domingo, 30 de janeiro de 2011

MITOLOGIA NIPÔNICA E BUDISTA

MITOLOGIA NIPÔNICA


1

Izanagi e Izanami

O casal gerador de outros kamis,
Porém ao ter em si kamis de fogo,
Izanami morrendo sem um rogo
Promete uma vingança e se desdiz.

Jurara então voltar deste submundo,
Mas lá ficando enfim por tanto tempo,
Temendo qualquer novo contratempo,
Izanagi seguindo ao vão profundo.

E quando lá chegando a vê parindo
Demônios e demônios, traição,
De lavras sendo a própria refeição.
E furiosa manda-os perseguindo,

Izanagi ao fugir; poder do sol,
Destrói tantos demônios no arrebol.


2

KAMIS

Abbuto

Kami o deus que traz a cura em si,
A medicina rege com tais ritos
Em dias mais doridos, ou aflitos
Aonde esta esperança, eu já perdi.

O quanto se apresenta então ali,
Promessas de outros tempos mais benditos
Alívio aos sofrimentos, rotas, mitos
O tempo demonstrando o que senti,

E a sorte transmudando num instante
A vida noutro passo já garante
O todo mais diverso em tom suave,

Bem antes que talvez a dor se agrave
Alívio, pelo menos encontrando
Durante este período atroz, nefando.

3


Maakyury

No xintoísmo a deusa sábia eu vejo
Das águas seu reinado; bebo o sonho
E ao quanto atento e mesmo me proponho,
Aproveitando assim melhor ensejo,

Um mundo se transforma e do azulejo
Vindouro outro caminho eu não me oponho
Seguindo o que pudesse mais risonho,
Vestindo toda a sorte que prevejo,

E da sabedoria que ela exala
Minha alma se tornando então vassala,
Aprendendo a lidar com minha vida;

A sorte de forma configura,
Da estrada que já fora mais escura,
Agora iluminada e colorida.

4


Venasu

A deusa que regendo o nobre amor
Traduz beleza e luz a quem se dera,
Eternizando na alma a primavera,
Traçando com firmeza este pendor,

O tempo noutro encanto em sonho e flor,
A sorte se decerto destempera
Gerando noutro passo a rude espera,
Presume o canto enfim libertador,

Mas sei que destas garras não escapo,
Mesmo que esteja enfim em mero trapo
De Venasu jamais me esconderia,

O amor nos dominando a cada instante,
Embora nada mesmo nos garante,
Alimentando em luz a fantasia.

5

Tsuki

Tsuki este reinado em plena lua
Aonde uma princesa, Usagi vendo
O amor a cada instante se mantendo
Em Mamoru, cuja alma já cultua,

Porém deusa das trevas num momento
Em tanta inveja ataca este reinado
E Mamoru ao ser por ela ora flechado,
Flutua se levando pelo vento,

Usagi o segurando, até que a atroz
Rainha do submundo lança a fúria,
Matando então casal, em forma espúria,
Porém a mãe de Usagi noutra foz,

Usando a sua força imensa e bela
Das trevas divindade enfim já cela.

6

Maasu

Deusa do fogo sendo rejeitada
Por outros deuses fosse uma vidente
E nisto o que deveras já se sente
Numa evidência atroz e até velada,

Com almas mortas sempre confabula
No olhar sempre tristonho e mesmo rude
O tempo tanta vezes desilude
Justiça em fero anseio gera a gula,

Ao ver em guerras duras, fortes liças
As frágeis criaturas sem defesa,
A deusa se entregando em correnteza
Lutando contra amargas injustiças,

Mal importando então qual fosse o lado,
Um adversário ou mesmo um aliado.

7

Jupita

A deusa do trovão, com força imensa
Ousando em raios fortes, tanto estronde
E quando desafia e rompe a fronde
Gigante aonde o tanto inda se vença,

A vida sendo mesmo dura e tensa,
Aos poucos nosso passo corresponde
E o tempo com vigor já nos responde
E traz ou não no fim a recompensa,

Na lida que se trama dia a dia,
O rústico cenário se faria
Moldando com fineza ou mesmo em dor,

O tétrico caminho em rude anseio,
E assim quando deveras devaneio,
Dos céus relampejando a me compor.

8

Saturn

O deus rege o silêncio então se cala
E o quanto se pudesse de tal forma
Saber o quanto a vida nos transforma
Enquanto alma não fosse enfim vassala,

O tempo se desenha noutra escala
E tendo mais sincera cada norma,
O dia a dia sempre nos informa
Do quanto a sorte molda em nossa sala,

Aprendendo a ouvir tão simplesmente
Que nada neste mundo se apresente
Qual fosse panacéia ou redenção,

Olhando para os lados, no futuro
O tempo que pudesse mais escuro,
Talvez esconda em si, farto clarão.

9


Uranusu

A deusa que regendo algum abalo
Da Terra em sismo mesmo, tão temida,
Porém por vaidade consumida
Do humano ser sonhado e vão vassalo,

E quando em total fúria, incontrolável
Destrói as casas, ruas e cenários
Diversos nestes tempos temerários
Deixando no final o lamentável.

Com Venasu diversas discussões
Levando à furiosa tempestade
O tempo tantas vezes degrade
Causando muito além dos arranhões,

Porém a vida loco cauteriza
E a sorte se retorna em leve brisa.

10

Neptune

Deusa das águas traz em sua imagem
A força das procelas e tempestas,
Também o sortimento em raras festas
E nisto a mais sublime paisagem,

Enquanto ao seu louvor o sonho emprestas
E tramas no caminho esta viagem
O quanto se desenha qual miragem
Entrando pela casa, leves frestas,

E assim ao se mostrar deusa sublime,
A cada instante mesmo tanto estime
O rumo que se faz em luz e sonho,

E sei que na verdade em tais abismos,
Em pélagos profundos, cataclismos
Ou mesmo encanto além do que proponho.

11

Pluto

A deusa que do tempo tem a face
E molda eternamente o que viria,
Ousando muito além da fantasia
Tramando o quanto possa e se mostrasse

No todo novo rumo desenhasse
Marcando com angústia ou alegria
Nas mãos todo o futuro que veria
Ou mesmo outro cenário onde tocasse,

Ledo destino molda o que se vendo
Num ato mais audaz, ou estupendo,
O tempo nos diz tudo e nada diz,

Grassando sem sentido ou direção
Dos dias mais doridos que virão,
Meu canto sendo mera cicatriz.

12

Kannon Bosatsu

Bodhisattva trazendo a caridade
Representando a máxima compaixão
Entre os Budas, e de tal forma então
O todo em mansidão e paz o invade,

Traçando a mais fiel tranqüilidade
E de tal forma sigo a direção
Que espalha pelos céus e pelo chão,
Vagando em pleno sonho e claridade.

Do Seino-No-Ie sendo padroeiro
Significando amor de Deus e a Lei
Que tanto dominando a imensa grei

Expressa este sentido verdadeiro
Que eleva o pensamento para além,
E nisto a glória extrema já contém.

13

Avalokiteshvara

Trazendo no seu bojo a mesma senda
De Bosatsu, expande a compaixão
E sei que nos seus passos se verão
Diversas maravilhas; nisto atenda

A sorte desejosa e sem contenda
Marcando com firmeza a dimensão
Traçando da esperança esta expressão
Que neste amor maior, logo se renda.

Enxerga do universo os seus clamores
Seguindo cada passo aonde fores
Alcançando a suprema face enquanto

O mundo se desenha em raro encanto,
Samsara aguarda enquanto não alcança
A plenitude em Buda, uma esperança...

14


Samsara

O renovar da vida em nascimento
Após a própria morte, em ciclo extenso
E nisto quando aqui tento e compenso
Gerando dentro da alma o crescimento,

A roda se anuncia a cada ser
Até que conseguindo a plenitude,
Deveras noutro passo se transmude
E passe em sorte imensa merecer

Eternidade ou mesmo em dimensão
Diversa aonde o tempo além se trama
Chegando; no apogeu, a ser um Lama
E de tal forma além desta expressão,

Superna criatura em luz extrema,
Que nada, nem a fúria e a dor algema.

15

Mañjuśrī

O bodisatva que rege a consciência
Em perspicácia e dita no budismo,
A sorte pela qual lutando cismo,
Gerando dentro da alma a coerência,

E deste caminhar tendo ciência
Enquanto noutro passo em cataclismo,
O mundo se apresenta e deste abismo
Fugindo com brandura e paciência.

Sendo um dos treze Budas japoneses
Espalha seu caminho em tantas vezes
Gestando dentro em si sabedoria,

Em mantras; mencionado e em tal louvor
Demonstra sutilmente o seu valor
Que a cada novo fase aumentaria.

16

Samantabhadra

Bodisatva que em tríade se vendo
Shakyamuni ao lado deste Buda,
Mañjuśrī completando em rara ajuda
Trindade se mostrando em raro adendo,

Às vezes se afigura feminino,
Montando um elefante com seis presas
E destas vagas cenas e incertezas
O tempo noutro espaço, não domino,

E vejo tão somente esta presença
Que em monastérios traz o seu espaço,
E quando meu caminho ali eu traço
A vida com certeza em paz compensa,

Traçado como um ser primordial,
Expressa o sonho em luz mais divinal.

