que quer disfarce.


1786

Não creio em teu amor que quer disfarce
Em outros corpos sempre que recorda
Mudando tão somente noutra face
Atando teu carinho em outra corda.

Não creio em sentimento que se embace
Quando teimosamente a vida aborda.
Não creio que a saudade logo passe
Nem que reste expectante em fina borda.

Tu tens outros amores, sensações;
E neles é que afogas tuas mágoas.
Depois ao perceberes ilusões

Culpando-me por ter nova paixão.
Se o rio vai correndo em outras águas,
A culpa é de quem não teve perdão.
1787

A culpa é de quem não teve perdão
Sabendo disso procurei abrigo
Nos olhos mansos de um amor amigo
Que traga sempre um verso em redenção.

Contigo, o medo; um sentimento em vão,
Jamais trará ao pleno amor perigo.
Demonstração do que em palavras digo
Num turbilhão de chama em paz, vulcão.

Há tanto tempo eu perseguia o riso
Insensatez que profanou o siso
Negando sempre o que busquei em méis

Da calmaria que nos mostra o cais;
Embora audazes e jamais formais,
Nós somos os retratos mais fiéis


1788

Nós somos os retratos mais fiéis
De tudo o que nos move, sentimento.
Andamos em conjunto, estes corcéis
Bebemos deste vinho, num momento

Sabemos da verdade destes méis
Voamos liberdade em mesmo vento.
Longe destes tormentos mais cruéis
Usando uma alegria como ungüento.

Levamos nossas mãos no mesmo andor,
Com corpos imantados bem unidos,
Fazendo de nós mesmos; refletor.

Enraizamos sonhos em conjunto,
Destinos num só rumo estão cumpridos,
Num mundo que se faz pra sempre junto
1789

Num mundo que se faz pra sempre junto;
Eu encontrei no teu desejo a luz
Na primavera desse amor conjunto
O brilho intenso que ao luar induz

O passo dado em soberana rota
Em tal mergulho desvendei o mar
Deixando a dor em solidão remota
É nesse encanto que eu desejo amar

O timoneiro saberá trazer
Dos temporais encontrará bonanças
Conhecedor das manhas do querer
Reconhecendo assim marés mais mansas

Também encantos deste sonho eu crio
Vagando por teu corpo, meu navio

1790

Vagando por teu corpo, meu navio
Na busca dos naufrágios e tormentas.
Invado com jangada cada fio
Nas trilhas delicadas, doces, lentas...

Vislumbro a maravilha de teu porto
E jogo meus sentidos sobre ti.
Vou manso e tão feliz, vou quase absorto
E sinto que em teus mares me perdi.

Apenas mergulhar e nada mais,
Bebendo cada gota labareda,
Recebo todo orvalho deste cais
Adentro devagar esta vereda

Que leva com carinho e com malícias.
Ao mundo deslumbrante em mil delícias...
1791

Ao mundo deslumbrante em mil delícias
Que Deus permita esta viagem mansa,
Ao semear em nosso amor carícias
Um lavrador colheita rara alcança

Assim também eu procurei fartura
Quando na ceva, mergulhei inteiro.
Mão delicada ao cultivar ternura
Colhe perfumes neste amor canteiro.

Ondas do mar, recifes de coral,
Na noite clara de luar, eu vejo
A tua imagem refletindo astral

Além das brumas claridade imensa,
Moldando assim, em plena luz, desejo
Encontrarei a névoa menos densa...


1792


Encontrarei a névoa menos densa
Ao aportar o meu saveiro em ti,
Desfrutarei em plenitude intensa
De tudo o quanto tanta vez; pedi.

Não temerei os vendavais audazes
Da solidão não sentirei o vento,
Sabendo o manso e puro amor que trazes
Meu verso canta o mais sublime ungüento

Trazido pelas mãos do bem querer
Abençoado, o teu encanto raro,
Que assim permite em alegrias ver
O amanhecer que nos trazendo amparo

Transforma em solução tal contratempo
Que a vida já nos trouxe há tanto tempo.



1793


Ao suplantarmos, juntos, contratempo,
Nessa amizade poderemos crer
Suplantaremos com certeza o tempo
Demonstrará o quanto é bom viver.

O coração que se demonstra assim
Aberto a tantas emoções nos traz
Força sublime que permite a mim
Reconhecer a plenitude audaz

Que vencerá sem demonstrar temor
Os temporais aos quais eu enfrentei
Jogado contra as pedras hoje eu sei

Luz soberana em que viceja a flor
Após enfim vencer a tempestade,
Amigo, eu sei que é dura uma saudade


1794
Amigo, eu sei que é dura uma saudade
O amor nos conduzindo, muitas vezes
Nos rouba sem saber, felicidade
Por dias, por semanas ou por meses...

Eu também já passei por dissabores
Bem sei quanto é cruel a solidão!
A vida vai chegando aos estertores
A morte nos parece solução!

Amar demais traz sempre este tormento,
Cortando em nosso peito, a desventura.
Sangrando vilãmente em sofrimento
A vida nos parece uma tortura.

Porém não desanime, companheiro,
Um novo amor virá, mais verdadeiro
1795


Um novo amor virá, mais verdadeiro
Após a dura sensação do corte
Ao refazer em nossa vida o norte
Doce mergulho ao qual me entrego inteiro.

Reconhecendo este pendor primeiro
Eu já concebo o principal suporte
Que possa ao menos nos fazer aporte
E em glória imensa me trazer teu cheiro.

Vencendo a dor e a solidão também
O meu olhar imaginando, vem
Trazendo assim novos verões, estios.

Permite o passo com firmeza e paz,
Vivendo o sonho que esse amor nos traz
Buscamos nossos eixos, nossos fios,


1796



Buscamos nossos eixos, nossos fios,
Atando nossos corpos; firmes laços.
Descemos correntezas, fontes, rios,
Em firmes, decididos, fortes passos.

No embalo deste sonho, vamos fundo,
Nós somos de nós mesmos, cobertor.
Não temos mais segredos, mesmo mundo
Que é feito sem ter medos, puro amor.

Das pernas tão cansadas de outras sendas,
Revigoramos lutas e esperanças.
Nos olhos não deixamos mais que vendas
Impeçam de tentarmos outras danças

Rompendo mil palácios ou impérios,
No amor/felicidade os ministérios...

1797

No amor/felicidade os ministérios
Que professamos com total carinho,
Eu não consigo mais andar sozinho,
O desamor não mostrará critérios.

Sem ter a paz de que me vale impérios
Avinagrando o mais sublime vinho
Neste vazio; a solidão; meu ninho
Torna meus medos com certeza, sérios...

De uma alvorada eu necessito luz
Na qual amor sonegará u’a cruz
Mudando em paz e em perfeição destinos

Num brinde a doce maravilha então
E finalmente ao encontrar meu chão,
Bebamos dos rocios femininos!


1798


Bebamos dos rocios femininos!
Nos cios os meus ócios são bem vindos.
Decifro na nudez meus desatinos
Duros tempos de seca já vão findos.

Nas ancas bem fogosas, meus anseios.
Requebros e maneios, montaria.
Meus lábios percorrendo belos seios,
Carnificina feita em euforia.

Na dança que se dane a louvação
Ação premeditada lavando a alma.
A boca sem saber premonição
Invade a toca, aloca e não se acalma.

Ao bagunçar assim este coreto,
Milhões de paraísos eu cometo!
1799

Milhões de paraísos eu cometo
Usufruindo desse amor sincero
Encontrei o que desejo e quero
No teu olhar em perfeição, dileto

O meu caminho se tornando reto
Sem estas curvas não será mais fero,
Apenas luz ao te encontrar, espero
Contigo amor eu conheci o afeto.

Agora os dias não serão bravios
A calmaria me permite assim
Chegar ao cais que desejei enfim

Quem no passado recebera os frios
Ventos; sabe que em mares tão revoltos,
Sargaços e bagaços: ossos soltos.


1800

Sargaços e bagaços, ossos soltos,
Expostos em meus olhos, fome e riso.
Meus versos contrafeitos vão revoltos,
Ascetas não adentram paraíso.

Nas metas que se encetam, amor/gozo,
Facilidade a prazo no cartão.
Vencendo o chato karma pedregoso,
Acendo a estupidez do coração.

Ao ver coxa morena e tão roliça
A flor do meu desejo já se ouriça
E vem fazer bagunça no meu peito

Dos bagos e bagaços faço desta
Palavra que bagunça e vira festa
Deixando para trás qualquer conceito.
1801

Deixando para trás qualquer conceito
Amor já sabe e reconhece a dor
Levando em prece com firmeza, o andor
Adentrará com braço forte o peito

Saber da luz é conceber direito
Dado a quem ama em proteção, calor
O quanto eu sinto mostrará que amor
Invade a vida penetrando o peito

Cravando setas proporciona o brilho
Do qual transformo num momento em vida
Franca vitória ao perceber saída

Traz solução e com carinhos trilho
Lançada a sorte que é sutil e arisca,
No coração selvagem que se arrisca


1802



No coração selvagem que se arrisca
E pula o precipício da paixão,
A faca que me toca e logo risca
Nas farpas produzindo a sensação

Que ao mesmo tempo salva e me confisca
Nos sons de uma temível explosão
Desejo na verdade se faz isca
Apascentando a fera coração.

Em tua cabeleira solta ao léu
Mergulhos no infinito de nós dois,
A chama permanece no depois,

Bebendo as tempestades vou ao céu
E nele navegando eternidade
No amor que desconhece saciedade!
1803

No amor que desconhece saciedade
Não sei limites nem tampouco os peço.
Reconhecendo o mais sutil tropeço
Caminho agora essa feliz cidade.

Ao perceber que tanto amor me invade
Em plena paz o amanhecer eu teço
Sabendo o quanto é merecido o apreço
Deixando a dor adormecer saudade.

Vencendo o medo não terei desgaste
Amor com agonia faz contraste
O riso em gozo servirá de tônico.

À solidão, permitirei assim,
Quando encontrar tal urze em meu jardim,
Eu quero meu melhor sorriso, irônico...


1804


Eu quero meu melhor sorriso, irônico...
Viver em teus desejos, os mais santos...
Rasgar, sem perceber, todos os mantos,
Poder sorrir contigo, amor platônico!

Longe de tua boca, vou agônico,
Não sei de abissais mares, celacantos,
Nem quero mais cobrir-te, seus quebrantos,
Por certo, ao te ver, resto catatônico.

As tuas mãos, centelhas são tenazes.
Cravando tuas garras mais vorazes,
Devoras, louva-deus, nada mais sobra...

Te quero, venerando teus engodos,
Penetras mais sutil, teus eletrodos,
Os teus olhos hipnóticos de cobra...


1805
Os teus olhos hipnóticos de cobra
Levando à fúria meus sentidos todos,
Na tempestade em pleno mar soçobra
Vitimizado sentimento, engodos...

Quem se perdeu a direção recobra
Embora enfrente os mais temíveis lodos
O que mais quero, a placidez desdobra
Tramando a paz em maviosos modos

Por vezes só, mas não serei sozinho
Tendo a certeza de ancorar meu ninho
Nos mansos braços companheiros meus.

Não quero inglória sensação de adeus
Nem mesmo o frio voltará, pois vivo
Amor tão pleno e sei jamais cativo.


1806


Amor tão pleno e sei jamais cativo
Permitirá que se conheça a vida.
Um sentimento em perfeição, altivo,
Concebe em luz a mansidão perdida.

No teu olhar o meu desejo crivo
Não deixará uma aflição de brida
Do nosso amor, eu nunca mais me privo
Sem ele a sorte se dará vencida.

Não tendo medo, seguirei em frente
E sendo assim, felicidade urgente
Não perderei com baboseiras; tempo.

Contigo sigo a caminhada em paz,
Cada vez mais me sentirei capaz,
Ao suplantarmos, juntos, contratempo


1807

Lavramos na aridez de um duro chão,
E tantas vezes encontramos nada
Amor se transformando em barricada
Prenunciando em ultimato o não.

Quem sabe encontrarei a solução
Depois de tanto conhecer a estrada
Recebendo da vida outra lufada
Descubra enfim o que busquei em vão.

A sorte se mostrando doidivanas
Em meio a luzes tempestades tantas
Ao mesmo tempo beijas, desenganas

A vida vai passa e muitas vezes tensa
Em fartas trevas, cedo desencantas
Nunca ninguém que não conhece pensa.

1808


Nunca ninguém que não conhece pensa
Nas tuas cicatrizes, nos teus lanhos...
Éramos, sem sabermos, dois estranhos,
A quem a morte sorria; clara e densa...

Vivíamos em fuga, atroz ofensa,
Computando agonias como ganhos...
Embebido nos teus olhos castanhos,
colecionava a dor de uma descrença.

Minha alma se mostrando em tal fastio
Negando a correnteza, mata o rio.
Nas águas nauseabundas se afogavam

Tuas linfas, quais ninfas me excitaram,
E num jogo indecente me mostraram:
Criaturas insólitas se amavam!
1809

Criaturas insólitas se amavam!
Num turbilhão de necessários medos
Reconhecendo sempre os teus segredos
Os meus olhos, o teu calor; buscavam,

Por vezes tantas pedras encontravam
Reconstruindo sem ter paz, enredos
Angústias insolentes tramam dedos
Em temporais as solidões se davam.

Incrível sensação de poder ver
E a desdenhosa derrocada ter
Matando em aridez nosso jardim,

Mesmo sabendo que te quero tanto
Trouxeste simplesmente o desencanto,
Roubaste o meu sossego mesmo assim.

1810

Roubaste o meu sossego mesmo assim
Não deixo de querer tal tempestade
Matando do meu peito a liberdade
Ao latejar amor dentro de mim.

A vida que já fora, outrora, clean,
Num tormento que açoda e que me invade
Deveras esqueceu tranqüilidade,
Tormenta do começo até o fim.

Paixão me avassalando, faz estragos,
Delícias de carícias e de afagos,
Sombrio maremoto no meu peito.

Na paz que desde agora é movediça
Florada num esterco, forte viça
Maltrata me deixando satisfeito...

1811

Maltrata me deixando satisfeito
O sentimento que me marca em gozo,
Do dia em que pensei maravilhoso
A claridade sonegando o feito.

Amar talvez não seja meu direito
Quero, porém, o amanhecer fogoso
Nos braços da mulher, sonho gostoso
Tramando sempre um belo cais, perfeito.

No quanto fantasio e nada tenho,
Não vejo mais a tempestade insana
Mesmo perdendo no final o jogo,

Vivas estrelas; neste amor, contenho
Vivificado em luz tão soberana
Não temo mais o frio nem o fogo



1812


Não temo mais o frio nem o fogo
Não quero mais nem ódio nem rancor.
Acendo o quanto quis em nosso jogo
Ascendo à magnitude deste amor.

Não quero um simples lago em que me afogo
Um mar de imenso sonho, a te propor,
Sabendo desde sempre o quanto, logo
Meu corpo com teu corpo justapor.

E sem fronteiras, perto é o infinito,
À caça dos jardins celestiais,
Nos lúdicos passeios sensuais,

Teus seios, minha boca... Necessito
Dos olhos e dos lábios que navegam
Por óleos que; trocados, não se negam...

1813

Por óleos que; trocados, não se negam
Eu procurei insanamente em vão
A vida não trazendo solução
Sentidos vários fartas cores cegam.

Mas mesmo em mansidão elas sonegam
Trazendo sempre o mesmo vago não
Querendo vislumbrar transformação
Meus sentimentos, destemor alegam.

Na poeira perdido, sem ter rumo
Todos os erros- desamor; assumo.
E penso mais distante uma saída.

Simples marujo que buscou areia
Da lua que sem tréguas me incendeia
Jamais verei uma esperança em vida...

1814


Jamais verei uma esperança em vida
Cansado de lutar inutilmente
Desarmonia me tomando; mente
Mosaico em ilusão vã, distraída.

Reconhecendo no portal; saída
A vida se transforma totalmente.
Com tal vigor eu caminhei; demente
Sabendo desde já da despedida.

A minha sorte, insana tanto bole
E muda a direção da tempestade
A solidão aproveitando invade

Impede que minha alma siga leve,
Amor se mostra quando a luz se atreve
Na sede que se mata a cada gole.



1815

Na sede que se mata a cada gole
De amor e de carinho e de amizade,
O sonho de alegria nos engole
Deixando para trás a falsidade.

A pedra quando encara a pedra mole
Desfeita pela força de vontade,
É como uma esperança que decole
Trazendo para a vida qualidade.

Amiga é muito bom saber de ti,
A companheira exata na hora certa.
Que sabe quando deve, num alerta

Sanar os descaminhos que vivi.
Enfática palavra que reluz
Uma amizade em glória se traduz!
1816

Uma amizade em glória se traduz!
Ao mesmo tempo me amparando segue
Negando toda a força que a renegue
Ao superar qualquer fuzil e obus.

Uma amizade em paz se reproduz
Manso desejo feito em sol prossegue
Ao bendizer quem lume já persegue
Espalhará sobre quem ama; a luz.

Poder de uma amizade eu não discuto
Em calmaria vencerá um bruto
Renegando uma ação que seja brusca

Persigo sempre, um ideal divino,
Sublime perfeição toma o destino,
Os olhos sequiosos numa busca.




1817

Os olhos sequiosos numa busca
Em torno de milhares de falenas,
O quanto a luz dos olhos já se ofusca
Deixando entre as estrelas; luzes plenas.

O sonho mais simplório se rebusca
E as noites não serão jamais amenas.
Palavra antes sincera, hoje patusca;
Amarga quem queria amena cena.

Gotejo purulentas e baldias
Esperanças sem termos nem palavras.
Na seca que destrói as minhas lavras

As noites com certeza serão frias.
Talvez inda persista algum resquício
Que possa nos salvar do precipício.
1818

Que possa nos salvar do precipício
É tudo o que desejo deste amor.
Saber quanto é preciso recompor
Um sonho além que não permita um vício

Apenas vejo na beleza ofício
Tramando uma alegria com vigor
Num sonho sem igual encantador.
O meu amor nunca será fictício.

Não quero luz por ser somente luz,
Magia encontro em corpos seminus
Em viagens sutis, meta astronáutica

Dourando estrelas, te bebendo inteira.
Quando sozinha, insana e derradeira
Minha alma, dura, fria, atroz, basáltica.


1819

Minha alma, dura, fria, atroz, basáltica,
Lagrima, solitária, cisma errante...
Não fora, mais feroz a cada instante,
Minha alma, traduzindo cosmonáutica...

Vagueando os espaços, mares, náutica,
Espreita pela porta vai mutante.
Quebrando essa cadeira, mesa, estante...
Viaja pelos ares, astronáutica...

Alma, solfejo e sofrimento, pasmo,
Asco, frasco retrátil e marasmo...
Cúmulo tumular, tubular sonho...

Perfume e fuga, frágil como o nada,
Asperge vai desfeita, figurada,
Criando um formidável mar medonho.

1820

Criando um formidável mar medonho
Meu verso nega a sensação de estio
Ao emergir conceberei tal frio
Que mesmo em luz convergirá tristonho.

O quanto em ilusão não mais proponho
Traduzirá o que jamais eu crio.
Não quero nem saber se fantasio
Quando mergulho insanamente em sonho.

Meu passaporte para amor, vencido
Demonstrará o que pensei perdido
Na forma mais cruel de negação.

Agricultor que se perdeu da ceva
Contigo eu sei que mesmo em plena treva
Lavramos na aridez de um duro chão.


1821

Colhendo as flores raras da emoção
Vislumbrarei em perfeição jardim,
Ao carregar resquícios de onde vim
Prosseguirei a procurar meu chão.

Eu não verei sequer algum senão
Emoldurando todo amor em mim,
Reconhecendo esta beleza enfim
Eu saberei tocar teu coração.

Dizer que te amo, é muito pouco, eu sei.
Se na verdade não consigo crer
Que em minha vida encontrarei prazer

Distante desta fabulosa grei.
Só sei que sem amor, não serei nada;
Eu te trago de tal forma entranhada.


1822


Eu te trago de tal forma entranhada
Perdendo os meus limites, sigo em ti.
É pouco te dizer que me perdi
Em teu corpo, seqüência demarcada

De rios, afluentes, foz e estrada,
Fronteiras? Com certeza as esqueci.
Tampouco se liberto eu já vivi.
De tanto que sou teu, não peço nada.

Na terra movediça em que vivemos,
Os olhos tão distantes seguem mares,
Desta água apodrecida que bebemos

Durante muito tempo foi servida
Matando em nascedouro meus pomares,
Tentando agonizar a nossa vida...

1823

Tentando agonizar a nossa vida
Saudade sempre mostrará tais garras
Ao entranhar em violência a lida
O corte mais cruel em cimitarras

A barca perde em solidão um cais
Nas tempestades não achei caminhos,
Mesmo em momentos tão comuns, banais,
Ela chegando e maltratando os ninhos

Não deixa nada além de um vago sonho.
Em ti, querida imaginei meu porto
Mesmo distante; tanto amor, proponho
Porém meu canto se calando morto

Desvenda a deusa que negou prazer,
Embora santa queiras parecer
1824
Embora santa queiras parecer,
Bem sei que esta guerreira, feminina,
Na mansidão enorme me faz ver
O quanto me conquista e me domina.

Sabendo que envolvido em tal prazer
A sorte que se fez tão cristalina
Não deixa outro destino se antever
Senão o que tão belo descortina...

A força delicada mostra assim,
Com calma este poder que nunca nego,
Dominas totalmente, tudo enfim,

És mais do que tu pensas, meu amor,
No mar de amor que junto a ti carrego,
Estampas toda a glória aonde for.
1825

Estampas toda a glória aonde for
O sol inveja a claridade intensa
Do olhar que refletindo o nosso amor
Aquece a minha vida em recompensa.

Teus olhos claros embelezam céus
E mesmo o coração frio derretem
Como cobrissem com tão belos véus
Meu horizonte e neles sorte vem

Tomando a vida e desfilando cores
Nesse jardim entre milhões de flores
A perfeição; encontro em teu olhar.

Minha alma em desconcerto, enfraquecida
Quando distante estás. Sem ter saída
Vagando o céu imenso a te buscar...


1826

Vagando o céu imenso a te buscar
Talvez eu seja simplesmente alguém
Que refletido neste espelho vem
A imagem da querência retratar.

Amor que não descansa vem mostrar
A mágica emoção que ele contém
Numa revelação demonstra quem
Espalha sobre o chão bom semear.

Eu só queria neste verso ao menos
Dizer de sentimentos mais amenos
Tão apascentadores que pudessem

Deitar sobre quem quero um acalento,
Trazendo para nós num calmo vento
Belezas que em delícias já se tecem...


1827

Belezas que em delícias já se tecem,
Demonstração de que na vida existe
Momentos em que embora esteja triste
As esperanças e as paixões aquecem

Nos erros cometidos que se esquecem
A força de um amor, firme, resiste
As emoções que em calma coligiste
Nas manhas deste amor depressa crescem.

Mergulho no teu corpo minhas sanhas
Brilho solar por sobre mil montanhas
Deitando no horizonte nossos Fados.

A noite se aproxima em lua cheia
Amor que maravilha se incendeia
Coberto de carinhos e cuidados...

1828


Coberto de carinhos e cuidados
O dia anunciado em paz e glória.
Conhecerei no nosso amor vitória
Encantos e delírios demarcados.

Os olhos tantas vezes enfadados
Tentando vislumbrar em nova história
Promessa resguardada na memória
De tempos com certeza abençoados.

Nas mãos que se procuram, mansidão,
Olhares que trocamos- emoção
Viver felicidade é nossa sina.

Caminho concebido com prazer
Permite a fantasia e faz viver
Na força feita amor que nos domina...

1829

Na força feita amor que nos domina,
Eu tenho esta certeza dentro em mim
Da luz que se aproxima e traz, enfim
O brilho que decerto me alucina.

No rosto bronzeado da menina
A flor que desejei em meu jardim,
A boca delicada e carmesim
Mudando a cada beijo a triste sina

De quem pensara sempre em ser feliz,
Porém o dia-a-dia que desdiz
Deixara tão somente uma esperança.

Agora que te tenho aqui, comigo,
Encontro todo o sonho que persigo,
Em teus braços desejo e temperança...


1830



Em teus braços desejo e temperança
Mistura que permite andar em paz.
Do quanto nosso amor me satisfaz
É feita a cada noite esta festança.

Amor que se promete em aliança
Felicidade e glória sempre traz
O beijo em tua boca, mais audaz
Expressa o nosso sonho riso e dança.

Não tendo em meu caminho uma ameaça
A vida em mansidão sublime passa
Mudando a direção torta dos ventos.

Agora que consigo vislumbrar
Ao fim da tarde um mágico luar
Solto as rédeas, liberto o pensamento...



1831

Solto as rédeas, liberto o pensamento
E deixo o coração comandar tudo.
Por vezes, eu confesso até me iludo,
Mas vivo com firmeza o sentimento.

Sabendo que talvez venha o tormento,
O rumo dos meus passos; cedo eu mudo,
Mas não posso ficar calado e mudo
Entregue aos dissabores deste vento.

Somando nossas forças, meu amor,
Eu sei que é necessário aguar a flor
Senão nosso canteiro não vigora.

E tento com carinhos conduzir
Estrada do futuro e no porvir
A vida se desenha desde agora...

1832



A vida se desenha desde agora,
A cada dia eu caminhando assim
Decerto irei saber deste jardim
Florido, na esperanças se decora.

Não deixe que este lume vá embora,
Colhendo cada flor sei de onde vim
Perfuma com certeza dentro em mim
A dona do destino se assenhora

Mostrando num sorriso delicado
A força deste amor abençoado
Por beijos e vontades satisfeitas.

Dos sonhos não pretendo arribação
Apenas transformar em emoção
Desejos que se ofertam quando deitas...

1833


Desejos que se ofertam quando deitas
Proliferam prazeres. Não me esqueço
Do quanto aos nossos sonhos obedeço
Enquanto com certeza já deleitas.

Carinhos em carícias tão perfeitas
Não deixam que se tenha algum tropeço
Se aquilo que tu dás eu te ofereço
As noites serão sempre satisfeitas.

Reflexos destes gozos repercutem
Por mais que nossos risos já se escutem
A vida nunca cessa de querer

Vibrar um paraíso que não cessa
Sabendo ser além de uma promessa
Encanto de uma vida, só prazer...

1834



Encanto de uma vida, só prazer,
Espalhas maravilhas aonde andas
A lua se deitando nas varandas
Em farta claridade a recolher.

O verso se encantado passo a crer
Em noites mais poéticas e brandas
Dançando fantasias em cirandas
Louvando a cada sonho o bem querer.

Cevando a minha sorte em teu abraço
Riscando em ilusão eu me embaraço
Nos pés de quem conheço a perfeição.

Cuidando do canteiro da esperança
Felicidade plena amor alcança
Colhendo as flores raras da emoção.
1835


Fazendo uma corbelha divinal
Do corpo da mulher enamorada,
Minha alma na tua alma resguardada
Invade desejosa e ganha o astral.

Num toque de magia sensual
Tua presença aqui sendo aguardada
Ardência em mil vontades cedo brada
Querendo este prazer consensual.

Aromas que se tocam me inebriam,
Os gozos que me trazes já viciam
Assim prossegue nossa noite insana.

Ao espalhar lençóis, sutis desejos
Delírios, sonhos vários mil lampejos
A lua se aproxima. Soberana...

1836

A lua se aproxima soberana,
Tornando esse cenário inesquecível.
Nas mãos da bailarina, da cigana
A noite se transforma e segue incrível.

Percebo na distante serenata
Um trovador enamorado em sonho...
Beleza sem igual já se retrata,
Na fantasia, o verso que componho.

Ao refletir em maravilha os olhos
Da sílfide perfeita, iluminada,
Esqueço num momento dos abrolhos
E sigo com clareza a minha estrada.

Deslumbre em plenilúnio me tomando,
Um fabuloso dia se moldando...

1837


Um fabuloso dia se moldando;
Porém sem ter comigo quem desejo,
A claridade torna-se um lampejo
Felicidade aos poucos desabando.

Procuro ser feliz, mas desde quando
Partiste só penumbra ainda vejo
A morte em solidão ora prevejo
Fantasmas de mim mesmo desfilando...

O quanto te busquei e nada vinha,
A sorte; se ela existe, não é minha
Apenas o que resta: desengano.

O coração batendo devagar,
Quem sabe poderei um dia amar,
Somente o que sobrou: tristeza e dano...

1838

Somente o que sobrou: tristeza e dano,
Além dessa saudade inusitada,
Amar jamais será de minha alçada,
O coração em temporal, cigano.

Embora em dor de amores, veterano
Depois de tanto tempo, alma cansada
Procura e simplesmente não vê nada,
A vida sonegando cada plano.

Sem pieguice eu tento ser feliz,
E novamente como um aprendiz
Repito os mesmos erros do passado.

São tantos desenganos pela vida,
A sorte assim se mostra em despedida.
Já deveria estar acostumado...

1839

Já deveria estar acostumado
Às várias tentativas sem sucesso.
Porém de tanto amor eu te confesso
O peito não se mostra resguardado.

Amar demais será talvez pecado,
Mal terminando o jogo eu recomeço
E novamente, estúpido tropeço,
O coração decerto anda pesado...

Saudades de outros tempos? Eu nem sei.
De tanto que, teimoso eu já tentei
Meu barco naufragou sem ter um cais.

Mas quando me relembro de um carinho,
Refaço mesmo em sonho este caminho
Buscando os braços mansos, magistrais.

1840



Buscando os braços mansos, magistrais
Da moça que não quer saber de mim,
A flor que descorou o meu jardim
Sem dar uma alegria. Eu quero mais

Que os lábios com certeza sensuais
Dizendo finalmente um simples sim.
A vida detonando este estopim
Demonstra que serei dela jamais.

Não falo de desejos e loucuras
Apenas de carinhos em ternuras.
Amor tão simplesinho, arroz/feijão

Varanda em casa branca, na palhoça
Não falo em Casablanca nem paixão.
Saudade dessa moça, o peito roça...

1841


Saudade dessa moça, o peito roça
Fazendo tantas cócegas maltrata
Incendiando em mim floresta e mata
O que encontrar de frente já destroça.

A seca que se deu na minha roça
Aos poucos toda planta seca e mata
O nó de nosso amor quando desata
É lágrima/goteira que se empoça.

Eu quero simplesmente um cafuné,
Sem nada que me prenda, vou a pé
Atrás da bela prenda que não quis

Beijar a minha boca nem ser minha,
Lembrança sempre dói quando avizinha
Não deixa um coração bater feliz...


1842


Não deixa um coração bater feliz
Saber que noutros lábios tu sacias
Vontades. Tuas mãos sempre macias
Espalham mil carícias. Por um triz

Seguindo o meu caminho, amor me diz
Que tudo o quanto quero propicias
Trazendo para outrem as regalias
Que um dia, insanamente eu tanto quis.

Mas deixa estar que a vida é carrossel
Uma hora estou na terra outra no céu
Um dia há de chegar, isso eu garanto

Que a gente possa ter uma alegria
E mesmo que isso seja fantasia
Desfrutarei um pouco desse encanto...

1843

Desfrutarei um pouco desse encanto
Se tu quiseres ter uma alegria
Desejo que se quer cedo vicia
Tornando mais distante este quebranto.

Do gozo feito em festas eu me encanto
Além de todo bem que concebia
Quem vive muito mais que fantasia
Deitando o seu prazer no mesmo manto.

Plantando uma esperança no meu peito
Eu colherei o sim, talvez o não.
Mas sigo meu amor de qualquer jeito

Não deixo um só segundo de viver
O que me sobra em vida, em emoção
Querendo usufruir todo o prazer...


1844

Querendo usufruir todo o prazer,
Galopa o pensamento em liberdade.
Não tendo mais gaiola; serro a grade
Mergulho no infinito do teu ser.

O jogo que se joga pra vencer
Nem sempre é o melhor em qualidade,
O vento se espalhando na cidade
Telhado de sapê? Bom precaver.

Malabarismos tantos nesta cama
A gente de repente tudo inflama
E o jeito é se mostrar calar segredos.

Vazando em capinado, a solidão,
Encontra o fogaréu em meu colchão
Peneiro a fantasia entre meus dedos...

1845


Peneiro a fantasia entre meus dedos
O que sobrar decerto é ouro em pó
Não quero nesta vida andar mais só,
Debaixo do tapete antigos medos.

E mesmo nos momentos mais azedos
Ou quando uma esperança dá um nó,
Seguindo o meu caminho sem ter dó,
Nos lábios desta moça, rezo os credos.

O gosto feito em broa de fubá
Amanhecendo pão leite e café
Vontade que pra sempre mostrará

O quanto o nosso caso já deu pé.
O vento que dedilha os teus cabelos,
As pernas se misturam em novelos...

1846



As pernas se misturam em novelos
E fazem dessa noite um vendaval,
A prova neste amor que é mais cabal
Nos gozos que me dás ao recebê-los

Fantasmas do passado, quando tê-los
Não deixe de fazer o ritual
Do jogo mais gostoso e sensual
Beijando com carinho os teus cabelos.

Da lua tão redonda como um queijo
Eu sinto cada brilho no meu rosto,
Da boca da morena quero o beijo

O coração matreiro de um mineiro
Ao ver o nosso amor assim exposto
Da sorte e da alegria sente o cheiro...


1847


Da sorte e da alegria sente o cheiro,
Deixando esta mordaça já de lado,
Amor que a gente fez; anunciado,
Mudando a nossa vida por inteiro.

Entendo cada encanto verdadeiro
Não sendo mais decerto um estouvado
No corpo que desejo faço arado
Nas coxas e nas ancas meu canteiro.

Cavalo que se atrela em esperança
Bobeia, segue livre e o céu alcança
O tempo lança os dados, faz o jogo.

E a gente com vontade não se cansa,
Brindando com prazer esta aliança
Brincando sem descanso com o fogo...

1848


Brincando sem descanso com o fogo
Juntei meus cacarecos vida afora
Os sonhos em teus braços eu refogo
Sabendo do arvoredo cada tora.

Desejo o teu desejo e desde logo
Não tendo outra palavra, amor decora
O verso que te faço desde agora
Chamando para a festa sem ter rogo.

Se eu interrogo o pobre coração,
Respondo com final exclamação
Que tudo o mais quero é sempre igual.

Um beijo desfrutado em tua boca,
Paixão que mesmo muito não sufoca
Fazendo uma corbelha divinal

1849

Tocando mais profundo o coração,
Dobrados da alegria num coreto,
Se um erro vez em quando inda cometo
Eu peço, encarecido, o teu perdão.

A vida não se faz como um balão
Nem mesmo em tanta festa eu me arremeto
Se eu tenho na falseta um bem dileto
Não posso reclamar quando ouvir não.

Só sei é que plantando a fantasia
Recolherei, quem sabe, uma alegria.
Menosprezando a dor eu sigo em frente.

Eu sei que na verdade é só fumaça,
Tristeza que chegou depressa passa,
Bonança após tempesta, eu vou contente...


1850

Bonança após tempesta, eu vou contente
Sentindo o teu perfume, moça bela,
Amor que em farta chamas se revela
É fogaréu na imensidão que atente.

Descubro a tua pele e de repente
O barco adentra o mar soltando a vela
Desenha nosso amor delícia em tela
Num toque de luxúrias envolvente.

Tua nudez promete maravilhas,
Amor ao desarmar as armadilhas
Expressa mil desejos e vontades.

Rapina dos prazeres; sigo intenso
Bebendo deste mel suave e denso
Encontrando afinal felicidades...

1851



Encontrando afinal felicidades
Depois de tanto medo que eu sentia
De perceber insanas claridades
Dourando nossa vida em fantasia.

Nos montes e nos campos, nas cidades,
O sol que em maravilhas irradia
Vencendo assim quaisquer dificuldades
Dois corpos se entrosando em alquimia.

As bocas que se querem, doces, rubras
Amor que tanto quero que descubras
Cobrindo de vontades nosso leito.

Sabendo deste jogo cada lance,
Menina venha logo e não descanse
Com coração fogoso. Amor, espreito.


1852


Com coração fogoso. Amor, espreito
A fim de me tornar conhecedor
Entendo necessário este calor
Que invade toda noite o nosso peito.

Eu quero na verdade é ser aceito,
No enredo que se faz encantador
E ao mesmo tempo vil torturador
Jamais se imaginou insatisfeito.

Amaras impressões que carregava
Do tempo que depressa se escoava
Nas mãos de um infeliz apaixonado.

Macabras as palavras proferidas
Por quem nem em bilhões de pobres vidas
Teve um desejo ao menos saciado...


1853

Teve um desejo ao menos saciado,
Aquele que pensou ser imortal,
Manchetes estampadas no jornal
Trazendo este final anunciado.

O rio em cachoeiras desabado
Encontra a sua foz, isso é fatal,
Por isso não concebo magistral
O dia em que me fiz enamorado.

Agora que morrendo o nosso amor,
Na capa das revistas, teu disfarce
Num escarcéu terrível tanto esgarce

Expressa o que se fez demolidor.
Desejo boa sorte. Não se esqueça
Amor em paz se dá a quem mereça...

1854


Amor em paz se dá a quem mereça
Ao menos descobrir os seus macetes
Bijuteria exposta que envelheça
Nas mãos da patricinha os braceletes.

Não quero e nem suporto tal soberba
A moça vai fingindo o que não é.
Por mais que a fantasia se assoberba
O calo não sossega em cada pé.

Depois de certo tempo eu percebi
Falsárias sensações não custam caro
Mentiras que carregas junto a ti,
Deixando uma virtude em desamparo.

A pose aristocrática descobre
Dourado que vendias, era cobre...

1855


Dourado que vendias, era cobre.
Não tive tanta sorte em minha vida,
Teu ar de soberana, sempre nobre
Escondia tão somente uma ferida.

Eu continuo alegre e mesmo pobre
Minha alma está lavada e bem curtida,
Prefiro uma aguardente em paz bebida
Do que um vinho caro que soçobre.

Acordo de manhã, lavando o rosto,
Sinal do que eu vivi ainda exposto
Demonstra que em verdade eu fui feliz.

Ao contrário daquela que se fez
Estúpida, boçal, sem lucidez,
Trazendo tão somente cores gris...

1856


Trazendo tão somente cores gris,
A tarde vem chegando de mansinho,
Distante deste alguém e sem carinho
Eu reconheço amor que cedo eu quis

E a cada novo dia se desdiz
Tramando a solidão para o meu ninho.
Aos passos da ilusão eu não me alinho
Prefiro a realidade em seu matiz.

De tanto que bebi e não sabia
Que era tão falsa a farta pedraria
Deitado no teu colo, embelezando.

No diamante falso da esperança
O brilho foi mudando e sem tardança
Apenas a tristeza decorando...

1857

Apenas a tristeza decorando
O olhar de quem pensara estar em paz.
O vento da ilusão já não me traz
Sequer o que sonhei, imaginando.

Alheio aos teus caminhos vou buscando
Apenas o que ainda satisfaz
Um passo tresloucado até, audaz
A senda da esperança desbravando.

Metade do que sou, eu já perdi
Transtorno que encontrei somente em ti,
Causando este soneto em vil lamúria.

Quem pensa ser amor alguma injúria
Não sabe desta fúria que me toma,
A solidão é o nada numa soma...

1858

A solidão é o nada numa soma
E desse nada eu quero uma distância
O verso que se faz sem elegância
Adentra na minha alma, ganha o estroma

O quanto a fantasia já me toma
Permite que se mostre em discrepância
Realidade e sonho em abundância
Causando em meu olhar um escotoma.

No gráfico da vida, descendente
No tráfico dos sonhos nada resta,
Trafego em solidão pela floresta

De amores e ilusões, um indigente.
A noite em tantas brumas vai espessa,
Apenas esperança se confessa...

1859

Apenas esperança se confessa
A quem já perdeu tudo e não sabia
Da noite que se mostra amarga e fria
Negando ao coração qualquer promessa.

O passo solitário que se engessa
Jamais permitirá um novo dia
A quem se deu sem trégua à fantasia
E aos braços da ilusão, já se arremessa.

Conversas entre mesas, botequins
Deixando bem distante os querubins,
Arcanjos e entidades protetoras.

Da trama sem qualquer clarividência
Amor vai se tornando penitência.
De todos sentimentos, assenhoras.

1860


De todos sentimentos, assenhoras,
Dominas cada frase que eu disser
A sílfide que, em forma de mulher
Chegou à minha vida sem ter horas.

A cada verso teu me revigoras
Do jeito e da maneira que vier
Eu quero a maravilha de poder
Saber o quanto em fogo me devoras.

Coração taquicárdico te espera
Eternizando em flor a primavera
A solidão malévola se espanta

Ao ver essa beleza sem igual,
Encanto feito amor, sensacional
Alavancando a vida, me agiganta..

1861


Alavancando a vida, me agiganta
Esta certeza imensa em que se dá
O amor que deseja e desde já
Domina cada passo enquanto encanta.

Tristeza, uma canalha sacripanta
Sacrílega vilã não voltará
Se eu trago amor que manso brilhará
Na solidez que cura e nos imanta.

Sou presa sem surpresas do que prezo,
Amor que não conhece um vão desprezo
Expressa a magnitude deste sonho.

Vivenciando a glória sigo assim,
Mostrando o que maior existe em mim,
Com dias bem melhores, sempre sonho...

1862


Com dias bem melhores, sempre sonho
Trafego pela vida simplesmente,
O quanto é necessário estar contente
Deixando o meu caminho mais risonho.

A sorte nos teus braços quando eu ponho
Traduzo a confiança plenamente
Felicidade em versos eu componho
Mudando o meu destino, num repente.

Teus olhos tão distantes trazem luzes
E a tantas maravilhas tu conduzes
A lava derramada na paixão.

Palavra que proferes, de carinho,
Chegando à minha vida de mansinho,
Tocando mais profundo o coração.

1863

O amor vai se tornando sem igual
Dádiva mais sublime de uma vida,
Na senda imaginária e em paz florida
As luzes derramando em festival

Um sonho caloroso, um estival
Momento prenuncia a comovida
Palavra que trará a mão estendida
De quem pensou amor tão triunfal.

Das ácidas manhãs, nem mesmo a sombra,
Teu corpo no meu corpo qual alfombra
Delícias em delitos sem pecado

Da vida tão pacata, em um segundo
Deste arrebatamento eu já me inundo,
Num mundo entre delírios vislumbrado...

1864

Num mundo entre delírios vislumbrado,
A marca da pantera em minhas costas,
Dos jogos mais audazes que tu gostas
O gozo com certeza é contemplado.

De todo sofrimento do passado
Da dor que me cortava em frias postas,
As sortes com certeza estão repostas
O dia surgirá abençoado.

Palavra proferida em noite calma,
Limpando e desenhando, adentra alma
E mostra ser possível a alegria.

Amor revigorando o dia-a-dia
Retira do caminho abrolho, erica
É força que em si mesma o bem explica...



1865



É força que em si mesma o bem explica,
Uma amizade feita em plena luz.
Ao sonho realizado nos conduz
Trazendo a senda clara, amável, rica.

Amiga verdadeira não complica,
Um ouro soberano que reluz
A amada liberdade reproduz
E ao mesmo tempo do meu lado fica.

Por mais que à tempestade ela resista
Jamais permitirá ser egoísta
Aquela que se mostra companheira.

Em destemor permite cada passo,
Estreita cada vez mais forte o laço
Tornando uma alegria corriqueira...

1866


Tornando uma alegria corriqueira,
O bem de uma amizade perpetua
Enquanto nas verdades ela atua
Expressa com firmeza esta bandeira.

Embora em raridade verdadeira
A cada novo tempo continua
Traduz a realidade mesmo crua
Não é por falsidade, lisonjeira.

Durante a minha vida, poucas vezes
Eu percebi ao ter tantos reveses
O braço companheiro de uma amiga.

Por isso eu valorizo e sempre mais,
Certeza destes laços magistrais
Aonde a minha sorte já se abriga...


1867

Aonde a minha sorte já se abriga
Encontro todo o bem que desejara.
A mão que com firmeza me antepara
De toda a recompensa desobriga.

Companheirismo assim querida amiga
Uma luz valiosa por ser rara,
Curando quando a vida faz escara
Permite que meu passo em paz prossiga.

E quando em melancólica tristeza
Expressa o seu valor e traz leveza
A quem só carregara amarga cruz.

Sabendo perdoar a quem maltrata,
Amiga verdadeira não desata
O laço em que se deu meu Bom Jesus...

1868

O laço em que se deu meu Bom Jesus
De amor, farta amizade e no perdão,
Tocando bem mais fundo o coração
Impede em meu caminho; a dura cruz.

O brilho nos meus olhos reproduz
O brilho que se mostra em redenção
Negando desde sempre a servidão
Demonstração de paz em glória e luz.

Meu verso é muito frágil, disso eu sei,
Num mundo em que vingança vira lei
Cada homem sendo lobo, devora homem.

As esperanças, logo se consomem,
Não resta mais sequer fraternidade.
Quem sabe a solução feita amizade?

1869

Quem sabe a solução feita amizade
Permita amanhecer uma alegria
Que possa traduzir felicidade
Além do que em sonhos eu previa.

Numa expressão que mostre a liberdade
Meu verso de ilusões se fantasia
Ao perceber possível claridade
A noite se converte em belo dia.

Parâmetros diversos fontes várias
Moldando estas palavras necessárias
Trazendo a mansidão para os meus versos.

Juntando estes caminhos tão dispersos
Pressinto uma alvorada mais bonita,
Vencendo em pleno amor, tanta desdita...

1870

Vencendo em pleno amor, tanta desdita
Não temo mais sequer a solidão,
Nos braços de quem sonha, a redenção
Palavra prazerosa e tão bendita.

Quem sabe do caminho, espinho evita
E trama com real satisfação
Benesses da alegria em devoção
Apascentando uma alma antes aflita.

Afeto permitindo que se tenha
Um dia em que a glória já se empenha
Fazendo com fartura esta colheita.

Nas redes da emoção quando se deita
Amor sempre transmite a calmaria,
Louvando toda luz que se irradia...


1871


Louvando toda luz que se irradia
Dos olhos de quem sabe ser feliz,
Deixando no passado a cicatriz
Repara em mansidão velha avaria.

A barca feita em sonhos conduzia
Felicidade ao cais que sempre quis
O céu não nascerá em cores cris,
Revejo o sol que a nuvem recobria.

A par desta esperança eu canto amor
E sinto que ao nascer de cada flor
Perfumes no canteiro serão tantos

Que a vida mesmo insana, até descrente,
Trará um novo encanto que envolvente
Recubra a fantasia em claros mantos.


1872


Recubra a fantasia em claros mantos
O verso deste pobre repentista
Por mais que a solidão voltando insista
Eu tenho em minhas mãos, os teus encantos.

Quem dera um menestrel que em belos cantos
Pudesse vislumbrar olhar de artista
Vencendo uma palavra pessimista
Deixando para trás duros quebrantos

Assim talvez pudesse traduzir
Uma esperança audaz que no porvir
Mudasse a direção de antigos ventos.

Eu tenho uma impressão que não se cala,
Que a vida em liberdade e não vassala
Aplacará em paz estes tormentos...


1873


Aplacará em paz estes tormentos,
A força deste amor que nos domina,
Toando em alegria os pensamentos
Já sabem, reconhecem, cada mina

Os dias sem amor são sonolentos,
A glória de sonhar se determina
Realizando em todos os momentos
O que uma fantasia vaticina.

Eu tenho esta certeza inabalável
De ter esta emoção irrefutável
Trazida pelos braços em ternura.

O quanto eu te desejo e tu me queres
Nos gozos que te dou e me transferes
A vida sonegando uma amargura...


1874

A vida sonegando uma amargura,
Não deixa que a tristeza se aproxime,
Amor que tantas vezes nos suprime
Expressa com certeza uma ventura.

Viver sem ter amor, uma tortura,
Nas mãos enamoradas, bem sublime
As dores da tempesta ele dirime
O passo em perfeição amor acura.

Demarca cada passo em luz intensa,
Trazendo uma alegria em recompensa
Amor nunca se farta de saber

Que toda nossa história recomeça
Após o cumprimento da promessa
Da vida em harmonia e bem querer...


1875


Da vida em harmonia e bem querer
Eu traço o mote e expresso em poesia
O bom que tantas vezes se estendia
Mudando todo o curso do viver.

Não posso mais deixar de te dizer
O quanto que recebo em alegria
Palavra que decerto bendizia
A trama que escolhi, a percorrer.

Nas cinzas que carrego no meu peito,
Amor em mansidão já deu seu jeito
Agora nada temo, com certeza.

Seguindo a minha vida em calma e paz
Decerto a plenitude agora traz
A força que não teme a correnteza.


1876

A força que não teme a correnteza
Enfrenta as corredeiras, ganha a foz,
Escuto a claridade desta voz
Que trama em minha vida tal beleza.

Sabendo quanto a vida sempre preza
Aquele que se dá vencendo o algoz
Lega ao esquecimento a dor atroz
Deixando sempre farta a nossa mesa

Não creio ser possível desprezar
O sentimento nobre que sem par
Transforma o nosso dia, triunfal.

Aos poucos me domando o pensamento
Trazendo em glória cada bom momento
O amor vai se tornando sem igual.


1877

E mesmo que isso seja uma ilusão
Transporta o pensamento e nos liberta
Amor não reconhece uma hora certa,
Causando em nosso céu transformação.

A seca se espalhando no sertão
Caminhos da esperança; desconcerta,
Servindo tantas vezes como alerta
Adentra em sofrimento, a plantação.

Viola sertaneja canta à lua
Polvilha uma esperança. A madrugada
Ganhando em lusco fusco cada rua

Casais enamorados na calçada,
A fantasia volta e continua
Ponteios da viola enluarada...

1878


Ponteios da viola enluarada,
Fumaça de neblina sobre os montes,
A lua que se emerge em horizontes
Trazendo uma esperança desfraldada.

Na frágua da ilusão, uma alvorada
Ultrapassando os rios, margens, pontes
Palavras do passado que remontes
Não dizem muitas vezes quase nada.

Da boca dessa noite insaciável
O beijo da manhã se quer amável
Porém a tempestade se anuncia

Distante dos teus braços, meu amor,
O vento revoltoso com vigor
Nublando, mal começa; o novo dia...


1879


Nublando, mal começa; o novo dia...
Saudade de quem foi pra não voltar,
A solidão aos poucos, devagar
Matando toda sorte de alegria.

Amor que com seu nome se escrevia
Não quer nem mesmo agora me escutar
Em nuvens se escondeu o meu luar
Aurora vai perdendo a tal magia.

A cargo dos meus sonhos, nada fica,
A vida não será tão nobre e rica,
Apenas coração restando pária.

Só eu sei quantas vezes eu sofri
Ausência me transporta para ti,
Ao menos esperança é necessária...

1880

Ao menos esperança é necessária
A quem por tantas vezes vai sozinho.
O quanto de alegria e de carinho
Perdido nesta estrada temerária.

A luz da fantasia é tão primária.
Não tendo em ti espelho vira espinho
E quando da saudade eu me avizinho
Minha alma volta a ser celibatária.

Não quero em minha vida outra pessoa,
A chuva renitente qual garoa
Não deixa o sol nascer, a vida passa.

