sábado, 29 de janeiro de 2011

MITOLOGIA INCA

MITOLOGIA INCA

1


A divindade criadora, andina
Invisível aos olhos dos humanos
O soberano de tantos soberanos,
Imagem que deveras nos fascina,

E tendo esta verdade cristalina
Além do que pudessem outros planos
Vencendo desafetos, desenganos
Expressa a força clara, esmeraldina.

Dos tiahuanacos surge como o deus
Supremo, criador de tudo enquanto
A vida noutra cena onde me espanto

Presume o que pudesse sem adeus,
Assim ao se mostrar onipotente,
A imensidade em si já represente.


2

Apu Catequil

O deus dos raios traz na dimensão
O quanto se apresenta num instante
Guamansuri, seu pai que se garante
Conquista Cautaguan e desde então

Engravidando-a dita a sua sorte,
E dos irmãos, fortuna mais cruel,
O golpe derradeiro, em lodo e fel
Trazendo tão somente a fria morte.

Morta no parto, a deusa assim deixara
Dois filhos: Piquerao e Catequil
Que matando os seus tios, redimiu
Fazendo renascer a deusa rara,

Domínio do poder do trovão traz
O deus em força plena e mais audaz.


3

Apu Illapu

O deus da chuva traz fertilidade
Enfrentando este estio que transtorna
E quando em flores, frutos, terra adorna
O tempo se desenha em claridade,

A sorte tantas vezes nos evade
E a vidas se desenha atroz ou morna
E o quanto poderia já se entorna
Deixando para trás o quanto agrade.

Na via - láctea vejo a sua sombra
E nesta face enquanto a seca assombra
As águas salvadoras se verão,

E o tempo se anuncia em plenitude,
E o mundo com certeza inteiro mude
Trazendo noutro rumo, outra estação.


4


Apu Inti


O próprio sol regendo a Terra inteira
“ Servo de Viracocha” exercia
Sobre os diversos deuses tal magia
E nisto a sorte traça o que se queira,

O Imperador, qual fosse dele um filho
Regendo sobre humanos de tal sorte
Que quando se demonstra bem mais forte,
Expressa um novo rumo em tanto brilho,

A divindade que se fez a mais amada,
Deveras entre os incas, a adorada
Que oferecendo, em ouro e prata além

Das virgens proclamadas “as do sol”,
E nisto dominando este arrebol,
O quanto do poder supremo tem...

5

Aqlla

As virgens dedicadas ao deus Sol,
Ficando num local, aonde a dita
Pudesse ser além do que acredita
A sorte como fosse algum farol,

E quando este lugar em raro escol,
Tramando esta fortuna atroz a aflita
Em holocausto sempre necessita
De ter algum alento em arrebol,

Na Aqlla Wazí, a espera angustiante
Da entrega ao deus supremo e radiante
Desta alma em virgindade; o sacrifício

E assim agradecendo a própria vida,
A sina da menina decidida
Jogada para além num precipício.

6

Apo

O deus que dos relâmpagos trouxera
A fúria sem igual em noite escura,
Traçando pelos céus quando assegura
A tempestade atroz diversa e fera,

Assim ao se mostrar e destempera
O tempo quanto além se configura
Marcando a sorte mesmo que em loucura
E nisto se desenha nova esfera,

Apo, desenhando em céu imenso
Traduz o quanto possa e quando penso
Na fúria em tal cenário desvendada,

Alio ao pensamento este esplendor
Que tanto causa medo e mesmo horror
Na noite, num segundo iluminada.

7

Ataguchu

Um deus que desde início se mostrara
Auxiliar da enorme criação
E quando se apresenta desde então
Traçando com firmeza esta seara,

Esta entidade imensa, bela e clara
No tempo ou mesmo após nova estação
Os dias entre os dias se verão
Enquanto a fantasia assim declara,

Marcantes passos rumo ao que virá
Trazendo a plenitude aqui ou lá,
E de tal forma mostra o quanto possa,

Ataguchu divina força traz
E nisto cada instante mais tenaz
A sorte se anuncia bem mais nossa.


8

Cavillace

Deusa que em virgindade ao comer
O fruto deste deus que rege a lua,
Coniraya; e grávida se alua
Buscando quem o pai pudesse ser.