17

Kṣitigarbha

Ao procurar cessar a fome no universo
Trazendo a paz mental tão necessária
A imagem deste Buda, mesmo vária
Transmite o quanto em luta também verso,

Gestando com firmeza a resistência
Ao quanto poderia ser contrário
O mundo mesmo sendo imaginário
Necessitando sempre da indulgência.

Acessando terríveis elementos
E neles convertendo almas impuras,
Enquanto de tal forma o configuras
Trazendo além de tudo tais alentos,

Quem o conhece então transcende à dor
E tece um mundo nobre em tal louvor.

18

Maitreya

O próprio Buda traz renovação
Ao quanto no passado se pensara
Sidarta noutro tempo outra seara
Marcara deste intento a direção,

Mas sei do quanto possa e verão
Olhares o cenário onde tão rara
Beleza a cada instante se escancara
E novos tempos sei que inda virão.

Maitreya um ser sagrado e redentor
Inclui dentre seus nomes, próprio Cristo
E o tempo se traduz onde persisto

Vagando sobre as sendas de um amor,
E o quanto na verdade a vida crê
Permite o que pudera em seu por que.

19

Vajrapāṇi

Bodisatva trazendo em proteção
Ao panteão Maaiaana mostra em sumo
Renovação enquanto ali me aprumo
Sabendo de outros dias que virão,

Das tradições que vivas se concebem
Maaiaana trama espíritos de luz
E neste caminhar ora conduz
O quanto deste sonho agora bebem,

Vertente que levando à claridade,
O tempo se anuncia mais tranquilo
E o mundo aonde em paz quero e desfilo
Expressa estes caminhos da verdade,

E assim ao se mostrar o que se quer,
A vida desafia o que vier.

20

Sadāparibhūta

São seres onde a rara sapiência
Expressa a dimensão bem mais além
E nisto o quanto possa e se contém
Tramando neste mundo consciência,

O todo sem buscar uma ingerência
Vagando num caminho feito em bem,
E deste desenhar a sorte vem,
E nela toda a vida dá ciência,

Também purificando uma alma eleva
O pensamento em clara dimensão,
E os dias mais tranquilos moldarão
Acima de qualquer temor e treva

“Ser de Sabedoria” em literal
Sentido num sentido magistral.

21

Kwan Kung

Guerreiro que trazia em suas mãos
Poderes magistrais em força imensa,
A sorte noutro passo não convença
E torne alguns caminhos árduos, vãos,

Na luta com Lu Bu, vencendo em glória
Levando este cavalo sem igual,
Vagando num instante o tanto qual
Talvez já demorasse longa história,

Porém numa batalha aonde a sorte
Em Wu se transformara noutro instante
O quando se apresenta e desencante
Tramando deste herói a própria guerra,

Ausente eternamente não se vendo
Sinais deste caminho ora estupendo.

BUDISMO TERAVADA

22

Bodhisatta


Quando em Sidarta; Buda procurando
A luminosidade libertária
Bodhisatta traduz a temporária
Paisagem onde o ser se iluminando

Procura a claridade do Nirvana
E assim transcende além num apogeu,
E enquanto o seu caminho assim se deu
O tempo noutra face não engana,

E eternamente vivo em alma, a senda
Que procura e vislumbra já contempla,
Farol que na verdade agora exempla
E dele este mistério se desvenda,

Vagando até sentir a dimensão
Que exprima no final, libertação.

23

Tipitaka

Compilação que mostra ensinamentos
De Buda em tradição e assim, portanto
A cada novo instante me adianto
E bebo da expressão em raros ventos,

Cânon Páli sinônimo somente
Das regras que deveras apresento
E sei do quanto possa enquanto tento
Cevar com mais cuidado uma semente

Que possa em glória tal frutificar
Gerando algum alento e mesmo a paz,
A quem se procurando agora traz
A sorte num instante a se moldar,

Em três etapas, vejo a realidade
Que possa me levar à claridade.

24

Sutta Pitaka

Os sutras costurando o quanto trace
Buda Gautama enquanto aqui passara
Diversos outros sutras; sorte rara
Trazendo o quanto em rumo ao sonho passe,

O tempo se emoldura em vária face
E desta sensação podendo em clara
E leve dimensão já se prepara
Uma alma para além onde moldasse

Nirvana que se busca em paz suprema
E quando se rompendo alguma algema
A vida se presume mais sensível

E o quanto imaginara mais distante
Aos poucos cada passo se adiante
E torne este momento enfim plausível.

25

Vinaya Pitaka

As regras que regendo o monastério
Diversas entre os homens e mulheres
Trazendo na verdade o quanto queres
E nisto se aproximam do mistério,

Vivendo em plenitude, imenso império
E nele as esperanças são talheres
E sendo da maneira que puderes
A persistência dobra algum minério.

Seguindo em precisão o que se integra
Gerando em paciência cada regra
Que possa nos trazer em manso olhar,

A sorte se bendiz e neste tanto,
O quanto na verdade ora garanto
Expressa este objetivo a se alcançar.

26

Abhidhamma Pitaka

Contém observações sobre os demais
E nisto se transmite o pensamento
Liberta sensação trazendo atento
O quanto poderia em vendavais,

No cântico suave, em tons gerais
O verso com ternura quando o tento,
O sonho aonde em paz eu me acalento
E as sendas entre tantas, magistrais

São sete os elementos que compõem
E assim nestes momentos já se expõem
Os marcos entre tantas discrepâncias

Traçando com firmeza cada passo,
O tanto quanto possa agora traço,
Vagando então por tais nobres estâncias:


1. Dhammasangani ("Enumeração dos Fenômenos").
2. Vibhanga (exposição - "O Livro dos Tratados").
3. Kathavatthu ("Pontos de Controvérsia").
4. Puggalapannatti ("Descrição de Indivíduos").
5. Dhatukatha ("Discussão com relação aos Elementos").
6. Yamaka ("O Livro dos Pares").
7. Patthana (evolução dos estados éticos - "O Livro de Relações").
27


Bhikkhus, antes do meu despertar, quando eu ainda era um Bodisatva não iluminado, eu também, estando eu mesmo sujeito ao nascimento, busquei aquilo que também estava sujeito ao nascimento; estando eu mesmo sujeito ao envelhecimento, enfermidade, morte, tristeza e contaminações, busquei aquilo que também estava sujeito ao envelhecimento, enfermidade, morte, tristeza e contaminações.
—Ariyapariyesana Sutta

Bodisatva inda traça em seu destino
O nascimento e a morte, a dor, tristeza
Até chegar além onde em beleza
O tempo se transforma em novo tino,

Assim ao me sentir ora alucino
Bebendo a mais dorida correnteza
E sei do quanto possa sobre a mesa,
Vagando sem sentido, ou mesmo a pino.

Num processo de eterna aprendizagem
A cada nova vida outra viagem
Até que se conheça a perfeição,

E nisto se alcançando com a glória
Marcando cada passo sem memória,
E dele novos rumos se verão.

28


Budismo Maaiaana

Tendo visão diversa deste estágio
De um Bodisatva; mostra em dimensão
Diversa estes caminhos desde então
Tentando superara qualquer naufrágio,

Iluminado e assim iluminando
Levando muito além a liberdade,
E nisto se traduz felicidade
Num tempo mais suave, e mesmo brando.

Cultivando o saber e nisto tenta
Vencer os dissabores e percebe
O quanto poderia nesta sebe
Traçar outro cenário sem tormenta,

Em votos se moldando; o tom diverso
Tentando apascentar este universo.

29

A casa se queimando pouco a pouco
Até não sobrar nada, cinzas meras
E o quanto neste passo destemperas
O mundo se anuncia turvo e louco,

A morte desenhando este futuro
E nela não se vendo outra esperança
Senão retorno em busca onde se lança
Na luta por um porto mais seguro,

Bodisatva sendo um guia neste passo
Salvando da Samsara ou já tentando,
Num tempo mais sereno em contrabando
Enquanto este caminho mesmo escasso

Abrindo com certeza a sua mente
Nirvana em plenitude se pressente.

30

Bodisatva se ascendendo mansamente
Em paulatino passo tenta a sorte
Do tanto quanto possa e mais comporte
Usando com firmeza a sua mente,

A vida que deveras tanto mente
O mundo sem sentido e sem um Norte,
A morte qual ditame de outra morte
Vontade de seguir sendo premente,

Tentando a perfeição, tornando um Buda
Enquanto a senda trama em rara ajuda
O quanto se deseja e muito além

Numa escalada calma e tão sublime
Escarpa na beleza se redime,
E o tempo transcendendo ao que contém.

31

Os seres que sencientes buscam Buda
Encontram três caminhos pela frente
E deles o que possa e se apresente
Traduz a imensidão que tanto acuda,

Primeiro se podendo ser um rei;
Bodisatva trazendo na palavra
Certeza do que a vida em paz já lavra
E neste sonho imenso, rara grei,

Depois se desenhando num barqueiro
Atravessando os ermos desta estrada
Na sorte de tal forma desejada
Marcando com firmeza o timoneiro,

E também se apresenta qual pastor
Que dominando enfim o pensamento
Pastoreando com olhar atento
Trazendo o que pudesse em tal pendor,

Assim das regras claras, libertárias
As sendas não são vãs e imaginárias...