O tempo de sonhar já se esgotando
O barco sem ter porto naufragando
Amor vai se esvaindo na fumaça.

1881


Amor vai se esvaindo na fumaça
A barca dos meus sonhos naufragada
Não resta do que fomos quase nada,
Neblina matinal maltrata, embaça.

Vontade de gritar em plena praça
Falar desta alegria anunciada,
Perdida nesta noite demarcada
Por medos. A saudade nunca passa.

Desfraldo o lenço branco, peço paz
Porém o teu sorriso sempre traz
O gosto da ironia e do sarcasmo.

Tocado pelo anseio, sei marasmo.
O telefone chama. Um desengano,
Caminho em noite vaga, tolo, insano...

1882

Caminho em noite vaga, tolo, insano
Navego pelos bares e caladas.
Jogado pelos cantos e calçadas
Amor feito saudade é tão tirano.

Quem dera reviver cotidiano
Palavras entre sinas bem traçadas,
Porém as luas sempre disfarçadas
Demoram transtornando cada plano.

Queria a cor do mundo em meu olhar
O brilho esmeraldino da floresta.
Se apenas solidão é o que me resta

Apenas solidão; vou encontrar;
Amor porta-estandarte do vazio,
Promete em carnaval somente o frio...

1883


Promete em carnaval somente o frio
Inverno de minha alma sem juízo,
Apenas coletando o prejuízo
O nada versus nada sempre crio.

Andando minha sorte por um fio
Quem dera se encontrasse algum sorriso.
A vida se passando e sem aviso
O dia se transcorre no vazio.

A boca que procuro não tem tempo,
Não quero um vão amor por passatempo
Nem mesmo sou capaz de me entregar

A quem por tantas vezes não queria,
Joguete da tristeza e da alegria
Caminho em tempestade, devagar...


1884


Caminho em tempestade, devagar
Mineiramente venço os vendavais
Chegando calmamente em cada cais
Vejo o melhor momento de ancorar.

Na praia dos meus sonhos céu e mar
Em tons maravilhosos, sensuais
Fazendo desse todo um pouco mais
Num gozo esmeraldino azulejar...

Jogado pelas ondas barco segue
Sem blague, sem mentiras, peito aberto,
Aos braços e carinhos vou entregue

Vogando por errantes caminhares
Nos ventos, sem temores me liberto
Amor bem junto a mim, nos calcanhares...

1885


Amor bem junto a mim, nos calcanhares
Colado à minha pele, tatuagem,
Nos olhos de quem vê; simples miragem,
Fazendo do teu corpo, meus altares.

Do jeito mais sutil que tu sonhares
Eu juro que estarei, mesma viagem.
Embora não te queira minha pajem
Estou contigo em todos os lugares.

Não quero simplesmente confiança
É necessário além de uma aliança
Entranhar a presença em cicatriz.

Ser teu e tão somente viver isso,
Amor é muito mais que compromisso,
Somente desse jeito eu sou feliz...

1886

Somente desse jeito eu sou feliz,
Caçador de ilusões; já me perdi
Agora que encontrei amor em ti
Eu bebo me inebrio e quero bis.

Recebo em nosso céu tal diretriz
Trazendo e conduzindo, volto aqui
Sabendo todo o sonho que vivi
Amor sem filial morre matriz.

Não vejo outra saída, nem pretendo,
De tudo o que desejo convencendo
O dia se fará bem mais tranqüilo.

Passeio entre cometas, alvoradas
Andando sem espinhos, tais calçadas
O canto feito amor, é meu estilo...

1887


O canto feito amor, é meu estilo
E não renego o bem que isso me faz,
Se eu necessito e quero sempre paz
Nos braços deste sonho eu vou tranqüilo.

Nem quero saber disso ou mesmo aquilo
O quanto que coleto satisfaz,
Meticulosamente a vida traz
O mel que mesmo em fel no amor destilo.

De tanto que este tempo já se espraia
A solidão morrendo em minha praia
Transforma uma alva areia em movediça.

Na boca da bacante a festa é tanta,
Amor ao mesmo tempo desencanta
Enquanto o teu desejo ele cobiça.

1888

Enquanto o teu desejo ele cobiça
Minhas vontades trazem calmaria.
A barca que se mostra em alegria
Nos ventos deste sonho, amor se viça.

Embora em alegria vã, postiça.
O beijo em despedida me dizia
Do gozo que jamais se concebia
Depois de inglória luta e falsa liça.

Não quero o sofrimento do vazio,
E mesmo que não seja o que pensei,
Amor vai dominando a minha grei

E mesmo que insincero, nele eu crio
Um Eldorado tolo e sem proveito.
Na fantasia inútil eu me deleito...

1889


Na fantasia inútil eu me deleito
E sei da falsidade, mas não ligo,
Quem dera se eu tivesse o que persigo,
Porém sozinho eu juro não me deito.

Por mais que o temporal invade o peito,
Eu tenho dentro em mim meu próprio abrigo
Na raridade imensa desse artigo
Qualquer carinho eu fico satisfeito.

Agita o coração um verso breve
O gosto de teu beijo já se atreve
E muda toda a sorte de onde eu vim.

Plantando amor perfeito nada deu,
O quanto que sonhara e já morreu
Permite qualquer flor em meu jardim...


1890


Permite qualquer flor em meu jardim
Esta desesperança não me espanta.
A fome de ilusão, amada é tanta
Que qualquer chuva molha dentro em mim.

Viola sertaneja ou bandolim,
No tom que tu quiseres a alma canta
Apenas por falar amor me imanta
E faz um reboliço sem ter fim.

Eu bebo cada gole devagar
Deixando a lua cheia navegar
Vagando dentro em ti falsa paixão.

Do jeito que eu quisera não viria,
Amor da gente traz tanta alegria
E mesmo que isso seja uma ilusão.

1891

Mergulho carinhoso e triunfal
Bem vindo caminhar em noite clara,
A lua nos chamando tudo aclara
Amor já se tornando um ritual.

A cargo deste sonho sem igual
A vida em alegria se declara,
A jóia do prazer embora rara
Espalha farto brilho magistral.

Benesses encontradas sem fastio,
O quanto de desejo em que vicio
Explica todo o bem que vejo em ti.

Estrela decorando a madrugada,
A rosa do querer iluminada
Floresce no perfume que senti...

1892


Floresce no perfume que senti,
A lua que acendi enamorado,
Teu corpo de meus sonhos bem amado
Demonstra todo o gozo que previ

Vivendo toda a glória vejo em ti
O tempo em ouro pleno emoldurado,
O gozo de ser teu; nega o passado,
Desejos que pensara encontro aqui.

E tendo em meu caminho a rara estrela
A vida se tornando assim tão bela,
Jamais eu poderia me esquecer

De cada beijo dado em plenitude
Trazendo eternidade e juventude
Bradando com certeza o bem querer.

1893

Bradando com certeza o bem querer,
Por toda a minha vida eu te esperei,
Sabendo quanto tempo, procurei
Percebo a maravilha de poder

Beber em tua boca, o meu prazer,
Singrando esta esperança em que tentei
Fazer de uma alegria a nossa lei,
E tudo se perdia, sem saber

Se a vida não podendo ser somente
Aquela que se busca de repente
Não adianta mais sequer sonhar...

Porém quando tu chegas traz luar
Clareia a minha vida num momento,
Transborda em cada verso, o sentimento...


1894

Transborda em cada verso, o sentimento
Não tendo mais saída vou assim,
Vibrando uma esperança dentro em mim,
Amor renegará qualquer tormento.

Legando à solidão, o esquecimento,
Dourando cada flor de meu jardim
Nas cordas de um plangente bandolim
A marca deste amor entregue ao vento.

Nas notas musicais e nos sorrisos,
A sorte vem chegando e sem avisos
Amor não mais sossega, toma tudo.

Destino que em teus braços sempre mudo
Deixando à minha dor, ledo vazio.
Um novo amanhecer, contigo eu crio...

1895

Um novo amanhecer, contigo eu crio
Estrela matutina em primavera,
Amor não pode ser simples quimera
Tampouco se entregar ao vento frio...

Amar e ser feliz, eu fantasio
E busco em tua boca o que se espera
De toda a solução que aplaque a fera
Embora o coração siga vadio.

Girando todo o mundo em carrossel
Estrelas que roubei do imenso céu
Decoram teus cabelos qual tiara.

Vagando sem destinos, um cometa
Trazendo ao sentimento do poeta
A rosa que te enfeita e tanto ampara...


1896


A rosa que te enfeita e tanto ampara
Espalha o seu perfume em nossa casa,
O tanto de prazer que nos abrasa
Tomando cada sonho nos aclara.

No incenso de minha alma, o que buscara,
A vida na verdade não se atrasa
Se amor em mansidão a glória embasa
Mudando os velhos ventos escancara

A porta da alegria e da esperança
Sabendo desde sempre da mudança
Não temo mais sequer velhos espinhos.

Bebendo da ilusão os caros vinhos
Não vejo após a curva desta estrada
A sorte qual pensara, destroçada...


1897


A sorte qual pensara, destroçada
Deixada em algum canto do canteiro
Agora ao me mostrar bem verdadeiro
Adentra uma emoção, enamorada.

A força a cada passo demonstrada
Estende na janela o mundo inteiro,
Usando uma ilusão como tinteiro
A moça dos meus sonhos desnudada...

Prelúdio desta noite que insensata
Aos poucos, dominando me arrebata
Incêndios prometidos no meu leito.

Em claras explosões os multicores
Caminhos entranhados por amores
Invadem em delícias cada peito...

1898


Invadem em delícias cada peito
Sentimentos sutis e dominantes
O quanto os meus desejos são constantes
A cada nova noite eu me deleito.

A vida se mostrando desse jeito
Em raios e vontades deslumbrantes
Não deixa que se perca por instantes
O rumo em que o amor vai satisfeito.

Um coração que sei ser vagabundo
Vagando num segundo todo o mundo
Espera a serventia do teu cais.

No porto feito abraço, ancoradouro,
No corpo da morena o meu tesouro,
Querendo deste gozo sempre mais...


1899

Querendo deste gozo sempre mais
Amor quando em cadência sempre vence
A vida deste sonho se convence
Mergulha em beijos plenos, rituais.

Sabendo que talvez amor demais
É fato que em verdade não pertence
A quem a vida às vezes recompense,
Embora sonegando os meus cristais

Eu quero ser apenas vento breve
Que manso tantas vezes já se atreve
E bebe dos licores com fartura.

Amor que não demonstra os velhos medos
Tecendo uma esperança com seus dedos
Promete ao fim de tudo essa ventura...


1900

Promete ao fim de tudo essa ventura
Que tanto procurei a vida afora
O bem que com carinhos me decora
Percebe nos teus lábios a brandura

Na fantasia plena que assegura
Deixando ao triste adeus lado de fora
E a cada novo passo quando escora
Já torna a minha vida calma e pura.

Guardando nos meus olhos teu olhar
Espelhas o que eu sempre e tanto quis.
Agora com certeza estou feliz

Enquanto a noite chega devagar
E a lua espalha em nós clara nudez
No amor inesquecível que se fez...

1901


No amor inesquecível que se fez
As marcas do que somos, entranhadas.
Sem medo caminhando tais estradas
Toando em cada passo insensatez.

De que me valeria lucidez
Se toda a glória está nas demarcadas
Estrelas que nos traz iluminadas
As sortes que procuro a cada vez.

Não vejo outro caminho, nem queria,
Se eu tenho em minhas mãos farta alegria
No corpo feito porto em cais dourado.

Assim, sem temer raio ou temporal,
Eu trago bem guardado em meu bornal
Um coração sem nexo, apaixonado...

1902


Um coração sem nexo, apaixonado
Cansado de bater inutilmente,
Vagando pelas ruas qual demente
Encontro a solidão, amargurado.

Sem ter tua presença aqui do lado,
A morte se tornando mais urgente
O quanto que alegria inda se tente
Negando o próprio céu, falso, estrelado...

Primavera nos dentes, alma em fogo,
O tempo vai passando e nele afogo
Desejo que se fez ingratidão.

Quem dera se eu pudesse recolher
As flores que plantei. Mal posso crer
A seca tomou toda a plantação.

1903

A seca tomou toda a plantação
De tudo o que cevei, nada brotou,
Apenas o vazio enfim restou,
Deixando este sabor de negação.

Abordo cada sonho e o mesmo não
Repete o que na vida se escutou,
O barco com certeza naufragou,
O cais se transformou, pura ilusão.

Mas tento novamente, não desisto,
Qual fora um insensato, inda resisto
E tento novamente ser feliz.

A boca que hoje beijo não me quer,
Desejos caprichosos de mulher,
Vontade de viver, vida desdiz...

1904


Vontade de viver, vida desdiz
E num momento busco outra paragem
Que traga finalmente alguma aragem
A sorte se mostrando meretriz.

Nas mãos que se fizeram imbecis
Amor passando a ser qualquer bobagem,
Apenas o que resta, uma visagem
De um tempo onde esperança foi atriz.

Carpindo cada lágrima que trago
Espero e talvez tenha algum afago
Nos mares da ilusão, mesmo fatal

Eu teimo a redenção desta palavra
Iludido, meu peito ainda lavra
Mergulho carinhoso e triunfal


1905


Caminho que me leva à sedução
Meu canto é lírico, eu bem sei, mas tento
Usando da palavra como ungüento
Focar na fantasia esta emoção.

Por tantas vezes tão somente o não
Tomava o meu destino, sofrimento,
E quando escuto a tua voz então
Amor vai entranhando o pensamento.

A marca do teu beijo em minha boca
A força deste amor que já nos toca
Permite uma alegria sem limite.

Tristeza perde uma razão de ser
Enquanto vejo em nosso amor prazer
Estrela sensual não mais evite...

1906


Estrela sensual não mais evite
O brilho desta deusa em perfeição,
Saudade vem batendo no portão,
Sem nada que a impeça ou delimite.

Por mais que uma ilusão ainda grite
Entendo nosso amor qual provisão.
A estrela que mergulha em sedução
Não sabe e nem pretende algum limite.

Eu caço cada rastro feito em luz
Deixado em minha cama. Reproduz
A poesia imensa que trouxeste.

Rolando pelos astros, fantasia
A boca que eu beijara e bem queria
De todo este lirismo me reveste...

1907


De todo este lirismo me reveste
Palavra que me dizes, mansamente,
Além do que este vento em paz pressente
Amor não necessita qualquer teste.

Verdade que se quer e cedo ateste
Na chama tantas vezes inclemente
O tempo de viver tão plenamente
Em toda a fantasia que inda reste.

As rugas vão tomando a minha tez
São marcas de um amor que se desfez
Intensa sensação que não termina...

Afinal, quero o nosso amor de volta,
O peito se transtorna e se revolta
Distante do que outrora fora sina.

1908

Distante do que outrora fora sina
O medo transtornando cada passo.
Amar demais. Ao estender meu braço
A voz de uma esperança desafina

Um canto mais tristonho determina
Sentido em perfeição, já não mais traço
Perdendo pouco a pouco o meu espaço
Saudades sem limite me azucrina.

Os restos do que fomos pesam tanto,
A noite se cumprindo em desencanto,
Minha alma se perdendo em explosão

O vento da lembrança, sempre forte,
Mudando a direção, sonega o Norte
Deixando tão somente a negação...


1909



Deixando tão somente a negação
De tudo o que passamos, nada resta,
A sorte infelizmente nos atesta
O quanto em nosso amor sonegação.

A paz que se perdeu em turbilhão
Não deixa que pense em nova festa,
Aborto do que fomos não contesta
E deixa mais vazio, o coração.

Nem todos os quebrantos me diziam
Dos fogos que em mentiras acendiam
A treva que tomou o nosso dia.

O quanto desejava e nada vinha,
Mulher que outrora fora, em sonhos, minha
Tornando amargurada a poesia...

1910


Tornando amargurada a poesia,
Distância dominando nossa voz.
A vida tantas vezes, qual algoz
Provoca a cada verso, a rebeldia.

No amor que tantas vezes bendizia
Saudade vem chegando mais veloz
Se eu não consigo mais cortar os nós
O que será de mim na noite fria?

Na neblina da noite, um sonho oculto,
Trazendo tua imagem, qualquer vulto,
Confusos os meus olhos seguem vãos...

Apalpo este vazio e em minhas mãos
Apenas a garoa e nada mais.
Será que não terei amor jamais?


1911

Será que não terei amor jamais?
O vento vai batendo na janela.
Solitário eu pergunto: será ela?
O barco retornou ao velho cais?

De novo retumbando nos umbrais
A noite em agonia se revela
Parece arrebentar cada tramela
Uma esperança adentra os meus portais.

Depois de tanto tempo... nada veio,
A tempestade trama algum receio;
Porém esperançoso coração,

Ouvindo o repetido baque espera
A volta da sublime primavera.
Atrás da minha porta? Eterno não...

1912


Atrás da minha porta? Eterno não,
O vento da esperança não me alcança
Enquanto a solidão jamais descansa
Minha alma não encontra solução.

Vontade de sentir em redenção
A vida que sonhei; sincera e mansa.
Voltar a ser de novo uma criança
Que traz dentro do peito uma ilusão...

Brinquedos espalhados nas calçadas
Jardins entre mil flores, primavera...
Os restos de emoção que inda carrego.

Manhãs entre alegrias demonstradas
Nos olhos de quem quis e não me espera,
À falsa fantasia eu já me apego...

1913

À falsa fantasia eu já me apego,
A sensação de paz mais atrevida,
Mordendo devagar a minha vida,
Um caminheiro segue assim, tão cego.

Por vezes mais sedento, em vão me entrego
Na luz insanamente percebida
O amor que busco ofusca a despedida,
Amor que nunca veio; jamais nego.

Nos bares e prostíbulos, a luz...
A boca que me cospe me seduz
O leito amargurado de viúvo

Aos olhos deste sonho que me curvo
Serei tão simplesmente um idiota.
Felicidade existe? Tão remota...

1914

Felicidade existe? Tão remota...
A chuva vem caindo mansamente
Derruba as esperanças plenamente
Minha alma entregue ao tempo se amarrota

Penetro uma esperança em negra grota
Seguindo em noite fria qual demente,
Por mais que tantas vezes inda tente
A vida não terá decerto, rota...

Caçando cada rastro que deixei
No tempo em que talvez inda sorrisse.
Encontro tão somente um espectral

Desenho do que fomos noutra grei.
A sorte que buscara se desdisse
Tramando em agonia, o meu final...


1915


Tramando em agonia, o meu final
Irônica manhã em vento frágil,
O tempo em que buscara ser mais ágil
Perdido num temível temporal.

Um barco que se entrega num naufrágio,
Não tendo outro destino, a minha nau
Espalha nos meus passos, vil lacrau,
Da solidão recebe o vão contágio.

Uma excrescência em vida; volto à tona,
Até mesmo o vazio me abandona
Restando tão somente uma lembrança

De um dia, há tanto tempo onde talvez
Amor por um segundo em altivez
Mostrou algum resquício de esperança...


1916



Mostrou algum resquício de esperança
O olhar tão carinhoso que me toca,
Palavra em mansidão já desemboca
Nas fozes que o amor, em paz alcança.

Trazendo num momento a confiança
Que tantas vezes quis em minha boca
Num beijo solitário, a vida enfoca
A possibilidade de aliança.

E mesmo neste inverno que inda trago
O toque tão suave e quase mago
Das mãos que se procuram e se aquecem.

Tu tens a redenção, esteja certa,
Amor se aproximando, num alerta
Expressa as fantasias que se tecem...


1917

Expressa as fantasias que se tecem
O verso mais feliz que desejei.
Por tantas vezes tolo eu ansiei
Olhares que jamais em dor padecem...

Palavras que tu dizes não se esquecem,
Passando a serem, cedo, a nossa lei
Aguando o bem que tanto procurei
No inverno um novo estio; tanto aquecem.

Teu corpo junto ao meu, feliz momento,
Dançando noite afora... ruas, praças
Ousando ter além do sentimento

Em valsas, em boleros, tangos, risos...
Nas mãos tão delicadas, raras graças
Girando a noite imensa, paraísos...

1918


Girando a noite imensa, paraísos
Feitiços de desejos e vontades.
Amores seduzidos por verdades
Negando passos frágeis, indecisos.

Os dias do teu lado são concisos
E nisso justificam claridades
Pois quando busquei reciprocidades
Sabia dos encantos mais precisos.

Preciosidade se emprestando à sorte
Entregue à fantasia, pleno aporte
Cevando com carinho cada grão.

Eternamente frutificará
Enquanto em esperança nos trará
Caminho que me leva à sedução.

1919


Do corpo mais perfeito e sensual
Vislumbra o coração com mais verdade
Embora seja vária a realidade
Eu teimo na viagem triunfal

No beijo e no carinho ritual
Percebo a mais sublime liberdade
Matando pouco a pouco uma saudade
Do amor eu faço um traço casual.

Amar-te em tal insânia, simplesmente
Não tendo qualquer forma de cobrança
Em ti eu mergulhando plenamente

Não vejo mais fronteiras, somos um.
Amor não se divide em modo algum,
Em ti encontro a minha semelhança...


1920


Em ti encontro a minha semelhança,
Reflexos que se perdem num espelho,
Tão grande a perfeição desta aliança
Ao teu olhar eu quero e me assemelho.

Amor não necessita de conselho,
Premissa de uma vida em aliança
O quanto em nosso amor, eu já me espelho
Expressará no que perdi; mudança.

Um verso enamorado já diz tudo,
Sentimento jamais será escudo
A par dessa verdade nada temo.

Vida que mostra o barco traz o remo
E assim caminharemos sem temores.
Sabendo dos espinhos, ganho as flores.


1921


Sabendo dos espinhos, ganho as flores,
Recebendo os aromas sigo em frente.
Enquanto a solidão não atormente
Trazendo os seus tenazes estertores

Estendo em nossas mãos fartos louvores
No sonho que se faz freqüentemente
Que os dias não se cansem de repente
Deixando amanhecer com seus alvores.

Não posso conceber estrada vã
Nem mesmo uma palavra que malsã
Possa nos machucar. Esteja certa

Que todo bem da vida se confessa
Nos olhos de quem sabe da promessa
Enquanto esta alegria nos desperta...


1922

Enquanto esta alegria nos desperta,
A porta do desejo escancarada
Permite que tenha alvoroçada
Tanta vontade que em verdade alerta.

Fazendo no teu corpo a descoberta
Da sorte que busquei, engalanada
Ultrapassando antiga paliçada
O sofrimento aos poucos nos deserta.

Partindo do princípio que te quero,
O verso que me fazes se sincero
Promete um novo tempo de partilha.

Palavra acalma a sensação de frio,
Deixando ao léu um coração vazio
Demonstrará em farto amor a trilha...

1923

Demonstrará em farto amor a trilha
A ser seguida um pouco a cada dia.
Abrindo destes barcos, a escotilha
Entenderei o que sonhar dizia

Amor não necessita de apostilha,
Demonstra por si mesmo a fantasia
Rezando com presteza essa cartilha
A vida bordará em poesia

A lavra que se trama em precisão.
Regando com carinho a plantação
Decerto rara flor em meu jardim.

Numa expressão que me traduza luz
Dois corpos neste idílio seminus
Traduzirão o que desejo enfim...

1924


Traduzirão o que desejo enfim,
Os sentimentos que carrego agora
Minha palavra um sonho comemora
Ao demonstrar o quanto existe em mim.

Um belicoso tempo mostra ao fim
Da tempestade, este temor que aflora
Ao procurar no nosso amor escora
Percebo por que tantas vezes vim

Buscar a boca delicada e farta
Da qual uma alegria não se aparta
Anunciando em glória plena a paz

Olhar farol me guiará decerto,
Trazendo o que era longe pra bem perto,
Mostrando o quão amor se faz capaz...

1925


Mostrando o quão amor se faz capaz
De transformar o descaminho em glória
Quem sabe assim ao festejar vitória
Eu saberei desta palavra audaz

O beijo que em desejos satisfaz
Tornando esta emoção mais peremptória
Ao impedir volúpia de vanglória
Permitirá uma era feita em paz.

A lua que se entrega em preamar
Deitando sobre a terra o seu luar
Prateia toda a cena farta em luz.

Quando se faz no nosso amor viagem,
Decerto encontrarei uma ancoragem
Além do que a saudade reproduz...


1926


Além do que a saudade reproduz
Eu necessito sempre o que há em ti
Não digo que meu rumo eu já perdi
Apenas o teu rastro me conduz.

Não quero carregar pesada cruz
E nem saber o que jamais eu vi,
Ao penetrar um sonho amargo aqui
Nas mãos que acarinhavam; um obus.

O tempo traz ciladas disso eu sei,
Palavras são as armas preferidas
Eu estarei contigo noutra grei

Mesmo sabendo que não queres mais
Encontro a claridade em nossas vidas
Embora eu saiba, não terei um cais...


1927


Embora eu saiba, não terei um cais
Persisto sempre na viagem tola,
Enquanto o vento em tempestade assola
Percebo o quanto eu não terei jamais.

O amor não traz as chaves dos portais
É necessária a mão que em vão controla
Uma alma audaz que num amor decola
E se perdendo em sonhos magistrais

Não poderá reconhecer a face
Da solidão que nos disfarces trace
Seus descaminhos penetrando em nós.

O solitário beijo diz pantera
A vida em dor ao postergar espera
Já sabe: não virá mais nada após

1928


Já sabe: não virá nada mais nada após;
Quem desistir duma esperança breve,
Um sonho vão decerto não se atreve,
A desvendar deste segredo os nós

À ventania que se mostre atroz
Numa inconstância, como pluma leve
Sucumbirá no sonho que me leve
Distante deste rio, perco a foz.

Enquanto busco ao menos a esperança
O vento descuidado já me alcança
Na dança das audazes ilusões.

Quem sabe uma ternura inda conceba
Amor que se mostrando noutra gleba
Expressa as mais doridas tentações...


1929


Expressa as mais doridas tentações
A vestimenta de um desejo insano,
De todos os meus sonhos, o decano
Em vários sentimentos, seduções...

Amor ao nos mostrar embarcações
Pernoita no carinho soberano
Do quanto que te quero eu já me ufano
Entregue às mais complexas sensações...

Perenizando o que em vontades crio,
Enfrentarei a ventania e o frio,
Com toda precisão, intemerato,

E assim ao me entregar com tal pureza,
Conquistarei com mais vigor beleza
O gozo que se mostra em fino trato...

1930


O gozo que se mostra em fino trato
Bebendo com fartura cada gole
Procuro o teu carinho que console
Curando com prestezas um maltrato.

Uma ânsia pela qual eu me arrebato
Enquanto a fantasia já me engole
Deixando o nosso corpo calmo e mole,
Tornando uma tristeza, desacato.

Depois de andar de ti distante,
Vontade me tomando, galopante,
Não deixa que eu sossegue um só segundo.

Agora que percebo estás por perto,
De toda a dor, em pleno amor, deserto
Neste mergulho intenso, eu me aprofundo...

1931


Neste mergulho intenso, eu me aprofundo
Ao relembrar belos momentos nossos,
Do que já fomos restam os esboços
De um tempo em que pensara ter o mundo

Contido em minhas mãos. Por um segundo
Revejo o teu olhar. Tantos destroços.
A chuva desabando em pingos grossos
Desta saudade insana eu já me inundo.

Que faço se te vejo em cada gota
Da chuva que não pára e não se esgota
Tornando mais remota uma alegria...

Quem dera se eu pudesse pelo menos
Sonhar com dias calmos, mais amenos.
Apenas me restando a fantasia...


1932


Apenas me restando a fantasia
Proporcionando um dia mais feliz,
O quanto uma emoção nos desafia
Traduz o que esperança não desdiz.

Ao desabrigo a sorte conduzia
Quem tantas vezes fora um aprendiz;
Porém ao perceber novo matiz
Ansiosamente aguarda o claro dia

Que possa permitir um sol intenso,
De um sonho mais incrível me convenço
Desejo que se faz consensual.

Perfaço nessa noite uma jornada
Que mostre cada cena desbravada
Do corpo mais perfeito e sensual.


1933

As mãos que se procuram noite afora,
Ao perceberem as delícias tantas
E tal fartura em que tu sempre encantas
Trazendo o belo cais, onde alma ancora.

Amor quando demais cedo apavora
Ao nos cobrir mostrará frágeis mantas
Enquanto tu derrubas me levantas
Por vezes em falsete a velha escora.

Aquece enquanto esfria um sentimento,
Na calmaria nos trará tormento
E sendo assim, do amor espero tudo.

Mas deixe que essa noite seja nossa,
Da força que envelhece e quer remoça,
Nas tramas deste amor, eu não me iludo...


1934


Nas tramas deste amor, eu não me iludo,
Mas seguirei esse caminho audaz
Que enquanto nos maltrata, satisfaz,
Se necessário, a rota então eu mudo.

O sonho me servindo como escudo
Por vezes não consegue ver a paz,
Teimoso coração se crê capaz
Mergulha insanamente e vai com tudo.

Contudo as curvas mostrarão depressa
Que nem todo pecado se confessa,
A praia traz em ondas sol e sal.

Eu tanto desejei e nada vinha,
A solidão se resta, sendo minha
Faz parte dos traquejos do jogral.


1935



Faz parte dos traquejos do jogral
Esse farsante enredo feito amor.
Nos seus meandros poderei compor
Um feliz ou patético final.

Num trágico momento sou venal,
Porém noutro talvez encantador.
Um velho menestrel, um trovador
Brincando com palavras, bem ou mal.

Por vezes com lirismo, eu já me engano,
Ao mesmo tempo enquanto nego o dano
Lamento a minha sorte em gargalhadas.

Andando sempre assim na corda bamba,
A vida num momento se descamba
Trazendo as ilusões já derrotadas...


1936


Trazendo as ilusões já derrotadas,
Metade do que fui não mais terei.
Corsário de mim mesmo, eu não verei
As ilhas tantas vezes procuradas.

Falsário coração de mãos atadas
Um dia vai cativo noutro rei
Quem sabe em outro tempo encontrarei
Ao fim do entardecer, novas estradas.

Tampouco posso crer nestas mentiras
Que às vezes por capricho tu me atiras
Falando da paixão que desconheces.

Tentando seguir sóbrio, eu me inebrio,
Às vésperas do sol, sentindo frio
Minha alma oferecida nas quermesses...


1937




Minha alma oferecida nas quermesses
Vendida a qualquer preço num leilão,
Em lances duvidosos da paixão,
Nem sabe quanto ou quando me ofereces.

Às vezes me escondendo atrás de preces
Dispara no meu peito um carrilhão,
No fundo sempre a mesma negação
Eu sei que no verão já não me aqueces.

Verdade acondoplásica se torna
Quando tu mentes sobre a vida morna
Que adorna cada passo sonegado.

Participando sempre deste engodo,
Buscando o meu retrato então me açodo
Bebendo os erros todos do passado.

1938


Bebendo os erros todos do passado
Serei capaz talvez de refazer
O que busquei em vão já me faz crer
Que o dia não será iluminado.

Matando o que pensara estar errado
Também deixei de lado o meu prazer.
No barco, o meu naufrágio passo a ver
Na tempestade seguirei calado.

Coragem que se faz tão necessária
Metáforas em vida temerária
Macabra decisão de prosseguir.

Vingança do que tive no porvir
Prevendo o que virá; fardo cruel
Das nuvens escondendo o que há no céu...

1939

Das nuvens escondendo o que há no céu
A chuva com certeza limpará,
A vida desse jeito mostrará
Uma emoção que é feita em carrossel.

O barco na verdade é de papel,
Tropeço em cada passo desde já
O quanto amanhecer sonegará
Está detrás da vida, negro véu...

Mas se cabe ou se não cabe uma esperança
Não posso prometer outra aliança
Se a vida não trouxer um lenitivo.

Enquanto sigo meu caminho torto
Amor vai prometendo algum aborto,
Teimoso, ainda insisto e sobrevivo...



1940


Teimoso, ainda insisto e sobrevivo
Depois desta abordagem da tristeza.
Vencer sem ter temores, correnteza
Talvez inda demonstre um ser cativo.

Do quanto é necessário, eu mesmo privo
E vejo o quão difícil é ser presa.
Amor que com firmeza já se preza
Não deve ser jamais, assim, altivo.

A vida traz em si tantas barganhas,
Encontro nos seus vales tais montanhas
Às vezes cordilheiras. O que faço?

Se nada do que eu quis te impressiona
Apenas esperança ainda abona
Deixando bem distante qualquer traço...


1941


Deixando bem distante qualquer traço,
Prossigo em teimosia e não descanso.
Se eu tento e muitas vezes, sigo manso
Não quero me esquecer do teu abraço.

Apenas sobrevivo no mormaço
Que tanto tempo mostra o velho ranço
Nos olhos da morena um embaraço
Os braços de quem quero eu não alcanço.

Melódica ternura? De onde vens?
Se nada do que tive diz de bens
À parte vou seguindo sem sossego.

Amar é traduzir qualquer sufoco,
A casa necessita de reboco
Nas luzes que sonegas, eu me cego...


1942


Nas luzes que sonegas, eu me cego.
Sentindo um calafrio inexplicável
Amor um velho tema interminável
Nas ondas deste sonho inda navego.

Embora na verdade sem apego
O tempo de viver sendo esgotável
Eu quero o desencanto imaginável
Ferindo minhas mãos, amável prego.

Menina que se fez em poesia,
A Diva que eu desejo e nunca veio.
A transparência mostra em cada seio

Promessa do que eu quis, e não sabia
Que não podia ser somente minha.
A noite deslumbrante? Nunca vinha...


1943

A noite deslumbrante nunca vinha
Deixando os meus retalhos no caminho.
Não quero que minha alma vá sozinha.
Que faço se perdi meu velho ninho.

Nas mãos de um sertanejo, lua e pinho,
Enquanto uma emoção já se avizinha
Depois da lida feita enxada, ancinho,
Distância se entalando como espinha.

Televisão a cabo acaba tendo
Macabra dimensão para quem sonha.
Realidade chega tão medonha

Aos poucos meu amor se corroendo
Só deixa uma saudade do que fomos,
Das frutas do desejo? Nem os gomos...


1944


Das frutas do desejo nem os gomos
Tocaram esta vontade mais voraz.
A boca que se quer ser tão audaz
Demonstra o que em verdade ainda somos.

Os versos que na cama nós compomos
Moldando uma alegria que nos traz
O vento que se fez em pura paz,
Jamais sonegará o que nós fomos.

Malabarismos tantos! Noite plena...
Menina a tua boca me envenena
Trazendo na saliva, maravilhas...

Agora que outro dia renasceu,
Amor que foi demais; apodreceu
Prefiro trafegar em outras trilhas...


1945


Prefiro trafegar em outras trilhas
Depois da capotagem; o que resta?
Amor foi na verdade simples festa
As dores ressurgiram em matilhas.

Percebo que não somos simples ilhas
O quanto se deseja é o que nos gesta.
Desmatamento atroz nesta floresta
O barco abalroado em suas quilhas.

Matando o que sobrou de sentimento,
Não vejo na esperança algum ungüento
Tormento de nós mesmos se gerando.

Melancolia é sombra do que flui.
Vivendo o que não pude e o que não fui
Espero amanhecer em fogo brando...


1946


Espero amanhecer em fogo brando
Não vejo outra saída. Sigo em frente.
O beijo que se fora tão ardente
Agora aos poucos sinto se esfriando.

As ilusões partiram noutro bando,
Minha alma se tornando mais descrente
É necessário um sonho em que se invente
Além do coração em contrabando.

Baladas não me dizem quase nada
Senão esta partida anunciada
Mudando todo o curso desde agora.

Não tendo mais teu corpo junto a mim,
Procuro inutilmente de onde vim
As mãos que se procuram noite afora.

1947

O medo vai distante, se perdendo
Depois da derrocada uma bonança
Formada pelas mãos de uma aliança
A noite em novo dia se vertendo.

Embora te pareça algum remendo
Espero traduzir por esperança
O sonho de uma vida bem mais mansa.
Mas sinto que inda está; forte, chovendo...

O gosto mesmo amargo, ácido, azedo
Da boca que beijara desde cedo
Já torna suportável o dia-a-dia

Maçã do rosto, na romã dos seios
Converto a fantasia em outros veios
Roubando mesmo falsa, uma alegria...


1948

Roubando mesmo falsa, uma alegria,
Eu passo o tempo inteiro a me iludir
Do quanto venho em versos te pedir
A noite transformada em frágil dia.

Procuro nos teus lábios, poesia
E disso vejo o sonho a redimir.
Cevando o que jamais irei sentir
O medo pouco a pouco se recria.

Vem ver a vida que se perde aos poucos,
Olhares que se encontram, quase loucos
Não deixam que se pense em amanhã.

Amor que não se entrega e não se dá,
Decerto nem saudade nos trará.
No gozo inesquecível, nosso afã...


1949

No gozo inesquecível, nosso afã
Metaforicamente sou só teu.
O quanto tanto amor nos concedeu
Mergulho sem limites na manhã.

O gosto desejoso da maçã
No corpo que se entrega inteiro; ateu
Há tanto que meu medo já venceu
Que nada impedirá loucura sã;

Assanhas a vontade de poder
Chegar e mansamente converter
A noite em chama intensa, fogaréu.

Tomara que este tempo se eternize,
Amor quando demais nega um deslize
Supera uma amargura e trama o mel...


1950


Supera uma amargura e trama o mel
Intensamente o jogo desse amor.
Que pode mesmo sendo sedutor
Negar a cada dia o velho céu.

Andando tantas vezes sou revel
E nada poderá me recompor
Perdido no teu corpo, com vigor
A vida vai cumprindo o seu papel.

Apenas ilusão. Disso estou farto!
Ao mesmo tempo chego, vejo e parto
Não deixo mais pegadas pelo chão.

Lamento se não posso mais cantar
Nem mesmo debruçar de novo o mar,
Amor preconizando arribação...


1951


Amor preconizando arribação
Negando cada verso que eu fizer.
No corpo delicado da mulher,
A lua se transforma num bordão.

Benesses derramadas pelo chão
Trazendo pra este sonho um tom qualquer.
Não sei se tendo tudo o que se quer
Encontrarás perfeita solução.

Sonego o que talvez pareça prêmio.
Se na verdade eu sou quase um abstêmio
Inebriado eu fico com teu cheiro.

Morena ou coreana, a sorte grande
Mostrada mesmo em gozo que desande
Poeira levantando, vou inteiro...

1952

Poeira levantando, vou inteiro,
Atrás de uma alegria, vã, falsária.
Uma alma que pretende ser corsária
Trazendo um paraíso corriqueiro.

O gesto de carinho é lisonjeiro,
Mas manifestação só temporária
No quanto uma ilusão é temerária
Não posso ser mais franco e verdadeiro.

Jogando pra vencer, eu reconheço
A cada novo passo outro tropeço,
Amor não condizendo com verdade.

Depois do diamante que me deste
Do vidro que se quebra, simples teste
Mostrando ao fim de tudo, falsidade...


1953

Mostrando ao fim de tudo, falsidade
O tempo não trará nova notícia.
Talvez numa hora calma e mais propícia
A gente possa ter felicidade.

O barco noutra praia não invade
Nem deixa que preveja uma delícia
Nos olhos traiçoeiros, a malícia
Opacificará u’a claridade.

Nem tudo o que reluz traduz-se em ouro
Disfarço nesta busca por tesouro
Sabendo que ao final, nada me resta.

Beirando ao suicídio sigo em frente,
Às vezes vou cativo e penitente
No fundo, nosso amor, eu sei; não presta...


1954

No fundo, nosso amor, eu sei; não presta,
São tantas falcatruas que me espanto,
O quanto desejei em desencanto
Não deixa nem mais sombras na floresta.

A boca tão audaz restou modesta
A língua se escondeu em algum canto.
Parece que esse amor sofreu quebranto
Monotonia mata antiga festa.

Um dia há de chegar, mas não sei quando,
Que toda esta verdade se mostrando
Em pratos limpos sobre a nossa mesa

Sou réu confesso, assumo meus pecados,
Porém em meus desejos revogados
Espero ao fim da tarde uma surpresa...


1955

Espero ao fim da tarde uma surpresa
Em forma de carinho ou canivete.
O quanto uma esperança se repete
Não deixa que eu me sinta mera presa.

A lua que se deita e te embeleza
Ao mesmo tempo foge; vã vedete,
Amor que tantas vezes pinta o sete
Seguindo sempre contra a correnteza...

Desprezo o que não veio e nem viria
Jocosa maravilha cega o dia
E deixa o gosto amargo do não ser.

Eu beijo a boca aberta da ilusão
Sabendo deste amor, um vendilhão,
Mentindo toda noite em desprazer.


1956

Mentindo toda noite em desprazer
Eu tento me enganar, mas não consigo
O corpo que se fez amante e amigo
Por toda a minha vida hei de saber.

Quem dera novamente receber
O gosto delicado deste abrigo.
É tudo o que eu desejo, até persigo
Viver o que nos resta em bem querer...

Partiste em noite fria. Um temporal
Desabando as estrelas, morta a lua
Saudade tão somente continua

Tristeza prolifera como cuva.
Quem sabe tu virás depois da chuva
Trazendo em claridade todo o astral...


1957

Trazendo em claridade todo o astral
Belezas encontradas no passado
Permitem que eu caminhe lado a lado
Com sonho tão gostoso, magistral.

No porto de teus braços, minha nau
Demonstra um tempo novo anunciado,
Deixando bem distante amargurado
Caminho que se fez sempre venal.

Amor que é canibal durante a noite,
Dos lábios e dos dedos, como açoite
Cativa enquanto marca e traz suores.

Bebendo com fartura estes licores
Não deixo de querer tanta fartura
No campo desenhado por ternura...


1958


No campo desenhado por ternura
Adentro toda noite sem juízo,
Sentindo no teu rosto este sorriso
Encontro o que a vontade já procura.

No corpo da mulher, bela moldura,
A tela desenhada em tom preciso
Trazendo todo o brilho em que matizo
Clareia num delírio a noite escura.

Transcorre libertária a madrugada
Ao vislumbrar divina e louca estrada
Levito de prazer me sinto um Deus.

Que a vida não prepare novo adeus
Nem mesmo um louva-deus eu quero ser,
Girassóis entre estrelas posso ver...

1959



Girassóis entre estrelas posso ver
Rondando a nossa cama em noite imensa...
Bebendo gota a gota a recompensa
Que é feita com ternura em bel prazer.

Incendiando tudo eu quero crer
No bem que se mostrando nos convença
Amor desenha em belo templo a crença
Trazendo a dois amantes o poder.

O canto que me encanta, um desafio,
Andorinhas penduradas neste fio
Aguardam a final arribação.

Será que nosso amor vence o verão?
Amor que imaginei um girassol,
No inverno servirá como farol?


1960


No inverno servirá como farol
Teu corpo incandescendo minha cama.
Não quero em nossa vida qualquer drama
A boca se prendendo neste anzol.

De todas as vontades sei o rol
E nelas eu mergulho enquanto chama
A vida desse jeito não reclama,
Ninguém merece ser simples atol...

Nascendo pra brilhar e ser feliz,
Vivendo este desejo amor nos diz
Que tudo o quiser acaba sendo.

Não tendo mais segredos, sigo em frente,
Enquanto amo nos toma de repente
O medo vai distante, se perdendo.


1961

Prazer que eternamente revigora
Mistura cheiros, teus nossos desejos.
Bem mais do que talvez simples lampejos
Eu quero novamente a qualquer hora.

Dentro de ti uma esperança explora
Caminhos delicados e sobejos.
Amar não necessita de traquejos
É só fluir que o jeito não demora.

No cerne da questão eu sinto o cais
Repetição do jogo? Quero mais,
Bisando e reprisando não represo

Deixando em corredeira nosso rio,
Amor não é decerto um desafio,
Cativo deste sonho em ti vou preso...

1962


Cativo deste sonho em ti vou preso,
A gente briga tantas vezes... tolos...
Tristeza vem regando nossos solos,
Depois- parece até que estou surpreso,

Chorando pelas ruas, indefeso
Buscando em outras sanhas, outros colos,
Encontro tão somente duros dolos
Jamais escaparei, não vou ileso...

Tentando te esquecer eu volto a ti,
Eu mal consigo acreditar: perdi...
Apenas me rondando uma saudade.

O nosso caso vai chegando ao fim,
Trazendo nosso amor dentro de mim,
Eu não conhecerei mais liberdade...

1963


Eu não conhecerei mais liberdade
Na morte que não quero carregar,
Martírios vão distantes do meu mar
Se a gente renovasse a mocidade...

Mas vendo tão somente o que em verdade
Não posso e nem consigo desfrutar
Eu bebo toda noite este luar
Sabendo em cada raio, falsidade.

Quem dera a vida fosse em paz, harmônica
Porém a solidão se faz atômica
E deixa o coração em sobressalto.

Tomando a minha vida já de assalto,
Interagindo sempre com vazio
Invento um novo dia sem fastio...


1964


Invento um novo dia sem fastio
Portando em minhas mãos verso ou adaga
A vida me cortando enquanto afaga
Velocidade imensa, vento frio.

Sacrílega emoção inverna estio
Lacrimejante sonho então me alaga
Saudade com carinhos quando é paga
Restituindo em nós antigo fio.

Sombria madrugada se aproxima
Neblina vai tomando nossa estima
Calado, resta o peito e nada mais.

Dissabores florescem nos meus olhos,
Recolho a fome e o medo, vários molhos
Imagens distorcidas; perco o cais...


1965


Imagens distorcidas; perco o cais
E sigo em temporal sem ter promessa
Do claro amanhecer noutra remessa,
Somente os teus sorrisos nos bornais.

O quanto eu desejei em rituais
Aonde a solidão não se confessa,
Mas tendo em minha vida sempre pressa
Desprezo que chegou, tu demonstrais...

Paragem necessária? Não conheço
Amor não sabe assim meu endereço
Correspondências vibram ilusões.

As horas se arrastando quais correntes,
Os olhos são vazios e dementes,
Saudade se derrama aos borbotões...


1966


Saudade se derrama aos borbotões
Vontade de ficar... o tempo passa...
O sonho se perdendo na fumaça,
Oculta estrelas, muda as direções...

Tomado por ingênuas ilusões
Somente restará nuvem que embaça
O coração entregue a tanta traça
Não traça nem sequer as soluções.

Não peço mais perdão. Prossigo só,
Pretendo renascer do mesmo pó
Jogado nas estradas, nos caminhos.

O quanto é solitário o bem querer
Estampa na parede o que fiz crer
Amarelada flâmula: carinhos...


1967


Amarelada flâmula: carinhos
Esquecidos no passado mais remoto.
O quanto de desejo vejo roto
Trazendo hibernação aos nossos ninhos.

Sabendo que andaremos mais sozinhos,
A vida se perdendo num esgoto,
Lutando, minhas forças eu esgoto,
Não adiantam tantos burburinhos...

Purpúreas violetas na janela,
Do amor que arrebatou Duran, Florbela
Meu verso se embebeda e me inebria.

A noite solitária não avança
A morte passa ser uma esperança
Tomando a minha vida e a poesia...


1968



Tomando a minha vida e a poesia
Cada palavra mostrará o trilho
Que seguirá estrela farta em brilho
Tramando a glória em que este amor luzia.

Ao prosperar a plena fantasia
Meu coração, outrora um andarilho
Escuta esta canção em estribilho
E um mundo mais amável, cedo cria.

Recuperando esta vontade imensa
Vive alegria com total concórdia,
Deixando para trás qualquer discórdia

Prevê nos teus carinhos, recompensa.
Ao procurar em farta luz vitória
Transformará em redenção a história.

1969

Transformará em redenção a história
O sonho realizado feito amor
A cada novo verso que eu compor
Revivo esta presença na memória

Antigamente eu me pensava escória
Vivendo por viver, sem ter sabor.
Porém ao ver um mundo encantador
Prenunciando assim tanta vitória

Eu pude então dizer do amor que trago,
Além de simplesmente um breve afago,
Imensidão em vida, glória em paz.

Enquanto houver um sonho pra sonhar
Deitando na varanda este luar
Felicidade intensa? Sou capaz...


1970

Felicidade intensa? Sou capaz
De perceber no teu olhar querida
Suprema luz há tempos esquecida
Marcada por um sonho mais audaz.

Beleza que decerto, a noite traz
Em lua maviosa refletida
No corpo da mulher mostrando à vida
O bem da fantasia feita em paz.

Olhares se buscando, dois faróis
Que tramam nesta noite claros sóis
Dourando amanhecer inebriante.

Só quero receber em cada abraço
Encanto que se mostra e não disfarço
Fazendo uma alegria ser constante...


1971



Fazendo uma alegria ser constante
Meu verso te procura vida afora.
Se a chuva vai caindo desde agora
O sol renascerá em novo instante.

Não tendo mais o riso de um farsante
O tempo que virá nos revigora
E mesmo sem a lua amor decora
A nossa madrugada inebriante.

O verso que dedico ao nosso amor,
Tocando com carinho e com vigor
As mãos que se procuram mansamente.

Assim que o dia aqueça nosso quarto
Ao encontrar meu corpo exposto e farto
Decerto irá brilhar mais plenamente.


1972



Decerto irá brilhar mais plenamente
O olhar de quem se deu e não fugiu,
O amor que a gente sente tão sutil
Tomando a nossa vida num repente.

Querendo em mansidão estar contente
Amor, a fantasia permitiu
Carinho prometido descobriu
Caminho para os céus, iridescente.

Não quero uma emoção que seja afoita
Enquanto no teu braço amor pernoita
A vida se promete em luz suprema.

Rompendo estas amarras que trazia
Eu vejo o renascer de um belo dia
Quebrando o que se fez outrora algema...


1973

Quebrando o que se fez outrora algema
Prossigo o meu destino do teu lado,
De um jeito bem gostoso até safado
Desejo vai seguindo a piracema.

Não tendo em pensamento algum problema
Amor que eu tanto quero sem pecado,
A cada nova noite é demonstrado
Fazendo da alegria o seu emblema.

Bandeiras desfraldadas pedem paz
Enquanto em mil loucuras já se faz
O bem de tanto gozo se desfruta.

A glória de viver se mostra astuta
Deixando a solidão sem ter morada,
A vida do teu lado, extasiada...


1974


A vida do teu lado, extasiada
Permite que eu me expresse em cada verso
Vagando com presteza este universo
Nos braços da mulher imaginada.

Não tendo depois disso quase nada,
Não andarei sozinho e nem disperso
Nos braços de quem quero, estou imerso
À espera da fantástica alvorada

A barca dos meus sonhos singra o mar,
Bebendo da emoção vai ancorar
No porto que em belezas se assenhora.

Colhendo em tua boca o que plantei,
Agora com certeza eu já terei
Prazer que eternamente revigora

1975

Promessas desta vida que eu bem quis
Benquistas emoções colecionando
O tempo vai aos poucos se bordando
Em cores divinais, raro matiz.

O quanto na verdade eu sou feliz
Permite novo sonho deslumbrando
O verso em alegrias se forrando
Invade o coração de um aprendiz

Já não carrego cortes nem feridas
Apenas o teu corpo tatuado
Unindo o que já foram duas vidas

Agora num só ser emoldurado
O sonho de viver eternamente
Tornando uma alegria mais urgente...

1976

Tornando uma alegria mais urgente
Melífero caminho desbravado,
Do amor que aos poucos segue conquistado
Mudando nossa história totalmente.