Nascendo o seu menino, engatinhado
Na direção do pai; dada a resposta
Envergonhada deusa, em vã proposta
Desenha outro futuro em ledo fado,

Ao ver a pequenez da divindade
Que ousara com seu sêmen nesta fruta
Engravidá-la, a deusa não reluta
E parte sem sentir sequer saudade,

No quanto a própria vida atroz te medras,
Ela e seu filho, agora, ermas pedras...

9

Chasca

A deusa que traduz a radiante
Estrela vespertina e matutina,
Crepuscular também manhã domina
E nisto cada brilho se garante,

Diversidade traz a cada instante
A mesma dimensão que ora fascina
Assim enquanto molda a cristalina
Manhã; traz noite fria doravante.

Protege as virgens, bela e clara estrela
O quanto se podendo sempre vê-la
E ter esta certeza em plena luz,

Destarte dominando no horizonte
Aonde o meu olhar procure e aponte,
O tanto quanto possa e me seduz.


10


Chasca Coyllus

O deus primaveril trazendo as flores
E delas o perfume se espalhando
Enquanto este cenário se faz brando
O tempo noutros rumos multicores

E quando muito além deveras fores,
Verás o sonho e nele dominando
O quanto se mostrando desde quando
A vida tem por sorte os bons sabores.

Chasca Coyllus o deus que também rege
O passo das meninas na existência
E disto com certeza dá ciência

Vencendo mesmo a dor, atroz e herege
E assim anunciando a primavera,
E dela todo o bem que a vida espera.

11

Chiqui Illapa

O deus das tempestades e de estios
Regendo o tempo em suas variantes
Mostrando o quanto possa por instantes
Tramar em passos raros desafios,

E nisto se importando também rios
Enchentes inundando tais vazantes
Ou mesmo numa seca onde se espantes
Deixando os dias tétricos, sombrios,

Nas ânsias e nos ermos da esperança
A vida noutro instante assim se lança
Marcando com temor, ou mesmo em paz,

Fartura na colheita ou leda fome,
O quanto se plantando não se come,
Transforma este momento em tom mordaz.

12

Kuka mama

A deusa da saúde e da alegria,
No início uma promíscua sem paragem
Amantes entre tantos quanto ultrajem
A sorte em face escusa, em agonia,

Assassinada em caos, o que viria
Após se desenhando em tal visagem
Mudando por completo a paisagem,
E dela se moldando a fantasia,

Os seus adoradores quando enfim
Levassem a mulher num belo orgasmo
Com todo o seu ardor e entusiasmo

Ao atingirem também claro fim,
Na fonte que decerto assim provoca
Mascavam tenra folha, então, de coca.


13

Konira Viracocha

Um deus que; sobretudo, é trapaceiro
Vagando pelas terras qual mendigo,
E nisto se negado algum abrigo,
O velho se mostrando um feiticeiro

Expressa em praguejar o derradeiro
Momento onde se mostre por castigo,
Trazendo em tal disfarce este perigo,
Negando algum futuro alvissareiro,

De Viracocha apenas outra forma
Que tanto quanto possa já deforma
E traça com terrível heresia

O nada após o tanto que pudesse,
Gerindo em suas mãos inteira a messe
Podendo trazer dor ou alegria.

14

Coniraia

O deus que representa a bela lua,
Reinando sobre a noite em prata traz
O tempo mais sereno e mais tenaz
Enquanto em céu supremo já flutua,

Em relação ao sol, frágil se vendo
Em claridade mesmo e em força plena,
O tanto que pudesse enfim serena
Mesmo que o fado seja atroz e horrendo.

Na dimensão sutil em pequenez
O quanto se anuncia em belo tom,
Paisagem mais sublime qual neon
Que em plenilúnio imenso agora vês,

O deus que se mostrando em argentina
Faceta a noite inteira assim domina.

15

Copacati

Um lago que se forma em divindade
Trazendo para a terra este sustento,
E nele o caminhar se faz atento
Enquanto tantas vezes nos agrade,

O quanto se pudesse em liberdade
Vencer o que deveras mesmo tento,
O olhar se mostraria e o pensamento
Rompendo alguma algema ou mesmo grade.