32

Na realidade, o segundo e o terceiro tipo de bodichita são os desejos que são impossíveis de cumprir, porque só é possível levar os outros a iluminação uma vez que nós mesmos tenhamos atingido a iluminação. Portanto, o rei apenas como bodhichitta é o real bodhichitta. Je Tsongkhapa diz que, embora os outros Bodhisattvas desejem o que é impossível, sua atitude é sublime e inequívoca.

— Geshe Kelsang Gyatso
O quanto se ensinando sem senti-lo
Não deixa que se veja plenamente,
E quem já se liberta agora sente
A vida noutra face e noutro estilo,

E quando cada instante ora destilo
O quanto poderia em minha mente,
Sem ter o que vivesse; se apresente
Somente com temor, ledo vacilo,

Destarte embora creia na intenção
Apenas em quem viva a dimensão
Presumo uma verdade inquestionável.

Assim vivendo o quanto poderia,
O tempo noutro tempo moldaria
O mundo com beleza e em paz, louvável...

33

Dashabhumika Sutra e o Rajaparikatha Ratnamala,

Descrevem os estágios necessários
Para quem procurando muito além
No quanto em tal domínio sempre vêm
Os dias mais felizes; ritos vários.

E quando se anunciam dez etapas
A sorte se transmuda a cada passo
E disto o meu sentido tento e traço
Ousando até pensar em nobres mapas.

Potencializando o quanto queira
A vida nos permite consagrado
Momento aonde tanto agora brado,
Gerando a imensa paz, a verdadeira.

E assim seguindo a trilha não se engana
Quem busca em plenitude enfim, Nirvana.

34

O caminho da acumulação

A cada novo dia acumulando
A aprendizagem feita em luz sublime
E neste caminhar o quanto estime
Deseje tão somente bem mais brando,

E o tempo de tal forma se mostrando
Além do que pudera já redime
O tempo mais suave nos suprime
E o rumo de tal sorte se moldando,

É como o carregar da bateria
Para enfrentar o quanto poderia
Longa e dura viagem vida afora,

Até que no final em maestria
A sorte com firmeza se anuncia
E o barco em cais seguro agora ancora.

35

O caminho de preparação

Saber dos mais diversos empecilhos
E ter nas mãos as armas onde possa
Vencer o que se mostre em leda fossa
Ao impedir seguir em raros trilhos,

Ousando não perder em falsos brilhos
E quando da verdade enfim se apossa,
A vida noutro encanto agora endossa
Rendendo os bons alentos, belos filhos;

E assim se preparando para o quanto
Ainda vislumbrasse sem espanto
Marcando cada dia de tal forma

Que o passo intemerato não se nega,
A sorte que pudera ser tão cega
Agora a cada instante além se informa

Intermezzo

Os dez estágios são divididos em três fases ou Bhūmis, se apresentando em três etapas a saber: 1- discernimento 2 a 7 – meditação 8 a 10 – do não mais saber, ou seja de consolidação.

36

Estágio 1 – muito alegre.


Bodisatva se exultando em alegria
Abandonando enfim impedimentos
E entregue sem temor aos mansos ventos
Noutro cenário o sonho se recria,

Nascendo em linhagem nobre sente
No renascer de uma alma em plena sorte
A quem sofrendo agora já conforte
Iluminando o quanto veja em frente

E desta magnitude, um grão senhor
Da generosidade em ar tenaz
O quanto mais alegre a vida traz
Deixando para trás o medo e a dor,

E quando se mostrando assim emerso
Expande com beleza este universo.

37

Estágio 2 – sem mácula.

As dez ações que trazem a virtude
Do corpo, fala e mente; imaculadas
Gerando com firmeza tais estradas
E nelas nada volte ou mesmo mude,

Conquista os continentes, prenuncia
A sorte mais sutil e consistente
E quando esta beleza ora se sente
O tempo segue em paz e em harmonia

Uma ética perfeita e mais sublime
Amadurece enfim este cenário,
E o quanto se mostrasse solidário
Auxiliando irmãos tanto se estime

E nisto em dimensão sem um senão
Traduz os dias nobres que virão.

38

Estágio 3 - Brilhante

Neste momento surge a luz intensa
Que com sabedoria pacifica
E um mundo bem melhor já se edifica
E nisto a própria vida recompensa.

Clarividentes olhos, elementos
Vitais para a total concentração
Marcando estes cenários que verão
Os dias sem saber mais de tormentos

Desejo estando extinto, ódio também,
Perfeita paciência se moldando,
E nisto com certeza sendo brando
Mostrando o que a verdade em si contém,

Tornando-se dos deuses mesmo um rei
Sabedoria dita a sorte e a lei.

39

Estágio 4 - Radiante

Luz da sabedoria verdadeira
Irradiando em nobre claridade,
E o quanto da palavra tanto agrade
Marcando o quanto além da sorte esgueira

Na prática que possa então mostrar
A imensa dimensão da radiante
Beleza que se mostre e se adiante
Alçando este supremo patamar,

O rei que tem no Yama seu domínio
Impedindo afinal a concepção
Da transitória e vaga conjunção
Trazendo mesmo em si tanto fascínio,

Intrínseca do quanto é natural,
Gestando em sábia luz outra, afinal.


40

Estágio 5 - difícil de superar.

No estágio onde se encontra a magnitude
Trazida nesta sólida expressão
Resiste ao mais perverso furacão
E nada quando encontra ainda ilude,

Sabendo discernir o bom do rude,
Marcando cada dia em precisão,
Cerzindo com incrível provisão
Seu mundo onde na essência não mais mude.

E assim supera as dores e aflições
E quando em tal caminho tu te expões
Num passo com firmeza à liberdade

Reinando sobre os deuses mais além,
O quanto de tua alma já contém
Traduz a bela e rara claridade.


41

Estágio 6 – Aproximação

Na quietude de quem tanto sabendo
Silenciosamente não dispersa
A sorte noutra face mais diversa
E sabe do caminho, ora estupendo.

Da discriminativa percepção
Sabedoria traça o quanto explora
E o tempo se anuncia e sem demora
Ousando na superna dimensão,

Atinge a cessação e avança no saber
Amadurecendo assim tais qualidades
Atinge neste estágio as divindades
E tem além de todos o poder,

Porém pacificando os orgulhosos
Na vida em seus caminhos caprichosos.

42

Estágio 7 - Afastado

Em tal maturidade se percebe
O quanto em equilíbrio se transcende
E nisto toda a força que desprende
Tramando em harmonia a bela sebe,

A qualquer instante possa desenhar
A sincronia feita em cessação,
E assim mestre dos mestres desde então
Concentra nas verdades cada olhar

E assim nesta nobreza se aprofunda
E quando em luz suprema, traz à sorte
O quanto poderia e mais conforte,
Enquanto deste brilho ora se inunda.

E da realização do vero senso
Transcende ao que pudesse em tom intenso.


43

Estágio 8 - Imutável

Estágio aonde não conceitual
Supera qualquer trama, ora imutável
E neste sonho intenso e desejável
O todo se mostrando natural,

Esferas incabíveis corpo e fala
A mente também mostra a segurança
E nada mais decerto à dor o lança
Nem mesmo um mal qualquer inda avassala

Sabendo e concernindo na resposta
O parto em tão suprema e rara luz,
A cada novo tempo nos conduz
Na verdade absolta agora exposta

Elucidando a fundo estas doutrinas
Palavras consistentes, cristalinas.

44

Estágio 9 - Inteligência Perfeita

Qual fosse algum regente que deveras
Na realização atinja o todo,
E nesta inteligência sem engodo
O cérebro expondo o quanto esperas

Caminho além do encanto em tais esferas
O mundo se anuncia com denodo
Deixando mais distante o caos e o lodo
Domina em paciência as duras feras;

Sabendo responder mesmo aos doutores
E sábios por estar bem mais acima
Numa alma que decerto além se prima
Expande com brandura os seus pendores.

E assim se torna um Brahma e de tal forma
Num apogeu, aos poucos se transforma.

45

Estágio 10 – Nuvem do Dharma


Bodisatva atinge a plenitude
Derrama sobre a Terra esta doutrina
Sublime que excelente nos fascina,
E faz com que seu mundo todo mude.

E consagrado à luz por tantos Budas
Tornando-se um Senhor desta Morada
Aonde na pureza desenhada
Desta árvore nascendo várias mudas

Um grande soberano, um ser supremo
E finalmente um Buda se apresenta
Com mansidão aplaca uma tormenta
Do infinito saber, além do extremo.

E completando enfim a sua estrada,
Na eterna magnitude rara estada.


46

O tempo sem limites entre tantos
E vários nascimentos molda ao fim
O quanto se percebe e traz assim
Além dos raros sonhos, tais encantos,

A plenitude expressa o que se vendo
Ou mesmo noutra face mais segura,
E tanta claridade configura
Em luz o caminhar mais estupendo,

Bilhões de renasceres talvez façam
Num amadurecer constante e reto,
O ser que poderia ser completo
Sem sombras nem temores que o desfaçam,

E assim na raridade esta expressão
Da mais suprema glória em dimensão.