Ao ter tanto carinho que me alente
Eu sigo sem temores ao teu lado,
Promessa de um momento extasiado
Distante da tristeza que atormente.

Navego por teus mares, timoneiro
Que sabe deste amor e quer inteiro
Momento de emoção, puro e sincero.

Sentindo o teu perfume junto a mim,
Descubro farto amor que sei sem fim
Moldando em glória o rumo que eu mais quero...


1977

Moldando em glória o rumo que eu mais quero
Estendes os teus braços. Num mergulho
Esqueço do passado um ledo orgulho
Descubro a sensação que tanto espero

Sorvendo em tua pele, o bom tempero
Deixando para trás o pedregulho,
A solidão não passa de um entulho,
Cuidando deste amor com tanto esmero...

Estendo as minhas mãos buscando as tuas
Enquanto nesse sonho tu flutuas
Levito de prazer, e quero mais.

Estrelas coletadas no caminho,
Cevadas com palavras de carinho
Iluminando assim nossos bornais...


1978


Iluminando assim nossos bornais,
Pirilampos colhidos da esperança
Ao tempo prometido de mudança
Os dias talvez sejam magistrais.

Aonde com certeza derramais
Desejos de calor e de aliança
A gente com vontade sempre alcança
O porto mesmo em loucos vendavais.

Abarcas meus desejos e prazeres
Na redenção das dores sei que queres
Seguir essa viagem do meu lado.

Bornal em alegria iluminado
Estende a fantasia mais perfeita
Enquanto nosso amor, farto, deleita...


1979


Enquanto nosso amor, farto, deleita,
Viajo pelas ternas sensações
Temática insensata das paixões
Estática minha alma nesta espreita

Minha alma de tua alma segue aceita
Mostrando destes ventos, direções
Enfrento com firmeza os furacões
E a lua enamorada em raios deita.

Aguando esta alegria sempre alcanço
O bem que mais queria num remanso
Guardando as fantasias no meu peito.

Amor que se completa e se irradia
Tornando abençoado cada dia,
Decerto em harmonia, amor perfeito...

1980

Decerto em harmonia, amor perfeito
Não deixa que se pense em outro rumo.
Vivendo o nosso amor eu sempre assumo
Delícia que se mostra a cada pleito.

Colhendo cada fruto, satisfeito
Ganhando no caminho meta e prumo.
Saudade se esvaindo em frágil fumo
Afasta-se pra sempre do meu peito.

Eu tenho esta certeza dentro em mim
Da flor que perfumando o meu jardim
Expressa a qualidade do cultivo.

Meu verso se tomando de emoção
Cuidando com carinho, a plantação
Deixando o jardineiro assim, cativo...


1981

Deixando o jardineiro assim, cativo,
Enquanto permaneço do teu lado,
Ao mesmo tempo em ti eu sobrevivo,
Esqueço que algum dia houve passado.

De uma alegria farta não me privo,
Sabendo a qualidade desse arado,
Não vejo outro caminho, adentro o prado
Aonde de emoção e paz me crivo.

Arguta caminhada pelas ternas
Paisagens deste corpo deslumbrante
As noites de prazer fossem eternas

A vida mostraria a qualidade
De quem imaginando a cada instante
Demonstra em perfeição, felicidade...


1982



Demonstra em perfeição, felicidade,
O verso que se mostra mais capaz
Mostrando a fantasia tão voraz
Que sempre se permite em liberdade.

Não quero conceber a falsidade
Que um dia, em ventania sem ter paz
Lembrança como algoz, decerto traz
Tramando a mais temível tempestade.

Eu quero ser somente o companheiro
Que segue passo a passo, o tempo inteiro
A estrela que me guia pela vida.

Um dia talvez saiba quanto eu quero
Amor que se demonstre mais sincero
Trazendo sem temores, a saída...


1983


Trazendo sem temores, a saída,
A porta de meu peito escancarada,
Depois de ter sentido uma enxurrada
Tomando em temporais a nossa vida

Não quero mais a sorte distraída
Nem mesmo a sensação de derrocada,
Na mão por esperança calejada
O corte representa uma ferida

Que há tempos eu cultivo dentro em mim.
Amor que se mostrando ser sem fim
Permite um respirar bem mais tranqüilo.

Nos braços de quem amo; fortaleza
Deitando a nossa sorte sem surpresa
Aonde em tempestade eu já me asilo...


1984



Aonde em tempestade eu já me asilo,
Percebo a plena glória do viver,
Tocado pela força do querer,
A vida se mantendo em nobre estilo.

No corpo da mulher faço o meu silo,
Nas matas ciliares do prazer
Inundação gostosa de se ter
Deixando o caminhar bem mais tranqüilo.

Amor em tatuagem demarcada
Já sente esta manhã prenunciada
Em raios tão sublimes e felizes.

Legando ao meu passado o sofrimento,
Agora do teu lado novo intento
Calando para sempre os meus deslizes.


1985


Calando para sempre os meus deslizes
Jamais esquecerei o que vivemos
Por mais que noutras sanhas nos perdemos
Amor já superando velhas crises.

As dores se despedem, más atrizes
Do gozo mais profano que bebemos
Decerto navegar exige remos
Vontades que decerto queres, bises.

Melancolia é coisa do passado,
Jamais imaginei o que me trazes,
A vida se permite em várias fases

Porém ao ter alguém sempre ao meu lado
Não vejo mais problemas nem terrores,
Entregue à mansidão nego pudores...


1986

Entregue à mansidão nego pudores,
Tampouco quero freios e correntes,
Nem mesmo sentimentos penitentes
Apenas no jardim, perfume e flores.

Deixando para trás os dissabores
Amar enfrenta em paz velhas torrentes
E tudo o que se quer decerto sentes
Colhendo em farto solo estes alvores.

A marca de teus lábios junto aos meus
Impedem que se pense num adeus,
Iremos para sempre, passo a passo.

Amor vai demarcando nossa sanha,
A vida do teu lado sempre ganha
Tomando com carinho cada espaço...


1987


Tomando com carinho cada espaço,
Eu sei que vou te amar a vida inteira
Não quero outra palavra lisonjeira
Nem mesmo noutro corpo o meu abraço.

O quanto te desejo e sempre faço
Canção a mais perfeita e verdadeira
Além da melodia costumeira
Seguindo teu caminho, rastro e traço.

Eu tenho aqui comigo uma certeza
Da vida que seguindo sem surpresa
Trará farta harmonia em cada verso.

Não quero mais andar cego e disperso
Pretendo ser só teu e nada além.
Amor nos dominando, cedo vem...


1988


Amor nos dominando, cedo vem
E traz em perfeição a glória plena
Enquanto esta emoção já nos acena
A vida necessita deste bem.

Não quero ser somente de um alguém
Amor já vem roubando toda a cena
O quanto de alegria se contém
Nas mãos desta mulher, calma e serena.

Eu vejo renascer a poesia
Que há tanto tempo em vão já desdizia
Um sonho que eu tivera: ser feliz.

Agora coletando a cada dia,
Teu corpo com delícias irradia
Promessas desta vida que eu bem quis



1989

No gozo deste amor, sinto vertendo
Em fozes tão diversas, sentimentos;
Ternuras e carinhos: condimentos,
Aos quais não faço algum, sequer, adendo

Quereres e vontades me envolvendo,
A vida se permite aos meus intentos
E prometendo assim novos inventos
Alentos em delírios; sempre tendo.

Recolho meus pedaços e refaço
De tudo o que eu perdera, trama e laço
Regaços em palavras carinhosas.

Levando desde agora a paz suprema
De quem não tendo à vista algum problema
Imagens em delícias graciosas...


1990


Imagens em delícias graciosas
Formando em rosicler o entardecer.
Aos poucos recomeço a perceber
As maravilhas espetaculosas

Fantásticas deidades fabulosas
Embotando olhares no prazer
Que tantas vezes sinto a se verter
Espalhando em canteiros frágeis rosas.

Na lânguida expressão, fátuo desejo.
Anseios tão etéreos que prevejo
Domínio dos sentidos, abandono.

Atrevo-me a pedir estrela e luz
Dourando belos corpos seminus
Ganhando os infinitos perco o sono...

1991


Ganhando os infinitos perco o sono,
Num átimo viajo por espaços
Momentos tão profanos e devassos,
Divinas conjunções eu espiono.

Amor, dos sentimentos, o patrono,
Que mesmo em suprimentos mais escassos
Reúne novamente os meus pedaços
Tramando a primavera em pleno outono.

Ao ouvir o chamado dos arautos
Até os distraídos, os incautos
Percebem o poder que emana de Eros.

A bordo desta fabulosa barca
Minha emoção, a fantasia abarca
Sonega outros tormentos, frios, feros...

1992


Sonega outros tormentos, frios, feros
Revelação trazida pelo sonho.
A cada amanhecer me recomponho
Vivendo estes momentos insinceros.

Os dias prosseguindo assim, austeros
O tempo não promete ser risonho.
O quadro se apresenta então medonho,
Embora com cuidados, vãos esmeros

Caricatura apenas do que fomos,
Engodos que às verdades contrapomos
Não deixam que se pense com clareza.

É necessário sempre ter coragem,
Quem sabe ao refazer nossa viagem
A glória se perceba em farta mesa.


1993

A glória se perceba em farta mesa
Àquele que se mostra destemido
Dever que com clareza está cumprido
Não deixa ao fim da tarde uma surpresa.

Porém é necessário o que se preza
Negando um descaminho concebido
Fadando ao desamor; inglória e olvido
Não sendo da tristeza simples presa.

Se a lua e merencória e o dia é vago
Pensando no que fomos eu divago
O afago da saudade traz desprezo,

A vida vem soltando todo o peso,
Marcando a minha cútis, cada ruga,
A lágrima que trago não se enxuga.

1994



A lágrima que trago não se enxuga,
Também a vida traz em artimanhas
As mais complexas ditas, velhas sanhas,
Preconizando ao fim, temor e fuga.

Amor quando em tristezas se conjuga
Adentra com vigor nossas entranhas
Ao mesmo tempo queres e me estranhas,
O pensamento audaz não se subjuga.

Vestido da esperança, eu sigo em luta,
Batalha interminável, mas querida.
A cada nova trama em trégua urdida

Permite uma estratégia. A mão astuta
Ao me acariciar, cedo apunhala.
Deixando sem sentidos minha fala.


1995


Deixando sem sentidos minha fala,
O amor quando entontece; o que fazer?
Aberrações diversas passo a ver
Tomando com certeza quarto e sala.

Por vezes a ilusão já me regala,
Depois escuridão a refazer
O passo que entre trevas se fez crer
Multiplicando em erros. A alma cala...

Escalas tão diversas, versos, veios,
Fagulhas incendeiam meus anseios
E nada do que colho, eu semeara.

Desertificação nesta seara
Que um dia fora glória e agora é nada.
A noite se faz logo anunciada...


1996


A noite se faz logo anunciada
Crepúsculo em minha alma. Vou vazio.
De todos os meus passos, perco o fio
Só resta o que eu não quis. Vida farpada.

Adentro em noite escura a vã estrada,
A solidão acende o seu pavio
O tempo se mostrando mais sombrio
Sonega o que tentei ser alvorada.

Meticulosamente inda recolho
Tentando me livrar de cada abrolho,
O trigo se perdeu. Amor sendeiro

Desprezível, voraz, negando a sorte
Apenas restará no fim, a morte
Orgástica ilusão, bem derradeiro...


1997

Orgástica ilusão, bem derradeiro,
Cevada pela vida. Meu estertor
Vibrando com seu ar encantador
O corte se aprofunda, alvissareiro.

O corpo se apodrece por inteiro
E traz o mais profano e puro ardor,
Sentindo minha tez se decompor
Preparo em solidão este canteiro

Aonde poderei ser mais feliz,
A lua se desnuda, meretriz
E deita em prata um fogo inebriante.

Incrível que pareça, neste instante
Minha alma libertária enfim se eleva
Buscando em teimosia, paz na treva...

1998


Buscando em teimosia, paz na treva
Durante tanto tempo eu me embebi
De todo este vazio que há em ti
O sonho em pesadelo vão me leva

Fazendo na esperança torpe ceva
Eu quis o que tentara e já perdi
Apenas teu retrato, então eu vi
Minha alma, mansamente então se neva.

Releva a cada passo, o meu falseio,
E embora na ilusão, ainda veio
Um único momento de alegria

Sorrindo em desdentada maravilha,
Espaços sem limites, o caos trilha,
Surpresa transtornando em ironia.


1999


Surpresa transtornando em ironia
Cadáveres pesando em minhas costas.
A par do que sonegas, corta em postas
E o tempo em abandono, o sonho cria.

De tudo o que talvez, o amor sabia
Errôneos descaminhos, dor reposta
A vida não duvida nem aposta
O que me restará? Vã fantasia...

Funérea tempestade eu vejo ao longe,
Coração solitário feito um monge
Não vê mais esperanças, segue ao léu.

A adaga em tuas mãos, bem escondida
Promessa sorrateira de ferida
Cumprindo em louca sina, o seu papel...


2000



Cumprindo em louca sina, o seu papel,
A amargura de tentar e não saber
O quanto se mostrou em desprazer
A vida sonegando um claro céu.

Minha alma se confunde na Babel
Dos sonhos, pesadelos, dor, poder,
Em cego destempero, passo a ver
Derradeiro sorriso, ateu, incréu...

Vestígios de mim mesmo pelas ruas,
Caridosa manhã, belezas nuas
A praia se desfaz do velho mar.

Areias movediças entre pedras.
Esperanças sutis que logo empedras
Veredas que não posso mais buscar...

2001


Veredas que não posso mais buscar,
Hediondas colheitas prometidas
Hedônicas manhãs, mal divididas
Deixando uma esperança me lograr.

Quem dera uma alegria como altar
Tomasse em procissão as nossas vidas,
Entraves e barreiras esquecidas
Na trilha feita em paz, recomeçar.

Porém percebo ser um disparate
Do amor, este falsário e podre vate
Nas teias tão ingratas: ilusões.

Noctâmbulo fantasma de mim mesmo,
Andando pelas ruas, prossigo esmo
Lutando contra o fogo das paixões...


2002


Lutando contra o fogo das paixões,
Diversas vezes tive o desprazer
Da solidão a dois reconhecer
Secando o que pensei inundações.

Do quando se fizeram negações
Os dias que pensara em bem querer
Espalham sobre nossos corações
O medo de sonhar e de viver...

Depois de tantas farsas e mentiras
Distantes emoções, vazios miras,
E o nada em sofrimento, ora desvendo

Restando a solidão em nossas vidas.
As lágrimas terríveis e doridas
No gozo deste amor, sinto vertendo.

2003

Felicidades; feito um chafariz
Nos olhos de quem sabe e quer bem mais
Que apenas receber da vida o cais,
Querendo plenamente ser feliz.

O quanto uma saudade me desdiz
Mudando em noite tensa os rituais
Que um dia percebera sensuais
E agora já sonegam o que eu quis.

A dança em contradança faz a festa,
Porém a solidão é o que me resta
Depois da caminhada desditosa.

Promessas esquecidas no quintal,
A vida que pensara triunfal
Matou no meu jardim, jasmim e rosa...


2004

Matou no meu jardim, jasmim e rosa
O que se fez bonito e vicejante
A marca que carrego neste instante
Pressente tão somente a duvidosa

Senda tantas vezes caprichosa.
Não quero o sentimento que humilhante
Roubando da ilusão tal diamante
Permite uma palavra desastrosa.

Estros de um trovador que teima tanto,
Embora recolhendo o desencanto
Espera nova safra da esperança.

Assim, vago partícipe da vida,
Andando com minha alma distraída
Distância sem limite, o sonho alcança.


2005


Distância sem limite, o sonho alcança
E vaga o tempo inteiro, chove e ri.
Às vezes ilusão caindo em si
Esquece o que pensara ser criança

Apenas sortilégios da lembrança
Tramando o que jamais eu descobri,
O tempo de sonhar, eu já perdi
Agora é necessária esta mudança.

Martirizando o verso, sigo em frente
O quanto amor terrível e indolente
Não sossega e galopa sem destino

Permite-me dizer do vago passo
Vencendo sem temores cada espaço
Menino sem juízo e tão ladino...


2006

Menino sem juízo e tão ladino,
O peito desnudado com sarcasmo
Andando convulsivo num espasmo
Estende uma emoção num gozo a pino.

Se nada nem futuro eu descortino,
Eu creio no poder de cada orgasmo,
Deixando para trás qualquer marasmo
Ao mesmo tempo canto e me azucrino.

Na crina dos meus sonhos, pesadelos,
A moça desgrenhando os seus cabelos
Estende num sorriso, este convite.

Bisando o que se faz doce e risonho
O amor jamais se mostrará bisonho
No encanto temerário se acredite!

2007

No encanto temerário se acredite
E faça deste sal nosso tempero,
O quanto necessito e não mais quero
Não deixa mais conselho e nem palpite

Lapido com palavras em grafite
O vento que se deu em desespero
As mutações que na verdade eu gero
Neste caminho que o vazio emite.

As dálias e os crisântemos, canteiros
Os olhos e as montanhas, velhas buscas,
O quanto em poesia já me ofuscas

Expressa em fantasias, nossos cheiros
Ronrona uma alegria zombeteira,
Sem cinzas, eu matei a quarta-feira...


2008

Sem cinzas, eu matei a quarta-feira,
Comparsa desta sanha, minha amiga
Não posso converter amor em briga
Nem quero a fantasia derradeira.

A lua se fazendo uma empreiteira
Empresta tanta luz que, farta abriga
Mulher estonteante, mas não liga
Parece que não quer embora queira...

Desbaratando as tramas, mesma teia
Que tece em disparate e me incendeia
Indexando calor com gozo pleno.

Ao ver inebriado tal beldade
Eu digo adeus, perdendo a liberdade
Buscando em tempestade, mar sereno...


2009


Buscando em tempestade, mar sereno
Eu sei que não terei sequer um riso
De quem ao se entregar diz paraíso,
Mas sabe disfarçar qualquer aceno.

Se na verdade o nada eu concateno
O quanto que ganhei foi desaviso
Se às vezes em teu sonho eu me matizo
No fundo, não resisto e em vão aceno.

Amor que tantas vezes me confunde
Ao mesmo tempo goza e já contunde
Deixando em desespero quem pensava

Beber na madrugada o fino mel
Da boca em gargalhada mais cruel,
A cada novo beijo traz a trava.

2010


A cada novo beijo traz a trava,
Fechando o meu caminho, trama o cofre,
Amor que vem chegando assim se chofre
Ao mesmo tempo é gelo, neve e lava.

Quem ama na verdade sempre sofre,
A ventania corta; forte e brava
A chuva que maltrata, uma alma lava
Enquanto o seu prazer, decerto aljofre.

Rocios que trocamos, gozo em festas,
De todas as vontades tu me atestas,
Marcando com as unhas minha pele.

A garra da pantera revira olhos,
Estrelas multicores, flor aos molhos
Loucura que me atrai, logo repele...

2011


Loucura que me atrai, logo repele
Assim vou me perdendo em farta insânia
Deixando bem distante alguma inânia
Aonde a solidão, inerme apele

Amor que vem roçando nossa pele
Impede com certeza uma vesânia.
Paixão acastelada diz citânia
Tomando deste sempre, nos compele.

Amor que com desejos não camuflo,
À luta em desvario quando insuflo
Pressinto, na colheita uma fartura.

Misturas entre pernas, olhos, dedos,
Desvendam com delírios os segredos,
À plenitude em gozo, amor augura...


2012

À plenitude em gozo, amor augura,
Paloma libertária em alvo véu
Percorre imensidão, ganhando o céu
Apascentando a vida em rara alvura.

Alvíssaras emergem da ternura
Estrelas da emoção que num cordel
Fazendo dos prazeres meu farnel
Esplêndidas imagens. Festa e cura.

A par desta divina confluência
Tiara dos meus sonhos com clemência
Estendem nos varais das esperanças

O riso de quem vive as temperanças
Do amor; o bem sublime em perfeição
Tomando em calmaria, uma explosão...


2013

Tomando em calmaria, uma explosão,
Suores escorrendo pelo rosto,
Amor quando dos medos ganha o posto
Encarna a procurada redenção.

Nas mãos do marinheiro, o doce arpão
Cravando e despedindo o vil desgosto,
Fazendo da alegria o seu recosto
Descarta num segundo a dor e o não.

No fogo abençoado de nós dois
Não deixarei mais nada pra depois
Vivendo a cada instante, o derradeiro

Quem tem amor sem gládio por parceiro
Já sabe caminhar por entre os astros
Reconhecendo em paz, pegadas, rastros...


2014


Reconhecendo em paz, pegadas, rastros
Deixadas pelos sonhos e vontades.
Vislumbro nos teus braços, claridades,
Amor reconhecendo nos canastros

As formas e os desejos; alabastros
Nas mãos de um escultor, as qualidades
Sublimes deste artista, sem alardes
Invadem com beleza e ganha os astros.

Num cântico que é feito em placidez
Amor que tantas vezes já se fez
Suprema redenção da vida humana,

Entrega-se ao desejo mais clemente
Mudando qualquer sina, toma a gente
Embora a sorte eu saiba ser cigana...



2015




Embora a sorte eu saiba ser cigana
Não temo os disparates do destino
Os erros quando posso, eu elimino
E a vida então se aflora soberana.

Num palacete ou mesmo na cabana
Na névoa vislumbrando um sol a pino,
Do velho transformado num menino
O amor mostrando a face mais humana

Ascende sobre todos, não escolhe,
E mesmo ao insensato já recolhe,
Um sentimento nobre enquanto pária.

A luz que nos desnuda temerária
Inflama, transtornando em destemor.
Inebriante audácia diz amor...


2016

Inebriante audácia diz amor
Roubando a nossa paz, nos apascenta,
A mansidão insana e violenta
Da glória que nos toma num torpor

Viagem por um mundo encantador
Ao mesmo tempo em risos, traz tormenta
Um novo amanhecer em guerra inventa
Ao tímido transporta o destemor.

Aos poucos transbordando em desvario
Inunda em placidez as calmas margens
Roteiros tão diversos de viagens

Dos mares invadindo o manso rio
Espalha sobre nós em cores gris
Felicidades; feito um chafariz.

2017

Brotando num olhar enamorado
A sensação da vida em que se deu
O mundo que pensara teu e meu
Num rito ternamente consagrado

Enquanto o coração anda de lado
Trazendo o que esperança converteu
No encanto sem disfarces, o himeneu
Dos gozos se moldura, abençoado.

Perecem sofrimentos e desditas
No bem que tanto queres e creditas
Ao deus menino em setas e carinhos.

Ardências e querências se refletem
Nas luzes divinais que nos competem
Mostrando em redenção novos caminhos...


2018

Mostrando em redenção novos caminhos,
Alhures, bem distante, o desconsolo,
Arando com ternura o nosso solo
De uma esperança, amores são vizinhos.

Olhares que buscaram noutros ninhos
Sem medos, dissabores e sem dolo
Deitando a claridade no teu colo
Os dias sempre irão ser mais mansinhos.

Ancinhos e rastelos, lavrador
Da glória de viver conhecedor
Não cansa enquanto roça uma ilusão.

Na simetria um eito de brandura
Cevando uma alegria que em fartura
Trará mais benfazeja a plantação.


2019


Trará mais benfazeja a plantação
A força de um amor se mostrará
E ao mesmo tempo à glória levará
Toda esperança vinda em cada grão.

A vívida alegria em turbilhão
Sabendo deste sonho desde já
A safra em benesses mostrará
O quanto é necessária esta união.

Eu tenho esta certeza aqui comigo,
Amor não temerá qualquer castigo
Pecados vão distantes dos seus passos.

Luxurioso gozo enlanguescente
Toando a fantasia já pressente
A prontidão perene destes laços...


2020


A prontidão perene destes laços
Não basta tão somente, eu necessito
De um dia que se mostre mais bonito
Vivendo o que é preciso em fortes braços.

Trazendo para a sorte estes compassos,
O dia não será, decerto aflito,
Amor nos redimindo em sol bendito
Ocupa com clareza, cerze os traços.

Assim enternecido, sigo manso
Enquanto te buscando sei remanso
E nada impedirá meu canto em paz.


A parte que nos cabe desta vida
Aos poucos se mostrando assim despida
Já sabe definir o que amor traz.


2021


Já sabe definir o que amor traz
Um gesto carinhoso, um riso franco,
O céu amanhecendo claro e branco
Mergulha no oceano e vai voraz

Bebendo cada gota, satisfaz
Vontade que em ternuras; dor desbanco
Expressão mais sutil onde alavanco
Em raro amanhecer, suprema paz.

No coração molduras de um afresco,
Nos olhos, em mosaico, um arabesco
Matizes tão diversos, sonhos uno.

De todos os meus medos, nem resquícios
Amores se tornando sacros vícios
Fazendo de dois corpos, vários, uno.


2022

Fazendo de dois corpos, vários, uno
Profusas emoções, ritos e preces,
No quanto não sonegas e ofereces
Do mesmo amanhecer já coaduno.

Dos erros cometidos se eu me puno
Caminhos mais perfeitos; logo teces.
Da glória feita em sonhos tu me acresces
Momento de viver sempre oportuno...

Criando os infinitos que buscara
No corpo da mulher nobre e tão cara
Disfarces não procuro, sou só teu.

O tempo em alegrias converteu
O que pensara outrora ser dorido
De ser feliz, prossigo convencido...


2023



De ser feliz, prossigo convencido,
Após a curva vejo um raro sol
Dourando em alegria este arrebol,
Amor seguindo em frente, decidido.

Da solidão não ouço nem gemido
A noite se entregando, traz farol,
Amor um soberano que em escol
Expressa em mansidão cada sentido.

Olhar, sentir, cheirar, ouvir, cantar
São atos necessários e benditos
Há tempos que estes sonhos vão descritos

Oráculos do amor a decifrar.
Não temo nem teria mais por que
Olhando para mim, vejo você...

2024


Olhando para mim, vejo você,
Espelho de minha alma refletindo
O sonho mais divino em que se crê
Um gozo deslumbrante calmo e lindo.

Retrato mavioso onde se lê
O quanto nosso amor vai conseguindo
Em toda a fantasia prosseguindo
Divina transparência em que amor vê

A face mais sublime do porvir,
Encanto que se mostra a repetir
O verso enamorado que hoje busco.

Amor não se permite em sonho brusco,
Arisco passageiro da esperança
Vivendo em alegria, a noite mansa...

2025


Vivendo em alegria, a noite mansa
Bebendo em tua boca a cajuína
Deslumbrante delícia cristalina
No gozo da manhã que nos alcança.

A vida nos trazendo esta fiança
Enquanto a lua cheia se declina
E todo este cenário em paz domina
Em plena poesia, a noite avança.

Assim, ao formatar a divindade
Tocado pelas mãos desta saudade
Contando em teu olhar constelações.

Apenas vislumbrando em teu retrato
Beleza que se molda em fino trato,
Trazendo para nós recordações...


2026

Trazendo para nós recordações
Momentos tão felizes, ouro em pó.
A vida prosseguindo em cada nó
Voltando ao que tivemos: emoções

Resguardo as fantasias, ilusões
E tento caminhar, sereno e só.
Sem nada que perceba ao lado, pró,
Do tempo, temporais aos borbotões...

Quem dera se pudesse em liberdade
Vivenciar além de uma saudade
Seguir em frente livre do passado.

Andando em plena areia, vou descalço
Porém a cada curva um passo em falso
Retorno ao que vivera, amargurado...

2027


Retorno ao que vivera, amargurado
Sentindo o vento frio no meu rosto,
O peito sem defesas segue exposto
Antigo visionário, um velho bardo.

Há tempos que te espero, estou cansado,
Recebo tão somente este desgosto
Inverno eternizado num agosto
O sonho há tantos anos maltratado.

Espero e nada alcanço, quem me dera
Pudesse receber a primavera
No encanto que se mostra em cada flor.

Alçando o mesmo não em que te vi,
Apenas revivendo o que perdi
Não tendo mais esquinas, morro amor...

2028


Não tendo mais esquinas, morro amor,
Negando a confluência que eu buscara
Ancoro minha vida fria e amara
Nos braços deste vento, num torpor.

Um velho que se quis navegador
Não sabe decifrar palavra rara
A sorte num momento desampara
Trazendo à minha vida este amargor.

Augúrios que pensara, não terei,
Raiando na verdade em outra grei
Não deixa mais pegadas, perco o rumo.

Saudade relembrando cada porto
O amor fazendo assim, um triste aborto
Secando a doce fruta, nega o sumo...


2029


Secando a doce fruta, nega o sumo,
Da lavra dos meus sonhos, a esperança
De ter o que o prazer em paz alcança
Expressa todo o sonho que hoje assumo.

Mas sinto que o desejo perde o rumo,
E busca do teu lado uma aliança
A gente revivendo o que em lembrança
Permite que se veja o doce prumo.

Sabendo da beleza que trafega
No olhar de quem a vida já se apega
Mostrando um raro brilho a se compor.

Não deixe de saber quanto eu te quero,
Fartura em alegrias, o tempero
Perfeito a traduzir um belo amor

2030


Perfeito a traduzir um belo amor
O sonho vencerá sem desvario
O tempo em que decerto eu fantasio
Um radical momento a se propor.

O gozo da alegria sem pudor
Romântico desejo; eu vou vadio
Singrando este oceano que hoje crio
O barco segue assim, todo vapor.

Janelas que eu abri, saltos à vista
Loucura na verdade não despista
Só quero poder ter sempre a meu lado

Veneno desta boca enlanguescente,
Rapina delirante se pressente
Brotando num olhar enamorado

2031

Gritando ao mundo todo: sou feliz!
Não anseio outro rumo em minha vida
História se mostrando decidida
Expressa o que em calor minha alma diz

Por vezes a saudade falsa atriz
Tomando uma palavra distraída
Surgindo de repente, tudo acida
E deixa demarcada em cicatriz

Lembrança do que fui e não mais quero
Num tempo tão distante, amargo e fero
Remoto temporal de minha história.

Porém quando alegria diz vitória
O tempo se transforma em calmaria
Cevando o que sonhei: farta alegria...


2032


Cevando o que sonhei: farta alegria,
Debruço o meu olhar por sobre as ondas,
Os medos quais temíveis anacondas
Rebordam cada passo em agonia.

Além do que meu sonho prometia
Em luas sempre cheias e redondas
Palavras que se fazem como sondas
Encontram farto gozo em maestria.

Tua nudez clamando para a festa
Sedução que à noite já se empresta
Em lânguidas imagens, sedução.

Eróticas promessas, cama e mesa,
Desejo nos tomando como presa
Encharca nossa noite em tentação...

2033

Encharca nossa noite em tentação,
Volúpias entre seios, coxas, pernas.
Carícias em delírio, sempre ternas
Explodem em delitos, furacão...

Pecados em total profanação
Vestígios de desejos entre chamas,
Mergulhos em lençóis, divinas tramas
Mostrando na nudez, provocação.

Chegando de mansinho, palmo a palmo,
Rezando no teu corpo cada salmo
Venero em doce altar, gozo supremo.

Roçando tua pele, não me canso,
E quando ápice louco eu alcanço
Num fogo sem limites eu me extremo..

2034

Num fogo sem limites eu me extremo,
Bebendo da alegria em dose farta,
Beleza que espartana não se aparta
Enquanto em versos claros, nada temo.

A glória de um amor raro e supremo
A sorte- ser feliz não se descarta,
Por mais que a solidão dores reparta
Atrás de teu carinho eu piracemo...

Aguardo após a curva, esta presença
Que trama com delírios recompensa
Formatação perfeita em verso e sonho.

A cada novo espaço recomponho
O beijo que as promessas vêm cobrar
Tocando tua pele, devagar.


2035


Tocando tua pele, devagar
Rocio de esperanças, manhãs claras
No quanto tu pretendes e declaras
A vida vem chegando ao seu lugar.

Agora que começo a me embrenhar
Nas ruas e nas rotas mais preclaras
Rompendo tais amarras, luzes caras
Expressam teu sorriso a moldurar

Felicidade em gozo inebriante
O tempo se revolta e num instante
A gente se entregando em farta fúria.

Pescoços e mordidas, com luxúria
Gemidos entre lábios, dedos, furnas.
Transcendem raras pétalas diuturnas...

2036

Transcendem raras pétalas diuturnas
Florais que tu espalhas pelas ruas.
Ao mesmo tempo, mágica flutuas
Deixando para trás dores soturnas.

Nos sonhos e belezas quando enfurnas
Encontras nossas peles, sempre nuas
No palco da esperança quando atuas
As tramas divinais, chamas noturnas.

Amor quase um estúpido funâmbulo
Um sonho muitas vezes qual noctâmbulo
Vagando por calçadas, chega a mim.

Espéculos de uma alma que ansiosa
Estende em suas mãos, perfume e rosa
Roubadas deste sonho, o meu jardim.


2037

Roubadas deste sonho, o meu jardim,
Emoldurando a glória de poder
Sentir o teu perfume e ter prazer
Sorvendo o doce aroma do jasmim.

De toda uma esperança de onde eu vim
Um rio de alegria a se verter,
Olhar que recomeça a perceber
Beleza sem igual, amor sem fim,

Nos pés tão delicados desta Diva
Minha alma seguirá sempre cativa
Algemas em correntes eternais.

Atando ao meu desejo esta querência
Fingindo uma impossível indolência
Sorvendo magas sanhas sensuais...

2038

Sorvendo magas sanhas sensuais
Estampo nos meus olhos a vontade
De ter em minhas mãos a claridade
Que emanas em teus gozos magistrais.

Inebriante sonho em que jamais
A vida perderá felicidade
Amor que ao se entregar, loquacidade
Expressa com paisagens divinais

Aguarda cada gole que é sorvido
Do corpo desejado, convertido
Em melífera senda, flórea sorte.

Um arquejante e manso prisioneiro
De toda esta delícia, caminheiro
Encontra finalmente, em ti, seu norte...

2039


Encontra finalmente, em ti, seu norte,
Aquele que se fez enamorado.
Bebendo esta alegria de bom grado
Recebo a maravilha em doce aporte.

Se um dia vislumbrei apenas corte
No beijo tantas vezes renegado,
Uma expressão perdida nesta coorte
Vencendo o que sonhei ter desprezado.

Agora ao penetrar teus vales tantos
Descubro em sutileza teus encantos
E faço de meu verso um instrumento

Capaz de prosseguir em destemor
Roubando de teu corpo cada flor,
Entregue o coração, exposto ao vento...


2040


Entregue o coração, exposto ao vento,
Navegarei por mares tão distantes.
Vencendo tais procelas e levantes
Não temo mais sequer qualquer tormento.

No quanto tantas vezes eu lamento
Os dias que não fomos por instantes
Os gozos são diversos, deslumbrantes
Nevasca da esperança, o sofrimento.

Agarro tuas mãos e te convido
À dança feita em riso prometido
Nas noites e nos dias, jogo aberto.

O campo dos meus sonhos não deserto,
Penumbras vão ficando para trás
Meu verso se tornando mais audaz...


2041


Meu verso se tornando mais audaz
Segura as tuas mãos e te convida
A dança tantas vezes prometida
Deixando para trás a dor mordaz

Mordaça que suprime a nossa paz
Por vezes em delícias tece a lida
Enquanto noutros dias, desvalida
Aguarda a fantasia mais voraz.

Palavra que se mostra sempre sábia,
Percebe a sutileza feita em lábia
Daquela que se fez minha parceira

Estrela que se mostra em céu e mar,
Beleza deslumbrante a me tomar
Embora eu saiba ser a derradeira...


2042


Embora eu saiba ser a derradeira
Palavra de carinho que professas
Enquanto em nosso amor, tantas promessas
Expressam esta chama corriqueira

O vento em alegria já se inteira
Grassando sobre os vales. Recomeças
Caminhos que dourando já sem pressas
Trarão esta alegria verdadeira.

A par desta ilusão eu sigo adiante
Vivendo este caminho radiante,
Manhã que eu sei virá iridescente.

A solidão morrendo no poente
A lua renascendo no horizonte
Tornando mais sublime cada fronte.


2043


Tornando mais sublime cada fronte
O raio de um luar que nos conquista
Palavra benfazeja tão benquista
Estampa sobre todos, mina e fonte.

A cada novo tempo que se apronte
Trazendo um belvedere em que se avista
Imagem desse sonho futurista
Deitando a maravilha no horizonte.

Ser teu e tão somente, eis o que eu quero
Amor que se tornou meu régio clero
Altares, catedrais, profano templo,

Beleza sem igual, cedo contemplo
E vislumbrando um dia fabuloso,
Meu verso traduzido em pleno gozo...


2044


Meu verso traduzido em pleno gozo
Exprime o que busquei a vida inteira
A sorte que se mostra lisonjeira
Permite um dia claro e mais formoso.

O amor já me tornando vaidoso
De ter sempre a meu lado a companheira
Que mostra ser a vida alvissareira
Tornando o coração melodioso

Enquanto a vida mostra tal encanto
O sonho se cobrindo em claro manto
Expressa o que desejo e sempre quis.

Regando em alegrias meu deserto
Andando o tempo inteiro, peito aberto,
Gritando ao mundo todo: sou feliz!

2045
Rompi com os grilhões do meu passado
Ao ter em meu caminho,a redenção
De quem há tanto tempo em ilusão,
Meu canto se fez louco, enamorado.
Ao ver o teu sorriso iluminado
A vida veio em tua direção
Não tendo mais sequer opinião
Meu peito se mostrou hipnotizado.
Agora que percebo estás comigo,
Em ti nas noites frias eu me abrigo
Fazendo de teu corpo manto e luz.
O verso que te faço não renega
A vida que ao teu lado já se apega
Em toda magnitude, amor traduz...
2046
Em toda magnitude, amor traduz
A sensibilidade rara e imensa
Que sempre desejada recompensa
Quem sabe se guiar em farta luz
A vida nos pesando feito cruz
Enquanto a caminhada se faz tensa,
A sorte que procuro sendo extensa
A novo amanhecer já nos conduz,
Contemplo o teu olhar, raro farol
Trazendo para a vida, mago sol
Capaz de transtornar enquanto cura
À boca se oferece tal magia
Que enquanto nos encharca em poesia
Derrama sobre nós, farta ternura.
2047
Derrama sobre nós, farta ternura,
A noite que se mostra enlanguescente
Amar é necessário e tão urgente
Espalha a mocidade a cada jura.
Não tendo mais temores na procura
Eu sinto a vida clara e transparente
No brilho desta aurora iridescente
Prismático mosaico que emoldura
Como rara expressão,caleidoscópio,
Amor que nos tomando quase um ópio
Inebriando sempre em bom torpor,
Epístola que em cátedras se fez
Amor ao transtornar, insensatez
Derrama sobre nós raro fulgor...
2048
Derrama sobre nós raro fulgor,
Incendiando a vida em um momento,
Trazendo dor enquanto busco alento
E alento que sinto tanta dor.
Quem sabe ser decerto um jogador
Permite que esse fogo queime lento,
Porém poeira nunca toma assento,
Nas mãos deste poder transformador.
Rincões, os mais diversos, invadidos
Por sonhos e desejos concebidos
Nas tramas e nas teias mais sutis.
A par deste insolente cavaleiro,
Mergulho e num segundo vou inteiro,
Sabendo que no fim, serei feliz...
2049
Sabendo que no fim, serei feliz,
Não temo as curvas tolas nem espinhos.
Depois das tempestades sei dos vinhos
Que um dia encontrarei. Bebendo em bis
Das rondas que decerto tanto eu fiz
Na busca por quem sabe, novos ninhos,
Nas mãos do lavrador, enxada, ancinhos
Colore o meu jardim, vário matiz.
Amor em aquarelas, fontes claras,
Enquanto, carinhosa, tu me amparas
A vida vai seguindo em plena paz
Das lavras nestes sítios da alegria
O tempo se mostrando em calmaria,
Felicidade mostra-se capaz.
2050
Felicidade mostra-se capaz
De traduzir o que decerto eu sinto,
Na tua boca encontrarei o absinto
Que inebriando, sempre satisfaz.
A vida em alegria tanto apraz
Amor é muito além de puro instinto
Procuro o teu olhar num labirinto
Encontro, com ternura, calma e paz.
Assim, um navegante da ilusão
Percebe a mais completa sensação
De um dia feito em glória plenamente.
Vivendo esta emoção, eu me permito
Sonhar com tal deslumbre que infinito
Já deixa este andarilho mais contente...
2051
Já deixa este andarilho mais contente
A possibilidade de sonhar.
A sensação de paz que nos alente
Tomando nossa vida, devagar.
Durante tanto tempo andei sozinho
Vagando sem destino pelas ruas.
Enquanto nos teus braços eu me aninho,
Comigo, com certeza continuas...
Eu quero a minha vida do teu lado,
Estrela solitária e sem igual,
Meu verso se mostrando apaixonado
Procura a bela estrela, ganha o astral.
O que já fora noutro tempo atroz
Transforma a fantasia em doce voz...
2052
Transforma a fantasia em doce voz,
O gosto delicado que se bebe
Enquanto a poesia encontra a foz,
Um mar de imensa paz já se concebe
Nos cânticos que trazes sonhos mansos
Nas bênçãos em palavras mais gentis.
Tocando bem mais fundo. Negam ranços
Deixando que se aflore um ser feliz.
Partícipe da festa que não cessa,
Expresso com ternura o meu desejo.
Amor é muito além de uma promessa,
Na sensação exata em que prevejo
Um dia alentador em glórias feito
Vivendo do teu lado, satisfeito...
2053
Vivendo do teu lado, satisfeito
Não tenho nem lembranças do passado,
Amor ao invadir a mente e o peito
Transforma em alegria um duro Fado.
Eu tenho sempre em ti a solução
De todos os problemas que enfrentei
Amor tornando clara a direção
É toda uma certeza que eu busquei
Clareza sem igual que compartilho
Com quem iluminou a minha vida.
Outrora um coração vago andarilho
Encontra em ti decerto uma saída.
Eu quero estar contigo a vida inteira,
Mulher amada amante, companheira...
2054
Mulher amada amante, companheira
Certeza de um sublime amanhecer.
De toda esta alegria, uma bandeira
Que estampa o bem supremo de um prazer.
Andando do teu lado, pareado,
O dia se moldando em paz e glória,
Nos sonhos deste encanto, deslumbrado,
Percebo bem mais perto uma vitória
Que possa traduzir felicidade,
Além de ser somente um belvedere.
Amor ao demonstrar tranqüilidade
É mais do que pense, até se espere
Espelho de minha alma refletindo
Estrela eternamente reluzindo...
2055
Estrela eternamente reluzindo
Tomando a minha estrada, muda a sina
Tornando o meu caminho claro e lindo,
Pacífica expressão que me domina.
Eu tenho tanta coisa por falar
E nada que eu disser será capaz
De um dia traduzir e demonstrar
Quanto é maravilhoso amor em paz.
Eu tenho dentro da alma cicatrizes
De tempos doloridos que eu passei
Agora se há momentos tão felizes
Na certa tantas vezes relutei
Mas pude conceber farta alegria
No gozo que em amor se traduzia...
2056
No gozo que em amor se traduzia
Eu me inebriarei a vida inteira
A cada amanhecer em poesia
A sorte em maravilha que se queira
Eu vejo o meu caminho em paz, liberto
Seguindo passo a passo tua senda.
E quando em alegrias eu desperto
Segredos desta vida, amor desvenda.
Imantados seguimos sem temores
Amor feito um termômetro nos diz
De sonhos delicados, multicores,
Deixando bem distantes sonhos gris.
A dor que agrisalhara vai embora
Enquanto esta emoção suprema aflora...
2057
Enquanto esta emoção suprema aflora,
Olhares que se trocam e se buscam,
Felicidade imensa revigora
Nem mesmo luas cheias nos ofuscam.
Dançando junto a ti noites e dias
Na sorte em plenitude que se encene
Eu tenho com certeza em alegrias
Num mundo mavioso, a paz perene.
Vestígios do que fomos? Não os vejo.
Apenas vislumbrando no futuro
O tempo de viver que mais desejo
Distante do que fora um céu escuro.
Amar e ter somente uma certeza:
Tocar com mãos mais firmes, tal beleza...
2058
Tocar com mãos mais firmes, tal beleza
Fazendo dos meus sonhos, realidade
Vencendo em calmaria a correnteza
Alçando o pensamento à liberdade;
Não vejo outra saída e nem pretendo
Somando nossas forças, nada impede
De ter com mais firmeza amanhecendo
O bem que toda a glória nos concede.
Sabendo desta sorte, destemido,
Prossigo do teu lado esta viagem
Caminho de tristezas tão comprido
Virando tão somente uma visagem
Ao ter o nosso amor, abençoado,
Rompi com os grilhões do meu passado.


2059
Agora que já tenho o bem que quis,
Gozando esta alegria plenamente,
Morena me fazendo mais feliz,
Fazendo esta morena mais contente
Tocando com carinhos, boca e pele
Meus lábios te buscando sem receios
Amor quando em amor já nos compele
Olhares, transparências, belos seios.
Querendo esta querência o tempo todo,
Sementes que se espalham, bom cultivo
A vida prosseguindo sem engodo
Por ti, por nosso amor, eu sobrevivo
Cativo de teu corpo, eu me escravizo,
Rocio não permite mais granizo...
2060
Rocio não permite mais granizo
O tempo prometendo esta bonança
Amor que vem chegando sem aviso,
O coração dorido já se amansa.
Assim, não temerei qualquer tempesta,
Sabendo que encontrei tanta fartura
Na boca em que alegria faz a festa
Um beijo delicado, com ternura.
Aurífera explosão dos sentimentos,
Entraves descartados; vamos juntos.
Amor tomando todos os momentos
Deixando para trás velhos assuntos.
Ungüento abençoado, nosso amor,
Um sonho enfim real, e encantador.
2061
Um sonho enfim real, e encantador
Depois dos pesadelos que eu tivera,
Cevando em teu canteiro a bela flor
Tu trazes para mim, a primavera.
Além do que se pensa e que se quer
Estendes poesia nos teus olhos,
Nas mãos maravilhosas da mulher
A rosa sobrepõe luz sobre abrolhos.
Eu tenho aqui comigo a sorte imensa
De ver em cada dia mais robusto
O amor que se transformado em recompensa
Tomando nossa vida a qualquer custo
Suprindo com prazer nossas vontades
Deitando sobre nós felicidades....
2062
Deitando sobre nós felicidades,
O amor não se calando já domina
Encontro em tais delícias liberdades
Sabendo desvendar a fonte e a mina.
Emanas com ternuras farto mel,
Roubado por amor, um colibri,
Contigo penetrando um claro céu
De tanta poesia eu me embebi.
Amor que é para a glória, um passaporte
Espalha sobre o chão; estrela e luz.
De toda a fantasia um manso aporte
Ao mundo mais sublime nos conduz.
E assim, sendo de ti, amante e amigo
A vida em destemor; quero e prossigo.
2063
A vida em destemor; quero e prossigo
Somando nossas forças vou em frente
Sabendo separar joio de trigo
O corpo que se quer malemolente.
Maravilhosamente a noite passa
Fazendo deste jogo puro encanto,
Amor que se mostrando em plena graça
Cobrindo com desejos corpo é manto.
Imantas com vontade e desvario
Insensatez se torna o nosso mote.
Do quanto do teu lado eu fantasio
Eu bebo até secar a fonte, o pote...
Tu és tudo o que eu quis, esteja certa,
Na vida sem te ter a luz deserta...
2064
Na vida sem te ter a luz deserta
E deixa escuridão tomar a cena.
O amor que nos servindo de coberta
Já torna a nossa vida mais serena
Permite que eu consiga vislumbrar
Depois da noite um claro amanhecer,
Um rio que se entranha em grande amar
Conhece do oceano, o seu poder.
Assim emaranhando nossas pernas
Em tramas que se tecem noite afora,
As vidas se misturam mansas, ternas
Tear feito emoção nos revigora
Abarcas meus desejos negas farsas,
Vivendo nosso amor, somos comparsas...
2065
Vivendo nosso amor, somos comparsas
Enquanto a poesia nos tocar,
Voando em liberdade, belas garças
Estendem maravilhas ao luar
Beleza cristalina em rara prata
Moldurando teu corpo me fascina
A força deste sonho que arrebata
Formosa redenção, diamantina.
Tu tens este poder de sedução
Seguindo cada passo, chego a ti,
A luz que se derrama na amplidão
Encontro quando estás comigo, aqui.
Eu quero tão somente a maravilha
Do amor que em poesia, a vida trilha..
2066
Do amor que em poesia, a vida trilha
Recolho cada brilho extasiado.
A vida sem te ter perdendo a quilha
Naufraga nos meus erros do passado.
De tudo o que eu sonhara há tanto tempo
O amor me permitiu realizar
Vencendo qualquer medo ou contratempo
Ultrapassando a praia invado o mar.
O norte tantas vezes tão distante
Sem bússolas, perdida, a minha nau,
Porém um timoneiro triunfante
Ancora neste porto sensual
E se farta de toda imensidade
Vivendo em plena luz, felicidade...
2067
Vivendo em plena luz, felicidade,
Não temo mais espinhos, sei perfumes,
O amor quando em delírios já me invade
Esquece o que eu tivera em vãos queixumes
Promessas de outros dias gloriosos
Estrela solitária reproduz
Momentos com certeza fabulosos
Eternizando em mim suprema luz.
O fogo que nos toma, num instante
Enquanto em chama imensa me incendeia
Da sílfide este corpo deslumbrante
Amor que com desejos se permeia
Expressa todo o bem que procurava
Tornando a fantasia em plena lava...
2068
Tornando a fantasia em plena lava,
Uma explosão vulcânica se espera,
Tu tens toda a beleza que eu sonhava
Profana maravilha em primavera.
Temperas minha vida com delícias
Farturas derramadas nos lençóis.
As bocas se mordendo em mil carícias
Deitando sobre a cama vários sóis.
Teu corpo, porto imerso em gozos tantos
Delitos cometidos sem pecados,
Momentos delicados, teus encantos
Caminhos mais gostosos desbravados.
Eu vejo em ti o sonho que eu busquei
Fazendo do prazer vontade e lei...
2069
Fazendo do prazer vontade e lei,
Desfruto do teu corpo, cada gota,
Amor que em fantasias esperei
É fonte que eu bem sei, jamais se esgota.
Abrindo das represas, a comporta
Inundação divina, riso e gozo,
Quem sabe desse amor não se comporta
Permite amanhecer maravilhoso.
Meu barco ao penetrar teu manso cais
Não quer outro caminho, ancoradouro,
Na pele um arrepio pede mais,
Agora reconhece este tesouro
Dourando nosso tempo de viver,
Amor mostrando em glória o seu poder...
2070
Amor mostrando em glória o seu poder
Não deixa para trás qualquer nuance,
Vivenciando tudo eu passo a crer
Na plena divindade de um romance
Que toa a melodia mais perfeita
Em vozes consoantes, harmonia,
Amor que com desejos se deleita
Transmite toda a sorte que eu queria
Vencendo qualquer medo, sem tropeços
Navego por teus braços redentores.
Não sendo necessários adereços
Nos nosso corpo claros refletores
Mostrando com firmeza uma saída
Faróis iluminando nossa vida...
2071
Faróis iluminando nossa vida
Tornando bem mais fácil esta andança
A fonte do prazer reproduzida
No olhar de quem se mostra em aliança
Vou bêbado de luz. Em ti a mina
Que tanto desejei o tempo inteiro,
O gozo em alegria que fascina
Encontra no teu corpo o travesseiro
No quanto eu sempre quis poder te ter
Traduzo cada verso que eu fizer.
O amor que nos concede este querer
Enfrenta a tempestade que vier.
Tua nudez caminha pela casa
Deixando como rastro, fogo e brasa.
2072
Deixando como rastro, fogo e brasa
Um astro mavioso feito em fêmea
Vontade sem igual não se defasa
Minha alma de tua alma, em gozos, gêmea
Tu tens o que mais quero, esteja certa
O corpo mais sublime que eu conheço
A porta dos meus sonhos vai aberta,
Divina fantasia, agora eu teço
Enquanto me ofereces soluções
Não vejo mais sequer algum problema
Vencido pelo gozo em turbilhões
Rompendo com as dores, velha algema
Eu posso enfim dizer que sou feliz
Agora que já tenho o bem que quis.
2073

A sorte me acompanha lado a lado.
Às vezes benfazeja. Outras nem tanto.
Avança entre verbenas, rosa e cardo
Trazendo fantasia ou desencanto

Na multifacetária confluência
Metamorfose vária; sigo em frente
Do prêmio concebendo a penitência
Detalhes disfarçando o continente.