Copacati trazendo em água doce
O quanto poderia e mesmo fosse
Tramar noutro cenário mais sutil,

O tempo se desenha de tal forma,
E quando a própria sorte se transforma
Um mundo tão diverso presumiu,

16

Ekkeko

O deus do coração traz a riqueza
Em cultos tão diversos; adorado
Dos sacerdotes vejo este recado
No quanto poderia sem surpresa

Bonecos representam a vontade
Do beneplácito que eu tanto quis
E muda com certeza este matiz
Da vida mesmo quando desagrade,

No forro dos bonecos escondido
O quanto se pedira, noutro instante
E sei que a própria sorte assim garante
No anseio aonde o rumo ora lapido,

Ekkeko; protegei-me em tal momento
Aonde alguma luz deveras, tento.


17

Illapa

O deus que nos trazendo um tempo bom,
Ouvindo este pedido para que
Este universo inteiro que se vê
Mantenha com certeza o mesmo tom,

E tendo a magnitude como um dom,
No deus que tudo saiba; o que se crê
Permite que se vendo de A até Z
O mundo se tramasse em claro som,

Vestindo em luz intensa a vestimenta
Que possa e na verdade me orienta
Em noite escura traça o que virá,

Da vara que contém em suas mãos,
Certeza do nascer de tantos grãos
Tornando a plantação raro maná.

18

Inti

O deus que soberano se mostrasse
Merecendo outros versos, tal poder
Gerando sobre todo mundo e ser
Deixando-se antever, a própria face,

E quando neste céu já clareasse
De imperadores, pai e deixa ver
O todo que pudesse amanhecer
Caminho sem igual ora tomasse,

Assim na plenitude deste deus,
A sorte preparara um duro adeus
Aos incas pelas mãos dos espanhóis

E quando se apresenta a dor terrível
O mundo nesta face mais sofrível
Matando dentro em nós diversos sóis.

19


Kon

O deus do vento-sul, a chuva trama
E nisto fertiliza todo o solo,
E quando a vida segue já sem dolo,
Trazendo da esperança acesa chama,

Enquanto em pleno chão, trazendo a lama,
Cenário sem igual onde me assolo,
E tanto quanto possa eu me consolo
Vencendo do passado qualquer drama,

A vida se refaz em chuva e grão,
E dita com certeza e precisão
O tempo que virá nos redimir

Do que tanto quisera e nunca veio,
Seguindo meu caminho em devaneio
Procuro pelo menos o porvir.

20

Mama Allpa

A deusa que traz em si fertilidade
Amamentando a vida em tantos seios
E destes outros tantos ditam veios
Por onde a sorte agora nos invade,

O tempo se desenha em claridade,
E os olhos procurando em devaneios
Vencendo os mais atrozes tons alheios
Brindando com ternura a imensidade.

Nos seios fartos, mãe da Natureza
Explode em tantas formas de beleza
Gerando e assim gerindo e sustentando

O todo se mostrando em plena sorte,
O quanto dela a vida tem aporte,
Num tempo mais suave e mesmo brando.



21

Mama Cocha

A deusa que domina os oceanos
E nisto se apresenta gigantesca
A sorte muitas vezes pitoresca
Traduz diversos erros, desenganos,

Porém na proteção da divindade
O quanto se anuncia em peixes dita
Fortuna com certeza mais bendita
E nisto o que puder; enfim agrade

Marcando esta presença em claros tons,
Na esmeraldina face tão sublime
Enquanto a própria sorte nos redime
Ousando preparar diversos dons,

Dos mares e oceanos, a esperança
A cada vez que a rede ali se lança.

22


Mama Pacha

De Pachamac a esposa em força e fúria
Alastra seus poderes sobre a terra
E regendo o cultivo, ali se encerra
Gerando em terremotos face espúria,

Trazendo tantas dores e a penúria
Ao mesmo tempo outro caminho cerra
Quando em colheita farta, assim descerra
Cessando num instante esta lamúria,

Draconiana imagem; mostra enfim,
Terrível caminhar e de onde eu vim
Os rastros desta deusa em fogo e fome,

Dos sísmicos tremores, mãe cruel,
Porém traduz também o fel e o mel,
Nesta fartura imensa que nos dome.