47

Bhikku


Bhikku se denomina quem se faz
Um monge e de tal forma se entregando
Ao caminhar que possa mesmo brando
Moldar o quanto em vida se é capaz,

Bhikkhunis são as monjas e também
Recebem os preceitos que igualmente
Precisam cultivar e assim se sente
O quanto da esperança ainda vem.

As regras sendo rígidas são essas:
Não mentir, nem roubar sequer matar
Abster-se e não podendo copular,
Sem álcool; desta forma ali começas

Preparação sublime e nesta luz
O passo com firmeza ao Zen conduz.

48

Tiantai

Uma escola que trazendo no seu cerne
Belo Sutra do Lótus de tal forma
Que neste desenhar o quanto informa
A cada novo passo já concerne

E trama o que decerto agora interne
Marcando com firmeza toda a norma
E neste caminhar nada deforma
O rumo onde este encanto agora externe

Tiantai moldando então tal direção
E nela se aproximam tais anseios
O mundo que se fora em devaneios
Agora noutro passo, em expressão

Mostrando a claridade em tom sublime
E nesta maravilha nos suprime.

49

Zen- budismo

No Maaiaana mostrando sua origem
Na síntese do quanto se ensinara
Gautama-Buda nesta luz tão clara
Ousando muito além do quando exigem

As sortes entre tantas que se erigem
Tornando bem mais nobre esta seara,
A vida de tal forma imensa e rara
Trazendo a caminhada sem vertigem,

Usando do Zazen, como pudera
A base necessária e em tal esfera
Sentando-se medita sobre a vida,

Vagando sem firmar o pensamento
Que livre se entregando ao próprio vento,
Permite a sorte além da presumida.

50

Vajrayana

Usando destes tantras poderia
Vencer com mais firmeza as duras sendas
E neste caminhar quando desvendas
A sorte mais audaz em alegria

Vajrayana permite em harmonia
O todo sem maiores vãs contendas
E trama quando buscas sem emendas
O tanto quanto possa e mais queria.

O Lamaísmo traz em tradição
Hierárquico caminho, até o Dalai
E quando neste instante o tempo esvai
E molda o que pudesse em dimensão

Diversa, cada Lama tem em si
O tempo aonde além o percebi.

51

Nyingma

Fora a primeira escola do budismo
Chegando e no Tibete se mostrando
O quanto e mesmo até decerto quando
O tempo noutro rumo, ainda cismo,

E vendo com a paz em otimismo
O mundo noutra face desenhando
Padmasambhava, o mestre que moldando
O passo com firmeza sem abismo,

E assim aprofundando o quanto traz
E neste caminhar em luz, audaz
Versando com firmeza muito além

Do quanto mesmo possa e se desenha
A vida prenuncia em tal resenha
O todo que decerto ainda vem.

52

Padmasambhava


Guru Rinpoche traz noutra seara
Qual fosse um novo Buda, a sensação
Do tempo na mais nobre dimensão,
E assim outra visão já se escancara,

Não sendo enfim jamais contraditório
Este Guru expande o conhecer
E nisto se anuncia o que irá ter
Em tempo mais sublime e meritório.

Os seus conhecimentos são tesouros
Que sendo descobertos dia a dia
Tramando muito além do que viria
Gestando novos cais e ancoradouros.

Ditando o superar dos mais terríveis
Trazendo luzes tantas, invencíveis.

53

Dukkha

A vida se alternando em bons e maus
Momentos onde possa enfim saber
O quanto nos trazendo em dor/prazer
Expressa na verdade outros degraus,

O que talvez pareça o próprio caos,
Noutro momento possa transcender
Luzindo imensamente cada ser
Quais fossem neste mar vibrantes naus,

O Dukkha traduzindo esta verdade
Ajuda a compreender a realidade
E assim a dor e o riso, momentâneos

As sendas são deveras mais diversas
E quando noutros olhos tu te versas
O que verás são meros instantâneos.

54

Anicca

A impermanência traça a magnitude
Diversa do que possa ser assim
E o todo aproximado traz enfim
O quanto na distância já se ilude,

A vida por si só tanto transmude
E gere novo instante dentro em mim,
Sabendo tão somente de onde vim,
Futuro se traduz noutra amplitude

A base inconsistente não permite
Que permaneça dentro de um limite
Mutável condição na experiência

Deste eu e também do outro o que virá
Não sei e mesmo quando aqui ou lá
Cada fator transmite uma ingerência.

55

As quatro qualidades sem medida
Imensas que permitem caminhada
Vencendo a sorte amarga que degrada
Regendo cada instante em nossa vida,

Destarte a própria imagem presumida
Expressa a mais diversa desejada
E o quanto noutro passo o todo invada
Firmeza do querer nos consolida.

No amor, na compaixão, se vendo mais
Sem ter qualquer limite, sem ter freios
A vida se anuncia sem rodeios,

Numa equanimidade e na alegria
Que sem medidas tanto poderia
Vencer os mais diversos vendavais.


56

Mahamudra e o Dzogchen

Para atingir o pleno despertar
O Mahamudra traz a dimensão
Dos dias e problemas que virão
E trama o que pudesse caminhar,

A senda se anuncia de tal forma
Que quem conhece e bem estes caminhos
Ousando na verdade em vários ninhos
E a sorte assim decerto além transforma,

Seguindo com firmeza rumo ao quanto
Proponha sem fugir do que ora anseia
Cadenciando o passo traz na veia
O todo que deveras já garanto,

O quanto se anuncia em tom diverso
Expressa com firmeza este universo.

57

Mahasiddhas, Tilopa e Naropa

Mantendo atividade exterior
Sem ter recolhimento, mesmo assim
Marcando o dia a dia em claro fim,
E nisto se compondo o nobre amor,

A vida de tal forma a se propor
Expressa o quanto possa e molda afim
Caminho mesmo quando de outro eu vim
Da primavera expressa a rara flor,

E o tempo sem perder a dimensão
Sequer dos dias claros que virão,
Numa meditação tão luminosa,

Exercitando assim o que pudesse
E neste desenhar vejo a benesse
Que a própria maravilha já antegoza.

58

Milarepa

Abandonando toda atividade
E da meditação única face
Da vida que deveras demonstrasse
E neste seu caminho nada invade,

Tampouco do princípio não se evade
E gesta sem sequer algum impasse
Num ato onde tanto amor mostrasse
Na busca pela imensa claridade,

Vestindo o dia a dia em tal cenário,
O mundo muito além do imaginário
Presume o quanto veja em harmonia,

E assim o que se crê no dia a dia
Expressa o mago tempo e em relicário
O tanto em raro encanto já veria.


59

Gampopa e Tüsum Khyenpa

Na busca pela vida em apogeu
Na rara claridade sem anseios,
Marcando com vigor diversos veios,
O mundo se desenha onde se deu,

E traz no quanto possa ser tão seu
Os olhos sem temores ou receios,
Afastam-se de inúteis devaneios
E bebem o que a vida concebeu,

E na meditação esta arma traz
Vencendo o que trouxesse tão mordaz
Cenário sem proveito em tal mistério

A vida de tal forma se mostrando
Trazendo num momento aonde abrando
Meu passo nalgum manso monastério.


Cha-gya-chenpo

60


Cha

Um símbolo que possa traduzir
Vazia consciência original
E neste caminhar primordial
O que virá garante no porvir

O quanto ao aprender ou presumir
Tocando com seu traço um virtual
Cenário; aonde o tanto molde o qual
Possamos com certeza então sentir,

Na essência o que virá representando
Além de meramente o que instintivo
Garante o que deveras tento e vivo,

E nisto se mostrando desde quando
A vida noutro passo já se dá,
E dele o que se molde aqui E lá.

61

Gya

Além da consciência original
Vazia em seus primórdios, nada existe,
E o quanto poderia ser tão triste
Do rumo é feito pedra inicial,

E o quanto se edifica em triunfal
Momento aonde o quanto ora persiste
Gerando em consonância o que inda insiste
Traçando o quanto possa no final.

Experiências ditam o que venha
Trazer na plenitude aonde a vasta
Planície se tomando por inteiro,

E desta construção já se avizinha
E assim supera a face mais mesquinha
Cultivando decerto este canteiro.


62

Chenpo

Demonstrando a grandeza do que tenta
Quem de uma essência vaga busca o vasto
Cenário aonde o todo não afasto
E bebo sem temor qualquer tormenta,

A sorte deste sonho se alimenta
E sei do caminhar outrora gasto
Inutilmente sem algum repasto
Na vida mais atroz, mesmo sangrenta,

Engrandecendo assim o que viria
E nisto muito além de uma utopia
Plausível caminhar por sobre as águas,

E tendo na amplidão este horizonte
E nele cada passo aonde aponte
As fontes onde tanto em paz deságuas.

63

Dzogchen

Realizando o máximo que possa,
A vida se permite em plena luz,
E o quanto na verdade se produz
Trazendo no final a sorte; nossa.

A cada novo tempo o todo endossa
E gera o que pudesse e nos conduz
Vencendo o que deveras se me opus
A sensação do vago ora destroça,

E surge em magnitude o raro encanto
E nesta face em paz hoje garanto
O tanto quanto quero e me asseguro,

Dzogchen que traduz realização
E traça a mais completa dimensão
Do intensa claridade que procuro.

