321
Negar o que possa
Após o tormento
Aonde se esboça
Vital sofrimento
A vida em tal fossa
Deveras eu tento,
Mas sei que no rude
Momento sem rumo,
Tanto desilude
E quando me aprumo
Marcar a atitude
Num vago resumo.
Apenas terei
A ausência de lei.
322
Ousando em cinzel
Tentar transformar
A vida em cruel
Cenário a moldar
Aonde quis céu,
Mudando o lugar
Vazio farnel
E nada a traçar;
Depois do que tanto
Pudesse sentir
O mundo garanto
Sem me redimir
No caos onde espanto
Ausente porvir,
O tempo se esgota
Sem nexo e sem rota.
323
Apresento o fim
Do quanto pudesse
Vencer dentro em mim
Sem medos e prece
Traçando o motim
Aonde se esquece,
A vida não traz
Sementes ou grão,
E sei do tenaz
Caminho ora em vão,
A sorte sem paz,
Total turbilhão,
Bebendo este fel,
O vento cruel.
324
Não pude e nem tento
Saber do que um dia
Vivesse em momento
Real fantasia
A luta, o tormento
Jamais mudaria.
O caos se adentrando
Aonde quisera
A vida em tom brando,
Mas sei quanto austera
A sorte moldando
O bote da fera;
Um pária somente
Negasse a semente.
325
Sonetos diversos
Em versos que tento
Ousando universos
Buscando este alento
E sei dos perversos
Cenários ao vento.
Reparo este engano
E bebo o vazio
E sei que me dano
Quando eu desafio
O canto profano
Ou tento e desfio
Vencer sem sucesso,
O que mais confesso.
326
Não tive tal sorte
E nem se a quisesse
Se a vida conforte,
Talvez numa prece
Pudesse ser forte
E o tempo se esquece,
Do vento no rosto
Do canto sem trama
E sendo composto
Meu mundo já clama
Vencer tal desgosto
Aplacando a chama.
Nos dramas sutis
Meu mundo desdiz.
327
Levasse adiante
O plano que um dia
Pudesse e garante
O quanto viria
Da vida, a farsante
Em leda agonia.
O prazo se finda
A luta prossegue
O quanto me blinda
No fim não consegue,
Vencer mesmo ainda
O que me persegue.
Resumo em talvez
O quanto não vês.
328
Escrevo teu nome
Nas tramas, cometa
E o quanto consome
No fim não prometa
Sequer o que some
Ou mesmo arremeta,
Vestígios de vida
Aonde a mortalha
Deveras tecida
Em nada se espalha
A sorte perdida,
É fogo de palha.
O canto redima
A vida em vil clima.
329
Um pouco de luz
Em meio ao sombrio
Caminho onde pus
O que desafio,
E ao nada conduz
Deveras tal fio,
O rústico passo
O velho cenário
Aonde não traço
Meu canto, corsário
Entregue ao cansaço
Sem medo e sem páreo.
O prazo findasse
Torpe desenlace.
330
Não quero outro canto
Sequer poderia
A vida eu garanto
Matando outro dia
O medo onde espanto
A noite sombria,
Calando no peito
O verso que oprima
E quando me deito
Desvendo este clima
E em vão me deleito
Sem ter auto-estima.
Morrer, solução?
Igual solidão...
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