Felicidade trama o desengano
A luz prenunciando a treva imensa.
Entrando tantas vezes pelo cano
Recebo do vazio, a recompensa.

Mas vale; com certeza, toda a luta
A glória que em vitória nos enluta...


2074


A glória que em vitória nos enluta
Transformações diversas, momentâneas
A voz que em tempestades não se escuta
Imagens tantas vezes instantâneas.

A cura prometida remedia,
Deixando por seqüela a solidão.
A noite tropical gelada e fria
No olhar de quem amei; a decepção.

Metades inexatas da maçã
Negando o paraíso que eu buscava,
Eclipse escurecendo uma manhã
A neve transtornando toma a lava.

Antíteses perfeitas, gozo e dor,
Olhar em calafrios, puro ardor...

2075

Olhar em calafrios, puro ardor;
Vontade que não cessa; correnteza.
O fogo da paixão abrasador,
Toda a razão, decerto se despreza.

Incêndios redentores, morte à vista
De um jeito mais sutil me escravizando
Enquanto a liberdade já se avista
Amor vai pouco a pouco devorando.

Não deixa sobrar nada. Nem resquícios.
Jogando contra as pedras, fortalece,
Mergulho dos diversos precipícios,
Nem mesmo ao que pretendo, ela obedece.

Paixão inebriante perde o rumo.
Num gozo sem igual; eu me consumo...


2076


Num gozo sem igual; eu me consumo
Tornando os meus sentidos mais sensíveis
Bebendo de teu corpo todo o sumo
Compartilhando sonhos invencíveis.

Vestígios de mim mesmo; encontro em ti
Pegadas espalhadas neste porto.
No veio de teus braços me perdi
Ao nosso amanhecer eu me reporto

E faço deste mote o meu cantar.
Tu trazes com firmeza, égide, escudo.
Sem fronteiras, teus mares navegar
Mergulho delicia e vou com tudo.

Ao destemer enganos me liberto,
Contigo o céu jamais nasce encoberto...

2077


Contigo o céu jamais nasce encoberto
Na clara expectativa demonstrada
Por vezes solidão eu já deserto
E vejo algum sentido nesta estrada.

Fecundidade que trará colheita
Frutificando qualidade rara
Ao mesmo tempo em que comigo deita
E constelar, maravilhosa ampara

Bailando sobre os sonhos, valsa e festa.
Jazigos de nós mesmos esquecidos
Jogados numa senda que funesta
Um dia retocou nossos sentidos.

Porém no limiar da fantasia
Cenário mais sublime, amor recria.

2078


Cenário mais sublime, amor recria,
Traduzido no olhar desta sirena
Vestindo em meu cantar pura alegria
Tornando a minha noite mais amena.

Quem dera se eu pudesse, num momento,
Beber de tua boca méis tão raros,
Teus seios, teus carinhos, meu ungüento
Minutos tão gostosos e preclaros.

Roçando a tua pele, mansamente
Sentindo os teus cabelos me tocando,
Neste vôo libertário num repente
O amor que a gente faz se derramando,

Beijar teu corpo inteiro, ser só teu,
Num mundo que o desejo concebeu...

2079


Num mundo que o desejo concebeu
Eu sigo cada passo que tu deixas
Adentro este infinito teu e meu,
Esqueço que tivera, outrora, queixas

A gueixa amorenada Diva bela,
Suaves transparências, fogaréus,
Caminhos delicados que revela
Permitem que se toquem sonhos, céus...

Tua presença aqui, reveladora
Tornando cada passo mais audaz,
Imagem fartas vezes redentora
Um bem insuperável já me traz.

E assim, dois viajantes do infinito
Fazendo da alegria, o mesmo rito...

2080


Fazendo da alegria, o mesmo rito
Seguimos pela vida, companheiros.
Da força e da frieza do granito
A mansidão sublime dos ribeiros.

No quanto somos livres e cativos,
O nosso passo é firme, disso eu sei.
Olhares mais sublimes, sempre altivos
Trazendo toda a glória que sonhei.

Eu quero estar contigo a vida inteira
Assim não temerei qualquer espinho,
Sabendo deste amor, nossa bandeira
Jamais me sentirei ledo e sozinho.

A cada novo dia esta certeza,
Um gozo que se quer e tanto preza...

2081

Um gozo que se quer e tanto preza
Maravilhosamente moldurado
Evita em meus caminhos a surpresa.
A vida se passando com bom grado.

Assim durante um tempo, imaginei
Que nada impediria a caminhada.
Porém na tempestade eu mergulhei
Bonança resultou em simples nada.

Mortalha que carrego no meu peito,
Cadáver insepulto em ilusões
A morte se aproxima do meu leito
Trazendo tão somente negações...

As bodas que eu sonhara ledas festas
Infiltração tomando várias frestas...

2082

Infiltração tomando várias frestas,
A vida desabando pouco a pouco.
As noites que eu sonhara são funestas
Meu verso se esvazia, frágil, louco.

Quem um dia pensara ser feliz
Desmoronando sabe que não tinha
Senão uma ilusão que por um triz
Pensei durante a vida ser só minha.

A barca dos meus risos, naufragando
Distante do que quis ancoradouro,
O gesto carinhoso sem ter quando
Esconde noutras ilhas o tesouro.

Assim o quanto que pensei e não havia
Simplesmente falsária fantasia...


2083

Simplesmente falsária fantasia,
Mentiras que eu criei doce ilusão...
Um pássaro morrente em agonia
Não sabe conhecer arribação.

A morte com sorrisos mais gentis,
Espalha seus tentáculos vorazes.
Meu céu amanhecendo sempre gris
As bocas que se mordem quais tenazes.

Abrindo uma janela à esperança,
Teimosa mesmo frágil, vem sutil
E quando em tanto engodo ela me alcança
Espalha uma mentira amara e vil.

Quem dera se eu pudesse. Ah! Quem me dera
Ver renascer enfim a primavera...


2084

Ver renascer enfim a primavera
Um sonho tão distante de meus olhos.
A vida que em tristezas se tempera
Espalha tão somente estes abrolhos...

Não deixa que se veja um claro dia
Imerso entre estas nuvens tão espessas,
O tempo que em delírios se dizia
Deixando bem distante estas promessas.

Irônicas palavras de consolo,
Mentiras esgarçando uma ilusão.
Raízes do vazio invadem solo,
Retinas entranhando solidão.

Imerso no vazio deste jugo
Esperança, meu último verdugo...


2085

Esperança, meu último verdugo
Arrancando dos olhos qualquer brilho.
O resto do que fomos inda sugo
Sem nexo teus caminhos quero e trilho.

Olhando com sarcasmo cada passo
Que tento em multimídica expressão
A mímica ganhando algum espaço
Tecnologia esgarça o coração.

É pertinente um canto feito amor?
Impertinente verso não sossega.
Um barco inda movido por vapor
Em águas tenebrosas não navega.

Pleno de incertezas vejo o vago
Tentando depois disso algum afago...


2086


Tentando depois disso algum afago
Eu vejo em procissão os meus desejos.
Ressacas repetidas, peito gago
Prevendo da mocinha falsos beijos.

Nascido em estilingue nego o tiro
Embora a bala que me toca vem perdida.
O quanto sonegando não prefiro
Velejo em tempestade qualquer vida.

Movido à lenha, amor informatizo
Tentando me adaptar, eu não consigo.
A morte que virá não traz aviso,
Do riso em ironia faço o trigo.

Interior caminho desbravado,
A sorte me acompanha lado a lado.


2087

O céu vai renovando o seu matiz
Mudando a direção de velhos ventos,
Agora um velho quer ser aprendiz
E muda sem saber os sentimentos.

Prazeres são momentos, nada mais
Olhares vão vazios pelas ruas.
Meus gozos são moleques canibais
Fotografias e cenários, divas nuas.

As mesmas que se vendem por trocados,
Ou mesmo por milhões, não muda nada.
Internteticamente meus enfados
Decifram esta história mal traçada.

Num léxico diverso, demorou,
O ferro na boneca naufragou...

2088



O ferro na boneca naufragou,
O beijo na verdade foi à toa.
O quanto meu desejo desejou
Ainda refletindo não ressoa.

Mineiro quando vê de perto o mar
Esquece da lagoa, num segundo.
Vontade de em teus braços mergulhar,
Porém o coração é vagabundo...

Um troço que destroça o tal do amor,
Eu truce uma esperança que trucida.
Vem logo desfrutar desse calor
Que vale, com certeza, toda a vida.

“ Um bolo de fubá, barriga d’água”
Faz tempo que não vejo alguma anágua...


2089



Faz tempo que não vejo alguma anágua,
Também não reconheço um galocha
A fossa traduzia alguma mágoa
A rosa que eu pensei não desabrocha

Cabrocha? Foi embora e não voltou.
Amores virtuais são um barato.
O beijo numa tela se trocou
Paixão se traduzindo em um retrato.

Canastras, canastrões são iguarias
Epístolas, pistolas dão recado.
Vernáculos diversos, novos dias
O resto vai ficando assim de lado.

O dia não permite mais estrelas,
Tua nudez, em vídeos me revelas...


2090



Tua nudez, em vídeos me revelas
Deliciando assim deste cenário.
Mergulho em fantasia tantas telas
Sem medo, sem pudores, temerário...

Às vezes sonegando alguma imagem
O pensamento alçando outro momento,
Precede com certeza uma miragem,
O fogo consumindo calmo e lento.

Mas nada do que fomos, realidade,
Apenas um segundo em frágil troca,
Amor que traduzindo liberdade
Em falsas emoções já se reboca.

Tentando ser feliz de qualquer jeito,
Eu durmo em fantasia, insatisfeito...


2091



Eu durmo em fantasia, insatisfeito
Acordo em solidão, fazer o quê?
Procuro teu fantasma quando deito
Apenas o vazio é que se vê!

Macabras esperanças sem juízo
Espectadoras frágeis da ilusão
Pressentem um fantástico sorriso
Encontram neste nada a solução.

Assíduas sementes que espalhaste
Decerto não terão bom resultado
A foto prenuncia algum desgaste
O tempo sem amor é desprezado.

Bailando a noite inteira em minha cama,
Que faço se não tenho, acesa a chama?


2092


Que faço se não tenho, acesa a chama?
Não posso desdizer o que sonhei,
Apenas não desvendo a nossa trama,
Nem quero a fantasia como lei.

Metáforas à parte estou cansado
De tanto procurar o que não vem,
O bonde dos meus sonhos, atrasado
Durante muito tempo perco o trem.

Morena que encontrei no Tororó
Menina que dançava esta ciranda
Deixando o coração vazio e só
Saudade do que fomos já desanda.

E nada do que eu cante mais encanta
Silenciando assim minha garganta...


2093

Silenciando assim minha garganta
Eu tento desvendar algum mistério
Mas nada do que tento se adianta
A vida não permite mais critério.

Se eu sério não seria o que persigo,
Se eu riso não queria teus ouvidos.
O piso na verdade é bem antigo
Os ventos seguem sempre desvalidos.

Oráculos mentiam sobressaltos
As sanhas foram sempre mentirosas.
Não posso superar velhos ressaltos
Espinhos valorando velhas rosas.

Tentáculos fazendo circulares
Sorrisos transformados em esgares.

2094


Sorrisos transformados em esgares
Desesperança toma esta paisagem
Por onde descaminhos procurares
Talvez ainda veja outras imagens.

Amor em fim? Mentiras deslavadas.
Mas teimo em ser hipócrita, um falsário.
Anjos da guarda, arcanjos, gnomos, fadas
O lucro com certeza é solitário.

Mecanismos diversos comerciam
O que pensara ser doce farnel,
Estrelas alugadas propiciam
Vendetas de melados feitos mel.

Um coração latino americano
Ingênuo, vai entrando pelo cano...


2095

Ingênuo, vai entrando pelo cano
Aquele que quisera algum augúrio
Nas coxas da morena o desengano
Mostrado num sorriso quase espúrio.

Cartadas, jogatinas, o poder
Transforma qualquer ser em mandatário.
A cafetina passa agora a ter
Toda atenção, tomando este cenário...

Amante desnudada na revista
É como bomba atômica. Decerto
Não há, eis a verdade quem resista
Ao ver o paraíso assim aberto

Vendido por milhares de reais
Em poses tão gentis e sensuais...


2096

Em poses tão gentis e sensuais
A doce transparência traz aos olhos
Os seios que decerto magistrais
Recebem silicone em flor, aos molhos...

Milagres da informática, eu bem sei,
Transformam qualquer forma em perfeição.
Qualquer pilantra agora vira rei
Safadeza virando o ganha pão.

A boçal que bigbroda em belas pernas
Paparozeada num estúdio
Escondendo sutis suas cavernas
Expressa sem temor e sem repúdio

O que nas falsas cenas se recria
Gerando tão somente a fantasia...


2097


Gerando tão somente a fantasia
Adendos mais diversos eu percebo,
Do quanto minha voz já se esvazia
Do vago de teus olhos inda bebo.

Melancolia vive em cada verso
Legado com sarcasmo que inda trago
De tudo o que sonhei não tendo um terço
Aceito, mesmo à prazo, algum afago.

Olhar que no passado ainda cravo,
Não vê sequer pegadas, mesmo assim
O mar que se fizera outrora bravo
Secando não diz nada para mim.

Nos seios da montanha, dorme a lua
Teus seios, minha cama, deusa nua...

2098



Teus seios, minha cama, deusa nua
Apronta maravilhas num olhar.
Enquanto a nossa festa continua
A vida se entregando devagar.

Assíduos sentimentos nos tocando
Melífera expressão de fogo abrasa
Paisagem com delírios retocando
Mudando a velha imagem desta casa.

Beber de teus desejos cada favo
Entoando palavras mais gentis.
Teu corpo em prazeres eu desbravo
Querendo novamente, eterno bis.

O quanto toda noite amor eu vejo
Nas ancas da morena, esse molejo...


2099


Nas ancas da morena, esse molejo
Clamando para a festa que virá
O quanto desfrutando do desejo
Pretendo sempre mais e quero já.

Na boca da sereia algum sorriso
Cerumens sonegando em audição
Encanto deste canto em paraíso
Juízo, na verdade não sei não.

Voando libertário, o pensamento,
Estanca esta sangria diz amor
Placenta não sustenta esse rebento
Desejo não traduz farto vigor.

E mecanicamente amor se faz.
Mentira deslavada aguarda a paz...


2100


Mentira deslavada aguarda a paz
Mudando a direção de cada vento.
O tempo na verdade não mais traz
Senão o que sonega o sentimento.

Assim em barco frágil inda persisto
Sem cais ou porto sigo timoneiro.
Apenas no vazio que eu conquisto
Uma expressão correta diz cinzeiro.

Teimoso da esperança, eu não me afasto
E deixo que ela volte toda noite.
Embora o coração se mostre gasto,
Na boca da alegria, um velho açoite.

E mesmo sem viver o bem que quis,
O céu vai renovando o seu matiz.

2101

E o dia com certeza, iluminado
Tramando formas belas, raras, claras
Um sonho que se faz cristalizado
Deidades entre nuvens, vãs, preclaras.

Delírios entre lumes, vaporosos,
Belezas entre tantas, as extremas,
Olhares que se entregam, fabulosos,
Esquecem nas paixões, grilhões, algemas...

Estralas vagam soltas, cristalinas,
Constelares momentos em perfume
Clareando por sobre estas neblinas
Amor imensidade se resume.

Visões inestimáveis mar sereno.
Vagando pelo espaço, ledo e pleno...

2102


Vagando pelo espaço, ledo e pleno
Diáfanas imagens continuam
Volúpia se transforma em bom veneno,
Os olhos entre névoas já flutuam.

Mistérios e delírios, vastidão...
Dispersos infinitos que se tocam,
Amor ao se entregar, diapasão,
Os rios, nossos mares, desembocam...

A poesia em versos multiformes
Esgueira entre as pedras do caminho,
Os dias solitários, vãos, disformes,
Apenas rememoram cada espinho.

Jamais um sentimento atroz e mórbido
Retorna em seu disfarce vil e sórdido...

2103


Retorna em seu disfarce vil e sórdido,
Saudade com seus polens tão funestos.
Não quero mais o riso falso e sórdido
Apenas da ilusão, dormência em gestos.

Nas naves dos meus sonhos, catedrais,
Recônditos diversos que trafego,
Amor vai se afastando deste cais
Negando em minha vida algum apego.

Os astros derramando falsos brilhos,
Diamantes esquecidos nas lapelas,
Os olhos sem destinos, andarilhos,
Dos barcos que sonhei, procuro as velas.

E nada se mostrando em luz cadente
Saudade me tomando, tolamente...


2104

Saudade me tomando, tolamente
Negando as mais sutis delicadezas,
O fim a cada curva se pressente
Etéreas emoções são fortalezas.

Cristais que esparramaste em áureos sonhos
Apenas falsos vidros se tornaram.
Olhares transtornantes e bisonhos,
Eflúvios nauseabundos derramaram.

Aonde eu procurara qualquer graça,
Turbilhões em falsas garatujas
Tomando em seus tentáculos a praça
As sanhas antes flóreas, hoje sujas

Chagásica manhã dor em tropel,
Lembranças desenhando um negro céu...

2105


Lembranças desenhando um negro céu
Legado ao sofrimento não mais creio
Que ainda poderei ter o corcel
Fazendo da esperança algum recreio.

Nevrálgica emoção se desbotando
Amor já sonegando este himeneu
Estrelas fugidias, falso bando,
O céu em brilhos fartos se perdeu.

Quimérica ilusão se quis tesouro,
Fatídica saudade não se aparta,
Das ânsias e desejos frágil ouro
Sem trunfos, desconhece qualquer carta.

O quanto se quisera mais gentil,
O sonho destruindo este perfil...

2106


O sonho destruindo este perfil
Sonega qualquer porto, afunda o barco.
Sorriso que inda estampo de imbecil
Aos poucos no vazio eu desembarco.

Cortejo de fantasmas que inda afague
Aladas fantasias, turbilhão.
Jocosa maravilha, simples blague,
Apenas resultando em negação.

Patranhas da esperança, duro chiste,
Cabalístico sonho tão fortuito
Nos braços da saudade ainda insiste,
Porém a vida esconde em falso intuito

O que o amor em êxtases dizia,
Escorre pelas mãos, hemorragia...

2107


Escorre pelas mãos, hemorragia
Sidéreas ilusões em fatos frágeis
Olhares que talvez em teimosia
Persistem amplidões, mas não são ágeis...

Vestindo uma lembrança solitária
Anéis em jóias falsas decorando,
A mão que se tentara solidária
Aos poucos sem segredos, vai sangrando.

Além do que eu sonhara, nada existe
Somente o riso inerte e tão sarcástico
Na cáustica ilusão caminho triste
Silêncio sepulcral quase monástico.

Orgástica manhã nunca mais veio,
Saudade me tomando, sem receio...

2108

Saudade me tomando, sem receio
Estende uma esperança no varal,
Depois de me perder de novo creio
Guardando minhas cartas pro final.

Não vejo outro remédio, sendo assim,
Remediando eu busco algum engodo,
Embora já perceba ter o fim,
A pedra de meus sonhos traz o lado.

A vida em avidez se repercute
No vago quase nada que me dás.
A voz que em teimosia não se escute
Sonega, no final descanso e paz.

Saudade, velha cena, falsa atriz,
Apenas tão somente, meretriz...

2109

Apenas tão somente, meretriz,
Metastática luz que assim falseia,
O quanto de verdade não me diz
Adentra velozmente em minha veia.

Um ópio entorpecendo os meus sentidos,
A gana de viver se sobrepõe
Olhares e prazeres mal fingidos,
O riso em ironias contrapõe.

Palavras soltas, ventos sem bonança
Estímulos diversos nada dizem.
Apenas nos marasmos da esperança
Os dedos que se querem se deslizem.

Coletando os meus pedaços pelas ruas,
Belezas enlatadas, seminuas...


2110

Belezas enlatadas, seminuas,
Conectam os seus fios, eletrizam.
Enquanto neste palcos não atuas
Estrelas no meu peito aromatizam.

Eu quis o que talvez fosse a verdade,
Porém a gargalhada denuncia.
O tempo transcorrendo, ansiedade
Prenunciando o fim da fantasia.

A boca desprendendo a labareda
Vulcânica mulher se fez canina
Por mais que uma alegria me conceda,
Vontade de viver não determina.

Quem dera se eu bebesse o teu carisma,
Minha alma bar em bar, de noite cisma...


2111


Minha alma bar em bar, de noite cisma
Jamais conseguirei algum espelho,
Olhar que se perdendo neste prisma
Apenas refletindo o que avermelho.

Reveses conhecidos, eremitas,
Palavras sem sentido, gratuidade
Os olhos procurando em velhas criptas
Encontram tão somente a falsidade.

Amor que enternecera já perece
Sem prece sem recado ou oração.
A mão que num pecado se oferece
Tecendo no final a negação

Esfacelada teia onde te vi,
Há tempos, sem remendos me perdi.


2112


Há tempos, sem remendos me perdi
Na colcha de retalhos da esperança;
O que buscara sempre vejo aqui
Rondando minha noite em temperança

Pequinês de minha alma traduzida
Na foto que esquecemos na parede.
Após tentar salvar a minha vida
A morte se anuncia em tanta sede.

Mecânicas diversas, erros tantos,
Amor é sempre um jogo, disso eu sei.
Peão se suicida em desencantos
Tentando proteger rainha e rei.

Na boca da morena insensatez,
No tabuleiro a dama de xadrez...

2113

No tabuleiro a dama de xadrez
Tentando ser rainha, mente a sorte
O quanto eu te desejo e não se fez
Pedaço em descaminho segue a morte.

Calando esta carranca que carrego
Cruzando os oceanos, sem destino.
O amor que deixa todo mundo cego
Sequer as suas rédeas eu domino.

Pária sentimento que em discórdia
Anota meus engodos, traz o nada.
Aonde a vida fora monocórdia
Manhã morrendo assim, abandonada.

Eu quis o teu retrato nada veio,
Sobrando sem perdão, velho receio...


2114

Sobrando sem perdão, velho receio
Despisto cada rastro que eu deixei,
Dizendo na verdade por que veio,
Amor vai destroçando o que cevei.

O pântano que trago dentro da alma
Em calafrios mostra esta ironia.
Apenas o vazio inda me acalma
Tentando traduzir o que eu queria.

Não posso mais seguir cada pegada
Deixada pelo amor, inferno em vida.
O que restou de mim, não me diz nada
Estrela em decadência, distraída.

Terei depois da chuva, o mesmo prado
E o dia com certeza, iluminado.



2115

Colhendo o que plantei em minha vida,
Canteiros e pomares da existência
Embora tantas vezes sem saída
Do nosso amor jamais terei ciência

Velhos farrapos poderão dizer
O que busquei e depois da chuva forte
Encontrarei talvez algum prazer
Ao superar a luta sem suporte

Mas tenho uma vontade que não cessa
De ter além dos sonhos, o carinho
Que tantas vezes fora só promessa
Fazendo no meu peito burburinho.

Enquanto houver forças irei assim,
Tentando cevar flores no jardim.

2116

Tentando cevar flores no jardim
Durante a minha vida eu me perdi,
O tempo vai chegando quase ao fim,
Saudades de viver o amor em ti.

Melancolia chega e trama o rumo
Distante destes braços sigo só.
Um solitário apenas, eu resumo
Meu verso destruído rompe o nó.

Desatando as correntes, não terei
Sequer um caminhar mais solidário
O passo se desvia em outra grei
A cada amanhecer vou temerário.

Estúpida canção que ainda escuto
Tornando o coração deveras bruto...


2117


Tornando o coração deveras bruto,
Distância de teus olhos, treva imensa.
Quem dera se pudesse ainda, astuto
Saber depois de tudo, a recompensa.

Contudo eu não terei outro caminho
Senão tentar a sorte em nova senda.
A mão que se profana em ledo espinho
Segredo feito em sonhos não desvenda

Atento a tais sinais eu jamais pude
Beber desta alegria imaginária
Secando em voz solene o meu açude
A morte se transforma em adversária

Saudades de teus lábios companheira,
Espalho o sentimento em vã esteira...

2118


Espalho o sentimento em vã esteira
O amor que um dia tive se evapora
Fazendo da emoção frágil bandeira
A vida se perdendo não demora.

A cada novo tempo de sonhar
Apenas derramando alguma estrela
Entendo ser possível caminhar,
Porém a solidão em mim se atrela

E vaga por meu corpo, solta a voz,
Amargas ilusões vão me tomando
O gosto desta boca é tão atroz,
Meus castelos de areia desabando

O verso refletindo esta agonia
Esgota em minha vida, a poesia.


2119


Esgota em minha vida, a poesia,
E nada do que eu quis poderei ter.
A mão que me açoitava noite e dia
Agora em minha morte vê prazer.

A noite anunciando em madrugada
A mesma tempestade que nos toca,
Bandeira da esperança desfraldada
Aos poucos se rompendo me desloca

Levando para o nunca mais terei
Deixando o verso triste e desvalido,
Quem dera, mas jamais encontrarei
No que me resta agora algum sentido.

Um câncer em metástases diversas
Tornando as alegrias mais dispersas...


2120


Tornando as alegrias mais dispersas,
Tristeza não se nega, volta à tona.
Escuto em entrelinhas as conversas
A fantasia aos poucos me abandona.

Sonífera ilusão não mais se dá,
Ávida de alegria a juventude
Esquece que outro dia nascerá
Jogando fora assim sua saúde.

Saúvas carcomendo o que restou
De um homem que sonhara ser feliz.
Sem ter nenhum sentido não mais vou
Buscar aquela estrela que eu bem quis

Erguendo ao horizonte o meu olhar
O temporal; percebo, vai chegar...

2121


O temporal; percebo, vai chegar
Nublando uma esperança doidivanas
Vontade de partir e de buscar
Paisagens que se formam soberanas.

Mas nada do que eu sonho realiza
Imagens são miragens, nada mais.
E mesmo que viesse calma brisa
Meus olhos não verão a luz jamais.

Resíduos do que fomos roubam cena
Escombros pesam sempre em minhas costas.
Nem mesmo uma esperança a paz ordena,
Em cicatrizes diversas, velhas crostas.

A fonte se perdendo em seca cala
A morte pouco a pouco toma a sala..

2122


A morte pouco a pouco toma a sala,
Os ratos passeando no porão.
Quem dera a fogo, a ferro, cruz e bala
Mas não vejo no fundo, solução.

Eu teimo em perceber o que não há
Retratos em farrapos dizem nada.
O quanto eu procurei aqui ou lá,
Apenas uma estrada destroçada.

Mergulho no oceano de nós dois
Abismos encontrando, resta o frio...
No quanto não concebo mais depois
Entendo que estarei sempre vazio.

E crio mil fantasmas; putrefeito
Sentimento invadindo um velho peito...


2123


Sentimento invadindo um velho peito
Reconta cada passo nesta andança
A gente vai levando desse jeito
Tentando restaurar uma esperança.

Estrelas que perdi jamais teria
Não fosse o teu carinho, mas não quero
Apenas reviver o antigo dia
Na fantasia agora eu me tempero

Morena fez a festa e foi embora
Metade carregou junto consigo
A sorte há tanto tempo não demora
Desnuda o que pensara ser abrigo

O vento que me ronda da incerteza
Expondo este vazio em minha mesa...

2124


Expondo este vazio em minha mesa
Eu sinto o gosto amargo do não ser.
A sorte deste sonho que despreza
Permite sem regalos de prazer

Que a gente não se queira nunca mais,
A sorte se desbota em cada esquina
Madrugadas em sonhos magistrais
Mergulham no teu colo de menina;

Insisto, mas caminhos eu não vejo,
Apenas pedregulhos disfarçados.
A fonte da alegria e do desejo
Não vale mais que fósforos queimados.

Aguardo algum sinal e nada vindo
Mesmo refrão insisto, repetindo...

2125


Mesmo refrão insisto, repetindo
Amores de fantasmas e odaliscas
O quanto percebera claro e lindo
Somaram com vazios, frias iscas.

Explicitando assim o que não via
Eu teimo em transformar qual alquimista
O nada em tentativa de alegria,
Porém a solidão jamais despista

Repondo cada gota deste fel
Pedaços do que fomos se esgarçando.
A sorte transtornando o meu papel,
Queimando uma ilusão em fogo brando.

Apago o que sobrou de uma esperança
Inválida expressão nega a fiança...

2126

Inválida expressão nega a fiança
E molda este cenário em pleno horror.
Aonde procurei a temperança
O vento se fez avassalador.

Atônica emoção ainda insiste
Crisântemos; aborta em meu jardim,
Quem dera se isso fosse troça e chiste,
Ainda poderia crer no fim.

À caça em que se deu fria pantera
Gerando a sobremesa da tristeza
Traduz a gargalhada da quimera,
Repondo meus fantasmas nessa mesa.

Habito estas masmorras, mas resisto,
Do sonho feito amor jamais desisto...

2127


Do sonho feito amor jamais desisto
Aguardo algum capítulo que traga
Quem sabe este sorriso, um falso visto
Calando a solidão temível draga.

A voz que se embargando nada diz,
O templo que buscara se esfacela,
Um riso que trouxesse outro matiz
Moldura uma esperança noutra cela.

Selando o meu corcel, o pensamento,
Viajo em Eldorados tão distantes.
O gozo que se mostra num momento
Em lábios e carinhos inconstantes.

No afã de ser feliz, eu me perdi,
Apenas solidão reconheci...


2128


Apenas solidão reconheci
Depois de tanto tempo em vã procura.
O quanto desejei e nada vi
Traduz toda agonia, a noite escura.

O som de uma guitarra dissonante
Tocando bem no fundo qual lamento
Trazendo tanto inferno ao mesmo instante
Sangrando num terrível sofrimento

Legado que carrego no meu peito,
Vestígios das estrelas nos meus pés
Queimando feito lava, contrafeito
Revivo novamente estas galés.

A sorte que hoje trago é merecida,
Colhendo o que plantei em minha vida.


2129

Minha alma no teu cais não mais perdida,
Encontra ancoradouro que buscara
Durante quase toda a minha vida
Nos braços da mulher que agora ampara.

Revendo tantos erros cometidos
Eu sinto ser possível novo dia.
Momentos em penumbra, desvalidos
Adentram noite afora, poesia.

Pesadelos distantes, dentes, fogo.
Velhos ritos satânicos, terror.
Olhar enunciando o mesmo rogo
Procura em outro encanto recompor

O quanto se perdera da ilusão,
Mudando destes ventos, direção...

2130


Mudando destes ventos, direção,
Entalhes no meu rosto, cicatrizes.
Ao menos recolhendo a solidão,
Os olhos vagam velhas meretrizes.

Durante a madrugada, a negra lua
Vencida pelas nuvens me angustia.
Cadáveres de amores pela rua
A boca escancarada, podre e fria.

Temíveis pesadelos, rota estrada,
Olhares me observando, desapegos.
A fonte feita em sonho ensangüentada
Rondando minha cama, mil morcegos...

Esquálida presença ainda dança
Trazendo em suas mãos, velha esperança...


2131


Trazendo em suas mãos, velha esperança,
A moça desdentada me sorri.
Enquanto um infinito não se alcança
Percebo, solitário, eu me perdi.

Carcaças de mim mesmo, o vento leva
Antrazes e vergões adentram a alma
A noite se imergindo em densa treva,
Apenas o vazio ainda acalma.

Um ar fantasmagórico tomando
A cena, promovendo o temporal
Que aos poucos, em loucuras dominando
Gargalha sobre todos. Triunfal...

Incrivelmente eu entronizo o medo
Mortalha a recobrir sela o segredo...

2132


Mortalha a recobrir sela o segredo
Carregando os espectros dos meus sonhos.
O vento balançando um arvoredo
Em ritos, tramas, gritos mais medonhos

Assisto ao funeral da fantasia
Estendo os meus escombros nas calçadas.
A morte em noite negra quer e guia
Imagens de esperanças destroçadas.

Nós somos o que resta, nada mais.
A carne putrefeita em labaredas,
Resquícios estendidos nos varais
Vagando quais zumbis por alamedas

As almas passeando num zoológico,
Resumos de nós mesmos, necrológico.

2133


Resumos de nós mesmos, necrológico,
Notícias estampadas no jornal,
O vento da ilusão, demais ilógico
Permite esta resenha em ritual.

Perene sensação do nada ter,
Vestígios esquecidos, esgarçados.
Vagando o tempo inteiro a se perder
Momentos infiéis e desgraçados.

A faca que cortando a carne podre
Derrama tanta linfa pelas ruas,
O vinho da esperança avinagra odre
As bocas que se mordem, morrem cruas.

Ao ter em minhas mãos, carnificina,
Luxúria em mil orgasmos me alucina...

2134


Luxúria em mil orgasmos me alucina,
Os olhos penetrando nas entranhas,
Cavalgo em liberdade, vento e crina
Por entre vales úmidos, montanhas.

Lambendo todo sal de tua pele,
Suores alagando leito e chão,
Sem ter qualquer pudor que nos atrele
Aos deuses do prazer, invocação.

Gemido, gargalhadas, explosões
Correntes, olhos, bocas, gozos sádicos.
Torrentes transtornando turbilhões,
Distante dos desejos esporádicos

Repetidas vontades enlanguescem,
Os ópios de teu corpo me entorpecem...

2135

Os ópios de teu corpo me entorpecem,
Em lívidos olhares, gozo insano.
Mecânicas diversas obedecem
Prazer além dos sonhos, sobre-humano.

Arranca a minha pele, unhas e garras,
Vergastas feitas dentes cravam fundo
As mãos, pernas e coxas, como amarras
Rocio que profanas, eu me inundo.

Desejo tripudia e nos algema.
Pecados e juízos sonegados,
Enlouquecidos, nada mais se tema
Ribanceiras, barrancos destroçados.

Nos céus buracos negros e quasares,
No quarto latejares e pulsares...

2136



No quarto latejares e pulsares
Restando sobre nós águas e flores.
Levitas sobre a cama, sem esgares
Alçando cordilheiras onde fores.

Extremos concebidos num minuto,
O gosto da mortalha não se esvai,
O tempo tantas vezes mais astuto
Enquanto a fantasia nos atrai

Estende em fanatismo o meu querer,
Encontro nos teus braços, o meu fim...
Vontade inevitável de morrer
Adubando com força o teu jardim.

Alucinógenos momentos nossos,
Juntando num orgasmo tais destroços...


2137


Juntando num orgasmo tais destroços,
Cadáveres que somos; renascidos.
Os olhos comem bocas, rangem ossos
O quanto prosseguimos desvalidos.

Esquálida esperança não diz nada
Apenas restitui um velho gozo
A fantasia; há muito abandonada
Persiste neste sonho sequioso.

Bebendo teus prazeres, um absinto
Vermutes entre coxas entreabertas
No sangue derramado, ora me tinto
As horas preferidas, as incertas.

Assumo cada gota de teu sumo,
Bebendo em teu prazer, caminho e rumo...


2138


Bebendo em teu prazer, caminho e rumo
Esqueço um pesadelo feito em vida;
O quanto necessito e sempre assumo
Expressa toda a sorte já perdida.

Além do que não posso, não mais temo
Vencido pelos erros e besteiras.
O barco soçobrando vai sem remo
Encontra em tuas pernas as bandeiras.

O nada representa o que me resta,
Mergulho em desespero no teu sexo,
À angústia interminável já se empresta
A vida sem razão, juízo ou nexo.

Desesperadamente eu te procuro,
Rasgando cada céu em treva, escuro...


2139


Rasgando cada céu em treva, escuro,
Miasmas coletando no caminho,
Da morte que desejo, não depuro
O tempo de viver se esvai sozinho.

A boca em desespero quer bem mais,
Mas nada além do corte e da mordida.,
Revivo a cada sonho um Satanás
Que sempre comandou a nossa vida.

Na lívida figura um vão sorriso,
Os olhos que me lambem são vergastas
Da podre sensação de um paraíso
As mãos de uma esperança outrora castas

Calejadas algemas, riscos tolos,
A seca se derrama nos meus solos....


2140


A seca se derrama nos meus solos,
Ausência de motivos pra viver.
Cativas ilusões, negando colos,
Misturam agonia com prazer.

Agônica manhã se prenuncia
Fazendo deste sonho, um pesadelo,
A boca que destrói decerto ungia
Rasgando minha pele; frio gelo.

Atrocidade inerte e sem limite
A marca da pantera se entranhando,
Amor no qual nem mesmo se acredite
Aos poucos meus caminhos sonegando.

A par da estupidez de cada verso,
Não vejo outra saída, vou disperso...


2141

Não vejo outra saída, vou disperso
Românticas palavras? Nunca mais.
Apenas estampado em cada verso
Sorriso destes sonhos marginais.

Irônicas senzalas que eu carrego
Não tendem nem permitem liberdade,
O vento que me leva, sempre cego,
Não alça no final tranqüilidade.

As pernas amputadas, meus segredos,
Olhares entre nuvens, risco farto,
Na queda de esperanças, arvoredos
Adentram quais fantasmas, o meu quarto,

A mansidão que um dia eu concebi,
Há tempos nos teus braços, já perdi...


2142

Há tempos nos teus braços, já perdi
O rumo. Eu necessito te falar
Do sol que nos teus olhos conheci,
Tomando a paisagem, devagar.

Desejo a cada dia sempre mais,
Sorrisos e palavras benfazejas,
Resumos de promessas magistrais
Trazendo todo o sonho que desejas.

Não vejo mais porque temer a sorte
Se eu tenho; junto a ti, o que eu queria,
Amor quando em amor tem seu suporte
Incide sobre nós tanta alegria.

Sabendo que encontrou clara saída,
Minha alma no teu cais não mais perdida.

2143

O tempo em sofrimento é tão remoto.
Mas volta e meia insiste em magoar
De estrelas os meus sonhos quando loto
Estendo a fantasia e ganho o mar.

Amor não deve ser assim estóico
Nos olhos da esperança, genuíno
Não quero um verso triste e paranóico
Apenas retornar a ser menino

Vencendo os meus temores, sem modéstia
Seguindo cada passo que transforme
Incêndio começando em simples réstia
Olhar em desamor persiste informe.

Informe cada sonho que tiveres,
Amor estende à mesa, seus talheres...

2144

Amor estende à mesa, seus talheres
Fazendo toda a festa que merece,
Pretendo a cada noite que vieres,
Tapetes da emoção; amor nos tece

Sentindo calafrios e vontades,
Desejos respaldando cada riso,
Em ti eu encontrei as claridades
Que sempre me dirão do paraíso.

Outono prenuncia um frio inverno,
As estações não param; disso eu sei.
Porém estando aqui já não hiberno,
Nos braços deste sonho eu mergulhei

Sabendo que nas sendas dos amores,
Meu peito em primavera busca as flores.


2145


Meu peito em primavera busca as flores
Perfeitas pra que possa assim sonhar,
A vida se mostrando em seus olores
Recende à fantasia de encontrar

Tesouros nestas ilhas, neste atol,
Na atlântica passagem do tufão
Ardendo num mormaço, o quente sol,
Invade totalmente o coração.

Nas chamas deste amor que é feito em lava,
Fulgores sem limites me invadindo.
O sonho que ao te ver descortinava
Futuro em emoção risonho e lindo,

Deitando sobre ti em cores tantas,
Demonstra esta grandeza em que me encantas...


2146

Demonstra esta grandeza em que me encantas
O amor que pouco a pouco nos domina,
As dores que passamos, sei, são tantas
Porém esta alegria me fascina

E mostra ser possível novo dia
Ao lado de quem sempre procurei,
A voz que entoa a bela melodia
Espalha fantasia em nossa grei.

Eu quero estar contigo e não disfarço
Vertendo em esperança o meu caminho,
Vencendo a solidão, ganhando espaço
Nos braços deste encanto eu já me aninho.

O dia com certeza é mais risonho,
Seguindo cada passo deste sonho.



2147



Seguindo cada passo deste sonho,
Adentro pelo espaço sideral,
Um dia mavioso e mais risonho
Prenúncio de um momento sensual.

Rolando pelos astros, libertários,
Distantes da terrível solidão,
Vontades e desejos, belos, vários
Ganhando num segundo esta amplidão.

E as sendas delicadas e floridas
Serão nossos caminhos com certeza.
Palavras bem mais meigas e queridas,
Invadem nosso canto e em tal beleza

Encontro mais motivos pra viver,
Cativo deste amor, puro prazer...


2148


Cativo deste amor, puro prazer
Recebo de teus lábios, deusa e diva.
Minha alma concebendo o bem querer
Da tua, prosseguindo em paz, cativa.

A gente não se cansa de tentar
Viver a fantasia, ser feliz.
Deitando sobre nós raro luar
Expressa o que emoção jamais desdiz.

Eu venho sem descansos, noite afora
Buscando tua pele, corpo inerte,
Amor quando demais não se demora,
Fartura em alegrias cedo verte,

A cada instante um sonho moldurando,
Sentindo a tua mão me procurando.


2149




Sentindo a tua mão me procurando,
Passando carinhosa sobre mim.
Aos poucos meu amor, arrepiando,
Vontades explodindo. Quero sim.

As bocas se entregando em beijos loucos,
Desnudo-te e te vejo tão sedenta.
Gemidos e sussurros, longos, roucos,
Sentando sobre mim, prazer assenta

E numa cavalgada noite afora,
Roçando pele em pele, seduzidos,
A ventania intensa, chega agora
E encontra nossos corpos mais unidos.

E assim, sofregamente a noite passa,
Caçando, devoramos nossa caça...

2150


Caçando, devoramos nossa caça
E dela em regozijo faço a festa
Amor que sutilmente ganha a praça
Ternura em fantasia sempre gesta.

Arestas que podamos no passado
Permitem que pensemos no futuro
De um jeito mais feliz, anunciado
Dourando em alegria um céu escuro.

A mão de uma ventura sem igual
Pressente com firmeza, amanhecer,
Bebendo tua pele sensual,
Amor que se transforma quer prazer

A vida estende encanto que deseja
No peito uma alvorada benfazeja.


2151

No peito uma alvorada benfazeja
Promessa de um bom, com certeza,
A boca te procura e te deseja,
No mar de amor, imensa correnteza.

A vida me trazendo tal beleza
Na boca um doce rubro, uma cereja
Deixando tanto amor de sobremesa,
Vontade de te ter, assim poreja

E encharca minha pele em sudorese,
Paixão que não mais sei como represe,
Arrebentando tudo, incontrolável.

Tomando a minha mente e o coração,
Causando em mim um tipo de explosão
Prosseguindo em sonho interminável...




2152

Prosseguindo em sonho interminável
Um rito anunciando a paz perfeita,
Amor que se quer sempre desejável
Em gozos e delícias se deleita.

Sentindo entardecer encanta a lua
Vislumbra a poesia que virá,
Deitando no meu quarto a Diva nua
Eternamente em chamas brilhará.

Arcando com vontades mais extremas
Não teme nem sequer um temporal,
Não deixa para trás quaisquer problemas
Encara com ternura, é triunfal.

Trazendo a claridade de uma estrela
Nas águas deste mar, sereia bela.



2153

Nas águas deste mar, sereia bela,
Estrela dominante dos meus sonhos,
A cada novo canto se revela,
Deixando estes luares mais risonhos.

Vencido pelas ondas na alva areia,
Encontro o meu destino nos teus braços.
À noite me entregar na lua cheia,
Sentindo o teu perfume, teus amassos.

Sou teu; querida amante, lua plena.
Refaço meus caminhos na certeza
Da vida mais audaz e mais serena,
Entregue nos teus passos, fortaleza...

Somemos nossos corpos, somos um,
Não temos que temer perigo algum...

2154

Não temos que temer perigo algum
Se estamos lado a lado, sigo em frente,
Que a vida se promete em claro zoom
Forrando em alegria corpo e mente.

Amor sem desespero pacifica,
Vivendo tão somente este prazer
Tornando a nossa estrada flórea e rica
Mudando toda forma de viver.

Baladas escutamos noite afora,
Dançando com estrelas e cometas,
A fonte que ilumina revigora
Cupido sem juízo, tontas setas

Tramando um Eldorado em descoberta
Amor em alegria é festa certa


2155

Amor em alegria é festa certa
Tornando a vida grata e transparente.
Minha alma se mostrando mais aberta
Encontra-te querida, sorridente.

Não deixe que a tristeza bata à porta,
Fechando uma janela à solidão.
Assim melancolia já se aborta
E sobra tão somente a tentação

De ser teu companheiro, ser teu par,
Andar pelas estrelas lado a lado,
Rasgando este infinito até chegar
Caminho que por Deus já foi traçado

Deixando tantas mágoas para trás,
Felicidade imensa, amor nos traz...

2156

Felicidade imensa, amor nos traz
Forrando em pétalas estrada e rumo
O quanto procurei a vida em paz
Tomando desta sorte todo o sumo,

Aprumo o meu olhar, vejo horizontes,
Verões em fantasias deslumbrantes
O mel de tua boca, raras fontes
Em gozos e delícias provocantes.

Servindo a que nos serve, assim prossigo
Caminho entre crisântemos, jasmins,
Vibrando nosso amor irei contigo
Vencer imensidões, saber jardins,

Distante de procela ou terremoto,
O tempo em sofrimento é tão remoto.
2157

Nos lábios de quem amo mato a sede,
Recebo essa promessa com fervor,
Amor não é retrato na parede
É canto que se faz encantador.

Atrás de cada sonho, não descanso
Invado os oceanos, rasgo as ondas,
No quanto te desejo, sou remanso,
Nas noites solitárias, minhas rondas.

Eu vejo esta presença que persigo
Atada nos meus olhos, sem temores,
Usando o nosso corpo como abrigo
Estendo a noite imensa sem pudores.

Prazeres e vontades, raro bando,
Meu canto em poesia vai buscando.


2158

Meu canto em poesia vai buscando
Estrela radiosa que surgiu
Em noite mais formosa e tão gentil,
Aos poucos em meus olhos penetrando,

Tomando cada espaço, e retornando
Um sonhador que há tempos já partiu,
Agora novamente se entregando
Ao sonho mais perfeito que se viu.

Do amor que me fomenta uma esperança
De um dia ser de novo, mais feliz.
Dançar contigo, amada, a mesma dança,

Na valsa que não cansa, e que eu bem quis.
Voltando a ser do amor um aprendiz,
Concebo o nosso caso em temperança...


2159

Concebo o nosso caso em temperança
Embora a tempestade caia bem.
Quem tem desejos fartos por herança
Procura a noite inteira por alguém

Que traga e seja a fonte inesgotável
Aonde a solidão não tenha vez,
A boca que se mostra insaciável
Permite sem juízo, insensatez.

Uma expressão faminta em cada olhar
Catando a poesia que espalhaste,
Chegando sem ter tempo de voltar
Amor em lua mansa faz contraste

Aguardo a calmaria feita em fera,
Quem dera se viesses, primavera.

2160


Quem dera se viesses, primavera,
Trazendo a flor bonita do desejo,
Bebendo em tua boca, quem me dera,
Matando a minha fome a cada beijo.

Apascentando a fúria feita fera
Desta vontade louca, onde latejo,
Querendo-te desnuda à minha espera,
No gozo deste amor que tanto ensejo.

A vida não seria mais tão pálida
Corada em teus olhares, teus matizes,
A borboleta vale esta crisálida

Que, temerosa foge de meus braços.
Um dia nós seremos mais felizes,
Unindo nossos corpos, firmes laços....


2161


Unindo nossos corpos, firmes laços
Dançando em plena lua, tais magias
Deixando os medos velhos, gris, escassos
Argêntea solução que me dizias.

Entranho o pensamento de quem quero,
Tenazes, os momentos, várias luzes
O gesto mais profícuo, pois sincero,
Em gozos e prazeres reproduzes...

Das cruzes do passado, nem sinal,
O tempo remoçando uma esperança.
Nas peles sem fronteiras, carnaval,
O riso em farto fogo, agora dança.

Vogando neste mar, bela amplidão
Tracejo em meu caminho, a direção.


2162


Tracejo em meu caminho, a direção.
Aos braços de quem amo, e não vacilo.
Tocado pelo fogo/sedução,
Felicidade intensa eu já destilo

Em cada verso meu, prazer e glória
De ser teu companheiro de viagem.
O rumo perseguido em nossa história
Não é somente um sonho, uma miragem.

É verdadeiramente um novo marco
Que traz na travessia um vento manso.
Levando para a praia o velho barco,
Regaços de quem quero; meu remanso.

Assim dois passageiros desta vida,
Encontram neste amor, rumo e saída...


2163

Encontram neste amor, rumo e saída
Perguntas que não posso mais calar.
A sorte em nossas camas estendida
Não vê qualquer problema em se mostrar.

O céu contaminado que deitara
A escuridão por sobre nossos passos,
Tornando uma alegria quase amara
Perdeu, há tanto tempo seus espaços.

Vencendo o vendaval, amor se encanta
Ludibriando os medos, peito em riste
Sabendo da emoção que é farta e tanta
Não deixa mais a vida seguir triste

Seguimos nosso rumo em destemor,
Atados pelos elos deste amor



2164



Atados pelos elos deste amor
Que, intenso, não permite que duvide
Da força em que arrebata, sedutor,
E nele o meu futuro se decide.

Encantos que espalhaste pelo chão,
Estrela radiosa em poesia,
Pendores sem limites da paixão,
Nos laços que este amor, divino, cria.

Tatuas no meu peito as tuas garras,
Reféns do deus erótico, seguimos.
E ao bendizermos sempre tais amarras
Alçamos cordilheiras, e nos cimos

Mergulhamos em busca do infinito
Do amor que em perfeição, divino rito...

2165

Do amor que em perfeição, divino rito
Eterno reviver de uma esperança
No quanto em nosso amor eu acredito
Expresso a cada verso, temperança;

Disperso. Tantas vezes caminhei
Universos distantes, mar imenso.
Agora que em teus sonhos mergulhei
A cada novo dia eu me convenço

Que enfim, depois de tanto agora eu tenho
Um mundo mais pacífico e sincero,
Estrelas no meu peito, eu já contenho,
Sabendo perceber o que mais quero.