64

Mahamudra dos Sutras e o dos tantras

Seres de capacidade superior

Quem teve noutras vidas a bagagem
Que possa permitir a caminhada
Com mais firmeza além na mesma estrada
Já demarcando assim sua viagem,

Decerto ao perceber o que é miragem
E discernir o sonho de uma estada
Marcante e amadurece e não degrada
O todo noutro encanto ou paisagem,

Assim superior capacidade
É fruto do que a vida tanto ensina
E desenhando além a própria sina

Vencendo com maior facilidade
As ermas condições do próprio tempo
Propício ao mais temível contratempo.

65

Seres de capacidade mediana

São seres que ao longo da existência
Acumulando em vidas tão diversas
Apenas mera imagem mais dispersas
E nisto pouco a pouco, a consciência,

E quando se permite numa essência
Surgir entre os cenários onde versas
Ao mesmo tempo foges, desconversas
Embora bem no fundo haja ciência.

Maturidade aos poucos adquirindo
E neste caminhar ainda infindo
Entre idas, voltas, morte e nascimento,

A cada renovar num ciclo além
O quanto se deseja ainda vem
Moldando devagar o seu provento.

66

Seres de capacidade mínima

Com pouca inteligência do que seja
Espiritualidade; na verdade
O quanto neste ser ainda invade
Difere do que possa e mesmo almeja

Ainda que sonhasse em ter sobeja
O que se vê no fundo em realidade
Não traça nem sequer a claridade
Há muito que aprender em sorte andeja.

Nas variáveis tantas da existência
Sem mínima noção desta evidência
De um templo dentro da alma a se elevar,

Milhões de renascerem necessita
Uma alma que procure nova dita
E possa no final algo almejar.



67

Tsongkhapa

Da Gelug o fundador, trazendo além
Da antiga dimensão Kadampa, muda
Essencialmente uma visão de Buda
E nisto novo rumo já contém

O tempo se associa e quando vem
Um marco tão diverso nos ajuda
A perceber a vida que transmuda
Diversa do desenho que ora tem,

E assim neste mutável crescimento
O quanto poderia e me incremento
Ousando noutro espaço, noutro prumo,

Mas sei que nesta base não se toca
Porquanto a própria história nos convoca
Mantendo numa essência o mesmo sumo.

68

Sakya

Uma das quatro linhas tibetanas
Trazendo ela também a tradução
Mais nova onde possa em dimensão
Traçar outros cenários, onde explanas

Com mesma claridade, porém faz
Ser bem mais acessível o saber,
E nisto o quanto possa perceber
Expressa um passo novo e mesmo audaz.

No renovar da vida se mostrando
O quanto se anuncia em claros sóis
Reformes, mas jamais algo destróis
Num resultado igual, caminho brando,

Senão quando se vendo noutra face
Caminho se perdesse ou degradasse.


69

Sakya
Origem

Das montanhas cinzentas do Tibete
Aonde o monastério Sakya fora
A imagem principal renovadora
Do quanto neste passo se arremete,

O tempo desenhando o que compete
Tramando com a glória redentora
Ou mesmo na palavra promissora
O todo se anuncia e não repete

Enganos e desvios do passado,
Senão nada valendo o novo prado,
A vida se presume em multiface,

Porém se reconheça neste espelho
Assim o quanto eu possa e te aconselho
Bem antes que este templo desabasse.
A tradição foi fundada pelos "Cinco Patriarcas de Sakya" (Sa-skya gong-ma Inga):
• Sachen Kunga Nyingpo (1092 - 1158)
• Lopon Sonam Tsemo (1142 - 1182)
• Jetsun Drakpa Gyaltsen (1147 - 1216)
• Choje Sakya Pandita (1182 - 1251)
• Drogon Chogyal Pakpa (1235 - 1280)






70

Domínio feudal sobre o Tibete


Chogyal Phagpa

Após ser invadido por mongóis
E sendo assim cedido noutro instante
Aonde o que pudesse se garante
Deixando para trás os raros sóis,

Os Lamas ao servirem; vice-reis
Aos senhores feudais, por longo tempo,
Ainda que isso fosse um contratempo
Ao menos aplacavam duras leis,

E quando se anuncia noutro rumo
O mundo se aproxima em tempestade,
O quanto noutro passo ora degrade
Não traz sequer ainda o mero prumo,

E assim o que se vira tantas vezes,
Mongólia derrotada por chineses.

71

Clã Khon

O clã se dividindo na metade
E disto se presume a cada instante
O quanto apresentando um governante
Enquanto noutro rumo este outro evade,

Há tantos anos vejo o ritual
E se repete eterna e mansamente
Sem nada que decerto ainda tente
Mudar o quando sei consensual,

E assim a vida traça de tal jeito
A cena que deveras poderia
Trazer a cada tempo uma alegria
E neste caminhar tão satisfeito

Versando para o mesmo e claro fim,
Numa harmonia rara e clara assim.

72

Ensinamentos da escola Sakya

Sachen, patriarca recebera
Doutrinas tântricas de várias luzes
E assim quando decerto as reproduzes
É como o refazer da mesma cera

Ardendo em leve chama mansamente
E nisto se apresente a dimensão
Dos dias que deveras moldarão
O todo quanto quero e se apresente.

Das três visões o aspecto mais preciso
E o fruto que o caminho poderia
Traçar a cada instante dia a dia,
E nele em claridade eu me matizo,

Os três contínuos ditam o teórico
Caminho entre tais tantras, meteórico.

73

Sub-escolas Sakya

A divisão se dando em dois cenários
Diversos, mas deveras congruentes
E quando nesta face me apresentes
Momentos mesmo quando solitários

Expressam na verdade os solidários
Perfis onde decerto toma as mentes
E mesmo quando além algo pressentes
Não de possa dizer que sejam vários.

E assim se traduzindo o quanto existe
Da escolta tibetana em rumo à luz
E nesta face tanto reproduz

Enquanto se mantendo sempre em riste
O tempo não se conta nem percebe
Tamanha tal grandeza desta sebe.

74

Kagyü

Escola do budismo tibetano
Fundada por Tilopa que a recebe
Do Buda Vajradhara, noutra sebe
A clara explicação sem ter engano,

Usando a Mahamudra como base
Expressa noutro rumo e dimensão
Os dias que deveras poderão
Sem nada que decerto ainda atrase

A sorte de tal forma construída
Resume o que pudesse e noutro passo
O quanto deste tanto não escasso
Permite a claridade em nossa vida,

Karmapa designando a liderança
Da escola que se mostra em temperança.

75

Chöd

A forma de cortar pela raiz
O apego ao seu eu e às dualidades
Permite que se vejam claridades
No quanto a própria sorte tanto quis,

E nesta provisão, prática irada
Contemplando entidade quando em ira
E de tal forma acende a própria pira
Aonde se mostrasse esta escalada,

Oferecendo então algum festim
E o próprio corpo para o bem
Dos seres sencientes quando vêm
Trazendo o quanto possa em claro fim,

Em dádivas um sino, e este tambor
Pequenos; mas sublimes num louvor.


76


ABHIDHARMA PITAKA

Destes ensinamentos sobre a vida
Onde em filosofia se presume
O tanto quanto a luz em tanto ardume
Pudesse desenhar sendo querida,

Na face aonde em alma se decida
O tanto quanto aprenda e se resume
Numa expressão ditosa de um perfume
Na história em persistência resolvida,

Também na metafísica e destarte
O quanto se recebe e se comparte
Permite a aprendizagem mais constante

E assim ao compilar tantas facetas
Além do quanto vês e te arremetas
Um novo amanhecer já se garante.

77

ABHISHEKA

A iniciação aos rumos do budismo
Trazendo a cada instante ensinamentos
E destes mesmo quando em desalentos
Sabemos superar qualquer abismo,

E quando o mundo trama um rude sismo,
A paz e num suave acolhimento,
O quanto se anuncia e busco atento
Vagando o pensamento aonde cismo,

E sei que deste início o que virá
Traduz com privilégio este maná
Que tanto nos viceje em primavera,

A plenitude dita em luz se faz,
Porém é necessário ser tenaz
Matando dentro da alma a nossa fera.

78

ACHAAN, AJAHN

O monge que se mostra o mais idoso
Um professor que ensina e traz em si,
O quanto com firmeza eu presumi
No templo feito em tempo majestoso.

O mundo se transforma; é caprichoso,
Porém toda a certeza encontro aqui,
E deste caminhar eu presumi
Ultrapassando além campo rochoso.

Achaan que me ensinara o quanto sei
E de tal forma aprendo a velha lei
Moldando o que deveras tu já vês,

Um velho mestre traz na alma segredos
E neles outros tantos nos enredos
De um mundo muito além de tailandês.

79

ACHARYA (sânsc; jap. AJARI) - professor, mestre.

