quarta-feira, 30 de março de 2011

131

Quem me dera ser poeta
E poder dizer do encanto
Onde a vida se completa
E deveras tento e canto
A palavra predileta
Noutro enredo, cesse o pranto.

Vestimentas de um passado
Onde a sorte me cabia,
Hoje sigo abandonado
Sem saber da hipocrisia
Que desvenda cada lado
Demarcando esta agonia.

Presumindo o fim de tudo
Vagamente, desiludo.

132

Investindo o que se faz
No vazio impertinente
O momento mais audaz
Invadindo a minha mente
No que possa, deixo atrás
O cenário descontente,

Versejando sobre o fim
No meu canto, sem saber
Nem sequer enquanto eu vim
Desvendando algum prazer,
O meu sonho mais chinfrim
Tu devias conhecer,

Apesar do que ora pense,
Nada mais me recompense.

133

Esbravejo contra tudo
E não pude desenhar
Onde quer e desiludo
A vontade de lutar,
O meu peito segue mudo
Entranhando o rude mar.

Na palavra que resume
O momento; aonde o vivo,
Sei da sorte em vago ardume,
E procuro um lenitivo
Sem saber deste costume,
Tão somente eu sobrevivo;

Nada mais se apresentando
Onde o mundo é mais infando.


134


Dos jazigos da esperança
Pouco tenho vivo na alma,
O meu passo aonde avança
Sem sinal algum diz trauma
E o passado em dura lança
Renegando sorte e calma,

Resumisse nesta luta
Tantas vezes sem proveito
A verdade mais astuta
Onde tento e enfim me deito,
Seduzindo o que se escuta
Noutro passo ora desfeito.

Reparando bem a sorte
O que resta desconforte.

135

Pouco a pouco terminando
O caminho que em desenho
Trouxe o todo desde quando
Eu mostrara enquanto venho
O cenário desabando,
O meu canto em vago empenho

Restaurasse pelo menos
Algo mais que a dor e o tédio,
Entre dias mais amenos,
Nada vejo em tal remédio
Sem saber dos erros plenos,
Esperança nega o assédio.

Galvanizas no presente
O futuro que se tente.

136

Levo os olhos, oferenda
A quem tanto quis saber
Do caminho que desvenda
As angústias de um querer
Onde o prazo não se estenda
Nem presume o quanto ter

Poderia transformar
O meu verso mais audaz
E o que tento desenhar
No final deixo pra trás
O meu mundo a divagar
Com certeza nada traz.

Resplandece uma esperança
Onde enfim o nada alcança.

137


Mais um verso e novo canto,
Mais um canto em tom diverso,
E se bebo o que ora espanto
Noutro tom eu me disperso
O momento se faz tanto
Dominando este universo.

Resumindo o dia quando
Outro dia se fez claro,
A verdade desabando
Quando amor tento e declaro,
O meu rumo noutro bando,
Co’o vazio eu me deparo

E percebo sem alento
Tão atroz o que ora tento.

138

Não mergulho no passado
E tampouco do futuro
Vendo o sonho embolorado
O momento eu configuro
Revivendo no traçado
Este solo amargo e duro.

Resumindo o que inda tenho
Não pudesse ser além
Do que possa em desempenho
Tão diverso e não convém
Transformar enquanto venho
Meu caminho em teu desdém,

Apresento o fim de tudo
E decerto em vão me iludo.

139

Acordando desde cedo
Sem saber o que tenta
A verdade onde a concedo
Expressando esta tormenta,
Invadindo em desenredo
O momento desalenta,

Já não pude ter no olhar
A vontade de uma vida
Tantas vezes desenhar
Onde vejo já perdida
A loucura a me tomar
Preparando a despedida.

Reunindo o quanto resta,
Esta imagem: vã, funesta.

140

Resumir cada momento
Onde nada pude ver
O que sei e mesmo tento
Não traria algum prazer
Solto o coração ao vento
E me perco sem saber.

Resumindo a velha história
No momento que pudesse
Encontrar a clara glória
De quem sabe e se oferece
Revolvendo a merencória
Luz aonde morre a prece.

Demarcando cada espaço
Com seu claro ou rude traço.

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