A sorte de viver se bendizia
Querida, neste amor com maestria


2166


Querida, neste amor com maestria
Ensinas o poder da sedução,
Moldando minha vida em alegria
No verde da esperança, a solução

Pras dores que carrego há tanto tempo
E os medos, um flagelo pra quem ama,
Ultrapassando cada contratempo,
Mantendo sempre acesa a velha chama

De uma esperança feita em sonho breve,
Caminhos bem floridos da existência,
E deixando a minha alma assim mais leve.
Ensina-me a ter toda a paciência

Alçando um mundo novo e encantador,
Granando todo dia, intenso amor...


2167

Granando todo dia, intenso amor
Colheita garantida em alegrias,
Um bom e verdadeiro agricultor
Já sabe, o que em carinhos me dizias.

Cevando com fervor este canteiro
Não temo as intempéries. Sigo em frente
As mãos de um delicado jardineiro
Prometem maravilhas, de repente

Assim sabendo disso eu sempre tento
Viver cada momento em plena glória
Protejo contra a chuva, encaro o vento
Sabendo que terei farta vitória

Regando com ternuras e esplendores,
Recolhendo no canteiro as belas flores.



2168



Recolhendo no canteiro as belas flores
Sentindo o teu perfume delicado,
Recebo de teus beijos tentadores
Delícia de sentir o teu recado

Roçando o meu pescoço- sedução..
Tocando no meu peito com carinho,
Beijando devagar – provocação,
Desejo de ficar, assim, juntinho.

E ter os teus regaços como cais,
Volúpias invadindo, em alvoroço.
Querendo estar contigo sempre mais;
Se no teu corpo, amada, eu me remoço

A fonte divinal da juventude,
No amor que verdadeiro, não me ilude...

2169

No amor que verdadeiro, não me ilude
Encontro a perfeição que tanto eu quis,
Eu sempre te amarei mais do que pude
Sabendo que afinal, eu sou feliz.

Eu tenho nos meus olhos a certeza
Do brilho de teus olhos, meus faróis,
A vida vai seguindo em correnteza
Buscando amanhecer, mesmos lençóis

Célere, caminhando sem temores,
Expressa eternidade o teu carinho,
Sentindo em minha pele tais fulgores,
Jamais me imaginei, ledo e sozinho.

Das pedras, dos espinhos, não mais sei,
Amar: a mais sublime e bela lei...


2170

Amar: a mais sublime e bela lei
Tornando a nossa vida mais humana,
Do quanto tantas vezes desejei
Ternura sem igual teu braço emana;

Adentro as paisagens mais perfeitas,
Cenário inesquecível, riso e glória
Enquanto em poesias tu te deitas
A vida renovando a mesma história

Amor que se percebe um andarilho,
Deitando em mansa esteira, faz a festa,
Não tendo, com certeza um empecilho
Felicidade plena nos atesta.

Teu corpo minha cama e minha rede,
Nos lábios de quem amo mato a sede.




2171

Deitando meu amor em mansa rede
Não quero mais problemas nem rancores,
A boca que se entrega em tanta sede
Procura nos teus lábios sedutores

A fonte inesgotável de prazer,
Fazendo de teu corpo porto e cais.
À noite lado a lado eu posso ver
Momentos fabulosos, magistrais.

Estampas num sorriso o que tu queres,
Recíprocas vontades, disso eu sei.
Festança no banquete em mil talheres
Durante a vida inteira, amor; busquei,

Do amor que feito luz em nós incide
Já tenha uma certeza, não duvide.

2172


Já tenha uma certeza, não duvide.
De todo o sentimento que alimento.
A luz de teu carinho sempre incide
Sobre o meu corpo e queima em fogo lento.

Porém se tu quiseres incendeias
Em chamas bem mais fortes, nossas noites.
Amor trago comigo em minhas veias
E compartilho assim, nestes pernoites.

Eu quero lambuzar-me no teu mel,
Alçando um vôo livre em tuas mãos,
Ao descobrir teu corpo, mantos véus
Poder usufruir dos belos vãos...

Estou aqui morrendo de vontade
De poder dividir felicidade...


2173


De poder dividir felicidade
Eu sei, não és capaz, o que fazer?
A vida prometendo claridade
Percebe o sentimento emudecer.

Eu vejo desabar o que eu pensara
Pudesse ser a minha redenção
Carinho que se tornou pedra rara
Expressa tão somente a negação.

Eu te amo. Saberás disso algum dia.
Decerto após a chuva uma bonança
Um novo amanhecer já se anuncia
Deixando um sentimento como herança.

O anel que noutro tempo prometeste
Ao me dizer adeus; mal percebeste.




2174


Ao me dizer adeus, mal percebeste
Castelo desabando em movediça
Areia que decerto tu me deste
Depois de tanto tempo nesta liça;

Amor que se perdendo desperdiça
A chance de viver na qual se investe
O sonho de uma vida que enfeitiça
Aquele que ilusão tanto reveste.

Mas tenho uma certeza que a saudade
Virá só me trazer boas lembranças
De tantas maravilhas nas andanças

Por mares, por estrelas e cometas.
Eu quero só guardar felicidade
Assim será contigo, me prometas...

2175

Assim será contigo, me prometas,
Um dia tu verás quanto eu te quis,
A vida traz em si velhos cometas
Eternamente eu sou um aprendiz

Que tenta vasculhar velhas gavetas
Buscando o que o passado não me diz,
Do amor a sensação feita em lancetas
Deixando a minha sorte por um triz.

Eu tenho, saiba disso, sete vidas,
Renasço a cada novo alvorecer,
Tentando novamente reviver

Por mais que tu me tranques as saídas
Eu tenho no meu peito a poesia,
Tu pensas que me espanta em água fria?


2176


Tu pensas que me espanta em água fria?
O que te fez assim logo pensar?
Eu gosto que me enrosco na bacia
Desde que tenha alguém a me molhar.

Se engana quando diz que estou miando
Cachorro vira lata late à toa.
Nem pensa que isto está já me humilhando
Eu sei tu és morena muito boa.

Bem vale tua vinda na janela
Na camisola vejo a transparência
E um seio tão polpudo se revela

Valeu a pena ter tomado banho,
Só por poder ter visto esta potência
Meu dia, esteja certa já foi ganho...


2177

Meu dia, esteja certa já foi ganho
Depois de te saber enamorada,
Não guardo medos trágicos de antanho,
Apenas percorrendo a mesma estrada

Eu vejo que talvez não me perdi,
Tampouco em cada curva eu capotei.
O quanto que em delírio sei de ti
Eu sei que na verdade eu nada sei.

A boca que hoje beijo não disfarça
Decifro teus enigmas e devoras
Distante dos teus lábios segue esparsa
A vida que se ilude sem ter horas,

Embora caminhando sempre ereto,
Morena balançando o meu coreto


2178


Morena balançando o meu coreto
Quebrando com certeza a sapucaia,
Carinho em profusão eu te prometo
Mas venha assim logo a noite caia.

Eu quero esconderijo predileto
Tu sabes que é debaixo desta saia.
Garanto que o jantar será completo
Dos corpos que caíram na gandaia.

Eu quero me embrenhar em teus cabelos
Fazer de nossas pernas mil novelos
E assim a noite inteira sem descanso.

Dançando este xaxado a noite inteira
Agarro na cintura, companheira
Garanto na verdade que sou manso...

2179


Garanto na verdade que sou manso
Apenas procurando a liberdade,
Ao lado de quem amo, quando avanço
Vislumbro ao fim da curva, a claridade.

Ao ver que o temporal já foi embora
Aberto o tempo, solto o pensamento,
A poesia em festa sempre escora
Deixando para trás um mau momento.

Menina que se fez a companheira
Reparte cada sonho e vem comigo.
Paixão que hoje eu bem sei; a derradeira
Servindo como cais, perfeito abrigo.

Depois da tempestade que hoje vinha,
Espero esta menina de tardinha


2180


Espero esta menina de tardinha
E vamos ver um filme no cinema.
Depois tomar sorvete na pracinha
A vida já não traz qualquer problema.

Tentei passar a mão nas suas pernas,
A moça fez um ar de preocupada,
Nas carnes tão macias, duras, ternas,
Tão tenras que merecem ser tocadas.

Depois um beijo audaz em seu pescoço,
Tomei foi um tremendo beliscão.
O grito quase causa um alvoroço
Ficando bem marcado um vermelhão

Mas vale bem a pena a marca roxa,
A mão escorregou, parou na coxa...

2181

A mão escorregou, parou na coxa
Depois de viajar o corpo inteiro
Vontade sem juízo, heterodoxa
Traduz todo o matiz deste tinteiro.

Homólogo desejo eu catalogo
Etéreas emoções; a noite traz
Desejo o teu carinho e desde logo
Encontro o que eu buscara a pleno gás.

Na frouxidão depois do gozo pleno
Detalhes mais sutis: querer atento,
Prazeres que nos tocam, quando dreno
Tomando com vigor o pensamento.

De um mel feito em fartura, encantador,
Teu colo, minha amiga tem sabor


2182




Teu colo, minha amiga tem sabor
De todas as delícias deste mundo.
Perfume de teu corpo sedutor,
Invade meus sentidos num segundo,

E assim extasiado em teu fulgor,
No fogo que me emanas eu me inundo.
Teus seios no meu rosto, num torpor
Causando assim furor que sei profundo...

No paraíso enfim que me prometes
Eu quero ser Adão serás minha Eva
Provarmos da maçã. Corpos se pedem

Fazermos dos dosséis os nossos sets
Amiga o meu prazer, teu corpo leva
Por todos os jardins do divino Éden...


2183

Por todos os jardins do divino Éden
Percorro quando bebo tua pele.
Vontades e desejos se concedem
Enquanto a solidão, amor repele.

À meia noite, Expresso busca a sorte
Vencendo tantos trilhos, se liberta.
Amor, para o futuro, um passaporte
Tornando a nossa vida enfim, desperta

Alertas espalhados pela vida
Dão conta, com certeza desse fato,
A mão que se demonstra mais querida
Permite da alegria este retrato.

Soletro em quatro letras a esperança
De Deus a mais sublime semelhança.





2184


De Deus a mais sublime semelhança
Amor muda o cenário, traz a luz.
Enquanto o verso manso sempre alcança
O brilho, farto amor o reproduz.

Entrego o pensamento à liberdade
Alçando a mais perfeita redenção.
Amor quando se mostra de verdade
Decerto se faz sempre a solução.

Vencendo em calmaria a correnteza,
Eu tenho dentro em mim, a força plena
Que trama com delícias a beleza
Aonde um bem sublime já se encena.

Distante da saudade que emparede,
Deitando meu amor em mansa rede.


2185


Olhares no futuro em paz, eu boto
E vejo o teu reflexo ao mesmo tempo.
Trazendo o que eu pensara tão remoto
Vencendo com ternuras, contratempo.

Morena que mostrou quanto é possível
Amar e ser feliz; esteja certa
Que o mundo do teu lado é mais incrível
Um sonho alvissareiro se desperta

Tornando cada passo mais audaz,
Amor além de tudo, sem engano
Encanta enquanto, calmo, satisfaz
O coração que outrora era cigano.

Ouvindo um canto alegre e tão brejeiro
Sentindo amor sincero, verdadeiro.

2186


Sentindo amor sincero, verdadeiro
Não deixo para trás nenhum detalhe
Beleza de montanha e vale. Inteiro
Vou mergulhando fundo em cada entalhe

Sentindo este calor que enfim me abrasa
Desfruto da delícia de um pomar,
Adentro como fosse a minha casa,
E como até, de amor me saciar.

As mãos que percorrendo o teu vestido
Encontram mil caminhos maviosos,
Em cada novo porto conseguido
Os rumos com certeza mais gostosos.

Assim já desnudados, sem pudores
Colhemos dos jardins, divinas flores...

2187



Colhemos dos jardins, divinas flores
Regadas com ternuras e carinhos.
Belezas em perfumes várias cores
Distantes de outros matos tão daninhos.

Sementes; seleciono quando planto
Adubo bem o solo, galhos podo
Certeza de colher em raro encanto,
Cuidando do canteiro, deste modo.

A vida se permite ser assim,
Teremos o que cedo cultivamos,
Cevando com cuidado este jardim
Com vigor brotarão flores e ramos.

Por isso eu não consigo,amada, crer:
Mal sabes quanto eu quero o bem querer.



2188


Mal sabes quanto eu quero o bem querer
Que vem chegando manso de manhã,
Ajuda com carinho a perceber
Que a vida não se mostra tão malsã

A quem num sonho breve faz valer
A força que se emana do amanhã
Que um vai chegar e nos trazer
Todo o conhecimento da maçã;

Eu te amo, moça bela e tão faceira
Meu verso eu te dedico com paixão.
Quem dera se pudesse a vida inteira

Viver ao lado teu, quanta emoção!
A paz então seria costumeira,
Trazendo para todos, redenção.


2189

Trazendo para todos, redenção
Mudando assim o curso desta história
Deixando no passado a solidão
Percebe em tanto amor caminho e glória.

Ouvindo o canto manso da esperança
Não tem o que virá, cabeça ereta
Olhando para a calma e a temperança
Já sabe da alegria como meta.

Receba cada verso que eu te faço
Louvando a fantasia de poder
Viver eternidade em firme laço
Mudando nossa forma de viver

A vida cobrirá de santidade
Quem traz no peito amor e liberdade

2190

Quem traz no peito amor e liberdade
Encontra a carruagem da princesa
Se mostra na maior felicidade
Espera uma alegria com certeza

Um coração batendo em ansiedade
Sonhando com banquete e sobremesa
No fogo da paixão em mocidade,
Encontra a bem da sorte, a claridade.

Sabendo que o amor, no fundo vence
Não deixa sobrar pedra sobre pedra
Um coração vazio que se medra

Não tem mais jeito, pois ninguém convence,
Agora quem se encontra apaixonado
Não vê numa alegria um só pecado.

2191


Não vê numa alegria um só pecado
Quem faz da fantasia o melhor mote
Um tempo mais sublime anunciado
Na fonte que se quer e não se esgote.

Bebendo da ilusão sigo a teu lado,
Vivendo sem temor o dia a dia.
Um canto de prazer abençoado
Derrama sobre nós a poesia.

O vento num momento, em alto brado
Exclama o que o amor já bendizia
Aos sonhos, o carinho consagrado,
A sorte com firmeza prenuncia

Desejo há tanto tempo demonstrado,
Na tinta da caneta ou no teclado


2192



Na tinta da caneta ou no teclado
Palavras que dedico, verdadeiras,
Falando deste amor iluminado
Moldado em noites claras, feiticeiras.

O corpo da mulher tão desejado,
As noites guardiãs são costumeiras
E o tempo com certeza traz ao lado
Promessas e carícias, cama, esteiras.

Deitando as minhas mãos, passeio lento,
E rondo cada parte, mais audaz.
Amor vem sussurrando pelo vento

E com felicidade sempre traz
O verso que entorpece o sentimento
Explodindo em prazer nos satisfaz...


2193


Explodindo em prazer nos satisfaz
Vontade de seguir os teus caminhos,
Sabendo que encontrando tanta paz
O dia mostrará fartos carinhos.

Andando o tempo inteiro assim, juntinhos
Sem olhar, com certeza para trás
Vivendo sem temer pedras e espinhos
O passo em calmaria é mais audaz.

Amor não vê fronteiras, disso eu sei,
Vencendo uma distância em outra grei
Tornando bem mais fácil navegar

Procelas e tempestas? Ignorando.
Meu corpo num momento te tocando,
Querida namorada de além mar.


2194



Querida namorada de além mar,
As asas – pensamento – vão libertas
Tentando te dizer, vou procurar
Palavras mais exatas, as mais certas

Para poder assim ao te falar
Das noites que passei – foram desertas,
Janelas do meu peito a procurar
Estão escancaradas, sempre abertas;

Meus lábios vão com sede neste pote
Que é feito tanto em mel quanto alecrim.
Amor é com certeza um belo mote

Que Deus já reservou, eu sei, pra mim.
Num tropical cheirinho no cangote,
Eu canto o nosso amor até o fim...


2195



Eu canto o nosso amor até o fim
E nisso tenho a sorte que eu buscara
O tempo vai mudando, e sinto assim
Verão que a primavera já prepara

Na boca, nos teus olhos, tua pele
Erijo catedrais maravilhosas,
A vida num momento nos compele
E vejo as soluções mais fabulosas

Amor que com presteza me domina
Não deixa sequer dúvidas, é nosso.
A sorte que em belezas determina
O quanto eu necessito e sei que posso

Ao ver o dia claro se mostrando,
A rosa da paixão desabrochando


2196



A rosa da paixão desabrochando
Trazendo pro canteiro festa e gozo,
Assim também ao ver que está chegando
Batendo em minha porta, amor gostoso

Que é feito de esperança e de alegria,
Deixando este perfume como rastro
Da rosa que nasceu em claro dia,
Uma alva maravilha em alabastro.

Quem dera se esta flor pudesse estar
Comigo, num momento tão tristonho,
Decerto tanto iria perfumar
Fazendo o meu jardim ser mais risonho.

Na tua tez bonita e mais viçosa
Floresce uma esperança feita em rosa...


2197


Floresce uma esperança feita em rosa
No coração daquele que recebe
A força mais perfeita e maviosa
Na qual enamorado, já se embebe.

A mansidão se emana da alegria
De ser além de tudo, um ser bendito,
Amor quando em amor, amor recria
Chegando num segundo ao infinito.

Nos ritos deslumbrantes da paixão,
O vento pode vir em tempestade,
Porém quando incontida, uma emoção
Cativa expressa o dom da liberdade.

Permite que se sinta, deste jeito,
Teu brilho refletindo no meu peito

2198



Teu brilho refletindo no meu peito
Que é feito como espelho para ti,
Vivendo a vida inteira do meu jeito
Às vezes me encontrei e me perdi.

Amar eu sempre soube é meu direito,
Por isso, meu amor, estou aqui
Chegando de mansinho no teu leito,
Estrela de além mar que conheci

Em noite deslumbrante e mais audaz
Forrando de cetim nossos lençóis
Aonde em toda noite brilham sóis

E todo bom prazer sempre me traz.
Do Porto vem chegando estrela guia
Trazendo em teu amor, tanta alegria...


2199

Trazendo em teu amor, tanta alegria
Eu vivo tão somente por saber
Da doce sensação feita harmonia
Dourando nossa vida em tal prazer.

Eu quero navegar teus pensamentos,
Beber da sorte imensa de ser teu,
Amor que nos tornando mais sedentos
A fonte dos desejos concebeu.

Trafega nos teus olhos, a certeza
De um tempo mais ameno, em raro sol.
Amor quando nos toma traz beleza
Clareia, num momento este arrebol.

Assim ao perceber a liberdade
Amor se traduziu felicidade...


2200


Amor se traduziu felicidade,
Deitando em nossa estrada esta esperança
Aonde eu encontrei tranqüilidade,
A mão de uma ilusão decerto alcança

Semeia nestes campos a alegria
Que é tudo o que mais quero e que me resta,
Singrando os mares loucos, fantasia
Adentra a madrugada em rara festa.

Toando bem mais forte no meu peito
Um canto que me encanta e assim fascina,
O tempo se mostrando do meu jeito,
Na boca delicada da menina.

Deixando a solidão em mar remoto,
Olhares no futuro em paz, eu boto...





2201

E vejo o dia claro que vem vindo
Por sobre nuvens negras, chega o sol,
Certeza do amanhã sublime, lindo
Nos olhos da morena, a luz, farol.

Acostumado a ter amor demais
Sentindo o brilho manso da manhã
Teu corpo em formas belas magistrais,
Fazendo do prazer um doce afã.

Na quietude que forma este cenário
Presença que se mostra sem mistério.
Amor além do tempo imaginário
Vivendo em destemor, não quer critério.

Trazendo imensidão que se deseja,
Numa invasão bendita e benfazeja


2202



Numa invasão bendita e benfazeja
Dois corpos se unificam e se entrosam,
Da forma que se quer e se deseja
Prazeres divinais, decerto gozam,

Suor de cada encontro salga a pele
Sorrisos do depois, quanta alegria.
Ao louco mergulhar amor compele
Viajo neste sonho, em fantasia.

Navegamos tempestas, furacões.
Procelas; não tememos vida afora,
Por isso te desejo tanto agora,

Sabendo bater forte, corações
Não temem as agruras que virão,
Se ancoram com firmeza na paixão

2203


Se ancoram com firmeza na paixão
Os barcos entre danças e promessas
Na cara e mais perfeita sensação
Confesso o que em verdade recomeças

Após a tempestade, inundação,
Não tenho e nem pretendo ter mais pressas,
Causando em nosso bem; transformação
Apenas sobre nós velhas compressas.

O quanto em teus desejos e confessas
Permite que se encontre explicação
Nas setas dos olhares que arremessas,
Bem mais do que qualquer provocação

Com vontade, um desejo em explosão
Desarrumando a cama e o coração



2204




Desarrumando a cama e o coração
Amor feito criança mais teimosa,
Tomado de ternura e de afeição
Arranca espinho e deixa bela a rosa,

Menina neste palco da ilusão
Desfila uma nudez maravilhosa,
Causando no meu peito uma emoção
Deixando minha vida em polvorosa.

Abrindo uma janela no meu peito
Bagunça o meu coreto e faz a festa.
Expondo o sentimento mais dileto.

Querida, como estou tão satisfeito!
Felicidade então, o que me resta
Comendo do meu prato predileto...


2205

Comendo do meu prato predileto
Repito e não me canso, quero mais,
Amor quando se mostra assim dileto
Não teme mais desejos canibais

Desnuda em minha cama, a Diva, a Musa
Estende com vontade o bem querer,
Ao desabotoar a sua blusa
Estampa em maravilha o que se quer.

Das estrelas traduz vontade e luz
Explosão acendendo uma fogueira
Que ao mesmo tempo quer e reproduz
A noite em lua plena e feiticeira.

Arrancando os abrolhos do jardim,
Sinais de uma paixão que não tem fim.


2206


Sinais de uma paixão que não tem fim
Encontro em cada beijo que me dás,
A pele arrepiada sempre traz
Vontade de querer te ter pra mim

Calor que nos refresca em tanta paz,
Ao encontrar teu lábio carmesim
Um beijo tão gostoso que é capaz
De fazer nascer rosa em meu jardim.

Eu sinto o teu perfume penetrando
Numa janela aberta: coração,
Por tanto que eu andei o amor regando

Nasceu a flor mais bela do canteiro,
Com cheiro de alegria e de paixão
Trazendo tanta luz ao jardineiro.

2207



Trazendo tanta luz ao jardineiro
Doce mistério feito em emoção
Um canto que se mostra mais ligeiro
Tocando bem mais fundo o coração.

As flores mais diversas do canteiro
Tramando a quem quiser farta ilusão,
Morena que passando deixa o cheiro
Chamando para a festa, tentação.

Descubro teus caminhos, não me perco
De toda uma esperança eu já me cerco
Depressa lado a lado, a ti me aninho.

Exterminando a dor que não queria
Vibrando com delícias, fantasia,
Recebo dos teus lábios tal carinho


2208



Recebo dos teus lábios tal carinho
Que não esqueço nunca nem devia,
São portadores sempre de alegria
Enchendo de emoção todo o caminho

Florindo com belezas nosso ninho
Que é pleno de ternura e fantasia
Tu és na minha vida o que eu queria,
Meu peito vai batendo em desalinho

Numa taquicardia incontrolável
Ao pressentir chegar moça bonita
Com teu sorriso manso e tão amável

Felicidade enfim já se acredita,
Pois vem tomando forma e mostra a face
Na lua que se entrega sem disfarce...


2209

Na lua que se entrega sem disfarce
Estrela colorida desce em luz
Sem treva que beleza assim esgarce
Um claro instante raro reproduz.

Na límpida manhã, verei teu brilho,
Estonteante trama que se tece
Cevando um coração velho andarilho
Que sabe que em verdade não merece.

Impávido momento que se espalha
Tomando toda a cena num instante
Mudando assim o fio da navalha,
Entende o que se fez mais deslumbrante

Porém fingindo nisso não mais crer,
Tu falas que não quero o teu querer

2210



Tu falas que não quero o teu querer
Embora tantas vezes tenha dito.
Se nada neste mundo te faz crer
Que trago o sentimento mais bonito,

Responda, minha amada, o que fazer?
Já solto em altos brados, no infinito
O quanto que desejo poder ter
O teu amor comigo em belo rito.

Mas creio que talvez num outro dia,
Expondo cada chaga que carrego,
Eu venha te mostrar a devoção

Que é muito mais sincera que eu dizia,
Amor que já te entrego e nunca nego,
Uma explosão intensa de emoção...


2211


Uma explosão intensa de emoção
Crisálidas da paz já se anunciam
Tomado pelo amor, transformação
Momentos delicados prenunciam.

A pele da tigresa em minha pele,
Marrom emoldurando um alabastro,
A santa conjunção em que se atrele
Potência feita em gozo, rijo mastro.

Dançando sobre nós vários cometas,
Cavalgas por espaços inconstantes.
Do quanto eu te desejo em claras metas
Dançamos entre estrelas radiantes;

Afaste num momento, negras nuvens
Motivo pra ciúmes? Tu não tens...





2212

Motivo pra ciúmes? Tu não tens
Tu sabes quando à noite estamos sós,
E mansamente em sonhos quando vens
Meu mundo desfalece logo após

As tramas de loucuras que fazemos,
Nas chamas mais audazes, incendeias,
Se neste emaranhado nos perdemos,
Amores penetrando em nossas veias.

Eu quero que tu voltes mais fogosa,
Com fogo que é difícil de aplacar
Morena, tua pele maviosa
Luzindo em nossa cama faz suar.

Loucuras que nos tornam diferentes,
Audazes, mais felizes, bem mais quentes.


2213

Audazes, mais felizes, bem mais quentes,
Momentos desejosos, rios fartos
Bebendo de teus lábios, sem correntes
Viajo num minuto, salas quartos,

Vivendo o que tivemos por viver
Sem lastros, vamos livres, leves somos,
O quanto de prazer a se verter
Misturas em mosaico, vários cromos

Atores neste palco da esperança
Mergulhos em nós mesmos, mar tão frágil,
Sabendo da alegria como herança
Não temo, tempestade nem naufrágio.

Agonizando o medo, vejo a sorte
Trazendo uma ilusão, revendo o Norte...


2214


Trazendo uma ilusão, revendo o Norte
Os pelos de uma deusa feita em luz
Cicatrizando em paz temível corte
Esquece do passado, faca e obus.

Rancores que se foram sem remédio
Deixando alguma marca, ou cicatriz,
A vida do teu lado nega o tédio
Promessa de saber sonho feliz.

No violão lamentos e baladas
Nas mãos as flores tantas, sem espinhos.
Vencendo assim as frias madrugadas
Tocando em nossas peles, bons carinhos,

Eu sinto amanhecer mais manso e lindo
E vejo o dia claro que vem vindo


2215

O vento feito em brisa, agora eu noto
Depois do temporal, clara bonança;
A voz deste passado tão remoto,
Às vezes melancólica me alcança.

Porém amor que traz farta ternura
Apascentando o medo de voltar
A ter em minha vida esta amargura
Trazendo sobre nós, farto luar.

Eu quero tão somente ser feliz,
E disso faço o rumo que persigo,
Além do que esperança não prediz
Preciso deste amor, demais amigo.

Amor em temporais quer passarinhos
Se a rosa tem perfume e tem espinhos.


2216

Se a rosa tem perfume e tem espinhos,
Que faço se não vivo sem aroma
Gostoso desta rosa que em carinhos
Bem loucos toda noite já me toma.

Bebendo com certeza raros vinhos
Não posso mais negar que já se assoma
Vontade de correr os teus caminhos
Ouvindo: - Vem benzinho, então me coma!

Banquete que eu bem sei pra mil talheres
Fogosa e nesta cama uma pimenta,
Tu sabes que terás quando vieres

Mas por favor, não seja tão ciumenta
Amor não necessita burburinhos
Conhece em mansidão, doces caminhos...




2217

Conhece em mansidão, doces caminhos
Cantando uma alegria em tom maior,
Pensando nos teus beijos e carinhos,
Teus seios, tua boca e teu suor,

Deitando em nossa cama, sedas, linhos,
Caminhos do teu corpo, eu sei de cor.
Encontro nos teus braços, belos ninhos,
De todos os meus sonhos, o melhor.

Vivendo em cada noite, um paraíso,
Entrego-me aos teus beijos, teu sorriso
Deixando para trás a falsidade.

A paz que eu tanto quis agora eu vejo,
Além de simplesmente um bom desejo
Um novo amanhecer em liberdade...






2218

Um novo amanhecer em liberdade
Floresce uma alegria em meu jardim,
Mergulho no teu colo, esta vontade
De ter o teu amor bem junto a mim,

Razão de poder ter felicidade,
Num sonho que não pode ter mais fim,
Se eu tenho, no teu corpo a claridade,
Que faço se distante estou, assim.

Tu tens este poder de seduzir,
E dominas sem nada a me pedir.
Mudando com certeza a direção

Dos passos temerosos do passado,
Vivendo em harmonia lado a lado
Encontro, nos teus braços, mansidão..

2219

Encontro, nos teus braços, mansidão
Claridade que nega treva e breu,
O teu amor, querida, é redenção
A quem durante a vida se perdeu.

Aflora no meu peito esta emoção,
Do amor que sei somente é teu e meu.
Rasgando em alegria o coração,
Pois todo este carinho me venceu,

Agora vou cativo deste sonho,
Promessa de outro dia mais risonho
Aonde o pleno amor nos encontrou,

Revoluções à vista, paz em guerra
Amor em quem a glória já se encerra
Caminho feito em luz glorificou.




2220


Caminho feito em luz glorificou
Porém o meu destino é ser sozinho
Saudade de quem foi e não voltou
Deixando simples sombra sem carinho.

De tudo o que eu pensei nada restou,
Somente esta saudade onde me aninho.
O canto deste sonho me chamou
De volta a percorrer velho caminho

Que leva, num instante à mesma cama
Aonde em toda noite ardia em chama.
Amor que com loucuras se verteu

Em mágicas palavras, sonho breve
Felicidade, agora não se atreve
Matando o que pensara ser só meu...




2221

Matando o que pensara ser só meu
Não quero que meus passos tu evites
Saudade de teu corpo junto ao meu,
Rolando sem juízo e sem limites.

Depois que tu partiste, resta o breu,
Apenas a saudade a dar palpites
Refaço o brilho intenso, que era o teu,
E nisso tudo quero que acredites,

De tudo o que carrego nesta vida,
Tu és a parte nobre, mas sofrida
Do que inda penso um dia que há de vir

O vento da esperança que me roça,
Ao mesmo tempo corta e já remoça
Mudando em pensamento, o meu porvir.


2222

Mudando em pensamento, o meu porvir
A vida é muitas vezes caprichosa,
Não quero mais falar; quero sentir
Teu corpo em noite clara, maviosa.

No brilho de teus olhos, refletir
A lua que luzindo é fabulosa.
Somente o que me resta é te pedir
Que voltes para mim, bela e fogosa,

Senão esta saudade a maltratar,
Pode, mais depressa, me matar.
Calando em cores gris os belos sóis

Dos olhos de quem amo, a luz persigo,
Vislumbro o que sonhara, está contigo
Meus olhos de teus olhos, girassóis...


2223

Meus olhos de teus olhos, girassóis
Encanto libertário, paz e vinho,
As marcas dos amores nos lençóis,
Ficaram, são guardadas com carinho.

Depois de tanto tempo, tantos sóis,
Espero que tu voltes de mansinho,
Brilhando com a força de faróis,
Voltando como um pássaro ao seu ninho,

Trazendo para mim, felicidade,
Matando, com certeza, esta saudade
A cada novo tempo peço abrigo

Nos braços de quem amo plenamente
A sorte em maravilha se pressente
Vivendo esta esperança, amor, contigo...


2224

Vivendo esta esperança, amor, contigo
Um misto de alegria em desalento
Eu quero te sentir junto comigo,
Colando nossas peles, num momento

Retorna; por favor, ao teu abrigo,
Não deixe que me invada este tormento,
Tudo o que mais quero, enfim, persigo,
É ter o teu amor, teu sentimento.

Mas venha antes que a morte, de surpresa,
Me escolha, traiçoeira, como presa.
Tomando em tempestade o coração.

Por vezes imagino o teu carinho
Acordo e na verdade estou sozinho,
Seguindo sem ter paz nem direção...


2225

Seguindo sem ter paz nem direção
Procuro simplesmente temperança
Tristeza dominando o coração,
Não deixa mais um resto de esperança,

Tomado pela dor da solidão,
Apenas a saudade inda me alcança.
Quem dera se tivesse outra emoção.
À noite esta tristeza em fria lança

Destroça o que sobrou dentro de mim,
Aguardo tão somente um triste fim
A noite amarga e fria, a dor agrava,

O quanto eu desejei e nada vinha,
Tristeza que bem sei, somente minha
Impede a liberdade, dura trava...




2226


Impede a liberdade, dura trava
Cravada no meu peito, sem perdão
Saudade me queimando feito lava,
Ardendo assim me invade o coração,

Durante todo o tempo em que pensava
Na força deste amor, na tentação
Qual fosse a fera imensa, firme e brava
Rasgando a minha pele mostra então

O tempo em que sozinho eu te buscara,
Estrela radiante bela e rara.
Em dias tão difíceis, traduzidos

Nos olhos marejados de quem ama.
A vida ao apagar a nossa chama
Fazendo os meus caminhos desvalidos...


2227


Fazendo os meus caminhos desvalidos
O tempo sonegando festa e gala
Raivosa a noite imensa em seus bramidos,
Num momento cruel, assim me abala,

Dos sonhos e caminhos percorridos,
A dor vai aumentando em alta escala,
Meus dias vão perdendo os seus sentidos,
À dor que me invadiu, nada se iguala.

Quem dera se eu pudesse – esperança.
Porém esta saudade é fina lança.
Um fogo que nos queima, mais ligeiro

Do amor que tanto quis e nada resta
A solidão temível, sorte gesta
Saudade me tomando por inteiro...





2228

Saudade me tomando por inteiro
Não deixa que eu perceba a lucidez
Durante tanto tempo, amor guerreiro,
Tomando o coração fez suas leis,

De todos os que eu tive, amor primeiro,
Levando a mais total insensatez.
Ainda estou sentindo o doce cheiro
Daquela que se foi, e assim se fez

Meu último desejo, meu suspiro,
Saudade me cortando como um tiro
Tornando um paraíso mais remoto.

Porém ao perceber o teu sorriso,
Decerto um verso ameno e mais conciso,
O vento feito em brisa, agora eu noto.

2229

Amor faz este mundo ser tão lindo
Trazendo a plenitude da beleza,
Desvendo os seus segredos prosseguindo
Vencendo a mais temível correnteza.

Porém ao mesmo tempo em que deslindo
A sorte que se põe em nossa mesa,
Eu sinto a fantasia se esvaindo,
Deixando em seu lugar, dor e tristeza....

Quem dera se eu pudesse te falar
Do quanto é necessário demonstrar
A cada novo dia o que se sente.

Mas tendo em minhas mãos, a solidão
Que faço se não vejo solução,
O mundo se transforma totalmente...




2230


O mundo se transforma totalmente
Negando simplesmente qualquer rogo,
Na chama da saudade, de repente,
Ardendo em mais cruel e quente fogo,

Meu coração se mostra renitente
E foge num momento deste jogo,
Porém tua lembrança, tão ardente,
Refaz o sofrimento e desde logo,

Marcando no meu peito tais feridas
Tatuam com imagens más, doridas
Gerando a mais terrível tempestade.

Não vendo uma bonança no horizonte,
A vida se permite ao vil desmonte
Roubando o que pensei tranqüilidade



2231

Roubando o que pensei tranqüilidade
A vida em solidão, ora prevejo
Vencer esta saudade, quem há de?
Procuro pelos olhos, nada vejo,

Apenas refletindo a claridade,
Entregue plenamente a tal desejo,
Matando em teu retrato, esta saudade,
Mesmo que somente um relampejo,

O vento da lembrança em mansa brisa,
A dor que me invadiu, já se ameniza
Lembrando de teu corpo, feiticeiro,

Amor que tanto bem outrora fez
Tomando o que restou de lucidez
Expressa um verso livre, aventureiro...



2232

Expressa um verso livre, aventureiro
O quanto amor demais já me enfeitiça
Cativo, teu senhor e prisioneiro,
Vencido e vencedor da bela liça,

Bebendo o teu prazer sou teu inteiro,
No corpo sensual, santa cobiça,
Encontro no teu céu o meu tinteiro,
Vontade de te ter pra sempre atiça.

E teu, somente teu, enquanto és minha,
Vassalo, sou teu rei, minha rainha
Recebo uma alegria como herança

Deitando meu olhar sobre infinito
Esqueço do passado, algum granito
Sabendo que encontrei paz, temperança.



2233


Sabendo que encontrei paz, temperança
Derramo farto amor em nossa mesa
Tomado pelo vento da esperança
Bebendo amargo vinho da tristeza,

A voz de quem desejo já me alcança
Realça ao pôr do sol, sua beleza.
Quem sabe nosso amor, nossa aliança
Ainda venha à noite em sobremesa...

Não fale mais, amor, na despedida.
Amor vai redimir a nossa vida!
Tornando esta alegria farta e plena.

O amor que nos transforma em um segundo
Tomando na bonança todo o mundo
Expressa uma palavra mais amena.



2234

Expressa uma palavra mais amena
Sabendo da alegria um bom sinal
Amor, mesmo que em versos vale a pena,
Ascende a Deus em luzes sem igual.

Mudando em nossa vida toda cena,
Num gesto em que se mostra sensual,
Vontade de prazer amor acena,
Encantos que me dás, sensacional.

Meus sonhos te encontrando, amada em flor,
Traduzem novo dia, encantador.
Depois desse passado tão mortiço.

Não quero ter meu passo assim contido,
Vivendo com quem amo; convencido
Amor é muito além de um vão feitiço.


2235



Amor é muito além de um vão feitiço.
Quadro que em bom matiz ora componho,
Não quero te perder, tu sabes disso,
Cultivo em meu canteiro, nosso sonho.

Em ti encontro a rosa em pleno viço,
E um mundo mais feliz, eu te proponho,
Desejo que me toma, assim cobiço,
Viver eternamente um bem risonho

De ser teu companheiro e teu amado,
Estando o tempo inteiro do teu lado
Descerro em alegrias claro véu.

Encontro bem mais perto, a solução
Mostrando em um momento esta amplidão
Negando o que se fora amargo fel...




2236


Negando o que se fora amargo fel
Poeira no meu peito toma assento
Depois de ter tocado imenso céu,
Achado que era Deus por um momento,

Provado da ilusão, perfeito mel,
Ausência se tornando sofrimento.
Vagando sem destino o meu corcel,
Refaz esta ventura em pensamento

E; viva, uma saudade faz do afago
A tempestade imensa em calmo lago.
Depois de tanto tempo, sobrou nada.

A gente se perdendo em noite fria
Matando o que restou de poesia
Tornando a nossa sina malfadada...




2237


Tornando a nossa sina malfadada
Meu erro, com certeza: amar demais,
Viver o que perdi na longa estrada,
Sabendo que talvez não tenha mais

O brilho da mulher, divina amada,
Meu barco não encontra o velho cais,
Apenas minha vida, vai alçada
Ao sonho de saber que a noite traz

Lembranças do que fomos, e perdemos.
Unindo nossas forças, nossos remos.
Enfrento o temporal, temível chuva

No solo que plantara nosso amor,
Sonhando com divina e rara flor,
Tomado pelas urzes, por saúva...




2238

Tomado pelas urzes, por saúva
Canteiro se traduz em falsidade
O cheiro de uma terra após a chuva,
O rosto da manhã em claridade,

Saudade já me cabe como luva
E traz de novo em sonho a liberdade.
Qual canto nas tristezas de viúva
A vida ressuscita-se em saudade.

Mendigo cada toque do passado,
Tentando reviver, recuperado
Mudando num segundo antigo trato,

O rito anunciado não mais veio,
Apenas perpetrando o velho anseio
Ao mesmo tempo sonho e me maltrato...



2239


Ao mesmo tempo sonho e me maltrato
Fazendo em solidão versos ateus.
Meus olhos inda miram teu retrato,
Espelhos de minha alma que são teus

O dia se tornou cruel de fato,
Apenas me restando o triste adeus.
Na ventania imensa, o meu regato
Procura renascer momentos meus.

E assim, seguindo a sombra de mim mesmo,
Caminho e tantas vezes; vou a esmo
Pensando na longínqua e fria glória

Recebo o vinho amargo da saudade
Ceifando o que pensei ser liberdade
Tornando a minha vida merencória...


2240

Tornando a minha vida merencória
Uma esperança agora eu já perdi
Recordações tão vivas na memória,
Marcantes os momentos que vivi.

Guardada fielmente em minha história,
Alçando o pensamento volto a ti.
Saudade se demonstra em plena glória,
De um tempo que jamais eu esqueci.

Marcando em cada gesto, volta à tona,
O que jamais morreu, tão só ressona
Trazendo simplesmente dissabores

Altares da alegria; eu não os vejo,
Matando em nascedouro o meu desejo
Buscando o que tivera em claras cores...




2241


Buscando o que tivera em claras cores
A sorte eu sempre soube caprichosa
Vieste dirimindo minhas dores,
Mostrando a nova vida, maviosa.

De todas as sonhadas, belas flores,
Rainha do jardim, divina rosa
Agora irei contigo aonde fores,
Estrela que me guia, radiosa.

Amor, imenso sonho em plenitude,
Refaz no entardece, a juventude
Não sabe e nem pergunta mais por que.

Tristeza se perdendo em emoção,
A boca que me beija em sedução
Amor em fantasia que se dê.



2242

Amor em fantasia que se dê
Encontra finalmente o que bem quis
Apaixonado eu sigo por você,
A cada novo dia, mais feliz.

O meu olhar procura e sempre lê
Palavras que meu peito agora diz,
Do amor no qual meu verso vive e crê
Inspiração jorrando em chafariz.

Sabendo que sou seu, amada prenda,
Segredos desta vida, amor desvenda...
Um sonho sem igual vai prosseguindo

Buscando um doce alento em mansos braços
Riscando em perfeição divinos traços,
Amor faz este mundo ser tão lindo.





2243

A fonte do prazer jamais esgoto
E deixo a vida sempre me levar
Além deste infinito tão remoto
Maior que toda a força deste mar.

Eu sei que nada mais me impedirá
De ter o que sonhara o tempo inteiro
Por isso é que eu desejo desde já
Amor que seja sempre verdadeiro,

Hospedo no teu corpo essa vontade
De sempre querer tanto e muito mais.
De toda esta ternura que me invade
Carícias em delírios sensuais.

Quais fossem duas loucas andarilhas,
Minhas mãos apalpando maravilhas.


2244

Minhas mãos apalpando maravilhas,
Descendo por teu corpo querem mais,
Nos seios e nas coxas, nas virilhas,
Buscando este tranqüilo e raro cais

Aonde desemboca o meu prazer,
E com vigor adentra a bela furna,
Num fervilhante mar vai se aquecer,
Tomado por vontades em ternura.

Recebo o gotejar delicioso
Que pressinto invadir em convulsão,
Deitando sobre um rio caudaloso,
Na fúria sem igual de um furacão.

Assim, corpos sedentos se saciam,
Nos gozos sensuais que nos viciam..


2245

Nos gozos sensuais que nos viciam
Encontro meu alento em raro encanto,
Momentos que prazeres propiciam
Teu corpo me servindo como manto.

As horas do teu lado, inesquecíveis,
Vislumbro o que desejo há tantos anos.
Carinhos em delírios mais incríveis
Deixando para trás os desenganos

Eu vivo tão somente por saber
Do quanto amor nos toma e assim devora,
Ao lado de quem sei o bem querer
Não quero e não pretendo ir mais embora,

Deixando para trás um dia tenso,
Queria ser o sol em brilho intenso.



2246

Queria ser o sol em brilho intenso
Deitando em tua cama assim te aquece,
Rogando em tua pele, tanto penso,
Numa espécie de canto feito em prece.

Dourando tua cútis, me entranhando,
Roçando tuas coxas e os teus seios,
Beijando tua boca e te tocando,
Sentindo o teu desejo em tais enleios.

E vigorosamente vir inteiro,
Lambendo com meus raios tal nudez,
Teu corpo delicado, enfim, trigueiro,
Num ato de perfeita insensatez.

O sol que se enamora a cada dia,
Deixando bem distante a noite fria...


2247

Deixando bem distante a noite fria.
Calor em rara ardência; em ti, descubro.
Vivendo da maneira que eu queria
O fogo da paixão intenso e rubro.

Sentindo este bafejo da esperança
A mão que acaricia necessita
No corpo desejado uma aliança
Tornando a nossa vida mais bonita

Eu tenho dentro da alma esta certeza
De um tempo em que o amor tomando a cena
Derrame sobre nós tanta beleza
Num ato de ternura rara e plena.

Buscando este viver maravilhoso,
Mergulho no teu mar. Vou desejoso.

2248



Mergulho no teu mar. Vou desejoso,
Querendo cada gota prometida,
Sorvendo e destilando cada gozo
Nos méis maravilhosos, nossa vida.

Ao ter teu corpo lânguido e sedento,
Misturo nossos lábios e salivas.
Atado nas vontades, num momento
Atraco no teu porto, tais ogivas

E na explosão das minas eu me rendo,
E deixo-me levar, do amor cativo.
Fartura de banquetes que pretendo,
Dos gozos mais benditos, eu me crivo...

Do quanto o nosso amor farto se fez
Vontade de encontrar tua nudez.

2249

Vontade de encontrar tua nudez
Na cama prazerosa dos meus sonhos,
Roçando tua pele, tua tez
Com lábios tão vorazes e risonhos.

Depois dançarmos juntos, ritual,
Acasalarmos gozos e promessas,
Num sensual caminho triunfal
Aonde teus desejos me confessas,

E assim noites afora, sem limites,
Dando vazão a tantas fantasias,
Bebermos deste sonho em que me excites
Amor que se promete em mil orgias

Transforma uma ilusão, plena certeza,
Crisálidas se abrindo em tal beleza

2250


Crisálidas se abrindo em tal beleza
Enaltecendo aos deuses criadores.
Formando com amor mostra a destreza
Da natureza plena em seus fulgores.

Da larva que já foi, sequer notícia.
Alçando espaços, lépida figura
Que entregue à maravilhas em carícia
Voando em perfeição, uma escultura.

Eu quero esta crisálida comigo,
Refeita em borboleta maviosa,
Que não teme mais qualquer dor ou perigo
E destemida, sabe quando goza...

No gozo que esta vida já conceda
Teu corpo, meu altar, bela vereda


2251


Teu corpo, meu altar, bela vereda
Aonde percorrendo num momento,
Percebo em teu calor o sentimento,
Que queima em maravilha, labareda.

Eu peço que o amor já nos conceda
A fome de se ter fogoso vento
Ardendo em nossa vida, forte e lento,
Impedindo que chegue qualquer queda.

Vontade de te ter aqui; desnuda;
Beleza emoldurada nos lençóis,
Voracidade agora, antes e após,

Eternidade em fúria que me acuda
E marque meu pescoço com teus dentes,
Sinais do amor profano que já sentes...


2252


Sinais do amor profano que já sentes
Do jeito que o diabo sempre gosta
Cravando em minhas costas os teus dentes
Meus dedos apalpando cada encosta.

Vulcânica expressão em fogaréu
Amor não deixa nada pra depois
Voando em liberdade, alçando o céu
Delírios sem delitos de nós dois.

Nos gestos e promessa, risos tantos,
Vasculho cada canto, encontro a paz.
Vencendo com brandura estes quebrantos
Decifra enquanto cedo satisfaz,

Pois sinta a maravilha que se apronte,
Quando a brisa roçar-te, mansa, a fronte.


2253


Quando a brisa roçar-te, mansa, a fronte,

E o vento balançar os teus cabelos,

Olhando para frente, no horizonte,

Teus olhos fulgurantes; quero vê-los!


Estrelas transformadas em sorrisos,

Vertentes de esperança, lagos plenos

Repletos de carinhos mais concisos,

Guardando teus momentos mais serenos.


Viajo pelos astros, rumos, lumes

Que emanas de teus olhos deslumbrantes,

Meus olhos são pequenos vaga-lumes


Nos trilhos, teus faróis, fortes. Gigantes.

E assim, apenas sou um sonhador

Encontrando, num brilho, tanto amor


2254

Encontrando, num brilho, tanto amor
Eu sei que sou feliz, isso me basta,
Um dia amanhecendo em tal vigor
De toda uma tristeza nos afasta.

Compondo a fantasia mais sublime
Não tendo mais temores, vou em frente,
O quanto em farto amor, amor se estime
Mudando a nossa vida de repente.

Vivera, no passando, esta agonia
De ter leda e distante uma emoção,
O canto em esperança me dizia
Da força inestimável da paixão.


Às margens de um amor, vivia tenso
Qual náufrago de um sonho em mar imenso.




2255

Qual náufrago de um sonho em mar imenso
Que encontra em um atol; porto seguro,
No amor que te dedico sinto e penso,
Deveras dos meus erros me depuro.

Meu barco; na partida, em alvo lenço,
Deixara uma saudade, sem apuro.
Mas logo a tempestade em céu tão denso,
Ao soçobrar perdeu-se, mar escuro.

Amor; um timoneiro persistente,
Encontra ancoradouro em manso cais.
A salvação mostrando-se evidente

Permite que se estenda em firmes laços
E atraque em segurança. Os vendavais
Da vida me aportaram nos teus braços...

2256

Da vida me aportaram nos teus braços,
Os barcos de meus sonhos, fantasias.
Estreitam-se, com força nossos laços
Sabendo deste amor, as garantias.

Não quero mais viver desiludido,
Nem mesmo que me sangrem as promessas
O quanto amor é bom, se repartido,
Tu sabes e decerto me confessas.

Não temos mais motivos pra sofrer
Tocados pelo gozo da ventura
Que mostra toda a força do prazer
Calando com sorrisos a amargura.

Depois de meu passado triste e roto,
A fonte do prazer jamais esgoto.



2271

Depois de um tempo amargo, ora remoto
O amanhã se promete mais airoso
De estrelas, coração em paz eu loto
Provendo amanhecer maravilhoso.

Recôndita emoção já se aflorando
Refaz antigo passo, trama a festa
Um dia que virá; decerto brando,
Felicidade plena, cedo atesta

Vivendo o que me resta do teu lado,
Não temo mais as pedras nem espinhos.
Num tempo tão perfeito vislumbrado,
Certeza de alegria, lua e pinhos.

Que toda fantasia, num instante
Em glória extasiante nos encante...






2272


Em glória extasiante nos encante
Deixando no passado um sonho aflito
Solidão se mostrando mais distante,
Acode-nos o canto tão bendito

Moldando um novo sonho deslumbrante,
Ganhando sem limites, o infinito,
Soltando em pleno espaço, num instante
Alçando o paraíso em belo rito.