Acharya com maior sabedoria
Expressa a dimensão do quanto pude,
Viver a minha dita em plenitude
Gerando cada passo em harmonia,

E o quanto na verdade moldaria
Sem nada que decerto ainda ilude
O passo mais atroz da juventude,
O tempo com certeza mudaria,

Um mestre sabe como conduzir
Aquele que buscando algum porvir
Comete seus enganos e é normal,

Assim a cada nova paisagem
Mais coisas se trazendo na bagagem
Até beber a luz noutro final.

80

AGAMA (sânsc.; pāli NIKĀYA) - coleção de escrituras budistas (SUTRA).

Das inscrições diversas se concebe
O mundo em tom sublime e variado
Agama se moldando e no traçado
A vida nos conduz em rara sebe,

E o todo noutro encanto se concebe
Vivendo o que pudesse sem enfado,
E o tempo aonde todo sonho evado
Apenas nos segredos já se embebe.

Na claridade vejo ensinamentos
Num Sutra desenhando o meu caminho
E quando da verdade eu me avizinho,

Mais disto dos totais discernimentos,
Neste infindável passo a se prever
O todo noutro claro amanhecer.

81

AHIMSA (sânsc. e pāli) - não-violência.

A compaixão deveras apascenta
Apaziguando o rumo de quem busca
Vencer o quanto possa em cena brusca
Aplacando decerto uma tormenta,

A vida em tom sublime se apresenta
E nisto cada passo não se ofusca,
A luta sem sentido nos chamusca
E a porta da esperança, isso arrebenta,

O tanto que pudesse ter nas mãos
E com tal ousadia ver irmãos
Aonde reina a dor, leda inclemência,

O tanto que se possa resumir,
No anseio quando tento no porvir
Viver e enfim pregar; não-violência.

82


ALAYA-VIJNANA (sânsc.)- consciência armazém; conceito da escola YOGACHARA para definir uma consciência cósmica que armazena todos os fenômenos.

Fenômenos que o cosmo traz à luz
Em consciência trama o quanto venha,
E desta dimensão, saber a senha
E o quanto cada passo reproduz,

Por mais que seja escasso, o que produz
A vida com certeza não desdenha
E nisto com firmeza além se empenha
Fazendo em ritos claros, todo o jus.

Armazenando enfim o que se nota
Impede no final qualquer derrota
Denota mesmo até sabedoria,

E o quanto se acumula pelas vidas
Somando nos trazendo bem urdidas
As teias onde o tanto se teria.

83

AMITABHA (sânsc.; chin. O-MI-TUO; jap. AMIDA; tib. ÖPAGMED/ 'OD DPAG MED) - um dos cinco DHYANI-BUDDDHAS, associado à TERRA PURA do oeste, Sukhavati.

Em Sukhavati vejo a Terra Pura,
E sei do quanto possa em entidades
Diversas as sublimes claridades
Aonde toda a glória se depura,

E assim esta verdade configura
Marcando com vigor, felicidade,
E nesta plena luz, civilidade
Tranqüilidade expressa esta brandura.

Elevo-me decerto e quando sinto
Além do que já fora mero instinto
A liberdade na alma se moldando,

O quanto poderia perceber
Trazendo a cada dia um novo ser
Deveras mais suave e mesmo brando.

84

ANAGARIKA (sânsc.) - monge sem casa.

Um monge que sem casa tem apenas
O céu como um gigante cobertor,
E trama com firmeza o seu louvor
Em horas mais tranqüilas e serenas,

Diversas emoções em várias cenas,
Mas quando se percebe em tal pendor
A vida se mostrando um refletor
Das tantas harmonias, horas plenas.

A liberdade dita o que virá,
E mostra desde ali, aqui e já
O quanto se independe do que tens

Sabendo que em tua alma se presume
O todo transformado em tal perfume
Mostrando ali de fato os raros bens.

85


ANANDA - primo do Buddha SHAKYAMUNI e um de seus principais discípulos.


Ananda cuja sorte permitira
Ser primo de tão bela alma e se vendo
Num ato mais sutil, mesmo estupendo
Mantendo em coração acesa a pira,

E mesmo quando a luta não prefira
Mostrar algum caminho em dividendo,
Em pleno desenhar já se acolhendo
Sabendo que o universo, mesmo gira.

Discípulo fiel e principal
De quem se fez além neste imortal
Cenário que nos mostra a plenitude,

E quem atinge enfim este apogeu,
E nele com certeza conheceu
A vida na suprema magnitude.



86

ANAPANASATI (pāli) - meditação sobre a respiração

O próprio respirar em ritual
Necessitando regras e de fato
Assim num ar suave já constato
O quando poderia desigual,

Meditação se faz transcendental
E gera o quanto em paz hoje retrato
E o tempo noutro passo enfim resgato
Desvendando o que possa além do mal,

Em exercícios traço esta verdade
Grassando sobre a imensa claridade
E dela concebendo o quanto insisto

E sei que me aproximo bem mais disto
Quando ao inspirar tranquilamente
A vida também ela assim se sente.

87



ANATMAN (sânsc.; pāli ANATTA) - não-eu, não-ego, não-essência; ausência de qualquer indivíduo ou essência independente ou permanente.

Ausento de mim mesmo quando atento
Ao que em redor se mostre sem essência
E nisto se desenha em consciência
O início de algum vago pensamento,

E quantas vezes mesmo ainda tento
Vagar sem ter sequer qualquer ciência
Do quanto sou e nego em persistência
Deixando noutra face o sofrimento,

Evado-me de mim e não dependo
Enquanto com certeza me desprendo
Um livre caminhar por sobre as ondas,

Negar cada desejo e ser enfim,
O quanto mais diverso do que em mim
Ainda quando mesmo busques, sondas...

88


ANGUTTARA-NIKĀYA (pāli) - Coleção Numérica; uma das seções do SUTTA PITAKA.

Dos discursos somados em seções
Diversas onde possa ou mesmo creia
A vida na verdade invade a veia
E nela novos rumos tu me expões

Vestindo as mais diversas dimensões
Uma alma sem temor não devaneia
Sabendo cada instante que a rodeia
E trama destas sendas, coleções

Inúmeros caminhos, um só rumo
E nele dos diversos eu resumo
O quanto poderia e mesmo quero,

Assim na plenitude a caridade
Expressa com certeza a claridade
E nela o quanto possa ser sincero.

89


ANITYA (sânsc.; pāli ANITTA; chin. WU-CH'ANG; jap. MUJÔ; tib. MI RTAG PA/ MITAGPA) - impermanência.

Enquanto na inconstância a vida marca
O passo que viria e talvez venha,
O quanto com certeza dita a ordenha
E trace em pleno mar a imensa barca,

Atravessar dilúvios e em tal arca
O tempo se compraz e quando tenha
O olhar que na verdade não convenha
Enquanto a luz se faça sempre parca.

Impermanente traço mostra o quanto
Pudesse neste rumo ou mais portanto
Portando dentro em si a dimensão

Exata do que traz a cada passo,
Ainda que em princípio seja escasso,
Mais tarde novos brilhos se verão.

90

ANUTTARA-SAMYAK-SAMBODHI (sânsc.; jap. ANOKUTARA-SANMYAKU-SANBODAI) - iluminação insuperável, completa e perfeita.

Chegar ao mais sublime iluminar
E ter na perfeição firme caminho
Aonde do apogeu eu me avizinho
É tudo o que se possa desejar,

Completa dimensão que ao se notar
Deixando para trás o que é daninho,
E nesta plena sorte eu adivinho
O tanto que buscara e sei sem par,

Estágios com vigor superiores
E nele desenhando sem opores
Sequer o que pudesse transcender

Vestindo em claridade e sem desejos
Inúteis, meus momentos nos ensejos
Encontram na virtude este poder.

91

ARHAT (sânsc.; pāli ARAHAT, chin. LO-HAN, jap. RAKAN; tib. DRACHOMPA/ DGRA BCOM PA) - ser perfeito, aquele que conseguiu superar o sofrimento do Samsara e alcançar o NIRVANA; o objetivo das escolas não-Mahayana. Pode ser ouvinte (SHRAVAKA) ou realizador solitário (PRATYEKA-BUDDHA).

Chegar à plenitude em harmonia
E podendo encerrar o eterno ciclo
Da morte e nascimento onde reciclo
Meu passo noutra senda que veria

E renascendo após a imperfeição
Aprimorando assim a cada vida
Até que se perceba a presumida
Vontade de seguir a evolução.

Passando por estágios progressivos
Deixando para trás sonhos cativos
E tendo em liberdade a luz sublime,

E ser também um Buda no final,
Desenho que se molde magistral
É tudo quanto a vida além estime.

92

ARYADEVA - monge indiano (século III), discípulo de NAGARJUNA; um dos fundadores da filosofia MADHYAMIKA.

A vida se desenha de tal sorte
Que o quanto inda se veja nos incita
A atravessar a senda mais bendita
Aonde todo o passo nos conforte

E sendo de tal forma o nosso norte
E nele o coração forte palpita
Vencendo a cada instante uma desdita
Tentando vislumbrar o claro aporte.

Assim se desenhando noutro fato
O mesmo aproximando onde o constato
Em convergência, embora tenha espaço

O pensamento é livre e até por isto
Decerto demonstrando que eu existo
E neste caminhar um novo eu faço.

93

ASANGA - monge indiano (século IV), fundador da escola YOGACHARA, irmão de VASUBANDHU.

