quarta-feira, 30 de março de 2011

121

Já não pude perceber
O que um dia fosse além
Do caminho onde o querer
Na verdade nada tem
E o meu passo a se perder
Neste rumo diz de alguém

Onde tanto quis a sorte
Que jamais eu poderia
No momento onde conforte
Com ternura e com magia
O meu rumo sem suporte
E tomado em heresia

Se eu sou tão beligerante,
O que tento agora espante.

122

Das diversas barricadas
Entre tanques e canhões
Devastando tais estradas
Em diversas dimensões
Onde as horas malfadadas
Não trariam soluções

Ergo os olhos e presumo
O que tanto quis e sinto
Da expressão em ledo sumo
O momento quase extinto,
Procurando novo rumo,
O meu canto eu não desminto,

Vivo apenas por saber
Talvez novo amanhecer.

123

Viperina decisão
Entre tantas que trouxeste
A incerteza deste chão
Que se fez em medo e peste,
Onde os dias moldarão
O que tanto já não preste.

Restaurando cada passo
Nem sentido se tivera
Mundo rude e mesmo escasso
Desenhando a leda espera
E se tento e não me faço,
A palavra destempera.

Resplandece este vazio
Num momento em desafio.

124

Reparando muito bem
O que tanto desejei
O caminho sem ninguém
A vontade em nova grei,
O que agora me retém
Nem eu mesmo imaginei.

Espreitando o que viria
Outro rumo e nada mais,
A palavra mais sombria
O destino em dias tais
Marcam nossa fantasia
Feita em tons consensuais

Nada mais do que pudesse
Traz no olhar além da prece.

125

O momento deste bote
Anuncia o fim do jogo
E por mais que se denote
Sem saber do manso rogo,
O meu canto ora derrote
O que fora audaz em fogo,

Nada mais se permitisse
Nem o quanto quero em vão
Sendo amor mera tolice
Ou tal chuva de verão
O que tanto contradisse
Muda a velha dimensão,

Arejando ou sufocando,
Meramente, sempre ou quando.


126

Na palavra que se tenta
Vestimentas variadas
Expressão mais violenta
Entre tantas desenhadas,
As loucuras onde alenta
A incerteza das estradas.

Curva além e a capotagem
Outro insano desejar
Do que possa, quando ultrajem
A vontade de lutar,
Coração segue sem pajem
Sem lugar onde aportar.

Resumindo o meu cansaço
Nada tenho ou mesmo faço.

127

Ao beber o canto em paz
Alma cede sem tormento
E se mostra o mais tenaz
Desejar enquanto enfrento
O que pude e já se faz
Mesmo embora contra o vento.

Resplandece esta verdade
E o meu mundo não se trama
No que possa e se degrade
Com certeza em rota rama,
O meu sonho em liberdade
Pouco a pouco vira um drama.

Sonegando algum futuro
Nada mais tento e asseguro.

128

Mergulhasse no vazio
Entre abismos, precipícios,
Os cenários deste estio
Propiciam velhos vícios
E se possa e desafio
Não encontro meus ofícios,

A fortuna é leda história
O meu canto sem sentido
A palavra na memória
Traz apenas o que olvido
E se bebo falsa glória
No final me dilapido.

Visto apenas a ilusão
Sem saber qual direção.

129

Acolhendo este arvoredo
Entre tantas noites rudes,
O possa e não concedo
Exprimindo aonde iludes
Desde quando muito cedo
Verso em tolas atitudes.

Reparando com meu verso
O que pude desenhar
Onde adentro desconverso
Já cansado de lutar,
O momento mais perverso
Inda mesmo há de chegar.

No vazio desta noite,
A saudade nos açoite.

130


Jamais vivo alguma luz
Onde o tempo não presume
O que tanto reproduz
Da esperança o vão costume,
E o meu peito feito em pus
Na verdade gera estrume.

Instrumento o meu caminho
Com a luta que não veio,
Onde tanto sou mesquinho
Bebo o quanto mais anseio,
E perdendo o velho ninho,
Mergulhando em devaneio.

Resta apenas disto tudo
Onde apenas desiludo.

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