Amiga não se esqueça de que a vida
Deve ser sempre amada e tão querida.
Estenda em tuas mãos um alvo lenço

E a paz que procuramos; já sabemos
Tomando em nossas rotas, mãos e remos
Da força da amizade eu me convenço...



2273


Da força da amizade eu me convenço
Delícia em liberdade já sentinto,
Aos olhos de quem ama, um brilho intenso
A cada novo dia, ressurgindo,

O medo de perder, tornando tenso
O canto que se fez em dia lindo,
Porém se na amizade eu sempre penso,
O vento em calmaria já vem vindo

Batendo na janela enfim me traz,
A perfeição dileta, plena paz
Deixando para trás uma agonia.

Eu tenho nos meus olhos a certeza
De um tempo em que o carinho já se preza
Quem sabe esta amizade me diria...



2274


Quem sabe esta amizade me diria
Das horas que decerto não sabiam
Olhares de quem ama e não confia,
Distâncias gigantescas já traziam,

Na pérfida ilusão que parecia
Que nunca, novamente raiariam,
Mas nasce em luz mais branda um novo dia
Que em versos tantas glórias me diriam.

Esperança que se mostra benfazeja
A quem; perfeito encanto assim deseja.
Uma amizade muda toda a história

Calando a mais terrível solidão,
Tomando em luz brilhante, esta amplidão
De dores e de bênçãos, divisória...





2275


De dores e de bênçãos, divisória
A força que suplanta céu e mar
Meu sonho de amizade é feito em glória,
Sem medos que nos possam maltratar,

Mudando num momento nossa história,
Alçando a liberdade de um luar.
Quem dera se eu pudesse sem vanglória
De toda esta alegria desfraldar.

Assim, talvez não venha dor profana,
Que mata e; muitas vezes, desengana.
Supera com firmeza, medo e intriga.

No encanto que se mostra em clara luz
O nobre sentimento se conduz
Nos passos de meu sonho, minha amiga.


2276

Nos passos de meu sonho, minha amiga,
O laço mais estreito que nos une.
Que a sorte benfazeja nos bendiga,
Senão a morte vem e cedo pune

Aquele em quem a paz já não se abriga,
Embora tantas vezes creia imune
Permite que o caminho em paz prossiga
Sem nada que o impeça ou importune

Aberto o peito, a vida não se cansa
De ter numa amizade esta esperança
Negando qualquer forma de embaraço.

Azulejando a vida, vou contente,
Sabendo deste sonho tão premente
Receba cada verso que eu te faço..


2277


Receba cada verso que eu te faço
Com coração aberto, pois garanto
Que sempre que eu puder estreito o laço
E seco toda a dor, enxugo o pranto,

Pois pode enfim contar com o meu braço,
E em toda a mansidão de cada canto
Firmando com ternura, passo a passo,
Entendo na amizade um brando manto.

Sem medo do que venha acontecer,
Trazendo em segurança o alvorecer
Fazendo da esperança um bom ungüento.

O quanto é necessário prosseguir
Vislumbra em calmaria este porvir
Deixando bem distante algum tormento.




2278

Deixando bem distante algum tormento.
A vida se permite a teus carinhos
Amiga, não se esqueça um só momento
De todo amor que uniu nossos caminhos,

Buscando uma alegria, vou sedento,
Bebendo da amizade doces vinhos,
Poeira no meu peito toma assento,
Ternura emoldurando nossos ninhos,

Valores que amizade nunca nega,
Em mares tão fantásticos, navega
Enquanto uma esperança já comanda

A vida de quem sabe o que mais quer,
Do jeito mais sublime que vier
No peito em que emoção deseja e manda...


2279

No peito em que emoção deseja e manda
A correnteza às vezes se faz brava,
A vida que em momentos já desanda,
Trazendo uma tristeza feita em lava.

Alvoroçando estrada outrora branda,
Deixando no caminho amarga trava,
Formando desventura tão nefanda,
Que mais profundamente me cortava,

Os golpes mais cruéis já recebidos
Turvando em treva imensa os meus sentidos.
Amor em solidão sonhos degrada.

A sorte se perdendo num segundo,
O corte feito em sabre é mais profundo
Doída, a minha voz desesperada...


2280

Doída, a minha voz desesperada
Deixando bem distante uma ternura
A marca da tristeza afigurada
Mostrando tão somente a desventura

Restando em nossa vida quase nada,
A noite ressurgida em treva, escura,
A sorte em outros tempos bem fadada,
Agora vai mudando de figura

E traz desesperança como marca,
Naufraga em solidão a minha barca
Em portos tão funestos ancorados

Os gozos de quem sempre quis bem mais,
Distante de teus braços, perco o cais
Remansos em tormentas, alagados...




2281

Remansos em tormentas, alagados
O medo de viver queimando lento
Os sonhos que tivera, espedaçados,
O mundo se pintando em fingimento,

Os dias vão passando, transtornados,
Sobrando tão somente um vão tormento,
A seca dissemina sobre os prados,
Da esperança sequer um bom momento,

As águas já secando em plena fonte
As nuvens mais sombrias no horizonte
Destino noutros rumos, vai malgrado

Açoites da ilusão, minha alma afásica
A boca que me morde, assim, chagásica
Meu passo segue, enfim, desencontrado...




2282

Meu passo segue, enfim, desencontrado
Distante do que fora paz e abrigo,
A morte já mandando o seu recado,
Encontra a cada curva, outro perigo,

A dor vai ecoando em alto brado,
Um passo para frente e não consigo,
Atado aos elos duros do passado.
Um sonho que me acalme, em vão, persigo.

Quem sabe em ilusão ressurja um dia
Nos brilhos da alvorada: fantasia
Trazendo novamente a claridade

Mas nada do que eu possa vislumbrar
Permite que eu consiga imaginar
Depois do temporal, tranqüilidade...



2283



Depois do temporal, tranqüilidade
Que há tanto tempo eu sempre perseguia
E sinto vir o vento da amizade,
Em mansa sensação de calmaria,

Trazendo para a treva, claridade,
Raiando em emoção santa alegria,
Quem sabe ser possível liberdade,
Além do que pensara, até sabia,

Refazendo o meu canto, em novo verso,
Alçando em pensamento outro universo
Embora muitas vezes caprichoso

Que possa permitir um canto leve,
No amor que uma amizade sempre ceve
Um dia que virá maravilhoso...



2284


Um dia que virá maravilhoso
Impede totalmente a derrocada
Do canto da amizade, desejoso,
Percebo a vida sempre iluminada,

Depois de caminhar tão receoso,
Encontro uma esperança demarcada
No sonho que me fez mais orgulhoso
De ter sempre ao meu lado em minha estrada,

A força que me toma e assim me abriga,
Nos braços de quem amo; minha amiga
Um sonho mais audaz, feliz eu boto.

Meu verso se apazigua neste instante
Bebendo o farto mel, doce e constante
Depois de um tempo amargo, ora remoto.
2285

O medo de viver vai se extinguindo
Enquanto amor domina toda a cena,
Vivenciando a paz que ressurgindo
Já deixa nossa vida mais amena.

O quanto do teu lado, amor, deslindo
A mansidão que em luzes concatena
O tempo de sonhar, assim, cumprindo
Fazendo do meu peito, calma arena.

Beber desta alegria, ser feliz
É tudo o que se quer, amor prediz
O quanto fantasia vaticina.

Na boca delicada que se dá,
Beleza que decerto mudará
Transformação bendita, pois divina.

2286



Transformação bendita, pois divina
Tornando o nosso sonho satisfeito
Falando deste amor que é minha sina,
Fomento de esperanças no meu peito.

A vida do teu lado, a paz assina
E mostra ser possível o antigo pleito
De ter uma emoção que descortina
Um novo amanhecer sobre o meu leito.

Vencendo as intempéries, tempestades,
Percebo nos teus olhos, claridades
Deixando este passado tão medonho,

Um Eldorado em paz, eu já prevejo,
Tocado pelas chamas do desejo
Um tempo mais feliz, ora componho...

2287



Um tempo mais feliz, ora componho
Sem medo, em destemor, bendito ungüento,
No passo sempre firme deste sonho,
Vagando na amplidão, cada momento,

Num canto mais preciso eu te proponho
A força mais tenaz de um sentimento,
Que possa transbordar em mar risonho,
Trazendo para a vida um manso vento,

Capaz de transformar em harmonia,
O que se fez paixão e ventania.
Caminho mais sublime, amor retoma.

Eu tenho esta esperança e ninguém cala,
A sorte que do amor se faz vassala
Depressa em alegrias nos assoma...

2288


Depressa em alegrias nos assoma
Enquanto nos domina, satisfaz,
Reféns do amor imenso que nos toma,
Fazendo desta vida, glória e paz,

Dois corpos multiplicam cada soma
E a vida nos propõe um canto audaz
Quebrando a solidão, já sem redoma,
O manto da alegria, a noite traz,

Constelação divina, rara e bela,
Deitando em minha cama, reina a estrela
Girando neste espaço, carrossel.

O beijo de quem amo me redime,
Viver sem ter amor é quase um crime,
Olhar tão solitário é mais cruel...

2289


Olhar tão solitário é mais cruel
A vida sem amor perdendo o lastro,
Meu verso vasculhando, ganha o céu,
Procura por pegadas, cada rastro

Deixado pelos passos de um corcel
Nos seios da mulher, puro alabastro,
Os olhos descortinam claro véu,
Quem dera se eu pudesse ser um astro

Ganhando a eternidade em manso beijo,
Num mundo mais gentil que em ti prevejo
Uma alegria imensa como lei.

Depois de tanto tempo, assim vazio
A senda sempre flórea, agora eu crio
Conforme nos meus sonhos, procurei...

2290

Conforme nos meus sonhos, procurei
Eu tenho esta alvorada mais querida
Após as dores tantas que passei,
Os medos que invadiram minha vida,

Agora que, feliz, eu te encontrei,
Do labirinto, encontro uma saída,
No mar de tanto amor, eu mergulhei
Deixando a dor distante e já vencida.

Eu quero que tu saibas deste encanto
Da noite constelada em claro manto
Eu faço o meu cantar, além de um rito

Um hino dedicado ao pleno amor,
De todas as batalhas vencedor
Vencendo em mansidão, duro granito...

2291


Vencendo em mansidão, duro granito
Amor emoldurando a fantasia,
Alçando em teus carinhos, o infinito,
Bendigo a vida em plena sintonia,

Do amor que há tanto tempo estava escrito,
Dourando a minha vida em alegria,
De tudo o que disser ou que foi dito,
Jamais uma palavra me traria

A tradução perfeita que persigo,
Falando deste amor, audaz e amigo
Entendo nossos dias mais contentes.

Olhares quais faróis iluminando
Um sonho que em belezas deslumbrando
Estampa luzes tais, iridescentes...

2292

Estampa luzes tais, iridescentes
Deixando para trás noites escuras,
Os dias sem te ter vão penitentes,
As horas já não passam; tristes, duras,

Teus braços como raios envolventes
Garantem caminhadas mais seguras,
Teus olhos que me guiam, reluzentes,
Banhando cada passo com ternuras.

Carícias se derramam como lavas,
Minha alma ganha espaço e vai sem travas
Encanto em alegria se pressente.

Não quero estar distante de teus passos
Amor tomando assim tantos espaços
Invade o coração de toda gente...

2293


Invade o coração de toda gente
Amor tomando sendas tão formosas
A cada novo dia, mais contente,
Canteiro em profusão, perfeitas rosas,

Um sonho mais feliz, vida consente,
Distante das outrora temerosas
Tempestas em vazio penitente
Agora em emoções maravilhosas,

O sentimento ganha da razão
Na força desmedida, uma paixão
Que de repente tudo transformou,

Encanto sem limites promovendo,
Belezas infindáveis promovendo,
Nosso caminho, amor determinou...


2294

Nosso caminho, amor determinou
Entregue à mansidão de um calmo vento
De toda uma ilusão, amor restou
Tornando o meu viver bem mais atento,

Sabendo deste sonho; iluminou
Rondando em emoção meu pensamento,
Amor que num segundo se mostrou
Ausência de mentira e fingimento.

A vida nos teus braços determina
Que a sorte se refaça, uma menina.
Mudando num momento a direção

Demonstra a qualidade do viver,
Trazendo para nós raro prazer
Causando a mais total transformação.

2295


Causando a mais total transformação
Um sonho que se fez abençoado
Taquicárdico e louco coração
Nos passos do desejo vai, levado

Pelos raios mais fortes da emoção,
Recebe a ventania em calmo prado,
Fazendo sem saber, revolução,
Completamente insano, assim tomado,

Fagulhas incendeiam cada dia,
Tornado em sentimento, fantasia
Sabendo deste amor que é de verdade,

Enquanto em fortaleza se oferece,
Destino mais saudável ele tece
Na força desta luz que nos invade.


2296

Na força desta luz que nos invade
Encanto feito em glória se assomou
Meu corpo te buscando e na vontade
Que um dia em fantasia me tomou,

Entorno sem limites, saciedade,
De tudo o que aprendi, e agora sou,
Descubro- até que enfim – felicidade,
Na pele que em loucuras me tocou.

Do gozo mais perfeito que persigo,
Apenas junto a ti – amor – consigo
Saber que é bem possível a alegria

Atrelo cada verso ao paraíso
Que sinto no teu toque mais preciso
Além de simplesmente fantasia...

2297

Além de simplesmente fantasia,
Da sensação deste dever cumprido,
Recebo a luz em tua companhia,
De toda uma esperança, convencido,

Do quanto desejava e bendizia
O passo bem mais firme e decidido,
Moldado em santa paz e em harmonia,
Trazendo o meu destino resolvido,

Aprazo em noite clara o sentimento
Que molda a plenitude, num momento
Negando em paz perfeita o desengano.

Levando dentro em mim esta esperança
A mansidão em glória amor alcança,
O sentimento nobre e mais humano...



2298

O sentimento nobre e mais humano
Que a vida em alegria me declara,
Encontro no teu corpo o soberano
Prazer que tantas vezes procurara,

Vagando por estrelas, vou insano,
Bebendo desta fonte em água clara,
Não me deixo levar mais por engano,
Meu passo em tuas pernas já se ampara

E mostra ser possível a liberdade
Do amor que me ensinou tranqüilidade
A cada novo gesto declarado.

Eu vejo finalmente a bela aurora
Que em raro amanhecer já se assenhora
No encanto a deus amor glorificado.

2299

No encanto a deus amor glorificado.
Palavras com destreza corajosas
Do sonho de te ter, determinado,
Reféns das emoções maravilhosas,

Depois de tantos erros, no passado,
Aprendo a cultivar perfeitas rosas,
E alçando este infinito, vou ao lado
Das asas deste amor, sempre formosas.

E a voz que me ordenando, eu obedeço,
Imerso na paixão, não sei tropeço
Seguindo em mansidão a correnteza

Vibrando esta alegria de poder
Sentir o que este amor já quer dizer
Trazendo para nós a fortaleza...


2300

Trazendo para nós a fortaleza
A sorte deste amor já me dizia
Não quero mais saber de uma tristeza
Que um dia, foi sincera companhia,

Rompendo das paixões, cada represa,
Num mar de amor intenso, em ventania,
Transborda inundações, na correnteza
Voraz que me transporta em alegria

Encontro a solução para os meus ais,
No amor que me invadiu, meu porto e cais
Um dia feito em sol, tão claro e lindo.

Nas mãos do sentimento que nos toca,
No bem em que esperança se retoca,
O medo de viver vai se extinguindo.



2301


O quanto sou feliz contigo, amor
Permite que imagine um paraíso,
Jardim abrilhantando rara flor,
Destino que em bonança eu sempre viso.

Num átimo, a beleza sem igual
Tomando cada verso, dita o mote
Sorriso muitas vezes casual,
A lua assiste tudo em camarote

Beijando com seus lábios cor de prata
Acena com vontades e ciúmes.
A pele bronzeada me arrebata
Deitando sobre amor doces perfumes

Derramas teus farnéis feitos carinhos
Ao abrires – volúpia- os teus caminhos



2302

Ao abrires – volúpia- os teus caminhos
Adentro com total insanidade,
Penetro em cada canto com vontade
Querendo inebriar-me com teus vinhos

Roubados em altares toda tarde
Deitando nos lençóis, sedas e linhos,
Na fúria dos desejos sem alarde
Amores e prazeres são vizinhos.

Meus dedos percorrendo tua pele,
Mucosas, umidades, convulsão
Em arrepios goze se revele

E trame novamente esta viagem
Divina que em profana embarcação
Resgata uma procela em louca aragem...


2303

Resgata uma procela em louca aragem.
O amor que nos promete insensatez
Mudando num segundo a paisagem
Estampa a fantasia em tua tez

Riscando nossos céus, doce cometa
Trazendo as boas novas, rastro em luz.
Fantásticas viagens; acarreta
Enquanto ao paraíso nos conduz.

Farturas em divina providência,
Não cessam nem durante um vendaval;
Palavra que se diz em eloqüência
Num rito sem limites, sensual.

Sabendo no teu corpo, refrigérios,
Eu quero desvendar os teus mistérios...

2304

Eu quero desvendar os teus mistérios
Guardados entre as pernas, paraísos...
Chegando devagar sem dar avisos,
Descobrindo teus mares, teus impérios
E a noite em harmonia sem critérios
Descendo pelos corpos, beijos, risos,

Até chegar ao leito deste rio
Que inunda em tempestades faz a festa.
Recebo o teu perfume em que me guio
Ao penetrar conciso, a bela fresta
Num misto de prazer vontade e cio,
Amar sem ter limite. O que me resta.

Vencido ao adorar a vencedora,
Cativo, quero sempre a qualquer hora...


2305

Cativo, quero sempre a qualquer hora
Carinhos entre lábios e torturas
Sevícia feita algemas. Não demora;
Realça nossos sonhos e loucuras.

As bocas se procuram: dentes, unhas,
As mãos que se viajam sem fronteiras
Apenas as estrelas, testemunhas,
Nos lambem com seus brilhos, feiticeiras...

Descubro descaminhos entre sendas
Diversas tempestades nos rocios.
As pernas em tenazes, sem contendas,
Explodem fendas, furnas, nossos cios.

Na sede que se mata em luta intensa,
A noite nos trará tal recompensa

2306

A noite nos trará tal recompensa
Depois de um dia imenso em solidão,
Tu sabes quanto amar sempre compensa
Ainda mais se é feito com paixão.

Na nossa cama, em chama tão intensa
Fogueira das vontades, do tesão,
Deixando para trás a vida tensa
Nas tesas sensações, pura emoção...

No vale em que aprofundo expedições
Na busca de um tesouro, diamantes.
Dois corpos que se encontram, dois amantes

Promessa de loucura e tentações.
Fazendo desta cama a catedral
Na prece redentora e sensual...


2307

Na prece redentora e sensual
Certeza de total insanidade.
Deitando sobre a praia, no areal,
Encontro o que busquei: felicidade...

As ondas nos lambendo, coxas, pernas,
Os olhos do luar tão invejosos.
As bocas que se sabem sempre ternas
Sangrando pouco a pouco, tantos gozos.

Como dois animais bebendo a vida
Sem medo e sem pudores, peito aberto.
História em tais loucuras decidida
A chuva transbordando num deserto.

Enquanto a poesia, assim, declara
Acalantos de amor em noite clara.

2308




Acalantos de amor em noite clara,
Dedilho um violão, e ao pontear
Deitando nosso amor sob o luar
Sonhando com teu corpo que me ampara

Estrela que num brilho, fonte rara
De todos os desejos, vem tocar
Emoldurando um sonho, devagar,
Além do que talvez imaginara

Um coração que busca pela estrela
Raiada em madrugada seresteira.
Mulher, no fogo intenso, feiticeira

Cigana que desnuda em noite bela
Adentra minha cama e vem comigo
Fazendo do prazer, o nosso abrigo...


2309

Fazendo do prazer, o nosso abrigo,
Encontro as feras todas que eu buscava,
Vivendo sem limites, vou contigo
Viagem que permite intensa lava.

Amor sem servidão pleno em delícias
Cativa enquanto fere em beijo e fogo,
Vulcânica explosão, loucas sevícias
Tomando num momento, o nosso jogo.

Sem rogos, sem temores, mas audaz.
Voracidade em fúria desmedida,
Do quanto é necessária calma e paz
Loucura transtornando a nossa vida.

As noites entre chamas são eternas,
Num turbilhão de braços, coxas, pernas.




2310

Num turbilhão de braços, coxas, pernas
Misturas divinais em polvorosa
Um carrossel rodando em noites ternas
Em toda esta loucura fabulosa

Quem dera se pudessem ser eternas
As noites em que amando, já se goza
Bebendo as maravilhas nas cisternas
Aonde nossa vida é mais formosa.

Em ritos de hedonismo, contrações;
Adentro as cercanias, gêiser, fogo.
Ardendo em teu prazer, me entrego ao jogo

As cenas se repetem, convulsões,
Florescem nossas flores em banquetes
E a dose sem limites, tu repetes...


2311

E a dose sem limites, tu repetes
Pedindo novamente, sempre mais.
Nas camas, nas esteiras, nos tapetes
Meu corpo do teu corpo faz seu cais.

Gemidos e sussurros não poupamos,
Apenas deciframos mais enigmas
Nos poros e nos olhos nós sangramos
Marcando em cicatriz mansos estigmas.

A lua ejaculando raro brilho
Por sobre a imensidão desse oceano,
Aventureiro, estrelas quando trilho,
Enquadro cada imagem: sonho insano.

Enquanto a noite segue em fúria plena
Eu trago esta moldura em rara cena.



2312




Eu trago esta moldura em rara cena
De amores envolventes e sutis.
Felicidade é feita em noite amena
Alando nosso sonho, um aprendiz

Que vive em juventude luz serena
Alçando um canto livre, como eu quis.
A porta que se abriu já não se empena
E deixa a luz entrar, querendo um bis.

Estampas em teu rosto angelical,
Um riso que promete mais audaz.
Porém o verso manso e natural

De qualquer forma, amada me compraz.
Menina se mostrando sem igual,
Doce veneno em noite plena traz.


2313

Doce veneno em noite plena traz
Total insensatez, puro hedonismo,
A boca enternecida é mais voraz
Amor não se permite em egoísmo.

Lambendo nossas pernas, mar em ondas
As línguas desvendando tais fronteiras
Os dedos penetrando, loucas sondas,
Estrelas que guardei nas algibeiras

Redomas que rompemos vida afora
Resíduos de nós mesmos espalhados
Nos lumes e no brilho que decora
Espaços toda noite pesquisados.

Farturas entre fátuas esperanças,
Delícias que me dás enquanto alcanças...



2314

Delícias que me dás enquanto alcanças...
No caminho dos deuses encontrei
Aquela que por séculos busquei,
Chamando sem juízo, para as danças.


Princesa deste reino: o bem querer.
Numa alameda cheia de perfumes
Nos olhos perfeição de belos lumes,
Vontade de te ter e de saber.

O rumo das estrelas percorri
Sabendo meu amor que estás ali;
No rastro do cometa, luz e cor,

Mulher que por encanto um deus criou
Que em tramas sem limites demonstrou
O quanto sou feliz contigo, amor.



2315

Não cabe nos meus versos descrever
Beleza sem igual que proporcionas
Refém da fantasia – amor/poder
Estrelas magistrais quais beladonas

Entornam sobre nós lume poético
Marmórea sedução em luz e lua.
Um canto que se busca mais eclético
Durante a tempestade continua.

Realces entre fontes, chafarizes,
Olhares envolvendo, risco zero;
Deixando no passado as cicatrizes,
Já tendo o que pretendo e sempre quero,

Contendo com sorrisos a sangria,
Nós somos passageiros da alegria.


2316



Nós somos passageiros da alegria
Atados um ao outro eternamente,
Vivendo esta paixão que a cada dia
Se torna mais divina e envolvente.

Embora possa crer ser fantasia
Eu sei o quanto eu quero veramente
Beijar a tua boca em poesia
Sentir teu corpo aqui, deveras quente.

Assim vamos vivendo o nosso amor
Que é mágico e sincero, sem disfarces
Tocando com meus beijos tuas faces

Não deixo de saber que a boca é perto,
Arando com ternura e com fulgor
Deixando este caminho sempre aberto...


2317

Deixando este caminho sempre aberto,
Nas tendas, nas palhoças, nos castelos,
A vida em profusão, louco concerto,
Arando uma esperança em seus rastelos...

Mecânicas do amor que desvendamos,
Sentidos profanados. Teso, exposto,
Dum arvoredo roubarei os ramos
O vento do prazer açoita o rosto.

Eu quero e não renego sempre mais,
Levado a tais insânias, totalmente,
Deixando bem distante antigos ais
Momento que em delírio se pressente.

Sem medo de saber de um novo adeus,
Aconchegado estou nos braços teus.


2318


Aconchegado estou nos braços teus,
Em tréguas sem procelas ou contendas
Nos lumes tão sutis esqueço os breus
E peço que esta senda assim; desvendas.

Levando cada cântico em fascínio
Rogando pela sorte de poder,
Estar como eu desejo em teu domínio
Desabrochando um mundo de prazer

Seguindo par em par imensa trilha
Que leva ao infinito num instante,
Saber que desfrutei da maravilha
De ter esta mulher tão radiante

Deixando os dias tristes para trás
Nos braços deste amor que tanto apraz...


2319


Nos braços deste amor que tanto apraz
Fagulhas num incêndio desejado
Permitem que se entenda a louca paz
Bebida neste corpo abençoado.

A noite se fazendo num sarau
Aonde dois amantes se vasculham,
Enredo mavioso e triunfam
Enquanto nossos corpos se mergulham.

Das bocas: entrelaces burburinhos
Num ritmo sensual, a noite passa
Delitos e pecados, méis em ninhos
Espalhas nesta cama, rito e graça.

Maná que desejei e te ofereço
O doce mais gostoso que conheço.


2320


O doce mais gostoso que conheço
Encontro na verdade em tua boca
Depois que a noite chega intensa e louca
Recebo todo o mel que sei mereço.

Recheios de prazeres e melaço,
Descendo pelos lábios. Que delícia,
Deitando meu desejo em teu regaço
Recebo o teu sorriso de malícia

E sinto que o banquete que me espera
É feito em mil sabores diferentes.
Em carnes, em suores, amor gera

Festividade sempre em nossa cama,
Amores em vontades mais urgentes,
A sobremesa flamba em vera chama...


2321



A sobremesa flamba em vera chama
Fecundando luares, trama o gozo,
Perdendo antigos rumos enquanto ama
Um sonho; farta vez, ambicioso.

Batalhas entre colchas e lençóis
Nas sedas e nas rendas, transparências
Penumbras esquecidas nos faróis
Dos ritos prazerosos, florescências...

Alabastrina senda em lua mansa,
Vestígios encharcando os cobertores;
Amor quando em desejos tem fiança
Transita entre caminhos redentores.

Vontade sem limites que proclama
Reflexos do luar sobre esta cama.




2322


Reflexos do luar sobre esta cama
Prateiam a mulher que se espreguiça
A noite em maravilha já nos chama,
E o fogo feito em lua nos atiça.

Amar é poder crer que a noite em chama
Aumenta cada vez nossa cobiça
E vendo que o desejo nos reclama,
A sorte recomeça em cada liça

Mergulho nos teus sonhos, sou teu par
E danço a noite inteira sem parar,
Alvejo teu amor com fina seta

E ao atingir teu peito nada resta
Senão comemorarmos nossa festa
No amor com quem a vida se completa....

2323

No amor com quem a vida se completa.
Eu tenho a mais perfeita sensação
Da bela pontaria em fina seta
De um deus feito moleque; o meu timão...

Se evito o que não posso mais calar
Que faço, se o bornal anda repleto,
Poetizando o sonho, diz luar
Encanto tantas vezes predileto.

Dançando sem perjúrios, juros tento
Intentos mais diversos conseguidos.
A boca se permite ao louco vento
Tomando sem limites, meus sentidos.

Sabendo deste amor louco e constante
Tua nudez se mostra deslumbrante


2324


Tua nudez se mostra deslumbrante
Em toda a transparência, camisola,
Olhando pra teu corpo num instante
Vontade de tocar, já vem e assola.

Fazendo uma arruaça em tua alcova
Bebendo deste fogo que incendeia,
Quer faça sol querida ou mesmo chova
Minha cabeça logo devaneia

E vendo-te desnuda na janela,
Atiça meu desejo canibal
De devorar beleza sem igual,

Que toda noite, amada se revela
Aguardo o teu chamado para a festa
Olhando da janela, pela fresta...


2325


Olhando da janela, pela fresta
Eu vejo uma nudez maravilhosa,
O coração dispara e faz a festa
Enquanto a lua desce, caprichosa...

Meus dias por teus raios são guiados,
Além do que decerto já pensavam
Sorrisos mais felizes, encontrados,
Contigo meus caminhos se mostravam

Serenos, sem espinhos, mais abertos
Cevando as esperanças tão vorazes
Deixando para trás, duros desertos
Encontro em nosso amor o bem que trazes

Vencendo em destemor qualquer tormento,
No gozo premedito todo alento...





2326

No gozo premedito todo alento
Vivendo o que mais quero do teu lado,
Tocado pelo intenso sentimento,
Seguindo a cada dia apaixonado,

Não deixo de lembrar um só momento,
Sorriso tão gostoso que foi dado,
Por quem tomando todo o pensamento,
Apascentando a dor do meu passado,

Já sabe onde alegria, enfim se esconde,
E as chaves do meu peito, quando e onde.
A boca que deseja ser beijada

Doce umidade feita em fogo e mel,
Por sobre o paraíso, um tênue véu
Desnuda em minha cama, deusa e fada...




2327

Desnuda em minha cama, deusa e fada
Insanidades tantas, vaporosas...
Amor, no coração faz a morada,
Cevando em meu jardim, divinas rosas,

Tomando deste céu a luz dourada
Envolta em luas claras radiosas.
A vida, nos teus braços, renovada,
Reflete fantasias maviosas.

Sabendo transformar em liberdade
O sonho de viver, eternidade
Invade com ternura o pensamento.

E bêbado de luz, não me detenho,
Amor que se mostrando em tal empenho
Engavetando em paz, o sofrimento.



2328

Engavetando em paz, o sofrimento
Prazeres sem limites já porejam
O tempo que transcorre; calmo e lento,
Em tramas que se querem se desejam.

Trazendo para amantes, tanto alento,
Que os dias tão pacíficos, pois, sejam.
Rondando nossos sonhos, num momento,
Permite que as saídas se prevejam.

No riso deste canto transformado
Em teu abraço, amada; apaixonado
Altares erigidos ao prazer

Beleza que sem par quase em miragem,
Deslumbre que se vê nesta paisagem
Não cabe nos meus versos descrever.

2329

O bom da vida mostra o seu valor
Dourando nosso sonho com ternura
O quanto se permite encantador
De toda uma tristeza se depura.

Tomando esta amplidão por onde for
Adoça suavemente uma amargura
Além deste infinito ouso compor
Em plena imensidade, com brandura

Um templo enraizado dentro da alma
Com hastes mais perenes. Vida acalma
Aquele que se entrega à sedução

Do vento feito em brisa e calmaria
Que aos poucos nos tocando me extasia
Trazendo em nosso amor, a profusão.




2330

Trazendo em nosso amor, a profusão
De um sentimento nobre e soberano,
Batendo com volúpia o coração,
Não deixa mais sequer que o desengano

Transforme uma alegria, imensidão,
E mude a nossa sorte em novo plano,
Movido pelas rédeas da paixão,
Meu peito deste amor se mostra ufano.

Cruzando um infinito em cada verso,
Vagando pelos astros, vou liberto,
Alçando nos teus braços, universo,

Um dia mais feliz em rumo certo,
Depois de um sofrimento tão perverso,
Encontro amor, oásis num deserto.


2331

Encontro amor, oásis num deserto
Um beduíno sonho em caravana
O tempo de viver se faz liberto
Enquanto uma esperança me engalana.

No quanto te desejo e nada sei
Da solidão que outrora fora imensa.
Vivendo nosso amor, adentro a grei
Aonde uma alma em luz agora incensa.

Espectros do passado não mais rondam,
Deixando em liberdade o meu caminho,
Já se procuram mãos, fronteiras sondam
Sabendo vasculhar prazer e ninho.

Bebendo com vontade cessam sede;
Meus lábios nos teus lábios fazem rede


2332


Meus lábios nos teus lábios fazem rede
E sabem deste beijo tão gostoso,
Matando em tua boca a minha sede,
A sede deste sonho mais formoso,

Permite que em teus braços eu me enrede
E seja sempre assim, bem carinhoso.
Saudade é um retrato na parede
Desejo sempre audaz, voluptuoso.

O beijo prometido, a boca espera
Transbordando a doçura em primavera
Destinos em carinhos são traçados.

Eu vejo ressurgir uma esperança
Fazendo do teu corpo com pujança
Caminhos em prazeres decorados...



2333


Caminhos em prazeres decorados
Separam duros joios, salvam trigos
Os dias tão divinos são passados,
Quando em teus braços tenho meus abrigos,

Meus sonhos com certeza demarcados,
Distante dos problemas e perigos.
Dois corpos que se querem são tocados,
Carinhos e prazer, raros artigos.

Meu barco no teu corpo encontra a rota
Deixando uma saudade, então, remota.
Meu barco nos teus cais; amada, aderno.

Eu tenho ancoradouro que buscava
Durante tanto tempo, moldurava
Amor neste cenário sem inverno.



2334

Amor neste cenário sem inverno
Tramando primavera eternizada
Eu quero o nosso amor, querida, eterno,
Deixando uma tristeza em derrocada,

Meus passos nos teus braços não governo
Adentro num instante a bela estrada
Marcada por desejo manso e terno,
De um dia mavioso; e na jornada

Da sorte tão feliz e benfazeja,
Na plenitude enfim, que sempre seja
O bem desta emoção se convertendo

Num tempo mais feliz em que meu sonho
Mostre-se em maravilha mais risonho
Meu tempo em alegrias; vou vivendo.


2335

Meu tempo em alegrias; vou vivendo
Distante do que fora gelo e neve
Teus olhos aos meus sonhos prometendo
Desejos de uma vida bem mais leve,

Contigo permaneço não temendo
A dor da solidão que inda se atreve
A me roçar a pele, corroendo
Tornando uma alegria bem mais breve.

Nas asas/ liberdade, a fantasia
Refaz em doces olhos, novo dia
Tomando o coração invade a mente

E traz tanta fartura na colheita
Enquanto a fantasia se deleita
Eu quero o nosso amor completamente.



2336

Eu quero o nosso amor completamente.
O fogo da paixão queimando lento
Meu rumo nos teu passo é reluzente,
Estrela que guiando, toma assento,

Fomenta meu destino, e de repente,
Aflora mais intensa em pensamento.
Viver no teu caminho, claramente
É ter a sensação de manso vento

Tocando no meu rosto em noite calma,
Tomando em paz, sorrisos, a minha alma
A vida em alegrias me antepara

A boca que se mostra mais audaz
No beijo inebriante doura a paz.
Amar não é pecado, minha cara...


2337


Amar não é pecado, minha cara,
Também desejo ter tua nudez.
A vida sem amor se torna amara
Vem logo e não se prenda à lucidez.

A pele mais macia se declara
Imersa na loucura em que se fez
Eu quero desfrutar da jóia rara
Da bela silhueta. Insensatez

É não poder seguir nossos instintos,
Deixar de inebriar-se em vinhos tintos
Dos gozos e prazeres que são nossos.

Tocando tua pele, boca e sexo,
Amando sem ter culpa, medo ou nexo,
Mergulhos sem limite em belos poços...


2338

Mergulhos sem limite em belos poços
Naufrago em teus caminhos, bebo a sorte,
Desejos que se fazem teus e nossos
Aos mares deste amor divino aporte.

Eu quero e não descanso de buscar
A marca deste amor, insanamente.
Vestígios em teu corpo do luar
Tramando a bela noite iridescente

Pecado é não querer provar do gozo
Melífera loucura que transcende,
Segredo deste mar voluptuoso
Que toda noite em chama nos acende

Nudez e transparência, qual colírio
No jogo que se mostra tal delírio

2339


No jogo que se mostra tal delírio
De risos e prazeres incontidos.
Deixando bem distante algum martírio,
Em ritos desejosos bem cumpridos.

Suores se misturam, danças, pernas.
E assim vagamos loucos aprendizes
Que querem suas noites mais eternas
E nelas se entregarem tão felizes.

Ardências e fagulhas se espalhando
Nas tramas envolventes sussurrantes
Meus lábios na nudez irão tocando,
Famintos, tresloucados viajantes

Até que a saciedade chegue logo,
Vencendo os vencedores deste jogo...


2240

Vencendo os vencedores deste jogo
Amor sabe do gozo, o seu troféu.
No mar feito em desejos onde afogo
O sonho de ser teu simples corcel;

Cometas passeando pelas bocas
Estradas entre pedras, furnas, grutas.
Ao perceber delícias, tuas tocas
As línguas se mostrando mais astutas.

Nas ancas, nos quadris, as maravilhas
Que quero usufruir sem ter descanso
Dos montes aos teus vales e coxilhas
Num ato tresloucado eu já me lanço

No sonho que esta noite, eu concebi
Declino minha fronte sobre ti.


2241


Declino minha fronte sobre ti
E deito meu prazer em nossa cama.
De tanto desejei, me convenci
Que não posso ficar sem essa trama
Do jogo de um amor que encontro aqui,
E em louca sedução, o peito inflama.

Desenhas cicatrizes em minha alma,
Tatuas tuas garras sobre mim.
No turbilhão de beijos tudo acalma
E a porta das volúpias se abre assim
Trazendo tempestade em plena calma,
Aguando com promessas tal jardim

Canteiro em framboesas, luas, luz.
Mil laços de ternura reproduz...


2242

Mil laços de ternura reproduz
Farturas encontradas no canteiro
Aonde nosso amor negando a cruz
Derrama em maravilhas seu tinteiro.

Eu tenho aqui comigo esta alegria
Que a cada novo dia se renova.
Deitando a fantasia em poesia
A lua se refaz, pra sempre nova.

Na trama feita em rede, nas esteiras
Rolando a tarde inteira, espero a noite.
Palavras muitas vezes corriqueiras
Às vezes se transformam num açoite

Porém quando em verdades, num torpor,
O bom da vida mostra o seu valor.


2343



Em forma de alegria e de prazer
Nas águas sempre límpidas mergulho,
Viceja sobre nós o bem de ter
Encanto tão fantástico em marulho.

Feitiços dos olhares mais ciganos,
Deitando sobre areia movediça
Sabendo dos amores, desenganos
Porém em flor tão bela amor nos viça.

Sem liças ou batalhas, destemidos,
Vagamos noite afora, sem descanso,
Envolto em profusão, cinco sentidos
Fazendo da emoção nosso remanso.

O quanto em louca sanha se pressente
O amor tomando conta, enfim, da gente...






2344

O amor tomando conta, enfim, da gente
Não traz do que vivemos, quase nada
Felicidade, amada é tão urgente,
Trazendo a nossa vida iluminada,

Por isso, resistir, amor não tente,
Se ouvires da paixão, uma chamada.
Eu quero te sentir, aqui, presente.
A vida sendo assim, presenteada.

De todos os meus sonhos, só restou
O braço em que o amor me acalentou.
Fazendo deste sonho nosso império

Não vejo mais problemas, sigo em frente.
Respondo sem ter dúvidas, contente.
Amor maior no mundo? Sem mistério...


2345



Amor maior no mundo? Sem mistério
É o nosso tão real e verdadeiro,
Garanto que é o maior deste hemisfério,
Na minha vida, sei que é o derradeiro,

Fazendo deste amor meu ministério,
Quem dera se eu pudesse, um cavaleiro,
Sabendo em tua senda, refrigério
Mergulho sem limites, vou inteiro...

Alçando um belo céu, cruzando o rio,
Deitando no teu colo, eterno estio
Arando uma esperança enquanto lavras

Cevando esta semente, grano em luz
Amor que tantas vezes reproduz
Dois corpos dialogando sem palavras.

2346

Dois corpos dialogando sem palavras
Em gestos e desejos demonstrados.
Roçando em tua pele, belas lavras,
De fogos e ternuras encontrados.

Farturas de vontades, satisfazes
Enquanto eu satisfaço todas, tuas.
A lua nos rondando em suas fazes,
Encontra as silhuetas, nossas, nuas.

E assim nesta mistura, coxas, pernas,
Seios sobre mim, mamilos tesos,
As noites vão ficando bem mais ternas,
E os corpos não escapam mais ilesos.

Arranhas minhas costas, mordes, bebes,
E assim nós viajamos loucas sebes...


2347


E assim nós viajamos loucas sebes
Mudando a direção de nossas vidas
O quanto em maravilhas tu concebes
Permitem afinal, belas saídas.

Eu tenho uma alegria que não cessa
Nem mesmo o tempo irá nos afastar.
Amor que muito além de uma promessa
Tomou a nossa história, devagar.

Amor que se vislumbra, um manso rito
Alvoroçando assim meu coração.
Do quanto nosso amor é mais bonito
Entendo nele glória e perfeição.

Deste cenário feito em claros traços
Ascendo ao infinito nos teus braços.



2348

Ascendo ao infinito nos teus braços,
Nascendo novamente uma esperança
Arcanjos enaltecem nossos laços
E a noite em festa imensa nos alcança.

Decoro de teu rosto os finos traços,
Proponho que estreitamos aliança
Riscando em fantasia, ganho espaços
E volto a ser feliz como criança

Que tem toda a certeza de que um dia
Seus sonhos virarão realidade.
Sabendo de antemão felicidade.

Amada, ser feliz tanto me urgia
Que ungido em teus abraços, percebi,
O rastro do infinito encontro em ti...


2349

O rastro do infinito encontro em ti,
Nos astros que espalhaste em teu caminho.
O quanto eu te desejo sempre vi
Da eternidade em glória eu me avizinho.

Eu sei do quanto a vida nos maltrata
Distante da esperança de um amor,
Se a sorte de sonhar já se retrata
Tomando em alegria, farto ardor.

Eu quero a tua boca, sem limites,
Mergulhos entre conchas, caracóis.
Por isso os meus carinhos; não evites
Se neles, dentre trevas, sei faróis...

Desejo, qual insano aventureiro,
Beijar-te calmamente o corpo inteiro.



2350


Beijar-te calmamente o corpo inteiro,
Sentindo o teu desejo se aflorando
Bebendo o teu perfume, aroma e cheiro,
E aos poucos, mansamente, desnudando

Tocando tal nudez com lábio audaz,
Roçando a tua pele com a minha,
Rodando em carrossel, a noite traz
Vontade que em meu corpo já se aninha

De ter o teu prazer bem junto ao meu.
No momento sublime em que sabemos
Da glória imensa- amor- que nos venceu.
Na alegria sincera onde bebemos

Salivas e delícias misturadas,
Rompendo sem juízo as madrugadas...

2351


Rompendo sem juízo as madrugadas
Sem lastros, naufragando imenso mar
Delícias sem fronteiras desbravadas
Permitem que se entregue sem pensar.

Não quero conceber qualquer juízo
Que possa desviar o nosso rumo.
Bebendo em tua boca de improviso
Timão deste saveiro – amor- assumo.

Navegador de sonhos e delírios
Enceto no oceano esta viagem
Deixando no passado alguns martírios
Desfruto esta sublime paisagem.

A sorte a quem se quer não desengana
Sabendo ser a lua, uma cigana...






2352


Sabendo ser a lua, uma cigana
A noite em plenitude se adivinha
Minha alma busca a tua, soberana,
Encontra a fantasia em que se aninha,

A vida em harmonia não se engana,
Se ufana por tu seres toda minha.
Além do que imagina amor se explana
E trama em maravilha a sacra vinha

Aonde recolhendo o doce vinho,
Nos marcos de teu corpo, encontro o ninho
Farturas da vindima onde enfim

Eu percebi o quanto sou feliz
Bebendo de teu corpo, quero em bis
A eterna sensação de um novo sim.



2353


A eterna sensação de um novo sim
Tornando mais suave a minha lida
Alçando uma emoção que sei sem fim,
Encontro no final, a nossa vida,

Semeias alegrias dentro em mim,
Demonstras minha sorte decidida
Na flor que já brotando no jardim
Perfuma a tarde inteira e faz querida

A noite iluminada deste amor,
Depois da maravilha do sol pôr
Fazendo deste sonho um bem imenso.

Na crença de saber amor profano,
Distante do andarilho audaz cigano
No quanto eu te desejo sempre penso...





2354

No quanto eu te desejo sempre penso
Banquete que se faz em bons talheres
Amor que nos inflama em fogo intenso,
Fornalha desejosa dos prazeres.

Eu tenho a sensação de ardor imenso,
Bebendo em tua boca, os teus quereres,
A cada novo toque, eu me convenço,
Irei contigo aonde tu quiseres.

Proclamo o nosso amor aos quatro ventos,
Ardume sem limites ou tormentos
Trazendo com delícias, luz e cor.

Encantos que vislumbro em meu caminho
Tocado pelos olhos eu me aninho
Fazendo da emoção supremo andor.



2355


Fazendo da emoção supremo andor.
Um novo amanhecer se predizia
Nos versos que hoje faço, meu amor,
Espero te dizer desta alegria

De ter nesta manhã, raro calor,
Que o corpo enamorado me irradia,
Dizendo nas palavras, deste ardor
Que toma meu desejo em sintonia.

Somemos nossos passos nesta estrada,
Decerto a vida irá iluminada
Toando esta harmonia em sentimento.

Eu quero a temperança deste sonho,
Meu barco nos teus passos, quando ponho,
Já sabe que terá ternura e alento...





2356

Já sabe que terá ternura e alento
Distante do vazio de um adeus,
Tocado pelos olhos, num momento,
Voando em direção aos braços teus.

Singrando pelos ares, pensamento,
Carinhos e desejos, todos meus.
O canto de alegria, traz o vento.
Clareiam minha noite, belos céus.

Amor que nos unindo, em liberdade,
Dá-nos real sabor: felicidade
Vontade sem limites de saber

O quanto a vida foi maravilhosa
Cevando nos canteiros, rara rosa
Em forma de alegria e de prazer.


2357

Um novo mundo eu vejo recompor
Trazendo para nós farta esperança,
O gozo deste intenso e raro amor
Permite que se pense em temperança.

Sabendo da alegria em tanto ardor,
A vida transmitindo confiança
Eu tenho tanta coisa a te propor,
Estar aonde o sonho nos alcança.

Vislumbro nos teus olhos o amanhã
Azulejando o céu toda manhã
Não quero, na distância, me perder

Teu nome ao traduzir felicidade,
No encanto sem igual que assim me invade
Eu tenho finalmente, o bem querer...




2358

Eu tenho finalmente o bem querer
Que há tanto tempo, amada, eu concebi.
Encontro em cada canto do meu ser
Resquícios de teus passos por aqui,

Vencido pelo amor, doce prazer,
Sabendo deste sonho eu me perdi,
E nisso eu encontrei meu bem querer
Aconchegado, imerso dentro em ti.

Pensando em nosso amor, felicidade
Trazendo para mim tranqüilidade
Mudando em calmaria a correnteza.

Cevando esta alegria no meu peito
Eu sei que ser feliz é um direito
Tornando sempre farta a minha mesa...



2359

Tornando sempre farta a minha mesa
Esqueço qualquer dor ou sofrimento
No abraço que me dá uma certeza
De alçar ao infinito num momento

Encontro em teu olhar farta beleza,
Tomando já de assalto o pensamento.
Vivendo nosso amor com tal clareza
Percebo que me inunda o sentimento,

Estreito a cada verso mais o laço;
Persigo teu caminho em cada passo
Chegando ao infinito vejo enfim

O mundo que em verdade eu sempre quis,
Azulejando um céu outrora gris
Dourando então a senda de onde eu vim...






2360

Dourando então a senda de onde eu vim
O amor ao qual querida me acostumas,
Vicejas bela rosa em meu jardim,
Florindo o meu caminho em que perfumas,

Vertendo o teu amor dentro de mim,
Adentro um mar imenso, alvas espumas,
Bebendo deste lábio carmesim,
Manhã alvorecendo perde as brumas

E vejo o sol imenso a me tocar,
Nos braços da mulher que eu quero amar
Vencendo em alegria, a madrugada.

Num novo alvorecer que assim se cria
Tomando o nosso céu plena magia,
Um sol iluminando a nossa estrada...



2361


Um sol iluminando a nossa estrada
Há tempos se perdendo em fantasia
Sentindo o teu perfume, minha amada
O dia se refaz em alegria.

A noite na saudade demarcada
Sem ter tua presença foi tão fria,
Minha alma se sentindo abandonada,
Constrita, solitária em agonia

Ouvindo a tua voz, eu te garanto
O dia renasceu em raro encanto
No gozo da paixão que determina

Um belo caminhar que traz certeza
De um tempo sem temores, sem surpresa
Mostrando, gloriosa, a nossa sina.



2362

Mostrando, gloriosa, a nossa sina
A mão de uma mulher iluminada
Nos olhos de quem traz diamantina
Ternura e que se mostra dedicada,

Eterna sensação de ser menina,
Sonhando com castelo, reis e fada,
A boca delicada me alucina
E pede, sem saber pra ser beijada.

A moça se transforma num vulcão
Causando no meu peito uma erupção
Moldando uma alegria, assim, sem par.

Sentindo em nossa vida mansa aragem
O sol tomando em brilho a paisagem
Cenário em alegria a nos tomar...

2363


Cenário em alegria a nos tomar
Um mundo a se mostrar maravilhoso
A chuva vai caindo devagar,
Trazendo um frio manso e tão gostoso

Vontade de poder já te encontrar
E dar o meu carinho mais fogoso,
Vibrando num desejo de tocar
Beijar o corpo belo e tão cheiroso

Da moça que me encanta e me domina,
Mulher com ar eterno de menina
Brilhando nos teus olhos clara estrela.

Sentir o teu perfume junto a mim,
Florindo em fantasias meu jardim
Na festa prometida em noite bela...



2364



Na festa prometida em noite bela
O tempo em que se faz felicidade
Aos poucos, fantasia nos revela
Sublime sensação de claridade.

Eu tenho esta certeza de poder
Sentir tua presença benfazeja
Amor que nos permite agora crer
Na paz que se procura e se deseja

Após a tempestade que tivemos,
Vencidas as quimeras, vamos nessa
No barco de meus sonhos nossos remos
Além de simplesmente uma promessa

Ou mesmo o que se quer feito conquista,
Traduz esta esperança tão benquista...




2365

Traduz esta esperança tão benquista
Mostrando dia-a-dia um bem querer,
Amor que nos inflama e nos conquista
Chamego tão gostoso de viver,

Um sol maravilhoso já se avista
Dourando nossa vida com prazer.
Não há neste planeta quem resista
Ouvindo amor clamar num bem querer.

As pernas confundidas nos lençóis,
Abertas tais janelas vejo sóis
Faróis inebriando nossos olhos.

Eu tenho; junto a mim, uma certeza
Da vida que se faz em lauta mesa
Florindo o meu caminho em raros molhos...




