domingo, 27 de março de 2011

141

Não pergunte o que fazer
Dos momentos onde possa
Desejar e se perder
Sem saber burro ou carroça
No horizonte tento ver
Novamente esta palhoça
Onde ver meu bem querer
Talvez traga o que remoça
Coração envilecido
Pela vida sem juízo
E se tento e não duvido
Acumulo o prejuízo,
Na verdade sendo ouvido
Canto aonde o bem diviso.


142

Quis a sorte que a saudade
Dominasse a direção
Do que fora liberdade
E mudando de estação
Cada dia se degrade
E transforme em solidão
O que tanto em claridade
Perde toda a dimensão.
Já não tenho nem certeza
Do que possa ter após
Destruída a velha mesa
Nada resta mesmo em nós
Enfrentar a correnteza?
Vida rude e tão feroz.

143

Bebo amarga sensação
Do que fosse tão cruel
E se tanto em negação
Já perdera enfim meu céu
Não me resta nem o chão.
Prosseguindo sempre ao léu
Entre toda a dimensão
Vejo o velho carrossel,
Vagamente a mente vaga
E tocando a antiga plaga
Relembrando o que passou,
Nada mais do quanto reste
Num momento tão agreste
Traduzisse o quanto sou.

144


Deste amor que sem limite
Todo dia desejasse
E decerto necessite
Sem saber qualquer impasse,
Onde o tempo se acredite
Com certeza muda a face
E o tormento não permite
O que tanto em paz traçasse.
Minha amada num instante
Do castelo que em sapê
Transformada em delirante
Caminhada onde se vê
A vontade que agigante
Tanto amor em seu por que.

145

Mas a sorte traz desdita
A desdita nos derrota
A derrota necessita
De quem sempre nega rota,
Passo traz quem acredita
Na incerteza quando brota
E decerto a mais bonita
Cada instante mais remota.
Vendo o tempo e tendo o vento
Como fosse mensageiro
Outro tanto ainda tento
E me entrego por inteiro
Enfrentando o sofrimento,
Quem me dera, passageiro.

146

Pois depois da sorte em versos
Tantas vezes a agonia
Em sentidos mais diversos
Novamente me traria
O que possam mais perversos
Os caminhos dia a dia,
E se encontro ora dispersos
Tanta dor os reunia.
E do amor que igual não visse
Quem deseja sempre alguém
Na verdade o que cobice
Quase sempre nunca vem,
Mas sem ser qualquer tolice
Nada traz simples desdém…

147

Vendo tal felicidade
Sem poder conter de fato
Nem secar com crueldade
A nascente do regato
Na vertente em liberdade
O futuro é mais ingrato
Renegando a claridade
Noite serve cada prato
E o medonho se mostrando
Onde outrora fosse brilho,
No caminho desde quando
Sem saber inda palmilho,
O meu passo me tornando
Sem sentido, este andarilho.

148

A beleza feita em glória
Tanta história por viver
E trazendo na memória
Cada gole de prazer
Esperança é promissória
Tempo volta a recolher,
E a incerteza merencória
Sempre nega o bem querer,
De um amor tão forte e claro
Sem temer qualquer tormento
Onde o todo que declaro
Espalhado pelo vento
Proferindo o desamparo
Dele imenso sofrimento.

149

Quando inveja adentra a cena
Nada pode com tal fato,
E da vida mais amena
Outro rumo eu já constato,
Tanto amor sempre condena
Mesmo quando com recato
Trace a vida mais serena;
A verdade se anuncia
E se mostra tão venal
Onde houvesse poesia,
Vejo turvo este final,
Noite nega a luz do dia,
Neste amor, a pá de cal.

150

Quando a vida por vingança
Renegar felicidade
Nada mais; a sorte alcança
Impedindo a claridade,
Onde a lida expressa a lança
Meu caminho se degrade,
E o vazio me afiança
Impedindo o que me agrade.
Antes fosse desenhada
Esta sorte em garatuja
A minha alma maltratada
Sem proveito algum já fuja
Vendo em trevas; transformada,
Meu amor numa coruja.

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