23

Mama Quilla

A deusa dominando a noite imensa
E traz junto consigo este luar,
E nele todo o vasto delirar
Que tantas vezes tudo em paz compensa,

Protegendo as mulheres, casamentos,
Expressa a dignidade em tom maior
O seu caminho eu tento e sei de cor
Os erros que trouxessem desalentos,

A mãe dourada traz em rara luz
O quanto a sorte trama a cada passo,
E mesmo num cenário turvo e lasso,
Outro momento em paz já reproduz,

E seduzindo a sorte de tal forma
Marcando o que pudesse e em paz transforma.

24

Mama Zara

A deusa que gerando o milho expressa
Colheita abençoada em provisão
Deixando com certeza desde então
A vida muito além de uma promessa,

E a cada novo ciclo recomeça
Trazendo dentro em si a divisão
Moldando com fineza uma estação
Que o tempo na verdade nunca cessa.

Os pés de milho quando agigantados
Deveras não colhidos, preservados
Garantem este agrado à deusa farta

Gerindo de tal forma esta colheita
A sorte se traduz e assim deleita
Quem desta decisão jamais se aparta.

25

Manco Capac

O fundador da dinastia aonde
O império inca deriva e traz a sorte
Que tantas vezes dita o raro aporte
E ao sonho mais audaz já corresponde,

A vida de tal forma além se esconde
E nisto se anuncia o braço forte
Que toda a fantasia ora suporte
Enquanto a própria vida nos responde,

Também é deus do fogo e fundador
Da dinastia Cuzco e de tal monta
O quanto a própria história em si remonta,

Trazendo com certeza o seu valor,
Ao deus-sol deveras comparado,
Um poderoso ser, iluminado.

26

Pacha Camac

Um deus que criador, participara
Da origem do universo, com certeza
E tendo de tal sorte esta nobreza
Enquanto a cada passo se prepara

E vence a tempestade mais amara,
Seguindo contra a própria correnteza
Expressa com fartura a rara mesa
Gerando uma expressão deveras clara,

Dos Ichma a divindade principal
Aceita pelos incas, em total
Sincretismo que possa deflagrar

Esta união decerto desejada,
Da sorte em consonância preparada
Marcando o tom gentil. Custa sonhar?


27

Pariacaca

O deus das tempestades traz nas mãos
Poderes sobre tantas vidas quando
A sorte em maldição já desabando
Gerando nesta terra tantos vãos,

Cenários que inundando, matam grãos
E o mundo noutro instante mais nefando,
Aos poucos sem sentido, divisando
Somente os repetidos, mesmos nãos.

Falcão que antropomorfo logo após
Vagando em céu imenso traz na voz
O quanto poderia e muito mais,

Numa expressão de dor e desalento
Gestando tão somente o sofrimento
Parindo os mais diversos temporais...

28

Paricia

O deus que traz enchente e alagamento
A quem não respeitando as divindades
E quando as margens vês e mesmo invades
O tempo noutro instante em sofrimento,

É necessário sempre estar atento
Enquanto a cada engodo já degrades
Marcando com terror calamidades
Numa explosão de chuva, fúria e vento.

A Natureza tudo propicia,
Porém quando se vê em Paricia
A força vingadora em tom atroz,

O quanto se quisera em bom proveito,
Deveras pela falta de respeito
Do provedor encontra o seu algoz.

29

Supai

O deus da morte exige em sacrifícios
Crianças e destarte se concebe
Na fúria dominando a turva sebe
A sorte se demonstra em precipícios

Nefasta criatura em seus ofícios
O quanto do terror alastra e bebe
Marcando com furor o que percebe
Não deixa da esperança nem indícios.

Numa infernal desdita traça e atesta
A face mais atroz mesmo funesta
Da vida sem proveito e sem razão.

A divindade feita em tal mortalha
A cada instante doma enquanto espalha
Trazendo tão somente a negação.

30

Urcaguari

O deus que dos metais domina o rumo
Da sorte muitas vezes variável,
E quando se traduz em mais louvável
O tempo noutro passo enfim resumo,

Fortuna gera o caos e deste sumo
O fim do império fora deplorável
No olhar ambicioso e degradável
Deste conquistador em fúria e fumo,

A vida traz riqueza e morte após,
Dourando e prateando, enquanto algoz
Expressa a mais terrível desventura

No quanto inda restara da cultura
De um povo que deveras poderia,
Tanto ensinar sem tanta hipocrisia.