2366

Florindo o meu caminho em raros molhos
Dourando em fantasias cada pleito
O bem do amor procuro nos teus olhos
E sinto abrir a porta do meu peito,

Janela sem tramela nem ferrolhos
O mundo que eu queria satisfeito
Matando no canteiro maus abrolhos,
Percebo uma esperança que em meu leito

Virá qual fosse estrela bela e guia,
Com toda a mansidão da poesia
Que a ti, minha querida, eu dediquei.

Sentindo a mais sublime sensação
Vivendo com delírio essa paixão
Decerto todo medo eu vencerei...




2367

Decerto todo medo eu vencerei
Meus dias dos teus passos, girassóis,
Amor que tantas vezes procurei
Encontro nos teus olhos, meus faróis,

Na noite em que em teus braços mergulhei
Incríveis sensações de raros sóis,
De todo este prazer que eu desfrutei
Rolando meus desejos nos lençóis

Tocando a bela deusa, toda nua,
Deitando nosso amor sob esta lua
Minha alma se sentindo bem mais pura.

Eu quero amanhecer sempre ao teu lado
Vivendo sem juízo e sem pecado
O tempo, das tristezas, se depura.



2368


O tempo, das tristezas, se depura
Tramando o que desejo, amor sem fim,
Nos olhos desta deusa uma ternura
Que sinto se esparrama sobre mim,

Bebendo deste amor, que com fartura
Floresce mavioso em meu jardim,
Sentindo a mão suave da candura
E o gosto desta boca carmesim,

Sem pejos eu adentro ao paraíso,
No toque mais sereno e mais preciso
Amar a quem outrora eu dediquei

Meus versos e momentos mais felizes,
Não vejo mais sequer velhos deslizes,
A claridade toma toda a grei...



2369

A claridade toma toda a grei
Desejos que encontrei; agora tantos,
A lua é benfazeja, disso eu sei,
E dela amor recebe seus encantos,

Nos mares desta lua eu mergulhei,
Às vezes afogando duros prantos.
Por tantas vezes, saiba, eu te amei,
Olhando para a lua em belos mantos.

Embora um cavaleiro e seu alforje
Roubou-a num instante: velho Jorge
Tornando bem mais clara esta amplidão,

E tendo dos teus olhos farto brilho,
A cada novo passo, amor eu trilho,
Vibrando bem mais forte, o coração...




2370

Vibrando bem mais forte, o coração
Recebo nosso amor em alegria
Encontro no teu corpo a sensação
De toda a plenitude que eu queria,

Tomado pelo fogo da paixão,
Fogueira em labaredas acendia,
Bebendo desta insana tentação,
Na chama mais intensa esta alegria

De ter a deusa nua em minha cama,
Na ardência deste jogo louca trama
Calando uma saudade, colho a flor

Cevada com carinho no jardim.
Ternura inesgotável dentro em mim,
Um novo mundo eu vejo recompor.


2371



Tramando um belo e raro amanhecer
Roubando de teus olhos, claridade
Enquanto a vida traz farto prazer
Eu posso enfim dizer: felicidade.

O quanto se permite conceber
Um dia em mais perfeita liberdade
Eu posso; finalmente, te dizer
Do amor que construiu tranqüilidade...

De tua boca sinto este desejo
Tomando todo o sonho em que prevejo
Um dia em novas luzes descoberto

Sentindo esta presença que fascina
Querendo sempre aqui, bela menina,
Vivendo do teu lado, sem aperto...





2372



Vivendo do teu lado, sem aperto
Durante tanto tempo, um sonho eu vi.
Escuto a tua voz de peito aberto,
Amor que eu tanto quis e já perdi.

Sangrando o coração neste deserto,
Meus olhos vão buscando só a ti.
A cada novo dia, mal eu desperto
Procuro e não encontro nada aqui.

Um dia tu virás. Algo me diz...
Serei então, de novo, tão feliz
Distante do temor em desabrigo.

Ternuras sem igual eu preconizo
Negando a tempestade, sem granizo,
Felicidade imensa em amor, digo...






2373


Felicidade imensa em amor, digo;
Bebendo deste gozo, nosso gim,
Vontade de poder estar contigo,
E ter o teu carinho junto a mim,

O sonho mais gostoso que eu persigo
Encontro tão somente no jardim
Aonde um jardineiro busca abrigo
E sabe que é feliz – amor sem fim,

Perfume uma esperança no meu peito,
Cevada em bela flor – amor perfeito.
Na sorte desta senda eu entranhei

Meus passos com volúpia e com desejo,
Amor que é muito além de um relampejo,
Decerto se fazendo nossa lei...




2374

Decerto se fazendo nossa lei
O vento da paixão já nos conduz,
Depois das noites frias que passei,
Procura quase insana pela luz,

Falena que se perde, eu encontrei
Caminho que ilumina e reproduz
Beleza deste amor em que sonhei
Tivesse a divindade em que propus

A vida, num momento mais audaz,
Somente amor perfeito satisfaz
Tal sentimento eu sei, jamais se mede.

No brilho dos teus olhos, teu sorriso
Amor se demonstrando em claro aviso,
Um sonho mavioso nos concede.




2375

Um sonho mavioso nos concede
A glória de viver que assim se atesta
Cantando o nosso amor, nada me impede
De ter uma alegria feita em festa.

Carinho desejoso que me cede
Aquela a quem a sorte já se empresta.
Amor que na verdade, não se mede,
Entrando na janela arromba a fresta.
Um sonho mavioso nos concede.

E molha em fantasia o coração,
Com farto e bom vigor, uma paixão,
Que em tantas noites vagas, eu busquei,

A glória de sentir tal maravilha
Felicidade imensa já nos pilha
Fazendo deste sonho, regra e lei...



2376

Fazendo deste sonho, regra e lei
Amor, tomando em luz, o pensamento.
Aos braços do luar eu me entreguei
Roubando a claridade do momento,

Estrelas neste espaço, eu procurei,
Poeira no meu peito, toma assento.
Depois que tantas vezes vasculhei
Encontro nos teus braços bom ungüento

Que cura a solidão, e traz em festa,
Amor que em emoção, amor se empresta
Num passo mais fecundo e tão conciso.

Vencendo toda a sorte de temores,
Estende; em nosso peito raras cores
Dizendo ser possível, paraíso.



2377


Dizendo ser possível, paraíso
Um tempo de sonhar bom e contente,
Amor é um moleque sem juízo
Que tantas vezes grita, impertinente.

Roçando em tua boca, o meu sorriso,
Prevê que a vida traga, novamente,
O mundo sem maldades, que enfim biso
Depois de tanto tempo, finalmente.

Sou teu e te desejo amada amante,
Na força deste amor, tão cativante
Mostrando toda a glória do querer.

Eu tenho esta certeza inabalável
Do amor em fantasia interminável
Tomando em alegria cada ser...



2378

Tomando em alegria cada ser
Calando um sentimento audaz e fero,
Quem dera se eu pudesse te dizer
Nos versos que te faço, o quanto eu quero

Viver cada momento de prazer,
Ao lado deste amor que tanto espero,
Os frutos que plantei irei colher,
No amor que sei, querida, tão sincero.

As lágrimas que enxugo no teu rosto,
Sinais deste querer demais, exposto
Raiando com vigor uma alvorada.

Na aurora tanta cor em festival,
Beleza que se espalha, sem igual,
A cada novo dia; demonstrada...


2379

A cada novo dia; demonstrada,
Fantástica emoção toma arrebol
Vontade de tocar teu corpo, amada,
Singrando por teus mares, ser teu sol,

Manhã de nosso amor, cedo raiada,
Guiando cada sonho, um girassol.
A lua se entornara na calçada,
Buscando o teu olhar, raro farol

Assim percebo o quanto eu te desejo,
Nosso sonho infinito- amor- almejo
Enquanto a fantasia continua

Vencendo os descaminhos, sigo em frente
Beleza que se quer e que se sente
Ao vislumbrar a deusa, agora nua...



2380

Ao vislumbrar a deusa, agora nua
Meu verso se tornando imperecível
Lembrando de teus olhos vejo a lua
E nela esta beleza inesquecível.

Deitando cada raio sobre a rua,
Na chama que me invade em luz incrível.
O pensamento alcança e assim flutua,
Felicidade, agora, enfim, possível.

Saber do nosso amor, estar liberto,
Sentir o paraíso bem mais perto
Meus sonhos em delírios bons, imersos,

Sentidos tão profanos consagrando
O amor que segue sempre iluminando
Momentos maviosos e diversos...






2381

Momentos maviosos e diversos
Tornando uma emoção mais corriqueira
Meu canto contemplando os belos versos
Que fazes; minha amada e companheira.

Depois de tantos passos mais dispersos,
Razão para viver se mostra inteira.
Os dias não serão jamais perversos,
Na lua deste amor, mais verdadeira

Razão para seguir em noite imensa,
Depois de tanta treva, a recompensa
Dizendo bem mais forte para mim

O quanto é necessário poder ter
Felicidade em forma de prazer
Gritando em nosso amor, eterno sim...


2382

Gritando em nosso amor, eterno sim,
Amor que se faz raro e verdadeiro
Sentindo o teu perfume junto a mim
Eu tenho a sensação do jardineiro

Que cuida com carinho do jasmim,
E da rosa mais bela em seu canteiro.
Teu amor inebria, amor sem fim,
Pra sempre vou levar o doce cheiro

Do corpo mais gostoso que provei,
Da rosa que em amores, cultivei
Vencendo a seca amarga, fria e tensa.

Nas bênçãos tão sublimes deste sonho,
Eternidade agora eu te proponho
Na chama sem limites, luz intensa...



2383


Na chama sem limites, luz intensa
Sentindo este calor deveras mago
Vagando sem destino em noite imensa,
Recebo o teu carinho e teu afago,

Amor que traz amor por recompensa
É placidez divina em calmo lago.
Que a sorte em nossa vida nos convença
Bebamos deste amor divino trago.

E neste embalo vamos sem demora,
Quem sabe faz melhor, pois faz agora!
Caminhos do passado desprezando.

Eu tenho uma esperança que não cala
De toda esta emoção que me avassala
Futuro destemido, embora brando...



2384

Futuro destemido, embora brando
Tristeza, bem distante não me humilha
Ao ver-te, num relance aqui passando,
Vestida para a festa, em maravilha,

O meu olhar faminto acompanhando
Os passos que tu davas- estrela brilha-
Sozinho, sem ninguém, imaginando,
Pudesse eternamente, em tua trilha

Seguir e ter teu corpo junto a mim,
Felicidade então; teria enfim
Traçando em perfeição glória e prazer.

Bebendo em tua boca tal magia,
Um tempo abençoado já se cria,
Tramando um belo e raro amanhecer.





2385


A noite se prepara em bela prata
Tocada pelos raios do luar
Beleza sem igual nos arrebata
Convite para encantos desfrutar,

O rio se derrama na cascata
O tempo vai passando devagar,
Reflexos vão tomando toda a mata
Beijando num instante, areia e mar

Em meio à profusão de imensidade
Voando pelos céus com liberdade,
Cometas passeando num lampejo

Demonstram quão volúvel nossa vida
Por isso venha logo aqui querida
Trazendo essa alegria que eu almejo...




2386

Trazendo essa alegria que eu almejo
Amor, um sentimento tão intenso
Ancoro no teu colo, o meu desejo
E sinto o borbulhar do amor imenso,

Decifro teus enigmas com meu beijo,
Depois em teu prazer me recompenso.
O paraíso em vida, amor prevejo,
E toda a noite em ti, amada eu penso.

Amor igual ao nosso, eu não duvido,
Foi feito, meu amor, pra ser vivido.
O tempo na verdade não se atrasa

Por isso eu quero ter bem junto a mim
O gozo que eu buscara aonde, enfim,
Felicidade plena se extravasa...


2387

Felicidade plena se extravasa
No encanto que eu bem sei desde começo,
Desfruto de teu corpo, minha casa,
Olores mais diversos reconheço,

A pele se acendendo em fina brasa,
Tocado pelo amor viro do avesso,
Na sílfide divina que me abrasa,
Amor além de tudo o que mereço,

Tu és minha mulher, sou teu também,
Na noite delicada de meu bem
Momento em fantasia tão diverso

Do tempo em que pensara nada ter.
Agora que encontrei o teu prazer
Nos braços deste sonho, sigo imerso.



2388


Nos braços deste sonho, sigo imerso,
Vivendo o que eu julgara fantasia
Estás presente, amada, em cada verso
Que faço num momento de alegria,

O mundo; eu sei que outrora foi perverso,
Porém um nosso sonho nasceria,
Riscando num momento este universo,
Fazendo deste amor em parceria,

O canto em alvorada que bendigo,
Amor que há tantos anos eu persigo
Encontro finalmente; amor, aqui.

Sentindo o teu perfume, eu quero mais,
Sorvendo cada olor dos roseirais
Aroma sem igual eu percebi.


2389

Aroma sem igual eu percebi
Além do que cultivo na lembrança
Chegando de mansinho junto a ti,
Recebo o doce vento da esperança,

Não quero mais saber do que perdi
Se um novo alvorecer amor alcança.
Depois que em alegria eu conheci
Alguém que me convida para a dança,

Não nego que encontrei felicidade,
Vivendo o nosso amor, que é de verdade...
Eu tenho esta alegria que eu almejo.

Não deixe que isso acabe minha amada,
A vida sem te ter, resume em nada
Eu quero o teu amor tão benfazejo.

2390

Eu quero o teu amor tão benfazejo
Dourando em esperança, a madrugada
Vontade de poder te dar um beijo,
Saudade de teu colo, minha amada,

Toda noite aumentando o meu desejo,
Aguardo ansiosamente uma alvorada
Que traga teu carinho em que prevejo,
Tua presença em luz, ensolarada.

Numa explosão de fogos de artifício,
Não posso mais viver sem este vício
Trazendo a nossa lua sempre cheia.

O fogo da paixão que nos devora,
Viceja sem limite e se assenhora
Enquanto nos acalma, me incendeia...



2391

Enquanto nos acalma, me incendeia
Roubando toda a paz, tranqüilidade...
À beira deste mar, em plena areia,
Encontro esta mulher qual divindade,

Encantos me reportam à sereia
Que em sonhos me mostrou felicidade.
A lua que te beija, enorme e cheia
Reflete no luar a claridade

Que emanas – minha deusa- a cada dia,
Transbordas a beleza em poesia
Espelhas cada raio sobre mim.

Floresce em poesias a manhã
Fazendo da alegria o meu divã
Emerge entre lençóis, seda e cetim.



2392

Emerge entre lençóis, seda e cetim
Estrela que pensara já perdida
Sentindo o teu perfume em meu jardim,
Recendes ao perfeito amor, querida.

Paixão vai entranhando dentro em mim,
Mudando todo o curso de uma vida,
Eu tenho tanto amor, e sei enfim
Da sorte neste amor já concebida,

Encontro nos meus dias, finalmente,
Motivos para estar bem mais contente
Toando em alegria esta canção.

A vida se mostrando por inteira
Não deixa que se tenha e nem se queira
Saber o que se fora precaução...


2393

Saber o que se fora precaução
Depois de caminhar com alma tonta?
Amor fazendo a festa. Coração!
Arroubos de emoção tomando conta,

Vibrando no teu colo, esta paixão
Domina o sentimento. Amor me conta
De tudo o que sonhei, e a sensação
Do teu olhar divino. Em cada conta

Roubando um manso beijo em tua boca,
Sonhando nossa vida, insana e louca
Transtorna em alegria nossa mente

Não vejo outra saída e nem quero,
Vencendo o meu passado amargo e fero
Eu bebo a fantasia, novamente...

2394

Eu bebo a fantasia, novamente
E vivo desta forma, satisfeito.
Um trovador que canta simplesmente
Amor que não se cala e deste jeito

Caminha pela vida mais contente
Abrindo em cada verso, o velho peito,
Cansado de saber-se penitente,
Percebe no carinho, um grande feito

E ganha a liberdade na esperança
De um dia, novamente ser criança.
Beleza que sem par tu me revelas

Mudando todo o rumo dessa senda
A vida emocionando já desvenda
Destino que em ternura agora selas...



2395



Destino que em ternura agora selas,
Em tantas esperanças me fascina
A vida traz as rugas e as mazelas,
Porém uma alma livre se imagina

Em meio a tantas cores, aquarelas,
E tenta disfarçar, sorrindo, a sina,
Imagens que eu sonhei em novas telas
No olhar do amor, beleza descortina,

Assim vou prosseguindo rumo ao dia,
Na luz que cada verso me irradia
Deixando para trás noites escuras.

No quanto eu sou feliz e não renego
Encontro nos teus braços aconchego
Um vale de emoções, fartas branduras...



2396

Um vale de emoções, fartas branduras
Envolto em mansidão, tranqüilidade
Amor em melodia, partituras
Que mostram tanta sensibilidade,

Minando em fontes raras, as ternuras
Trazendo em paz total felicidade.
Na tela dos meus sonhos, as molduras
São feitas pelo amor e liberdade.

Descrevo o teu olhar diamantino,
Numa alegria tenra de um menino
A vida se fazendo em finos traços.

O amor em nossa vida, essencial,
Deixando bem distante um vendaval
Estreita dia-a-dia nossos laços.



2397

Estreita dia-a-dia nossos laços
A luz em tanta força concebida
Refúgios encontrando nos teus braços,
Buscando a mocidade já perdida,

Refaço a juventude nos regaços
Da deusa que julgara então perdida.
Seguir da bela estrela lumes, traços,
Permitirá decerto uma saída

Do labirinto feito pelas trevas,
Rendido à maravilha destas cevas
Eu sinto-me decerto mais capaz

De ter como enfrentar duras tempestas
Prevendo no final delícia em festas
Vencendo a solidão, vil capataz...




2398

Vencendo a solidão, vil capataz
Amor denota sempre imensidão.
Seguindo cada passo que tu dás
Em rumo a mais completa sensação.

Vislumbro nesta andança a nossa paz,
Vibrando bem mais forte uma emoção
Que em meio à noite o sonho já me traz
Dizendo com firmeza da paixão

Que toma a nossa vida e mostra o norte,
Fazendo o coração bater mais forte
Domina enquanto vela e me arrebata.

Deitado sob a lua, brilhos tantos,
Enquanto demonstrada em tais encantos,
A noite se prepara em bela prata.

2399


No claro plenilúnio eu posso ver
Imagem que transtorna enquanto encanta
Aos poucos eu começo a perceber
A força deste amor que é sempre tanta.

Tramando o mais sublime alvorecer
Beleza que seduz e me agiganta
Na qual sinto possível conceber
Que uma alma em alegria agora canta

Caminho que levava à mansidão
Apenas tão somente uma ilusão,
Durante muito tempo se perdeu

Tu tens em tuas mãos a minha sorte,
Amor que em calmaria muda o Norte
Trazendo à nossa vida, o apogeu



2400


Trazendo à nossa vida, o apogeu
Estrela em perfeição voluptuosa
Sonhando com teu corpo junto ao meu,
Menina delicada e tão charmosa.

O tempo de viver é todo teu,
Guria, uma mulher maravilhosa,
Meu sonho tantas milhas percorreu
Até colher, do Sul, divina rosa.

Em toda a poesia deste amor,
A vida, num momento, recompor
Além do frágil encanto, num lampejo.

Eu quero estar contigo e sem demora
Beber desta emoção que revigora,
Vivendo todo o gozo que eu almejo...




2401


Vivendo todo o gozo que eu almejo
Um colibri se esbalda com tais flores
Menina, a doce fonte do desejo
Encontro nos teus braços sedutores,

Roçando tua boca com meu beijo,
Traduzo nos meus versos os amores
Farturas deste sonho em que prevejo,
Os dias com certeza tentadores,

Aonde em nosso ninho irei tocar,
Nos braços de quem amo; céu e mar
Juntando o que pensara estar disperso.

Retendo em minhas mãos, o paraíso,
A vida se mostrando sem aviso
Nos laços deste amor, agora imerso.



2402

Nos laços deste amor, agora imerso
Fazendo do meu gozo um ritual,
Revelo meu amor em cada verso
Que faço olhando espaço sideral.

Vagando o pensamento no universo
Encontro o teu sorriso sensual;
Passado em minha vida, foi perverso,
Agora encontro em ti, paz afinal.

Riscando o pensamento, estrela guia,
Entornas no meu mundo, poesia
Deixando para trás velhos degredos.

Vivendo desde agora esta festança
Que trama em nossos passos a esperança
Na paz que se derrama em tais folguedos...





2403

Na paz que se derrama em tais folguedos
Meus versos são decerto mais concisos,
Percebo em cada toque, os teus segredos
Exposto nos suores e sorrisos.

Deixando para trás antigos medos,
Os lábios se procuram, mais precisos.
Adivinhando assim belos enredos,
Amor que nos tomou, não deu avisos

E veio arrebatando, num segundo,
Mudando para sempre o nosso mundo
Estrada em alegrias concebida.

Eu quero estar contigo e não mais nego
Amor que se mostrando em raro apego
Sonega em nossa vida, a despedida...




2404


Sonega em nossa vida, a despedida
Um canto mais sublime, enamorado.
Não posso conceber a minha vida
Sem ter tua presença do meu lado,

Minha alma te deseja assim querida,
Vivendo com prazer, o nosso fado.
Sabendo no teu corpo uma saída
Pras dores que encontrei em meu passado.

Não posso e não consigo te esquecer,
Sem ti, não saberia mais viver,
No espelho deste amor me mimetizo.

Recebo o teu carinho em redenção
Esqueço, num momento a solidão,
Um sonho sem igual, depressa eu biso...




2405


Um sonho sem igual, depressa eu biso.
Tristeza vai fazendo arribação.
Encontro no teu corpo um paraíso
Além do imaginável, perfeição!

Um sonho que se vem sem dar aviso
Invade e crava as garras, coração!
Na mansidão imensa de um sorriso
Alcanço as maravilhas da paixão.

Sou teu e isto me faz ser mais feliz,
Agora tenho tudo o que mais quis.
A sina: ser feliz, tomando a lida

Esgota o sofrimento que eu tivera
Renasce no meu peito, a primavera
A dor já se afastando, em despedida...

2406


A dor já se afastando, em despedida
Amor que se aproxima: turbilhão...
Estrela que me guia pela vida,
Rainha dos meus dias, sedução

De todas as tristezas a saída
Encontra-se no fogo da paixão
Que torna a poesia mais querida
E vibra em nosso peito, coração!

Eu quero estar contigo o tempo inteiro,
Caminho em que me guias, verdadeiro
Sonega o que eu tivera em desencantos.

Não tendo mais fantasmas, sigo em frente,
Um novo encantamento se pressente
Cevando em harmonia nossos cantos.


2407

Cevando em harmonia nossos cantos
A vida se promete em fantasia
Rascunhos de esperança amores tantos
Trazendo para a vida uma alegria

Em meio à fantasia, teus encantos
Espalhas em meu peito, todo dia.
Coberto pelo belo destes mantos,
Declino meu amor em poesia.

O coração dispara em alvoroço,
Nas garras deste amor, eu me remoço
E passo num segundo a perceber

O quanto é necessária esta viagem
Em meio às maravilhas na paisagem
Dourada pelas mãos do bem-querer...




2408

Dourada pelas mãos do bem-querer
A fantasia em paz nos decorando.
Dançando a noite inteira ao bel prazer
Erguemos nossos olhos flutuando.

Do cálice divino eu vou beber,
Na orgástica emoção se revelando
O quanto é fabuloso assim viver,
Desejos e carinhos inflamando

Deitando sobre nós farta alegria
O sol amanhecendo num bom dia
Permite que se veja sempre assim

Raríssima expressão de luz intensa
A marca da esperança é tão intensa
Dizendo desta senda de onde eu vim.



2409

Dizendo desta senda de onde eu vim
A voz em alegrias já me ampara
Sentindo o teu respiro junto a mim
Em noite preciosa e sei tão rara,

Percebo esta alegria e vou assim,
Buscando no teu corpo a luz mais clara.
Amor que nos guiando até o fim,
Em versos e desejos se declara,

Percebe quanto é duro ter ciúme,
Espinho que disfarça um bom perfume,
Negando os nossos velhos, mansos credos.

Mas quem em confiança tece a teia
Prefere imaginar a lua cheia
Deixando para trás antigos medos...


2410

Deixando para trás antigos medos
Momentos em amor, alvissareiros,
Descubro em tuas minas, teus segredos
E faço de meus lábios bons mineiros.

Sabendo de teus sonhos, teus enredos
Percebo teus desejos sei teus cheiros.
Adentro em teus caminhos, meus degredos
Olhares que trocamos; feiticeiros.

Bebendo o teu orvalho gota a gota,
Acerto meu prazer em tua rota
E um raro amanhecer; logo componho.

Eu tenho esta certeza que me toma,
Amor quando é perfeito trama em soma
Um mundo que se mostra mais risonho.




2411

Um mundo que se mostra mais risonho.
Aos poucos em delírios nos tomando.
Estrelas que emolduram nosso sonho,
Atingem nossos corpos, prateando,

Distante de teus braços sou tristonho,
Meus olhos lacrimejam pranteando
Amor que se mostrou e que proponho
A cada novo dia se entranhando

Tomando nossos versos e palavras,
Arando uma esperança em raras lavras
O peito de quem ama sempre brilha

Vencendo a solidão velha pantera,
Dos olhos sonhadores já se espera
Que se supere em paz, as armadilhas...




2412

Que se supere em paz, as armadilhas
Mudando da tristeza, duras faces,
Ansiosamente busco esta partilha
De corpos e desejos, entrelaces,

Meus olhos perseguindo a rara trilha
Dos olhos de quem amo. Nela traces
O rumo de quem trama em maravilha
A vida que não trouxe mais impasses.

Silêncios compartilhas com quem amas,
Na entrega em que se mostram nossas tramas
Tomando nossas vidas, o prazer.

Depois dos temporais, farta bonança
Um rastro todo feito em esperança,
No claro plenilúnio eu posso ver.



2413



As folhas dançarinas nesta mata
Traduzem maravilhas, disso eu sei,
O quanto esta emoção nos arrebata
Mudando em fantasia nossa grei.

A vida tantas vezes má e ingrata
Fazendo da tristeza a sua lei
Enquanto este segredo desbarata
Denota todo o gozo que eu busquei.

O quanto se perdera no passado,
Num novo amanhecer anunciado
Cevando este futuro mais risonho

Demonstra com louvores o prazer
Encantos que começo a conceber
Aonde esta esperança eu sempre ponho.




2414


Aonde esta esperança eu sempre ponho
Um tempo mais feliz se anunciando,
Estrelas que emolduram nosso sonho,
Atingem nossos corpos, prateando,

Distante de teus braços sou tristonho,
Meus olhos lacrimejam pranteando
Amor que se mostrou e que proponho
A cada novo dia se entranhando

Tomando nossos versos e palavras,
Arando uma esperança em raras lavras
Deixando para trás dores, ericas.

Eu tenho bem mais viva uma alegria
Que a cada novo beijo prenuncia
Paraíso que em gozos edificas...


2415

Paraíso que em gozos edificas
Não tendo nem tristeza que o desabe
Amores; se repartes, multiplicas,
Decerto a matemática não sabe

Destas operações que são mais ricas,
E numa precisão, bem sei, não cabe.
Nos versos divinais que tu publicas
Amada que este sonho não se acabe,

Pois deles necessito pra viver,
A fonte da alegria e do prazer
Um sonho que decerto eu não represo,

Vibrante, cada verso traduzindo
O mundo que eu buscara sempre lindo
Atado nos teus braços; sigo preso.



2416


Atado nos teus braços; sigo preso
A vida sempre em paz, maravilhosa.
Sair das tempestades, quase ileso,
Vencendo esta procela furiosa,

Sentindo da amizade, força e peso,
Mostrando quão a vida é mais formosa,
Nos olhos desta amiga, o fogo aceso
De quem sabe encantar em verso e prosa.

Vivendo na amizade, num instante,
Percebo amor imenso e triunfante
Na fonte que jamais eu sei, se esgota.

Amor que sem limites, vida afora
Dos sonhos e dos ritos se assenhora
Meu barco nos teus braços, amor bota...



2417


Meu barco nos teus braços, amor bota
Enquanto esta alegria se pressente
Bebendo desta fonte gota a gota,
Até que me inebrie totalmente.

Amor que assim concebo não tem cota
Precisa desta entrega plenamente.
Tristeza não vigora e vai; remota.
Amar é na verdade mais urgente.

As almas se irmanando em belezas
Caminham sempre juntas, siamesas
Vencendo as tempestades corriqueiras.

Eu quero estar e ser teu companheiro
Sentindo em minha pele o costumeiro
Prazer que tu derramas nas ribeiras...




2418

Prazer que tu derramas nas ribeiras
Calando com sorrisos, penitências.
Voando em céu liberto e sem fronteiras
Alçando o gozo pleno da existência,

Palavras que se mostram timoneiras
Dos rumos que preciso em coerências
Nas horas mais felizes, altaneiras
Amor é feito em gozo e providência.

Alimentando sonhos, esperanças
Amor nos permitindo novas danças.
De todas as tristezas, redentor.

Eu quero e te desejo sempre mais
Sabendo de teus gozos rituais
Traçando em minha vida, este esplendor...




2419


Traçando em minha vida, este esplendor
Tornando a solidão pra sempre extinta,
“Eu amo tua pele e tua cor”,
Na brônzea majestade em que se pinta

A mágica emoção do pleno amor,
Imagem superposta, mas distinta
Dois corpos que prosseguem a compor
Usando em comum senso a mesma tinta.

Amor que desbravando a fantasia
Conhece em plenitude a geografia
Fazendo toda noite esta viagem

Descubro continentes e planetas
As mãos que sempre guiam são cometas
Vislumbram maravilha em paisagens...





2420

Vislumbram maravilha em paisagens
Dourando em alegria cada grei
Grafando no meu corpo em tatuagem
O nome de quem sempre eu desejei,

O coração, carrego na bagagem,
Testemunha fiel do que passei.
Agora que percebo a boa aragem
Querida, nos teus braços mergulhei...

Futuro no horizonte se deslinda,
A sorte de te amar sempre é bem vinda!
Acetinando em festa o nosso leito.

As rondas que se fazem não nos cansam
Enquanto estas fronteiras já se alcançam
O amor vai explodindo no meu peito.





2421


O amor vai explodindo no meu peito
Calando em alegria um vil tormento.
Amiga. Ao conceber amor perfeito
Pensara tão somente num momento.

O amor em tempestades quando é feito
Às vezes nos causando sofrimento
Pudera se mostrar mais satisfeito
Mudando toda a cor do sentimento.

Amor se faz mutante, alma andarilha
E é nisso que se encontra a maravilha
Amor não se permite em falsos pejos

Sabendo desfrutar de cada gole
Aos poucos tal loucura nos engole
Deixando para trás medos sobejos.



2422


Deixando para trás medos sobejos
Encontro neste cais felicidade.
A tua boca roça os meus desejos
E faz da fantasia, realidade.

Tomando a sacra fonte dos teus beijos
Decifro os teus enigmas. Fogo invade
Causando uma erupção. Nos lampejos
Divinos, explosões em claridade

Deveras tão gostosa e sensual,
Fazendo do prazer, um ritual
Nos braços de quem amo decifrado.

Meu verso se mostrando mais feliz
Encontra nos teus olhos o que eu quis
Um brilho em sedução, engalanado...




2423


Um brilho em sedução, engalanado,
Traduz um sonho raro, encantador.
Quem dera se eu pudesse, do teu lado,
Ficar o tempo todo, meu amor.

Bebendo do luar, extasiado,
Em versos a alegria recompor.
Legando estas tristezas ao passado,
Vivendo tão somente ao teu dispor.

Amor: a mais perfeita sinfonia,
Trazendo para a vida, a fantasia
Aonde a solidão já se suprime.

Traçando um novo tempo, posso ver
A doce sensação que invade o ser
Enquanto esta emoção nos desoprime.





2424

Enquanto esta emoção nos desoprime
De toda a solidão me desobrigo
Não deixe que a tristeza te domine,
Decerto eu estarei junto contigo.

Permita que a alegria se aproxime
E trague em gozo pleno o seu abrigo.
Sabendo o quanto amor já nos redime,
Aconchegue-se e deite aqui comigo.

À noite te aquecer em meus carinhos,
Vagando e penetrando teus caminhos
Os medos desde então eu sei extintos.

Caminho lado a lado destemido,
Sabendo deste amor por Deus ungido
Nos vinhos da esperança, doces, tintos...


2425


Nos vinhos da esperança, doces, tintos,
Amor nos redimindo dos pecados
Na entrega de dois corpos, labirintos,
Desejos e delírios demarcados.

Bebendo dos prazeres os absintos,
Despindo nossos medos malfadados.
Alvoroçando assim, nossos instintos,
Mil gozos em carícias são trocados.

E vamos noite adentro; vida afora
Nos braços desse amor que nos decora
Pressinto um paraíso e me aprofundo

Na teia de teus braços, companheira
Tramando em alegrias tal videira
Tomando a direção em segundo.


2426

Tomando a direção em segundo
Permite que se veja a claridade,
Amor redemoinho move o mundo.
E faz de cada sonho, realidade,

Um sentimento assim, belo e profundo,
É portador divino da verdade,
Das águas deste amor, logo me inundo
E encontro finalmente a liberdade.

Mesmo que em cativeiro, o coração
Rebenta com furor qualquer grilhão
Enquanto esta alegria me arrebata

O vento permitindo esta visagem,
Mudando em fantasias a paisagem:
As folhas dançarinas nesta mata.


2427


Convite para a festa e pro prazer
Festança toda noite prometida,
Eu quero e sempre mais hei de beber
No corpo da mulher rara bebida.

De gozos e rocios, posso crer
Na sorte em tantas luzes concebida.
Fornalhas onde a vida passa a ter
Esta alegria intensa e merecida.

Mergulho no teu corpo, minha praia,
Depois de tantos anos em tocaia
Areias escaldantes, sina sela

Um dia abençoado fabuloso,
Amor que se mostro voluptuoso
A cada novo verso se revela...






2428

A cada novo verso se revela
A maravilha rara desta estrada.
A rosa sem espinhos se fez bela
Enlanguescentemente apaixonada

Reflete cada brilho de uma estrela
Deixando a noite sempre perfumada.
Um velho trovador ao percebê-la,
A rosa esplendorosa e iluminada

Sabendo deste pobre sonhador,
Deu-se completamente ao nobre amor.
Felicidade, eu sei, é meu direito.

Depois de vencer curvas no caminho,
A rosa se afastando de um espinho
Nos braços deste encanto eu me deleito...



2429


Nos braços deste encanto eu me deleito
Enquanto em fantasias, gozo gesta,
Amor dando rasante no meu peito
Em alvoroço faz a plena festa,

Tocando os meus sentidos desse jeito
Felicidade imensa já se empresta.
Vivendo desta forma, satisfeito,
Sorriso verdadeiro, o que me resta

É um canto de alegria dentro em mim,
Brotando em mil encantos, meu jardim
Certeza de sentir raros perfumes.

Eu quero e não me canso de pedir
Um brilho mais intenso em meu porvir
Deixando para trás velhos queixumes...



2430


Deixando para trás velhos queixumes
A solidão se torna assim, estranha
Em torno dos meus sonhos, vaga em lumes
Divina criatura que se entranha

Trazendo pra minha alma os seus perfumes,
Iluminando a vida tão tacanha
Que tive no passado, em meus queixumes,
A vida em alegria já se assanha

E mostra ser possível, liberdade
Somada com amor: felicidade!
Deixando este sabor feito alegria

Meu verso emocionado te agradece
Amor que se mostrando como prece
Altar maravilhoso, cedo cria...


2431

Altar maravilhoso, cedo cria
Redime meus pecados, faz a festa
Depois da solidão, dura sangria
A noite não se fez jamais funesta.

“Detalhes tão pequenos de nós dois”
Que fazem, meu amor, a diferença
No gozo que emoldura e no depois,
A vida se renova a cada crença;

Nos cabelos e coxas misturados,
Prazeres coletados, riso e gozo.
Desejos tão sublimes e safados
Amor jamais será pecaminoso.

Vencendo com sorriso, a solidão,
Encontro nos teus braços, sedução


2432


Encontro nos teus braços, sedução
Um mar em alegria a se verter
Amor que se faz sempre em perfeição

Não deixa um só momento de querer
Que a vida tenha sempre a solução
E deixe bem distante algum sofrer.
Entregando-me assim à emoção

Amando-te eu começo a me perder
Entre tuas pernas e os lençóis,
Descubro a maravilha de mil sóis...

Sentidos aflorando em nossa pele
No quanto fantasia se revele
Eu sinto deste amor todo o poder...



2433

Eu sinto deste amor todo o poder
Palavra com certeza mais dileta
Nos jogos do desejo e do prazer
Eu quero esta cartela assim completa,

Na fonte inesgotável vou beber
Minha água cristalina e predileta.
Teu corpo com meus lábios percorrer,
Seguindo da querência rumo e seta.

Fazendo nesta noite inesquecível,
Um novo amanhecer belo, imbatível
Tocando em alegria, o nosso peito.

Adentro uma esperança e do teu lado,
Um tempo bem melhor prenunciado
Vivendo plenamente satisfeito.




2434

Vivendo plenamente satisfeito
Não quero mais algemas nem açoite.
Eu quero o teu amor, mesmo imperfeito,
Teus rastros eu persigo a cada noite.

Amar, sei na verdade, é meu direito,
Procurando algum colo que me acoite,
Do sonho que invadindo já meu leito,
Permite maravilhas no pernoite.

Eu quero o teu amor, e nunca nego,
Garante que jamais andarei cego
Sabendo nos teus olhos, claridade.

Eternizando em glória, primaveras
Vencendo em calmaria tantas feras
Podendo enfim gritar: felicidade!




2435

Podendo enfim gritar: felicidade
A sorte deslumbrando o que eu queria
Amor que se permite eternidade,
Trazendo uma esperança a cada dia,

Alcanço nos teus braços, liberdade,
Além do que sonhara em fantasia.
Amor trazendo paz, sinceridade,
Renova a minha vida em poesia.

Quem tem um coração enamorado,
No amor encontra o sonho procurado
Desejo sem igual já nos domina

Eu bebo nesta fonte insuperável
Do amor que se mostrando inesgotável
Poreja nossos sonhos, farta mina.


2436

Poreja nossos sonhos, farta mina
Sorriso que se entorna com malícia
Encanto que de longe me alucina
Formando nesta tela uma carícia

Do cais que me domina e me fascina
Em cada pensamento esta delícia
Deitando no meu peito esta menina
Carinhos que promete, com perícia.

Herege solidão; eu não percebo
Antídoto perfeito que ora bebo
Na boca em que desejos eu revelo.

Vencendo os temporais, irei contigo
Sabendo de teus braços, meu abrigo,
Caminho ao qual destino; cedo atrelo...



2437

Caminho ao qual destino; cedo atrelo...
Tomando nossa vida, devagar...
Princesa, quem me dera em teu castelo,
Pudesse cavaleiro desbravar

Trazendo o coração como rastelo,
Em solo tão profícuo sempre arar,
Amor que nesta tarde eu te revelo,
Permite que eu consiga imaginar,

Princesa nos braços, bela e nua,
Tocada pela luz da plena lua
Estrada que se mostra prateada

A sanha prometida agora eu vejo
Gritando bem mais forte este desejo
Tornando a boa sorte ilimitada...



2438

Tornando a boa sorte ilimitada
A vida é muito além da fantasia
Desvendo os teus segredos, minha amada,
E vejo em teu olhar, farta alegria.

A vida sem te ter, um simples nada,
Tu és toda emoção que eu bem queria.
Singrando no teu corpo; extasiada,
Minha alma se derrama em poesia.

Desvendo nos teus olhos, meus segredos,
E juntos comporemos bons enredos
Enquanto esta emoção não se congele.

Eu vejo ser possível ter um sonho
No qual amor intenso eu te proponho
Destino em alegrias que se sele.

2439


Destino em alegrias que se sele.
Tomando num segundo toda a cena
Teu corpo tatuado em minha pele,
Marcado em cicatriz, doce e serena,

Vontade de te ter, logo compele
À boca delicada e tão pequena,
Amor que num desejo se revele
Promete uma emoção decerto plena.

Percorro no teu corpo, busco o cais,
Tomado por loucuras, vendavais
Tornando o nosso mar tempestuoso.

Singrando estas correntes, quero mais
Sabendo nosso gozo como um cais,
O amor sempre será delicioso.




2440

O amor sempre será delicioso
Tristeza e solidão, logo ele espanta
Quem dera se pudesse, venturoso,
Falar desta presença que me encanta,

Amor que nos guiando, tão gostoso,
Ao mesmo tempo assim nos agiganta.
Falando deste bem maravilhoso,
Vontade de te ver, é tanta, tanta...

Quem dera meu verso te mostrasse,
Cansaço nos teus braços; repousasse
Mostrando toda a glória de viver.

Na festa prometida magistrais
Delícias em momentos sensuais:
Convite para a festa e pro prazer


2441

Que aos poucos, vem chegando e me arremata
Eu sei, e não precisa mais dizer
No laço bem mais forte que nos ata
Eu sinto o tempo em paz já percorrer.

Amor que tanta treva desbarata
Permite que se tenha com prazer
Uma emoção sublime e sempre grata
Trazendo regozijo ao meu viver.

Felicidade, além de uma promessa
A cada novo dia se confessa
Vibrando nos carinhos, nos abraços.

Suprema sensação que nos invade
Dizendo da real felicidade
Formada pela força destes laços...



2442

Formada pela força destes laços,
O amor que nos dourando, satisfaz,
Calmaria que encontro nos teus braços,
Trazendo para a vida, tanta paz;

Adaga penetrante em frios aços,
Desesperança, às vezes dura; faz
Dos olhos de quem sonha, cegos, baços,
Porém ao te encontrar eu sou capaz

De ter neste aconchego um manso dia,
Que se traduz enfim, em calmaria,
Aos poucos mansamente nos tocando.

Caminho deslumbrante eu preconizo
Amor não necessita mais de aviso
Cenário em perfeição se vislumbrando...




2443


Cenário em perfeição se vislumbrando
Além do que em verdade eu procurei.
Escrevo cada verso em ti pensando,
Mulher maravilhosa à qual me dei

Na dança deste sonho eu vou bailando,
No encanto de teus olhos, mergulhei.
No amor feito alegria, me entregando,
Tu és em minha vida, norma e lei.

Estrela divinal que eu conheci,
Decerto eu sou feliz, pensando em ti
Tomando em maravilha as paisagens.

Reféns deste desejo; vamos nessa
Que a vida com certeza se confessa
Além do que pensávamos: miragens...



2444


Além do que pensávamos: miragens
A vida transcorrendo nos faz ver
Espelhos que refletem tais imagens
Que formam de dois seres, um só ser.

Vislumbrando divinas paisagens
Forrando nossa casa no prazer
Que traz felicidade nas aragens
Do vento da esperança a converter

Mosaicos misturados; entrelaces,
Dois corpos que se somam; mesmas faces
Trazendo tanta glória em altivez.

No amor que muitas vezes se faz forte
De dádivas sublimes, um suporte
Nos momentos supremos sei que crês...




2445

Nos momentos supremos sei que crês,
Olhares te buscando, girassóis...
Teu nome tatuado em minha tez,
Os olhos quais mirantes, dois faróis.

Amor que a gente quer e assim se fez,
Marcando nossa vida em belos sóis.
Tomado por total insensatez
Procuro teu olhar nos arrebóis

E vejo, refletida dentro em mim,
A luz que me invadiu até o fim
O rumo prometido determina.

Mergulho nos teus braços sou teu par,
Depois de tanto tempo te buscar
Beleza de teus olhos me fascina...





2446

Beleza de teus olhos me fascina.
Trazendo muito além do procurado,
Nossa amizade, encanto que domina
A vida a cada passo que for dado.

Beber desta amizade, rara mina
Da qual já se prevê um Eldorado,
A voz de uma amizade determina,
Um dia que virá iluminado.

Sentindo em cada verso um belo lume,
Nas mãos de minha amiga, um bom perfume.
Tocando bem mais fundo o coração.

Amiga; como eu te amo! E não renego
A vida nos mostrando tanto apego
Transforma uma amizade em sedução...

2447

Transforma uma amizade em sedução
O vento transportando esta esperança
Tocados pelo fogo da paixão
A noite com certeza, uma criança

Que brinca com desejo e tentação,
Prazer que assim buscamos já se alcança,
O tempo prometendo viração
Deixando para trás toda lembrança

De um dia que se foi vago e sombrio,
Do fogo ao furacão, eu fantasio
Vivendo a profusão da intensa chama,

Meu corpo te procura o tempo inteiro,
Amor que sem igual e verdadeiro
Presença de quem ama, já reclama...



2448


Presença de quem ama, já reclama
Tramando mais depressa esta aliança
Teu corpo sensual em minha cama,
Amor que me inundando não descansa,

Ardências em querências, fogo e chama,
A divindade em vida já se alcança
Decoro em tua pele toda a trama,
Na noite que se mostra uma criança

Cirandas, carrosséis, prazeres tantos,
No corpo da morena, mil encantos
Além do que distante, eu já sonhei.

Nas mãos da companheira, a direção
No rumo feito em braços, tentação.
O mundo em fantasia que eu busquei...



2449


O mundo em fantasia que eu busquei,
Depois do sofrimento do passado,
Felicidade imensa eu encontrei
Ao ter em meu caminho, doce fado

Nos braços benfazejos mergulhei
Nos olhos da paixão, enamorado.
Amor que se fez pleno e me fez rei
Em todos os desejos, meu reinado

Derrama em alegria vai ao céu,
Levado pelos sonhos, meu corcel
Vencendo estes espaços deslumbrantes.

Reinando sobre nós a fantasia
Expressa todo o sonho que eu queria
Vivendo nos teus braços, por instantes...



2450

Vivendo nos teus braços, por instantes
Encanto tão gostoso de propor
À lua enamorada dos amantes
Declaro em cada verso o meu amor

Àquela à qual nos olhos deslumbrantes
O mundo preparou um raro albor
Teus passos, caminheiros triunfantes,
Irão depois de tudo recompor

Meus dias tão distantes da saudade,
No mar que se fez luz, felicidade
O verso em alegria já se abriga.

Que os anjos sempre tragam farta luz
Além do que em verdade eu te propus
Amor nos condenando, eterna liga...



2451

Amor nos condenando, eterna liga
Vencendo em calmaria este cansaço
Amiga me permita que eu te siga
Estrela que me guia pelo espaço

Trazendo para o peito esta euforia
Reforça esta emoção em cada traço
Vivendo a plenitude em poesia
Uma alegria imensa a todo passo.

Coração se esfuzia e faz alarde,
Nas trilhas deste amor feito amizade
Os dias devem ser comemorados.

Assim nesta festança interminável
Meu canto se mostrando sempre afável
Esquece os temporais: nossos passados.

2452

Esquece os temporais: nossos passados;
Amor que em fantasia já se aloca.
Desejos e vontades, tresloucados,
Roubando cada beijo em tua boca,

Vivemos feito dois enamorados,
Na senda da emoção divina e louca.
Sabemos que teremos mesmos fados.
A voz bradando amor, ficando rouca

Mas sempre procurando te dizer
O quanto o nosso amor me dá prazer
Ganhando com ternura cada espaço.

Eu quero estar contigo, ser só teu.
Amor que dia-a-dia convenceu
Do rumo em alegria, que ora eu traço.

2453

Do rumo em alegria, que ora eu traço
Certeza deste riso mais urgente.
Amar é ter certeza a cada passo
Da estrada que se mostra à nossa frente,

Querida, eu na verdade não disfarço
O quanto estou – contigo- tão contente.
Estreito em cada verso mais o laço
No qual tanta alegria se pressente.

Não deixe que este sonho, amor acabe,
Nem mesmo que o castelo – amor- desabe
Poder que sempre foi transformador.

Detendo meu olhar eu adivinho
Nos olhos desta deusa o meu caminho,
Vencendo os meus temores, redentor...


2454


Vencendo os meus temores, redentor
Amor que cada verso meu contém.
Pensando em nosso caso, meu amor
Percebo quanto a vida me quis bem.

Um anjo que se mostra a recompor
A vida de quem tanto quis alguém,
Outrora fui um simples sonhador,
Porém uma alegria imensa vem

Dizer-me que afinal felicidade
Virá trazer à vida, liberdade
Palavra benfazeja e mais exata.

Eu sinto a mansidão deste sorriso
Mostrando um paraíso neste aviso
Que aos poucos, vem chegando e me arremata.


2455

Amor que não tem fim vem me dizer
Da força em que amizade se derrama
Ajuda um caminhante a perceber
Potência de um carinho em farta chama.

Vencendo as tempestades, lado a lado,
Jamais eu temerei os descaminhos
Meu verso segue o passo abençoado
Dos ventos que moldaram fortes ninhos.

Não temo o vendaval, prossigo firme
Sabendo que intempéries passarão.
Nos olhos de uma amiga o bem que afirme
Deixando bem distante a solidão.

A força da amizade em mãos suaves
Guardada no meu peito em sete chaves...


2456

Guardada no meu peito em sete chaves,
Amiga redentora traz sorriso,
Ajuda a destruir tantos entraves
Facilitando entrar no paraíso.

Na força da amizade, eu trago a sorte
De ser bem mais que alguém cuja tristeza
Temendo um vão momento e sem suporte
Não vê mais nesta vida uma beleza.

Certeza de encontrar em ti, querida,
Apoio pra seguir a cada dia
Até que a morte venha e assim decida
Por fim a tão sublime fantasia

Da vida que se entorna em alegria,
Nos braços da amizade, estrela guia...


2457


Nos braços da amizade, estrela guia,
Eu tenho uma certeza que não cessa
Vivendo tão somente esta alegria
Amor já vai cumprindo uma promessa

E vence toda forma de tristeza,
Sabendo ser mais forte não se cansa.
Espalha sobre nós farta beleza
No verso que em delícias nos alcança.

De todo temporal que um dia vi
A doce calmaria nos teus braços
Agora que este bem eu conheci
Fortalecendo em paz os nossos laços,
Na proteção serena de um carinho,
A chuva vem caindo de mansinho...


2458

A chuva vem caindo de mansinho,
Molhando o meu amor que vai distante;
Quem dera se pudesse, num carinho,
Chegar juntinho dela num instante,

Pousando no seu colo, um passarinho,
Beijando sua boca num rompante,
Jamais eu voaria mais sozinho,
Seria o seu perfeito sonho, amante...

A chuva se entornando lá do céu,
Derrama suas lágrimas na terra.
Vontade de ficar pertinho dela,

Tocando sua pele, ter seu mel,
Desejo que no peito já se encerra
Aos poucos no seu corpo vai; se atrela...

2459

Aos poucos no seu corpo vai; se atrela;
A luz que nos guiou a vida afora,
Sabendo da beleza dessa estrela
Paisagem mais suave nos decora.

Eu tenho esta certeza dentro em mim
De um tempo iluminado que perfaço
Vivendo a maravilha de um jardim
Estendo meu carinho a cada abraço.

E vejo em teu semblante, a qualidade
Que mostra tanta paz, disso estou certo,
A noite se mostrando em liberdade
Oásis que encontrei neste deserto

Vivendo esta amizade, em lucidez,
Mal sabes quanto eu amo cada vez.


2460



Mal sabes quanto eu amo cada vez
Em que percebo estás perto de mim.
Tu me irradias, pena que não vês
O quanto te desejo, tanto assim.