Aplicação da Ioga como um todo
E dela se traduz a ligação
Ousando na verdade em união
Vencendo suavemente algum engodo,

O passo quando é dado com denodo
Expressa os dias claros que virão,
E desta mais tranquila comunhão
Afasto-me deveras de algum lodo,

E meditando sigo muito além
Do quanto poderia e sei que vem
A vida desenhando em transparência

Um mundo mais sutil em plenitude
Deveras impedindo que se mude
Aquilo que se mostre em consistência.

94

ASHOKA - rei indiano (século III) da dinastia Maurya, grande propagador do buddhismo.

Budismo se propaga a cada dia,
Porém nos seus primórdios este rei
Da Maurya dinastia em sua grei
Deveras com firmeza garantia,

O todo que pudesse e se veria
Marcando todo o encanto e assim eu sei
No quanto mais queria e desvendei
Mistérios da feliz filosofia.

E a cada instante além vou mergulhando
E vejo este caminho bem mais brando
E nele se desenha o quanto pude

Somente ao vislumbrar este cenário
E nele cada traço, itinerário
Aonde se perceba a plenitude.

95

ASHVAGHOSHA - poeta e filósofo MAHAYANA indiano (séculos I-II).

Por ser mesmo poética esta luz
Que tanto me inebria a cada instante
Desta filosofia se adiante
O quanto com vigor ora conduz,

E o todo em tal cenário já seduz
E trama o que pudesse doravante
Marcar a nossa vida em deslumbrante
Caminho feito em paz, onde me pus.

No vicejar da eterna primavera
Uma alma que se mostre mais gentil
Sabendo do que tente e ora previu

Bem mais do quanto quis e enfim espera
Na inspiração que trace com beleza
A vida com firmeza, mas leveza...


96

ASURA (sânsc. e pāli) - semideus, titã; um dos seis GATI.


No Samsara reside a evolução
E de tal forma a vida se refaz
Neste caminho aonde mais tenaz
O dia noutros dias voltarão

E sei que de tal forma e desde então
O quanto poderia contumaz
Gerar outro cenário mais audaz
E nele a mais completa sensação

A cada nova morte e nascimento
Reencarnações diversas num alento
Podendo discernir o quanto creia

E o tanto que progride uma alma nobre
Enquanto novos rumos; já descobre
Das semi-divindades se permeia.

97

ATISHA DIMPAMKARA SHRIJNANA (sânsc.; tib. JOWOJE/ JO BO RJE) - monge indiano que fundou a escola KADAM do buddhismo tibetano.

Escolas tibetanas do budismo
Expressam variantes tão sutis,
Que na verdade nada contradiz,
Não sendo com certeza algum abismo,

No filosófico caminho eu cismo
E sei da mesma cor, noutro matiz
E o tempo se anuncia enquanto eu quis
Vencendo o que existisse em cataclismo,

O tempo se anuncia e do universo
Em quase gemelares rumos vejo,
Mas sinto o quanto possa noutro ensejo

Sentido mesmo assim, pouco diverso
A base sendo igual, porém prevendo
Aqui ou mesmo ali um novo adendo.

98

ATI-YOGA (sânsc.) - YOGA primordial, Dzogchen.

Trazendo com certeza a dimensão
Mais próxima da intensa claridade
E deste desenhar vejo a verdade
Qual fosse com destreza este clarão,

E os dias noutros termos moldarão
O quanto se pudesse e tanto invade
Marcando com suprema lealdade
As cenas que se vejam desde então.

Nesta união que sei primordial,
O tempo após o tempo não traduz
Sequer o que pudesse em farta luz

Ou mesmo algum alento num sinal
Diverso do que tanto poderia,
Gerar o meu caminho em harmonia.

99

Avalokiteshvara (sânsc.; chin. KUAN-YIN, KUAN-HSI-YIN; jap. Kannon, KANZEON, KANJIZAI; tib. CHENREZIG/ SPYAN RAS GZIGS) - no buddhismo MAHAYANA, o BODHISATTVA da grande compaixão.


Bodisatva que mostre a dimensão
Exata do que possa quem procura
Vencer a mais sofrível amargura
Pousando nesta clara compaixão,

E os dias de tal forma moldarão
O todo que se anseia onde assegura
Fortuna sem igual, rara brandura
E nela novo passo em solução

O quanto desta sorte se transforma
E gera a paz e a luz, divina norma
Que possa nos guiar eternamente,

Num átimo o caminho se transcende
E o tanto que se quer ora recende
Regendo com clareza a nossa mente.

100


AVATAMSAKA SUTRA (sânsc.; jap. KEGON-KYÔ) - Discurso da Guirlanda de Flores; texto do buddhismo MAHAYANA de grade importância para as escolas HUA-YEN e KEGON

Este texto descreve um cosmos de reinos infinitos em cima dos reinos, contendo-se mutuamente. A visão expressada neste trabalho era a fundação para a criação do Huayan escola de Budismo chinês, de que foi caracterizado por uma filosofia em interpretação. o Hua-yen é sabido como Kegon em Japão.

Tramando em cosmos reinos infinitos
Acima destes reinos conhecidos
E deles outros tantos resumidos
Moldando muito além dos velhos ritos

Interpretando além da quanto etéreo
Expressa a claridade em tom superno,
Assim quando decerto além me externo
Adentro espaço sobre o tom sidéreo

E o tanto se mostrando sem limites
E nisto mais ousasse e tendo enfim
Superlativo campo dentro em mim
E nele muito mais do quanto admites,

Num círculo sobejo além do farto
Cenário aonde além possa e comparto.

101


AVIDYA (sânsc.; pāli AVIJJA; chin. WU-MING; jap. MUMYÔ; tib. MARIGPA/ MA RIG PA) - ignorância, desilusão.

Desilusão expressa o que não sabes
E quando na verdade busque a fonte
O quanto deste todo desaponte
Mostrando o quanto queres, mas não cabes

E sendo que deveras já desabes
Deixando sem sentido este horizonte
E derrubando o sonho em leda ponte
Decerto sem sentido ainda gabes,

O término tramando o que pudesse
Não resolvendo nada em luz e messe
Apenas o que tentas já proscrito,

E o tempo se desenha em sortilégio
O quanto se anuncia e sendo egrégio
Do nada o meu caminho; em vão reedito;

102

AYATANA (sânsc.) - entrada, isto é, os seis órgãos dos sentidos (olhos, ouvidos, nariz, língua, corpo, mente) e, às vezes, refere-se também aos seus seis objetos (cores, sons, odores, sabores, sensações táteis e pensamentos), abarcando todo o mundo epistemológico.


Senso epistemológico ora abrange
Os vários e diversos patamares
No quando em congruência tu notares
Simbolizando enfim a forte flange,

Mas quantas vezes; dita uma falange
Diversa da que tanto procurares
E nestes mais diversos caminhares
A vida sem sentido agora plange;

Porém nos tais sentidos, pensamento
Regendo enquanto absorve os outros cinco
A luta se desenha em tal afinco

Nos órgãos onde encontro o que ora tento,
Tecendo o mais complexo fato e trama
O todo desejoso em rara flama.

103

BANKEI EITAKU YOTAKI - monge ZEN japonês (1622-1693) da linhagem Rinzai.


Numa ênfase diversa em zen Rinzai
Traçando em claridade o quanto possa
Vencer a sensação da amarga fossa
Aonde o descuidado agora cai,

E o tempo noutro passo já contrai
O tanto quanto queira e assim se apossa
Da sorte que deveras quando endossa
Moldando este cenário onde se esvai

Buscando incorporar no dia a dia
O quanto na verdade poderia
Apresentar em rumo concordante,

Assim tal privilégio se moldasse
Supera o que pudera num impasse
E ao fim de toda a cena se garante.


104


BARDO (tib. BAR DO; sânsc. ANTARABHAVA) - no buddhismo tibetano, o estado intermediário entre a morte e o renascimento; uma das seis yogas de Naropa (tib. NARO CHÖDRUG).

Intervalo entre a morte e o nascimento
Após a velha morte que passamos,
No tempo desfilando novos ramos
O tanto quanto possa estar atento,

Qual fosse o ressurgir de num novo vento
Passando pelos dias que deixamos
Vagando noutros rumos, onde amamos,
Sonhamos e voltamos num momento,

Até que esta alma seja preparada
E tenha finalmente o seu espaço
Depois de tantas idas, voltas, traço

Talvez a derradeira e rara estrada,
Ou volte noutro Bardo, numa espera
De ver o ressurgir da primavera...

105

BARDO TÖDRÖL (tib. BAR DO THOS SGROL) - Liberação através da Compreensão no Estado Intermediário; popularmente conhecido como o "Livro Tibetano dos Mortos", texto sobre o processo da morte e renascimento.

Um ciclo após um ciclo, um ciclo a mais
Na roda da fortuna o tempo passa,
E quantas vezes; gera uma fumaça
Exposta aos mesmos erros tão fatais,

Porém se o crescimento tu notais
A sorte não seria tão escassa,
E o quanto do passado não refaça
Purificando assim os teus cristais

Até que talvez possas num encanto
Chegar ao patamar, um sonho e tanto,
Porém nada impossível quando o quer

Estágios que se devem superar
E neste lento e manso caminhar,
Amadurecer o mais que se puder.