31

Uruchillai

O que da divindade fora exposto
Gerando a proteção tão necessária
Da vida que se mostra em temerária
Visão noutro momento decomposto,

Assim ao ser deveras em desgosto
A sorte desenhada em luta vária,
Sobreviver à trama em solitária
Expressão que trouxera outro proposto.

O deus que tem nas mãos em tanto apuro
O quanto poderia e te asseguro
Nos dias mais audazes e diversos,

Dos animais a vida se preserve
E a vida assim mantendo a imensa verve
Vertendo eternidade em universos.

32


Viracocha

O deus primordial, o criador
Trazendo em suas mãos onipotência
E disto se mostrando com ciência
O quanto em seu poder, transformador;

Além do que pudesse enfim supor
A sorte se tramando em consciência
Gerando a mais sublime competência
Tramando com certeza este valor.

Nascido de uma virgem; soberano
Dos deuses molda a sorte mais sublime
Embora penalize como um crime

Aquele que trazendo em ar profano
Em fogo ou na água tal castigo,
E nele o quanto possa em desabrigo.


33

A CRIAÇÃO DO MUNDO


Con Tiqui Viracocha traz a luz
Do Titicaca surge em mundo escuro,
E tendo em seu poder, o que asseguro
Marcando com vigor assim produz,

O Sol, a Lua e todas as estrelas,
Montanhas, homens, grávidas parceiras
Invertebrados seres como queiras,
Nas sortes tão difíceis de provê-las,

Espalha pela terra a criação,
Deixando em Cuzco apenas um casal
O ventre do mundo sendo original,
E traz ao ser humano a provisão,

Porém se rebelando a fera humana
Que assim, em mundo torpe enfim se dana.


34

OS TRÊS MUNDOS INCAS

Primeiro: Uku Pacha

O mundo inferior dita o passado
E dele se originam todos que
Agora em plena vida já se vê
Traçando o seu futuro, o seu legado

Também quem nesta vida fosse errado
Ali encontra o fim e nisto crê
Sem nada que inda possa, enfim revê
No tempo mais atroz, dilapidado.

“Não roube ou minta e enfim lute e trabalhe”
Assim a vida traça sem encalhe
A máxima expressão: felicidade,

Porém quem se perdendo deste rumo,
Deixando a sua essência, ledo sumo,
A cada novo instante se degrade.

35

Segundo mundo: Kay Pacha

Representando o quanto existe agora,
Presente aonde a sorte se decide
Um privilégio imenso; não duvide
A sorte em tal cenário revigora,

Enquanto tantos buscam sem ter chance
Esta oportunidade de viver,
A glória se concebe e é só querer
Que o todo noutro passo enfim se alcance,

Quem tendo a primazia de existir
Que é dada como Graça por um deus,
Sabendo dos caminhos, sendo seus,
Prepare com denodo o seu porvir,

Uma oportunidade tão sublime,
E nela todo o passo sempre estime.

36

Terceiro mundo: Hanan Pacha

Traduzindo uma estância muito além
E dela se presume um ar superno,
O quanto neste manto em paz externo,
Ousando acreditar no quanto vem,

Nascer em tal estágio é renascer
Após a morte em glória e perfeição,
Qual fosse numa eterna sensação
Anunciando a vida em tal poder,

E conviver com deuses neste intento
Além do que pudesse imaginar
O todo tão bendito eternizar
Num paraíso aonde insisto e tento

Poder ter meu descanso, em plenitude,
Na eterna sensação de juventude.

37

Huacas

Imagem deste deus tão poderoso
Representando assim cada lugar
Aonde se pudesse desenhar
O todo noutra face, majestoso,

Um rito tantas vezes generoso,
Tramando o quanto possa transformar
Na sorte mais audaz e modelar
Vencendo o dia a dia caprichoso,

Lugares que sagrados são por si,
O quanto desejei e percebi
Fortuna sem igual nos redimindo,

E o tanto que pudesse ter ali,
O todo que deveras mereci,
Ou mesmo este cenário quase infindo.

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