Meu verso te buscando, insensatez,
Aguarda esta resposta, amor sem fim,
Parece que em verdade tu não crês
No quanto és importante, mas enfim

Depois de tanto tempo na procura
De teus lábios sedosos, venho aqui
Clamar por teu amor, feito em ternura.

Sonhando sempre, sempre chego a ti,
E bebo em tua boca, esta loucura
Amiga, amada amante, insana e pura...


2461

Amiga, amada amante, insana e pura;
Durante tanto tempo eu te busquei.
Vencido no cansaço da procura
A dor desta saudade invade a grei.

Relendo nossas cartas, hoje eu vejo
O quanto eu desejei cada carinho,
A solidão terrível neste ensejo
Tomando com vigor o nosso ninho.

Não posso mais calar a minha voz
É necessário ter uma esperança
Revendo novamente os nossos nós
Os elos da corrente, uma aliança.

O medo me tomando noite afora,
Saudade. Um sentimento que devora


2462

Saudade. Um sentimento que devora
Decora nossa vida em riso e pranto.
Vencendo todo o medo desde agora
Saudade também tem o seu encanto.

É fonte de tristeza e de alegria,
É doce que traduz tanto amargor,
É fogo que se aquece em noite fria,
Vibrante em tempestade, diz amor.

Saudade do que um dia nunca fui,
Castelo em que criei uma ilusão
Que aos poucos, de saudade já se rui,
Deixando as marcas todas pelo chão.

Saudade da morena mais gostosa,
ao mesmo tempo espinho, aroma e rosa...


2463

Ao mesmo tempo espinho, aroma e rosa
Mulher que transtornou meu pensamento,
Rainha de meus sonhos, tão formosa
Deixando aqui somente o sofrimento.

Não posso me conter, e tento agora
Falar desta emoção que cala fundo,
Lembrança de teu rosto se assenhora
Mudando minha rota num segundo.

Aquele que já fora um sonhador,
Um velho enamorado morre aos poucos
Meus versos traduzindo tanta dor,
Os dias se passando: tristes, loucos...

Qual seca que matou promessas, lavras,
Saudades de teus lábios, das palavras...



2464


Saudades de teus lábios, das palavras
Que calma, dedicavas para mim.
Arando em precisão perfeitas lavras,
Aguando todo o amor que sei sem fim

Nós somos passageiros deste barco,
Atados pelos sonhos e vontades
Amor que sinto tanto quando abarco
Teus versos em total sinceridade.

Velejo em esperanças por espaços
Além deste infinito que prevejo.
Alçando com certeza nossos laços,
Tu tens a maravilha que eu desejo.

Não quero te perder de forma alguma,
Minha alma pros teus braços já se ruma...

2465

Minha alma pros teus braços já se ruma
Mudando a direção que imaginara
Quebrando em tua praia, mar e espuma
Tentando nova senda bem mais clara.

Não quero mais corrente em nossos pés,
Apenas liberdade de sonhar.
Distante das tristezas, das galés,
Uma alegria chega devagar.

Masmorras do passado; não as vejo
Tampouco a solidão algoz, ferina.
Encanto sem igual toma o desejo
Enquanto a poesia me fascina.

Meu canto libertário concebeu:
Não te quero cativa, pois sou teu,


2466


Não te quero cativa, pois sou teu,
Meu mundo no teu mundo se encontrou
No instante em que me sonho se perdeu,
Deitando meu prazer que te buscou,

Rainha que em espasmos me domina,
No afã de ter teu corpo junto a mim,
Adentro bem voraz a bela mina,
E vou com tal volúpia até o fim.

Revelo meu desejo em cada verso,
Nadando nos teus mares, oceanos.
Rondando com meus beijos universos,
Vasculho teus caminhos sem enganos.

E assim somos um só, ninguém separa
O que o amor uniu em noite clara...


2467


O que o amor uniu em noite clara
Jamais se romperá, tenho certeza,
Felicidade imensa se declara
Entorna poesia em nossa mesa.

Eu beijo tua boca mansamente
Sabendo do prazer que nada cala,
Minha alma se tomando calmamente
No amor não se tornando mais vassala.

Contorno com meus dedos o teu rosto,
Desenho tão fantástico retrata
Encanto em cada verso, sempre exposto
Mostrando nossa vida bem mais grata.

Um doce sentimento, amor transporta
Felicidade imensa abrindo a porta...




2468


Felicidade imensa abrindo a porta
Não deixa mais que a vida nos impeça
De ter esta alegria que inda aporta
Além de simplesmente uma promessa.

Eu tenho aqui comigo esta certeza
De um dia que trará imensidão,
Vencendo em calmaria a correnteza,
Enfrenta com firmeza o turbilhão.

Meu coração que outrora vagabundo,
Agora sabe o cais que necessita
Girando; há tanto tempo, num segundo
Encontra a jóia rara, esta pepita

E sobre esta emoção dita prazer,
Amor que não tem fim vem me dizer.


2469
O quanto esta paixão sempre arrebata
Tomando o meu cenário, faz a festa
Vontade de saber em serenata
O brilho serenando uma tempesta.

Depois de tanto tempo solitário
Eu vejo ser possível nova dança
Amor que sempre fora temerário
Agora a plenitude; enfim, alcança.

Beijando a tua pele, com carinho,
Sentindo este arrepio me tomando.
A noite se passando de mansinho,
O vento da alegria se faz brando.

Colheita mais sublime de um jardim,
Esparramas teu gozo sobre mim.


2470

Esparramas teu gozo sobre mim,
Na lava que me queima e me sacia.
Eu quero estar contigo até o fim
Mordiscas meus desejos, alegria.

Aguando tuas flores, teu jardim,
Enaltecendo sempre a fantasia
Do mundo que nos mostra em tal festim,
Um gesto de calor e de euforia.

Serenos vão caindo em nossos portos,
Corpos que se buscam, sem fronteiras.
Destinos que julgávamos tão tortos

Molduram em delícias; novos planos
De noites tão fantásticas, ligeiras,
No fogo destes sonhos sobre humanos...


2471


No fogo destes sonhos sobre humanos
Amor incendiando a nossa vida,
Vencendo os mais temíveis desenganos
Estrada demonstrando uma saída.

Meu verso te buscando, segue ao léu,
Estrelas espalhando em nossa cama,
Girando a fantasia em carrossel,
Durante a noite inteira amor te chama.

Estenda, por favor, um laço ao menos,
Deixando que eu perceba assim um rastro
Tramando outros momentos mais amenos,
Da vida uma certeza feita em lastros.

Se a solidão, algoz, inda persiste,
Distante dos teus braços, fico triste.


2472


Distante dos teus braços, fico triste,
A vida vira logo uma bobagem,
Amor que tu bem sabes já resiste
Não sendo mais um sonho, uma miragem.

Convida para a vida que persiste
Com força e com carinho em boa aragem,
No coração, amor que sei existe,
Fazendo no meu peito uma viagem

Que leve aos olhos teus, olhos sedentos
Dos teus, momentos lindos de viver.
Rondando tua cama, fortes ventos,

Chamando para a noite em tal prazer
Que invadem todos estes sentimentos
Fazendo deste amor meu bem-querer...



2473

Fazendo deste amor meu bem-querer
Razão para que eu possa prosseguir,
A cada novo tempo irei saber
Aonde me encontrar ao te sentir.

Eu venho de um passado dolorido,
Vencido pelos medos e tristezas,
Agora nos teus braços, envolvido
Eu venço em alegria a correnteza.

Não quero mais surpresas, eu garanto,
Cansado de lutar sem esperanças.
Apenas derramando amargo pranto
Quem sabe nos teus laços, alianças,

Teu corpo, estas estradas conhecidas,
Minhas mãos percorrendo ensandecidas


2474


Minhas mãos percorrendo ensandecidas
Teu corpo, porto, cais que revigora.
Contorno minhas noites, nossas vidas,
E chamo-te pra cama. Vem agora!

Meu desejo te pede sem ter hora,
E lambe tuas pernas distraídas.
Do amor que tanto tenho se decora
E sabem dar prazer, mãos pedidas

E tanto desejadas. Quero mais,
Repito logo a dose e me inebrio,
Tocado pelo fogo do teu cio,

Sentindo-me de tudo ser capaz
Até que no final, extasiado,
Dormindo entre estas pernas, do teu lado...


2475


Dormindo entre estas pernas, do teu lado
Jamais retornarão as tempestades
Meu canto de teus olhos, encantado
Permite que se entendam liberdades.

Não vejo outro caminho em nossa vida,
Senão retribuir cada carinho,
Estrada tantas vezes percorrida
Permite que se aviste em ti meu ninho.

Não tema a solidão, venha comigo,
A fera se escondeu pra nunca mais,
Não vejo mais sequer algum perigo,
Felicidade agora é nosso cais,

Sabendo nosso amor, qual firme escolta,
Amiga; eu te garanto ela não volta.




2476


Amiga; eu te garanto ela não volta.
Jamais retornará ao velho ninho.
Desculpe se a saudade traz revolta
Ao peito que se perde em desalinho.

Um grito no vazio, sempre solta
Aquele que caminha tão sozinho.
Quem dera se encontrasse alguma escolta
Em quem me prometesse um só carinho...

Eu te agradeço o braço tão amigo
De quem sabe e conhece cada passo
Que dei em minha vida, em desabrigo

O tempo em solidão, pra sempre eu passo,
Quem dera se viesses já comigo
Assim me bastaria só teu laço...


2477

Assim me bastaria só teu laço
Semente cultivada com fervor,
Amada ao ter firmeza em cada abraço
O tempo de viver, encantador.

Do medo nem resquícios, sigo em frente
Vencendo qualquer dor que um dia venha
No peito a fantasia plenamente
Aquece a nossa noite, fogo e lenha.

No fogaréu dos sonhos cada espera
Permite que se veja esta amplidão
Amor que se cevou na primavera
Promete eternidade de um verão.

Colheita feita em belos, raros, ramos,
Percebo em cada passo que nós damos.



2478


Percebo em cada passo que nós damos
Em direção ao bem tão absoluto
Que amor que não permite que tenha amos
Bendiz a cada dia o raro fruto

Que é feito em cada passo que sonhamos
Impede que haja morte ou mesmo luto.
No dia em divindade que traçamos
Jamais conheceremos jogo bruto.

Mas amor é doído e causa danos
A quem não se percebe enamorado.
Por vezes se povoa em desenganos

Distante do caminho já traçado.
Por isso é que ao passar de tantos anos,
Eu continuo sempre do teu lado...


2479

Eu continuo sempre do teu lado
Sem nada que me impeça, vou contigo.
Meu verso se mostrando extasiado
Deixando para trás qualquer perigo.

Nas mãos que se derramam em ternura
Eu tenho a sensação de ser mais forte.
Enquanto a fantasia se depura,
Traçamos lealmente o nosso Norte.

O mundo prometido se apresenta
Nas mãos de quem percebe o que bem quer.
Ternura com certeza me apascenta
Vencendo qualquer fera que vier.

Encanto que vislumbro; tão dileto,
Amiga na procura por afeto

2480


Amiga na procura por afeto
Vagamos multimídias universos.
Meu mundo ao mostrar mais incompleto
Estende cada braço nestes versos.

Momentos tão difíceis e perversos
Passamos sem um colo mais dileto
Embora a tela mostre-se um objeto
Provoca sentimentos tão diversos.

Compartilhando tudo o que puder,
Eu quero ser amigo mais leal.
Nas horas mais difíceis e vazias

Quem sabe noutro dia se quiser
Na troca de carinhos, afinal,
As nossas noites deixem de ser frias...


2481

As nossas noites deixem de ser frias
Trazendo este calor que necessito,
Restando tão somente as alegrias
Eu vejo amanhecer bem mais bonito.

Depois de tantos medos e temores
Amor modificando o meu caminho
Estende em suas mãos os resplendores
Decerto nos teus braços não definho.

Ternuras se agigantam; nada as cala
Nem mesmo uma saudade ou solidão.
Enquanto a tempestade me avassala
Nos olhos de quem amo; uma amplidão.

Não tema mais as dores nem o frio
Encanto feito amor; eu propicio.

2482

Encanto feito amor; eu propicio
Sabendo que tu vens sempre comigo,
Derramas sobre nós gozo em rocio
Amor que há tantos anos eu persigo.

Recebo cada verso que tu fazes
Com toda essa emoção rara e suprema,
Permites que eu conceba firme base
Rompendo do passado cada algema.

Entendo ser possível ser feliz
Tocado pelo vento da paixão
Quem fora no passado um aprendiz
Aprende com certeza essa lição.

Tu sabes deste sonho que retrata
O quanto esta paixão sempre arrebata


2483

O peito enamorado. Rondo estrelas
Vagando em busca deste claro sonho
Enquanto em alegrias tu atrelas
Beleza sem igual que ora componho.

Vicejas com sorriso a poesia
Traçando em flórea senda o meu caminho.
Na tela que tu teces já se cria
Remanso em placidez em que me aninho.

Sabendo deste encanto eu sempre insisto
Fazendo de meus versos instrumento
Aonde se perceba este benquisto
Desejo apascentando algum tormento.

As noites do teu lado são de galas,
Ouvindo o canto doce em que me falas...




2484

Ouvindo o canto doce em que me falas
Do amor que nos transforma em seres santos.
Tu deixas os problemas noutras salas
E mostras tão somente os alvos mantos.

Porém uma verdade nua e crua
Se mostra necessária nestes versos.
Se a vida para nós já continua
Eu te agradeço amada, pois diversos

Enganos que eu cometo dia a dia,
Omites por amor, dedicação.
A vida tão perfeita não seria

Se não houvesse em ti a claridade
E todo este poder de dar perdão
A quem tanto se engana, na verdade...

2485


A quem tanto se engana, na verdade
Jamais perdoará qualquer falseta
Amor quando não sonha liberdade
Um erro sem igual que se cometa.

Não vejo mais temores se estou certo
Do quanto que desejo estar contigo.
A cada novo engano eu sempre alerto
Tentando, tantas vezes, mal consigo.

Se eu tenho esta alegria de viver
Decerto em tua praia faço porto.
Não quero, novamente, me perder,
Nos braços de quem amo, um sonho aporto.

Os temporais se mostram verdadeiros
No vento que balança mil coqueiros


2486

No vento que balança mil coqueiros
Nas ondas deste mar, em alva areia,
Os sonhos se tornando verdadeiros
Ao canto esplendoroso da sereia.

No peito passarinhos em viveiros
Promessa de hoje à noite em lua cheia
Os olhos desejosos seresteiros
Clamor que com calor nos incendeia

Amor que se reclama e me alucina
Matéria tão divina, prazer humano.
Distante do que sei ser desengano

Na boca a fruta doce e cristalina,
Nos olhos esperanças de outro plano
Delícia feita em beijo e cajuína...


2487


Delícia feita em beijo e cajuína
Na boca da morena mais audaz,
Desejo que guloso nos domina,
Durante a caminhada, satisfaz.

Beijando uma esperança, sigo alerta
Bebendo cada gota de suor,
A fome de viver cedo desperta
Sabendo deste encanto bem maior.

No quanto procurei e sei agora
Do amor que me tortura e que se salva,
Beleza desta noite nos decora
Vivendo a fantasia sem ressalva.

No corpo da princesa, sensual,
O vento se desdobra em vendaval

2488


O vento se desdobra em vendaval
Deixando a calmaria já de lado.
A vida recobrando cada aval
Transtorna sem sentido figurado.

Teu canto mavioso e sensual
Convida para o sonho demarcado
Por gosto de ventura, sol e sal,
Mistura tango, dengo, samba e fado

Assim nós vamos soltos pela vida
Atados por um laço sempre forte.
Não quero ter a dor da despedida

Tampouco o triste fim em desamor.
Que a vida nos impeça cada corte
Trazendo o vendaval com destemor...


2489

Trazendo o vendaval com destemor
Eu faço deste encanto, tempestade.
Sabendo da importância desse amor
Vislumbro no final, felicidade.

Encontro em tuas mãos vários segredos
Enredos tão diversos, mesmo mote.
O vento balançando os arvoredos
Vontade que se expõe jamais se esgote...

Revendo cada passo tento a sorte
Mudando a direção do temporal.
Bonança não promete novo Norte
As alegrias fogem do embornal.

Olhando o teu olhar ora revejo
Meninos descobrindo o que é o desejo.



2490

Meninos descobrindo o que é o desejo
E toda insanidade que ele traz.
A mão audaciosa, o nosso beijo,
A noite e a solidão, o medo, a paz...

Os primeiros poemas, num versejo
Ingênuo, muito aquém de um verso audaz,
Porém com todo sonho que é capaz
Quem tem na vida um rápido lampejo

Do qual a mocidade se nutria,
As pernas tão distantes, o portão.
A dança, as febres loucas, fantasia.

Princesas e castelos, cavaleiros
No jogo fascinante da paixão
Decerto dentro em nós são verdadeiros...

2491

Decerto dentro em nós são verdadeiros
Os ritos generosos e gentis.
Bebendo em fanatismo tantos cheiros
O fogo da paixão nos faz feliz.

Embora tantas vezes se sonegue
Momentos de perdão; vamos em frente.
Vivendo esta emoção prossigo entregue
Buscando um novo dia que se invente.

Às vezes esta estrela que me guia
Perdendo seu caminho, aqui me deixa
E quando se demonstra fugidia
Não ouve dos meus sonhos qualquer queixa.

Além do que se mostra ou mesmo pensa
Eu procurei-te, embalde, em noite imensa,



2492


Eu procurei-te, embalde, em noite imensa,
Transido pelo frio que fazia
Nevasca dentro da alma, mais intensa.
Distante da alvorada longe o dia...

Sem nada que encontrasse que convença
Que inda pudesse ter uma alegria.
Do vento, o seu bafio qual ofensa
Batendo na janela, em melodia

Uníssona ecoando o que senti,
Passando a noite inteira, eu vou sem ti
Cruzando as portas negras da saudade...

Porém ao sol nascer eu percebi
Que estavas de chegada, então sorri
Sentindo renascer a claridade...


2493


Sentindo renascer a claridade
Quem há de me negar imenso brilho?
Vivendo toda noite esta saudade
Caminho mais diverso, imerso eu trilho.

Dispersos pensamentos te buscando,
Estrela que se foi em trevas tantas.
Ao mesmo tempo sigo te cevando.
Tu sabes quando sempre já me encantas.

Meus olhos não se cansam; mesmo à toa.
Na moldura do céu querem faróis
Apenas o vazio ainda ecoa
Tornando silenciosos arrebóis...

Uma esperança algoz ora te caça
Na valsa que avança na noite que passa




2494




Na valsa que avança na noite que passa
Amor não disfarça já vem galopante
Azar é fumaça que vem num instante
Teu corpo aguardente, meu vício e cachaça

Eu quero comigo, teu beijo dengoso
Amor sem perigo, formato gentil,
Beijo delicado, querida é fogoso
Da cor do pecado, sabor mais sutil

A noite enveredo contigo do lado,
Balança arvoredo se mostra mais forte,
O vento chegando, molejo marcado
Carinhos trocando curando do corte

Que a vida nos trouxe num tempo esquecido,
Amor de verdade, caminho cumprido...


2495

Amor de verdade, caminho cumprido
Sentindo o vento manso da emoção
Embora tantas vezes repartido
Ainda sinto forte, o coração.

Batendo em descompasso vez em quando
Num alvoroço expressa o quanto quer
Por mais que inda perceba desabando
Deitando sobre os braços da mulher

Que às vezes foi rainha, noutras bruxa
Nas ondas deste mar vai e retorna
Enquanto a solidão por vezes puxa
Retorna da tempesta em água morna.

Mas vence no final e se deleita
Terçã nossa paixão, lembra maleita...




2496



Terçã nossa paixão, lembra maleita,
Queimando nesta febre interminável
À noite em mil loucuras quando deita
Demonstra este segredo indecifrável

É fácil perceber quanto eu te quero
Ao mesmo tempo finges não querer.
O amor que se pretende mais sincero
Não sabe sonegar qualquer prazer.

Mas tenta disfarçar, e até consegue,
Vitórias desencantam dores trama.
Depois do vendaval estou entregue
Deitando tais vontades, nossa cama.

E quando as fantasias me revelas,
O peito enamorado; rondo estrelas.


2497


Nas asas deste sonho eu me liberto
E bebo a fantasia do querer,
Aguando em esperanças o deserto
Concebo o que desejo e quero crer.

Decifro os teus sinais, caminho certo
Expresso com ternura o meu prazer
Portal do paraíso encontro aberto
A chave dos segredos; passo a ler.

Mistérios do passado, tuas sendas.
Ao mesmo tempo finges serem lendas
E quando me transtornam; sedução

Tu dizes que acertei em cheio o alvo
Porém eu só me encontro, assim, a salvo
Na massa em que se faz gostoso o pão.



2498

Na massa em que se faz gostoso o pão
Amassos e macias mãos velozes.
Em aço se fazendo tais algozes,
Adentram toda noite de verão

No quarto já fartando de emoção
Gemidos sussurrantes viram vozes,
Das calças lá se arrancam em caos coses
Fazendo um alvoroço em turbilhão.

Amor quando ouriçado faz fumaça
Parece tempestade sem ter freio.
Dançando em madrugada, plena praça

A mão invade a blusa e quer o seio.
Querida é bom viver, a vida passa,
Depois? Recordação virando esteio...


2499

Depois; recordação virando esteio
Não tendo quase nada do que fomos
O rio navegando em outro veio
Da fruta que tivemos, nem os gomos.

Guardando nos meus olhos teu retrato
Mentiras que somente o tempo diz.
O nó das ilusões quando eu desato
Prefere me dizer que eu fui feliz.

Saudade, na verdade já falseia
Mudando este cenário noutra vida
Enquanto a lua se mostrava sempre cheia
Toda esperança estava desvalida.

O quanto desvaria o coração
Um médico não mede, em precisão...




2500

Um médico não mede em precisão
Um sentimento assim que é meio instável.
Remédio que se dá pro coração
Nem sempre na farmácia é encontrável.

Eu só sei te falar deste baião
Que fala de um sintoma demonstrável
Segundo já dizia Gonzagão
Amor é facilmente detectável.

Se enjoas da boneca e não quer chita
E todo o dia quer ser mais bonita
É fácil descobrir por que, menina.

Porém o tratamento, na verdade,
Sendo coisa da própria mocidade,
Não se encontra jamais na medicina...


2501


Não se encontra jamais na medicina
Sequer algo que possa traduzir
A chama que decerto se extermina
E ainda vai teimando em nos luzir.

Saudade maltratando em alvoroço
Pedaços do que fomos; coletando.
Se nela tantas vezes me remoço
Castelos dos meus sonhos desabando.

Ainda se mostrando como bóia
Não deixa que o naufrágio se perceba.
Depois de certo tempo é paranóia,
Desta água amarga a vida não mais beba,

Imagem do passado, decomposta,
Hormônios exalados, carne exposta.

2502

Hormônios exalados, carne exposta
Sangrantes os desejos e os carinhos.
Descubro tuas praias costa a costa
Invado tuas salas, escaninhos.

Arranco a carapaça em cada crosta
Sabores agridoces gins e vinhos
A mesa feita em cama sempre posta
Cabelos e destino em desalinhos.

Cativo deste amor que é redundante
Num círculo de fogo, vicioso.
Enredos que se formam num instante

Aonde a plenitude se completa
Repletos de nós mesmos, dor e gozo
Nos arcos onde somos também seta.


2503


Nos arcos onde somos também seta
Amor fazendo sempre confusão.
Quem dera se eu pudesse ser poeta
Talvez eu vislumbrasse solução.

Porém amor se torna sonho e meta
Deixando para trás a sensação
Da vida se mostrando mais completa
Embora traduzindo turbilhão.

Eu quero ser teu cais e teu saveiro
Vivendo este tormento alvissareiro
Em forças desiguais, somos mutantes.

Ao mesmo tempo enquanto tu não vens
Percebo as maravilhas das miragens
Nas bocas que encontrando; tão distantes.


2504



Nas bocas que encontrando, tão distantes,
salivas são trocadas, sem amor.
Quem dera se pudesse, por instantes
nelas perceber real calor.

Nos corpos misturados, cama e sexo,
apenas o prazer pelo prazer,
acordo, procurando qualquer nexo,
mas nada que permita-me entender.

Apenas tua face em cada rosto
espelhos onde busco mesmo a mim.
Quando em lençóis desejo cede, exposto,
mergulho sem limites, vou ao fim.

Depois da farsa inútil revelada,
desnuda, outra mulher... Não restou nada...


2505
Desnuda, outra mulher... Não restou nada
Daquela que se foi e quis voltar
Imagem nos meus olhos transtornada
Mentindo à fantasia nega o mar.

O quanto se demonstra disfarçada
Trazendo num momento um novo olhar
A boca que queria ser beijada
Mudando este cenário, faz chorar.

Depois de tanta festa, tempestades
Inundam com certeza o velho rio
Do quanto se mostrou em desvario

O rosto feito em mágoas não conquista
Saudade num momento ainda avista
Diademas estrelares, liberdades...



2506


Diademas estrelares, liberdades,
Orquestrando meus sonhos, passam breves,
Compotas de emoções, felicidades
Em cânticos noturnos, belos, leves...

Dos olhos de quem amo; claridades,
Palavras de carinho- eu peço- leves
Contigo para sempre – eternidades.
Que as dores nos maltratam como as neves.

Eu te amo, simplesmente e nada mais.
Sou teu parceiro, tenha esta certeza,
A vida se apresenta em tal leveza,

Que mesmo sendo um barco de papel,
Que enfrenta a correnteza até o cais
Iremos, libertários. Asas. Céu...


2507


Iremos, libertários. Asas. Céu,
Vagando constelares esperanças.
Por mais que a noite venha tão cruel
O quanto se percebem novas danças

Fazendo desse sonho um carrossel
Trazendo nos meus olhos as lembranças
De um tempo mais gostoso, estende em véu
As rotas colidindo em alianças;

O tempo de viver felicidade
Entende ser possível claridade.
E ao fogo deste jogo nos compele.

Assim seguindo a roto da alegria
Seguimos mesmo em simples poesia
Atados: braços, olhos, corpo e pele.

2508

Atados: braços, olhos, corpo e pele.
Sem limites, vivemos sem fronteiras.
Ao ato de te ter amor compele
Em magas sintonias, feiticeiras.

Querer o teu querer e nisso ver
Um dia mais alegre e mais contente.
Um jeito de se dar e ter prazer,
Domina o sentimento. Já se sente

A brisa da manhã beijando mansa
A boca tão gostosa de quem amo.
Amor ao perceber nos dá fiança.

No rastro de teus passos; sigo, amor.
E à noite toda vez quando eu te chamo
Invade-me, querida, o teu sabor...


2509


Invade-me, querida, o teu sabor
Rondando a minha boca, inebriante
Vertendo sobre nós perfeito amor
Estende tal tesouro, diamante.

A vida não permite descalabros
Tampouco as ilusões; se são ferozes,
Os dias solitários e macabros
Impedem dos caminhos mansas fozes.

Pecado é não poder seguir em frente
Vivendo sem ter nexo em falso rumo.
O vento da paixão quando envolvente
Expressa o que eu desejo e sempre assumo

Um mundo onde viver traduza calma,
Tocando em emoção penetrando alma...

2510

Tocando em emoção penetrando alma
Um vento benfazejo, ora promete
A plena calmaria que me acalma
Enquanto esta alegria se repete.

Eu vejo nos teus olhos, meu farol,
E sigo cada passo que tu dás,
Amanhecendo assim um raro sol
Permite que se entenda amor em paz.

Vencendo as intempéries, nada temo,
Nem mesmo se vier tal solidão.
Da barca dos meus dias, forte remo
Toando com firmeza e sedução

Sabendo deste rumo claro e certo,
Nas asas deste sonho eu me liberto.


2511

Contando vaga-lumes, tu atrelas
Teus sonhos em meus sonhos, companheiros
Estrelas salpicadas são mais belas
Sentidos entranhando, verdadeiros.

Qual fossemos parceiros dessa sanha
Pensamos alcançar eternidade.
Partida se mostrando agora ganha
No quanto uma alegria nos invade

Coleto cada rastro feito em luz,
Vagando por teus braços sou eterno.
Aonde a fantasia me conduz
Jamais sei solidão nem mais hiberno

No amor nosso destino, eu mesmo traço,
Meu coração seguindo cada passo.


2512




Meu coração seguindo cada passo
Que fazes nesta estrada mais audaz
Tu sabes que eu te quero e não disfarço
Te quero, na verdade muito mais.

Sou teu, apenas isso, meu amor.
Atrás de teus caminhos, acho o meu.
Deitar-me do teu lado, em teu calor,
Amor quando é demais, me convenceu

Do dia que promete ter teu sol
Ardendo em minhas costas, prazeroso,
Deixando uma tristeza em arrebol,
Encontro um canto, leve e mavioso

Nas águas de Iracema, na alva areia,
Desfila radiante esta sereia...


2513

Desfila radiante esta sereia
Desnuda em minha cama, deslumbrante
O fogo de teu corpo me incendeia
O mundo se transforma neste instante.

De toda antiga insânia, a sensatez
Traduz a mais sublime liberdade,
Amor que sem pecados já se fez
Permite reviver a mocidade.

Nos toques mais sutis, bocas ferinas,
Nos beijos mais audazes, paz suprema.
Enquanto com carinhos me dominas
Não vejo mais sequer algum problema

Um mundo fascinante se recria,
Nos braços de quem amo; tal magia...


2514

Nos braços de quem amo, tal magia
Que faz o dia vir iluminado,
Entornas nos teus passos, poesia,
Deixando em cicatriz, bem demarcado

Prazer de estar em tua companhia,
Vivendo nosso sonho, apaixonado
Realizando assim, a fantasia:
Seguir sempre contigo, lado a lado.

Urgindo ser feliz te quero agora,
Ungido pela luz que em ti, aflora
Encanto que este sonho propicie.

Sabendo desta lua enciumada
Eu peço e até suplico a ti, amada
Não deixe que esta noite nos vigie.


2515



Não deixe que esta noite nos vigie,
Escondo-me em teu corpo, e me protejo
Na sede de viver que propicie
As fontes da alegria e do desejo.
E nos esconderijos que amor crie
Deitar felicidade em tanto beijo.

Percorro teus caminhos e concebo
Um vale em emoção e sentimento.
Prazer que assim te dando, eu já recebo
Distante da tristeza e do tormento.
Tomado de carinho, então percebo
Tocando a minha pele, o manso vento.

Regalos desta vida a me mostrar,
O quanto é necessário e bom amar...

2516

O quanto é necessário e bom amar
Deveras a canção jamais negou.
Depois de tanto tempo procurar
A vida num momento te encontrou.

Na barca de meus sonhos teu sorriso
Demonstra em maravilha, ancoradouro
Já tendo em minhas mãos o que eu preciso
Percebo no teu corpo o meu tesouro.

Tu és a redenção, disso estou certo,
Depois dos desenganos no caminho.
O céu que tantas vezes vi coberto
Permite este luar onde me aninho.

Deixando no passado a minha cruz
Amor em tanto amor se reproduz...


2517


Amor em tanto amor se reproduz
Num sonho magistral eu me aprofundo
Amor que é feito em fogo, força e luz,
Não deixa o pensamento um só segundo.

Aos rastros que tu deixas, me conduz,
Vagando no infinito, ganho o mundo.
A roupa transparente em corta-luz
Dos sonhos e desejos já me inundo

E perco, num momento, a lucidez
Tomado por total insensatez.
Desejos e vontades que viciam.

Durante a noite escura, imersa em trevas
Beleza e claridades, lumes cevas,
Teus olhos são estrelas que me guiam


2518


Teus olhos são estrelas que me guiam
Levando o pensamento bem distante,
Estrelas que divinas já luziam
Tornando o meu caminho fascinante

Momentos mais sublimes propiciam
as horas que te vi, no mesmo instante,
Prazeres e vontades refletiam,
Corcel de uma emoção vai, galopante

Cruzando pelo espaço, qual cometa,
Na jura que se fez, vera e dileta
Tomando em maravilhas o arrebol

Persigo cada passo que tu dás,
Sabendo deste amor em tanta paz,
Seguindo a nossa estrada para o sol.

2519


Seguindo a nossa estrada para o sol,
Que mostra em brilho raro o bom caminho,
Meu coração te busca, um girassol
Que nada poderá fazer, sozinho.
Teus olhos me servindo de farol,
Clareiam divinais, o nosso ninho.

Quem dera se pudesse, um cavaleiro,
Seguindo num galope, passo a passo,
Até chegar ao sonho derradeiro,
Que encontro, mais feliz, no teu abraço.
Tomando em cada brilho, o verdadeiro
Sentido que se empresta ao vero laço

Do amor que emoldurou eternidade
Nas telas divinais: felicidade...

2520



Nas telas divinais: felicidade
Molduras meus desejos, ritos vários.
Insânia se transforma em claridade
Momentos tão sublimes, necessários.

Mudando este cenário em que vivi,
Decifro teus enigmas, sigo em frente
Chegando ao paraíso vejo em ti
O amor que em alegrias se pressente.

Não tendo outro caminho ou solução
Descubro o meu prazer em rica fonte
Vencendo desta forma a solidão
Percebo um raro lume no horizonte

Não vejo nem mais sombras, pois renego,
Destas dores antigas que carrego.



2521





Destas dores antigas que carrego,
Depois de tanto tempo em solidão,
Nos braços de quem amo, enfim navego,
Tocado pela força da paixão.
Quem fora, antigamente quase cego
Percebe, nos teus olhos, a amplidão!

E faço deste amor, estrela guia,
Tramando um sol intenso em minha vida.
Dançando em emoção, a sinfonia
Que um dia pensei morta, assim, perdida.
Dourando o meu cantar em fantasia,
Luzindo uma esperança mais querida.

Vibrando de alegria, encontro em ti,
Amor que tantas vezes, persegui.


2522

Amor que tantas vezes, persegui
Perfeita tradução de maravilha.
Agora que encontrei, prossigo em ti
Fazendo de teu corpo minha trilha.

Andanças sensuais, sem ter fronteiras
Mergulho o meu desejo no teu porto.
Teus gozos se transformam nas bandeiras
Aonde em noite clara eu quero e aporto.

Concebo paraísos, peito aberto,
Refém desta loucura nada temo,
Caminho tantas vezes descoberto
Amor que se mostrando assim supremo

Estampa este cenário e sinto enfim
Tua nudez deitada sobre mim.

2523


Tua nudez deitada sobre mim,
Dois corpos que procuram por prazer
Na noite em fantasia, vão assim,
Vivendo esta alegria de querer
Colhendo em tua boca carmesim,
Loucuras e desejos. Quero ter,

Sentir em tua pele este arrepio,
Suave sensação de amor intenso.
Negando à noite imenso e duro frio.
Amor no qual- querida, sempre penso;
A cada novo sonho em desvario
Do amor que tanto quero eu me convenço

Do quanto que eu desejo em cada gozo,
Certeza de um prazer delicioso...


2524

Certeza de um prazer delicioso
Iridescente dia se anuncia
Num toque com certeza fabuloso
A gente se entregando em alquimia.

Estrelas ejaculam raras luzes
E nelas a tiara de um prazer.
Caminho aonde em luas me conduzes
Permite num momento perceber

Em forma de delírio a sobremesa
Deitando nossos corpos, sede e fome,
O quanto se deseja, amor nos preza
Escuridão e treva, em brilhos some

Meu corcel libertário nas estrelas,
Contando vaga-lumes, tu atrelas.


2525

Teu barco... E assim chegamos num remanso
Depois de temporais, várias procelas
O quanto em teus caminhos eu alcanço
A paz, em sentimentos me revelas...

Teu barco... Navegando em mar imenso
Abarco as esperanças que me trazes
No quanto em nosso amor, eu quero e penso
A vida se transforma em tantas fases...

Teu barco... Pensamento libertário
Encontra nesta praia a mansidão.
O amor um bem supremo e necessário
Invade em calmaria o coração...

Teu barco... E assim eu sempre posso ver
Depois da tempestade, o alvorecer...





2526


Depois da tempestade, o alvorecer
No qual em luz suprema eu acredito
Pensando toda noite poder ter
Carinho de quem amo; necessito

Falar de tanta glória e do prazer,
Que encontro junto a ti, amor bonito.
Quem dera se eu pudesse merecer
E ter tanta alegria como rito.

pensando neste amor que não tem fim,
cultivo belas flores no jardim.
Nos braços deste amor eu me agiganto.

Sabendo que encontrei felicidade
Vivendo agora em plena liberdade
Eu quero o nosso amor em belo encanto.


2527

Eu quero o nosso amor em belo encanto,
Seguindo os passos belos, reluzentes,
Coberto pela glória, em raro canto,
Trazendo os dias sempre mais contentes,
Amor vai nos cobrindo com seu manto,
Deixando bem distantes penitentes

Momentos de tristeza que passei,
Rompendo uma alvorada em luz intensa,
De todas as estradas que cruzei
Encontro nos teus braços recompensa,
Amor é nosso lema e nossa lei,
Ternura que se faz, assim imensa.

Vivendo o nosso amor tenho o que quis
E grito ao mundo inteiro: eu sou feliz!


2528


E grito ao mundo inteiro: eu sou feliz!
Outrora vislumbrara a paz suprema.
Pensando ter comigo o que mais quis
Rompendo com passado cada algema.

Correntes e grilhões já esquecidos
Deixados para trás... Pura ilusão
Miragens embelezam os tecidos?
Aos poucos a ruína toma o chão.

Quem dera se eu pudesse. Quem me dera...
Não tenho outro caminho, sigo só.
O vento que trazia a primavera
Estorna a fantasia e deixa o pó.

A vida preparando esta surpresa:
À noite a solidão, trama a tristeza


2529

À noite a solidão, trama a tristeza
Que faz de nossa vida merencória.
Porém amor espalha tal beleza
Que tudo se reverta em plena glória.
Levados pela forte correnteza,
Deixemos que o amor mude esta história.

Fazendo deste canto qual um hino
Rendendo uma homenagem ao amor.
Futuro mais brilhante descortino,
No peito que se faz tão sonhador.
Bebendo deste amor, eu me alucino,
Diante deste verso embriagador.

A noite solidária vem e tece,
Um sonho que jamais alguém esquece...


2530

Um sonho que jamais alguém esquece
Deixando suas marcas sobre nós.
Amor que com certeza me enlouquece
Tomando com firmeza nossa voz.

À fantasia sempre ele obedece
Atando os mais distantes, ledos nós.
Meu canto como fora alguma prece
Renega o sentimento mais atroz.

Encontro nos teus olhos sedução
A força magistral destes faróis,
Caminho a se buscar e nos propor

Além de simplesmente uma ilusão
Tomando em claridade os arrebóis
Tu sabes quanto eu quero o teu amor.

2531

Tu sabes quanto eu quero o teu amor,
E nisso uma certeza já se faz.
Deitar e repartir nosso calor,
Numa emoção que a vida sempre traz,
Fazendo deste canto, encantador,
Trazendo para a noite calma e paz.

No leito deste rio, feito em sonho,
Navego até chegar à fortaleza,
Mostrando em cada verso o que proponho,
Deitar minha alegria em tal beleza,
Descendo com meu barco, vou risonho,
Levado pelo amor em correnteza.

Viagem que em teus braços, determina,
Amor em perfeição quase divina...

2532

Amor em perfeição quase divina
Expressa um sentimento mais profundo,
O quanto te desejo enfim, menina
Não deixo de pensar um só segundo.

Nas mãos carrego as flores, deixo espinhos
Não vejo mais as trevas do passado.
Deitando em nosso amor tantos carinhos,
Dos olhos deslumbrantes, encantado.

A jóia diamantina que tu trazes,
Ourives dos meus sonhos, deusa e Diva,
Vontades e desejos mais tenazes
Amor tão verdadeiro não nos priva.

Minha alma em teus carinhos vai tão rica
O gozo do prazer nos santifica.


2533


O gozo do prazer nos santifica
Nem mesmo uma tristeza contradiz
Amor que na verdade gratifica
A quem se entrega ao sonho mais feliz.

Felicidade enfim personifica
E mostra nos teu colo o bem que eu quis.
A cada novo dia se edifica
O mundo mais audaz que já prediz

Futuro deslumbrante nos teus braços,
Atando bem mais forte os nossos laços
Vivendo em alegrias, sem descanso.

Audácia tantas vezes bendizia
Além do que pensara em fantasia
De um raro amanhecer eu me afianço.



2534


De um raro amanhecer eu me afianço
Num canto que se mostre mais singelo
Eu quero no teu colo o meu remanso,
Fazendo desta noite um sonho belo,

Contigo um infinito logo alcanço
E todo o meu prazer já te revelo
Falando deste amor, não me canso,
Meu corpo no teu corpo assim atrelo

E bêbado de luz, vou caminhando
Seguido a cada noite te buscando
Colhendo no canteiro a bela flor

Quem dera um beija-flor pudesse ser
Bebendo em tua boca este prazer
Tocado pelo vento deste amor

2535


Tocado pelo vento deste amor
Que traz em cada verso uma emoção,
Outrora tão somente um sonhador,
Entrego-me aos apelos da paixão
Mergulho nos teus braços, teu calor
E sinto neste vento, um furacão.

O mundo não descansa sempre gira,
Perfeito e deslumbrante carrossel,
Eternamente acesa, a bela pira
Trazendo para nós, amada, o céu.
Meu sonho nos teus braços já se atira,
Bebendo em bela fonte, o doce mel

Que torna a nossa vida mais feliz,
Amor em explosão, tudo o que eu quis...


2536


Amor em explosão, tudo o que eu quis
Depois de soçobrar em tempestades.
Clareia em alegrias o céu gris
Traduz com perfeição felicidades.

Navego meu olhar pelas cidades
Deixando no passado a cicatriz
Permito vislumbrar em claridades
O quanto esta esperança já me diz.

Dos erros cometidos, nem mais sombra
Nem mesmo a solidão algoz assombra
Quem faz destes prazeres o seu cais.

Viceja no meu peito esta emoção
Fazendo a mais sublime tradução:
Sonhos de amor, delícias sensuais.


2537



Sonhos de amor, delícias sensuais,
Palavras e vontades que se tocam.
Querendo de teu corpo sempre mais,
Meus olhos em desejos já se alocam
E buscam neste Porto um belo cais,
Voando em liberdade se deslocam

Atravessam os mares, vão além.
Beijando a tua boca, poesia.
Encontram nos teus braços doce bem
Que tantas vezes, juro, assim queria.
O vento em fantasia sempre vem,
Trazendo em cada verso esta alegria

Que mostra a liberdade em pensamento,
Beijando a tua boca, o manso vento...


2538

Beijando a tua boca, o manso vento
Permite que se trace um bom futuro
Tornando verossímil pensamento
Nos braços de quem amo; eu me depuro.

Por vezes expressar amor eu tento,
Cevando em esperança um chão mais duro.
Se às vezes solitário eu mesmo invento
Um tempo que não seja tão escuro

Navego em oceanos mais bravios
Olhares se perdendo, vãos, vazios.
Um dia em fantasia amor alcanço.

Quem sabe um timoneiro possa crer
Tomando em suas mãos ao bel prazer,
Teu barco. E assim chegamos num remanso...


O amor agora segue do meu lado
E nada impedirá tal caminhada,
Embora muitas vezes derrotado
Não temo na verdade, quase nada.

Belezas tão sublimes que se tecem
Nos olhos de quem ama em perfeição.
Enquanto meus desejos obedecem
À voz deste insensato coração

Eu teimo em persistir, seguindo em frente,
O canto que se entoa em esperança
Promete um novo tempo mais contente
Aonde uma alegria já se alcança

O peito em emoções, seguindo aberto,
Vivendo o nosso amor, em rumo certo.


2539

Vivendo o nosso amor, em rumo certo,
Encontro no final da longa estrada
O sonho que pensara estar deserto
E a sina em perfeição anunciada.

Meu canto se encantando com teus olhos
Separa com certeza joio e trigo
Colhendo fantasia invés de abrolhos
Refaz esta esperança que persigo.

Momentos delicados que passamos,
Decerto não os quero nunca mais.
Imersos nestes gozos demonstramos
Amores são sublimes, não banais.

Gênero de maior necessidade:
Amor quando se faz em liberdade.



2540

Amor quando se faz em liberdade,
Alçando uma ventura deslumbrante,
Cantando o nosso amor; felicidade,
Encontro enquanto sonho e nesse instante
A luz que transbordando já me invade
Permite que eu te diga, doce amante

O quanto é necessário e divinal,
Amor que a gente faz, nunca é pecado,
Se Deus deu este dom, descomunal
De ter uma alegria do teu lado,
Meu verso te enaltece, pois, afinal,
De ti sempre caminho enamorado.

Amor que nos tomou não deu aviso,
Imenso e prazeroso: o que eu preciso...


2541


Imenso e prazeroso: o que eu preciso;
Momento em alegria com fartura.
A sorte transmudando sem aviso
De todo o sofrimento me depura.

A boca da morena desejosa
Espalha sobre mim felicidade,
Sabendo da mulher maravilhosa
O mundo se vislumbra em claridade.

Eu tenho aqui comigo esta certeza
Que nada mais impede de ser nossa.
A mão tão carinhosa não despreza
O sonho que decerto nos remoça.

Enquanto a sorte imensa, gozos trama,
Amor jamais apaga a velha chama.


2542


Amor jamais apaga a velha chama,
Invade a nossa vida e nos faz crer
Que a deidade sublime em rara chama,
Permite ao paraíso se ascender,
Fazendo da alegria a nossa trama,
Mistura de ternura e de prazer.

Amor que eternidade encontrará
Emoldurando em sonho estas lembranças,
Vibrando em alegria mostrará
A perfeição divina destas danças,
Aonde com certeza brilhará,
Iluminando sempre estas andanças

Aonde nossos passos mais libertos
Encontram perfeição em céus abertos...


2543

Encontram perfeição em céus abertos
Palavras benfazejas, carinhosas,
Olhares e sentidos vão despertos
Selecionando flores sabe rosas.

Canteiros da esperança, amor cultiva
Colhendo depois disso um bom perfume.
Minha alma permanece mais altiva
Enquanto esta alegria, cedo assume.

Sentidos aflorando, sigo em frente
Vivenciando o sonho prometido.
Uma emoção perfeita que se sente
Destino: ser feliz; está cumprido.

Porém se deste barco eu perco a vela
Amor em ondas traz uma procela.


2544



Amor em ondas traz uma procela
Ao coração que sonha, e mais deseja.
No mar de tanto amor, divina estrela,
Que em puro amor se faz que me proteja
Guiando embarcação, timão e vela,
Ao cais do amor sublime que se almeja

Nos braços da rainha feita em luz,
Mulher que me domina, estrela guia,
À eterna juventude me conduz,
Moldando uma esperança em alegria.
A cada novo canto reproduz
Amor que procurei a cada dia.

Encontro nos teus lábios o Eldorado,
Durante tanto tempo desejado...


2545

Durante tanto tempo desejado
Caminho vislumbrado nos teus braços,
Ouvindo deste amor divino brado
Eu sigo em fantasia nossos passos.

Atravessando noites, madrugadas
Espero do teu lado o alvorecer
Usando nossos gozos com escadas
Encontro a maravilha no prazer

Adentro os oceanos mais temidos,
Velejo em calmarias tão constantes
Amores em sussurros e gemidos
Os pensamentos livres, galopantes

Sentindo este delírio costumeiro
Aporto no teu corpo o meu saveiro.


2546

Aporto no teu corpo o meu saveiro
Que fora um tresloucado viandante
Buscando, sem saber, o tempo inteiro
Adentro no teu cais, vou triunfante

Amor pra ser leal e verdadeiro
Não sai do pensamento um só instante
Do início do viver ao derradeiro
Respiro deste peito amado, amante...

No paraíso imerso neste amor
Decifro hieroglifos, seus sinais.
E quero novamente e muito mais

Seguindo cada passo, recompor
O dia do teu lado, ao teu dispor
Sabendo decifrar os teus sinais...


2547


Sabendo decifrar os teus sinais
Não temo mais procelas nem tempestas,
Do quanto eu necessito e quero mais
Delícias deslumbrantes tu emprestas

Depois de tanta busca, quase ao léu,
Entre ilhas tão distantes, mil atóis,
Amor como um sublime e belo ilhéu
Derrama sobre nós divinos sóis.

O encanto que este sonho determina
Permite um caminhar bem mais suave
Na boca delicada da menina
Moldura que se mostra sem entrave

Um riso mais gostoso e tão amável,
Tesouro de valor inestimável.



2548

Tesouro de valor inestimável,
Amor que nos transporta ao infinito
A pele tão macia e tão amável
O corpo delicado e mais bonito.

Além de todo bem imaginável
Amor: o nosso canto, o nosso rito.
Às vezes nosso sonho inalcançável
Está no céu imenso, em que assim fito

Buscando em cada estrela o teu olhar,
Querendo te encontrar de qualquer forma
Amor que não respeita qualquer norma

Do bem de toda vida já se forma
Transforma nossos dias, devagar
Com todo o poderio do sonhar...


2549

Com todo o poderio do sonhar
Expresso em cada verso esta emoção
Toando em minha mente devagar
Explode vigoroso, o coração.

Um passo bem mais forte e decidido
Permite que eu encontre um claro céu.
A cada novo dia convencido
Do quanto amor já cumpre o seu papel.

Eterna sensação que revigora
Mudando o meu destino num segundo,
Sabendo deste encanto desde agora
Nos braços de quem amo, eu me aprofundo.

A força deste amor, percebo incrível
Qual rocha que, perene, indivisível


2550

Qual rocha que, perene, indivisível
Resiste ao mar feroz, duro penedo.
Além do que pensamos ser possível
Amor que nos tomou segue sem medo.
Um sonho de pureza quase incrível
Protege contra a dor, triste degredo.

Amor que frutifica em cada verso
Agrupa nossas forças, fortalece.
Embora num destino tão diverso
A cada dia e sempre, vive e cresce.
Protege contra um mundo mais perverso
Com o poder sincero de uma prece.

Resiste às tempestades e balaços
Seguindo sem fraturas, estilhaços...


2551

Seguindo sem fraturas, estilhaços,
Encontro a redenção que tanto eu quis.
Na profusão divina dos abraços
Eu vejo que inda posso ser feliz.

Peçonhas destiladas por serpentes
Venenos entre beijos disfarçados.
Momentos tão cruéis, mas envolventes
Mergulhos em penedos destroçados.

Mas tendo em minhas mãos rosa dos ventos
Eu posso; timoneiro, ver o cais.
Do gozo em perfeição, pressentimentos
Promessas em encantos magistrais.

Embora soçobrasse no passado,
O amor agora segue do meu lado...



2552

O amor agora segue do meu lado
E nada impedirá tal caminhada,
Embora muitas vezes derrotado
Não temo na verdade, quase nada.

Belezas tão sublimes que se tecem
Nos olhos de quem ama em perfeição.
Enquanto meus desejos obedecem
À voz deste insensato coração

Eu teimo em persistir, seguindo em frente,
O canto que se entoa em esperança
Promete um novo tempo mais contente
Aonde uma alegria já se alcança

O peito em emoções, seguindo aberto,
Vivendo o nosso amor, em rumo certo.

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