106

BHAISHAJYAGURU (sânsc.; chin. YAO-HSI-FU; jap. YAKUSHI NYORAI; tib. MENGYI LAMA/ SMAN GYI BLA MA) - no buddhismo MAHAYANA, o Buddha da medicina, o Buddha curador.

Bhaisahjyaguru traz o poder
Que mostre num alívio ou mesmo cura
O quanto se deseja e se procura
Na sorte tão difícil de viver,

O quanto se é ao buscar um novo ser
Tornando a nossa estrada que insegura
Passasse num momento de brandura
A pelo menos algo perceber

Diverso desta dor que nos maltrata,
A vida pela vida se resgata,
Mas deve-se lutar para que possa

Traçar em plano nobre o quanto existe,
E a medicina aponta; alegre ou triste
A história que se faz, somente nossa.

107

BHANTE - senhor, venerável senhor.

Um Bhante venerável possa tanto
Abrir e nos mostrar a direção,
Enquanto novos dias surgirão
Ao menos possa além um manso encanto,

A cada instante eu tento e me adianto
Bebendo a mais diversa dimensão
Da sorte que se molda e desde então,
A luz secando aos poucos todo pranto,

Anseios são comuns, mas o desejo
Que deva se esquecer a cada ensejo,
Daninha face escusa que corrói,

E assim ao se traçar em senhoria
O tempo noutro ponto tornaria
Na mão que tanto afaga e assim condói.

108


BHAVA-CHAKRA (sânsc.; tib. SIPE KHORLO/ SRID PA'I KHOR LO) a roda da vida; representação iconográfica dos seis reinos (GATI) do Samsara.

A vida nesta roda que incessante
Presume altos, baixos, idas, vindas,
Imagens que deveras duras, lindas
No quanto o próprio encanto se agigante,

O fato de lutar, mesmo inconstante
Gerando outras passagens, ledas, findas
E quando se presumem não deslindas
O tanto quanto queira e se adiante.

Os reinos entre a morte e o renascer
Traçando ensinamento e aprendizagem
Aumentam o poder desta bagagem

Que possa permitir além crescer,
Durante estes milhões de vidas vês
Razão do crescimento em seus porquês;

109


BHAVANA (sânsc. e pāli) - meditação.

Na meditação possa bem mais
Que a mera a vã faceta da existência
Sem ter sequer de um todo; a era essência
Exposto aos dias turvos e banais,

Assim ao superar os temporais
Do quanto que se pode ter ciência
E a vida se tramando em paciência
Vencendo os descaminhos desiguais.

Na Bhavana a certeza de outro passo,
Que a cada novo tempo além eu traço
Vertendo em meu caminho o que eu pudera,

E neste fato o tempo me trará
O quanto se ansiava e desde já
A placidez vencendo a dor mais fera.

110


BINDU (sânsc.; pāli THIGLE/ THIG LE) - no buddhismo VAJRAYANA, essência ou gota de energia sutil.


Sutilmente energia move tudo
E desta força sei quando inerente
O tempo na verdade não se ausente
E a cada novo instante não me iludo,

Movendo além decerto eu pouco mudo,
Mas nada se faria permanente
E o cíclico caminho se apresente,
Neste ir e vir a vida dita o estudo

E quando aprendizagem já se faz,
O passo que viria mais tenaz
Ascende ao quanto sonho em claridade,

Embora traiçoeira a caminhada,
Em passos com firmeza, nesta estrada
A estada enobrecida não se evada.

111

BODHI (sânsc. e pāli; chin. WU; jap. SATORI, KENSHÔ; tib. JANGCHUB/ BYANG CHUB) - iluminação, despertar.

No iluminar o encanto nos desperta
E traça em compaixão e caridade,
E assim moldando além tal humildade
Enquanto a sordidez já nos deserta.

Mantendo da alma a porta mais aberta,
E ter discernimento tanto agrade
E não mais necessitas desta grade
Nem mesmo qualquer traço que inda alerta

Processo a cada vida costurado,
Até que no final, elaborado
Permita alçar a imensa plenitude

Que tanto nos liberte e nos clareie
Gerando em que decerto nos rodeie
O encanto que deveras tudo mude.

112


BODHICHITTA (sânsc.) - mente da iluminação; no buddhismo MAHAYANA, a mente altruísta que visa beneficiar a todos os seres; a mente do BODHISATTVA.

Quem tanto procurando dar apoio
A quem a vida fere a cada instante,
Sabendo do que possa doravante,
Deveras sendo trigo, mata o joio

A vida se arrastando num comboio
Num passo tantas vezes delirante
E quando se percebe degradante
A fonte seca mata enfim o arroio.

Mas quando em altruísmo se divide
O pão se multiplique e não duvide
Amadurecerás um pouco além,

E os dias, vidas, séculos dirão
Da tua mais sensata decisão,
Moldando dentro em ti o que inda vem.

113

BODHIDHARMA (sânsc.; chin. P'U-T'I-TA-MO; jap. BODAI DARUMA) - um dos ancestrais do ZEN (séculos V-VI) que introduziu esta escola na China.

Bodhidharma, ancestral do Zen
Trazendo para a China o Zen-Budismo,
E o tanto que pudesse ser abismo
Um mesmo caminhar ora contém,

Assim a vida traça desde alguém
O tempo sem temor ou cataclismo,
E sendo de tal arte em otimismo
O quanto no final sonho retém,

E o passo sendo dado nos permita
Traçar imagem clara e tão bendita
Regendo com ternura o que viria,

Divisas entre rumos, direções
Marcando também vãs religiões
Transformam clara luz em agonia.



114

BÖN[-PO] (tib. BON [PO]) - religião xamânica tibetana anterior à introdução do buddhismo.

Bem antes do budismo, no Tibete
Os Xamãs como decerto em grande parte
Do mundo ao demonstrarem a sua arte
No quanto se renova e assim repete,

A cura, a luz em traços refletidos
Expandem no universo esta visão,
Da mágica e fiel evolução
Das almas entre todos os sentidos,

Depois deste xamânico caminho
Adentrando o Budismo e dominando
Num quanto em harmonia iluminando
Um solo que não fora antes daninho,

E tendo por princípio a liberdade
Ousada em compaixão e caridade.

115

BOROBUDUR - grande construção em forma de MANDALA, na ilha de Java, Indonésia.

Um círculo que mostre o ritual
Do renascer e morte e renascer
E desta caminhada posso ver
De qualquer ponto o mesmo tom central.

Mandala nos permite esta visão
E dela outra face se vislumbra
No quanto em maravilha nos deslumbra
Trazendo a mais constante sensação

Deste equilíbrio em força; única rota,
E ao se sentir decerto em igualdade
Não deixa que se veja o em verdade
Não se justificando não denota

Realidade expressa em partilhar,
Que nos permita sempre além chegar.

116

BRAHMA-VIHARA (sânsc. e pāli) - meditações ilimitadas; amor (MAITRI), compaixão (KARUNA), alegria (MUDITA) e equanimidade (UPEKSHA).

Caminhos que tecidos nos permitam
Ilimitado rumo ao que se empresta
Trazendo para uma alma a rara festa
Enquanto os sentimentos já palpitam;

Os mesmos dissabores não repitam,
Fechando no que possa a leda fresta
E o quanto a cada engano ainda resta
Recendem nestes vãos que não reflitam,

Porém quando se vendo em raro amor
A compaixão ditame da alegria
Imagem mais suave teceria

E nela com certeza e em tal vigor
Equânime caminho se desenha
E a vida em esperança ora se empenha.

117

BUTSUDAN

Aonde se consagra num altar
À Buda com certeza dedicado
No espaço deste lar, delimitado,
Porém expressa o quanto em meditar

E assim evoluir e libertar
Dos anseios, desejos; renovado
O pensamento livre, desenhado
Aonde mais procura se encontrar.

Os rituais gerando em persistência
O quanto nos permite a coerência
E nisto estando essência do crescer.

E quando se prepara de tal forma
A vida noutro rumo nos informa
Do etéreo e mais tranquilo conceber.

118

Chacras

São pontos e canais por onde passa
Energia vital que nos nutrindo
Permite o que deveras trace infindo
Caminho numa força nunca escassa,

O quanto se ansiando tenta e faça
Seara de tal forma resumindo
O mundo dentro em nós e assim deslindo
Enquanto esta energia imensa grassa.

Usando destes pontos se alimenta
Potencializando uma defesa
E trama com superna luz; leveza

E a força necessária resta atenta
E quando se expressando à toda prova
Estimulando em toque, se renova.


119

Ritsu

Ganjin o criador desta vertente
Mantendo as tradições originais
Chinês que no Japão tramasse a mais
O quanto na verdade se apresente,

Porém ao ficar cego, de repente
Não pôde retornar aos ancestrais
Caminhos e sabendo que jamais
A vida se mostrasse plenamente.

Mas quando se fizera de tal sorte
O mundo que decerto em ledo aporte
Não presumisse o quanto poderia,

E assim ao se embrenhar neste cenário,
O tempo se tornando temerário,
A história noutro tom retomaria.

Nenhum comentário: