domingo, 27 de março de 2011

31

A cada verso trago
O traço de outro verso
E neste passo imerso
Ousando noutro afago,
O tempo quando vago
Em voga o mais diverso
Cenário do universo
Uníssono e divago.
Exótica paisagem
Erótica paragem
Viagem prosseguindo,
Depositando o sonho
Enquanto em vão me oponho
O tempo atenta lindo.

32

De um tema variado
Os dados tão sutis
Desmentem o que fiz
E nisto outro recado,
O preço avaliado
Avariado eu quis
E ser tal aprendiz
Não deixa o passo dado
Ousando na palavra
O quanto desta lavra
Arvora o coração,
Aurora que vivera
A sorte em leda cera
Em decomposição.

33

Compostos entre dias
Diversos e fatais
Os olhos desiguais
As horas; não verias
E sei das agonias
E nelas outras tais
Quebrando os meus vitrais
Em versos e heresias.
Repare cada luta
Da vida mais astuta
Na bruta sensação
Do tempo onde sem sonho
O pouco que componho
Expõe vã dimensão.

34

Espias da janela
O mundo que não vês
E nesta insensatez
O medo se revela,
O tempo quando em cela
Presume a estupidez
E o quanto se desfez
Moldando a espúria tela.
O canto mais audaz
Em nada satisfaz
Ao não se completar
Depois já se calando
O teto desabando,
Não resta nem sonhar...

35

Braseiros entre fúrias
E nada mais restaura
A sorte que nesta aura
Pudesse sem penúrias.
O vento sem proveito
O leito de outro rio,
O canto onde esvazio
O mundo do meu jeito
Cansado desta luta
Aonde nada vinha
Somente a ladainha
Ainda aqui se escuta,
A bruta força vence,
Porém não me convence.

36

Reparo cada passo
Com traços divergentes
E sei conquanto sentes
A força do cansaço,
E quando ora te abraço
Expondo os mais ardentes
Momentos envolventes
Regando cada traço
Do prazo que se quer
Ou mesmo num qualquer
Caminho aonde venha
A fonte mais sutil
Do amor que tanto viu
Tramando fogo e lenha.

37

Encampo cada verso
Ao meu momento em luz,
E mesmo o que produz
Rezando no universo
O prazo mais disperso
O fato reconduz
Ao quanto fora pus
E agora sinto imerso.
O beco sem saída
A lida que não lida
Com toda a sorte ou sonho.
Depois do meu fracasso,
Apenas mero traço
De um tempo mais bisonho.

38

Bramisse com a voz
De quem nada sustenta
Somente a tão sangrenta
Vontade mais feroz,
O canto sendo algoz
O manto me alimenta
Na fúria que ora aumenta
E toma logo após,
O medo num fastio
O quanto desafio
O fio da meada,
Depois da sorte grande
O mundo já desande
Não deixando mais nada.

39

Apresentar em mim
O que não mais teria
Nem mesmo moldaria
O sonho de outro fim,
O verso traz assim
A luta em agonia
A lua que eu veria
Já morta nega o sim,
E vinha entre detalhes
Os dias que retalhes
Os termos mais sutis,
E sei do quanto pude
Embora um tanto rude,
Tentar sempre o que eu quis.

40

Na paz que nos trouxesse
A sensação imensa
Da vida em que se pensa
Pousando noutra prece,
O farto rumo esquece
Da velha recompensa
E nada mais compensa
O sonho e não merece.
Respiro o poluído
Cenário destruído
E nada me acalenta,
Apenas vejo a vida
Já tanto desvalida
Nas tramas da tormenta.

Nenhum comentário: